14-02-2013 Tiragem: 16995 Pág: 12 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,26 x 30,17 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Paulo Figueiredo QUEBRA NO PIB O produto deverá recuar em termos homólogos mais de 3%. 1T2011 2T11 3T11 4T11 1T12 2T12 3T12 4T2012 (*) 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -2,0 -2,5 -3,0 -3,5 (*) Previsão Fonte: INE Além da quebra no rendimento disponível, o efeito das expectativas negativas também pesam para a retracção no consumo privado. Consumo privado afunda economia e exportações perdem gás INE revela hoje a estimativa do PIB para 2012. Economistas não esperam surpresas. Margarida Peixoto e Luís Reis Pires [email protected] A forte contracção do consumo privado deverá ser a principal causa da destruição de riqueza verificada no último trimestre de 2012. Os economistas contactados pelo Diário Económico frisam que tanto as famílias como as empresas estão a gastar menos e avisam que as exportações já deverão começar a reflectir o abrandamento da procura externa. O Instituto Nacional de Estatística (INE) revela hoje a estimativa rápida para o PIB. Nos últimos três meses do ano passado, a riqueza produzida em Portugal deverá ter ficado cerca de 3% abaixo do conseguido em 2011. No conjunto do ano a recessão também deverá ser da mesma ordem de grandeza - um cenário que traduz em números as notícias recentes de aumento do desemprego e de subida das falências de empresas. “A nossa previsão é de uma queda trimestral de 1,2% e homóloga de 3,2%, justificada sobretudo pela queda da procura interna”, diz Paula Carvalho, economista do departamento de research do BPI, ao Diário Económico. Este valor vai ao encontro da média dos economistas ouvidos pela agência de notícias Bloomberg, que também espera uma contracção de 3%, quando comparada com o mesmo período do ano passado. A pesar no consumo das famílias estará, desde logo, a subida do desemprego e a redução do rendimento disponível. Mas não só. Também o efeito das expectativas negativas deverá ter um reflexo nos números. “O anúncio do corte de quatro mil “Neste trimestre, o desempenho do sector exportador deverá também penalizar o comportamento da actividade”, diz Paula Carvalho, economista do Research do BPI. “A economia está parada: do lado do consumo, do investimento, e já não tem as arábias pela frente nas exportações”, diz José Reis, da Universidade de Coimbra. milhões de euros [no final do ano passado] gerou expectativas muito negativas”, lembra João Cerejeira, professor na Universidade do Minho. Recorde-se que só com o anúncio das medidas de austeridade para 2013 - na altura Passos Coelho ainda previa aumentar a taxa social única, mas mais tarde viria a substituir esta ideia pela subida do IRS -, o sector do imobiliário reportou uma queda de 50% na procura de casas. Os dados foram avançados por Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária, à TSF, na sequência de um inquérito feito a 60 empresas. “A economia está parada: do lado do consumo, do lado do investimento, e também já não tem as arábias pela frente em matéria de exportação”, acrescenta José Reis, professor na Universidade de Coimbra. É que as exportações, o único motor activo da economia nacional, também estão a perder o gás. O reflexo deste abrandamento no PIB não é ainda unânime entre os economistas, mas a diminuição das vendas lá fora é um dado adquirido, que ensombra a evolução futura da economia. “Neste trimestre, o desempenho do sector exportador deverá também penalizar o comportamento da actividade, reflectindo a redução da procura externa (sobretudo da União Europeia) e as greves no sector portuário”, defende Paula Carvalho. Já Rui Serra espera que “a queda estimada para as exportações” seja “mais do que compensada pela superior retracção das importações” e por isso não prevê ainda um contributo líquido negativo. ■