O Sr. WELLINGTON ROBERTO (PR–PB) pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, ocupamos hoje esta tribuna para manifestar nossa preocupação em relação à crise financeira mundial e seus reflexos no Brasil. Como se sabe, o colapso do mercado imobiliário americano degenerou em uma crise avassaladora, que, em função do padrão globalizado da economia, constitui verdadeira ameaça a todos os países. Deflagrada pela evasão de trilhões de dólares dos mercados de ações, a crise representa a perspectiva de uma recessão em nível mundial, com forte repercussão justamente na economia dos países mais ricos. Comumente comparada ao crash de 1929, como é chamada a quebra da bolsa de valores de Nova York, a crise atual apresenta pelo menos uma diferença importante. Até agora, os Estados e respectivos bancos centrais têm conseguido intervir para impedir a falência de 2 bancos e instituições de crédito, o que tem evitado que o problema atinja escala ainda mais alarmante. Em todo caso, a perspectiva inicial é a retração do crédito em proporções inéditas, que naturalmente provocará a redução do consumo nas grandes economias do mundo. No Brasil, por enquanto, os efeitos da crise são mais visíveis no mercado de ações e no câmbio, e se devem à retirada abrupta dos capitais estrangeiros até então investidos em papéis brasileiros. Senhor Presidente, o que deve acontecer nos próximos meses? Como o Brasil reagirá daqui para a frente, para não comprometer o esforço monumental de quase duas décadas, a garantir o fortalecimento paulatino e sustentável de nossa economia? Nosso país, Senhor Presidente, que participava até então da onda de prosperidade que impulsionava a economia mundial, vê-se surpreendido exatamente quando comemorava a tão esperada estabilidade econômica e, conseqüentemente, o aumento da produção e das 3 exportações, a queda da taxa de desemprego, o processo de transferência de renda e inclusão social. Em um primeiro momento, podemos esperar pela redução do volume de exportações, a ameaçar o crescimento do PIB, e por uma pressão inflacionária, decorrente do aumento da cotação do dólar. Por outro lado – e aqui nos posicionamos contra os alarmistas de plantão -, desfrutamos hoje de um sistema financeiro extremamente ágil e sólido, de um mercado interno bem aquecido, de uma boa situação fiscal, de reservas da ordem de duzentos bilhões de dólares, e de uma equipe econômica de comprovada competência. Confiante, o Presidente Lula vem incentivando a população a não interromper o consumo, para evitar a recessão, e recomenda a seus ministros que continuem mobilizando recursos do PAC para obras de infra-estrutura. Enquanto isso, o Banco Central mantém recursos para pequenos tomadores de empréstimo e libera linhas de crédito para manter as exportações. 4 Também a longo prazo as perspectivas não são ruins. A crise tem por efeito colateral o deslocamento da vanguarda econômica para os chamados países emergentes, entre os quais o Brasil, que já pressionam por maior participação nas decisões internacionais e já se articulam para intensificar as relações comerciais entre si. Assim, pode-se esperar por uma nova arquitetura na economia mundial, com uma distribuição mais equilibrada de poder entre as nações. Por todas essas razões, Senhor Presidente, e considerando o conjunto de fatores favoráveis, preferimos proceder a avaliações mais cautelosas, confiando na força e na capacidade da economia brasileira. Ademais, esperamos que todas as medidas necessárias sejam adotadas, para que o processo de crescimento brasileiro não seja interrompido, ainda que não seja mais tão acelerado, como se previa no PAC. É o que, pelo menos por enquanto, vêm sinalizando as atitudes do governo 5 federal , que parece decidido a enfrentar com serenidade e seriedade a avalanche da crise financeira mundial. Muito obrigado. 2008_15912_Wellington Roberto