Líquido cefalorraquiano – LCR

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LÍQUIDO CEFALORRAQUIANO – LCR
Profa. Dra. Elisabete Liso
Líquido cefalorraquiano – LCR
Elisabéte Liso, Dra.
Profa. Adjunta do Departamento de Ciências Neurológicas
FAMERP, São José do Rio Preto, SP
Chefe do Serviço de Líquido Cefalorraquiano - Hospital de Base
[email protected]
Líquido cefalorraquiano – LCR
LCR: conceito
“O líquido cefalorraquiano (LCR) é um
sistema
humoral,
não
hemático
e
oligocelular, intimamente relacionado ao
sistema nervoso central (SNC) e seus
envoltórios, as meninges”
Antonio Spina-França
Líquido cefalorraquiano – LCR
AS MENINGES
Líquido cefalorraquiano – LCR
LCR - continentes
preenche todo o sistema ventricular, o canal da
medula, e todos os espaços subaracnoideo do SNC
1. Sistema ventrícular
2. Espaço subaracnoideo
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LCR - HISTÓRIA
10.000 anos atrás foram encontrados
crânios com perfurações feitas em vida
para saída de maus espíritos que
atormentam o cérebro
Trepanação em crânio na América do Sul
(astecas)
Egito (1.600 AC)
contém as primeiras descrições
conhecidas do fluido cerebroespinal
Papiro Cirúrgico de Edwin Smith
CÉREBRO ERA A SEDE DA MENTE
“Deveria ser sabido que é a fonte do nosso
prazer, alegria, riso e diversão, assim como
nosso pesar, dor, ansiedade e lágrimas, e
nenhum
outro
que
não
o
cérebro.
É
especificamente o órgão que nos habilita a
pensar, ver e ouvir, a distingüir o feio do belo, o
mau do bom, o prazer do desprazer. É o cérebro
também que é a sede da loucura e do delírio,
Hipócrates (460-379 AC)
dos medos e sustos que nos tomam, muitas
vezes à noite, mas ás vezes também de dia; é
onde jaz a causa da insônia e do sonambulismo,
dos pensamentos que não ocorrerão, deveres
esquecidos e excentricidades".
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LCR - HISTÓRIA
Galeno (130-200 d.C): teoria dos VENTRÍCULOS CEREBRAIS:
(doutrina ventricular)
ÓRGÃOS SEDE DOS HUMORES E ONDE ESTAVA LOCALIZADA
A CAPACIDADE
INTELECTUAL E A MENTE DO HOMEM:
- primeiro ventrículo: relacionado à cognição, ao pensamento,
e a motricidade
- segundo ventrículo: relacionado à emoção
- terceiro ventrículo: relacionado à memória
Andreas Vesalius (séc. XVI): “não estava nos ventrículos à
capacidade intelectual pois os asnos também possuíam
ventrículos”.
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LCR - HISTÓRIA
Leonardo Da Vinci (1472-1519)
Perfurava a base do cérebro de boi morto, injetava cera
quente nos ventrículos com seringa.
Após a fixação da cera ele cortava fora o tecido cerebral
e fazia molde dos ventrículos.
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LCR - HISTÓRIA
Andreas Vesalius (1514-1564)
Autor do tratado de anatomia “De Humani Corporis Fabrica”, rompe
com a teoria da localização ventricular dos processos mentais
argumentando que outros mamíferos (como o asno) têm a mesma
organização anatômica e não possuem as mesmas capacidades
Líquido cefalorraquiano – LCR
1. SISTEMA VENTRICULAR
VOLUME: 90 A 150 ml (adulto)
•
Ventrículos laterais (VL) -direito
-esquerdo
•
Terceiro Ventrículo (III)
•
Quarto Ventrículo (IV)
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SISTEMA VENTRICULAR: comunicantes
• Forâmem de Monro
ventrículos laterais e III ventrículo
• Aqueduto Cerebral de Sylvius
III e IV ventrículos
• forâmenes de Luschka
• forâmem de Magendie
IV ventrículo e espaço subaracnoideo
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2. ESPAÇO SUBARACNOIDEO
Espaço contínuo ao longo das convexidades
cerebrais e cerebelares
E da medula espinhal
Cisternas - expansões do espaço subaracnoideo
Líquido cefalorraquiano – LCR
CISTERNAS - EXPANSÕES DO ESPAÇO SUBARACNOIDEO
Líquido cefalorraquiano – LCR
Líquido cefalorraquiano – LCR
O LÍQUIDO CEFALORRAQUIANO
PRODUZIDO: plexos coroides dos
ventrículos
CIRCULA: dos ventrículos para o espaço
subaracnoide e depende da onda de pulso
sistólico vascular.
REABSORVIDO: granulações aracnoides
principalmente do seio sagital superior
Líquido cefalorraquiano – LCR
Líquido cefalorraquiano – LCR
PLEXOS COROIDES
• secreta 70% do volume total de LCR – 500 mL/dia
• diferenciação do epêndima que reveste ventrículos
Representação morfológica e histológica do plexo coróide do ventrículo lateral cerebral. Adaptado de Emerich et al.,2005.
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VILOSIDADES ARACNÓIDES
• absorção do LCR
• mais diferenciadas e ativas nos seios venosos
• absorção por difusão unidirecional do LCR
sangue
• pressão dependente
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FUNÇÕES DO LCR
•
Flutuação: proteção física p/ encéfalo
•
Amortecimento: distribui força dos impactos
•
Lubrificação: movimentação sem atritos
•
Compensatória do volume IC: variação de volumes tecido
nervoso, sangue e LCR
•
Homeostática:
•
Proteção biológica
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SISTEMA DE BARREIRAS
• As barreiras correspondem a tipos diferenciados de células nos
vasos do parênquima cerebral: barreira hematoencefálica – BHE
e das células ependimarias: barreira hematoliquórica – BHL
• o que caracteriza a barreira é a presença junções oclusivas –
”tight-junctions” - entre as células
• principal função é regular o transporte de substâncias entre o
sangue e o tecido nervoso
BHL
BHE
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PUNÇÃO: TIPOS
•
Lombar - PL
•
Cisternal ou
Suboccipital – SOD
Indicações da punção lombar
- Obter amostras do LCR para análises (citologia, bioquímica,
microbiologia, imunologia e biologia molecular), para o
diagnóstico das mais diversas enfermidades (infecciosas,
desmielinizantes, leucemias e linfomas, hemorragia
subaracnóide, imunodeficiências)
- Drenagem terapêutica do Líquido Cefalorraquidiano
- Terapia intratecal para a administração de anestésicos,
antibióticos e antineoplasicos
- Obter medidas de pressão (manometria)
Contraindicações da punção lombar
- infecção no local da punção
- distúrbios da coagulação sanguínea como a trombocitopenia.
- contagem de plaquetas estiver abaixo de 50.000/mm3)
- pacientes com quadro de agitação psicomotora acentuada.
- hipertensão intracraniana (cefaléia, papiledema), pois esta
possibilita herniação
- Fase aguda do traumatismo crânio-encefálico.
Líquido cefalorraquiano – LCR
LCR: tipos de agulha
Líquido cefalorraquiano – LCR
PUNÇÃO LOMBAR - PL
Líquido cefalorraquiano – LCRc
L3/L4 ou L4/L5
Líquido cefalorraquiano – LCR
ANÁLISE DO LCR
ETAPAS:
•
Caracteres físicos: pressão, aspecto e cor
•
Estudo citológico: total e diferencial
•
Dosagens químicas: glicose, proteína, cloretos
•
Exame microbiológico
•
Exames imunológicos e sorológicos
Líquido cefalorraquiano – LCR
LCR: Coleta e Transporte

Volume: com pressão normal - 10 ml

Tubos: rolhas, esterilizados, rotulados

Envio ao Laboratório: imediato, degeneração
rápida dos elementos
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LCR : citologia global
Câmara de Fuchs-Rosenthal
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LCR : citologia diferencial
Coloração - Leishman
linfócito
neutrófilo
monócito
plasmócito
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LCR : tinta da China
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LCR : CARACTERÍSTICAS
LOMBAR
Pressão
50 a 200 mmH20
Aspecto
límpido
Cor
incolor
hemáceas
ausentes
citologia
até 4 células / mm3
diferencial
90% linfócitos e 10% monócitos
glicorraquia
40 a 80mg /dL (2/3 do sangue)
proteinorraquia
até 44mg / dL
reações imunes
negativas
Líquido cefalorraquiano – LCR
PL: complicações
• cefaléia – 30% (grupos de risco)
• lombalgia – 35% (também em crianças)
• parestesias transitórias – 15%
• parestesias definitivas – 0,2%
• paresia de nervos cranianos – 0,02%
Marra, 2002
Líquido cefalorraquiano – LCR
Cuidados após a punção
• repouso relativo por 4 a 12 horas (tempo ideal?)
• alguns recomendam repouso por 48h aos doentes
de grupo de risco para Cefaléia Pós Punção
• outros recomendam 12h a todos os pacientes
• outros recomendam repouso relativo por 4h
•
sem cefaléia – vida normal
•
com cefaléia – tratamento
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Considerações gerais
• O ato da punção apresenta características
invasivas e deve ser praticado por médicos que
possuam treinamento específico para tanto
• É considerado punção biópsia
• Deve ser acompanhado de termo de
consentimento
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