Superar as crises com esperança - Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, Bispo de Guarabira (PB) A Nação brasileira está atravessando uma enxurrada de crises. Instituições e pessoas são profundamente afetadas. As crises são reais e todos sentem suas consequências, principalmente os mais pobres. As crises não acontecem de um momento para outro. As causas vão se somando. Deste cenário pode-se tirar lições importantes, indignações, atitudes, reações e respostas adequadas a favor daquilo que a própria crise aponta como solução. Elas abrem possibilidades para um processo de correção de rumos e surgimento de uma cultura da honestidade e da solidariedade. Os momentos de crises provocam desconfiança, desespero e desorientação. Estas dificuldades precisam ser vencidas. Novas posturas devem ser tomadas em todos os âmbitos da sociedade. Buscar princípios que garantam o bem comum e não interesses individuais e mesquinhos de grupos. Esses interesses comprometem todas as instâncias democráticas e cidadãs. No atual momento de crises da nação brasileira é prioritário uma reconstrução política. É evidente o desvirtuamento da política em razão das mediocridades partidárias. Daí o grito forte por uma reconfiguração. Falou-se muito em reforma política, e as contribuições sérias dos cidadãos brasileiros não foram acatadas. As questões éticas e morais foram banidas da memória de muitos.Os atuais caminhos precisam ser reorientados para o bem da nação. Um voto de gratidãopara uma comunidade brasileira que impediu os seus vereadores aumentarem seus próprios vencimentos. É necessário um equilíbrio social e econômico para termos uma nação estável. Atitudes de indiferentismo e comodismo não acrescentam soluções tais como economizar, evitar desperdícios, adoção de novos hábitos e cobrar atitudes honestas de todo cidadão. Os altos escalões da sociedade, por exemplo, os políticos, poderiam manter seus salários e suas despesas no nível de todo cidadão brasileiro. Uma nação que não olha o bem comum não é capaz de construir uma cultura solidária e sustentável. Os pequenos e pobres manifestam-se sempre sensíveis à solidariedade e ao bem comum. Ao contrário, os altos escalões da sociedade demonstram cada vez mais insensíveis a uma cultura da solidariedade e ao cuidado pela casa comum, não apenas da natureza, mas todas as relações da pessoa humana consigo, com os outros e com Deus, o Criador de tudo e de todos. O que se vê são atitudes em causa própria. Essas atitudes aumentam as crises manifestadas atualmente. É impossível concordar com as disputas partidárias que tiram proveito de uma situação limite para solucionar problemas complexos. Constatamos que a praga da corrupção vai se instalando por todos os setores da nação brasileira. Contudo, muitos problemas começam a ser enfrentados seriamente, em vez de serem postos debaixo do tapete. Não se pode tolerar uma cultura de conivência com a corrupção. Quando falamos em corrupção não apontamos simplesmente para os desvios vultosos da administração pública, mas também os pequenos desvios ou atitudes que descumprem os verdadeiros direitos e deveres do cidadão. A prática de ações desonestas leva à insensibilidade e à corrupção da própria consciência. É preciso ser vigilante para não se deixar corromper pelos negócios fáceis e pela exploração de pessoas. São muitas as formas de corrupção. Não tenha dúvida, a corrupção política unida à corrupção econômica devasta toda a vida social. Que as crises sejam superadas sem prejuízo dos trabalhadores, das instituições e, principalmente, dos mais pobres. É indispensável uma educação para a honestidade, a justiça e a solidariedade. Viver bem o presente e olhar para o futuro com esperança. Pois, Cristo é o sentido pleno de nossa vida.