AÇÃO DO ESTRESSE OXIDATIVO NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO CELULAR. Monique Cristine de Oliveira; João Paulo Ferreira Schoffen. Para além do nascimento e da morte, uma das certezas da vida é que todas as pessoas envelhecem. No entanto, a manifestação do fenômeno de envelhecimento ao longo da vida é alterável entre os seres da mesma espécie e entre seres de espécies diferentes. Esta comprovação deu origem ao desenvolvimento de várias definições de envelhecimento biológico que, apesar de discordarem na orientação teórica, concordam quanto à perda gradual da funcionalidade com a idade, aumentando a susceptibilidade e incidência de doenças, com conseqüente possibilidade de morte. Existem diferentes teorias biológicas para o envelhecimento, que analisam o tema através da ótica da alteração do desempenho e estrutura dos sistemas orgânicos e células. Dentre as teorias vigentes a mais discutida atualmente é a do estresse oxidativo, de natureza estocástica. Na concepção desta teoria, o envelhecimento é promovido pela acumulação de estragos moleculares provocados pelas reações dos radicais livres nos elementos celulares ao longo da vida. Os radicais livres são eletronicamente instáveis e, por isso, altamente reativos, tendo a capacidade de reagir com um grande número de compostos que estejam próximos a eles. Em nosso organismo, ocorre a formação de vários radicais livres derivados do oxigênio em diferentes processos metabólicos, como por exemplo, a respiração celular e/ou devido a uma alimentação hipercalórica, excesso de álcool, tabagismo ou até mesmo pela poluição do ar. Quando ocorre um aumento excessivo na produção desses radicais ou diminuição dos agentes antioxidantes, estes passam a ter um efeito prejudicial aos componentes constituintes do nosso corpo, uma vez que geram o estresse oxidativo, fazendo com que muitas células passem a funcionar de maneira inadequada, alterando a fisiologia dos tecidos, dos órgãos e de todo o organismo. O objetivo deste trabalho é descrever a ação do estresse oxidativo no processo de envelhecimento das células, enfatizando fatores como os danos oxidativos celulares, suas conseqüências e as principais medidas protetoras adotadas para se prevenir ou retardar este processo. Nesse sentido, foram realizadas consultas aos bancos de dados MEDLINE, PUBMED, LILACS e SCIELO (entre 1966 e 2007) para a busca de artigos utilizando as palavras-chave “Envelhecimento”, “Radicais Livres”, “Antioxidantes”, “Morte Celular” e “Estresse Oxidativo”. Textos bibliográficos relevantes também foram pesquisados. A partir das informações obtidas, constatou-se que os radicais livres presentes no estresse oxidativo, conduzem a peroxidação dos lipídios das membranas celulares, ao desequilíbrio da homeostase celular devido, principalmente, as alterações no metabolismo das proteínas, a formação de resíduos químicos, a mutações gênicas no DNA, a alterações nas fibras do tecido conjuntivo, a disfunção de certas organelas, bem como ao surgimento de diversas doenças devido à lesão e/ou morte das células. O acúmulo de espécies reativas de oxigênio (ERO) nas células pode provocar a necrose dos tecidos ou o descontrole da apoptose celular, podendo gerar doenças como a isquemia, o diabetes mellitus, a aterosclerose, neoplasias e doenças neurodegenerativas. O estresse oxidativo é aumentado não somente pela alta produção de ERO, mas pode também ser acentuado pela baixa eficiência do sistema de defesa enzimático antioxidante das células (glutationa peroxidase, catalase, superóxido dismutase, entre outras). Os antioxidantes são moléculas que têm a capacidade de reduzir, proteger ou prevenir a expansão do estrago oxidativo das biomoléculas, ou seja, detêm o desencadeamento da produção de radicais livres ou os inativam e impedem a geração de danos. Na tentativa de se atenuar as disfunções orgânicas geradas pelo estresse oxidativo, alguns antioxidantes não enzimáticos vem sendo testados como medida de prevenção ou retardo do envelhecimento celular. Entre tais medidas, destaca-se a ingestão de vitaminas A, E e C, flavonóides, carotenóides e minerais como o selênio e o zinco. A restrição calórica e a prática de exercícios físicos moderados também vem sendo avaliadas, porém, tais medidas ainda não foram bem estabelecidas. Todas estas medidas buscam efeitos benéficos sobre a saúde humana: aumento da longevidade, redução da toxicidade aguda ocasionada por drogas, melhora da resposta orgânica a processos tóxicos, inibição da carcinogênese e, ainda, a redução no nível de estresse oxidativo e envelhecimento das células. Contudo, conclui-se que a teoria do estresse oxidativo é uma evidente causa que associa a perda de funções fisiológicas com a senescência celular, todavia, tal teoria necessita ainda de uma constatação definitiva, bem como, novas investigações devem ser realizadas com relação à utilização de nutrientes antioxidantes e outras possíveis medidas protetoras que possam auxiliar no tratamento e prevenção das doenças relacionadas ao envelhecimento. Palavras-chave: Envelhecimento celular; Estresse oxidativo; Antioxidantes.