ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LATO SENSU ADMINISTRAÇÃO E MARKETING KARINA SCHEUER ESTUDO COMPARATIVO DO COMPORTAMENTO DE COMPRA DOS FUNCIONÁRIOS DE FARMÁCIAS DE PORTO ALEGRE Análise entre as redes: Panvel e Mais Econômica Vila Velha - ES 2010 1 KARINA SCHEUER ESTUDO COMPARATIVO DO COMPORTAMENTO DE COMPRA DOS FUNCIONÁRIOS DE FARMÁCIAS DE PORTO ALEGRE Análise entre as redes: Panvel e Mais Econômica Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Pós - Graduação Lato Sensu em Administração e Marketing, pela ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil, sob a orientação da Prof. Me. Beatriz Christo Gobbi. Vila Velha - ES 2010 2 KARINA SCHEUER ESTUDO COMPARATIVO DO COMPORTAMENTO DE COMPRA DOS FUNCIONÁRIOS DE FARMÁCIAS DE PORTO ALEGRE Análise entre as redes: Panvel e Mais Econômica Aprovada pela Banca Examinadora em 18.01.2010. _____________________________________________ Prof. Me. Beatriz Christo Gobbi Orientadora _____________________________________________ Prof. _____________________________________________ Prof. 3 Dedico este trabalho a Deus e à pessoa que me estimula, me fortalece e acredita e me incentiva em todos os momentos. Meu amigo, marido e grande amor Marcelo. 4 AGRADECIMENTO Agradeço a Deus e a todas as oportunidades que me proporcionou para o bom todos seus desempenho deste trabalho. Agradeço à ESAB e a professores e colaboradores que fizeram parte de mais uma etapa de minha vida. Agradeço a todas as pessoas que participaram deste processo, especialmente o Marcelo Ali. 5 O preparo favorece a sorte. Marcelo Ali 6 RESUMO A grande competitividade no varejo farmacêutico contextualiza um cenário onde os produtos em sua grande maioria são idênticos. A partir do momento em que as empresas e corporações se transformam orientadas para o cliente atingem um elevado grau de ganhos empresariais. Em primeiro lugar, elas conquistam uma notável vantagem competitiva no mercado externo. Em segundo lugar, em termos internos elas tornam-se capazes de cultivar funcionários satisfeitos. Dessa forma, esta pesquisa buscou investigar o comportamento de compra dos funcionários das farmácias e se os mesmos são clientes das lojas ou das redes em que trabalham. Foi realizada uma pesquisa qualitativa através de entrevista padronizada ou estruturada, as perguntas foram feitas ao grupo de 10 funcionários das redes de farmácias Panvel e Mais Econômica. O instrumento da coleta qualitativa utilizado foi um roteiro de entrevista dividido em duas partes. A primeira parte para determinar o perfil do respondente e a segunda a respeito do conhecimento da empresa em que trabalha, o perfil de compra, a motivação, a fidelização, o serviço, a satisfação e a decisão de compra. Ficou caracterizado que o perfil de compra dos funcionários é similar, em geral compram nas lojas em que trabalham ou nas lojas da própria rede, mas os funcionários da Mais Econômica são mais sensíveis aos preços e também existe uma competição acirrada em relação às metas pessoais, pois chegam a comprar produtos vencidos para que a loja não tenha prejuízo. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Evolução do marketing segundo suas características e tecnologia Empregada .............................................................................................. 19 Figura 2 Fatores que influenciam o comportamento do consumidor .............. 21 Figura 3 Mudança de estilo de vida conforme o ciclo de vida. ......................... 24 Figura 4 Hierarquia das necessidades de Maslow ............................................. 28 Figura 5 Modelo de estímulo e resposta do comportamento do comprador ... 30 Quadro 1 Respondentes da Rede Panvel.............................................................. 71 Quadro 2 Respondentes da Rede Mais Econômica ............................................. 72 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................... 11 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................... 13 1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................. 13 1.3 OBJETIVOS ........................................................................................ 14 1.3.1 Objetivo geral..................................................................................... 14 1.3.2 Objetivos específicos........................................................................ 14 1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ........................................................... 14 1.5 METODOLOGIA DE PESQUISA......................................................... 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................... 17 2.1 MARKETING DE SERVIÇOS .............................................................. 17 2.1.1 A evolução do marketing .................................................................. 18 2.1.1.1 Características dos tipos de marketing................................................ 19 2.2 O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ....................................... 20 2.2.1 Influências que afetam o comportamento do consumidor ............ 21 2.2.1.1 Influência cultural................................................................................. 22 2.2.1.2 Influência social ................................................................................... 23 2.2.1.3 Influência pessoal ................................................................................ 24 2.2.1.4 Influência psicológica .......................................................................... 25 2.3 O PROCESSO DE COMPRA .............................................................. 25 2.3.1 Tomada de decisão de compra ........................................................ 26 2.3.1.1 As necessidades do consumidor ......................................................... 27 2.3.1.2 O envolvimento do consumidor ........................................................... 29 2.4 A PERCEPÇÃO DE VALOR ............................................................... 31 2.5 SATISFAÇÃO DO CLIENTE ............................................................... 32 2.5.1 Relacionamento ................................................................................. 33 2.6 ENDOMARKETING ............................................................................. 34 2.7 COMUNICAÇÃO INTERNA ................................................................ 35 2.7.1 Instrumentos de comunicação interna ............................................ 36 2.8 IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO ....................................................... 38 2.8.1 Conceitos comportamentais da motivação .................................... 40 9 2.9 VENDAS .............................................................................................. 42 2.9.1 A atividade de vendas ....................................................................... 42 2.9.2 A evolução da venda ......................................................................... 42 2.9.3 Venda de serviços ............................................................................. 43 2.9.3.1 Características dos serviços ................................................................ 43 2.10 O PERFIL DO VENDEDOR ................................................................ 46 2.10.1 Prospecção ........................................................................................ 47 2.11 LIDERANÇA ....................................................................................... 48 2.11.1 Características e habilidades da liderança ..................................... 50 2.11.2 Supervisão de vendedores ............................................................... 51 2.11.3 Força de vendas ................................................................................ 51 2.11.4 Programas de reconhecimento dos funcionários .......................... 53 2.12 MARKETING FARMACÊUTICO.......................................................... 53 2.12.1 Estratégias de marketing para farmácias e drogarias ................... 56 3 AS REDES DE FARMÁCIAS.............................................. 59 3.1 PANVEL .............................................................................................. 59 3.2 MAIS ECONÔMICA............................................................................. 61 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ............................ 63 4.1 PERFIL DA AMOSTRA ....................................................................... 63 4.2 RELACIONAMENTO COM A EMPRESA............................................ 64 4.2.1 Conhece as metas da empresa e da sua loja? ............................... 64 4.2.2 Como considera a comunicação da empresa com os funcionários? ..................................................................................... 64 4.2.3 Conhece seus benefícios na empresa? Há desconto ou pagamento facilitado para os funcionários? .................................. 65 4.3 COMPORTAMENTO DE COMPRA .................................................... 65 4.3.1 Funcionários da Panvel .................................................................... 65 4.3.2 Funcionários da Mais Econômica .................................................... 66 4.4 MERCHANDISING .............................................................................. 67 10 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................ 69 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 73 APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA ..................................................... 76 11 1 INTRODUÇÃO Palavras Chave: Comportamento de compra. Endomarketing. Cliente-funcionário. No cenário atual é grande a competitividade entre as empresas de bens de consumo e prestação de serviços. Em razão disso, é vital para o sucesso dos negócios vigentes que empreendedores, administradores, operadores de marketing e outros colaboradores, envolvidos nos processos das empresas, estejam atentos para a importância dos clientes internos e externos. O comportamento do consumidor tem sido analisado por profissionais de psicologia, analistas de consumo, publicitários e economistas que procuram entender quais fatores atuam sobre o consumidor no momento da compra. De acordo com Engel, Blackwell e Miniard (2000, p. 6) o comportamento do consumidor é definido como sendo “as atividades diretamente envolvidas em obter, consumir e dispor de produtos e serviços, incluindo os processos decisórios que antecedem e sucedem essas ações”. Já Mowen e Minor (2006, p. 3) consideram que é “o estudo das unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na aquisição, no consumo e na disposição de mercadorias, serviços, experiências e idéias”. Para manter bons níveis de competitividade – e eficácia na tomada de decisão muitas empresas passam atualmente por um período de adaptação, procuram alinhar o objetivo dos seus negócios ao perfil do seu público-alvo. Já no ambiente farmacêutico a concorrência está dividida entre as redes de farmácias e farmácias independentes, portanto a diversificação da oferta de serviços passa a ser uma das principais alternativas para movimentar as lojas. Trata-se de um mercado promissor, cada vez mais fragmentado, onde o número de estabelecimentos não pára de crescer, um ambiente onde as empresas do varejo farmacêutico têm adotado estratégias para superar os obstáculos ao seu 12 desenvolvimento. Entre essas iniciativas, destaca-se a diversificação da oferta de serviços, que visam fidelizar os consumidores. Contudo, cabe ressaltar que o profissional do ramo farmacêutico possui características muito específicas, como especificações técnicas dos produtos, identificar as necessidades dos clientes, a oferta dos produtos regulamentada por lei específica, assim como a comunicação das empresas concorrentes, foco dos promotores dos laboratórios de acordo com a rede, entre outros. Além dos elementos citados, pode-se destacar que o atendimento cumpre papel fundamental dentro do negócio farmacêutico, e que ultimamente é o centro de muitos problemas detectados nos pontos-de-venda. Prova disso, são os crescentes investimentos, dos concorrentes desse mercado-alvo, nas áreas da administração de marketing com o intuito de aprofundar os conhecimentos do segmento. Com isso, desenvolve-se o estudo sobre o comportamento do consumidor no processo de aquisição de produtos e serviços, sabendo-se que este conhecimento possibilitará um planejamento de novas formas na oferta de produtos, apontando estratégias de marketing cada vez mais eficazes no atendimento das farmácias para seus clientes. Até o momento, o foco das farmácias está direcionado ao seu público alvo externo, ou seja, seu cliente. No entanto, o seu público interno, ou seja, seus funcionários também são clientes e deve ser analisada a forma de escolha do ponto de venda e o perfil de compra, tendo em vista que a maioria das empresas oferece vantagens aos seus funcionários para a compra de produtos na própria rede, seja em forma de descontos ou pagamento facilitado. 13 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA Atualmente, o setor farmacêutico é um dos mercados que mais sofre mudanças e que apresenta fortes tendências de crescimento. E os funcionários que ficam diariamente dentro da loja atendendo, recebendo informações e sendo um veículo para promover a venda. Será que estes são clientes das farmácias em que trabalham ou buscam os mesmos produtos na concorrência? 1.2 JUSTIFICATIVA O mercado farmacêutico possui um crescimento médio de 13% ao ano, conforme dados da ABRAFARMA - Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias, e estas empresas buscam a cada dia uma diferenciação e a fidelização de seu público alvo. Além de investir em treinamento, qualificação e educação de seus funcionários, as farmácias e os laboratórios farmacêuticos se unem em busca de um mesmo ideal, promover a venda e gerar lucratividade. Como mensurar o envolvimento do funcionário com a empresa e a equipe de trabalho, já que muitas vezes eles possuem cotas individuais e necessitam vender o máximo possível para compor seu salário ao final do mês e em outras redes a cota é única e global a todos os funcionários, ou seja, todos em busca de um mesmo objetivo. Esta pesquisa visa identificar se o funcionário que convive diariamente com diversos produtos, busca constantemente atingir a meta da loja e/ou pessoal, também possui o entendimento que sua própria compra interfere em seus resultados e se existem fatores que interferem em sua escolha. 14 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivo geral Identificar se os funcionários são clientes das farmácias em que trabalham? 1.3.2 Objetivos específicos • Analisar o perfil de compra dos funcionários; • Identificar se os clientes, os propagandistas ou os amigos e familiares interferem em sua decisão de compra; • Verificar qual o seu envolvimento com a empresa em busca de metas corporativas e pessoais ou se está somente interessado em seus benefícios pessoais. 1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA Esta pesquisa se limitou a pesquisar uma pequena parte dos funcionários de duas redes de farmácias de Porto Alegre. 15 1.5 METODOLOGIA DE PESQUISA A presente pesquisa caracteriza-se como sendo um estudo de caso, pesquisa descritiva e qualitativa. Segundo Gil (2007, p.17) “pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas propostos”. Na visão de Yin (2005), o estudo de caso é uma investigação empírica que dentro da vida real, investiga um fenômeno contemporâneo, quando os limites entre a vida real e o fenômeno não estão definidos de uma forma clara. Para Gil (2007), o estudo de caso se caracteriza por ser profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, para obter conhecimento amplo e detalhado. Os resultados são abertos, o que nos sugere hipóteses e não conclusões. Marconi e Lakatos (2007, p.274), “o estudo de caso refere-se ao levantamento com mais profundidade de determinado caso ou grupo humano sob todos os seus aspectos” enquanto que para Samara (2007), as pesquisas descritivas buscam, por meio de entrevistas ou discussões, descrever situações de mercado e relacioná-las, confirmando o que foi proposto na definição do problema de pesquisa e respondendo as indagações feitas. Segundo Malhotra (2005, p.57), “a pesquisa descritiva é um tipo de pesquisa conclusiva que tem como principal objetivo a descrição de algo – normalmente características ou funções de mercado”. Já para o autor na página 113 “a pesquisa qualitativa proporciona melhor visão e compreensão do problema”. A pesquisa qualitativa não é analisada estatisticamente, pois é composta de amostras pequenas e não-representativas de acordo com Malhotra (2005). A pesquisa qualitativa foi aplicada através de entrevista padronizada ou estruturada. O instrumento da coleta qualitativa utilizado foi um roteiro de entrevista (Apêndice A), dividido em duas partes. A primeira parte para determinação o perfil do 16 respondente e a segunda a respeito do conhecimento da empresa em que trabalha, perfil de compra, motivação, fidelização, serviço, satisfação e decisão de compra. Foram entrevistados 10 funcionários das redes Panvel e Mais Econômica no mês de novembro de 2009. Cada rede foi representada por um gerente e 4 balconistas ou vendedores. No momento da pesquisa foi levado em conta o tempo em que trabalhava na rede para haver uma equidade na comparação das redes. 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 MARKETING DE SERVIÇOS O marketing possui diversas definições, uns acreditam que é uma ciência, outros crêem ser arte. No entanto, os serviços estão intimamente ligados às definições do marketing, pois os serviços estão em todos os lugares, seja ao entrar em um estacionamento, freqüentar um restaurante ou comprar uma mercadoria. Antes de se adotar uma única e exclusiva compreensão sobre o marketing é importante verificar como têm evoluído suas definições. Em 1960, a American Marketing Association (AMA) definia marketing como “o desempenho das atividades de negócios que dirigem o fluxo de bens e serviços do produtor ao consumidor ou utilizador”. Em outubro de 2007, a nova definição adotada pela AMA “marketing é a atividade, conjunto de instituições, bem como os processos de criação, comunicação, entrega e troca de ofertas que tenham valor para os consumidores, clientes, parceiros e sociedade em geral” demonstra que deixou de ser uma relação restrita entre cliente-consumidor tornando-se abrangente a todos os envolvidos em uma relação comercial. Para Kotler e Armstrong (2007, p. 4) “marketing é um processo administrativo e social pelo qual indivíduos e organizações obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação e troca de valor com outros”, acrescenta ainda que é “o processo pelo qual as empresas criam valor para os clientes e constroem fortes relacionamentos com eles para capturar seu valor em troca”. Considerando que é a chave para alcançar as metas organizacionais, sendo mais eficiente do que os concorrentes para integrar as atividades de marketing, satisfazendo, assim, as necessidades e desejos dos mercados-alvos. 18 Mowen e Minor (2006, p. 4) consideram que marketing é a “atividade humana direcionada a satisfazer necessidades e vontades por meio de processos de troca humana”. Definem ainda Kotler e Keller (2006, p. 4) que “o marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais”. Complementa ainda, Kotler e Armstrong (2006, p. 3), ao considerar que marketing “é a entrega de satisfação para o cliente em forma de benefício” e que seus dois principais objetivos são “atrair novos clientes, prometendo-lhes valor superior, e manter os clientes atuais, propiciando-lhes satisfação”, acrescenta ainda que “o bom marketing é essencial para o sucesso de toda organização, seja ela grande ou pequena, com ou sem fins lucrativos, nacional ou global”. No entanto, Cobra (2007) define marketing como uma filosofia, uma norma de conduta da empresa. Para o autor: Mais importante que entender a definição de marketing é compreender que deve ser encarado como filosofia, uma norma de conduta para a empresa, em que as necessidades latentes dos consumidores devem definir as características dos produtos ou serviços a serem elaborados e as respectivas quantidades a serem oferecidas”. (COBRA, 2007, p. 20). Diante de tantas definições, podemos concluir que o marketing de serviços está contido no marketing, devido ao fato de que a satisfação de um produto ou serviço está intimamente ligada pela forma de que ele chegará até o cliente, seja por transporte aéreo, embalagem ou contato físico. 2.1.1 A evolução do marketing O conceito de marketing evolui ao longo do tempo, segundo Swift (2001) o marketing precisa ser orientado para o cliente de forma individual ou um-a-um conforme é mostrado na Figura 1: 19 Marketing de Massa Marketing Marketing Dirigido de Cliente Marketing Um a Um Figura 1 – Evolução do marketing segundo suas características e tecnologia empregada Fonte: Adaptada de Swift (2001, p.38). 2.1.1.1 Características dos tipos de marketing As principais características de cada tipo de marketing, de acordo com Peppers e Rogers (1994) são: • Marketing de massa: voltado para participação do mercado, pensava em vendas individuais, com segmentação limitada, com uma cara e grande campanha onde enfoca nas transações e não no relacionamento com cliente. Sua tecnologia é interna com arquivos simples fazendo uso de malas-diretas e contando com apenas alguns pacotes de operações; • Marketing dirigido: Passa a efetuar suas campanhas mais dirigidas segmentando-as e com isso diminuindo o marketing de massa, passando a enfocar nos produtos. O lado tecnológico conta com banco de dados individual aplicado aos projetos com soluções de análise limitada; • Marketing de cliente: nesse momento do marketing o cliente começa a participar do processo, onde ocorre um refinamento continuo do processo de marketing. O enfoque passa a ser no cliente e no evento com múltiplos tratamentos a mais de um cliente segmentado. O fator tecnológico conta com data warehouse que por este momento definimos como um grande banco de dados com muitas informações detalhadas com dados e análise integrados, possuindo condições de conhecer cada cliente e baseado num processo de analise de modelagem e refinamento; 20 • Marketing one-to-one: atualmente o marketing one-to-one ou marketing um-aum segmenta interativamente os clientes com comparação em tempo real, possui TV interativa, páginas Web ativas possibilitando muita integração com o cliente, pois faz relacionamentos individualizados e com poder de fazer previsões sobre os clientes. O aporte tecnológico conta com a integração de data warehouses com múltiplos pontos de contato, podendo ou não ser ativados pela Internet e contando com processo inter-organizacional e gerenciados por interação. Segundo Peppers e Rogers (1994), em o marketing um-a-um, afirma que os clientes são diferentes, e que esta é a principal realidade a ser enfrentada. Após esse entendimento o que se deve saber é o que o cliente precisa, após isso oferecer o produto certo na maneira que o cliente deseja no tempo certo. Segue dizendo que o marketing não acontece por si só, ou seja, é o resultado das ações e iniciativas conscientes das pessoas dentro das organizações. Ensina ainda que o que os consumidores querem é comodidade e isenção de transtornos. 2.2 O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR O comportamento do consumidor tem sido analisado por profissionais de psicologia, analistas de consumo, publicitários e economistas que procuram entender quais fatores atuam sobre o consumidor no momento da compra. De acordo com Engel, Blackwell e Miniard (2000, p. 6), o comportamento do consumidor é definido como sendo “as atividades diretamente envolvidas em obter, consumir e dispor de produtos e serviços, incluindo os processos decisórios que antecedem e sucedem essas ações”. Já Mowen e Minor (2006, p. 3) consideram que é “o estudo das unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na aquisição, no consumo e na disposição de mercadorias, serviços, experiências e idéias”. 21 Para identificar o comportamento de compra do consumidor, é importante analisar as influências que afetam a sua tomada de decisão. Podemos destacar que este conhecimento pode ter um valor pessoal e também pode auxiliar as empresas a compreender melhor os seus consumidores por meio da identificação de fatores que influenciam suas próprias atividades de consumo. 2.2.1 Influências que afetam o comportamento do consumidor As compras do consumidor são extremamente influenciadas pelas características culturais, sociais, pessoais e psicológicas. Na maior parte das vezes, os profissionais de marketing não podem controlar esses fatores, mas devem levar em consideração, como mostra a figura 2: Figura 2 - Fatores que influenciam o comportamento do consumidor Fonte: Adaptada de Kotler e Armstrong (2006, p. 119). 22 Para melhor entendimento das influências comportamentais, vejamos suas principais características. 2.2.1.1 Influência cultural A cultura é um conceito de muita relevância para o entendimento do comportamento do consumidor e pode ser vista como a personalidade de uma sociedade. Inclui tanto idéias abstratas como valores e ética, quanto serviços e objetos materiais, como automóveis, vestuário, comida, arte e esportes, que são produzidos ou valorizados em uma sociedade. É também considerado um fator dos desejos e do comportamento de uma pessoa. O comportamento humano é em grande parte adquirido. Ao crescer em uma sociedade, uma criança adquire valores, percepções, desejos e comportamentos de sua família e de outras instituições importantes. (KOTLER; ARMSTRONG, 2006). De acordo com Solomon (2008) a cultura é a acumulação de significados, rituais, normas e tradições compartilhadas entre os membros de uma sociedade, assim como complementam Engel, Blackwell e Miniard (2000), sendo “um conjunto de valores, idéias, artefatos e outros símbolos significativos que ajudam o indivíduo a se comunicar, a interpretar e a avaliar como membros da sociedade”. Pode-se verificar que a cultura é um dos fatores com grande influência sobre o comportamento do consumidor e é extremamente importante conhecer a cultura onde irá atuar a empresa para que seja aceito os seus produtos por parte de seus consumidores. Não são poucos os casos onde empresas multinacionais ao se instalar em países de hábitos muito distinto do país de origem; por falta de pesquisa e de estudos sobre o local, não são bem aceitos e tem que adequar seus produtos. 23 2.2.1.2 Influência social O ser humano é influenciado também pelos diversos grupos com que convive: como a família, o grupo de pessoas do trabalho, o grupo do futebol, do churrasco e por qualquer grupo que pertença. Esses grupos são chamados de grupos de referência e possuem normas e comportamentos a serem seguidos pelas pessoas que desejam fazer parte dele. Solomon (2008) considera que todos nós pertencemos a grupos, tentamos agradar aos outros e seguimos pistas de como nos comportarmos observando as ações dos outros para evitar que sejamos excluídos. Ao tentar se integrar e fazer parte de um determinado grupo, o indivíduo tenta se adequar e parecer ao máximo com seus integrantes e nesse momento acaba aderindo novas necessidades e desejos de compra. O grupo exerce o chamado poder social sobre seus integrantes. Afirma ainda Solomon (2008), que o poder social refere-se à capacidade de alterar as ações de outros tanto positivamente como negativamente. Os grupos de referência para Kotler e Armstrong (2006, p. 122) “agem como pontos de comparação ou referência diretos (face a face) ou indiretos na formação do comportamento e das atitudes de uma pessoa”. A família, por ser o menor grupo de referência que o indivíduo interage, é também a mais importante influência de compra na sociedade. Kotler e Armstrong (2006, p. 124) complementam dizendo que “a família é a mais importante organização de compra de produto de consumo da sociedade”. Cobra (2007, p. 58) considera que cada membro da família exerce influência na decisão de compra dos demais e descreve “a família recebe influências do grupo de referência, da classe social de que faz parte, de seu estilo de vida, da personalidade e do sexo de cada membro da família, entre outros fatores externos e internos”. 24 2.2.1.3 Influência pessoal Kotler e Armstrong (2006, p. 125) consideram que “as decisões do comprador são influenciadas também por suas características pessoais, como idade e estágio no ciclo de vida, ocupação, situação financeira, estilo de vida, personalidade e autoimagem”. Em cada estágio do ciclo econômico da vida de um consumidor, ele terá um estilo de vida; um hábito de consumo, conforme pode ser observado na figura 3 seguinte: Estágio do Ciclo de Vida Estilo de Vida e hábitos de consumo Estudante Prática de esportes Recém-casado Carro, móveis e roupas Meio de carreira profissional Auge da carreira profissional Aposentado Viagem, roupas, livros, cursos de aperfeiçoamento Roupas, carros luxuosos, casas de praia e campo Eventos culturais e sociais, viagens Figura 3 - Mudança de estilo de vida conforme o ciclo de vida. Fonte: Adaptada de Cobra (2007, p. 63). 25 2.2.1.4 Influência psicológica As escolhas de compra de uma pessoa são bastante influenciadas por quatro importantes fatores psicológicos: motivação, percepção, aprendizagem e crenças e atitudes: • Motivação ou impulso - a motivação inicia com o reconhecimento de uma necessidade e é sentida quando há diferença suficiente entre o estado desejado ou o preferido de ser e o estado real. De acordo com Kotler e Armstrong (2006, p. 129) a “motivação é uma necessidade suficientemente forte para fazer com que a pessoa busque satisfazê-la”; • Percepção é o processo por meio do qual uma pessoa seleciona, organiza e interpreta as informações recebidas para formar uma visão significativa do mundo; • Aprendizagem são mudanças no comportamento de uma pessoa surgidas graças à experiência; • Crenças é um pensamento descritivo que a pessoa tem em relação a alguma coisa; • Atitudes compreendem as avaliações, os sentimentos e as tendências relativamente coerentes de uma pessoa em relação a um objeto ou uma idéia. 2.3 O PROCESSO DE COMPRA O processo de compra tem sido definido como atos individuais que envolvem diretamente a compra e uso de bens e serviços, incluído os processos decisórios que precedem e determinam esses atos. 26 Para Kotler e Armstrong (2006, p. 136) o processo de compra “se inicia com o reconhecimento da necessidade – quando o comprador reconhece um problema ou uma necessidade, percebe uma diferença entre seu estado atual e seu estado desejado”, enquanto que para Ferrel e Hartline (2005, p.113) “o processo de compra começa com o reconhecimento de uma necessidade, depois atravessa os estágios da busca de informações, avaliação das alternativas, decisão de compra e avaliação pós compra”. Observa-se que o segundo autor avalia pós-compra como sendo uma característica do processo de decisão inicial, enquanto o primeiro autor observa apenas a necessidade e o desejo de ter. Diariamente, os consumidores tomam diversas decisões de compra; deve-se pesquisar detalhadamente para saber o que, como, quanto, quando, onde e porque os consumidores compram ou escolhem determinado estabelecimento para adquirir a mesma mercadoria que é encontrada em tantos outros lugares. 2.3.1 Tomada de decisão de compra Engel, Blackwell e Miniard (2000) consideram que “a chave da vantagem competitiva sustentável em longo prazo para varejistas, fornecedores e outros parceiros neste processo é uma estratégia abrangente para o impacto máximo no consumidor. Isto normalmente envolve decisões centrais e definição de uma plataforma de valor, alcançando uma infra-estrutura eficiente e implementando um programa de comunicações de marketing integrado”. Define-se decisão como: escolha de uma opção entre duas ou mais alternativas. Precisa-se de mais de uma alternativa para que se possa fazer a escolha. Ao deparar-se diante da escolha de fazer ou não fazer uma compra, da escolha entre a marca X e a marca Y, ou de passar o tempo fazendo “A” ou “B”, essa pessoa está em posição de tomar uma decisão. Nem todas as decisões de compra exigem grande esforço, pois o processo de tomada de decisão do consumidor seria um 27 processo exaustivo, que deixaria pouco tempo para qualquer outra coisa, conforme Schiffman e Kanuk (2000). Os pesquisadores do consumidor abordam a tomada de decisão a partir de uma perspectiva racional. De acordo com Solomon (2008), as pessoas calmas e cuidadosamente integram o máximo possível de informações e tem conhecimento sobre o produto, pensa-se nos prós e nos contras de cada alternativa e chegam a uma decisão satisfatória. Complementa ainda que os gerentes de marketing devem estudar com atenção os passos da tomada de decisão para compreender como os consumidores obtêm informações, como formam crenças e quais critérios usados para escolher um produto. Solomon (2008) afirma ainda que o momento de compra ocorre quando impulsos iniciais aumentam verdadeiramente a possibilidade de comprarmos muito mais (ao invés de comprarmos menos, à medida que nossas necessidades são satisfeitas), quase como se ficássemos “acelerados” e nos precipitássemos em uma avalanche de gastos (todo mundo já passou por isso). 2.3.1.1 As necessidades do consumidor Os clientes compram produtos para satisfazer necessidades que são identificadas por Maslow apud (Cobra, 2007) como sendo cinco necessidades básicas comuns a todas as pessoas, conforme segue: • Necessidades Fisiológicas: fome, sede, sexo, alimentos, roupas e segurança, segurança no setor de abrigo; • Necessidades de Segurança: proteção pela rotina; • Necessidades de amor e afeição: afeição distinta das necessidades biológicas como sede, sexo, frio, fome, etc; 28 • Necessidades de estima e ego: auto-respeito, prestígio, sucesso e reconhecimento; • Necessidades de auto-realização: busca de realização. Cobra (2007, p. 40), salienta que quando as necessidades básicas começam a ser satisfeitas passa a existir uma necessidade de segurança em que o indivíduo busca um segundo nível de realização na escala hierárquica de Maslow. As necessidades sociais representam um desejo para o indivíduo tornar-se aceito dentro do grupo social do qual faz parte, e os fatores como amar e ser socialmente aceito passam a ser importante. De acordo com Maslow apud Kotler e Armstrong (2006, p. 130), “as necessidades humanas são dispostas em uma hierarquia, da mais urgente a menos urgente”, complementa ainda que “primeiramente, as pessoas tentam satisfazer as necessidades mais importantes. Quando uma necessidade importante é satisfeita, ela deixa de ser um elemento motivador e a pessoa tenta então satisfazer a próxima necessidade mais importante”. A hierarquia das necessidades de Maslow é mostrada na figura 4: Figura 4 - Hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: http://www.portaldaadministracao.org/wp-content/uploads/2007/08/piramide.gif 29 Para Kotler (1998, p. 27), “as necessidades e os desejos das pessoas de hoje estão confusos”, enquanto que para Cobra (2007, p. 37), “as necessidades são muitas vezes percebidas ou não pelas pessoas”. Ao compreender como se forma e como atua a personalidade do ser humano, podese compreender como as coisas afetam as pessoas e como elas reagem a essas coisas, conforme destacam os autores: Em estudos de consumidores, a personalidade é definida como respostas consistentes a estímulos ambientais. A personalidade de um indivíduo proporciona experiências e comportamentos relacionados ordenada e coerentemente. Personalidade é o padrão particular de organização que torna um indivíduo único e diferente de todos os outros. (ENGEL, BLACKWELL E MINIARD, 2000, p. 283). Após analisar as necessidades que influenciam o consumidor é importante que também seja identificado quais são os estímulos relevantes na decisão de compra. 2.3.1.2 O envolvimento do consumidor O comportamento de compra difere muito de produto para produto e é classificada com base em seu grau de envolvimento e no nível de diferença entre as marcas que podem ser classificados em quatro tipos, conforme Kotler e Armstrong (2006): • Complexo: quando o consumidor está altamente envolvido em uma compra e percebem diferenças significativas entre as marcas; • Dissonância Cognitiva: quando os consumidores estão altamente envolvidos em uma compra cara, incomum e que envolvem risco, mas vêem poucas diferenças entre as marcas; • Compra habitual: envolve baixo envolvimento do consumidor e poucas diferenças significativas entre as marcas. Podem até escolher sempre a mesma marca, mas isso acontece mais por hábito do que por fidelidade. Os 30 consumidores parecem se envolver pouco com produtos de baixo custo comprados com freqüência; • Busca de variedade: há baixo envolvimento e significativas diferenças entre as marcas. Geralmente o consumidor troca muito de marca devido à variedade do que à insatisfação. Além do grau de envolvimento do consumidor, é importante observar que o consumidor sofre estímulos no momento da decisão de compra. Estes estímulos de marketing consistem dos 4Ps: produtos, praça, preço e promoção e de outros que são as principais forças e acontecimentos nos ambientes econômico, tecnológico, político e cultural do comprado, conforme Kotler e Armstrong (2006). O modelo de estímulo e resposta do comportamento do consumidor apresentado na figura 5 mostra que as ações de marketing e outros estímulos penetram na “caixapreta” do consumidor e produzem determinadas respostas. (KOTLER; ARMSTRONG, 2006, p. 119). Marketing e Outros Estímulos Marketing Outros Produto Preço Praça Promoção Econômico Tecnológico Político Cultural “Caixa-preta” comprador ► Características do comprador do Processo decisão compra comprador de de do Respostas comprador ► do Escolha do produto Escolha da marca Escolha do revendedor Freqüência de compra Volume de compra Figura 5 - Modelo de estímulo e resposta do comportamento do comprador Fonte: Adaptado de Kotler e Armstrong (2006, p. 119). Quando os clientes se motivam a comprar um serviço para atender uma necessidade insatisfeita, normalmente passam por um processo de compra mais complexo do que se decidissem comprar um produto. Lovelock e Wright (2007). Já Cobra (2007) salienta que na maioria das vezes, quanto mais informação os consumidores recebem acerca das características de um produto, menos o preço é usado como um indicador de qualidade. 31 2.4 A PERCEPÇÃO DE VALOR A percepção de valor dos consumidores é modificada no decorrer do tempo e inúmeros fatores contribuíram para que houvesse comparações, tais como o aumento das exigências e a busca mais detalhada de informações sobre o que lhes atende da melhor forma possível. Kotler (1998, p. 51) afirma que o consumidor deve ter a percepção do valor do que está adquirindo. Já Lovelock e Wright (2007) consideram que valor é o mérito de uma determinada ação ou objeto em relação às necessidades de um indivíduo em um dado momento. As mudanças na relação entre o consumidor e os produtos adquiridos têm ganhado mais ênfase a cada dia. De acordo com Cobra (2007, p. 205), “o consumidor compra não o que o serviço ou produto é, mas a satisfação da necessidade que o produto ou serviço pode produzir”. O mercado disponibiliza, atualmente, uma vasta quantidade de produtos e serviços e o consumidor normalmente opta por aquela que melhor lhe ofertar a relação benefício/custo, ou seja, a oferta que agregar maior valor, conforme define Kotler: VALOR ENTREGUE AO CONSUMIDOR é a diferença entre o valor total esperado e o custo total do consumidor. VALOR TOTAL PARA O CONSUMIDOR é o conjunto de benefícios esperados por determinado produto ou serviço. CUSTO TOTAL DO CONSUMIDOR é o conjunto de custos esperados na avaliação, obtenção e uso do produto ou serviço. (KOTLER 1998, p. 51). Kotler e Armstrong (2006, p. 63) salientam que “valor para o cliente é a diferença entre o que ele ganha adquirindo e utilizando um produto e o que gasta para fazer a aquisição” e para ser bem-sucedida, a empresa deve oferecer mais valor e satisfação para os clientes do que seus concorrentes. Conclui ainda, que “devem ganhar vantagem estratégica posicionando agressivamente suas ofertas em relação às de seus concorrentes na mente dos consumidores”. 32 2.5 SATISFAÇÃO DO CLIENTE O comportamento de compra de um consumidor é influenciado principalmente por características culturais, sociais, pessoais e psicológicas. Embora tais características não possam ser controladas, podem ser levadas em consideração pelos profissionais de marketing, no relacionamento entre a organização e o público consumidor. Muito se fala de mudanças, modernidade, dificuldade para adaptação ao mercado, margens apertadas, entre outras variáveis aparentemente difíceis de controlar. Porém, a chave para abrir a porta do sucesso da atividade varejista, neste início de século, está na criatividade do empresário em entender o comportamento do consumidor e gerar ações na forma de produtos, serviços e preços justos para atraílo, encantá-lo e torná-lo fiel ao ponto de venda, conforme Sampaio (2002). De acordo com Hoffmann e Bateson (2006), satisfação ou insatisfação do cliente é uma comparação das expectativas do cliente com suas percepções a respeito do encontro de serviços real. A qualidade do serviço oferecido pode ser classificada de duas maneiras: o serviço previsto e o serviço desejado. O serviço previsto é uma expectativa de probabilidade. Reflete o nível de serviço que os clientes acreditam ser provável ocorrer e o serviço desejado é uma expectativa ideal. Reflete o que os clientes realmente querem comprar com o serviço previsto, que é o que provavelmente ocorrerá. Portanto, na maioria dos casos, o serviço desejado reflete uma expectativa mais alta do que o serviço previsto. A satisfação do cliente depende da sua percepção sobre o desempenho do produto em relação às suas expectativas, complementa ainda que para produzir valor e satisfação superiores para os clientes, as empresas precisam de informações de quase todos os níveis, destacam Kotler e Armstrong (2006). 33 Para Lovelock e Wright (2007), a satisfação do cliente fornece muitos benefícios para uma empresa e níveis mais altos de satisfação do cliente resultam em maior fidelidade. No longo prazo, é mais lucrativo manter bons clientes do que constantemente atrair e desenvolver novos clientes para substituir os que saem. De acordo com as definições apresentadas, podemos definir que a satisfação é uma relação entre o desempenho e as expectativas percebidas. Se o desempenho não alcançar as expectativas, o cliente ficará insatisfeito. Se o desempenho alcançar as expectativas, o cliente ficará satisfeito. E se o desempenho for além das expectativas, o cliente ficará altamente satisfeito ou encantado. Segundo os autores, clientes altamente satisfeitos disseminam informações positivas e, na verdade, tornam-se um anúncio ambulante e falante para uma empresa, o que reduz o custo para atrair novos clientes. 2.5.1 Relacionamento Segundo Poser (2005), relacionamento é a forma com que as empresas devem manter e lucrar com seus clientes. A autora afirma que o relacionamento com o cliente é uma estratégia que conduz fortemente para a meta de fidelizar e reter clientes, mas não só fidelizar os melhores clientes oferecendo-lhes o que eles querem da empresa. Fortalecendo constantemente o canal de fidelização, e aumentando o valor e a freqüência de consumo deste cliente fiel aos produtos e serviços da empresa. Continua dizendo que precisamos premiar nossos clientes, por preferirem a nossa marca e a nossa empresa, mas que devemos lhes dar a atenção que eles querem receber e não a que achamos que devemos dar. Somente desta forma, podemos manter e fidelizar clientes, que o trabalho da empresa em implantar um software de gestão de relacionamento mesmo que possa parecer exagero a principio, pois normalmente as empresas acham que conhecem seus clientes o suficiente para não precisarem de programas de relacionamento informatizados, e 34 finaliza afirmando que não podemos deixar de dar atenção especial a quem nos traz lucro. 2.6 ENDOMARKETING Bekin (2006) cita que até alguns anos, o planejamento estratégico girava em torno de três elementos centrais: produto, marketing e gestão. Essa doutrina gerava uma crença estranha: a de que as pessoas não existiam. O autor menciona ainda, que alguns autores aceitam uma definição genérica para endomarketing. Para eles, “endomarketing é um esforço planejado usando uma abordagem mercadológica para superar a resistência organizacional a mudanças e obter alinhamentos, motivar e coordenar interfuncionalidades, integrando funcionários para uma implantação eficaz de estratégias corporativas e funcionais, a fim de atingir a satisfação do cliente por meio de um processo de criação de funcionários motivados e orientados para o cliente”. Para Bekin (2006), o endomarketing consiste em ações de marketing dirigidas para o público interno da empresa ou organização. Sua finalidade é promover entre os funcionários e os departamentos os valores destinados a servir o cliente ou, dependendo do caso, o consumidor. Essa noção de cliente, por sua vez, transferese para o tratamento dado aos funcionários comprometidos de modo integral com os objetivos da empresa. O comprometimento implica a adesão aos valores e objetivos da empresa por meio do endomarketing e pressupõe o trabalho em equipe, em um contexto marcado pela cooperação e pela integração dos vários setores da organização. “O objetivo do endomarketing é tornar transparentes ao funcionário os objetivos da organização, de forma a harmonizar o objetivo do funcionário com o objetivo global da empresa”. Considera ainda, que “a função do endomarketing é deixar claro que nos processos internos da organização também existe uma figura chamada cliente” (BEKIN, 2006, p.49). 35 O autor (2006) relata que quando o funcionário não cumpre seu papel a contento, toda a cadeia é comprometida. Se não tenho recursos, se não disponho de meios de produção utilizados corretamente, atinjo “algum resultado”, mas não o “melhor resultado”. Este será atingido quando eu tiver a pessoa responsável por aquela determinada etapa do processo produzindo de acordo com objetivos claros, estabelecidos de maneira compreensível para ela. Conforme Levitt apud Bekin (2006, p.5), “se a empresa espera atingir objetivos lá fora, precisa se certificar de que todos nela estão comprometidos com esse objetivo”. 2.7 COMUNICAÇÃO INTERNA Segundo Brum (2005), a comunicação interna existe em qualquer tipo de empresa e pode ser encontrada, muitas vezes, naquela velha circular que não circulou, cujo assunto ninguém ficou sabendo e que, após não ter mais validade, foi parar no mural ao lado da informação do produto que alguém pretende vender. Algumas empresas são mestras na arte de se comunicar com o público interno. Outras convivem com uma extrema dificuldade nesse aspecto, mas nem por isso deixam de repassar a “informação”, mesmo que de forma inadequada. O que a maioria das empresas necessita é estabelecer canais que combatem a famosa “rádio corredor” ou “rádio peão”. Já foi cientificamente constatado que, à medida que o processo de endomarketing se desenvolve, os boatos tendem a cair. (BRUM, 2005, p. 51). De acordo com Brum (2005), existem duas estratégicas básicas relacionadas com a comunicação interna. A primeira focaliza a empresa, a visão da direção, os propósitos e os objetivos gerais da organização. Os programas voltados para a mudança de uma determinada 36 cultura, que comunicam uma nova visão da empresa, enquadram-se nesta categoria que visa modificar as atitudes dos funcionários, promovendo o compromisso e a lealdade para com a organização. A segunda estratégia focaliza a tarefa, pois diz respeito à comunicação de questões específicas relacionadas ao trabalho. Isso inclui não apenas a comunicação sobre a tarefa, como também a coleta das opiniões dos funcionários sobre formas de melhorar o desempenho e a adoção de novos métodos de trabalho. Neste caso, os objetivos da administração estão muito mais relacionados à melhoria da eficiência dos serviços ou dos processos de produção. Essa classificação concentrada na administração ou nas tarefas, no entanto, pode mascarar problemas mais sérios com os quais as empresas se defrontam no seu dia-a-dia. 2.7.1 Instrumentos de comunicação interna Quanto a seus instrumentos - Bekin (2006) - deve-se usar a comunicação pessoal e a impressa, por meios de boletins, house organs, circulares, quadros de aviso. Deve-se utilizar também a comunicação telefônica, pelo telemarketing interno, mobilizando áreas, departamentos e pessoas para a troca de informações e esclarecimentos, e óbvio, a comunicação eletrônica. Esse conjunto visa ao eficaz gerenciamento do relacionamento com os funcionários por meio do ERM - Employee Relationship Management (gestão do relacionamento com funcionários). Para atingir as metas citadas anteriormente ao endomarketing possui alguns instrumentos tradicionalmente utilizados pelo marketing que são folders, material promocional, pesquisa de satisfação, painéis, comerciais, jornal, atividades festivas com clientes, entre outros. (BEKIN, 2006, p.9). 37 Brum (1998), relaciona os instrumentos operacionais que podem ser utilizados: • Confecção de vídeos que podem ser institucionais, de apresentação dos produtos (tem como objetivo colocar em contato direto a equipe interna com a realidade em que o seu produto é utilizado); • Manuais técnicos e educativos os quais apresentam os produtos, os serviços os lançamentos, as tendências (em relação à tecnologia e à moda); • Revista com história em quadrinhos; • Jornal interno com a utilização de vários encartes, como, por exemplo, área de recursos humanos, projetos, produção e associação de funcionários. Pode ser utilizada, também, a versão do jornal de parede; • Cartazes motivacionais, informativos em forma de quebra-cabeça, sempre com o objetivo de passar novas informações para equipe interna; • Canais diretos (reunião com o diretor, presidência ou ouvidor interno); • Palestras internas, programas para apresentar as novidades da empresa, as tendências e a evolução que a mesma teve; • Grife interna que pode ser utilizados em roupas, bonés e acessórios; • Memória, ou seja, o resgate da história da empresa, com objetivo de passar a evolução da mesma, às pessoas que a desconhecem; • Radio interno para a divulgação de notícias; • Vídeo jornal para a divulgação de lançamentos, pronunciamentos de diretores e gerentes; • Intranet; • Convenções internas: uso da equipe interna para divulgação de atividades; • Manuais de integração: muito utilizados para divulgação de alguns aspectos da cultura organizacional. Da mesma forma Brum (2005), cita que existem empresas que possuem os mais variados instrumentos de comunicação interna, sem que eles sejam sistemáticos ou estejam integrados. 38 Fazer endomarketing não significa elaborar uma frase que determine a missão da empresa, colocá-la num quadro e pendurá-lo na parede para que seja visto pelos funcionários. Endomarketing é um conjunto de ações e instrumentos que, sistemáticos e integrados, vendem uma mesma idéia ou um mesmo conceito ao público interno (BRUM, 2005, p. 51). Bekin (2006), cita que a sistematização deve se dar levando em consideração o elemento surpresa, ou seja, todo o mês e, se possível, toda a semana, deve haver novidades. A integração, por sua vez, acontece a partir de uma mesma programação visual, fazendo com que o funcionário identifique os diversos instrumentos como parte de uma mesma campanha. Por desconhecerem essas regras, ainda existem muitas empresas comunicando-se de forma desencontrada, com grandes espaços de tempo entre uma ação e outra e por intermédio de instrumentos completamente diferentes entre si, incapazes de implementar e solidificar um mesmo conceito. Este é outro motivo pelo qual as empresas procuram desenvolver esforços de endomarketing: transformar tudo aquilo que já fazem em nível de comunicação interna num programa único e eficaz. 2.8 IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO Bekin (2006) “muito do trabalho inicial com o endomarketing tinha o foco na motivação dos funcionários e sua satisfação”. Acreditava-se que uma empresa deve possuir funcionários satisfeitos a fim de ter consumidores satisfeitos. O autor cita que a motivação é fundamental para qualquer coisa que se faça na vida. Sobretudo para aquelas coisas que exigem um esforço maior, como é o caso do trabalho. Ela está ligada à sobrevivência de quem trabalha, no sentido em que afeta a qualidade de vida, a interação com o mundo, e a sanidade. 39 A motivação inspira e mobiliza a pessoa para seguir em determinada direção. É uma iniciativa própria. O funcionário motivado se compromete com o trabalho. Trabalhar motivado é importante para a empresa e fundamental para o empregado. É importante para o administrador entender e compreender as razões determinantes do comportamento do indivíduo e dar a ele as informações necessárias para um bom trabalho. O uso de reforços positivos, como o reconhecimento por um serviço bem feito, melhora a auto-estima dos empregados. Existem várias técnicas para fazer com que os empregados se sintam motivados, como criar canais de comunicação fáceis de usar, promover reuniões destinadas a comemorar o sucesso do grupo, reconhecer publicamente um trabalho bem feito e aprender com os próprios empregados sobre aquilo que os motiva e quais atividades eles desenvolvem em tempo livre. Ainda podem ser utilizadas outras maneiras de manter os empregados motivados reconhecendo suas necessidades pessoais, como recompensar financeiramente, de forma competitiva, pois passa a ser mais difícil manter as pessoas estimuladas a fazer um bom trabalho e aprimorar seus conhecimentos a longo prazo sem um retorno financeiro bem definido, tanto em termos atuais como no médio e longo prazo. Mas, é bom ficar claro que só recompensar financeiramente não é suficiente, é preciso ficar atento a outros fatores que se relacionam com o empregado, a empresa, e o mais importante o ambiente onde ele trabalha. Com um funcionário motivado a empresa vai melhorar seu desempenho em termos de qualidade, produtividade e satisfação dos clientes, visto que contêm mais elementos que permitem aumentar e sustentar essa motivação e o comprometimento dos empregados, funcionários ou colaboradores para melhoria dos resultados. 40 2.8.1 Conceitos comportamentais da motivação De acordo com Chiavenato (2004, p.171) “motivação pode ser conceituada como o esforço e a tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcançar algo”. O autor considera que a motivação funciona como um dinamizador, um impulsionador do comportamento humano. Salienta ainda, que o conhecimento do mecanismo de ação das necessidades humanas é fundamental para a condução das pessoas e equipes de trabalho, no sentido de evitar frustrações e de encaminhar soluções positivas para o alcance dos objetivos individuais. “Na realidade, a motivação está contida dentro das próprias pessoas e pode ser amplamente influenciada por fontes externas ao indivíduo ou pelo próprio trabalho na empresa”. (CHIAVENATO, 2004, p.183). Descrita por Schermerhorn (2003) a motivação se refere às forças dentro de uma pessoa responsáveis pelo nível, direção e persistência do esforço despendido no trabalho. O nível é a quantidade de esforço que a pessoa emprega, isto é, quão duro trabalha (pouco ou muito); direção é o que a pessoa opta por fazer quando está face a um grande número de alternativas possíveis (se vai empregar o esforço visando a qualidade ou a quantidade do produto); persistência se refere a quanto tempo a pessoa continua numa determinada ação (desiste, se está difícil, ou continua tentando). Foi constatada por Schermerhorn (2003) que satisfação no trabalho é apenas uma dentre as atitudes importantes que influenciam o comportamento humano no local de trabalho. Está fortemente relacionada, por exemplo, com o comprometimento organizacional - a medida pela qual uma pessoa se identifica fortemente com a organização e se sente parte dela. “aspectos comuns da satisfação no trabalho relacionam-se com pagamento, condições de trabalho, qualidade da supervisão, colegas e o trabalho em si”. (SCHERMERHORN, 2003, p.97). As organizações precisam se assegurar de que estão fornecendo os recursos, o treinamento e o feed back apropriados para que o esforço feito pelo funcionário seja 41 traduzido em bom desempenho no trabalho. “Se houver compatibilidade entre as recompensas que as pessoas recebem com seu trabalho e as recompensas que elas esperam receber, elas ficarão satisfeitas com seu trabalho”. (GUERRIER, 2003, p. 148). Kotler e Armstrong (2006) citam que a gerência pode elevar o moral e o desempenho das forças de vendas por meio do clima organizacional é uma expressão que descreve o que os vendedores acham das oportunidades e do valor que têm dentro da empresa e das recompensas por bom desempenho oferecidas por ela. Algumas empresas tratam os vendedores como se eles não fossem importantes, ao passo que outras os tratam como seus principais motores do sucesso e lhes dão oportunidades de renda e promoção praticamente ilimitadas. Não é nenhuma surpresa que as empresas que têm pouca consideração por seus vendedores enfrentem alta rotatividade e baixo desempenho. Onde há alto apreço pelos vendedores, há menor rotatividade e melhor desempenho. Muitas empresas motivam seus vendedores estabelecendo cotas de vendaspadrões que determinam quanto os vendedores devem vender e como as vendas deverão ser repartidas entre os produtos da empresa. A remuneração geralmente é relacionada com o grau de cumprimento dessas cotas. As empresas também utilizam vários incentivos positivos para aumentar o empenho das forças de vendas. Reuniões de vendas proporcionam oportunidades de convívio social, quebra da rotina, chances de conversar com os maiorais da empresa e oportunidades para expor sentimentos e se identificar com um grupo mais amplo. As empresas também patrocinam concursos de vendas para incentivar a força de vendas a fazer um esforço maior do que seria normalmente esperado. Outros incentivos incluem homenagens, prêmios em produtos e em dinheiro, viagens e planos de participação nos lucros. 42 2.9 VENDAS 2.9.1 A atividade de vendas Teixeira et. al. (2007) citam que a atividade de vendas tem como foco efetivar/estimular um consumo cuja propensão foi planejada e ferramentalizada por marketing. A área de vendas vai influenciar diretamente os resultados de marketing, pois tem conhecimento do mercado comprador, da concorrência e está mais próxima das oportunidades surgidas no mercado. Ressalta-se que, apesar da importância da atividade de vendas, muitos profissionais ainda não perceberam que, ao investir nela, também estão investindo na longevidade da empresa e contribuindo para o tripé de sustentação empresarial: caixa, lucro e perpetuação. 2.9.2 A evolução da venda Bekin (2006) relata que em um passado de demanda maior que oferta, período de alta inflação e poucos competidores, a função de vendas não considerava as necessidades do cliente e o ritmo de saída dos produtos. Comercialmente, passou a desenvolver vários mecanismos para otimizar a venda orientada muito mais para as compras. Houve concentração do volume de negócios, melhoramento da administração das empresas de distribuição, informatização do planejamento e controle dos resultados e ascensão do nível cultural dos distribuidores. A partir dessas mudanças no cenário competitivo, o poder de barganha começou a ser executado pelos intermediários. O gerenciamento mais atento do ponto-de-venda ressaltou a rentabilidade gerada pela administração, reduzindo a importância dos volumes negociados. Essas ocorrências no mercado obrigaram as empresas a repensar a função de vendas e a remanejar o sistema de distribuição e a forma de olhar os canais de vendas. Foram as primeiras idéias de plano de marketing. Era 43 uma proposta de elaboração de planos específicos para atender a tais clientes, com satisfação garantida. Hoje, a função de vendas oferece à distribuição um nível de serviço que otimiza os custos logísticos (entregas programadas, periodicidade das visitas de acordo com o estoque), abordagem de venda orientada para exigências específicas e relação voltada para o lucro, com planos de venda adequados a cada cliente. Aí, sim, finalmente, a função de vendas integrase ao marketing para satisfazer as exigências do cliente final (BEKIN, 2006, p. 27). 2.9.3 Venda de serviços Segundo Kotler e Armstrong (2006) um produto é qualquer coisa que possa ser oferecida a um mercado para satisfazer uma necessidade ou um desejo. O conceito de produto não se limita a objetos físicos. Além dos bens tangíveis, podemos considerar como produto os serviços-atividades ou benefícios oferecidos para venda, os quais são essencialmente intangíveis e não resultam na posse de nada. 2.9.3.1 Características dos serviços Las Casas (2004) cita que as principais características dos serviços são: intangibilidade, heterogeneidade, perecibilidade, demanda flutuante e inseparabilidade. Há características dos serviços que não podem ser tocadas, sentidas, cheiradas. O intangível traduz-se mais em atos, ações, desempenhos. Intangibilidade consiste nas atividades dos vendedores diante de seus consumidores. Nesse momento, a prestação de serviços e o consumo ocorrem ao mesmo tempo. Na comercialização de serviços, devido ao aspecto de intangibilidade, a reputação da empresa e sua imagem no mercado são aspectos relevantes. A imagem da 44 empresa é o resultado de uma série de detalhes que variam desde a apresentação e aparência do vendedor até o layout e a organização do escritório. Uma relação de clientes bem atendidos e satisfeitos ajuda a transmitir credibilidade maior, principalmente se a empresa não for conhecida no mercado. As vendas poderão ser feitas de forma indireta, pelo apoio de agência de propaganda, imprensa especializada e professores. O profissional responsável pela empresa poderá participar de congressos, dar palestras, escrever artigos e monografias, para criar uma imagem de credibilidade em seu campo de atuação (LAS CASAS, 2004, p.188). Las Casas (2004) relata que a inseparabilidade refere-se à simultaneidade de produção e consumo. Na maioria dos setores, o consumo de serviços depende do vendedor, isto é, da venda direta. Essa característica faz com que as empresas atentem para o fato de que o desentendimento com um funcionário da organização poderá prejudicar o relacionamento com o cliente. A ênfase, portanto, concentra-se no desenvolvimento da orientação profissional para dar uma imagem de competência, honestidade e sinceridade. Evidentemente, os serviços não podem ser produzidos em massa, nem estocados como um produto tangível. O fato de a prestação de serviços estar intimamente ligada aos funcionários da empresa exige uma capacidade antecipada, com mais contratações e treinamento, diante da previsão de maior demanda, mesmo que não ocorra. A perecibilidade refere-se às instalações não utilizadas. No momento em que uma companhia aérea prestadora de serviços voar com assentos vazios, o produto estará sendo perdido, pois a empresa deixará de prestar um serviço naquele exato instante. Segundo Las Casas (2004) as características do serviço são determinantes na comercialização desse setor. Como se trata de produtos intangíveis, alguns aspectos tornam-se mais relevantes e, entre eles, a imagem e o nível de conhecimento do vendedor. Ora, se o comprador de serviço compra atos, ações e desempenhos, o consumo ocorre quando vendedor e comprador estão em interação em seus contatos pessoais. 45 Esse é um aspecto importante, pois quanto mais treinamento o vendedor de serviços procurar e melhor desempenhar seu nível de atendimento, melhor será a imagem que projetará e melhor o serviço que o consumidor receberá. A satisfação do consumidor depende, pois do nível de conhecimentos e da capacidade do vendedor. Este, no entanto, deve considerar a companhia para quem trabalha. Como o marketing é um esforço integrado, a venda pessoal deve estar em perfeita sintonia e harmonia com os demais instrumentos mercadológicos; daí decorre que o profissional de vendas deve agir conforme as instruções que recebe de alta administração. Caso contrário estará criando dificuldades para a empresa alcançar seus objetivos. A imagem do vendedor reflete não somente seu nível de conhecimento, mas também sua aparência, seus comportamentos, sua forma de agir etc. Decorrente dessa contratação, a venda de serviços pode ser feita de duas formas básicas: com uma abordagem centralizada no desempenho da empresa, ou centralizada no problema do cliente. Na abordagem com enfoque no desempenho da empresa, o vendedor menciona ao seu cliente em potencial todos os méritos passados obtidos, como clientes atendidos e satisfeitos recursos humanos e instalações. Um consultor de empresas, ao vender seus serviços com essa abordagem, irá incluir em sua apresentação resultados obtidos, estrutura de sua organização, capacidade de colegas profissionais e instalações. O enfoque no desempenho valoriza aspectos externos e méritos obtidos na profissão. Assim, se ganha confiança do cliente pela comparação e pelo testemunho de outros. O enfoque no problema do cliente orienta-se por outro tipo de consideração. Em vez de estar principalmente preocupado em mostrar ao cliente que a empresa é capacitada, o vendedor procura demonstrar que conhece o assunto e dirige toda a sua apresentação enfocando o problema do cliente. No exemplo do consultor de empresas mencionado anteriormente, ele faria sua apresentação procurando resolver o problema apresentado, propondo soluções alternativas e fazendo recomendações. 46 Enquanto muitos vendedores procuram enfatizar um ou outro tipo em suas vendas de serviços, o ideal e o mais indicado é que os dois enfoques sejam utilizados. Enquanto o primeiro ajuda a sedimentar a confiança do consumidor, o segundo auxilia o indivíduo a constatar que o profissional realmente conhece o assunto. O ideal é que o vendedor de serviços tenha sempre à mão papel e lápis, ou algo concreto para que seja usado em suas apresentações. O esforço em materializar o intangível da forma mais tangível possível deve ser a preocupação constante nas vendas. (LAS CASAS, 2004). 2.10 O PERFIL DO VENDEDOR O perfil do novo profissional de vendas inclui a comercialização de produtos acompanhada do fornecimento de um serviço. Para tanto, o vendedor deve vender: • A si mesmo, como interlocutor profissional; • A empresa para a qual trabalha; • O produto; • As suas atividades de suporte para garantir o melhor negócio e o serviço mais adequado ás exigências do cliente. Esse novo papel é determinado pelas novas perspectivas comerciais, que avaliam as exigências do consumidor e estudam as necessidades da distribuição. Segundo Kotler (2006) selecionar vendedores não seria problema se a empresa soubesse por quais características procurar. Se soubesse que os bons vendedores são extrovertidos, agressivos e cheios de energia, poderia simplesmente verificar se os candidatos têm essas características. Mas muitos vendedores de sucesso são tímidos, reservados e de fala mansa. Mesmo assim, continua a busca da lista 47 mágica de características que significam sucesso certo nas vendas. Um levantamento sugere que bons vendedores são os que têm alta dose de entusiasmo, persistência, iniciativa, autoconfiança e dedicação ao trabalho. Eles consideram as vendas um meio de vida e são fortemente orientados ao cliente. Outro estudo sugere que os bons vendedores são independentes, automotivados e excelentes ouvintes. E ainda, outro estudo recomenda que vendedores devem ser amigos dos clientes, bem como persistentes, entusiasmados, aplicados e, acima de tudo, honestos. Devem ter motivação interna, ser disciplinados, bons trabalhadores e capazes de desenvolver fortes relacionamentos com os clientes. Por fim, estudos mostram que os vendedores são aqueles que gostam de trabalhar em equipe, e não os lobos solitários (KOTLER; ARMSTRONG, 2006, p.421). 2.10.1 Prospecção O sucesso no ambiente competitivo da atualidade significa que uma empresa deve estar sempre procurando novos clientes. A estratégia básica de um vendedor deve ser gastar o maior tempo possível com bons clientes “potenciais-pessoas” que reconhecem suas necessidades e estão prontas para comprar. A prospecção é o método ou sistema pelo qual o vendedor aprende os nomes das pessoas que precisam do produto e dispõem de recursos para comprá-lo. Há duas etapas para uma boa prospecção. A primeira delas é gerar informações e identificar possíveis compradores. A segunda etapa é qualificar os possíveis clientes de acordo com os que têm maior probabilidade de comprar. Segundo Kotler (2006) a primeira etapa do processo de venda é a prospecção identificação de clientes potenciais qualificados. Abordar os clientes potenciais certos é crucial para o sucesso da venda. Como diz um especialista. “Se a força de vendas começar a correr atrás de qualquer ser que respire e que aparentemente tenha um orçamento, a empresa se arrisca a acumular em sua carteira uma porção 48 de clientes cujo atendimento é dispendioso, que são difíceis de agradar e que nunca concordam com nenhuma de suas proposições de valor”. E continua: “a solução para isso não é nenhuma ciência espacial. Os vendedores devem ser treinados para explorar ativamente o território à procura dos clientes potenciais certos”. Muitas vezes o vendedor precisa abordar muitos clientes potenciais para conseguir apenas umas poucas vendas. Embora a empresa forneça algumas indicações, os vendedores precisam ter habilidades para descobrir seus próprios clientes. Podem pedir indicações aos clientes existentes. Podem pesquisar nomes em jornais e em listas telefônicas. Os vendedores também precisam saber como qualificar as indicações, isto é, como identificar e separar as boas das ruins. Os clientes potenciais podem ser classificados segundo a capacidade financeira, o volume de negócios, as necessidades especiais, a localização e a possibilidade de crescimento (KOTLER; ARMSTRONG, 2006, p.429). 2.11 LIDERANÇA Stanton e Spiro (2000) relatam que liderança é o processo pelo qual uma pessoa influencia o comportamento de outras pessoas visando ao cumprimento de metas específicas. Líderes competentes podem motivar pessoas a realizar mais do que elas conseguiriam por si mesmas. A liderança é essencial para que um gerente de vendas seja eficaz? Pensamos que sim. Alguém precisa cuidar de cada unidade organizacional e proporcionar a liderança necessária para alcançar as metas da organização. A liderança é o ingrediente gerencial que torna as organizações mais eficazes. Líder é o individuo que chefia, comanda e orienta, em qualquer tipo de ação, empresa ou linhas de idéias. A liderança é a função do líder. Essa é uma forma de dominação baseada no prestígio pessoal e aceita pelos dirigidos. A liderança deve 49 ser entendida como tal a partir do momento em que o grupo age voluntariamente no apoio e pratica as orientações provenientes do líder, conforme Las Casas (2006). O gerente de vendas exigente, controlador, interessado no volume de vendas está desaparecendo. Atualmente, os gerentes de vendas de sucesso são vistos como líderes de equipes, e não como chefes. Eles ainda dirigem e orientam pessoas, mas fazem isso por meio da colaboração e do enpowerment (delegação de poderes ou de autoridades) em lugar do controle e do comando. (STANTON e SPIRO, 2000). Para ter sucesso no século 21, os gerentes de vendas, precisarão adaptar suas estratégias, seus estilos e atitudes. Algumas das principais mudanças são. • Tratar os vendedores como companheiros e trabalhar em parceria com eles para obter lucratividade e satisfação do cliente; • Aplicar ferramentas motivacionais flexíveis a uma força de vendas híbrida composta de televendedores, profissionais diretos de marketing; • Manter-se atualizado com as últimas tecnologias que incidem sobre o relacionamento comprador-vendedor; • Trabalhar em estreita colaboração com outros departamentos internos, como membro da equipe corporativa em busca da satisfação do cliente; • Procurar sempre maneiras de exceder as expectativas do cliente e proporcionar valor agregado ao relacionamento comprador-vendedor; • Criar um ambiente flexível de aprendizado e de adaptação. Em termos de capacitação, “habilidades com pessoas” é mais importante do que as habilidades de análise e avaliação. A capacidade de desenvolver técnicas de relacionamento orientadas para a equipe é especialmente importante. Os gerentes de vendas modernos devem ser sensíveis às necessidades e capacidades individuais, preocupando-se mais com a comunicação e com a orientação do que com o monitoramento e controle (STANTON; SPIRO, 2000, p.13). 50 2.11.1 Características e habilidades da liderança Stanton e Spiro (2000) relatam que a identificação de possíveis líderes não é fácil. As qualidades de liderança de um indivíduo não podem ser julgadas sempre pelo desempenho da unidade administrativa dessa pessoa. A eficácia da liderança está baseada na combinação das características pessoais, habilidades e comportamentos gerenciais e a situação. Características Pessoais: • Autoconfiança: os líderes devem acreditar em si mesmos. Para transmitir confiança aos outros, eles devem dar o exemplo. Devem ter confiança na sua capacidade e em suas opiniões para enfrentar os desafios e problemas inerentes ao cargo de gerente de vendas; • Iniciativa: os líderes são pessoas independentes que tomam iniciativas. Eles assumem responsabilidades. Os líderes recebem bem as modificações e criam as mudanças. Eles querem e anseiam pelos riscos associados às mudanças; • Energia: os líderes normalmente têm altos níveis de energia. Eles são trabalhadores, seguindo em frente quando alguma coisa precisa ser feita. Os líderes devem gerenciar uma ampla variedade de atividades e relacionamentos entre pessoas. Isso consome muita energia. Além disso, uma pessoa muito enérgica é vista pelas outras como motivada e entusiasmada. Esse comportamento é contagioso e se dissemina por aqueles que estão ao redor do líder; • Criatividade: os líderes necessitam de criatividade e imaginação. A organização procura por seus líderes para encontrar soluções de problemas, um desafio que muitas vezes engloba criatividade e novas abordagens; • Maturidade: os líderes eficazes devem estar mais interessados no bem-estar de suas organizações e no desenvolvimento das pessoas do que na sua própria importância ou ascendências sobre outros. 51 2.11.2 Supervisão de vendedores Kotler e Armstrong (2006) citam que vendedores novos precisam bem mais do que território, remuneração e treinamento necessitam de supervisão. Por meio da supervisão, a empresa orienta e motiva a força de vendas para que realize um trabalho melhor. Até que ponto os gerentes de vendas devem se envolver com a tarefa de auxiliar os vendedores a administrar seus territórios de atuação? Muitas empresas auxiliam seus vendedores a identificar os clientes-alvo e a estabelecer as normas de visitas. Além disso, elas podem determinar quanto tempo sua força de vendas deve gastar na procura de clientes potenciais. (KOTLER; ARMSTRONG, 2006, p.424). Muitas empresas têm adotado sistemas de automação da força de vendasoperações de força de vendas computadorizadas. A automação não apenas reduz os custos da força de vendas e amplia a produtividade, como melhora também a qualidade de decisões de gerenciamento. 2.11.3 Força de vendas Segundo Kotler e Armstrong (2006) a força de vendas é o elo crítico entre a empresa e seus clientes. Em muitos casos, os vendedores servem a dois senhores: a empresa vendedora e comprador. Primeiramente, representam a empresa junto aos clientes. Descobrem e desenvolvem novos clientes e passam informações sobre os produtos e serviços da empresa. Vendem aproximando-se dos clientes, apresentando seus produtos, discutindo objeções, negociando preços e condições e fechando vendas. Além disso, os vendedores prestam serviços aos clientes, realizam pesquisas e trabalhos de inteligência de mercado e fazem relatórios de vendas. 52 Ao mesmo tempo, os vendedores representam os clientes junto à empresa, agindo como defensores de seus interesses. Eles retransmitem as preocupações dos clientes com os produtos e as ações da empresa àqueles que podem estudá-las e resolvê-las. Informam-se sobre as necessidades dos clientes e trabalham com outras pessoas da empresa para desenvolver mais valor para o cliente. O vendedor freqüentemente age como um “gerente de contas” administrando o relacionamento entre a empresa vendedora e o comprador e, portanto, deve trabalhar em conjunto com os outros profissionais da empresa, sejam eles da área de marketing ou de outros setores. À medida que as empresas adotam uma abordagem mais forte de orientação ao mercado, suas forças de vendas tornam-se cada vez mais focadas no mercado e mais orientadas ao cliente. Segundo a antiga visão, os vendedores deveriam se preocupar com as vendas, e a empresa, com os lucros. Já a visão corrente sustenta que eles não devem se limitar apenas a produzir vendas, devem também saber como produzir satisfação para o ciente e lucro para a empresa. Além de ganhar novos clientes e fazer vendas, devem estar habilitados a auxiliar a empresa a criar relacionamentos duradouros e lucrativos com os clientes. No processo de gerenciamento é preciso primeiro decidir aonde se deseja ir e depois imaginar como chegar lá. Em termos mais formais, a gerência deve primeiro estabelecer seus objetivos e depois planejar as suas estratégias e táticas apropriadas para alcançá-los. Para implantar esse planejamento, as atividades e as pessoas devem ser enquadradas adequadamente e coordenadas com eficácia (STANTON; SPIRO, 2000, p. 66). 2.11.4 Programas de reconhecimento dos funcionários Os programas de reconhecimento podem apresentar diferentes formatos. Os melhores fazem uso de múltiplas fontes e reconhecem as realizações tanto dos indivíduos como dos grupos. 53 Podem ser exemplificados pelo cumprimento pessoal do chefe ao trabalho pelo bom trabalho efetuado, pelo envio de um bilhete ou de uma mensagem por correio eletrônico felicitando-o por algo positivo, por uma notícia no jornal da empresa ou por cerimônias de premiações nas quais troféus e placas são oferecidos aos indivíduos e às equipes. De acordo com a teoria do reforço, recompensar um comportamento com o reconhecimento imediato equivale a encorajar a sua repetição. (ROBBINS, 2008). 2.12 MARKETING FARMACÊUTICO Uma das principais tarefas do marketing é servir às reais necessidades dos clientes, sendo que seu verdadeiro objetivo é ganhar o mercado e não apenas vender os produtos. Segundo Bose (2001), um marketing astuto pretende descobrir que mercado é o seu. A farmácia é um elo importante no esquema de comercialização e consumo de remédios. O marketing farmacêutico tem, portanto, a tarefa de alcançar o consumidor final, ou seja, o paciente normalmente através de um intermediário médico, ou diretamente ligado a ele. (BOSE, 2001). Ainda segundo Bose (2001), o mercado farmacêutico pode estar dividido nos seguintes aspectos: • Mercado Consumidor, que consiste em indivíduos que procuram um médico para o tratamento de suas doenças; • Mercado Institucional que abrange os hospitais privados ou públicos e o próprio governo; • Mercado Industrial, constituído pelas drogas a granel usadas na fabricação de distintas formulações. 54 Desta forma, é necessário atingir, através do marketing, todos os setores para obter o almejado êxito. A idéia de que o Marketing é “capaz de tudo a qualquer preço” no mercado farmacêutico vai desaparecer se surgirem atuações éticas e criativas. Todos os envolvidos no processo de decisão sobre o uso de medicamentos têm obtido muito mais informações e a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tem assumido efetivamente seu papel de entidade reguladora. O direcionamento do Marketing Farmacêutico para informação cada vez mais científica é uma realidade para a qual talvez não exista retrocesso. (ITALIANI, 2006, p. IX). Segundo Italiani (2006), o mercado farmacêutico representa um dos mercados de maior importância dentro do cenário nacional tanto pelo volume vendido como pela importância à saúde da população em geral. Dados da ANVISA relatados pelo Conselho Nacional da Saúde apontam que: • As dez maiores produtoras de medicamentos no Brasil (entre 628 empresas) respondem por 44% do faturamento total do setor e os 40 maiores produtores por 86%; • A produção farmacêutica no Brasil é fundamentalmente de transformação de princípios ativos em formas farmacêuticas acabadas, sendo a dependência de importações de princípios ativos de 80%; • A rentabilidade média dos 15 maiores laboratórios farmacêuticos foi de 15%, sendo que cinco deles obtiveram lucros de até 37,3%, bem maior do que as médias observadas em outros setores industriais. Desta forma, considera-se que este cenário implica alto volume de faturamento o que, conseqüentemente, influencia no marketing deste setor. 55 No mercado brasileiro, segundo dados da ABIFARMA, 51% dos mais pobres, que ganham até quatro salários mínimos por mês, consomem apenas 16% do total de produtos farmacêuticos, enquanto os mais ricos, 15% da população que possui renda média a mais de dez salários mínimos, consomem 48% do total de medicamentos. Para aumentar este potencial no mercado brasileiro precisa-se adotar não somente políticas de preços mais acessíveis, mas principalmente, estratégias que possibilitem uma diferenciação em longo prazo de empresas e produtos. (ITALIANI, 2006). Conforme Italiani (2006), atualmente, as empresas não trabalham mais em mercados onde havia poucos concorrentes, com condutas quase sempre previsíveis. Hoje, os concorrentes estão focados tanto na penetração como na expansão de mercados. É preciso que o relacionamento com os clientes se torne cada vez mais próximo, no qual ouvir é o verbo mais utilizado pelas empresas de sucesso. O conceito de clientes que inclui a classe médica e os consumidores finais do produto expande-se, principalmente, aos funcionários das empresas. (ITALIANI, 2006). Neste cenário, nos termos de Italiani (2006) o comprometimento de todos dentro de uma instituição é o ponto-chave na implementação das estratégias de uma companhia, pois através dela surgem novas idéias, novos mecanismos de feedback e melhores qualidade e quantidade nos serviços prestados. É por este motivo que as farmácias vêm adotando diferentes táticas a fim de fidelizar seus clientes. Muitas delas têm como objetivo tornar este espaço o mais lucrativo possível, como será explanado em seguida. 56 2.12.1 Estratégias de marketing para farmácias e drogarias O setor de varejo, onde se encontram as farmácias e drogarias, representa um importante segmento para atuação do profissional de marketing, existem vários fatores que trazem à tona a necessidade de um foco ainda maior nas estratégias de Marketing, já que investimentos no passado têm dado lugar à otimização de custos. (ITALIANI, 2006). Deste modo, na visão do autor, com a melhora da situação econômica do país, o setor de varejo vem percebendo que é muito difícil conquistar a exclusividade de compra de um cliente, principalmente daquele que possui acesso ilimitado a informação, mas que é altamente viável aumentar o tempo de fidelidade deste cliente através de novos produtos e serviços. Para o setor farmacêutico três aspectos são fundamentais para manter e aumentar os clientes, os quais são: • Atendimento: que deve estar presente em todos os funcionários da farmácia, pois o atendimento é a entrega com excelência de produtos e serviços para o cliente, de forma que lhe satisfaça plenamente seus desejos e/ou necessidades. (ITALIANI, 2006); • Confiabilidade: que significa confiança, fidelidade. Partindo desta premissa, o autor destaca que o treinamento de profissionais é fundamental em relação à confiabilidade. (ITALIANI, 2006); o Quando percebemos que os profissionais que nos atendem possuem conhecimento, postura e atualização, sentimos nossas necessidades ‘protegidas’ e, consequentemente, não vemos a necessidade de procurarmos outra empresa. Pelo menos a cada três meses deve ser realizado algum curso ou reunião de atualização com o seu pessoal para orientação e ajustes finos do perfil dos concorrentes, dos clientes e da empresa e as estratégias para o próximo período. (ITALIANI, 2006 p.175). • Indicação pelos pacientes: significa diferenciação emocional. 57 Segundo Italiani (2006), quando pacientes, principalmente os idosos, têm boa resposta a determinado medicamento, geralmente acabam indicando o mesmo para pessoas próximas. Evidentemente que o médico sempre vai ser o componente mais importante no processo de uso de um produto, mas ele acaba sofrendo influências quando um paciente a sua frente lhe diz: “Meu (amigo, vizinho, parente) utilizou este medicamento para a mesma doença e está muito bem. O senhor pode receitar “x” para mim? Para produtos MPIs (Medicamentos Isentos de Prescrição), o chamado “boca-aboca” tem um peso enorme na escolha de um medicamento. Não podemos deixar de citar a maior influência que o farmacêutico está exercendo no balcão da farmácia ao orientar os pacientes em como utilizar adequadamente um medicamento. Como todo ser humano, este profissional também sofre influência das informações que circulam no mercado. (ITALIANI, 2006, p.126). Em contrapartida, Soares (1989) afirma que: A informação a qual temos realmente acesso é à propaganda de medicamentos de venda livre, veiculada pelos meios de comunicação de massa, e às propagandas dos produtos 'éticos' (de venda sob prescrição médica), divulgados principalmente através de propagandistas e anúncios em revistas científicas; essas propagandas são orientadas para estimular as vendas dos produtos e, portanto, praticamente não trazem informações sobre contra-indicações, reações adversas, efeitos colaterais, entre outras. Como apontam várias pesquisas, os propagandistas são uns dos principais responsáveis pela 'educação continuada' dos médicos, no Brasil e em outros países. (SOARES, 1989, p.14) Já segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as propagandas de medicamentos devem ser fidedignas, exatas, verdadeiras, informativas, equilibradas, atualizadas e passíveis de comprovação; os textos e ilustrações devem ser compatíveis com os dados científicos. Em artigo publicado no site www.guiadafarmacia.com.br, Bardelli (2009), esclarece que: 58 O marketing experimental é um conceito que surgiu na década de 90 e desde lá vem sendo aplicado no canal farma para completar os serviços farmacêuticos e, conseqüentemente, aumentar o tíquete médio da loja. [...] permitir o uso antes da compra, maneira de tornar real o que uma marca prega. (BARDELLI, 2009) Assim, a comunicação visual é usada a fim de ampliar e promover maiores facilidades para os consumidores, incluindo variada sinalização dos universos com cores distintas, imagens e frases conceituais e também dicas de saúde, beleza e bem-estar. Para tal, uma das principais propostas segundo o artigo de Bardelli (2009) é o “agrupamento de todas as categorias de produtos em quatro grandes universos: Saúde, Sua Beleza, Cuidados Diários e Coisas de Criança”. 59 3 AS REDES DE FARMÁCIAS 3.1 PANVEL As informações a seguir foram obtidas através da intranet, recurso usado somente para comunicação interna entre os funcionários da empresa. A história do grupo Panvel começou no ano de 1870, quando veio da região de Maróstica, norte da Itália, perto de Veneza, mais uma leva de imigrantes para a américa, com destino ao Rio Grande do Sul. Entre os imigrantes, encontra-se Giacomo Pizzato, casado com Maria. A família cresce e dedica-se à atividade rural, mas o filho, José Pizzato recebe instrução escolar e volta à casa paterna decidido a se mudar para Porto Alegre onde cria a empresa Comercial Pizzato, Secos e Molhados. No ano de 1898, nasceu a empresa Vasco Alves Azambuja e Cia., dedicada ao comércio de produtos químicos, medicamentos e perfumarias. No inicio do século XIX, no ano de 1920, começa a sociedade José Pizzato com seu primo, Júlio Mottim, também neto de imigrantes. A sociedade entre os primos serve para direcionar, cada vez mais, o negócio para o ramo de drogaria e produtos químicos, afastando a empresa do comércio de secos e molhados. Nesta época, José Pizzato representava o Laboratório Andrômaco, portanto circulava com desenvoltura no meio farmacêutico. Em 1935, o farmacêutico alemão Otto H. Weber, sem herdeiros, convida o sobrinho Wolfgang Otto Weber para trabalhar no ramo de medicamentos. É ele quem sucede o tio na condução dos negócios, a partir dos anos 50. Em 1959, é formada a empresa Pizzato, Panitz Ltda., com a participação das famílias Pizzato e Mottim. 60 Wolfgang Weber propõe a fusão das farmácias Vasco e Azambuja e a Drogaria Ellwanger, que dá origem a Drogaria Velgos no ano de 1951. Participaram também dessa associação as Empresas D. C. Lino (proprietário da Drogaria Ervedosa), Drogaria Gavioli e Muller Streb. Das seis farmácias iniciais em 1951, o Grupo chegou a ter 24 lojas em 1973, quando se une com a Panitz para formar a rede PanVel. Logo, a marca Panvel vem da junção de parte do nome Panitz com parte do nome Velgos. A empresa atua no atacado e no varejo, sendo que no varejo é a maior rede de farmácias do Sul e a quarta maior rede do país, atualmente com 262 lojas, possuindo no total 3.600 colaboradores com faturamento de R$ 1.200 bilhão, com expectativa de crescimento de 15% ao ano. De acordo com a pesquisa realizada pela Revista Amanhã, a PanVel possui uma boa imagem junto ao consumidor final e uma marca forte. O que tornar líder em lembrança de marca, Top of Mind, por 17 anos consecutivos. A forma de atuação é marcada pela estratégia focada em serviços e atendimento diferenciado. Enquanto a concorrência procura adotar políticas agressivas de desconto, a estratégia de diferenciação através de serviços e qualidade aproxima muito a rede Panvel dos consumidores das classes A e B, público junto ao qual a empresa possui larga vantagem de market share. A Panvel vem conquistando o público de classe C, com crescimento de 10%, o que pode ser justificado pela entrada dos medicamentos genéricos, que aumentou o acesso destas pessoas a medicamento. Para os diretores do grupo, acima de tudo, estas ações sinalizam uma cultura administrativa de modernizar equipamentos e estar sintonizado com as mais avançadas técnicas de gerenciamento. Eles destacam que todos os investimentos, ao longo da história da organização foram realizados com recursos próprios. Em 2009, o Grupo Panvel passou pela segunda vez por uma revisão da sua missão e valores da organização, bem como a definição da visão da empresa este 61 acontecimento é de grande importância, pois atualmente a empresa possui uma missão que só serve para o grupo Panvel. • Missão O grupo Panvel tem como missão: “Proporcionar saúde e bem estar às pessoas”. • Visão A visão da empresa é: “Ser a melhor provedora de produtos e serviços de saúde e bem estar nos mercados em que atuarmos”. • Valores Os valores da empresa orientam os colaboradores para que a missão da empresa seja verdadeira, bem como para que possa atingir o que almeja. Os valores do grupo Panvel são os seguintes: Trabalho em equipe; excelência no atendimento; ética; inovação; agilidade; orientação para o resultado. Quanto aos colaboradores definidos pela Panvel, estes estão fortemente presentes no dia-a-dia da organização e podem ser facilmente percebidos por todos os colaboradores, fornecedores e clientes. 3.2 MAIS ECONÔMICA As informações a seguir foram obtidas através do site www.maisconomica.com.br. A rede de farmácias Mais Econômica foi inaugurada no ano de 1986, pelo Sr. Wilson Lopes, na Av. Rio Grande do Sul, 268, Canoas RS. Com visão empreendedora, associou-se formando a Rede Econômica no inicio de 1992, esta sociedade durou 10 anos, período em que se constituíram 16 lojas. 62 Sempre com olhar no futuro e com sua visão empreendedora, o fundador percebeu que somente poderia crescer se rompesse a sociedade. Então, a partir 2002, propôs a separação da sociedade, negociação que durou 4 anos e se concretizou em 2006. Pensando no futuro, em julho de 2005 o Sr Wilson Lopes, juntamente com sua fiel equipe, contando com a parceria de seus fornecedores e já visando a expansão do mercado, com suas duas lojas iniciou a abertura de novas filiais e, após um ano de expansão, em setembro de 2006, ocorreu a tão esperada separação. Agregaram-se assim oito filiais da antiga rede para a Mais Econômica. Hoje, a rede Mais Econômica possui em média 3.000 funcionários distribuídos no centro administrativo, logístico e em 130 filiais localizadas em diversas cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Como prova do crescimento, foi concluída as instalações da nova sede, uma área de 20.000m², sendo 6.000m² de área construída para o centro de distribuição, administração e refeitório, além de uma grande área de lazer. Em outubro de 2009 foi adquirida todas as lojas da farmácia do Sesi-RS, arrematadas por R$ 5,85 milhões. • Missão o Proporcionar um ótimo atendimento a cada um dos nossos milhares de clientes que visitam uma de nossas lojas; o Proporcionar uma boa compra, com clareza, carinho, respeito, amor e acima de tudo profissionalismo, assim oferecendo produtos de alta qualidade; o Buscar junto aos nossos fornecedores: indústria farmacêutica e parceiros, o melhor para assim oferecê-lo aos nossos clientes, com isto reduzindo o preço e deixando-o mais acessível. Buscar sempre as novidades do mercado, inovando e sempre esclarecendo todas as dúvidas de nossos queridos clientes. 63 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 4.1 PERFIL DA AMOSTRA De acordo com os respondentes, o perfil da amostra da rede Panvel ficou entre 26 e 34 anos, enquanto na Mais Econômica é de 24 a 39 anos. A renda média dos funcionários da Panvel ficou em até R$ 1.000,00 para quem tem menos de um ano de empresa e mais de R$ 1.000,00 após este período. Constatouse que há um plano de carreira claro e definido na empresa. Existe uma meta coletiva da loja, todos buscam o mesmo objetivo e a premiação é igual para todos. Na Rede Mais Econômica, em geral os atendentes, independente do tempo de serviço recebem, em média R$ 1.000,00, e o gerente acima deste valor. A forma de remuneração é variável, cada colaborador possui uma meta pessoal e deve atingi-la para buscar o acréscimo em seu salário. Quando os colaboradores eram questionados sobre o tempo que trabalhavam na empresa, os funcionários da Panvel referenciavam “eu estou só há 2 anos”, enquanto os da Mais Econômica “eu já estou há 1 ano”. Observa-se que há uma dissonância de comportamento. A pesquisadora compreende que enquanto um respondente deseja permanecer na equipe e participar do plano de carreira da empresa, o outro pensa que já está com sua missão cumprida na empresa. 64 4.2 RELACIONAMENTO COM A EMPRESA 4.2.1 Conhece as metas da empresa e da sua loja? Em geral, os respondentes de ambas as redes conhecem as metas da empresa e de sua loja. Normalmente o gerente da loja informa a equipe sobre os objetivos a serem alcançados. 4.2.2 Como considera a comunicação da empresa com os funcionários? De acordo com os funcionários da Panvel, a comunicação é muito boa. Há diversos meios: intranet, extranet, telefone, superiores, e-mail, etc. Segue algumas respostas dos entrevistados: • - Boa, sempre que ligo me informam rapidamente, • - Ótima. Existe intranet, fone e fácil acesso. Parece uma empresa familiar. Para a rede Mais Econômica, a comunicação é boa, mas já foi melhor, foi passada a idéia de que alguns perderam o livre acesso das informações que tinham com a rede. O diretor não é mais tão presente como antigamente. De acordo com os entrevistados: • - Já foi melhor. Hoje tá mais complicado. A empresa ta se fechando. • - Tenho que perguntar sempre. 65 4.2.3 Conhece seus benefícios na empresa? Há desconto ou pagamento facilitado para os funcionários? Para a rede Panvel 100% dos respondentes consideram saber claramente seus benefícios dentro da empresa. Todos relataram seguramente sobre o desconto de 15% na compra de produtos sobre o valor de venda e o pagamento facilitado no contra-cheque. Na rede Mais Econômica, os funcionários também sabem os benefícios, mas nem tudo ficou claro desde o momento em que foram contratados. Normalmente questionam seus colegas e seus superiores. Com relação aos benefícios de compra, 80% consideram ser igual ao tratamento oferecido aos clientes e somente 20% soube indicar que havia o cartão Goodcard e promoções internas de produtos com vencimento próximo e com baixo giro. 4.3 COMPORTAMENTO DE COMPRA 4.3.1 Funcionários da Panvel Os respondentes informaram que todos compram produtos de higiene pessoal e medicamentos na própria farmácia, e principalmente na loja em que trabalham. Só compram produtos de outro local se a loja não vender, como vendas por catálogos: Avon e Natura, ou se precisarem com urgência, então solicitam telentrega no próprio bairro, próximo às suas residências. Consideram que o desconto que recebem de 15% é vantajoso e não convém comprar na concorrência. Conforme os entrevistados: 66 • - Aqui mesmo. Antes no supermercado, agora aproveito e levo daqui mesmo. • - Na Panvel. Espero chegar as ofertas ou compro produtos de catálogos Avon e Natura. • - Só quando estou em casa e preciso de algo com urgência. • - Depois que entrei aqui, não comprei mais nada em outras farmácias. • - Não, jamais me verá na concorrência. • - Não, só se a Panvel não trabalhar. • - Não, para que se aqui é melhor. Possuem o entendimento que no momento da compra, suas necessidades são satisfeitas em um primeiro momento, após é entendido como benefício para a loja e a equipe. • - Em mim, mas sei que vou ajudar a loja também. • - Em mim, e não compro em outra da rede. É importante ressaltar que a equipe da Panvel possui um sentimento de traição, caso compre em outras lojas. A maioria dos funcionários gostam e admiram os produtos marca própria e são clientes da loja. 4.3.2 Funcionários da Mais Econômica Na Mais Econômica, os respondentes são clientes de suas lojas, desde que seja mais barato que na concorrência. Alguns não gostam que seus colegas saibam o que estão comprando devido à competitividade interna de vendas. Na maioria das vezes, procuram comprar para auxiliar seu desempenho pessoal de vendas no final do mês. Já chegaram a comprar produtos vencidos para que não houvesse devolução para o depósito. 67 • - Onde for mais barato. • - Às vezes na farmácia, se está mais barato. • - Compro toda hora. Se for mais barato sim. Possuem o entendimento que no momento da compra pessoal, estão ajudando a alcançar a meta pessoal e suas necessidades são satisfeitas em um segundo momento. Conforme as respostas abaixo. • - Os dois, primeiro penso na loja. • - Ajudo os funcionários a alcançar a meta. • - Penso na meta da loja, e aproveito para levar para casa. • - As duas coisas, preciso e me ajuda a ganhar a meta. • - Penso na minha meta, já levei produto vencido. Em geral, não compram em outras lojas concorrentes, tentam ser o mais fiel possível a loja, mas se necessário for, ou se o preço for mais conveniente, não hesitarão em comprar na concorrência, conforme as respostas abaixo: • - Sim. Só em último caso. • - Muito difícil, compro nas outras da rede, mas não na concorrência. • - Não, acabo pegando aqui mesmo. • - Sim, se for mais barato. 4.4 MERCHANDISING Ao serem questionados a respeito da influência que os promotores de merchandising de laboratórios farmacêuticos têm sobre a decisão de compra dos 68 funcionários, foi constatado que em ambas as redes a demonstração e as informações levadas por este profissional pode fazer com que sua decisão de compra seja modificada. Alguns consideram que a experimentação é fundamental e se for oferecido algum brinde facilita ainda mais, conforme relatam: • - Podem interferir. • - Me desperta curiosidade. • - Não sou influenciável, mas se eu experimentar, talvez eu compre. • - Sim, muitas vezes. • - Às vezes, depende do carisma de cada um. • - Sim, mas eles falam mais com a gerente. Referente a confiança do produto, foi questionado se os funcionários indicam os produtos que usam para os seus clientes, e, praticamente 100% consideram muito importante a opinião do atendente de farmácia no momento da compra, sua experiência anterior e de outros clientes. • - Sim, claro. • - Sim, mas só os que já experimentei. • - Claro, com certeza. • - Claro e posso falar melhor ainda. • - Sim, passo mais confiança. • - Interfere, todos somos influenciáveis. 69 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Das inúmeras necessidades dos consumidores e das diversas alternativas de produção das empresas, busca-se oferecer variados tipos de bens tangíveis e intangíveis, no caso bens e serviços. A intangibilidade é a forma percebida do serviço oferecido como qualidade, rapidez, conveniência, custo-benefício e satisfação. No entanto, as necessidades e as percepções mudam de acordo com cada grupo de pessoas ou até mesmo a cada pessoa, podendo ser trabalhado serviços iguais para grupos distintos ou definir novos produtos e serviços para grupos específicos. À medida que as necessidades vão sendo satisfeitas, outras necessidades vão aparecendo. Desta forma, é preciso identificar o perfil do profissional que faz parte da equipe de trabalho para melhor compreender a filosofia da empresa e o contexto a que a mesma busca se inserir e competir. De acordo com a pesquisa proposta foram atendidos plenamente os objetivos específicos. Ficou identificado que o perfil de compra dos funcionários é similar, em geral compram nas lojas em que trabalham ou nas lojas da própria rede, mas os funcionários da Mais Econômica são mais sensíveis aos preços e também existe uma competição acirrada em relação às metas pessoais, chegam até a comprar produtos vencidos para que a loja não tenha prejuízo. A grande maioria dos entrevistados consideraram que sua decisão de compra é influenciada pelos promotores de merchandising, familiares, amigos e até mesmo clientes. A cada nova experiência conseguem indicar e oferecer com melhor propriedade o produto aos seus clientes. 70 Ficou claramente evidenciado que os funcionários da Panvel são mais unidos e buscam atingir as metas da empresa em conjunto, independente de vantagem pessoal, pois sabem que o resultado será compartilhado com todos. Em contra partida, os funcionários da Mais Econômica pensam primeiro em sua meta pessoal, caso a loja não atinja a meta coletiva, o seu está garantido e, se não for o gerente a contribuir ou ajudar com a cota do vendedor, outro vendedor não o ajudará. É uma equipe focada em venda e individualizada. Finalmente o objetivo geral foi atendido que era identificar se os funcionários são clientes das farmácias em que trabalham. Sim, todos são clientes das farmácias em que trabalham, mas vale ressaltar que cada pessoa possui um agente motivador para decisão de compra. Seja o preço do produto, a crença e a confiança na empresa ou a busca de metas pessoais. Segue quadro das entrevistas realizadas divididos por cada rede de farmácia pesquisada. 71 Pergunta \ Respondente Idade A 29 B 29 C 36 Salário Até R$ 1.000,00 Até R$ 1.000,00 De 2.000,00 a 3.000,00 Tempo 2 anos 16 anos Conhece metas da empresa e da loja? Sim 2 meses Sim, a gerente informa Como considera a comunicação com os funcionários? Boa, sempre que ligo me informam rapidamente Conhece os benefícios da empresa? Há descontos ou pgto facilitado para os funcionários? D 26 De R$ 1.000,00 a R$ 2.000,00 3 anos E 34 Até R$ 1.000,00 4 meses Com certeza. Sim, sei a cada mês. Boa, a gerente é bem clara. Ótima. Existe intranet, fone e fácil acesso. Parece uma empresa familiar. Muito boa, clara e objetiva. Boa, sempre consigo resolver minha dúvida com rapidez Sim Sim Sim. Sim. Sim. Sim, desconto de 15% e pgto em folha Sim, desconto no cartão Panvel e pgto em folha Sim, desconto e facilidade de pagamento. Sim, tem 15% desconto no cartão Sim, cartão e folha. Onde costuma comprar produtos higiene pessoal Aqui mesmo. Antes no supermercad o, agora aproveito e levo daqui mesmo Na Panvel. Espero chegar as ofertas ou compro produtos de catálogos Avon e Natura. Na minha loja. Aqui mesmo, ainda mais que temos meta este mês. Os promotores de laboratório interferem em sua escolha? Podem interferir. Me desperta curiosidade. Não sou influenciável, mas se eu experimentar , talvez eu compre. Sim, muitas vezes. Às vezes, depende do carisma de cada um, Sim, mas eles falam mais com a gerente. Você indica aos clientes os produtos que utiliza. Sim, claro. Sim, mas só os que já experimentei. Claro, com certeza. Claro e posso falar melhor ainda. Sim, passo mais confiança. Você faz compras pessoais em sua loja? Sim Sim Sim. Sim. Sim. Quando compra em sua loja pensa primeiro em você ou no que está contribuindo? Em mim, mas sei que vou ajudar a loja também. Em mim Em mim, mas sei que vou ajudar a loja também. Em mim, e não compro em outra da rede. Em mim, inclusive já comprei produtos que bonificavam. Costumo comprar na concorrência. Sim. Só quando Depois que estou em entrei aqui, Não, só se Não, jamais casa e não comprei a Panvel me verá na preciso de mais nada em não concorrência. algo com outras trabalhar. urgência. farmácias. Quadro 1 - Respondentes da Rede Panvel Fonte: da Autora Não, para que se aqui é melhor. 72 Pergunta \ Respondente Idade A 25 Salário Até R$ 1.000,00 Tempo 1 ano 6 meses Conhece metas da empresa e da loja? B 39 De R$ 1.000,00 a R$ 2.000,00 C 24 D 24 E 25 Até R$ 1.000,00 Até R$ 1.000,00 Até R$ 1.000,00 3 anos 1 ano 3 anos 6 meses Sim Sim Sim. Sim. Mais ou menos. Como considera a comunicação com os funcionários? Boa, já foi melhor. Facilmente, livre acesso aos donos e aos funcionários. Muito boa, geralmente peço para Gerente. Conhece os benefícios da empresa? Sim. Sim. Sim. Há descontos ou pgto facilitado para os funcionários? Sim. Igual aos clientes, apenas o desconto. Onde costuma comprar produtos higiene pessoal Onde for mais barato. Farmácia mesmo. Os promotores de laboratório interferem em sua escolha? Um pouco. Com certeza. Você indica aos clientes os produtos que utiliza. Sim, se gosto porque não.. Você faz compras pessoais em sua loja? Quando compra em sua loja pensa primeiro em você ou no que está contribuindo? Desconto e promoção interna de produtos vencidos e com baixo giro. Goodcard. Às vezes na farmácia, se está mais barato. Já foi melhor. Hoje tá mais complicado. A empresa ta se fechando. Sim. Temos que ir atrás, a empresa não fala claramente. Tenho que perguntar sempre. Sim, principalmente da loja. Igual aos clientes. Mesmo percentual. Não, igual ao clientes. Compro toda hora. Se for mais barato sim. sim. Interfere, todos somos influenciáveis. Sim. Indico, claro. Indico. Indico. Claro. Não. Sim. Sim. Sim. Sim. Compro onde cabe no meu bolso. Os dois, primeiro penso na loja. Ajudo os funcionários a alcançar a meta. Prod. Vencidos. Penso na meta da loja, e aproveito para levar para casa. As duas coisas, preciso e me ajuda a ganhar a meta. Penso na minha meta, já levei produto vencido. Muito difícil, compro nas Não, acabo Costumo comprar na Só em outras da Sim. pegando aqui concorrência. último caso. rede, mas mesmo. não na concorrência. Quadro 2 - Respondentes da Rede Mais Econômica Fonte: da Autora Sim, se for mais barato. 73 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A ABRAFARMA - Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias. Disponível em <http://www.abrafarma.com.br>. Acessado em 23.11.2009. AMA – American Marketing Association. Disponível em <http://www.marketingpower.com/content4620.php>. Acesso em 23.11.2009. ANVISA. 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Rio Grande do Sul Porto Alegre: Editora: Bookman, 2005. 76 APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA PERFIL Nome: Cargo: Salário: até 1000 De 1000 a 2000 De 2000 a 3000 Mais de 3000 Tempo de empresa: QUESTÕES Conhece as metas da empresa e da sua loja? Como considera a comunicação da empresa com os funcionários? Conhece seus benefícios na empresa? Há desconto ou pagamento facilitado para os funcionários? Onde costuma comprar shampoo e material de higiene pessoal? Onde costuma comprar medicamentos? Os promotores de laboratórios interferem em sua escolha? Você indica aos seus clientes os produtos que utiliza? Você faz compras pessoais em sua loja? Quando você compra em sua loja, pensa primeiro em: Compro para mim, satisfaço minhas necessidades Compro para a loja, vai ajudar nas vendas Costuma comprar na concorrência.