DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE

Propaganda
1
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE FARMÁCIA
MONIQUE UGIONI SACHET
DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE COMPRIMIDOS DE
CAPTOPRIL 25 mg
CRICIÚMA, JUNHO DE 2009
2
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE FARMÁCIA
MONIQUE UGIONI SACHET
DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE COMPRIMIDOS DE
CAPTOPRIL 25 mg
Trabalho
apresentado
de
para
conclusão
a
obtenção
de
do
curso,
grau
de
graduação no Curso de Farmácia da Universidade
do Extremo Sul Catarinense, UNESC.
Orientador (a): Prof.a Msc Marilucia Rita Pereira
CRICIÚMA, JUNHO DE 2009.
3
Dedico este trabalho aos meus pais
Vanio Sachet e Denir Sachet,
responsável pela minha existência
e formação.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus por eu estar aqui e por mais uma conquista em minha vida.
Aos meus pais Vanio e Denir, minhas irmãs Amanda e Eduarda e meu
namorado Lucas, por aguentar meus choros e meus dias de estresse.
As minhas amigas Gabriela, Nayara, Tamara, Laís, Julcema e Camila pela
ajuda demonstrada, pela dedicação nesses dias e pelos conselhos prestados nos
momentos de necessidades.
A amiga de laboratório Karol que contribui muito para este trabalho, pois
ajudou na parte prática e por muitas semanas encomodei.
A minha Orientadora Marilucia, pela dedicação, apoio e incentivos mostrados
para comigo e com meu trabalho.
Enfim obrigada a todos que contribuíram para a realização deste trabalho e
compreensão para comigo.
5
RESUMO
A hipertensão arterial representa um problema de saúde comum com conseqüências
generalizadas e se não for tratado de modo efetivo, resulta em um aumento da
probabilidade de trombose coronariana, acidentes vasculares cerebrais e insuficiência
renal. Basicamente, há dois tipos de tratamento para a hipertensão arterial: não
medicamentoso, com mudança do estilo de vida e, o medicamentoso, como por
exemplo, os anti-hipertensivos. O captopril é o fármaco inibidor da enzima conversora
de angiotensina (ECA), e é escolha para a hipertensão arterial. Os comprimidos podem
ser preparados por diferentes técnicas de produção, onde incluem o tratamento das
matérias-primas, que são as operações unitárias farmacêuticas e o processo de
compressão que pode ser realizado por compressão direta dos pós. O avanço dos
excipientes tecnológicos está proporcionando uma elevada compressibilidade à
formulação, facilitando a fabricação de comprimidos e assim, portanto, contribuindo
significativamente para a funcionalidade e a processabilidade das formulações
farmacêuticas, melhorando a estabilidade física e química dos comprimidos para serem
mais seguros e eficazes. O objetivo deste trabalho foi desenvolver comprimidos de
captopril, por compressão direta, visando obter características físicas adequadas. Para
o desenvolvimento proposto, foi utilizada a Fórmula 1 segundo SILVA & BAZZO (2005).
Várias formulações foram testadas, sendo que a Fórmula 4 mostrou boa propriedade de
fluxo e proporcionou comprimidos com adequado peso (0,150 g) , espessura (3,49 mm),
diâmetro (7,03 mm), dureza (5,25 Kgf), friabilidade (0,469% de perda de pó) e
desintegração (33 segundos). A formulação adotada neste estudo mostrou-se
satisfatório para o desenvolvimento de comprimidos de captopril pelo processo de
compressão direta.
Palavras-chave: compressão direta, captopril, excipientes.
6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Estrutura química do captopril ..................................................................... 14
Figura 2: Modelo de moinhos de: a) facas; b) rolo e c) martelos ................................ 20
Figura 3: Tamises ....................................................................................................... 20
Figura 4: a) Misturador em Y; b) Misturador cônico duplo; c) Misturador em V .......... 22
Figura 5: Etapas do processo de compressão em máquina de comprimir: (I)
alimentação; (II) compactação; (III) compressão; (IV) ejeção; (V) expulsão; (VI) pré alimentação................................................................................................................. 26
Figura 6: a) Máquina excentrica e b) Ciclo de funcionamento .................................... 27
Figura 7: a) Máquina rotativa e b) Ciclo de funcionamento......................................... 27
Figura 8: Diâmetro, forma e a espessura dos comprimidos ........................................ 28
Figura 9: Ilustração de capeamento e laminação........................................................ 31
Figura 10: a) Comprimidos com qualidade; b) Comprimidos com sticking e picking... 31
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Fases de produção de comprimidos com etapa prévia de granulação e por
compressão direta....................................................................................................... 24
Tabela 2: Formulação de comprimidos de captopril.................................................... 37
Tabela 3: Peso de comprimidos de captopril .............................................................. 38
Tabela 4: Diâmetro e espessura dos comprimidos ..................................................... 39
Tabela 5: Dureza dos comprimidos............................................................................. 40
8
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO .............................................................................................. 10
2
OBJETIVOS ..................................................................................................12
2.1
Objetivo geral ................................................................................................ 12
2.2
Objetivos específicos .................................................................................... 12
3
REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................13
3.1
Hipertensão arterial ....................................................................................... 13
3.2
Captopril ....................................................................................................... 14
3.3
Pré-formulação .............................................................................................. 15
3.4
Obtenção de comprimidos............................................................................. 16
3.4.1
Excipientes tecnológicos .............................................................................. 17
3.4.2
Técnicas de produção de comprimidos ........................................................ 18
3.4.2.1
Operações unitárias farmacêuticas .............................................................. 19
3.4.2.2
Processo de compressão ............................................................................ 22
3.4.3
Máquinas na compressão ........................................................................... 25
3.4.4
Forma dos comprimidos ............................................................................... 28
3.5
Controle de qualidade ................................................................................. 29
3.6
Problemas na compressão .......................................................................... 30
4
MATERIAIS E MÉTODOS ..........................................................................32
4.1
Matérias-primas........................................................................................... 32
4.2
Equipamentos.............................................................................................. 32
4.3
Métodos ...................................................................................................... 32
4.3.1
Obtenção dos comprimidos......................................................................... 32
4.3.2
Análises de controle de qualidade............................................................... 33
4.3.2.1
Peso médio ................................................................................................. 33
4.3.2.2
Diâmetro e espessura ................................................................................ 33
4.3.2.3
Teste de friabilidade ................................................................................... 34
4.3.2.4
Teste de desintegração .............................................................................. 34
4.3.2.5
Teste de dureza........................................................................................... 34
9
5
RESULTADO E DISCUSSÃO................................................................... 35
5.1
Obtenção dos comprimidos ...................................................................... 35
5.2
Análises de controle de qualidade ............................................................ 38
5.2.1
Peso médio .............................................................................................. 38
5.2.2
Diâmetro e espessura ............................................................................. 39
5.2.3
Friabilidade ............................................................................................... 40
5.2.4
Dureza...................................................................................................... 40
5.2.5
Desintegração .......................................................................................... 41
6
CONCLUSÕES ....................................................................................... 42
7
REFERÊNCIAS ....................................................................................... 43
10
1
INTRODUÇÃO
Dos medicamentos administrados por via oral, a forma farmacêutica
sólida comprimido, é a que possui maior estabilidade e, é a mais empregada, devido
suas inúmeras vantagens em relação as demais formas farmacêuticas sólidas
existentes. Permitem maior precisão da concentração do fármaco, fácil manuseio,
alta produtividade e baixo custo.
A qualidade e o sucesso da maioria dos comprimidos se devem em parte
pelos excipientes tecnológicos, pelo simples fato que os fármacos não possui
propriedades de compressão, assim fazem-se necessário a adição de excipientes
que ajudam no processo de compressão e até mesmo no produto acabado,
melhorando as características do mesmo.
Para o desenvolvimento de comprimidos, faz-se necessário organizar
uma formulação, para isto é necessária uma pesquisa bibliográfica de todos os
componentes e concentrações que compõem a mesma, a esta etapa chamamos de
pré-formulação, onde são caracterizadas as propriedades físico-químicas do
fármaco e dos excipientes para melhor qualidade dos comprimidos obtidos.
O processo de fabricação de comprimidos consiste em técnicas diferentes
de produção, como tratamento das matérias-primas e a compressão propriamente
dita, que incluem compressão direta dos pós e a granulação, que esta ainda contém
uma etapa prévia para a formação do grânulo.
A indústria farmacêutica está se interessando ainda mais pelo método de
compressão direta, pelo fato de que o mesmo consiste em um processo rápido e
simples, assim levando em um menor tempo do processo e ao mesmo tempo sendo
econômico.
No processo de compressão de comprimidos podem acontecer vários
problemas, tais como na formulação, na produção, na própria máquina de comprimir
e assim neste contexto podemos citar como exemplo, o comportamento elástico,
plástico ou destrutivo, capeamento ou descoroação, laminação, picking e o sticking.
Portanto,
o
presente
trabalho
tem
como
justificativa
estudar
o
desenvolvimento e caracterização de comprimidos de captopril utilizando a máquina
11
de compressão do laboratório de tecnologia farmacêutica da Universidade do
Extremo Sul Catarinense (UNESC).
12
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Desenvolver comprimidos de captopril, por compressão direta, visando obter
características físicas adequadas.
2.2 Objetivos específicos
•
Estudar a formulação do captopril para compressão direta;
•
Estudar a padronização da formulação na máquina compressora monopress
LM-1;
•
Analisar os comprimidos em relação a aspecto, peso, dureza, diâmetro,
friabilidade e desintegração.
13
3
REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Hipertensão Arterial
A hipertensão arterial representa um problema de saúde comum com
conseqüências generalizadas e em alguns casos devastadoras, quase sempre
não apresenta sintomas clínicos até uma fase tardia de sua evolução. Para ocorrer
à presença de hipertensão arterial, deve-se considerar quando a pressão sistólica
persiste acima de 140 mmHg ou pressão diastólica persistente superior a 90
mmHg, sendo que, segundo esses critérios, os programas de triagem revelam que
na população urbana adulta brasileira a incidência de 22,3% a 43,9% tem
hipertensão arterial. Nesses casos se não for tratado de modo efetivo, resulta em
um aumento da probabilidade de trombose coronariana, acidentes vasculares
cerebrais e insuficiência renal. (CONTRAN; KUMAR; ROBBINS, 2000; RANG &
DALE, 2003; SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2005;
BRASIL, 2006).
Basicamente, há dois tipos de tratamento terapêutico para a
hipertensão arterial, o tratamento não farmacológico baseado em modificações do
estilo de vida (perda de peso, incentivo às atividades físicas, alimentação
saudável, etc.) e o tratamento medicamentoso, como por exemplo, os antihipertensivos. Estes tratamentos podem ser trabalhados juntos dependendo do
grau de risco cardiovascular. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO
ARTERIAL, 2006; BRASIL, 2006).
Todos os medicamentos anti-hipertensivos atuam em um ou mais dos
quatros locais anatômicos de controle, sendo eles resistência (arteríola),
capacitância (vênulas), débito da bomba (coração) e volume (rins), produzindo
seus efeitos ao interferir nos mecanismos normais de regulação da pressão
arterial. Uma classificação útil desses fármacos resume em dividi-los de acordo
com o principal local que atuam. Sendo classificados em diuréticos, agentes
simpaticopléticos, vasodilatadores diretos e agentes que bloqueiam a produção ou
a ação da angiotensina. Assim, seguindo estes critérios de classificação, pode ser
exemplificado o captopril, fármaco inibidor da enzima conversora de angiotensina
14
(ECA), que atua reduzindo a resistência vascular periférica e potencialmente no
volume sangüíneo nos rins e ainda um potente vasodilatador. A atividade
hipotensora do mesmo resulta de uma ação inibitória sobre o sistema de reninaangiotensina. (RANG & DALE, 2003; KATZUNG, 2006).
3.2 Captopril
O
captopril
corresponde
ao
D-2-metil-3-mercaptopropanol-L-prolina
(Figura 1), e tem na sua estrutura como grupo funcional mercaptana, amida e
carbonila. (LUND, 1994; SWEETMAN, 2007; CHENG; WANG & LIN, 2008).
O
N
HS
CH3
HOOC
Figura 1: Estrutura química do captopril.
Fonte: SWEETMAN, 2007.
O captopril apresenta como características físico-químicas: partículas
cristalinas de cor branca ou quase branca. Solubilidade em água, etanol,
clorofórmio e metanol. Duas formas polimórficas do fármaco têm sido
identificadas, uma forma estável e uma instável, onde o ponto de fusão é 88°C e
106°C, respectivamente. (LUND, 1994; SWEETMAN, 2007).
No mercado farmacêutico encontram-se comprimidos de 12,5 mg, 25
mg e 50 mg, sendo que o medicamento de referência é o Capoten do laboratório
Bristol Myers Squibb. (BRASIL, 2005).
Para o desenvolvimento de comprimidos com qualidade precisamos de
uma série de estudos prévios ao desenvolvimento, que podem ser chamados de
estudos de pré-formulação.
15
3.3 Pré-formulação
No estudo de pré-formulação são caracterizadas e quantificadas as
propriedades físico-químicas do fármaco e do excipiente. Estas informações
definidas na pré-formulação fornecem a base de conhecimento necessário para a
combinação de fármaco com outras matérias-primas para produzir um produto
com estabilidade, eficácia e segurança. (ANSEL ; POPOVICH & ALLEN JÚNIOR,
2000; LACHMAN; LIEBERMAN & KANIG; 2001; MOREIRA, 2007; SILVA;
DRUMOND & CHENG, 2004).
Existem várias características importantes a serem observadas tanto do
fármaco quanto do excipiente, como por exemplo: solubilidade: estudo de
solubilidade na fase de pré-formulação pode determinar a via de administração de
uma nova formulação. Ainda nesta fase de estudo de solubilidade na préformulação incluem determinação de pKa, da temperatura, do perfil de solubilidade,
dos mecanismos de solubilização e da velocidade de dissolução. Cristalinidade: a
forma do cristal e a estrutura interna de um fármaco podem afetar as propriedades
do granel e as propriedades físico-químicas, que incluem desde a capacidade de
escoamento até a estabilidade. Polimorfismo: afeta a estabilidade química e a
solubilidade do composto, podendo ter impacto sobre a biodisponibilidade do
mesmo e afetar diretamente o processo. Ponto de fusão: resulta mudança física ou
química na amostra em função da temperatura. Propriedades compressionais:
quantifica as propriedades de compressão como, por exemplo, se o material é
elástico ou plástico, para a combinação com excipientes e até mesmo escolher o
melhor processo de compressão. Compatibilidade entre os excipientes: a
combinação e a qualidade dos excipientes utilizados na formulação de um
comprimido podem afetar a dissolução e, consequentemente, a biodisponibilidade.
(LIEBERMAN; LACHMAN & SCHWARTZ, 1990; LACHMAN; LIEBERMAN &
KANIG, 2001; AULTON, 2005; MOREIRA, 2007; SWARBRICK, 2007).
16
3.4 Obtenção de comprimidos
Os comprimidos podem ser explicados como formas farmacêuticas
sólidas compreendendo substâncias medicamentosas, os fármacos, com um
conjunto de substâncias inertes, chamados de excipientes, agrupados em uma
formulação completa e preparados por compressão. São feitos com materiais em
pós, cristalinos ou grânulos, usados isoladamente ou em combinação com os
excipientes,
como
por
exemplo,
os
ligantes,
diluentes,
lubrificantes,
desintegrantes, dentre outros. (REMINGTON, 2004; AULTON, 2005).
O termo “inerte”, usado para os excipientes, vinha sendo aplicado aos
materiais acrescentados às formulações farmacêuticas, mas fica cada vez mais
evidente que existe uma importante relação entre as propriedades dos excipientes
e as formas de dosagem que o contém, isto é, o fármaco. Estudos feitos antes das
formulações demonstraram a influência que essas matérias têm sobre a
estabilidade, a biodisponibilidade e os demais processos envolvidos na produção
de comprimidos. Também foi demonstrado que as características físico-químicas e
a solubilidade da substância medicamentosa influenciam na viabilidade fisiológica a
partir de uma forma farmacêutica sólida. (REMINGTON, 2004; AULTON, 2005).
A obtenção de comprimidos requer que o material a comprimir possa ter
características físicas e mecânicas específicas, ou seja, capacidade de fluir
livremente, coesividade e lubrificação. Como nem todas as substâncias possuem
estas propriedades faz-se necessário à adição de uma série de excipientes.
(SOARES & PETROVICK, 1999). Mas, para que o material a comprimir consiga
ter características adequadas, é essencial selecionar bem os excipientes
tecnológicos, pois devem ser quimicamente e fisicamente compatíveis com o
fármaco. (LIEBERMAN; LACHMAN & SCHWARTZ, 1990; PRISTA, 2003).
17
3.4.1 Excipientes tecnológicos
Os excipientes tecnológicos podem ser divididos em dois grupos,
contendo classificação de acordo com o papel que desempenham no produto
acabado. O primeiro grupo compreende aqueles que ajudam na compressão, na
formulação e nas características satisfatórias do processamento, que incluem
nesse grupo diluentes, ligantes e os lubrificantes. Já o segundo grupo, ajuda a dar
características físicas adicionais desejáveis ao comprimido acabado, que por sua
vez inclui desintegradores, corantes e, por exemplo, de comprimidos mastigáveis,
sabores e agentes edulcorantes. (REMINGTON, 2004; AULTON, 2005).
O comportamento e a eficácia de muitos fármacos dependem, em
partes, dos excipientes, e ainda alguns destes proporcionam uma elevada
compressibilidade à formulação, facilitando assim a fabricação de comprimidos,
portanto, os excipientes contribuem significativamente para a funcionalidade e a
processabilidade das formulações farmacêuticas. (NACHAEGARIL & BANSAL,
2004; TAYLOR, 2007).
Segundo SILVA & BAZZO (2005), o captopril pode ser desenvolvido na
forma
de
comprimido
com
os
seguintes
excipientes:
lactose,
celulose
microcristalina, croscarmelose sódica, dióxido de silício coloidal, estearato de
magnésio e talco.
A lactose, encontrada na forma anidra ou monohidratada, é um
excipiente que não reage com a maioria dos fármacos e serve como diluente.
Apresenta boas características de escoamento, aglutinação e lubrificação, sendo
freqüentemente utilizada na compressão direta em associação com celulose
microcristalina. É um pó cristalino branco ou quase branco, inodoro e de sabor
doce. Praticamente insolúvel em clorofórmio, etanol, éter e ainda incompatível
com grupo amina primária. (LACHMAN; LIEBERMAN & KANIG, 2001; PRISTA,
2003; ROWE; SHESKEY & OWEN, 2006).
A
celulose
microcristalina
é
adsorvente,
agente
suspensor,
desintegrante e diluente, usado tanto para a compressão direta como para a
granulação por via úmida. É um pó branco cristalino poroso e inodoro e é um
material estável embora higroscópico, incompatíveis com agentes oxidantes
fortes, pH 6 – 8, em dispersão aquosa a 1.2 % p/v e, praticamente insolúvel em
18
ácidos diluídos e solventes orgânicos, parcialmente solúvel em solução alcalina e
água. (ROWE; SHESKEY & OWEN, 2006).
A croscarmelose sódica serve como desagregante. Pode ser utilizado
tanto em compressão direta como no processo de granulação por via úmida. É um
pó branco, higroscópico e é insolúvel em água, praticamente insolúvel em
acetona, etanol e tolueno. Apresenta um pH de 5.0 – 7.0 em dispersão aquosa.
Não são compatíveis com ácidos fortes ou com sais solúveis de ferro e outros
metais, como alumínio, mercúrio e zinco. (ROWE; SHESKEY & OWEN, 2006).
O dióxido de silício coloidal possui função de deslizante, absorvente e
desintegrante. É um pó branco, higroscópico, amorfo e inodoro, possui um pH 3.5
– 4.4, em dispersão aquosa a 4% p/v, praticamente insolúvel em solventes
orgânicos, água e ácido fluorídrico, solúvel em solução quente de hidróxido
alcalino. Incompatível com preparações dietilestilbestrol. (ROWE; SHESKEY &
OWEN, 2006).
O estearato de magnésio serve para lubrificar e é também
antiaderente, é um pó branco com baixa densidade, seu escoamento é ruim pela
coesividade dos pós, ponto de fusão é de 250°C, é praticamente insolúvel em
etanol, éter e água e ligeiramente solúvel em benzeno e etanol (95%). O mesmo
tem incompatibilidade com ácidos fortes, alcalinos e sais de ferro, evitando ser
misturado com materiais oxidantes. (ROWE; SHESKEY & OWEN, 2006).
O talco tem a função de lubrificante, antiaderente, diluente. É muito fino,
um pó branco cristalino, inodoro. É um material estável e incompatível com
compostos de amônio quaternário, seu pH é de 7.0- 10 em dispersão aquosa a
20% p/v, praticamente insolúvel em ácidos diluídos e alcalinos, solventes
orgânicos e água. (ROWE; SHESKEY & OWEN, 2006).
3.4.2 Técnicas de produção de comprimidos
Na indústria farmacêutica o processo de obtenção dos comprimidos
dispõe de técnicas diferentes de produção que incluem etapas de tratamento da(s)
matéria-prima(s), que são as operações unitárias farmacêuticas e, o processo de
19
compressão, sendo que esta pode sofrer uma etapa de granulação prévia.
(SOARES & PETROVICK, 1999; PRISTA, 2003; AULTON, 2005).
3.4.2.1 Operações unitárias farmacêuticas
Para a obtenção de formas farmacêuticas sólidas com qualidade se faz
necessário um tratamento prévio de todas as matérias primas da formulação,
fazendo parte do processo: moagem, mistura, tamisação, depois disto escolhe-se
as demais metodologias para a obtenção da forma farmacêutica pretendida.
(PRISTA, 2003).
A moagem tem vários sinônimos como esmagamento, desintegração,
dispersão, trituração e pulverização. Portanto, moagem é uma operação mecânica
que reduz o tamanho das partículas dos sólidos, pelo fato de que poucos materiais
usados na produção de medicamentos existem com o tamanho adequado de
partículas, ou seja, esse processo tem o objetivo de deixar as partículas dos
materiais em tamanhos reduzidos e homogêneos, para facilitar a produção.
Lembrando que esta operação depende das matérias primas, do equipamento e do
processo envolvidos. (LACHMAN; LIEBERMAN & KANIG, 2001)
A operação da redução do tamanho da partícula baseia-se em um
processo de quebra e, por meio de aplicação de uma força que são produzidos
tensões nas partículas, capazes de provocar ruptura dos pontos de ligações assim
levando há uma quebra. Quando ocorre a quebra, são fragmentadas as partículas
em tamanhos diferentes, sofrendo diversos graus de ruptura. (LACHMAN;
LIEBERMAN & KANIG, 2001; AULTON, 2005).
Os equipamentos para a moagem são classificados normalmente como
fino (< 50 µm), grosseiro (50 – 1.000 µm) ou muito grosseiro (> 1.000 µm) de acordo
com o tamanho das partículas do produto moído, mas um moinho também pode
funcionar devidamente em mais do que uma classe. Neste mesmo contexto, podem
ser citados os moinhos de facas, rolos e de martelos (Figura 2). Quando é em
pequena escala ou ainda pequenas quantidades de pó são usados almofariz ou
também chamados de gral de porcelana, que seria a redução das partículas
20
manualmente. (LACHMAN; LIEBERMAN & KANIG, 2001; PRISTA, 2003; AULTON,
2005).
a)
b)
c)
Figura 2: Modelo de moinhos de: a) facas; b) rolo e c) martelos.
Fonte:<http://www.tecosmaq.com.br>; <http://www.marconi.com.br>; <http://www.beckerindustrial.com.br>.
Após a moagem o material é submetido à tamisação para separar as
partículas muito grandes que devem ser submetidas a um novo tratamento.
Portanto, a tamisação é a operação que permite a individualização de um pó, pois
este deve ter o tamanho das partículas bem homogêneas e um determinado
diâmetro. (HIR, 1997; PRISTA, 2003).
Os instrumentos utilizados para fazer uma tamisação denominam-se
tamises (Figura 3) que consistem num recipiente com um tecido perfurado ou uma
malha eletroformada, freqüentemente de bronze ou aço inoxidável, com diâmetro
definido e classificado. O tecido representa a parte mais importante do tamis, pois
em função da abertura das malhas, permite a separação das partículas submetidas
à tamisação e o diâmetro homogêneo do mesmo. (PRISTA, 2003; AULTON, 2005).
Figura 3: Tamises.
Fonte: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tamises_metalicos>
21
Em primeiro lugar, deve escolher o tamis a utilizar na operação de acordo
com a tenuidade do material tamisado que deve ser adequado, sendo ainda que a
rede do tamis e o material sejam compatíveis entre si. Então quer dizer que existem
substâncias que são capazes de atacar os fios ou vice-versa, por isso, é importante
selecionar bem o instrumento que se vai empregar. (PRISTA, 2003).
A técnica de tamisação envolve a agitação mecânica da amostra através
de um ou mais de um tamis por um determinado tempo. No processo a abertura da
malha corresponde à tenuidade do pó a ser obtido, sendo que as maiores ficam
retidas na parte superior, voltando assim para almofariz ou ao moinho. Este resíduo
será submetido a novas tamisações até que as partículas passem todas através do
tamis e só assim se dará por finalizada à operação. (HIR, 1997; LACHMAN;
LIEBERMAN & KANIG, 2001; PRISTA, 2003).
A mistura de pós é uma das operações unitárias mais usadas. A mesma
é definida como um processo que leva a distribuição ao acaso das diferentes
partículas do sistema, distinguindo-se de um sistema ordenado e, assim, de modo
que cada unidade de cada um dos componentes passe a entrar em contato o mais
próximo possível com as unidades de outros componentes. Portanto, sempre que
um produto possua mais de um componente na fórmula, será necessária uma
etapa de mistura dos seus constituintes dentro do processo de fabricação, cujo
objetivo é assegurar a distribuição homogênea do(s) fármaco(s) e do(s)
excipiente(s), para garantir que o comprimido libere a dose correta de fármaco(s) e,
ainda na velocidade apropriada. (LACHMAN; LIEBERMAN & KANIG, 2001;
AULTON, 2005). Neste contexto, se o objeto da mistura é a homogeneidade, então
quer dizer que cada fração ou dose coletada ao acaso deve conter todos os
componentes nas mesmas proporções que é a totalidade da preparação. (HIR,
1997).
Em formulações destinadas à mistura, para se ter uma distribuição
homogênea é necessário uma adição sequencial das quantidades de material no
misturador. Isso pode ser alcançado misturando-se um volume aproximadamente
igual
de
fármaco(s)
e
os
outros
componentes
da
fórmula
adicionando
progressivamente, o procedimento é continuado até que o material a misturar tenha
sido todo adicionado. (HIR, 1997; AULTON, 2005).
A mistura de pós simples é efetuada em um misturador, que pode ter
várias formas, como por exemplo, misturador em Y, misturador de cone duplo e
22
misturador em V (Figura 4) e, ainda pode ser de acordo com a quantidade a
preparar. O misturador terá que ser projetado de tal forma que evite a perda de pó,
que seja de fácil limpeza e que permita à retirada completa do produto, e assim, é
possível reduzir à contaminação cruzada entres os lotes. (HIR, 1997; AULTON,
2005).
c)
a)
B
a)
A
b)
c)
c
Figura 4: a) Misturador em Y; b) Misturador Cônico Duplo; c) Misturador em V.
Fonte:
<http://www.tecosmaq.com.br>;< http://www.lemaq.com.br>
3.4.2.2 Processo de Compressão
O processo de compressão propriamente dita, pode ser realizado por
compressão direta dos pós ou por compressão de grânulos, sendo que este pode
sofrer uma etapa de granulação prévia. (PAULA & RIBEIRO, 2001).
A etapa de granulação tem por finalidade modificar as características do
complexo
farmacêutico,
transformando
partículas
de
pós-cristalinos
em
multipartículas maiores. A formação dos grânulos está necessariamente vinculada
á formação de ligações entre partículas que possibilitem a sua adesão. As
partículas são ligadas por ligações interatômicas e intermoleculares como, por
exemplo, forças de Van der Waals, ligações de hidrogênio, etc. Essas ligações
devem ser fortes o suficiente para prevenir a quebra do grânulo nas operações de
manipulação subsequentes. (HIR, 1997; SOARES & PETROVICK, 1999;
AULTON, 2005).
Os métodos de granulação podem ser divididos em dois tipos: método
por via úmida, cujo processo emprega líquidos a qual é adicionada a mistura de
pós em um granulador, que sob agitação forma granulados úmidos e os métodos
23
a seco, que envolve a compactação da mistura de pós em máquinas de comprimir
(pastilha) ou equipamentos especiais, seguindo de um processo de moagem.
Outro exemplo de obtenção de grânulos por via seca pode-se citar, o pó que
sofreu compressão é adicionado a um moinho, por exemplo, de dois rolos, com o
objetivo de através da compressão produzir uma lâmina de material que
posteriormente será pulverizado para a obtenção de grânulos padrões. Este
método pode ser escolhido, quando a dose efetiva do fármaco é bastante elevada,
para que seja possível recorrer a compressão direta, também quando o fármaco é
sensível ao calor e à umidade. (LIEBERMAN; LACHMAN & SCHWARTZ, 1990;
SOARES & PETROVICK, 1999; LACHMAN; LIEBERMAN & KANIG, 2001;
AULTON, 2005; TOMOKANE, 2005). A partir da obtenção de granulados, por via
úmida ou via seca, segue-se à etapa de compressão propriamente dita para a
obtenção dos comprimidos.
A compressão direta consiste em um processo rápido e é o mais
preferido devido à simplicidade e rapidez do método. Esse termo é usado para o
processo pelo qual define comprimidos diretamente compressíveis, a partir de
misturas em pós da substância medicamentosa e excipientes adequados.
(LIEBERMAN; LACHMAN & SCHWARTZ, 1990; ARORA; GUPTA & SINGHAL,
2007).
Quando comparado com os processos de granulação, a compressão
direta oferece vantagens, por necessitar de somente quatro operações prévias,
que são pesagem, moagem e tamisação, misturas dos pós e por fim a
compressão propriamente dita (Tabela 1). Assim como, resulta em menos
operações unitárias de produção, que significa menos equipamentos e espaço,
custos trabalhistas mais baixos, menor tempo de processamento, menor consumo
energético e conseqüentemente um processo mais econômico. (LIEBERMAN;
LACHMAN & SCHWARTZ, 1990; JATO, 2001; AULTON, 2005; ALDERBORN &
NYSTRÖM, 2008).
Outra vantagem que ainda pode ser citada da compressão direta é o
fato de que durante o processo da mesma não é utilizado calor e nem água e, isso
faz com que o produto obtenha um aumento na estabilidade. (AULTON, 2005;
GOHEL et al, 2004). Neste contexto, percebe-se que a técnica por compressão
direta pode ser considerada a melhor alternativa para a fabricação de comprimidos
convencionais e, também é mais adequada para a indústria pela simplicidade do
24
método. (ARORA; GUPTA & SINGHAL, 2007). Entretanto, a compressão direta
não deve ser tratada como uma simplificação do processo de granulação para
obtenção de comprimidos. (LIEBERMAN; LACHMAN & SCHWARTZ, 1990).
Tabela 1: Fases de produção de comprimidos com etapa prévia de granulação e
por compressão direta.
Comprimidos com
Comprimidos com
Compressão Direta
etapa de granulação
etapa de granulação
por via úmida*
por via seca*
1-Pesagem
1-Pesagem
1-Pesagem
2- Moagem
2- Moagem
2- Moagem e tamisação
3-Mistura
3-Mistura
3-Mistura
4-Massa úmida
4-Comprimir (pastilhas)
4-Compressão
5- Granulação
5-Moagem e tamisação
6-Secagem
6-Compressão
7-Moagem e tamisação
8-Compressão
* Algumas formulações possibilitam mais uma etapa de mistura, antes da compressão, para a
adição de outros constituintes. Fonte: ANSEL; POPOVICH & ALLEN JÚNIOR, 2000; JATO, 2001;
LACHMAN; LIEBERMAN & KANIG, 2001.
No desenvolvimento de comprimidos por compressão direta necessitase de uma avaliação crítica das matérias primas envolvidas, das propriedades de
fluxo e misturas de pós, efeitos da formulação de variáveis na compressibilidade.
(LIEBERMAN; LACHMAN & SCHWARTZ, 1990).
Os excipientes utilizados na compressão direta devem ter propriedades
de
fluidez,
compressibilidade
fácil,
serem
inertes,
inodoros,
de
fácil
processamento, que sejam econômicos e estas propriedades tem influência
significativa para o método. (ANSEL; POPOVICH & ALLEN JÚNIOR, 2000;
LACHMAN; LIEBERMAN & KANIG, 2001; NACHAEGARIL & BANSAL, 2004).
25
3.4.3 Máquinas na Compressão
A compressão propriamente dita ocorre através de uma máquina, que
comprimi uma formulação contendo fármaco(s) e excipiente(s). A mesma ocorre
em uma matriz pela ação de dois punções, o superior e o inferior, por meio dos
quais a força compressional é aplicada. Devida a essa força há um aumento da
proximidade das superfícies das partículas, formando assim pontes entre as
mesmas, as quais concedem coesão ao material, isto é, forma-se um compacto,
ou seja, o comprimido. (LACHMAN; LIEBERMAN & KANIG, 2001; AULTON,
2005).
As
máquinas
de
comprimir
são
constituídas
pelos
seguintes
componentes básicos: (1) tremonhas alimentando a máquina com granulado ou pó
para compressão, (2) matrizes que definem o tamanho e a forma do comprimido,
(3) punções para comprimir o granulado ou pó dentro da matriz, (4) calhas para
orientação e movimentação dos punções e (5) um mecanismo de alimentação que
conduz o grânulo ou pó da tremonha para dentro da matriz. (LACHMAN;
LIEBERMAN & KANIG, 2001).
O procedimento de compressão em uma máquina de comprimir se
resume em algumas etapas, sendo elas – (I) alimentação (a matriz é preenchida
com o fluxo de pó que existe no funil de alimentação); (II) compactação (o punção
superior inicia a decida compactando o complexo); (III) compressão propriamente
dita (o punção inferior não se movimenta enquanto punção superior desce
brutalmente e comprimi com força o material); (IV) ejeção (o punção superior
retorna a sua posição inicial, o punção inferior se eleva e traz o comprimido ao nível
superior da matriz); (V) expulsão (completamente fora da matriz, o comprimido é
expulso com o retorno do alimentador na posição inicial); (VI) pré-alimentação (o
punção inferior volta e inicia outra vez a preencher o pó na matriz) (Figura 5). (HIR,
1997; SOARES & PETROVICK, 1999).
26
Figura 5: Etapas do processo de compressão em máquina de comprimir: (I) alimentação; (II) compactação; (III)
compressão; (IV) ejeção; (V) expulsão; (VI) pré-alimentação.
Fonte: SOARES & PETROVICK, 1999.
Na indústria farmacêutica utilizam-se máquinas de compressões
automáticas as quais podem ser de dois tipos: máquinas excêntrica ou alternativa,
as mais utilizadas e, as máquinas rotativas empregadas apenas para grandes
produções e desenvolvida para aumentar o rendimento da produção de
comprimidos. Máquinas excêntricas (Figura 6) possuem uma única matriz e um par
de punções, já as máquinas rotativas (Figura 7) possuem várias matrizes e jogos
de punções, que podem variar de três para máquinas menores e de sessenta ou
mais para máquinas maiores. (PRISTA, 2003; AULTON, 2005).
27
b)
a)
Figura 6: a) Máquina excêntrica
b) Ciclo de funcionamento.
Fonte: Autor; SOARES & PETROVICK, 1999.
a)
b)
a)
Figura 7: a) Máquina rotativa
b) Ciclo de funcionamento.
Fonte: <http://www.lawes.com.br>; SOARES & PETROVICK, 1999.
28
3.4.4 Forma dos comprimidos
Os comprimidos podem assumir o tamanho e a forma da matriz e dos
punções usados no seu processo de compressão (Figura 9). Podendo também ter
logotipo gravado na superfície para melhor identificação. (LIEBERMAN; LACHMAN
& SCHWARTZ, 1990; ANSEL; POPOVICH & ALLEN JÚNIOR, 2000; REMINGTON,
2004; SWARBRICK, 2007).
O diâmetro e a espessura do comprimido são determinados pelo punção
e pela matriz utilizadas na máquina de compressão. O diâmetro é determinado
pelos punções, quanto mais côncavos forem os punções mais convexos serão os
comprimidos, ou ainda, quanto menos côncavos forem os punções mais planos
serão os mesmos. Já a espessura do comprimido é determinada pela quantidade
de pó que enche a matriz e pela pressão aplicada durante a compressão (Figura 9).
(HIR, 1997; ANSEL; POPOVICH & ALLEN JÚNIOR, 2000).
Figura 8: Diâmetro, forma e a espessura dos comprimidos.
Fonte:< http://www.lawes.com.br>.
29
3.5 Controle de Qualidade
Para que se possa ter um comprimido com características físicas
adequadas e, ainda seguro e eficaz, é preciso ajustar e regular a máquina para
peso, dureza, espessura e desintegração desejável, isso deve ser um controle
mínimo para que possa ter um comprimido adequado e com qualidade. Estes
testes devem ser feitos durante o processo de compressão, afim de que o produto
cumpra as especificações. (LACHMAN; LIEBERMAN & KANIG, 2001; PRISTA,
2003; TOMOKANE, 2005; MOISÉS, 2006).
O peso é determinado pela massa de pó que ocupa a câmara de
compressão, formado pelo punção inferior e a matriz. O mesmo garante ao
produto a dose terapêutica adequada, assim garantindo a sua eficácia no
tratamento. Na prática é impossível conseguir que todos os comprimidos de um
mesmo lote apresentem pesos rigorosamente iguais, mas devem ter pesos
semelhantes e dentro dos padrões. (HIR, 1997; PRISTA, 2003; MOISÉS, 2006).
Depois de se ajustar o peso, deve-se regular a dureza do comprimido,
então esta é ajustada pela corrida do punção superior que determina também a
espessura do material a comprimir, isto é, a espessura está diretamente
relacionada com a pressão exercida na compressão. A dureza é importante, pois
garante a integralidade física do comprimido, permitindo que ele suporte os
choques mecânicos nos processos de embalagem, transporte e também no
manuseamento. A espessura varia com mudanças no enchimento da matriz,
distribuição do tamanho da partícula, empacotamento das partículas e força de
compressão. (HIR, 1997; LACHMAN; LIEBERMAN & KANIG, 2001; PRISTA,
2003; TOMOKANE, 2005; MOISÉS, 2006).
Regulado o peso e a dureza do comprimido, avalia-se o tempo que o
mesmo leva para desintegrar no meio gástrico, seguindo o limite específico na
farmacopéia. Quanto maior for à força compressional usada na produção de
comprimidos, menos porosos e mais duros estes se apresentam. Desta forma,
compreende-se que quanto menos porosos e mais resistentes os comprimidos
apresentam-se, este problema acarreta em um maior tempo de desintegração.
Então se pode ajustar a desintegração aumentando ou diminuindo a pressão, mas
30
sem comprometer a dureza do comprimido. (HIR, 1997; FARMACOPÉIA, 1988;
MOISÉS, 2006).
3.6 Problemas na compressão
Na compactação, a aplicação de uma força externa sobre as partículas
de um pó ou outro particulado sólido resulta em transferência de força através dos
pontos de contato interparticulares, promovendo uma deformação no material.
Essa deformação pode apresentar comportamento do tipo elástico, plástico e
destrutivo, e está relacionada com a força que é aplicada e a duração da ação da
mesma, assim como as propriedades físicas do material a comprimir. (SOARES &
PETROVICK, 1999).
O comportamento elástico ocorre quando o material retorna a sua forma
original, ou seja, seu volume inicial, isso acontece quando a pressão exercida
pelos punções é removida. Enquanto que na deformação plástica se caracteriza
pela diminuição do material não recuperando o volume inicial e neste caso
acontece por aplicação da força. Na deformação destrutiva resulta em ruptura do
material, a pressão na superfície da matriz provoca uma tensão interna no
comprimido que leva a sua ruptura dentro da matriz de compressão. (LACHMAN;
LIEBERMAN & KANIG, 2001; PRISTA, 2003).
Durante o processo de obtenção dos comprimidos, há possibilidade de
ocorrer problemas na formulação, nas técnicas de produções ou até mesmo nos
equipamentos, que podem impactar na qualidade do produto. Dentre os problemas
encontrados podem ser citados capeamento ou descoroação (Figura 9) que é
observado no produto acabado. Os comprimidos apresentam-se lascados ou
descabeçados, ou seja, quando a parte superior ou inferior solta do resto. Também
pode ser citada a laminação (Figura 10) que é a divisão do comprimido em duas ou
mais camadas distintas nos lados. Isto se deve por excesso de pressão na
compressão, baixa quantidade de aglutinante, punções e matrizes sujos e rugosos
ou elevada velocidade de compressão, ou ainda mesmo durante a descompressão
dentro da matriz, quando ocorre as deformações do tipo elástico, plástico ou
destrutiva. No comprimido, com etapa prévia de granulação, pode ocorrer a
31
descoroação e a laminação, devido ao grânulo estar muito seco, pois falta coesão
do material. Na compressão direta também ocorre o mesmo com alguns materiais,
devido aos pós possuírem partículas muito finas e assim podem não ser
compressíveis ou, podem apresentar propriedades de compressão menos
adequadas.
(ANSEL;
POPOVICH
&
ALLEN
JÚNIOR,
2000;
LACHMAN;
LIEBERMAN & KANIG, 2001; PRISTA, 2003; AULTON, 2005; SILVA, 2008).
Figura 9: Ilustração de capeamento e laminação.
Fonte: AULTON, 2005.
Outro problema é o picking e o sticking (Figura 11) que ocorrem quando
os comprimidos apresentam aderência aos punções superiores e inferiores
(picking) ou ás matrizes (sticking), gerando deformações nos mesmos. As possíveis
causas para picking e sticking são granulados úmidos, absorção de umidade
durante a compressão, uso de punções e matrizes riscados, existência de folgas
entre as matrizes e os punções inferiores ou deficiência de lubrificante. As
conseqüências desses problemas podem ser alta variação de peso e da
concentração do fármaco nos comprimidos. Portando, isto deve ser evitado,
assegurando-se que o complexo farmacêutico possua propriedades técnicas
adequadas e que a máquina de comprimir seja corretamente polida e limpa.
(LIEBERMAN; LACHMAN & SCHWARTZ, 1990; PRISTA, 2003; AULTON, 2005;
SILVA, 2008).
a)
a)
b)
Figura 10: a) Comprimidos com qualidade; b) Comprimidos
com Sticking e Picking.
b)
Fonte: <http://www.pharmainfo.net/reviews/various-polymer-use-pharmaceutical-applicationand-polymer-coating>.
32
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Matérias-primas
Captopril (Delaware, Brasil), croscarmelose sódica (Henrijarna, Brasil),
talco (Natural Pharma, Brasil), estearato de magnésio (All Chemystri, Brasil), ácido
esteárico (Natural Pharma, Brasil), dióxido de silício coloidal (Delaware, Brasil),
celulose microcristalina MC 102 (Natural Pharma, Brasil), lactose Malha 200
(Natural Pharma, Brasil).
4.2 Equipamentos
Balança semi-analítica (Gehaka, modelo Ag 200); Misturador em V (minimisturador Lemaq); Tamis (Granutest, Malha 42mm); Máquina de compressão
(monopress LM-1- Lemaq); Friabilômetro (Nova ética, modelo 300); Durômetro
(Nova ética, modelo 298); Desintegrador (Nova ética, modelo 301 AC); Paquímetro
eletrônico digital (Worker); Gral de porcelana (Chiarotti mauá).
4.3 Métodos
4.3.1 Obtenção dos comprimidos
Comprimidos de Captopril, contendo 25mg de fármaco, foram preparados
através de compressão direta. Inicialmente, foram feitos os cálculos para obtenção
de uma massa total de 150 mg por comprimido, perfazendo um total de matéria
prima suficiente para produzir 3000 comprimidos (aproximadamente 450 g) como
lote inicial. Em seguida, todas as matérias-primas da formulação foram pesadas em
33
balança semi-analítica e, submetidas a um tratamento prévio com as etapas de
moagem e tamisação, utilizando um gral de porcelana e tamis (malha 42 mm),
respectivamente. Na seqüência, as mesmas foram misturadas em mini-misturador
em V por 30 minutos. Após realizou-se a compressão em uma máquina
compressora (Monopress LM-1), utilizando-se conjunto de matriz e punções
bicôncavos de 7 mm de diâmetro. O punção inferior foi ajustado para peso médio do
comprimido de 150 mg. A fórmula 1 está proposta de acordo com SILVA & BAZZO
(2005), contento os seguintes excipientes e concentrações: lactose (26,5%),
celulose microcristalina (18,0%), croscarmelose sódica (0,7%), dióxido de silício
coloidal (0,3%), estearato de magnésio (1,5%) e talco (3,0%).
4.3.2 Análises de Controle de Qualidade
4.3.2.1 Peso médio
Foram pesados, individualmente em uma balança semi-analítica, vinte
comprimidos e, em seguida, determinou-se o peso médio dos mesmos. Utilizando
uma variação de 7,5 % no peso dos comprimidos, com base de 150 mg.
(FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988).
4.3.2.2 Diâmetro e espessura
Utilizou-se o paquímetro digital e foram utilizados vinte comprimidos para
o diâmetro e para espessura.
34
4.3.2.3 Teste de friabilidade
Este teste foi realizado conforme as especificações da Farmacopéia
Brasileira (1988) que consta em pesar com exatidão vinte comprimidos, submetêlos ao friabilômetro, a cem rotações num período de cinco minutos, retirá-los após
remover qualquer resíduo e poeira dos comprimidos, e pesá-los novamente.
Consideram-se aceitáveis os comprimidos com perda inferior a 1,5 % do seu peso.
4.3.2.3 Teste de Desintegração
Foram
utilizados
seis
comprimidos
no
teste.
Adicionou-se
um
comprimido em cada um dos seis tubos da cesta e acrescentou-se um disco de
plástico sobre este. Os tubos foram colocados em banho de água (37° C) e,
acionou-se o aparelho. O teste foi finalizado quando todos os fragmentos visíveis
dos comprimidos, formados durante a desintegração, foram eliminados dos tubos.
O limite de tempo de desintegração de comprimidos é de 30 minutos.
(FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988).
4.3.2.5 Teste de dureza
O teste da dureza, também foi realizado conforme a metodologia da
Farmacopéia Brasileira (1988), utilizando-se os 20 comprimidos que foram
submetidos ao teste da pesagem. Submeteu-se cada comprimido separadamente
em ação do aparelho, o durômetro, medindo a força aplicada para esmagá-lo. Para
teste de comprimidos, o mínimo aceitável é 30 N (aproximadamente 3 Kgf).
35
5 RESULTADO E DISCUSSÃO
5.1 Obtenção dos comprimidos
O cálculo foi realizado baseando-se na dose padrão para o captopril de
25 mg e, buscando uma massa total para o comprimido de 150 mg. Este peso foi
projetado devido às condições da máquina compressora monopress LM-1, com o
conjunto de punções e matriz (bicôncova; 7 mm), existentes no laboratório de
tecnologia farmacêutica da Universidade do Extremo Sul Catarinense. Onde se
observou que com um peso menor, do total da massa do comprimido, não era
possível ter ajuste de peso e pressão suficiente para a obtenção dos comprimidos,
ocorrendo travamento da máquina. A partir da formulação de SILVA & BAZZO
(2005) iniciou-se o desenvolvimento da Fórmula 1. Sendo utilizado como operações
farmacêuticas a moagem, com o propósito de reduzir o tamanho das partículas, para
facilitar a produção e, também, buscando melhores possibilidades de absorção por
via oral (BENET & HOENER, 2002) e, a tamisação tendo como objetivo a
padronização do tamanho das partículas. Após buscou-se, através de regulagem
manual da máquina, o posicionamento dos punções e pressão exercida para serem
obtidos comprimidos com peso e dureza aceitáveis. Mas, observou-se que havia
falta de fluxo dos pós, sendo assim, reajustou-se a concentração de excipientes na
formulação. As concentrações de excipientes utilizadas foram determinadas a partir
da monografia de cada um dos mesmos e ainda cada reajuste na formulação era
testada, assim originou-se uma nova formulação de comprimidos de captopril
(Fórmula 2; Tabela 2). Mas, observou que ainda havia falta de fluxo dos pós, então
se reajustou novamente as concentrações dos excipientes, dando origem a Fórmula
3 (Tabela 2). Obtendo-se assim, comprimidos que apresentaram 7 mm de diâmetro,
com 3 a 4 mm de espessura, com cor branca, superfície lisa e uniforme, sem
manchas, com brilho na superfície, peso e dureza esperados. Durante pesquisa
bibliográfica, observou-se que CHENG e colaboradores (2008), estudaram as
possíveis interações do captopril e diferentes lubrificantes. Neste estudo, através de
análises termogravimétricas e calorimetria diferencial exploratória, observou-se que
o captopril e o estearato de magnésio podem ter uma possível interação
significativa, devido ao grupo carboxílico do captopril e o mesmo grupo do estearato
36
de magnésio. Levando-se ao entendimento que a formulação proposta por SILVA &
BAZZO (2005), embora tenha sido possível desenvolver comprimidos com esta
formulação, existe a possibilidade de os mesmos não oferecerem a qualidade
necessária. Desta forma, foi iniciada uma reavaliação das fontes bibliográficas para
a pesquisa de formulações. Sabendo-se que medicamento de referência é produto
inovador registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e
comercializado no País, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas
cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro. (Lei
9.787, de 10 de fevereiro de 1999). Assim, entende-se que a pesquisa deve ser
iniciada pela descrição da formulação proposta para o medicamento de referência
do captopril, que é o Capoten®. Nesta, a formulação é composta de captopril (25 ou
50 mg) e excipientes (amido; celulose microcristalina; lactose e o ácido esteárico).
Dentre os excipientes utilizados para o medicamento de referência observa-se que o
lubrificante usado é o ácido esteárico. Segundo o estudo de CHENG e
colaboradores (2008), o ácido esteárico não possui incompatibilidade com o
captopril, vindo ao encontro de que é viável a alteração do estearato de magnésio
por ácido esteárico na formulação, dando origem assim a Fórmula 4 (Tabela 2).
Embora a formulação proposta por SILVA & BAZZO (2005) utilize outras matériasprimas que não são comuns à formulação encontrada no medicamento de
referência, como por exemplo, o talco e a croscarmelose. Desta forma, entende-se
que estudos de compatibilidade química devem ser feitos com estes excipientes.
Lembrando ainda que a formulação proposta neste estudo contendo captopril,
croscarmelose sódica, talco, estearato de magnésio, dióxido de silício coloidal,
celulose microcristalina e lactose, só poderá ser comercializada se for comprovados
os estudos de bioequivalência e equivalência farmacêutica, assim, como é exigido
pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 133, de 29 de maio de 2003, onde
consta que medicamentos similares devem ser submetidos aos testes de
equivalência farmacêutica e bioequivalência. Assim como os de referência e
genérico. Apresentando a metodologia utilizada nestes testes e seus resultados
obtidos.
Por possuir característica física cristalina, o captopril, tem a tendência de
apresentar comportamento do tipo elástico, isto é, quando os materiais recuperam
seu volume inicial após sofrerem compressão. No entanto, foram obtidos
comprimidos com qualidade sem presença de capeamento e laminação,
37
característicos do comportamento do tipo elástico, isso devesse provavelmente aos
excipientes selecionados para o processo de compressão e, também deve estar
relacionada com a força que foi aplicada e a duração da ação da mesma no
momento de compressão. Provando que o conjunto, formulação e ajuste de pressão,
foram adequados para a produção de comprimidos.
Neste
mesmo
contexto,
os
comprimidos
obtidos
também
não
apresentaram problemas de picking e o sticking, sendo que, umas das principais
causas desses problemas são absorção de umidade durante a compressão, uso de
punções e matrizes riscados e a deficiência de lubrificante. Na formulação existia
excipiente com função de adsorção de umidade (Aerosil), então comprova que o
excipiente selecionado ajudou durante a compressão, para que não houvesse o
picking e o sticking e, ainda comprova que a concentração usada de lubrificante foi
adequada para a formulação. Foram usados punções e matriz com qualidade para
que contribuíssem com o produto final adequado.
Tabela 2: Formulação de comprimidos de captopril.
Matérias-primas
Fórmula 2
Fórmula 3
Fórmula 4
Captopril
16,66%
16,66%
16,66%
Croscarmelose sódica
0,70%
0,70%
0,70%
Talco
5,00%
5,00%
5,00%
Estearato de magnésio
1,50%
1,50%
____
____
____
3,00%
Dióxido de silício coloidal
0,30%
1,00%
1,00%
Celulose microcristalina
18,00%
50,00%
50,00%
Lactose
57,84%
25,14%
23,64%
Ácido esteárico
Fonte: Autor.
38
5.2 Análises de Controle de Qualidade
5.2.1 Peso médio
Ao avaliar o peso dos comprimidos obtidos após a desenvolvimento da
Fórmula 4 (Tabela 3), observou-se que todos os valores apresentados atenderam á
especificação da farmacopéia brasileira de uma variação de 7,5 % (FARMACOPÉIA
BRASILEIRA, 1988).
Tabela 3: Peso de comprimidos de captopril
Número do comprimido
Peso(g)
1
0,1509
2
0,1508
3
0,1513
4
0,1507
5
0,1492
6
0,1472
7
0,1538
8
0,1524
9
0,1467
10
0,1500
11
0,1479
12
0,1526
13
0,1521
14
0,1502
15
0,1491
16
0,1515
17
0,1509
18
0,1467
19
0,1499
20
0,1492
Média
Desvio padrão
0,150155
0,00197
39
5.2.2 Diâmetro e espessura
Os comprimidos obtidos na Fórmula 4 apresentaram em média de 7,03
mm de diâmetro e 3,49 mm de espessura, conforme matriz utilizada e peso
estabelecido para os comprimidos respectivamente (Tabela 4).
Tabela 4: Diâmetro e espessura dos comprimidos
Número de comprimidos
Diâmetro (mm)
Espessura(mm)
1
7,05
3,45
2
7,02
3,49
3
7,00
3,51
4
7,01
3,51
5
7,04
3,45
6
7,03
3,57
7
7,04
3,57
8
7,03
3,44
9
7,04
3,46
10
7,04
3,50
11
7,04
3,52
12
7,03
3,49
13
7,04
3,48
14
7,04
3,50
15
7,04
348
16
7,03
3,46
17
7,03
3,50
18
7,05
3,49
19
7,05
3,50
20
7,04
3,51
Média
7,03
3,49
40
5.2.3 Friabilidade
O peso dos comprimidos da Fórmula 4, antes de ir para o aparelho de
friabilômetro foi de 2,9820 g e após de 5 minutos no aparelho os mesmos
apresentaram o peso de 2,9680 g. A diferença entre o peso inicial e o peso final foi
de 0,014 g, que representa 0,469 % de pó perdido. Então considera-se que o valor
da friabilidade apresentada está dentro do preconizado pela Farmacopéia Brasileira,
que é de uma perda inferior a 1,5 % de pó perdido dos comprimidos
(FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988).
5.2.4 Dureza
Conforme a Tabela 5 verifica-se que todos os comprimidos da Fórmula 4,
submetidos ao durômetro atenderam as especificações da Farmacopéia Brasileira,
que seria uma força mínima aceitável de 3 kgf (FARMACOPÉIA BRASILEIRA,
1988).
Tabela 5: Dureza dos comprimidos
Número de comprimidos
Força (kgf)
1
5,0
2
5,0
3
5,0
4
5,0
5
5,5
6
5,0
7
5,5
8
5,5
9
5,5
10
5,5
Média
5,25
41
5.2.5 Desintegração
Na Fórmula 4 observou-se que comprimidos desintegram-se em 33
segundos, estando dentro dos parâmetros especificados pela Farmacopéia
Brasileira, que seria um limite de tempo de 30 minutos.
BRASILEIRA, 1988).
(FARMACOPÉIA
42
6 CONCLUSÕES
•
Antes de propor qualquer formulação devem ser pesquisados e selecionados todos
os componentes, concentrações e compatibilidade entre as matérias-primas que
fazem parte dos mesmos, para ter bioequivalência e equivalência farmacêutica,
assim buscando um comprimido seguro e eficaz.
•
A produção de comprimidos de captopril por compressão direta em máquina
compressora excêntrica modelo monopress LM-1, originou comprimidos com bordas
e superfícies lisas, coloração uniforme e a qualidade dos comprimidos obtidos
estavam todos dentro do limite preconizado pela Farmacopéia Brasileira.
•
Os excipientes tecnológicos foram de extrema importância para a Fórmula 4, pois
não houve ocorrência de deformações dos comprimidos e nem outros problemas
durante o processamento.
•
Então fica cada vez mais evidente o quanto é importante a procura por fontes
bibliográficas corretas e seguras. Neste caso, como o medicamento seria similar, o
melhor para a pesquisa de uma nova formulação, seria o medicamento de
referência, onde este já tem a comprovação de segurança, eficácia e qualidade dos
comprimidos obtidos, para que não aconteça problema de incompatibilidade entre os
componentes e assim obtendo sucesso na formulação.
•
Como perspectivas deste estudo sugere-se o desenvolvimento de outros testes de
controle de qualidade buscando assim, atender a exigência da legislação brasileira
quanto aos estudos de bioequivalência e equivalência farmacêutica.
43
7 REFERÊNCIAS
ALDERBORN, G; NYSTRÖM, C. Pharmaceutical powder compaction
technology. New York: Informa Healthcare, 2008. 610p.
ANSEL, H. C.; POPOVICH, N. G.; ALLEN JÚNIOR, L. V. Farmacotécnica : formas
farmacêuticas & sistemas de liberação de fármacos. 6.ed. São Paulo: Premier,
2000. 568 p.
AULTON, M. E. Delineamento de formas farmacêuticas. 2. ed Porto Alegre:
ARTMED, 2005. 677 p.
ARORA, V.; GUPTA V. B.; SINGHAL, R. Advances in direct compression technology.
Pharma Times, Vol 39, n.2, pág 26-27, fev. 2007.
BAZZO, C.B; SILVA, M. A. S. Estudo termo analítico de comprimidos revestidos
contendo captopril através de termogravimetria (TG) e calorimetria exploratória
diferencial (DSC). Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. vol. 41, n. 3, 315
a 322p, 2005.
BENET, L. Z.; HOENER, B. Factors Influencing Drug Absorption and Drug
Availability In: BANKER, G. S.; RHODES, C. T. Modern Pharmaceutics. 4º ed. New
York: Marcel Dekker, v. 121, p. 93-117, 2002.
BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária. CBM:
compêndio de bulas de medicamentos: princípios ativos de A a G. Brasília:
Ministério da Saúde, 2005. vol.I.
BRASIL, Lei 9.787, de 10 de fevereiro de 1999. Dispõe sobre a vigilância sanitária,
estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos
em produtos farmacêuticos e dá outras providências. Disponível em <http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=245>. Acesso ás 30/05/09 ás 15:00
horas.
BRASIL, Resolução - RDC nº 17, de 2 de março de 2007. Dispõe sobre o registro de
Medicamento Similar e dá outras providências. Disponível em <http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?mode=PRINT VERSION&id=26132>.
Acesso ás 30/05/09 ás 14:00 horas.
44
BRASIL Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica.
Hipertensão arterial sistêmica. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006. 94 p.
CHENG, W-T; WANG, S-L; LIN, S-Y. Solid-state interaction study on the
captopril/lubricants systems accelerated by grinding process. Journal of Physics
and Chemistry of Solids, 2008, p.1007–1016.
COMPRIMIDOS COM QUALIDADE, uma figura. Disponível em
<http://www.pharmainfo.net/reviews/various-polymer-use-pharmaceutical-applicationand-polymer-coating>. Acesso em 16/04/09 ás 16:25 minutos.
COMPRIMIDOS COM STICKING E PICKING, uma figura. Disponível em
<http://www.pharmainfo.net/reviews/various-polymer-use-pharmaceutical-applicationand-polymer-coating>. Acesso em 16/05/09 ás 16:30 minutos.
COTRAN, R. S.; KUMAR, V.; ROBBINS, S. L. Robbins patologia estrutural e
funcional. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2000.
FARMACOPÉIA brasileira. 4.ed. São Paulo: Atheneu, 1988. Parte I.
GOHEL, M.C; PATEL, L.D; BARIYA, S. H; DAVE, R. K; BARIYA, N. H.
Desenvolvimento e avaliação de um diluente multifuncional de compressão direta
consistindo em materiais frágeis e elásticos. Pharmaceutical Technology (Edição
Brasileira), São Paulo. V.8, n. 2, p. 54 – 58, abr. 2004.
HIR, A. L. Noções de farmácia galênica. 6.ed São Paulo: Andrei, 1997. 444 p.
JATO, J. L.V. Tecnología farmacéutica. Madrid: Sintesis, 2001. vol. II.
KATZUNG, B. G. Farmacologia: básica & clínica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006. 991 p
LACHMAN, L.; LIEBERMAN, H.; KANIG, J. L. Teoria e prática na indústria
farmacêutica. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. 2.v.
LIEBERMAN, H. A.; LACHMAN, L; SCHWARTZ, J.B. (Ed). Pharmaceutical
dosage forms. 2.ed New York, USA: Marcel Dekker, 1990. 3.v.
45
LUND, W. (Editor). The pharmaceutical codex: principles and practice of
pharmaceutics. 12.ed. London: The Pharmaceutical, 1994.
MÁQUINA ROTATIVA, uma figura. Disponível em <http://www.lawes.com.br>.
Acesso em 30/04/09 ás 21:35 minutos.
MATRIZES E PUNÇÕES, duas figuras. Disponível em <http://www.lawes.com.br>.
Acesso em 07/05/09 ás 15:00 horas.
MISTURADOR CÔNICO DUPLO, uma figura. Disponível em
<http://www.tecosmaq.com. br>. Acesso ás 20/05/09 ás 18:15 minutos.
MISTURADOR EM V, uma figura. Disponível em <http://www.lemaq.com.br>.
Acesso em 22/05/09 ás 22:00 horas.
MISTURADOR EM Y, uma figura. Disponível em <http//www.tecosmaq.com.br>.
Acesso em 22/05/09 ás 20:30 minutos.
MOINHOS DE FACAS, uma figura. Disponível em
<http://www.beckerindustrial.com.br>. Acesso em 31/05/09 ás 18:00 horas.
MOINHOS DE ROLOS, uma figura. Disponível em <http://www.marconi.com.br>.
Acesso em 27/05/09 ás 20: 00 horas.
MOINHO DE MERTELO, uma figura. Disponível em
<http://www.tecosmaq.com.br>. Acesso em 27/05/09 ás 19:00 horas.
MOISÉS, R. P. Tecnologia de produção de comprimidos. Fármacos &
Medicamentos, São Paulo, v. 7, n. 38 , p. 38-46, jan./fev. 2006.
MOREIRA. R. F. Farmacotécnica de formas farmacêuticas sólidas. Fármacos &
Medicamentos, São Paulo, n.47 p. 15-23, jul./ago. 2007.
NACHAEGARIL, S.K; BANSAL, A. K. Co-processamento de excipientes para
formas farmacêuticas de dosagem sólidas. Pharmaceutical Technology (Edição
Brasileira). V.8, n. 2, p. 42 – 52, abr. 2004.
46
PAULA, I. C. de; RIBEIRO, J. L. D. Problemas de Scaling-UP no desenvolvimento
de produtos farmacêuticos em empresas brasileiras. Produto & produção. V.5,
n.3, p. 17-32, out. 2001.
PRISTA, L. V. N. Tecnologia farmacêutica. Lisboa, Portugal: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2003. vol. I.
RANG, H. P.; DALE, M. M.. Farmacologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
829p.
REMINGTON, J. P. Remington : a ciência e a prática da farmácia. 20. ed Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 2208 p.
ROWE, R. C.; SHESKEY, P. J.; OWEN, Siân C. Handbook of pharmaceutical
excipients. 5.ed London: PhP, 2006. 918 p.
SILVA, R. C. F. Problemas na fabricação de comprimidos – Causas e soluções.
Fármacos & Medicamentos, São Paulo, n. 53, p. 28-32, Jul./Ago. 2008.
SILVA, S. M. L; DRUMOND, M. F.B.; CHENG, L.C. Um estudo da contribuição do
desdobramento da função qualidade – QFD no desenvolvimento farmacotécnico de
medicamentos. Pharmaceutical Technology (Edição Brasileira), São Paulo V.8,
n. 1, p 26 – 50, fev. 2004.
SOARES, L.A.L, PETROVICK, P, R. Física da compressão. Caderno de Farmácia,
v.15, n. 2, p 65 – 79, 1999.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL. IV Diretrizes
Brasileiras de Hipertensão Arterial. São Paulo, 17 a 19 fev. 2005.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL. V Diretrizes
Brasileiras de Hipertensão Arterial. São Paulo, 13 fev. 2006.
SWARBRICK, J. Encyclopedia of pharmaceutical technology. 3rd ed New York,
USA: Informa Healthcare, 2007. vol.VI.
47
SWEETMAN, S. C. Martindale: the complete drug reference. 35. ed. London: PhP,
2007. vol. II.
TAMISES, uma figura. Disponível em
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tamises_ metalicos>. Acesso em 05/05/09
ás 18:00 horas.
TAYLOR, J. Tendências atuais e desafios no mercado de excipientes.
Pharmaceutical Technology (Edição Brasileira), São Paulo, v.11, n.3 , p. 18-24,
jun. 2007.
TOMOKANE, N. K. M. Tecnologia para fabricação de formas farmacêuticas secas.
Fármacos & Medicamentos, São Paulo, v. 6, n. 32, p. 18-26, jan./fev. 2005.
Download