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CAMARA DOS DEPUTADOS
Discurso proferido pelo Deputado Arnaldo Jordy (PPS/PA)
Sessão de
/
/ de 2013
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,
As manifestações que acontecem há pouco mais de dez dias em
todo o país revelam a face de um Brasil que estava adormecido, como
vaticina a principal palavra de ordem do movimento: “O Gigante
Acordou”. E acordou com disposição para recuperar o tempo perdido.
Ao longo da história, os estudantes sempre desempenharam papel
fundamental na organização das massas que foram às ruas pedir
episódio que levou a juventude a pintar a cara, para ser um fator
decisivo na queda do ex-presidente, hoje senador da República e aliado
do governo. Isso há 21 anos, quando boa parte dessa geração
que está nas ruas não havia sequer nascido.
O poeta carioca Carlito Azevedo, ao ver a multidão nas ruas do
Rio de Janeiro, um dos principais focos dos protestos, disse com
propriedade: “quem não estiver confuso neste momento, não está bem
informado”. De fato, muita gente foi pega de surpresa. As elites ficaram
perdidas, batendo cabeça. Alguns dizendo bobagens do tipo: “seria um
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1968, Diretas Já e o impeachment de Fernando Collor, em 1992,
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liberdade, democracia e condenar a corrupção. Foi assim em 1964,
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movimento de direita”. Aqueles que se achavam “donos” dos
movimentos sociais, inconformados com a perda de controle. Nas redes
sociais, os jovens construíram suas assembleias alheias às estruturas
tradicionais da política, chamando para uma nova forma de fazê-la e
redemocratizando a democracia.
A presidente Dilma anunciou que “quer dialogar com os líderes do
movimento”. Não entendeu nada! Não existem “os líderes”. Não existe
um centro de comando, nem hierarquia. O movimento é horizontal. O
comando vem das bordas.
Nos cartazes que empunham nos protestos e na Internet, o Brasil
se deu conta que o movimento “não era apenas por 20 centavos”, mas
desigualdade
econômica
corrupção quase generalizada,
o
e
social,
privilégio
de
a
ganância,
empresas
e
a
os
investimentos obscuros em arenas milionárias para a Copa de
2014. Aqui se trata de uma farra inexplicável. Em 2010, o presidente
Lula anunciava que não haveria recursos públicos nos estádios, depois
o governo falava em 2,5 bilhões de investimentos e hoje já se
contabiliza 8,6 bilhões de gastos do tesouro.
Com
essas
palavras
de
ordem
não
foi
difícil
mobilizar consciências cada vez maiores, de muitas cores, gêneros e
opiniões políticas diferentes, que englobam pessoas de todos os
estratos da complexa sociedade brasileira. E reunir tanta gente assim
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a
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contra
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traz efeitos colaterais não desejados, que são a violência e o
vandalismo patrocinados por menos de 1% dos manifestantes, gente
infiltrada que aposta na baderna, na depredação, no confronto e no
descontrole do movimento.
Nos últimos dois anos, a juventude esteve à frente das principais
manifestações no mundo, tendo como bandeiras de organização
a ordem e a defesa intransigente da não violência, para pedir
democracia e protestar contra a corrupção. Primeiro, na chamada
“Primavera Árabe”, especialmente nos protestos da Praça Tahir, no
Cairo, em 2011. E depois, no movimento “Ocupe Wall Street”, também
em 2011, em que milhares de jovens ocuparam o distrito financeiro de
Nova Iorque, em protesto contra a corrupção e a influência das
com os protestos e com a força do povo, em ação direta, sem a
interferência do atual sistema representativo. O Brasil do povo não se
sente representado pelo Brasil do poder institucional. Chegou a
hora dos dirigentes do país ouvirem o que disseram as ruas. Não foi um
muxoxo nem um recado suave. Foi um grito forte e certeiro. A reforma
política é urgente e necessária. A população já não acredita mais nesse
sistema que está aí.
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O Brasil mostra uma juventude antenada com as causas mundiais,
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empresas financeiras na economia americana.
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As manifestações são fruto de uma revolta sufocada pela agenda
política e econômica do país e pela corrupção. E as suas lideranças
coletivas conduzem as discussões sem as estúpidas disputas por
hegemonias partidárias.
O que está em xeque é o sistema político vigente; é a alienação
das elites e da maioria dos governantes; é um Brasil que tem a
sétima economia do mundo e detém o 73º lugar do IDEB, o 85º lugar no
IDH, o quinto com os maiores juros real e a terceira maior carga
tributária do mundo. É a falta de transparência dos gastos públicos, é o
Brasil da oitava maior sociedade desigual do planeta. É o Brasil que foi
às ruas para dizer basta.
PPS/PA
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Deputado Federal Arnaldo Jordy
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Era o que tinha a dizer Sr. Presidente.
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