Projeto de Iniciação Científica Proliferação de micro-organismos provenientes de área laboratorial em região acadêmica: uso incorreto do jaleco Acadêmico Thiago Willians Pereira dos Santos Orientadora: Luciana Ramalho Brasília, Abril de 2015 SUMÁRIO 01 RESUMO ....................................................................................... 3 02 INTRODUÇÃO ............................................................................... 4 03 JUSTIFICATIVA ............................................................................. 7 04 OBJETIVO ..................................................................................... 8 05 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................. 9 06 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 10 2 1. RESUMO O cuidado dos profissionais da área da saúde tem consequências diretas na disseminação de doenças dentro e fora do ambiente de trabalho. A disseminação de doenças causadas por microrganismos e vírus pode estar relacionada, dentre outros motivos, ao mau uso de EPIs por profissionais da saúde, uma vez que é comum a utilização de jalecos e outros equipamentos de proteção individual fora do ambiente de trabalho. O presente estudo tem como principal objetivo a conscientização dos profissionais e estudantes da área de saúde sobre as consequências que o mau uso de EPIs pode acarretar na vida alheia. Palavras chave: EPIs, Microbiologia, Conscientização. 3 2. INTRODUÇÃO Todo ser humano nasce sem microrganismos e a colonização de superfícies expostas como a pele, o trato respiratório superior, o sistema geniturinário inferior e o trato digestório, começam imediatamente após o nascimento (NICOLI, 1995). A microbiota bacteriana é adquirida pelo recém-nascido logo durante o parto, especialmente quando passa pelo canal vaginal, onde estão presentes os diversos lactobacilos. O contato com as superfícies, a ingestão de alimento ou a inalação dos mesmos, também contribui para a inclusão da microbiota. Logo o lactante encontrase repleto de bactérias na pele, no trato respiratório e digestório. (ALMEIDA, 2014) A maioria das pessoas sempre foi condicionada a pensar nas bactérias como sendo pequenas criaturas invisíveis e potencialmente perigosas. As bactérias estão associadas a várias doenças graves e até fatais. Mas, na verdade, apenas uma minoria delas causa problemas em seres humanos, animais, plantas e outros organismos, sendo inofensivas ou até benéficas para os mesmos (FERREIRA, 2008). O Staphylococcus aureus é um coco Gram-positivo que habita naturalmente a microbiota humana. Dentre os sítios anatômicos, a região anterior das narinas apresenta o maior índice de colonização, cuja prevalência é de aproximadamente 40% entre as pessoas adultas sadias, podendo esta ser persistente (10 a 40%) ou intermitente (30 a 70%). Acredita-se que o processo inicial de colonização das narinas ocorra por uma interação entre proteínas da bactéria e carboidratos presentes na mucina da secreção nasal (Fenalte, 2012). A microbiota humana constitui um dos mecanismos de defesa contra a patogênese bacteriana, mas ainda que a maioria dos componentes da microbiota normal seja inofensiva a indivíduos sadios, esta pode constituir um reservatório de bactérias potencialmente patogênicas. Muitas bactérias da microbiota normal podem agir como oportunistas (MACHADO, 2008). 4 Os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) servem para proteção do contato com agentes infecciosos, substâncias irritantes e tóxicas, materiais perfuro cortantes e materiais submetidos a aquecimento ou congelamento (Zochio, 2009). Nos serviços de saúde recomenda-se que os profissionais adotem medidas de biossegurança, uma vez que estão mais suscetíveis a contrair doenças advindas de acidentes de trabalho, por meio de procedimentos que apresentam riscos. Uma medida de biossegurança é o uso de jaleco no ambiente hospitalar. A sua utilização minimiza a passagem de microrganismos para pacientes, como previne a exposição do profissional de saúde aos agentes infecciosos e do ambiente de trabalho (Fenalte, 2012). A contaminação da pele e vestimentas (roupas) por respingos e por toque é praticamente inevitável em hospitais e ambulatórios, assim como em consultórios odontológicos. Estudo (Hambraeus,1973) demonstrou que as roupas são uma importante via de transmissão de infecção no ambiente hospitalar. Desta forma, os jalecos dos profissionais da área de saúde, passam a ser o primeiro sítio de contato em termos de indumentária com a pele, líquidos e secreções dos pacientes, tornando-se um verdadeiro fômite de contaminação (VENDRAME, 2015). O uso de jalecos constitui uma prática obrigatória, com a finalidade de proteção dos profissionais durante a realização de procedimentos a pacientes, que envolvam material biológico. No entanto, a utilização indevida de jalecos, como o uso fora do ambiente de trabalho, pode causar sérias consequências para a saúde pública. Cotidianamente, profissionais da área da saúde utilizam jalecos como item de seu vestuário, frequentando ambientes como refeitórios, cantinas, salas de aula, banheiros e bibliotecas (Oliveira, 2011). Infelizmente esse tradicional equipamento de proteção para profissionais da saúde e para quem trabalha no campo da pesquisa, cujo uso deveria ser dentro do seu local de trabalho como laboratório ou ambiente hospitalar, passa a ser utilizado fora desses ambientes como uma marca que transmite respeito e traz valor a pessoa que usa (AMANCIO, 2013). As superfícies carreiam um risco mínimo de transmissão direta de infecção, mas pode contribuir para a contaminação cruzada secundária por meio das mãos dos 5 profissionais de saúde e de instrumentos ou produtos que poderão ser contaminados ao entrar em contato com essas superfícies e posteriormente, contaminar os pacientes ou outras superfície (CESÁRIO; LIRA; HINRICHSEN, 2010). Bactérias multirresistentes que podem provocar doenças como faringite, otites, pneumonia, tuberculose, são carregadas para lugares públicos e retornam das ruas para consultórios médicos, odontológicos, enfermarias e salas de cirurgia nos jalecos dos mais diversos profissionais da saúde (AMANCIO, 2013). Portanto, a presença de sujidade, principalmente matéria orgânica de origem humana, pode servir como substrato para a proliferação de microrganismos ou favorecer a presença de vetores, com a possibilidade de transportar passivamente esses agentes (CESÁRIO; LIRA; HINRICHSEN, 2010). Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA, methicillin-resistant Staphylococcus aureus) e Enterococos resistente à vancomicina (VRE, vancomycinresistant enterococci) são capazes de sobreviver dias ou até semanas nas superfícies de ambientes de serviços de saúde (Pinheiro, 2013). Os profissionais de laboratórios clínicos, além de estarem expostos aos riscos ocupacionais: ergonômicos, físicos e químicos, trabalham com agentes infecciosos e com materiais potencialmente contaminados, que são os riscos biológicos. Esses profissionais devem ser conscientizados sobre os riscos potenciais, e treinados a estarem aptos para exercerem as técnicas e práticas necessárias para o manuseio seguro dos materiais e fluidos biológicos. (DIAS, 2013) Os profissionais da área de saúde estão expostos às contaminações e/ou transmissões de doenças em decorrência de contatos manuais inadequados diretos ou indiretos de aerossóis, gotículas e perdigotos, os quais são gerados durante o exercício da profissão. A carência do zelo na prevenção dos contágios é uma evidência patente para a maioria dos profissionais que agem por desconhecimento ou negligência, com o uso inadequado dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) nos seus ambientes de trabalho. (NESI; BITU FILHO; LIMA, 2005) 6 3. JUSTIFICATIVA Existem vários micro-organismos, como vírus e bactérias, que compartilham do mesmo ambiente que nós seres humanos há, porém, aqueles que somente são encontrados em áreas especificam, como laboratórios e hospitais, devido ao seu ciclo de vida uma vez que necessitam de certas particularidades para a sua sobrevivência desenvolvimento. Embora se conheçam as boas práticas para o combate e controle de infecções e doenças, existem ainda diversas atitudes erradas praticadas por profissionais e estudantes da área de saúde que acabam por colaborar para a disseminação desses micro-organismos. Este estudo pretende demonstrar os riscos que a simples utilização de um EPI tão importante como o jaleco, fora da área laboratorial, acaba por colaborar para essa disseminação. 7 4. OBJETIVO O presente projeto tem como objetivo demonstrar a importância da utilização correta dos meios de proteção, como no caso do objeto de estudo o jaleco, para tentar assim evitar possíveis disseminações em áreas acadêmicas devido a sua má utilização. Serão realizados testes com jalecos nos laboratórios da faculdade para demonstrar, assim, possíveis contaminações. Pretende-se ainda elaborar palestras e folhetos de conscientização da utilização correta do jaleco em áreas acadêmicas. 8 5. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo será dividido em três momentos: 1°- Serão utilizados 20 jalecos brancos, novos e limpos que serão testados para pesquisa de microrganismo nos laboratórios de anatomia e microbiologia. Eles serão submetidos a analises de microrganismos nas regiões dos bolsos frontais, punhos e cotovelos que serão colhidos com ajuda de um swab umedecido em salina estéril e semeados em uma placa de petri com agar-nutriente identificando em cada placa a região que foi colhida como: PUNHOS JALECOS LIMPOS (P-J-L) COTOVELOS JALECOS LIMPOS (C-J-L) BOLSOS JALECOS LIMPOS (B-J-L) As placas serão encubadas em estufa de 24h à 48h para crescimento microbiano. 2°- Após a utilização dos jalecos nos laboratórios, serão realizadas novas pesquisas de microrganismos realizando os mesmos procedimentos anteriormente citados, modificando apenas as identificações das placas para: PUNHOS JALECO UTILIZADO ANATOMIA (P-J-U-A) COTOVELOS JALECO UTILIZADO ANATOMIA (C-J-U-A) BOLSOS JALECO UTILIZADO ANATOMIA (B-J-U-A) PUNHOS JALECO UTILIZADO MICROBIOLOGIA (P-J-U-M) COTOVELOS JALECO UTILIZADO MICROBIOLOGIA (C-J-U-M) BOLSOS JALECO UTILIZADO MICROBIOLOGIA (B-J-U-M) 3°-Sendo evidenciado a existência e crescimento de microrganismos nas placas de petri, serão utilizados então os meios de cultura e provas bioquímicas para determinar o gênero e espécie dos Gram(+) e Gram(-). 9 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, J. R. (20 de Março de 2014). Os benefícios das bactérias no hospedeiro human. Fonte: Jornal Livre: http://www.jornallivre.com.br/270700/os-beneficios-dasbacterias-no-hospedeiro-human.html Fenalte, M. P. (jan.-jun de 2012). CONTAMINAÇÃO DE JALECOS USADOS PELA EQUIPE DE. Fonte: Revista FASen Ciências: http://www.fasem.edu.br/revista/index.php/fasemciencias/article/viewFile/4/pdf FERREIRA, A. E. (26 de Setembro de 2008). Os Benefícios Das Bactérias No Hospedeiro Humano. Fonte: Web Artigos: http://www.webartigos.com/artigos/osbeneficios-das-bacterias-no-hospedeiro-humano/9647/ Oliveira, J. A. (11 a 13 de Agosto de 2011). QUANDO O EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL TORNA-SE EQUIPAMENTO DE. Fonte: SITEn: http://www.abeneventos.com.br/3siten/siten-trabalhos/files/0097.pdf Pinheiro, P. (23 de 08 de 2013). MD.SAÚDE. Fonte: STAPHYLOCOCCUS AUREUS | QUAIS OS RISCOS DESTA BACTÉRIA?: http://www.mdsaude.com/2009/02/estafilococos-aureus-mrsa.html MACHADO, Agatha dos Santos. IMPORTÂNCIA DA MICROBIOTA INTESTINAL PARA A SAÚDE HUMANA, ENFOCANDO NUTRIÇÃO, PROBIÓTICOS E DISBIOSE.2008. 33 f. Monografia (Especialização) - Curso de Microbiologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008. FERREIRA, Antônio Everaldo Lopes; ALMEIDA, José Robério de Sousa. Os Benefícios Das Bactérias No Hospedeiro Humano. 2008. Disponível em: <www.webartigos.com>. Acesso em: 26 set. 2008. ZOCHIO, Larissa Barboza (Ed.). Biossegurança em Laboratórios de Análises Clínicas. 2009. Disponível em: <http://www.ciencianews.com.br/arquivos/ACET/IMAGENS/revista_virtual/administra cao_laboratorial/trabzochio.pdf>. Acesso em: 08 mar. 2014. 10 Hambraeus, A., & Ransjö, U. (1977). Attempts to control clothes-borne infection in a burn unit: I. Experimental investigations of some clothes for barrier nursing. Journal of Hygiene, 79(02), 193-202. VENDRAME, Antonio Carlos. Insalubridade e o Jaleco: A INSALUBRIDADE POR AGENTES BIOLÓGICOS. Disponível em: <https://jalecovida.wordpress.com/microe-nano/>. Acesso em: 18 mar. 2015. AMANCIO, Margareth Oliveira. USO IRREGULAR DE JALECOS NA SAÚDE E A CONTRIBUIÇÃO DESTE PARA O FENÔMENO-DOENÇA. 2013. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/Artigo/Imprimir/42110>. Acesso em: 03 abr. 2013. CESÁRIO, Adriana; LIRA, Maria da Conceição; HINRICHSEN, Sylvia Lemos. Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Limpeza e Desinfecção de Superícies. 2010. ANVISA. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/4ec6a200474592fa9b32df3fbc4c6735/ Manual+Limpeza+e+Desinfeccao+WEB.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 16 mar. 2015. DIAS, Vanessa da NÓbrega. MAPA DE RISCO: Uma proposta de construção com os servidores da Universidade Estadual da paraíba. 2013. 55 f. TCC (Graduação) Curso de Fisioterapia, Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2013. NESI, Maria Auxiliadora Montenegro; BITU FILHO, Renato Sobreira; LIMA, Eveline Gadelha. Contaminação em Jalecos Utilizados por Estudantes de Odontologia.2005. 54 f. Tese (Doutorado) - Curso de Odontologia, Universidade Potiguar-rn, Natal, 2006. Disponível em: <http://www.unimep.br/phpg/editora/revistaspdf/saude20art06.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2015. 11