Transplante de córnea inédito é realizado com sucesso em Salvador A Bahia já conta com um transplante ocular pelo qual apenas uma das camadas da córnea é substituída. O procedimento do transplante endotelial, inédito, foi realizado pela primeira vez no estado pelo Dr. Marco Polo Ribeiro, da equipe do DayHORC Hospital de Olhos, em Salvador, com total sucesso. O paciente apresentava deficiência em uma das camadas da córnea e apenas ela foi substituída, em vez de toda a córnea. “A principal vantagem do transplante endotelial é a menor indução de astigmatismo, pois no transplante tradicional geralmente são realizadas 16 suturas e quando apenas o endotélio é transplantado, geralmente, apenas uma sutura é realizada”, explica Dr. Marco Polo. Segundo o especialista, hoje, nos EUA, cerca de 40% dos transplantes de córnea são realizados por esta técnica. “O que apresenta avanços importantes, pois o paciente tem uma recuperação visual mais rápida, uma menor indução de astigmatismo e uma menor incidência de rejeição imunológica”, garante. A técnica utilizada no paciente foi a DSEK (Descemet's Stripping Endothelial Keratoplasty), com menor risco devido a uma menor quantidade de tecido transplantado e uma diminuição acentuada no número de suturas que são fatores indutores de rejeição. Dr. Marco Polo revela ainda que realizar um transplante lamelar não impede a pessoa de realizar um transplante de córnea tradicional em qualquer momento da vida, caso seja necessário este procedimento numa etapa posterior, e, eventualmente, pessoas que já foram submetidas a um transplante tradicional podem se submeter a um transplante apenas endotelial quando necessário. “O objetivo é melhorar a visão do paciente que apresenta diminuição da transparência corneana. A córnea doadora é separada em duas partes e apenas uma delas é implantada no paciente de forma seletiva. Enquanto no transplante tradicional o resultado final é observado em quatro a seis meses, normalmente a recuperação visual do transplante endotelial é de cerca de 40 dias”, informa. O médico recomenda que durante as primeiras 24\48 horas o paciente repouse em casa e depois gradativamente pode retornar às suas atividades habituais. “Essas primeiras horas são importantes por serem o momento crucial na adesão do novo tecido transplantado”, ressalta. O procedimento pode ser indicado para pacientes que apresentem disfunção endotelial secundária à cirurgia de catarata ou distrofias endoteliais e em pacientes submetidos previamente a um transplante de córnea no qual o endotélio não esteja funcionando adequadamente. “A distrofia endotelial tem uma causa genética que vai evoluindo no decorrer da vida da pessoa e a segunda causa é o trauma cirúrgico, principalmente em paciente com cataratas avançadas”, conclui.