MINDFULNESS: NOSSA EXPERIÊNCIA EM UM TEMPLO BUDISTA

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MINDFULNESS: NOSSA EXPERIÊNCIA EM UM TEMPLO BUDISTA
Mindfulness? Do que exatamente estamos falando?
Melanie Ogliari Pereira (Clínica particular, Porto Alegre, RS)
Esta mesa redonda pretende compartilhar os ensinamentos recebidos pelos quatro profissionais participantes a
respeito da filosofia Budista, da técnica de mindfulness e das suas aplicações terapêuticas. No dia 16 de agosto de
2014, fomos recebidos pela Lama Sherab e por sua assistente Leila Francischelle no Templo Budista em Três
Coroas, RS, com o objetivo de conhecermos mais sobre o pensamento Budista e a Meditação. Entre às 10 e às 17
horas, escutamos os ensinamentos da Lama Sherab e realizamos alguns exercícios básicos de meditação.
Participamos do almoço feito pela comunidade e visitamos àreas restritas do Templo. Nosso interesse foi ter acesso
a estes conhecimentos sem intermediários, diretamente daqueles que se dedicam e vivem esta filosofia, e poder
entender e experienciar antes de fazer uso da técnica simplesmente. A utilidade e os objetivos dos conceitos
budistas e da meditação na prática clínica não são uma novidade, como se pode ver nas abordagens de Marsha
Linehan em sua Terapia Dialética Comportamental, de Steven Hayes, na Terapia da Aceitação e Comprometimento,
e de Segal Mark Williams e J. Teasdale na Terapia Cognitiva baseada em Mindfulness para Depressão. A motivação
e interesse para participar deste grupo eram diversos. Uns estavam mais ligados às atividades acadêmicas e de
pesquisa, outros à clínica e alguns mais em autoconhecimento e aperfeiçoamento da técnica de meditação. Vinte
pessoas entre psicólogas, psiquiatras, neurologista, dermatologista, promotor, das cidades de Porto Alegre, Santa
Maria, Curitiba, Rio de Janeiro e Recife fizeram o evento acontecer. Como esta experiência se construiu e quais
foram seus resultados é que serão discutidos nesta mesa redonda.
Palavras-chave: mindfulness, meditação, abordagem terapêutica
Bases filosóficas do Budismo
Helene Shinohara (Departamento de Psicologia, Pontifícia Universidade Católica, PUC-Rio, Rio de Janeiro)
Em muitos anos de pesquisa e prática clínica, pudemos observar que a expansão e crescimento da Terapia
Cognitiva se deveu principalmente às bases teórico-clínicas sólidas e à abertura para explorar e incorporar novos
estudos. Em termos de técnica, a prática de mindfulness é apresentada como uma opção no desenvolvimento de
habilidades essenciais para se lidar com diferentes tipos de problemas clínicos. Esta apresentação visa embasar a
prática de mindfulness pelos terapeutas cognitivos. Observar e prestar atenção à experiência interna, descrever e dar
nome à experiência com aceitação e sem julgamento, ser capaz de se empenhar em atividades de forma consciente,
sem se distrair e sem reagir à experiência interior, parecem ser atitudes terapeuticamente relevantes. Para entender
e conseguir desenvolver esta filosofia de vida é essencial que se conheça algumas da ideias que a embasam. A
filosofia budista afirma a existência do sofrimento devido ao desejo de mudar o passado ou controlar o futuro,
acredita que as causas do sofrimento podem ser eliminadas e que existe um caminho para isso. A concentração
correta e o seguimento de verdades e atitudes nobres podem elevar qualquer ser humano à Iluminação. O Princípio
da Transitoriedade e o da Impermanência da Experiência se referem a um mundo em constante mudança e, através
de meditação, adquire-se uma postura aceitadora e compassiva em relação a si mesmo, aos pensamentos e
emoções. Os pensamentos são então como visitantes temporários e devem ser tratados com curiosidade e interesse,
nunca como verdades. Esta alteração do relacionamento com a experiência interna propicia acreditar que o que
perturba são só pensamentos, que vão fluir e que nào é preciso reagir a eles.
Palavras-chave: Budismo, filosofia oriental, mindfulness
C749 Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas (10. : 2015 : Porto de Galinhas)
Programa e resumo do X Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas / Carmem Beatriz Neufeld, Aline Sardinha e Priscila de Camargo Palma
(organizadoras). – Porto de Galinhas: Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, 2015.
ISBN 978-85-66867-01-5
Mindfulness e terapia cognitivo-comportamental: enriquecendo os protocolos terapêuticos.
Cristiane Figueiredo (Clínica particular, Rio de Janeiro, RJ)
A prática da terapia cognitivo comportamental baseia-se no pressuposto de que a
atividade cognitiva influencia os processos emocionais e as reações comportamentais de um indivíduo.
Décadas de estudos e pesquisas confirmam que a modificação de padrões cognitivos disfuncionais leva a
redução de sintomas de ansiedade e de humor, além de melhorar a regulação emocional em casos
complexos como transtornos de personalidade, de humor bipolar e alimentares, entre outros. Estratégias que
favoreçam a observação, identificação e manejo adequado dos próprios pensamentos e sentimentos tem
merecido especial atenção dos clínicos nos últimos anos, gerando uma série de modelos terapêuticos que
ampliam o alcance da abordagem cognitiva tradicional e integram a chamada terceira onda em psicoterapia.
Mindfulness – ou meditação de atenção plena – é uma prática milenar desenvolvida nas tradições filosóficas
orientais, especialmente no Budismo, mas não somente nele, que se refere a uma atitude particular em
relação à consciência, que promove o alívio do sofrimento psicológico e das manifestações disfuncionais da
mente – ou “delusões da mente” – e transforma positivamente o significado da experiência de vida. Através
do exercício voluntário e consciente de observar sem julgar os processos internos, como pensamentos,
sensações e sentimentos e o modo como aparecem, permanecem por um tempo e desaparecem, o indivíduo
pode perceber que tais estados mentais são essencialmente transitórios. Essa vivência de distanciamento
consciente e de desapego é capaz de promover uma extinção da resposta automática que o indivíduo
costuma apresentar frente a seus pensamentos e a desenvolver novas respostas, com menor reatividade
emocional. Com isso, ambas as propostas – Mindfulness e TCC – se complementam como estratégias que
buscam a modificação do modo como o indivíduo se relaciona com seus processos internos e, portanto,
como se sente e se comporta diante das diversas situações pelas quais passa. O objetivo desse trabalho é
apresentar a contribuição da prática de mindfulness como uma estratégia integrada aos protocolos já
validados para o tratamento dos transtornos mentais, respeitando a conceituação de cada caso e
enriquecendo os meios terapêuticos para atingir a redução de sintomas e a promoção do bem-estar do
paciente.
Palavras-chave: Terapia cognitivo-comportamental, mindfulness, terceira onda em psicoterapia.
Meditação: Uma Experiência Pessoal e a Indicação Terapêutica
Vânia Christina Borges Bazan (consultório particular, Curitiba, PR)
A proposta desta apresentação em mesa-redonda é dividir com os colegas minha própria experiência em
prática meditativa e a indicação terapêutica de Mindfulness no processo terapêutico. A experiência do
psicoterapeuta cognitivo com a meditação pode ser de muita relevância quando se oferece ao paciente a
indicação de Mindfulness. A meditação como forma de favorecer a percepção de eventos internos,
sentimentos, pensamentos e sensações corporais, auxilia sobremaneira os processos cognitivos de mudança.
Minha prática meditativa se desenvolve desde a década de 1990, quando em contato com profissionais da
pós-graduação da PUCSP. Aprendi como o universo desta prática milenar beneficia o ser humano em seu
corpo físico e mental. A meditação Budista surge na psicologia experimental de Ellen Langer e com o
trabalho desenvolvido por Jon Kabat-Zinn. A Filosofia Budista Tibetana difundida no ocidente através da Sua
Santidade Dalai Lama vem ao encontro da Terapia Cognitiva proposta por Aaron Beck. Embora ambas se
diferenciem entre religião e ciência, buscam a saúde mental do ser humano por meio da consciência de seus
pensamentos e emoções. Promover uma mudança interna, para que possamos sair do estado automático
dos pensamentos, faz da meditação uma aliança terapêutica importante. Atualmente, trabalhando em
consultório particular, lanço mão da Mindfulness como um recurso alternativo na redução do estresse e uma
C749 Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas (10. : 2015 : Porto de Galinhas)
Programa e resumo do X Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas / Carmem Beatriz Neufeld, Aline Sardinha e Priscila de Camargo Palma
(organizadoras). – Porto de Galinhas: Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, 2015.
ISBN 978-85-66867-01-5
estratégia eficaz para aliviar sintomas em quadros de TAG, TOC e Fobias. Resultados positivos são
apontados em vários estudos onde a prática de Mindfulness é exercida por adolescentes e adultos jovens. A
Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness também promove um aumento do acesso à meta-cognição.
Observo na prática clínica que o paciente recebe de forma mais empática esta proposta quando o terapeuta
também a prática. A experiência do terapeuta funciona como um facilitador na aceitação da meditação.
Dúvidas que suscitam neste processo, bem como a avalição da mesma, parecem se tornar mais eficazes
quando o terapeuta tem conhecimento pessoal da meditação.
Palavras-chave: meditação, terapias cognitivas, prática terapêutica
C749 Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas (10. : 2015 : Porto de Galinhas)
Programa e resumo do X Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas / Carmem Beatriz Neufeld, Aline Sardinha e Priscila de Camargo Palma
(organizadoras). – Porto de Galinhas: Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, 2015.
ISBN 978-85-66867-01-5
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