CONJUNTIVITE VIRAL

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CASO CLÍNICO
OFTALMOLOGIA
UE-FMRP-USP
Identificação: B.M, 2 anos e 11 meses, sexo feminino, procedente de Santo
Antônio da Alegria.
Queixa e Duração: Irritação em olho esquerdo há 10 dias.
História da Moléstia Atual: Mãe refere que paciente apresenta quadro há 10
dias de irritabilidade, hiperemia e secreção abundante em olho esquerdo.
Refere que há 4 dias houve acometimento do olho contralateral.
Interrogatória dos Diversos Aparelhos: Nega outras queixas locais ou
sistêmicas.
Antecedentes pessoais: Nega doenças oculares, nega uso de medicações
locais ou sistêmicas.
Antecedentes familiares: Refere tia e irmã mais velha acometidos por quadro
clínico semelhante, com resolução espontânea há 1 semana.
Exame Físico:
AV: impossibilidade de realização.
BIO:
• OD: pálpebras sem alterações
hipermia +/4+
córnea transparente, F- , Siedel –
câmara anterior formada
íris sem alterações
cristalino tópico.
• OE: pseudomembrana em pálpebra inferior
hiperemia 2+/4+
córnea transparente, F-, Siedelcâmara anterior formada
íris sem alterações
cristalino tópico.
Hipótese Diagnóstica: Conjuntivite viral aguda.
Conduta:
• Retirada de pseudomembrana.
• Orientações quanto a higiene e infectividade.
• Compressas geladas se desconforto/dor local.
• Dexafenicol 15 dias.
• Retorno em 3 dias para reavaliação.
CONJUNTIVITE VIRAL
Lucas Omomo Barão
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
Universidade de São Paulo
INTRODUÇÃO
Inflamação das conjuntivas causadas por agentes virais.
Agentes mais relevantes: Adenovirus, Echovirus, Coxsackie, Herpes Simples.
Diagnóstico diferencial em “olho vermelho”.
MANIFESTAÇÕES GERAIS
SINTOMAS:
- irritação ocular.
- sensação de areia/corpo estranho.
- prurido ocular.
- embaçamento visual.
- fotofobia.
SINAIS:
- hiperemia ocular.
- edema.
- secreção intensa.
- folículos/papilas conjuntivais.
- membranas/pseudomembranas.
- Outros: adenopatia pré-auricular, blefarite, ceratite.
FOLÍCULOS x PAPILAS
Folículos:
- estruturas elevadas, arredondadas, translúcidas, de diâmetro variável(0,55mm), avasculares(são circundadas por trama vascular).
- hiperplasia epitelial e linfóide.
- predomínio de linfócitos e macrófagos.
Papilas:
- estruturas elevadas, poligonais, hiperêmicas, em geral maiores que os
folículos, de aspecto carnoso, centrados por vasos que se ramificam
superfície.
- infiltrados leucocitários difusos, sem organização precisa, edema e
neovasos.
- predomínio de polimorfonucleares.
ADENOVÍRUS
Principal causa de conjuntivite folicular aguda.
Altamente contagioso.
Ocorrência disseminada.
Transmissão: DIRETAMENTE: por contato com paciente infectado(mãos, perdigotos) ou
INDIRETAMENTE: por objetos, materiais oftalmológicos, piscina.
Características: início geralmente abrupto, unilateral, acometendo o olho contralateral em 3-4
dias.
Fase aguda:
- infecção conjuntival e epitélio corneano, autolimitada(2 semanas em média).
Fase tardia:
- infiltrados corneanos(linfócitos, fibras de colágeno degeneradas, ausência de vírus vivo),
pode persistir por semanas a meses.
Apresentações comuns:
- Ceratoconjuntivite epidêmica(CCE).
- Febre faringoconjuntival(FFC).
CCE
Associado aos sorotipos 8, 17, 19 e 37.
Manifestações clínicas:
- prurido, sensação de corpo
estranho, secreção aquosa/mucosa,
fotofobia, gânglios pré-auriculares,
folículos conjuntivais.
- quemose e hemorragia
subconjuntival podem estar
presentes.
- membranas/pseudomembranas em
casos mais graves.
- ceratite: em 40% evoluem para
infiltrados subepiteliais.
- não há acometimento extra-ocular.
FFC
Associado aos sorotipos 3, 4 e 7.
Conjuntivite, infecção de trato respiratório superior, febre.
FFC x CCE:
- diagnóstico diferencial muitas vezes difícil.
- Geralmente na FFC o acometimento bilateral é mais precoce, as
manifestações clínicas são mais leves e há menor acometimento da
córnea.
DIAGNÓSTICO
Clínico.
Raspado conjuntival:
- citologia.
- imunofluorescência.
- cultura.
- PCR: mais sensível e específico, porém caro e pouco disponível.
TRATAMENTO
Higiene e cuidados na transmissão.
Compressas geladas, com gaze esterilizada, sobre os olhos fechados, durante
5 minutos, 5 a 6 vezes ao dia.
Lubrificantes.
Antibioticoprofilaxia é contra-indicado.
Corticóides:
- não indicados na fase aguda.
- indicado: se sintomas são insuportáveis, impedimento visual significativo,
presença de membranas.
Excisão de membranas(?)
HERPES SIMPLES
Ocorrência disseminada.
Transmissão: contato íntimo com secreções de pessoa com episódio
infeccioso ativo em sítio periférico.
Infecção primária na infância.
- assintomática: 85% dos casos.
- sintomático: estomatite, blefaroconjuntivite, ceratite
epitelial(acometimento estromal é raro-2%).
Recorrências:
- acometimento estromal é frequente(envolvimento bilateral é incomum10%).
- atopia: provável fator de risco para manifestação da infecção, aumento da
prevalência bilateral, aumento da incidência de formas infecciosas
herpéticas.
CERATITE EPITELIAL
Lesão por ação direta da replicação viral: formação de vesículas que
coalescem gerando aspecto elevado e arboriforme, ulcerando em
seguida(úlcera dendrítica); estas, quando coalescem formam lesões
extensas de formado amebóide(úlceras geográficas); quadro associado
com uso de corticóide ou formas graves.
ÚLCERA EPITELIAL NEUROTRÓFICA
Lesão decorrente a alteração da inervação corneana por efeitos diretos e
indiretos do vírus no gânglio trigeminal, gerando baixa sensibilidade da
córnea e diminuição do filme lacrimal.
Úlcera rasa, fundo transparente ou acinzentado(lesão antiga), forma
ovóide/arredondada, localizada geralmente no centro da córnea e bordas
elevadas.
Não é episódio infeccioso ativo.
Complicações: infecção secundária, cicatrização, perfuração.
CERATITE ESTROMAL IMUNE E
ENDOTELITE
Reações inflamatórias recorrentes, tipo III e IV, em resposta a antígenos virais
contidos na córnea.
Perdas visuais progressivas.
TRATAMENTO
Infecção primária/Ceratite epitelial:
- higiene local(evitar infecção secundária).
- desbridamento da lesão.
- Acyclovir tópico 3%(5 vezes/dia por 14 dias).
Ceratite estromal imune/Endotelite:
- se olho calmo, não envolve eixo visual e não há neovascularização:
Observação clínica e Lubrificante.
- Se há acometimento grave, envolve eixo visual, há neovascularização:
Corticóide tópico e Acyclovir tópico ou sistêmico.
ACYCLOVIR SISTÊMICO
Tratamento: 400mg VO 5 vezes/dia por 7 dias.
- infecção primária grave ou extensa, menores de 10 anos,
imunocomprometidos.
Profilaxia: 400mg VO 2 vezes/dia.
- mais de 2 recorrências/ano.
- envolvimento binocular.
- cicatriz próximo ao eixo visual.
- uso de corticóide.
- imunocomprometidos.
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