Resfriado comum em adultos

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Resfriado comum em adultos
Resfriado comum em adultos
1. DEFINIÇÃO
O resfriado é uma doença respiratória aguda, geralmente autolimitada, causada quase
exclusivamente por vírus. Este termo abrange quadros como o resfriado comum e ainda outros
englobados sob a denominação de rinite viral aguda.
2. INCIDÊNCIA UPA
Acomete indivíduos de todas as idades, mas é considerada a doença de vias aéreas mais comum
da infância. Crianças menores de cinco anos podem ter de cinco a oito episódios por ano. Os resfriados
comuns representam junto com as demais patologias infecciosas das vias aéreas superiores cerca de
10% dos atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento do HIAE.
3. DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é essencialmente clínico e caracteriza-se por apresentar, predominantemente,
sintomas de vias aéreas superiores, como: coriza, obstrução e/ou prurido nasal, dor de garganta,
conjuntivite, podendo ocorrer tosse. Diferentemente da gripe, os pacientes apresentam pouco ou nenhum
comprometimento sistêmico.
O diagnóstico diferencial deve ser feito com manifestações iniciais de várias doenças: sarampo,
coqueluche, infecção meningocócica ou gonocócica, faringite estreptocócica, hepatite A e mononucleose
infecciosa.
A etiologia é usualmente infecciosa, e a maioria dos casos tem origem viral (Tabela 1).
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Tabela 1 - Causas de Resfriados comuns
Vírus
Bactérias
Agente etiológico
Rinovírus
Coronavírus
Parainfluenza, Influenza, Vírus sincicial respiratório, Adenovírus
Outros vírus: rubéola, varicela, enterovírus
Vírus desconhecidos
Streptococcus beta-hemolítico
Prevalência
40%
10%
10 a 15%
5%
20 a 30%
5 a 10%
As características clínicas não são específicas e podem ser similares àquelas causadas por outros
vírus respiratórios. A identificação do vírus é desnecessária e, por isso, o exame laboratorial para o
diagnóstico específico do agente causal não é realizado na prática clínica.
4. ESCORE DE RISCO
Os vírus, que são a etiologia mais comum, causam doença usualmente benigna e autolimitada.
Pelo processo inflamatório da mucosa nasal, pode ocorrer obstrução dos óstios dos seios paranasais e
tubária, permitindo por vezes a instalação de infecção secundária (sinusite e otite média aguda). Já o
surgimento de dificuldade respiratória (taquipneia, retrações ou gemência) indicam a possibilidade de
laringite, bronquiolite aguda ou pneumonia. Além disso, episódios de infecções virais são um dos fatores
desencadeantes de asma aguda tanto em crianças quanto em indivíduos adultos.
5. TRATAMENTO
5.1 Medicações para rinorreia / descongestionantes nasais (Tabela 2)
Brometo de ipratrópio: estudos comprovam sua eficácia na diminuição da rinorreia, mas sem efeito na
congestão nasal. Pela ausência de formulações de uso tópico nasal no mercado nacional, pode-se
orientar o paciente quanto ao uso de nebulizações com ipratrópio.
Posologia: Atrovent® - 20 a 40 gotas diluídas em 3ml de soro fisiológico para nebulização, 3 a 4 x ao dia.
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Cromoglicato dissódico: medicação estabilizadora da degranulação de mastócitos auxilia no controle
da rinorreia e congestão nasal. Recomenda-se a administração de 1 puff intranasal até a cada 2 horas
nos primeiros dois dias do quadro, e quatro vezes ao dia até o sétimo dia.
Marcas disponíveis no mercado: Cromoglicato dissódico (Neoquímica), Rilan® (2% e 4%).
Descongestionantes nasais: O uso de descongestionantes tópicos nasais deve ser recomendado
somente nos primeiros dias do quadro como conduta de exceção pelo risco de rinite medicamentosa e
efeito rebote quando utilizados além da posologia indicada ou inadvertidamente. As formulações
existentes no mercado contém oximetazolina (Afrin®, Aturgyl®, Freenal®). Recomenda-se no máximo 6
aplicações intranasais/ 24h.
Anti-histamínicos: somente anti-histamínicos de primeira geração apresentam efeito sobre a rinorreia e
congestão nasal no resfriado comum. As formulações existentes no mercado contém combinação com
vasoconstritores nasais (pseudoefedrina, fenilefrina) e analgésicos. Alertar paciente sobre potencial de
efeitos colaterais sedativos, boca seca, olho seco, tontura. No caso de sonolência excessiva, o paciente
pode ser orientado a utilizar a medicação somente no período noturno.
Marcas disponíveis no mercado: Cimegripe® (paracetamol, clorfeniramina, fenilefrina); Coristina D®
(AAS, cafeína, fenilefrina, dexclorfeniramina); Descon®, Fluviral®, Gripen F®, Multigrip®, Perfenol®,
Resfenax®, Resfenol®, Resprin®, Stilgrip® (paracetamol, dexclorfeniramina, fenilefrina), Decongex
Plus® (bronfeniramina + fenilefrina): 1 comprimido VO 12/12h;
Corticoides nasais/ sistêmicos não apresentam eficácia no tratamento da coriza / obstrução nasal em
pacientes com resfriado comum.
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Anti-histamínicos não sedativos de segunda geração não apresentam efeito na redução da coriza ou
tosse no resfriado comum.
Tabela 2. Tratamento Sintomático para rinorreia /descongestionantes nasais
Droga
Ipratropio (nível 2)
Cromoglicato de
sodio (nível 2)
Oximetazolina
(nível 2)
Dextroclorfeniramina
(nível2)
Apresentação
Spray 20mcg/jato
Dose
2-4 jatos
Via
Inalatoria
Frequência
4-6 vezes/dia
Solução inalação 0,25mg/ml
Spray 5mg/jato
20-40 gotas
2-4 jatos
Inalatoria nasal
3-4 tomadas
Frasco vaporizador 0,5mg/ml
Solução nasal 0,25mg/ml
Comprimido 2mg
Drágea liberação lenta 6mg
Xarope 2mg/5ml
2-3 jatos
2-3 gotas
2mg
1 dragea
5ml
Inalatoria nasal
2-3 tomadas
Oral
3-6 tomadas
1-2 tomadas
3-6 tomadas
5.2 Expectorantes
Há poucos trabalhos conclusivos sobre o uso de expectorantes no resfriado comum, com
resultados controversos sobre o uso da guaifenesina na formulação em xarope em estudos pequenos.
Marcas disponíveis no mercado: Vick xarope®, Transpulmin®, Peitoral®, Guaifenesina genérico (EMS,
Neoquímica); formulação combinada com guaifenesina, dexclorfeniramina, pseudoefedrina (Neoquímica)
(Tabela 3).
Acetilcisteína não demonstrou eficácia como expectorante no resfriado comum.
Tabela 3. Tratamento Sintomático com expectorantes
Droga
Guaifenesina (nível 2)
Apresentação
xarope 13,5mg/ml
Dose
200-400mg/dose
Via
oral
Frequência
3-6 vezes/dia
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5.3 Analgésicos/ anti-inflamatórios
O uso de analgésicos (paracetamol, dipirona) e anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) em
pacientes com resfriado comum mostrou melhora no controle da dor, febre e mialgia e podem ser
indicados, respeitando-se as orientações e tendo-se em mente o perfil de efeitos colaterais dos AINEs. O
paracetamol é a droga mais estudada e uma metanálise indicou efeito adjuvante sobre a redução da
obstrução nasal e coriza. Dentre a classe de AINEs, o naproxeno mostrou efeito sinérgico na redução da
coriza e da tosse em pacientes com resfriado comum (Tabela 4 e 5).
Tabela 4 - Tratamento Sintomático com anti-inflamatórios
Droga
Naproxeno (nível 2)
Nimesulida (nível 2)
Piroxican (nível 2)
Tenoxican (nível 2)
Cetoprofeno (nível 2)
Diclofenaco de
Sódio (nível 2)
Diclofenaco de
Potássio (nível 2)
Apresentação
Comprimido 275mg
Comprimido 500mg
Suspensão 125mg/5ml
Gotas 50mg/ml
Comprimido 100mg
Granulado envelope 100mg
Suspensão 50mg/5ml
Capsulas 10 e 20mg
Comprimido solúvel sl 20mg
Comprimido 20mg
Garnulado envelope 20mg
Capsulas 50mg
Comprimido retard 200mg
Comprimido enterico 100mg
Gotas 20mg/ml
Comprimidos 50mg
Comprimido retard 100mg
Comprimido sr 75mg
Comprimidos 50mg
Comprimido dispersivel 50mg
Suspensão 10mg/5ml
Gotas 15mg/ml
Dose
250 a 500mg
Via
oral
Frequência
1-3 vezes/dia
50-100mg
oral
1-2 vezes/dia
10-20mg
oral
1-2 vezes/dia
20mg
oral
oral
oral
1 vez/dia
oral
3 vezes/dia
1vez/dia
2 vezes/dia
2-3 vezes/dia
2-3 vezes/dia
2-3 vezes/dia
2-3 vezes/dia
50mg
200mg
100mg
25-50mg
100mg
75mg
50mg
50mg
50mg
50mg
oral
3-4 vezes/dia
1vez/dia
3 vezes/dia
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Tabela 5 - Tratamento Sintomático analgésicos /antitérmicos
Droga
Dipirona
(nível 2)
Paracetamol
(nível 2)
Ibuprofeno
(nível 2)
Apresentação
Gotas 25mg/gota
Comprimido 500mg
Solução oral 50mg/ml
Ampolas 500mg/ml
Gotas 10mg/gota
Comprimido 500mg
Comprimido 750mg
Sache 500mg
Gotas 50mg/ml
Comprimido 200mg
Suspensão 200mg/5ml
Dose
500 a 1000mg
Via
oral
Frequência
1-4 vezes/dia
750 a 1000mg
oral
1-4 vezes/dia
200 a 800mg
oral
1-4 vezes/dia
5.4 Antitussígenos
O mecanismo da tosse no resfriado comum deve-se ao gotejamento pós-nasal, ação inflamatória
direta do vírus sobre a mucosa das vias aéreas superiores ou obstrução nasal. Além do dextrometorfano,
anti-histamínicos de primeira geração e a guaifenesina apresentam efeito na redução da tosse em alguns
trabalhos. Não há trabalhos sistematizados sobre eficácia de outras medicações encontradas no mercado
nacional, como a dropopizina, a levodropopizina e a cloperastina. Medicações antitussígenas devem ser
indicadas com cautela pelo potencial de efeitos colaterais.
Marcas disponíveis no mercado: Dextrometorfano xarope (Benalet Xarope TSC®, Trimedal Tosse®).
Atenção: Não há benefício da codeína como antitussígeno em pacientes com tosse secundária a
resfriado comum.
Tabela 6. Tratamento Sintomático com antitussigenos
Droga
Apresentação
Dose
Via
Frequência
Dextrometorfano (nível 2)
Solução 3mg/ml
7,5-15mg/dose
oral
3-4 vezes/dia
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6. FLUXOGRAMA
1. Fluxograma de atendimento do resfriado comum
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7. MEDIDA DE QUALIDADE

Não prescrição de medicações injetáveis no PA para casos de resfriado.
8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1. Uptodate: The common cold in adults: Treatment and prevention. Disponível em
www.uptodate.com
2. Pratter MR. Cough and the common cold: ACCP evidence-based clinical practice guidelines.
Chest 2006; 129 (1 Suppl): 72S-74S.
3. Li S, Yue J, Dong BR, Yang M, Lin X, Wu T. Acetaminophen (paracetamol) for the common cold in
adults. Cochrane Database Syst Rev 2013; 7:CD008800. doi: 10.1002/14651858.
4. AlBalawi ZH, Othman SS, Alfaleh K. Intranasal ipratropium bromide for the common cold.
Cochrane Database Syst Rev 2013; 6:CD008231. doi: 10.1002/14651858.
5. Kim SY, Chang YJ, Cho HM, Hwang YW, Moon YS. Non-steroidal anti-inflammatory drugs for the
common cold. Cochrane Database Syst Rev 2013; 6:CD006362. doi: 10.1002/14651858.
6. Singh M, Singh M. Heated, humidified air for the common cold. Cochrane Database Syst Rev
2013; 6:CD001728. doi: 10.1002/14651858.
7. Kenealy T, Arroll B. Antibiotics for the common cold and acute purulent rhinitis. Cochrane
Database Syst Rev.2013; 6:CD000247. doi: 10.1002/14651858.
8. Hayward G, Thompson MJ, Perera R, Del Mar CB, Glasziou PP, Heneghan CJ. Corticosteroids for
the common cold. Cochrane Database Syst Rev. 2012; 8:CD008116. doi: 10.1002/14651858.
9. De Sutter AI, van Driel ML, Kumar AA, Lesslar O, Skrt A. Oral antihistamine-decongestantanalgesic combinations for the common cold. Cochrane Database Syst Rev. 2012; 2:CD004976.
doi: 10.1002/14651858.
9. ELABORAÇÃO DESTE DOCUMENTO
Autores: Cristiano Nogueira, Olivia Meira Dias, Marcelo Hisato.
Revisor: Mauro Iervolino.
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RESFRIADO COMUM EM ADULTOS
ORIENTAÇÕES PÓS ALTA HOSPITALAR
Informações sobre a doença
O resfriado é uma doença respiratória aguda causada, na maioria das vezes, por vírus que
produzem doença benigna, sem necessidade de tratamento específico, ou seja, apenas uso de
medicações sintomáticas (analgésicos e antitérmicos) que têm como principal objetivo reduzir a
intensidade dos sintomas.
A doença se transmite por gotículas aerolisadas durante a tosse e espirro ou após o contato dos
dedos com uma superfície contaminada, que a seguir são levados até olhos, nariz ou boca. Pode iniciar
com dor de garganta, coriza, espirros, obstrução e/ou coceira nasal, tosse seca, febre de intensidade
variável, cefaleia, calafrios e dores pelo corpo.
O diagnóstico é essencialmente clínico conforme a avaliação do seu médico não sendo
necessária a realização de exames laboratoriais. A doença é autolimitada, com duração em torno de 5 a
7 dias, em geral com boa evolução.
Instruções para a casa





Repouso no período febril,
Hidratação e dieta conforme aceitação,
Higiene e desobstrução nasal,
Umidificação do ambiente,
Lavagem das mãos.
Retorne com seu médico ou ao pronto atendimento se:




Febre que persistir por mais de 3 dias,
Dificuldade para respirar,
Prostração acentuada,
Piora dos sintomas.
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RESUMO
Descrição em forma de resumo para acesso em meios alternativos de conectividade como tablets ou celulares
ANEXOS
DOCUMENTOS RELACIONADOS
DESCRIÇÃO RESUMIDA DA REVISÃO
00
Elda Maria Stafuzza Gonçalves Pires (25/11/2014 10:15:25 AM) - Diretriz de atendimento do resfriado
comum.
Elda Maria Stafuzza Gonçalves Pires (10/07/2015 10:20:11 PM) - Formatação corrigida.
Elda Maria Stafuzza Gonçalves Pires (21/08/2015 07:55:20 AM) - Revisado.
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