Tecnologia a favor da vida SAÚDE 04 Tecnologia a favor da vida Maria Cristina | Técnica é complexa e depende de uma equipe multidisciplinar experiente e um laboratório bem equipado, diz ela ENTREVISTA | Maria Cristina Santoro Biazotti TODODIA - O que significa diagnóstico pré implantacional? MARIA CRISTINA: O PGD - da sigla Preimplantation Genetic Diagnosis - ou Diagnóstico Genético Pré-implantacional - consiste na investigação genética de embriões, cujos pais sejam portadores de uma doença genética. O objetivo desta técnica é detectar doenças das quais o embrião seja portador e transferir para o útero materno um embrião saudável. Para realização desta técnica, é necessário que o embrião a ser avaliado seja desenvolvido em laboratório, ou seja, é necessário que o casal se submeta a uma técnica da fertilização in vitro (ICSI - Intracitoplamic Sperm Injection), que consiste na injeção de um único espermatozoide para o interior do óvulo. A técnica de ICSI permite o acesso ao embrião e ainda minimiza os riscos de contaminação por células parentais. Como é realizado o PGD? O PGD é realizado a partir de células retiradas de um embrião. Este procedimento é mais frequentemente realizado no 3º dia de desenvolvimento embrionário (estágio de 6 a 8 células), no qual uma célula (blastômero) é retirada do 5º ou 6º dia de desenvolvimento embrionário (biópsia do blastocisto), o ASPAS “O PGD TEM PROPORCIONADO AOS CASAIS QUE APRESENTAM MAIOR RISCO REPRODUTIVO A POSSIBILIDADE DE UMA GESTAÇÃO SEGURA” que possibilita a biópsia de um maior número de células (trofoderma). Para a realização desta técnica é necessário realizar uma abertura na camada que envolve o embrião (zona pelúcida), seguida da aspiração de uma ou algumas células. O embrião é imobilizado com o auxílio de um micromanipulador adaptado a um microscópio, com posterior abertura na zona pelúcida, utilizando o laser, sendo este método o mais moderno e, na nossa experiência, o que apresenta melhor resultado. A partir desta abertura, uma ou mais células são aspiradas com o auxílio de uma micropipeta. Em que casos o PGD é indicado? O PGD está indicado para casais portadores de doenças genéticas ou anomalias cromossômicas e casais com filhos acometidos por patologias genéticas. Esta técnica também pode ser aplicada em casais cujas mulheres apresentam an- tecedente de abortamentos recorrentes ou falhas de implantação embrionária, situações em que a mulher engravida, porém, a gestação não evolui, e, ainda, em casais cujas mulheres tenham idade igual ou superior a 37 anos considerando que, a partir dessa faixa etária, a chance de gerar um filho com desordens cromossômicas aumenta, devido a alterações na qualidade dos óvulos. Nessas situações, o termo aplicado, apesar de mantidos os mesmos procedimentos técnicos do PGD, passa a ser PGS (Preimplantation Genetic Screening). Qualquer casal pode fazer a seleção de embriões? A técnica de PGD será indicada para casais com risco de transmissão de doença genética para seus filhos. O PGD também pode ser indicado para tipagem do Sistema Antígeno Leucocitário Humana (Human Leucocyte Antigens – HLA), não apenas permitindo que os casais tenham filhos saudáveis e livres de doenças genéticas, mas também propiciando a seleção de progênie doadora normal compatível com irmãos afetados por doença genética, permitindo o transplante de células-tronco provenientes do irmão nascido pós-PGD, com HLA compatível. Na sua opinião, qual é o real benefício do PGD? Nesta última década, o PGD tem proporcionado aos casais que apresentam maior risco reprodutivo a possibilidade de uma gestação segura, pois permite que se tenha um profundo conhecimento a respeito das características genéticas do embrião antes da transferência do mesmo para útero materno. Até pouco tempo atrás, o diagnóstico dessas patologias só podia ser feito durante o pré-natal e, em muitos casos, dependia de técnicas invasivas, que colocavam em risco a vida do feto. Dessa forma, acredito que o PGD exerça, na atualida-