Reconciliação medicamentosa e adesão ao tratamento medicamentoso: a importância do farmacêutico clínico Juçara Guiçardi Vercelino1, Lívia Alves Maia1, Karine dal Paz2, Eliane Ribeiro1,2 1 Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo 2 Hospital Universitário, Universidade de São Paulo [email protected] Objetivos Com o envelhecimento populacional há um número crescente de pessoas apresentando diversas comorbidades e em uso de uma variedade de medicamentos¹. Esses fatores levam a maior predisposição à ocorrência de eventos adversos a medicamentos, entre eles os erros de medicação2,3. Estudos mostram a contribuição do trabalho do farmacêutico clínico, como membro de equipes de saúde, garantindo que o paciente receba a terapia medicamentosa necessária a sua evolução clínica favorável, por meio da reconciliação e seja orientado a 4 continuar o tratamento após a alta hospitalar . Este trabalho teve como objetivo analisar a necessidade do farmacêutico clínico realizar a reconciliação medicamentosa, bem como orientar a alta dos pacientes, a fim de garantir maior adesão à terapia medicamentosa desses. Métodos/Procedimentos Foi realizado um estudo de coorte observacional prospectivo de janeiro a julho 2013 na Clínica Cirúrgica do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP). Foram incluídos 300 pacientes internados, com idade acima de 18 anos, com tempo de hospitalização de até 5 dias e utilizando medicamento de uso contínuo. Foram realizados questionários acerca dos medicamentos de uso contínuo dos pacientes e de sua adesão à terapia medicamentosa, através do questionário de Morisky-Green. A análise estatística foi feita pelo teste do Quiquadrado. O nível de significância adotado foi de 0,05. Resultados Apenas 29,7% das prescrições hospitalares não apresentaram discrepâncias entre os medicamentos que o paciente estava usando em casa e aqueles que estavam sendo prescritos no hospital. Além disso, cerca de 84,8% das intervenções foram aceitas pela equipe médica. Cerca de 63% dos pacientes apresentaram baixa adesão à terapia medicamentosa e os principais fatores associados a isso são o esquecimento de dose e o atraso na utilização dos medicamentos. Não houve correlação significativa de adesão em relação ao local onde o paciente retira o medicamento, a presença da polifarmácia, a realização de acompanhamento médico, sexo e idade. Conclusões O estudo revelou a importância da realização da reconciliação medicamentosa no momento da admissão do paciente, além de ter demonstrado a extensão do problema da baixa adesão à terapia medicamentosa por pacientes atendidos no HU-USP, indicando a importância e a necessidade de um farmacêutico clínico garantindo a segurança do tratamento medicamentoso. Referências Bibliográficas 1. CARVALHO JAM, RODRIGUEZ-WONG LL. A transição da estrutura etária da população brasileira na primeira metade do século XXI. Saúde Pública,Rio de Janeiro, v. 24, n. 3, p. 597-605, 2008 2. TULLY MP, ASHCROFT DM, DORNAN T, LEWIS PJ, TAYLOR D, WASS V. The Causes of and Factors Associated with Prescribing Errors in Hospital Inpatients A Systematic Review. Drug Saf., v. 32, p. 819-836, 2009 3. GUSMÃO JL, MION D. Adherence to the treatment – concepts. Rev Bras Hipertens., v.13, n.1, p. 23-25, 2006 4. FERNANDES O, SHOJANIA KG. Medication Reconciliation in the Hospital. Healthcare Quarterly, v. 15, p. 42-49, 2012