CONSTRUINDO UMA EDUCAÇÃO COM ATITUDES FILOSÓFICAS Jociel Nunes Vieira1, Emanoel Luís Roque Soares2 1 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia/Centro de Formação de Professores, Av. Nestor de Melo Pita, 535, Centro, Amargosa/BA, [email protected] 2 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia/Centro de Formação de Professores, Av. Nestor de Melo Pita, 535, Centro, Amargosa/BA, [email protected] Resumo- Na contemporaneidade, o homem busca explicar àquilo que diz respeito a sua vida e insiste em estudar e tentar entender teorias e teses dos antepassados. As emergências que a sociedade atual tem, devido às características da alta competitividade, virtualização, tecnologias, lucratividade, vasto campo de divulgação de diversas informações e atividades realizadas rotineira e mecanicamente, devem ser frutos de novas reflexões e criticidade que uma investigação filosófica deve propor para a criação de novos conceitos. Sabendo que não é possível preparar alunos trabalhando conceitos desvinculados da realidade, ou que se mostrem sem significado para eles, faz-se necessário pensar em tornar de uma Educação baseada em Atitudes Filosóficas. O ensino de Filosofia é uma das formas de preparar os alunos para a participação ativa dentro da sociedade. Palavras-chave: Educação. Atitudes Filosóficas. Filosofia. Ensino-Aprendizagem. Área do Conhecimento: Ciências Humanas / Filosofia Introdução Para quem só se preocupa em viver de acordo com os ciclos básicos do ser humano: nascer, crescer, desenvolver (estudar, trabalhar), multiplicar, morrer; os problemas que afetam a comunidade, a sociedade e toda humanidade não passam de “os problemas do outro”. Mas para se viver intensamente é preciso experienciar o que a vida nos dá, e como filosofar é ter experiências novas, viver é ir além dos ciclos básicos; viver é nascer e ser alguém no mundo, crescer com/no mundo, desenvolver a si próprio de forma que ajude o outro e o mundo a desenvolver-se também, multiplicar não só biologicamente, mas transmitir conhecimentos e compartilhar experimentos e, por fim, morrer, mas só fisicamente, onde as palavras e ensinamentos eternamente permanecerão. Todo esse “encantamento” que é dado na vida do ser humano é alcançado com atitudes filosóficas. A escola, instituição de uma força interna que sofre pelo conservadorismo estatal, é antes de tudo, o lugar da prática da liberdade. Por ter o aspecto político da construção do ser atuante na sociedade, orienta o seu objeto, o sujeito (formado pelo conjunto de suas relações sociais) a erigir saberes através da articulação entre os campos teóricos e metodológicos, relacionando as contribuições das diversas áreas do conhecimento com sua realidade. A Filosofia tem o privilégio de poder dialogar com quaisquer outras disciplinas, porque a mesma não abandona o compromisso de refletir o pensamento do outro, de avaliar sua coerência, testar sua consistência e apontar suas limitações. Por ser o ambiente voltado para o incentivo à escrita, leitura, práticas esportivas, sociabilidade e desenvolvimento de habilidades físicas e cognitivas, a escola é o espaço ideal onde as atitudes filosóficas podem crescer e amadurecer. Aliada a um processo de educação, a Filosofia se torna um instrumento de grande valia para o ser racional que busca se conhecer e se edificar. Metodologia Esta pesquisa tem como base o Projeto de Pesquisa “O Ensino de Filosofa em Amargosa e no Vale do Jiquiriçá”, que tem como objetivo pesquisar a formação docente e o ensino de Filosofa nas Escolas Públicas de Nível Médio em Amargosa/BA, e é baseado em estudos de autores contemporâneos, observações em aula para averiguar como se dão as práticas docentes e entrevistas com o corpo docente e alunado, trabalhando a partir de uma crítica semiótica dos discursos, tendo em vista a investigação de como as práticas pedagógicas, nas aulas de filosofa, são implantadas, aplicadas e recebidas por todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Resultados Sabendo que a filosofa no Ensino Médio deve possibilitar a produção e discussão de conceitos, faz-se necessário pensar sobre a atuação docente e respectiva formação na área. XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 O que temos observado é o déficit nessa formação e falta de material didático que ajude na condução das aulas, que devem possibilitar uma boa assimilação do conteúdo. Os alunos, por ainda não terem uma base do que realmente é Filosofia, chegam ao Ensino Médio com muita resistência à disciplina. O conteúdo programado, muitas vezes é alterado quase que por completo, por não conseguir nivelar o ensino dado com o conhecimento trazido pelos alunos de forma ordenada e lógica. O interesse e motivação do docente é um critério ímpar nesse assunto, uma vez que o mesmo pode alcançar ótimos resultados com uma dinâmica eficaz e linguagem mais acessível para os seres luzentes. Discussão Na sociedade atual, a diversidade de pessoas acaba implicando em necessidades diferentes para atender cada grupo. Algumas dessas necessidades são criadas para o âmbito individual (consumo, comportamento adaptativo) e outras para o coletivo (participar de algum grupo/identidade, acordos). Uma atitude filosófica numa sociedade com tais características, procura definir a importância do ser social (cooperação no desenvolvimento do triângulo da convivência: eu, o outro e o mundo) e cultural (valores e crenças). Para pensarmos em como atuar de maneira íntegra e com máximas e valores benéficos para mim e para o outro, o princípio base é ter a Educação como alicerce, mas não considerá-la como elemento que principia o aprendizado das coisas ou tê-la somente como a porta inicial por aonde os conhecimentos chegam. A Educação não cabe a uma só determinada faixa etária ou fase de desenvolvimento dos sujeitos, ela é um processo que se inicia desde o ventre materno (compreendendo o ser como natureza, pertencente a outro ser, mesmo que perceba isso inconscientemente) até o último suspiro de vida. É uma fase em constante desenvolvimento no ser humano, não só no que diz respeito ao ato de aprender, como também ao ato de ser educado, considerando o antigo conceito grego de paidéia. A Educação vem de ações voluntárias, de pessoas dispostas a ensinar, orientar, para pessoas dispostas a aprender, trocar experiências. A obrigatoriedade do ensino só é presente na Constituição que rege o país, pois ela busca prevenir que não haja pessoas sem instrução na sociedade. Mas essa obrigatoriedade não vale dentro duma sala de aula, onde um professor não quer ensinar (por “n” motivos) e o(s) aluno(s) não quer(em) aprender (por outros “n” motivos). Ao dedicar-se no processo educacional, independente da faixa etária ou fase de vida, há uma tomada de consciência do que se é. Todas as disciplinas vão montando de forma explicativa a história dos antepassados, a vida do aluno e prevê o futuro da humanidade. Histórica e geograficamente, o aluno se encontra; físicoquímica e biologicamente o aluno entende como ele e a natureza funciona; decodifica a linguagem gramática e matematicamente; entende a sociedade com a Sociologia e questiona o mundo com a Filosofia. Todo esse conjunto de disciplinas, formam (ou tentam formar) a Educação do ser luzente. Isso leva-nos a compreender, que também não há dissociação das áreas humanas, assim como não há dissociação de cada órgão do organismo humano como um todo. Diz-se que o ser humano é um ser social, mas podemos dizer que o ser é multidimensional: social, cultural, religioso, simbólico-linguístico, aprendente-educador. Sendo o homem uma multidimensionalidade una e vivendo num único mundo com uma multiplicidade de mundos nele, através da linguagem o homem cria representações abstratas que o ajudam a decifrar as coisas concretas, servindo para dar significados às coisas, criando ideias. É o uso dos sentidos para ir além daquilo que os sentidos propõem. Faz parte do movimento filosófico de ir além das aparências e da superficialidade das coisas. Através de perguntas simples, como “o que é?”, “como?” e “porquê?”, o mundo vai sendo desvelado claro e profundamente devido a abrangência do pensamento humano. Por ser uma atitude, atitude que experiencia coisas novas, o ensino da Filosofia não deve ser um ensino baseado somente em dados históricos, acontecimentos passados, biografias de intelectuais, grandes revoluções e fatos marcantes para a humanidade, ou seja, não deve ser somente História da Filosofia, mas um ensino que também incentiva o conhecimento de si, do outro, do mundo e da realidade em que se vive, que reflete os pequenos problemas e as coisas simples que incomodam alguém, isso é o ensino do Filosofar. Aprender filosofia é diferente de aprender filosofar, assim como o processo de aprendizagem é diferente do processo de ensino. Filosofia nada mais é do que aprender com amor e dedicação, buscar a sabedoria através da vivência e conhecimentos adquiridos; enquanto Filosofar é a atitude que se toma para adquirir esses conhecimentos, o espanto, os questionamentos, a investigação e criticidade. XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2 Ensino é o processo de transmissão sistemática de informações para educar e Aprendizagem é o processo onde, com esses estudos, as habilidades, conhecimentos e competências vão sendo criadas e/ou modificadas. O processo de aprendizagem filosófica consiste em: 1) aprender a aprender; 2) aprender a pensar; 3) aprender história da filosofia; 4) aprender a comparar, refletir, investigar, criticar; 5) aprender a filosofar. Observa-se que essa proposta é totalmente contrária ao modelo da escola vigente, aulas expositivas, monótonas, lineares, com caráter fragmentador do conhecimento e punitivo em suas formas avaliativas. Uma aula sobre determinado conteúdo, não é só expor o que se há de estudos sobre tal conteúdo, nem o professor é o único detentor da palavra e nem a única forma de avaliar é aquela em que o aluno repete descritivamente aquilo que o professor explicou. O ensino atual é exposto de maneira muito objetiva: “isso é isso e pronto!”, sem exemplos, comparações e explanação de como tal aprendizado pode ser utilizado em seu cotidiano, o aluno não sentirá ânimo e nem empolgação para aprender algo “desnecessário”. Conteúdos sem ligação: Português só estudará as “palavras”, Matemática só os “números”, Química e Física só as “fórmulas” e Filosofia só as “teorias”. Não é assim que a Escola deve se apresentar ao alunado, como aquela que fragmenta o ensino, mas sim deverá ser o lugar onde haverá uma trans-inter-multi-disciplinaridade, ou seja, onde as palavras e números formam as fórmulas e as teorias, o conteúdo de uma disciplina será enganchado no de outra, um determinado assunto não será totalmente explicado por uma só matéria, mas cada matéria explicará sua especificidade em cada assunto que, por fim, serão em comum. Para se aprender Filosofia décadas atrás, somente o domínio da gramática, língua, literatura, história, habilidades da argumentação, dialética e um pouco de retórica eram necessários, pois a tarefa da Filosofia era a de ler textos densos e explaná-los, bem como conhecer os teóricos e o que eles pensavam. Além dessas competências, na Filosofia de hoje se faz mister compreender todo o contexto social do antes (o que levou à criação de tal teoria), do durante (como ela se desenvolveu) e do depois (quais marcas positivas e negativas prevaleceram), e ainda adaptar a teoria para a realidade atual. O estudo da etimologia e semântica dos conceitos aproxima linguisticamente o aluno do conteúdo, familiariza-o e lhe dá condições de expressar em quais campos de atuação seu “novo conceito” pode ser aplicado. O uso do sentido conotativo, metafórico, simbólico e subjetivo dá a esse conceito um sentido implícito, o qual para ser compreendido, deve passar pelo processo de investigação filosófica. Essa dinamicidade no ensino trará mais questionamentos, criticidade, reflexão e posicionamento sobre as coisas por parte dos alunos, eles estarão agindo com atitudes filosóficas. O estímulo de transformar uma simples ideia e/ou noção de algo num conceito, após estudos e reflexões filosóficas, já dá aos alunos características de um filósofo, supera o posicionamento da certeza “cega” das coisas, um certo tipo de preconceito com as outras certezas existentes, supera também a ignorância e a resistência em conhecer o desconhecido que causa medo à primeira vista, e a aceitação de outros pontos de vista. Agindo assim, o triângulo da convivência será melhor desenvolvido, pois se conhecendo, conhece-se o conhecimento que se tem e solidifica-o, complementa-o e reconstrói-o, reconhecendo as próprias limitações e dificuldades, o que possibilita, a partir das próprias circunstâncias, convicções e singularidades, um amadurecimento cognitivo-psicológico. O desenvolvimento cognitivo é um processo dependente do triângulo da convivência, pois o conhecimento é produzido na troca de informações (com o outro e/ou com mundo). A educação “doutrinal” não troca ensinamentos e nem apreende-os, os alunos não tem liberdade de perguntar, responder conforme seu entendimento e nem de acrescer informações no conteúdo dado. O pilar da educação, em especial da educação filosófica, é o diálogo quando se ensina e quando se aprende. Isso dá o poder de decisão aos alunos, que vão criando características próprias em seus discursos e em suas ideias, tendo coerência, ordem e solidez. A partir do pressuposto de que a Filosofia objetiva o pensar, um componente fundamental no processo educacional que reflete, investiga, critica e cria, afirma-se que a Filosofia traz para a Educação novas perspectivas, com domínio e cuidados com a verdade, a beleza, a ética e a moral, a política e com a própria educação. Cada indivíduo possui múltiplas potencialidades, que necessitam ser estimuladas, direta ou indiretamente, e essas devem ser conciliadas com seu contexto, visando questionar e contribuir na resolução de problemas. A escola é onde há coletividade e troca de informações, onde se têm as orientações sobre tais informações e sobre como trabalhá-las. Mas na particularidade, o sujeito vai atuar com um espírito cuidadoso, autocorretivo, confiante e seguro, e ao mesmo tempo fragmentado, ambíguo, confuso e problemático. XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 3 Não podemos tirar o caráter formativo da escola que visa formação para o trabalho, para viver em sociedade e para sobreviver (aspectos já implantados na sociedade moderna e contemporânea), mas que a formação docente, os órgãos institucionais educacionais e todos os membros envolvidos no contexto escolar, se voltem para uma educação que apresenta a vida como algo a ser realmente vivido, não só “submetido à”, onde a simplicidade e beleza das coisas apareçam, onde o bem-estar esteja presente e onde não exista um foco central de discussão para todos, pois cada um pode focar em algo que para si lhe faz bem ou lhe cause interesse. É com a subjetividade que o mundo ganha magnificência, ou seja, cor, brilho, sentido e beleza. Sem o caráter subjetivo, o ser humano atuaria como um animal qualquer, agindo por impulso e necessidades biofisiológicas. O uso da razão embeleza o mundo e o que nele existe, a condição humana que permite o prazer, a inclinação, aversão, vício, sentimentalismo, paixão. A Arte e a Estética só são possíveis, porque o elemento subjetivo que faz parte de uma atitude filosófica está presente no ser, é o que o faz apreciar a música, a poesia e a literatura, mas também as teorias, formulações, discursos e métodos das Ciências. O interessante não é a dualidade das coisas, os opostos que se atraem, o sistema binário e antagônico que predomina em todas as áreas da vida (corpo, mente, espírito, materialidade e suas relações com/no mundo), mas o terceiro excluído que com a Filosofia se inclui nas relações de conhecimento. Entre o singular e o plural, há a união; entre o similar e o diferente, há o desconhecido; entre o bem e o mal, se encontra o equilíbrio; são as variadas dimensões de uma mesma realidade, a abertura à metafísica. Ir além daquilo que as ciências tradicionais (como a Física, Química, Biologia, e até a Psicologia) estudam, além das aparências e objetividades, descobrir a essência das coisas e dos seres, analisar as relações e interações, descrever os princípios, condições e causas, essas são questões abstratas, transcendentais, além das realidades físicas que a investigação empírica não consegue considerar, mas que a mente e a razão apreciam. São questões ontológicas, cosmológicas, existenciais, espirituais, epistemológicas, hermenêuticas e até especulativas. Como a Arte e a Ciência buscam caminhos novos, a Filosofia também é um produto/produção humana, mas não se limita só a isso, ela também é uma forma de viver, de pensar e, principalmente de agir, pois não adianta viver pensando e nem pensamento sem ação. Por isso o pensamento e atitude filosóficas são coisas pessoais, únicas e intransferíveis, cada pessoa tem sua forma particular de viver, pensar e agir. A verdade dada pela Ciência é imposta. Por observações, análises, comparações empíricas e provas matemáticas, os cientistas divulgam as verdades descobertas e o povo acaba crendo nelas como absoluta, são persuadidos e incitados a verem assim por ser dito que não têm capacidade de chegar às verdades com o pensamento simples e rudimentar que têm. Com as Artes, a imaginação ultrapassa os limites que ela já não tem e mostra um caráter surreal chegando a um ponto de ser considerada absurda, incoerente, maluca e até patética; mas os artistas não estão preocupados com tais opiniões, mas em expressar aquilo que há em seu íntimo, colocar em sua manifestação artística toda sua sentimentalidade e paixão, que caracterizaram suas verdades. Na Filosofia há o caráter científico de querer se chegar à verdade, e o aspecto artístico de não preocupar-se com a opinião alheia, mas sua característica que deve ser destacada é seu desenvolvimento. Ela não vai avançando como as outras disciplinas, ela sempre mantém caráter investigativo, duvidoso, e até especial e peculiar, em todas as épocas, com todas as pessoas e em todos os lugares. A intenção real de se incentivar e, de certa forma, promover as atitudes filosóficas nos alunos, não é criar filósofos especialistas em gregos antigos nem doutores da história da filosofia, mas sim firmar o básico de uma educação que seja suficiente para o conhecimento da realidade, de si, do outro e de tudo à volta. Para tal consolidação, é necessário que algumas habilidades sejam trabalhadas de forma mais acentuada. O sentir a vida, a percepção sensível das coisas, o fazer as coisas de forma simples evitando o acúmulo de obrigações, possibilitam viver a gratidão, fazer as coisas espontaneamente e sem esperar resultados ou troca de favores, sem ambição e com autoconfiança e autovalorização. Essas habilidades permitem conhecer e desconstruir conhecimentos, fazendo síntese dos dados a partir de seus elementos primordiais, e fazendo análises de cada parte de um todo para tirar suas próprias conclusões. Viver e conviver com diálogo, concordanças e discordanças. O sujeito se torna o polijecto (sujeito-objeto) no processo ensino-aprendizagem da Filosofia que contém as seguintes áreas: * Ontologia, o estudo do ser que o leva a um ser-sendo, ser-com; * Epistemologia, investigação da natureza que leva o sujeito a aprender a aprender/conhecer; XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 4 * Ética, fundamenta as ações morais pela razão, dá um caráter particular ao indivíduo; * Política, âmbito da organização e administração do meio em que se vive, como se vive ali e como conviver ali; * Estética, investigação do conceito do “belo” e as experiências do ser nas manifestações artísticas; * Lógica, que busca estruturar o raciocínio analisando as premissas corretas e incorretas. Todas essas áreas são as responsáveis pela formação do indivíduo, os conhecimentos a ele passados constroem uma fôrma que dará forma ao sujeito, e como cada um compreende as coisas de maneira própria, as fôrmas e formas são únicas. Quando falamos em fôrma e forma, lembramos também de essência, existência, natureza e condição humana, o que é ser humano, o que é fazer parte da humanidade. Questões estas que pela Filosofia são esmiuçadas com mais atenção e detalhamento. A preocupação em saber quem é o homem: é um ser animal, racional, político, religioso ou ético/moral? As condições biológicas, sociais e espaço-temporais afetam ou não a condição humana? Essa condição apreende os valores externos ou cria valores internos para se adaptar ao mundo e a realidade? Independente de qual seja a questão, um estudo deve ser feito e conhecimentos são aprendidos. Assim, observa-se que em tudo há Educação e, também, Filosofia. Viver é uma argumentação filosófica, e esta é diferenciada, não demonstra as coisas somente sob fórmulas como as Ciências Exatas; não verifica os dados de forma experimental, como os cientistas apresentam; pelo pouco que lhe é apresentado, não julga as verdades e mentiras existentes, como uma argumentação jurídica faz; não acredita dogmaticamente numa coisa e nem persuade o público-alvo com os benefícios de uma tese de forma propagandista. A argumentação filosófica será baseada em princípios, como o da não-contradição, coerência no que é dito e representado e tratará de problemas diversos que atinge de algum modo algum elemento do triângulo da convivência. Conclusão Após anos de trabalhos com a Matemática, uma pessoa pode calcular facilmente e resolver problemas numéricos com maior rapidez; após anos de afinidade com a Gramática e Língua Portuguesa, torna-se fácil escrever bem, bonito e corretamente. A afinidade aproxima-nos do sujeito/objeto que nos relacionamos, e acabamos por adotar características do outro (quando se trata de um sujeito) ou criamos uma utilidade maior para o objeto por estarmos mais tempo com ele, por simples apego. Com a Filosofia também é assim, após dedicar-se a ela e aprender as atitudes filosóficas, o comportamento e forma de pensar do sujeito se auto-modifica e permanece numa intensa atividade de percepção-análisereflexão-interferência do cotidiano. A escola é onde o sujeito se consolida, sua personalidade vai se formando e seus anseios estão em mais destaque, pois os conhecimentos prévios trazidos pelos alunos vão sendo organizados com uma lógica de pensamento de forma a possibilitar uma melhor ligação entre assuntos, fatos, épocas e realidades. Assim, a didática da Filosofia não deve se prender a uma tecnificação e nem a conteúdos fossilizados, estes devem ser trazidos para uma discussão sobre a realidade atual. Os conteúdos e técnicas que facilitam seu aprendizado, devem seguir uma sequência lógica, para que a assimilação melhor aconteça. Tal experiência na área da Educação, possibilita para todas as partes envolvidas (alunos, professores e estagiários), uma troca mútua de informações e co-participação de realidades diferentes: os vários comportamentos e opiniões do alunado, o “poder” do professor de ensinar ou traumatizar os primeiros, e a observância que o estagiário faz, que lhe auxilia a perceber como se dá uma boa formação docente, comparando as teorias com as práticas. Referências - ASPIS, R. L.; GALLO, S. Ensinar Filosofia: um livro para professores. Editora Atta Mídia e Educação, 1ª ed. São Paulo, 2009. - GALEFFI, D. A. A trans-formação do professor de filosofia: proposta de ação pedagógica transdisciplinar para a inserção da filosofia na educação infantil e no ensino fundamental. Disponível em: elogica.br.inter.net/ferdinan/dantegaleffi_tra.pdf. Acesso em 04 ago. 2012. - VICENTE, J. N. Subsídios para uma didáctica da Filosofia. Revista Filosófica de Coimbra. Nº 06, p. 397-412, 1994. Disponível em: saavedrafajardo.um.es/WEB/archivos/Coimbra /06/Coimbra06-05.pdf. Acesso em 07 ago. 2012. XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 5