Gabarito - Unifesp

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Ano Opcional em Oftalmologia – Transplante de Córnea – Oftalmologia (Cód. 1236)
01. Defina, classifique e descreva o tratamento do olho seco.
Definição: Olho seco pode ser definido como alteração quantitativa e/ou qualitativa do
filme lacrimal, que consta com inflamação da superfície ocular, instabilidade visual e
sintomas de irritação e desconforto ocular.
Classificação: Pode ser dividido em olho seco por deficiência aquosa e olho seco
evaporativo, sendo que o primeiro pode ser sub-dividido em Sjögren e não-Sjögren.
O tratamento pode ser didaticamente dividido em clínico e cirúrgico. I) Tratamento clínico:
A) reposição lacrimal, com uso de colírios lubrificantes, com ou idealmente sem
conservante; soro autólogo pode ser utilizado em casos mais graves. B) estimulação da
produção lacrimal – uso de secretagogos sistêmicos como Pilocarpina ou tópicos; C)
preservação da lágrima – com tratamento do componente evaporativo por orientação,
tratamento das disfunções das Gl. de Meibomius, uso de umidificadores de ar, óculos e
lentes especiais e oclusão dos pontos lacrimais; D) antinflamatório – uso tópico de
corticosteroides e/ou imunomoduladores, como ciclosporina ou tacrolimus. Omega-3 oral
também pode ser utilizado para esse fim. II) Tratamento cirúrgico: tarsorrafia e até
transplante de glândulas salivares podem ser indicados em casos extremos.
02. Quais principais indicações e tipos de transplante de córnea?
Transplante de córnea pode ser com finalidade óptica (ex: ceratocone), terapêutica (ex: úlcera infecciosa com
Descemetocele que não responde ao tratamento tópico), tectônica (ex: melting e perfuração de córnea em paciente com
artrite reumatoide) ou cosmética (olho sem percepção luminosa que apresenta ectasia e leucoma em paciente intolerante ao
uso de lente de contato cosmética).
Transplante de córnea pode ser penetrante, lamelar anterior, lamelar posterior. Pode ser realizado com trépanos ou com
laser de femtosegundo.
03. Descreva sua abordagem num caso de ceratite central com infiltrado estromal de
aproximadamente 2x2mm após trauma por vegetal há 3 dias.
Ceratite pós-trauma com presença de infiltrado estromal central deve ser conduzida como infecciosa. Como teve história de
trauma por vegetal, deve-se pensar em etiologia bacteriana em primeiro lugar e fúngica em seguida. Não se pode descartar
protozoários ou vírus. Como se trata de lesão central, idealmente deve-se fazer o raspado e enviar para laboratório de
microbiologia para realizar bacterioscopia e cultura com antibiograma. Se não tiver risco de perfuração, preconiza-se uso de
colírio antibiótico de amplo espectro, como uma quinolona de quarta geração, inicialmente de 1/1hora, com diminuição
progressiva da frequência conforme resposta terapêutica. No caso de ceratite central grave, pode-se indicar associação de
colírios fortificados, como Cefazolina ou Vancomicina (para gram +) e Tobramicina, Gentamicina ou Amicacina (para gram -),
de 1/1h, com redução progressiva conforme evolução. Assim que o microrganismo for identificado, deve-se manter apenas o
antibiótico apropriado que apresenta melhor ação ao agente infeccioso. No caso de resistência ao tratamento tópico e nãoidentificação do agente causador da infecção pelo raspado corneano e cultura, pode-se repetir o procedimento ou proceder a
biópsia de córnea para análise microbiológica e patológica. Pode-se ainda iniciar teste terapêutico com antifúngicos tópicos,
como natamicina ou anfotericina, já que fungos constituem importante causa de ceratite pós-trauma por vegetal. Em casos
de Descemetocele ou perfuração pequena, pode-se indicar uso de cola de cianoacrilato. Quando houver melting ou
perfuração maior do que 1mm, pode-se indicar transplante de córnea terapêutico.
04. Descreva a fisiopatologia, quadro clínico e tratamento do tracoma.
Conjuntivite crônica causada pela Clamídea Trachomatis sorotipo A, Ab, B e C, com alto índice de reinfecção. Possui alta
prevalência em países em desenvolvimento, em localidades sem saneamento básico. O quadro clínico varia – há a forma
folicular (TF), inflamatória (TI), cicatricial (TS), com triquíase (TT) e com opacidade de córnea (CO), esta última associada a
perda da visão. O diagnóstico é clínico e laboratorial, pelo exame do raspado conjuntival e imunofluorescência direta
(também pode ser feito pelo PCR). O tratamento faz-se com azitromicina oral ou tetraciclina tópica nas formas TF e TI. Nas
formas cicatricial, com triquíase e com opacidade de córnea, há muitas vezes necessidade de cirurgia. Importante problema
de saúde pública, com notificação compulsória no Brasil, deve ser reconhecida para ser iniciado tratamento curativo e
preventivo na região endêmica.
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