O mar, além da praia - Instituto Baleia Jubarte

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ANO V - EDIÇÃO No 267
FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL
Terça-feira, 11 de dezembro de 2012
O mar, além da praia
A Rede de Projetos de Biodiversidade Marinha reúne profissionais da imprensa.
Na pauta, o ambiente marinho e os esforços para a conservação das espécies. Págs. 06 e 07
Queimadas
O fogo que prejudica o solo. A prática danosa aumentou
286% de janeiro a outubro deste ano. Págs. 4 e 5
UNCCD
Faltam 54 dias para
Fortaleza sediar a
Conferência das
Nações Unidas. Pág. 10
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FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL
Terça-feira, 11 de dezembro de 2012
VERDE
BIODIVERSIDADE
Como enxergar o Mar,
além da praia
TARCILIA REGO
[email protected]
A
Rede Biomar reuniu, no anfiteatro do Centro de Visitantes do Instituto Baleia
Jubarte, na Praia do Forte,
litoral norte da Bahia,18 profissionais
da imprensa entre os dias 04 e 05 de
dezembro, para a realização da Oficina
de Jornalismo Ambiental. Os estados
do Espírito Santo, Pernambuco, Rio
Grande do Norte, Bahia e Ceará, foram
representados por profissionais de televisão, rádio, jornal, revista e internet.
Todos os participantes do encontro tiveram a oportunidade de fazer
contatos e compartilhar experiências
e conhecimentos acerca do ambiente
marinho e dos esforços de conservação
das espécies. É importante frisar que o
ecossistema marinho é o menos protegido do Brasil e está entre os mais
vulneráveis aos efeitos das mudanças
climáticas globais.
A proposta da oficina inédita, promovida pela Rede Biomar que congrega
os projetos de conservação marinha
– Baleia Jubarte, Tamar, Golfinho Rotador, Coral Vivo e Albatroz – patrocinados pela Petrobras, foi discutir meio
ambiente e sustentabilidade de forma
mais ampla. Informar, capacitar, mas
também, sensibilizar formadores de
opinião sobre os temas relacionados à
conservação marinha.
“É preciso ter uma visão tridimensional do mar.” Assim falou o pesquisador Mauro Maida, do Departamento
de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco, durante a palestra
inaugural do encontro. “Da mesma forma que Jaboatão dos Guararapes mudou no entorno do mar. O mar, também
mudou. O que acontece no ecossistema
é fruto do que acontece na Cidade”,
disse Maida, sobre a importância de
enxergarmos o mar, além da praia.
“Vivemos em um País com muitas
discrepâncias quanto às estratégias
de conservação. Diferente da floresta tropical, no mar você pode tudo.
Imagine a quantidade de peixes que sai
da nossa ‘floresta’ submarina, a situação é de extrema sobre pesca. O Governo quer duplicar a produção pesqueira.
Retira, mas não repõe, e por isso a cadeia atrófica está sendo prejudicada”,
alertou o pesquisador.
A bióloga Márcia Engel, diretora do
Projeto Baleia Jubarte, alertou que as
baleias, apesar de estarem no topo da cadeia alimentar também são impactadas
pelas ações do homem, principalmente.
Quem diria, baleia atropelada. É isso
mesmo, “a Jubarte é a segunda baleia
mais atropelada do mundo”. Passam até
fome, estão sem comida em decorrência
das mudanças climáticas globais.
APAGANDO INCÊNDIO
Para mudar essa realidade, a conservacionista gaúcha, trocou Porto Alegre
pelos oceanos do Brasil e do mundo. A
incansável Marcia iniciou seus trabal-
hos com baleias em 1992, no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Começou
como estagiária em 1990 e, quando formou-se [1991], foi efetivada. Em 1996,
ela ajudou a criar o Instituto Baleia
Jubarte que tem como missão “conservar as baleias jubarte e outros cetáceos
do Brasil, contribuindo para harmonizar a atividade humana com a preservação do patrimônio natural”.
“Quem trabalha com conservação está
sempre apagando incêndio. Além do
aquecimento global as principais ameaças
ou desafios para a conservação da espécie
são os impactos sonoros nos oceanos;
colisão com embarcações;emalhamento
em redes de pesca; retorno da caça comercial; contaminação dos oceanos.”
Márcia destacou também, que tem
muita coisa boa no seu ofício. Por exemplo, gravar o som da baleia que muda a
cada ano. A atividade ajuda a entender
as condições da jubarte, considerada a
baleia cantora. “Já fiquei muito próximo
dela, tipo olho no olho”, contou.
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Terça-feira, 11 de dezembro de 2012
VERDE
PROJETO ALBATROZ
O segundo dia da Oficina foi pautado pela apresentação de cada um dos
Projetos da Rede Biomar e pela visita
ao Projeto Tamar. A novidade ficou
por conta do mais novo integrante: o
Projeto Albatroz. Criado há 21 anos
em Santos, São Paulo, o objetivo é
reduzir a captura não intencional de
albatrozes e petréis, aves marinhas
ameaçadas de extinção principalmente pela pesca de espinhel pelágico.
Ao serem atraídas pelas iscas lançadas
por pescadores, elas ficam presas nos
anzóis e acabam morrendo.
O espinhel é um aparelhode pesca
constituído por um número variável
de anzóis que funciona de forma passiva, com as iscas atuando na atração
do peixe. Usual na pesca industrial,
este tipo de rede mata centenas e milhares de albatrozes. “Trezentas mil
aves marinhas morrem por ano em
todo o mundo, dessas, 100 mil são
albatrozes. E mais, morre um albatroz
a cada cinco minutos”, conforme disse
a coordenadora executiva do Projeto, a
bióloga Tatiana da Silva Neves.
Uma pena, pois a palavra carismática,
talvez seja aquela que mais nos remete
ao albatroz. A principal característica
dessa ave marinha, além do seu jeito
“desengonçado”, de “gostar” dormir
pousado na água, e ao mesmo tempo,
planar com desenvoltura, é a envergadura de 3,5 metros – maior que a do
condor. “O albatroz quando voa, abraça o mundo”, completa Tatiana Neves.
Uma vez encontraram 43 albatrozes
abatidos em só lance de espinhel.
PROJETO TAMAR
Todos os participantes do encontro
tiveram a oportunidade de conhecer
os investimentos do Projeto Tamar na
Sede Nacional na Praia do Forte em
Mata de São João, Bahia. Criado em
1980, o Projeto é administrado pelo
Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio), órgão do
Ministério do Meio Ambiente, e coadministrado pela Fundação Pró –Tamar,
instituição privada sem fins lucrativos.
Na ocasião questões ambientais e técnicas aplicadas na comunidade do entorno
promotora de mudanças sociais foram,
também, discutidas entre jornalistas
presentes e técnicos do Projeto.
O Tamar protege cerca de 1.100 quilômetros de praias, através de 23 bases de
pesquisa mantidas em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso
de tartarugas marinhas, no litoral e ilhas
oceânicas, em nove Estados brasileiros.
No Ceará está o Centro de Visitantes
de Almofala a única base do Tamar no
Ceará. Fica no município de Itarema,
litoral oeste do Estado a 190km da capital, Fortaleza. Criada em 1992, em uma
importante área de alimentação e corredor migratório para as espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil.
SOBRE A REDE BIOMAR
A Rede de Projetos de Biodiversidade
Marinha (Biomar) reúne projetos patrocinados pela Petrobras que têm como
objetivo a conservação da biodiversidade marinha no Brasil, atuando na proteção e pesquisa de espécies e dos habitats relacionados. Atualmente fazem
parte da Rede Biomar os projetos Tamar, Baleia Jubarte, Coral Vivo, Golfinho
Rotador e o Projeto Albatroz.
A Rede teve início em 2007. O planejamento estratégico feito conjuntamente pelos projetos vem promovendo a convergência das ações e
contribuições para políticas públicas
de conservação costeira e marinha,
otimizando a aplicação dos recursos
financeiros, compartilhando a disseminação de conhecimento sobre as
espécies trabalhadas e seus ecossistemas, além de monitorar as ações
previamente planejadas.
Espécies
São sete as espécies-alvo marinhas,
sendo dois mamíferos e cinco quelônios,
que são pesquisadas, protegidas e monitoradas pelos projetos participantes:
Baleia-jubarte
(Megaptera novaeangliae)
Golfinho-rotador (Stenella longirostris)
Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta)
Tartaruga-de-couro
(Dermochelys coriacea)
Tartaruga-de-pente
(Eretmochelys imbricata)
Tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea)
Tartaruga-verde (Chelonia mydas)
Esses animais estão classificados na
lista nacional de espécies ameaçadas
de extinção em diferentes graus de
ameaça, com exceção do golfinho Stenella longirostris.
Visite os portais abaixo, o meio ambiente marinho agradece.
www.projetotamar.org.br
www.coralvivo.org.br
www.projetoalbatroz.org.br
www.baleiajubarte.org.br
www.golfinhorotador.org.br
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