31 de Julho de 2005 Oswaldo Henrique Castro de Jesus MEMORIA DIGITAL E A EXTINÇÃO DOS DINOSSAUROS POLÍTICOS A corrupção é o maior motivo de vergonha para os brasileiros, embora seja condenado pela grande maioria da população, o sistema democrático se mostrou ineficiente para com este desejo da maioria do povo. Falta um mecanismo que seja o elo entre a atual tolerância zero à corrupção e a adoção de práticas políticas eficazes. A revolução tecnológica nos últimos 10 anos somada a tamanha insatisfação popular poderá finalmente iniciar um processo radical de mudança a médio/longo prazo. Muitos dinossauros da política têm até hoje, aproveitado da falta de participação popular, da “memória curta” do brasileiro e da falta de consciência política, legislando em causa própria e criando uma estrutura que embora absorva 40% do PIB nacional, não soluciona as mazelas sociais do país. A entrada do Brasil na era digital, com acesso a internet por mais de 50 milhões de brasileiros pode ser um divisor de águas neste processo. A “memória digital” poderá revolucionar as eleições a partir de 2006, principalmente no deficiente processo de escolha de Senadores, Deputados Federais e Estaduais e Vereadores. Ferramentas sendo desenvolvidas hoje (anexo) permitirão aos eleitores separar o “joio do trigo”, através da consulta em bancos de dados com reportagens sobre casos de corrupção em revistas e jornais, registros de gastos e presenças de parlamentares, posicionamentos em votações polêmicas, financiamento de campanha e ações a favor ou contra ações de combate a corrupção e por ultimo envolvimento em atos ilícitos. Conclui-se que a memória digital, como um elemento adicional no processo de escolha de candidatos, poderá ser um novo e eficaz instrumento para canalizar a intolerância da sociedade para a política em relação a práticas corruptas, eliminando a médio prazo parlamentares envolvidos em atos ilícitos ou que legislarem em causa própria através de um voto consciente. Embora uma boa parcela dos “políticos da velha guarda” conseguiu acompanhar o primeiro passo dado pelo jornalismo investigativo a partir da década de 90, a memória digital pode ser o meteoro tão esperado pelos “homens das cavernas” para extinguir de vez os dinossauros que tanto nos atormentam! ANEXO: i) FILTRO ANTICORRUPÇÃO A ONG Transparencia Brasil criou um banco de dados de reportagens relacionadas à corrupção e seu combate, publicadas em jornais e revistas de todos os estados desde Jan/2004, disponível no sitio www.deunojornal.org.br Eleitores comprometidos em usar o voto para combater corruptos podem pesquisar pelo nome de seus candidatos e conhecer o que foi publicado pela imprensa sobre eles relacionado com notícias positivas a respeito de projetos anti-corrupção ou negativas com envolvimento em casos ilícitos. O mesmo poderá ser feito nos sites de jornais (Folhaonline, Correio Brasiliense, etc) Isto pode eliminar a famosa conversa do Brasileiro tem memoria curta... ii) GASTOS, PRESENÇA E INVESTIGAÇÕES Criado em Mar/05 o sitio www.umbrasilmelhor.com.br permite conhecer vários aspectos dos parlamentares, como por exemplo casos de investigação no STF, gastos mensais, presença em plenário e ao mesmo tempo enviar email a todos os congressistas em assuntos polêmicos no congresso. Com uma pesquisa rápida, pode-se conhecer o nome dos 102 congressistas investigados pelo STF (1/6 da câmara), verificar que enquanto alguns deputados gastam R$ 20.000,00 mensais em verbas de combustível outros gastam R$ 600,00, verificar alguns deputados com presença mínima em votações e conhecer quais destes propuseram assuntos contrários ao interesse público. Em apenas 5 meses e sem divulgação pública, foram enviados pelo sitio 15 milhões de emails aos parlamentares, contando o mesmo com mais de 25.000 associados. O sitio permite ainda reunir interessados divididos por cada estado, para iniciar projetos locais. iii) FINANCIAMENTO DE CAMPANHA O sitio As Claras permite saber quem esta financiando quem nas ultimas eleições, revelando eventuais "interesses" de atuais candidatos, disponível em www.asclaras.org.br