1 ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ DEPARTAMENTO DE HIGIENE E MEDICINA PREVENTIVA MESTRADO INTERINSTITUCIONAL EM SAÚDE PÚBLICA HANSENÍASE NO ESTADO DO PARÁ: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA POPULAÇÃO QUE DEMANDA INTERNAÇÃO POR REAÇÕES HANSÊNICAS. por Claudio Galeno de Miranda Soares Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre em Ciências na área de Saúde Pública Orientador: Sérgio Koifman Co-orientadora: Rosalina Koifman BELÉM, PA Novembro, 2001 2 ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ DEPARTAMENTO DE HIGIENE E MEDICINA PREVENTIVA MESTRADO INTERINSTITUCIONAL EM SAÚDE PÚBLICA Esta dissertação, intitulada HANSENÍASE NO ESTADO DO PARÁ: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA POPULAÇÃO QUE DEMANDA INTERNAÇÃO POR REAÇÕES HANSÊNICAS. apresentada por Claudio Galeno de Miranda Soares foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros: Profª Drª Helena dos Santos Profª Drª Inês Echnique Mattos Prof Dr Sérgio Koifman - orientador Dissertação defendida e aprovada em 08 de novembro de 2001. I DEDICATÓRIA Á MEMÓRIA DE LOURDES E LAURESTINO, MEUS PAIS, DE JACY E VERA, TIA E IRMÃ, TODOS SEMPRE LEMBRADOS COM MUITA SAUDADE Á MINHA GRANDE FAMÍLIA: MARY, CLAUDIO FILHO, FABRÍCIO, RITA, LUCIANA, SANDRO, ANELISE, SANDRO FILHO OLÍMPIA. E II EPÍGRAFE “NA HORA DA TRIBULAÇÃO, CLAMEI AO SENHOR E ÊLE ME ATENDEU”... HEBR, 120 AGRADEÇO AS DÁDIVAS RECEBIDAS. NAQUELES MOMENTOS DIFÍCEIS SENTI QUE, AO LONGO DO PROCESSO EVOLUTIVO, NADA EXISTE EM NOSSA TRAJETÓRIA QUE NÃO SEJA PARA NOSSO APRENDIZADO. III AGRADECIMENTOS Á professora Eluiza Helena Leite Árias, amiga e colega do Curso de Mestrado em Saúde Pública, pelo apoio e estímulo. Aos funcionários da Divisão de Arquivo Médico e Estatística (DAME) do Hospital Universitário João de Barros Barreto, pela compreensão e presteza no atendimento às constantes solicitações de consultas aos prontuários. Á professora Marizeth Carvalho de Andrade, pela disponibilidade e competência nos cálculos estatísticos. Ao Ian Barroso, Ruberpaulo Menezes e Ricardo Araújo, diletos alunos do Curso de Medicina pela colaboração na análise dos documentos. Ao Thiago José de Miranda Almeida, pela dedicação e eficiência na consultoría do banco de dados. Á fisioterapeuta Rita de Cássia Miranda Silva, pela revisão dos capítulos deste trabalho Á Luciana e Sandro Pinheiro, pelo carinho e firmeza profissional na editoração final da dissertação IV RESUMO A HANSENÍASE PARÁ PERSISTE, ATÉ O MOMENTO, COMO PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA. É HIPERENDÊMICA. EPIDEMIOLÓGICO DE NO PERÍODO DE 270 1992 A O (20,7%), ACONTECERAM EM (93,7%) PACIENTES INTERNADOS POR REAÇÃO HANSÊNICA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO, 1999, ADMISSÕES. AS VARIÁVEIS APONTARAM COMO DE MAIOR IDADE MEDIANA DE 32 ANOS, CATEGORIA SOLTEIRO NUM TOTAL DE (73%), 477 PROCEDÊNCIA DA CAPITAL DO 94,5% DURANTE A QUIMIOTERAPIA. E A FORMA VIRCHOWIANA (83%). OS DO OBJETIVO PRINCIPAL DESTE ESTUDO FOI DESCREVER E ANALISAR O PERFIL FREQÜÊNCIA O SEXO MASCULINO ESTUDANTE NO ESTADO (90,5%). HOUVE ESTADO (51,1%). AS A RR OCORREU EM 4%, INTERNAÇÕES POR REAÇÃO SENDO PREVALENTES O PREDOMINÂNCIA NA OCORRÊNCIA DE 1 A 3 (20%), ENH EPISÓDIOS INDICADORES HOSPITALARES DAS REAÇÕES REVELARAM O TIPO DE ALTA MELHORADO FREQÜÊNCIA DE NECRÓPSIAS (60,2%), (97,3%), MOTIVO DE ALTA POR CONDUTA MÉDICA COM RECOMENDAÇÃO DE COMPLEMENTAÇÃO DE TRATAMENTO AMBULATORIAL (56,5%), TEMPO DE PERMANÊNCIA MEDIANO DE MOTIVO DE PERMANÊNCIA MAIOR VINCULADA À EVOLUÇÃO PRÓPRIA DA PATOLOGÍA (93,4%). O 13 DIAS, TRATAMENTO CLÍNICO FOI INDICADO EM 96,4% DAS INTERNAÇÕES, SENDO 3,6% DOS PACIENTES ADMITIDOS À CIRURGIA. DESCRITORES : HANSENÍASE, INTERNAÇÃO REAÇÃO HANSÊNICA. POR REAÇÃO HANSÊNICA, INDICADORES HOSPITALARES EM V ABSTRACT THE HANSEN’S HYPERENDEMIC. THE DISEASE HAS BEEN A PUBLIC HEALTH PROBLEM. 1922 FREQUENCY OF MEN TO 270 1999, (73%), WITH A TOTAL OF AGE’S AVERAGE OF 32 477 ADMISSIONS. YEARS, SINGLES THE RR (90,5%). THERE WAS PREDOMINANCE IN THE OCCURRENCE OF OCCURRED IN THE (60,2%), VARIANTS HAVE SHOWN HIGH STUDENTS ADMISSIONS BY REACTION HAPPENED IN CHEMOTHERAPY. 4%, BEING PREVALENT 1 ENH (93%) TO 3 RECOMMENDATION (20,7%), 94,5% FROM THE DURING THE AND THE VIRCHOW’S FORM EPISODES REACTION INDICATORS HAVE SHOWN A BETTER DISCHARGE FROM THE HOSPITAL (20%), IT’S PATIENTS ADMITTED BECAUSE OF LEPROSY REACTION IN A UNIVERSITY (51,1%). THE CAPITAL OF THE STATE NECROPSY PARÁ THE STATE OF PRINCIPAL OBJECTIVE OF THIS STUDY IS THE DESCRIPTION AND ANALYSIS OF EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF HOSPITAL FROM IN (83%). THE (97,3%), HOSPITAL’S FREQUENCY OF DISCHARGE REASON BY MEDICAL CONDUCT WITH ADDITIONAL CLINICAL TREATMENT (56,5%), PERMANENCE TIME’S AVERAGE OF CONNECTED TO PATHOLOGICAL EVOLUTION (93,4%). THE 13 DAYS, MAIN PERMANENCE REASON CLINICAL TREATMENT WAS INDICATED IN 96,4% OF THE ADMISSIONS AND 3,6% OF THE PATIENTS WERE SENT TO SURGERY. KEYWORDS: HANSEN’S INDICATORS. DISEASE, ADMISSION BY LEPROSY REACTION, HOSPITAL’S LEPROSY REACTION VI SUMÁRIO LISTA DE QUADROS, TABELAS E FIGURAS ..............................................................................................VII LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................................................................IX 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 1 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................................................... 2 2.1 HANSENÍASE: DEFINIÇÃO, EPIDEMIOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E HISTOPATOLÓGICAS. .......................... 2 2.2 REAÇÕES HANSÊNICAS ........................................................................................................................ 12 2.2.1. HISTÓRICO, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, HISTOPATOLÓGICAS E CONSEQÜÊNCIAS. ........................................ 12 2.2.2 EPIDEMIOLOGIA ......................................................................................................................................... 20 2.2.3 FATORES DE RISCO ................................................................................................................................... 22 2.2.4 IMUNOLOGIA NA REAÇÃO ........................................................................................................................... 24 2.2.5 TRATAMENTO ............................................................................................................................................ 30 3. JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................................... 38 4. OBJETIVOS ................................................................................................................................................. 39 4.1 OBJETIVO GERAL.......................................................................................................................................... 39 4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................................................. 39 5. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................................................. 40 6. RESULTADOS ............................................................................................................................................ 45 7. DISCUSSÃO ................................................................................................................................................ 72 8. CONCLUSÃO............................................................................................................................................... 81 9. RECOMENDAÇÕES.................................................................................................................................... 82 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................... 83 VII LISTA DE QUADROS, TABELAS E FIGURAS BANCO 1- .............................................................................................................................................................. 45 Quadro 1: Distribuição dos pacientes internados por Reação Hansênica segundo Características Demográficas ....................................................................................................................................................... 45 TABELA 1: DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO TIPO DE REAÇÃO E SEXO ................................... 46 TABELA 2: DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO FAIXA ETÁRIA E SEXO ....................................... 46 TABELA 3: DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO TIPO DE REAÇÃO E FAIXA ETÁRIA ...................... 47 TABELA 4: DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO TIPO DE REAÇÃO E ESTADO CIVIL ...................... 47 QUADRO 2: CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS INTERNAÇÕES POR REAÇÃO HANSÊNICA .......................................... 48 TABELA 5: DISTRIBUIÇÃO DAS REAÇÕES HANSÊNICAS EM PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO TIPO DE REAÇÃO E FASE DE ATIVIDADE DA DOENÇA ........................................................................................................................... 49 TABELA 6: DISTRIBUIÇÃO DAS REAÇÕES HANSÊNICAS EM PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO TIPO DE REAÇÃO E FORMA CLINICA ................................................................................................................................................... 49 TABELA 7: DISTRIBUIÇÃO DAS REAÇÕES HANSÊNICAS EM PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO NÚMERO DE EPISÓDIOS E TIPO DE REAÇÃO ................................................................................................................................ 50 QUADRO 3: DISTRIBUIÇÃO DAS REAÇÕES HANSÊNICAS EM PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO MOVIMENTO HOSPITALAR .......................................................................................................................................................... 51 BANCO 2............................................................................................................................................................. 53 QUADRO 4:DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES INTERNADOS POR REAÇÃO HANSÊNICA, SEGUNDO CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS ...................................................................................................................................................... 53 TABELA 8: DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO TIPO DE REAÇÃO E SEXO ................................... 54 TABELA 9: DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO FAIXA ETÁRIA E SEXO ........................................ 54 TABELA 10: DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO TIPO DE REAÇÃO E FAIXA ETÁRIA ..................... 55 TABELA 11: DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO TIPO DE REAÇÃO E ESTADO CIVIL ..................... 55 QUADRO 5: CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS INTERNAÇÕES POR REAÇÃO HANSÊNICA .......................................... 56 TABELA 12: DISTRIBUIÇÃO DAS REAÇÕES HANSÊNICAS EM PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO TIPO DE REAÇÃO E FASE DE ATIVIDADE DA DOENÇA ............................................................................................................. 57 VIII TABELA 13: DISTRIBUIÇÃO DAS REAÇÕES HANSÊNICAS EM PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO TIPO DE REAÇÃO E FORMA CLINICA ...................................................................................................................................... 57 TABELA 14: DISTRIBUIÇÃO DAS REAÇÕES HANSÊNICAS EM PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO NÚMERO DE EPISÓDIOS E TIPO DE REAÇÃO ...............................................................................................................................58 QUADRO 6: DISTRIBUIÇÃO DAS REAÇÕES HANSÊNICAS EM PACIENTES, SEGUNDO MOVIMENTO HOSPITALAR .......... 59 BANCO GERAL ................................................................................................................................................... 62 QUADRO 7: DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES INTERNADOS POR REAÇÃO HANSÊNICA SEGUNDO CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS ..................................................................................................................................................... 62 TABELA 15: DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO TIPO DE REAÇÃO TABELA 16: DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO FAIXA ETÁRIA TABELA 17: DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO TIPO DE TABELA 18: DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO TIPO DE E SEXO E SEXO ............................. 63 .................................... 63 REAÇÃO E FAIXA ETÁRIA ................... 64 REAÇÃO E ESTADO CIVIL .................... 64 QUADRO 8: CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS INTERNAÇÕES POR REAÇÃO HANSÊNICA .......................................... 65 TABELA 19: DISTRIBUIÇÃO DAS REAÇÕES HANSÊNICAS EM PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO TIPO DE REAÇÃO E FASE DE ATIVIDADE DA DOENÇA ............................................................................................................. 66 TABELA 20: DISTRIBUIÇÃO DAS REAÇÕES HANSÊNICAS EM PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO TIPO DE REAÇÃO E FORMA CLINICA ...................................................................................................................................... 66 TABELA 21: DISTRIBUIÇÃO DAS REAÇÕES HANSÊNICAS EM PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO NÚMERO DE EPISÓDIOS E TIPO DE REAÇÃO ...............................................................................................................................67 FIGUIRA 1: INTERNAÇÕES DE PACIENTES POR REAÇÃO HANSÊNICA, SEGUNDO DIAGNÓSTICO ................................. 67 QUADRO 9: DISTRIBUIÇÃO DAS REAÇÕES HANSÊNICAS EM PACIENTES INTERNADOS, SEGUNDO MOVIMENTO HOSPITALAR .......................................................................................................................................................... 68 FIGURA 2: INTERNAÇÕES DE PACIENTES POR REAÇÃO HANSÊNICA, SEGUNDO TIPO FIGURA 3: INTERNAÇÕES DE PACIENTES POR REAÇÃO HANSÊNICA, SEGUNDO DE MOTIVO FIGURA 4: INTERNAÇÕES DE PACIENTES POR REAÇÃO HANSÊNICA, SEGUNDO TERMPO ALTA .................................. 69 DE DE ALTA ........................... 69 PERMANÊNCIA ............... 70 FIGURA 5: INTERNAÇÕES DE PACIENTES, SEGUNDO MOTIVO DE PERMANÊNCIA MAIOR .............................................. 70 FIGURA 6: INTERNAÇÕES DE PACIENTES POR REAÇÃO HANSÊNICA, SEGUNDO TIPO DE TRATAMENTO ....................... 71 IX LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AC........................................................................................................................................................ ANTICORPO AG ......................................................................................................................................................... ANTÍGENO ANTI PGL-1............................................................................................ ANTICORPO ANTI GLICOLIPÍDIO FENÓLICO 1 APC .......................................................................................................................APRESENTADORA DE ANTÍGENO BAAR...............................................................................................................BACILO ÁLCOOL-ÁCIDO RESISTENTE BB.................................................................................................................................. BORDERLINE-BORDERLINE BCG......................................................................................................................... BACILO DE CALMET E GUERIN BD.............................................................................................................................. BORDERLINE-TUBERCULÓIDE BL ............................................................................................................................... BORDERLINE LEPROMATOUS CD4+ ...................................................................................................................................LINFÓCITO T AUXILIAR CD8+ ........................................................................................................... LINFÓCITO T CITOTÓXICO/SUPRESSOR CENEPI ....................................................................................................CENTRO NACIONAL DE EPIDEMIOLOGÍA CFZ....................................................................................................................................................CLOFAZIMINA CID .................................................................................................. CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL CNDS .......................................................................... COORDENAÇÃO NACIONAL DAME ............................................................................................DIVISÃO DE DE DE DOENÇAS DERMATOLOGÍA SANITÁRIA ARQUIVO MÉDICO E ESTATÍSTICA DIP....................................................................................................................DOENÇAS INFECTO-PARASITÁRIAS ENH ...................................................................................................................... ERITEMA NODOSO HANSÊNICO ENN .................................................................................................................ERITEMA NODOSO NECROTISANTE EP........................................................................................................................................ ERITEMA POLIMORFO HIV.............................................................................................................VIRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA HLA.................................................................................................................... “HUMAN LEUCOCYTES ANTIGEN ” HT EM R ...............................................................................................HANSENÍASE TUBERCULÓIDE EM REAÇÃO X HTR ........................................................................................................ HANSENÍASE TUBERCULÓIDE REACIONAL HUJBB.................................................................................HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO HVP ................................................................................................................. HANSENÍASE VIRCHOWIANA POLAR HVS ...........................................................................................................HANSENÍASE VIRCHOWIANA SUB-POLAR IL......................................................................................................................................................INTERLEUCINA IL-1 .............................................................................................................................................. INTERLEUCINA 1 IL-2 .............................................................................................................................................. INTERLEUCINA 2 IL – 4 ............................................................................................................................................ INTERLEUCINA 4 IL – 5 ............................................................................................................................................ INTERLEUCINA 5 IL – 6 ............................................................................................................................................ INTERLEUCINA 6 IL – 10 ......................................................................................................................................... INTEREUCINA 10 IL – 12 .........................................................................................................................................INTERLEUCINA 12 INFY ............................................................................................................................................... INTERFERON Y LAM ......................................................................................................................................LIPOARABINOMANANA LB ...................................................................................................................................................... LINFÓCITO B LT ..................................................................................................................................................... LINFÓCITO T MB .................................................................................................................................................. MULTIBACILAR MDT......................................................................................................................................MULTIDROGATERAPÍA MH .............................................................................................................................................. MAL DE HANSEN MHB....................................................................................................................... MAL DE HANSEN BORDERLINE MHC ..........................................................................................................COMPLEXO DE HISTOCOMPATIBILIDADE MHI ....................................................................................................................MAL DE HANSEN INDETERMINADA MHV.....................................................................................................................MAL DE HANSEN VIRCHOWIANA MS .....................................................................................................................................MINISTÉRIO DA SAÚDE XI NK............................................................................................................................ CÉLULA “ NATURAL KILLER ” OMS/WHO..................................................................................................... ORGANIZAÇÃO MUINDIAL DA SAÚDE OPS .................................................................................................... ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DA SAÚDE PB................................................................................................................................................... PAUCIBACILAR PGL-1 ............................................................................................................................ GLICOLIPÍDIO FENÓLICO 1 PPD ................................................................................................................ DERIVADO PROTEICO PURIFICADO PQT ........................................................................................................................................ POLIQUIMIOTERAPÍA RR ........................................................................................................................................... REAÇÃO REVERSA SADT ........................................................................... SERVIÇOS DE APOIO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO SESPA...........................................................................................SECRETARÍA DE ESTADO DE SAÚDE SUS ............................................................................................................................ SISTEMA DO ÚNICO DE PARÁ SAÚDE TAL .....................................................................................................................................................TALIDOMIDA TH1.................................................................................................................... CÉLULAS T AUXILIARES TIPO - 1 TH2.................................................................................................................... CÉLULAS T AUXILIARES TIPO - 2 TNFα ................................................................................................................... FATOR DE NECROSE TUMORAL 1 1. INTRODUÇÃO A Hanseníase pela evolução clínica arrastada que a caracteriza, passaria desapercebida se não existissem as deformidades e incapacidades em seu contexto clínico. Exatamente os dois agravos têm origem nas reações hansênicas, episódios que se manifestam abruptamente tornando visível a doença, colocando o portador sob risco do evitamento, da discriminação e da segregação social. A eliminação da doença prevista para o ano 2000, não se concretizou. A OMS em seu último relatório, aponta prevalência de 4,1 casos por 10.00 habitantes e uma taxa de detecção de 41,7 por 100.000 habitantes. São informações sobre 11 países mais endêmicos no mundo (OMS,2000). E os números referentes aos países não informantes, como a China, Rússia e outros? Presume-se que os indicadores sejam mais elevados, pois estão associados às precárias condições sócioeconômicas. No Brasil, por dificuldades operacionais, os dados disponíveis se referem ao ano de 1998, mostrando prevalência de 4,88/10.000 hab e 2,60/100.00 hab. A Hanseníase é uma doença de países subdesenvolvidos. Estudos de base-hospitalar sobre internações por reação hansênica, são escassos á nível mundial. Na Etiópia, Becx-Bleuminck & Berhe (1992) encontraram 41,5% pacientes com reação. Em Uganda, Bwire & Kawuma (1993) identificaram 8,9% de internações por reação. Em nosso trabalho, encontramos 92,0% de pacientes internados com reação. E as incapacidades e deformidades decorrentes das reações? O melhor conhecimento sobre os fundamentos técnicos do manuseio das reações, em âmbito hospitalar, é um passo importante para tornar viável o conjunto das ações de impacto sobre a magnitude e transcendência da doença e suas conseqüências. 2 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 HANSENÍASE: DEFINIÇÃO, EPIDEMIOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E HISTOPATOLÓGICAS. Hanseníase, hansenose, mal de São Lázaro, mal de Hansen (MH), doença de Hansen, lepra, morféia, sangue queimado, são sinônimos de uma doença infecto-contagiosa, sistêmica, curável, com alto potencial incapacitante, de notificação obrigatória. Seu agente etiológico, descrito por Armauer Hansen em 1873, conhecido como bacilo de Hansen (BH) é o Mycobacterium leprae (M.leprae), da família Mycobacteriaceae, ordem Actinomycetes, classe Rivitti,2000;Bechelli&Rotberg,1951) bacilo Schizomycetes álcool-ácido (Sampaio resistente, parasita & intra citoplasmático obrigatório do macrófago, em forma de bastonete isolado, em arranjos variados, porém com tendência ao agrupamento em massas globóides, chamadas globias (Azulay & Azulay, 1999)– bacilos dispostos como cigarros paralelamente ao maço (Sampaio & Rivitti, 2000; Bechelli & Rotberg,1951). A microscopia eletrônica revela, em sua estrutura, duas membranas existentes na parede celular, sendo que a externa é constituída por estrutura espessa de glicolipideo fenólico (PGL–1) que é um trissacarídeo imunogênico espécie-específico. Apresenta ciclo evolutivo muito lento entre 20 e 30 dias no homem e, no meio ambiente em temperatura de 36,7° Celsius, com 77,6 % de umidade média, permanece viável entre 7–9 dias (Sampaio & Rivitti,2000). Ainda não foi possível cultivá-lo em meios de laboratório fechando o “ciclo de Pasteur” e os “postulados de Koch”, porém é inoculável no coxim da pata de camundongo, irradiado e timectomizado (técnica de Shepard,1960), e em algumas espécies de tatus – Dasypus novencinctus (Kircheimer e Storrs, 1971) e nos macacos – Cercocebus sp e Mangabey sp. (Leininger et al,1980) nos quais exterioriza morbidade similar à humana. Alguns autores como Pedley (1967), Donham & Leininger (1977) e Meyers et al.,(1980) observam que o tatu é reservatório natural do M. leprae e que existe a possibilidade de transmissão da doença ao homem. Outros como Lumpkin et al.,(1984) e Thomas (1987) admitem como fator de risco para o desenvolvimento da doença o contato direto, prolongado com o tatu, mormente em zonas endêmicas de Hanseníase, conforme assinalam Rodrigues et al.(1993) e Job et al (1985). Em algumas regiões geográficas do Estado do Pará existe convicção que carnes do tatu e do peixe de pele, conhecido como “mapará”, transmitem a doença. 3 O M.Leprae é um bacilo de alta infectividade, baixa patogenicidade em torno de 5 a 10% (Azulay & Azulay,1999) e alta virulência, esta última representada pelo seu potencial incapacitante responsável pelas deformidades e mutilações que mantém a estigmatização da doença (Sampaio & Rivitti,2000) que agride, principalmente, as extremidades, a face e os olhos. Na África, por exemplo, incompreensões milenarmente estabelecidas impedem os pacientes de procurar os serviços de saúde por entenderem que a causa da entidade nosológica é espiritual, decorrente de uma ofensa, por parte deles, a pacientes já falecidos, visto que os atos médicos são feitos pelos homens, por isso não têm força para impedir a ação dos espíritos (Donini, 1991). Segundo Hasselblad (1971) “ o problema da Hanseníase (lepra) tem duas faces a doença e o doente” em que o termo leproso sugere aos sadios horror, ignorância, medo, desprezo, superstição, que acompanham o paciente e seu universo familiar desde os tempos mais longínquos até o presente momento. Em sua interpretação atualizada e coerente, o autor recorda que não há leprosos e sim pessoas sofrendo de uma doença curável. Ainda, hoje, pessoas temem à simples suspeita de desenvolver a Hanseníase ou até manterem relacionamento com portadores da doença. Papel importante na cultura dos povos exerce a Bíblia, consubstanciando a perenidade do estigma ao mostrar referências à sarna maligna (Livro de Job 2,7) e ao termo “lepra” nos capítulos 13 e 14, 45-46 do Levítico (MS,1989). O importante para minimizar o evitamento, a discriminação e a segregação social decorrentes é citar o texto e enfatizar, ao mesmo tempo, que o adjetivo “impuro” se refere à impureza cerimonial e não à doença cuja etiologia é bacteriana e não mais impura do que outras doenças que determinam deformidades. O comportamento de Jesus Cristo, em relação à doença e ao paciente, é significativamente diverso da postura universal adotada pela sociedade ao estender a mão, tocar no doente e não censurá-lo, conforme descreve o evangelista São Lucas. A Hanseníase é transmitida, principalmente, através do contato inter-humano com as formas polares contagiantes, não tratadas, sendo mais importante nesse mecanismo o tempo de contato. A principal porta de entrada e via de eliminação dos bacilos são as mucosas das vias aéreas superiores; outras são consideradas como os hansenomas ulcerados, os ferimentos ou soluções de continuidade na pele (Lombardi et al.,1990), e o leite materno, havendo também possibilidade quanto a urina e as fezes (Talhari & Neves,1989). Os fômites e vetores são considerados como possibilidades (Talhari & Neves,1989;Azulay & Azulay, 1999; Jopling & McDougall,1991), embora o número de 4 germens que transportam seja pequeno. Olsen (1947), citado por Opromolla (1997), refere dois casos em que a doença eclodiu dois anos e meio após a inoculação acidental em tatuagem. O período de incubação depende da resistência individual. É uma das mais antigas doenças humanas conhecidas do planeta (Browne,1985) e, ainda hoje, não por sua influência na mortalidade mas pelas deformidades nos pacientes representa um problema de saúde pública, restringindo-se às áreas subdesenvolvidas e em desenvolvimento (Guinto,1978). Sua origem está na Ásia que juntamente com a África podem ser consideradas o berço da Hanseníase (MS,1989). Nas Américas a doença foi introduzida pelos colonizadores. No Brasil atribui-se a introdução da doença aos portugueses e outros europeus e, com menor participação, aos africanos (Fernando Terra,1926). Souza Araújo (1944), refere que no Brasil o controle específico é realizado desde a década de trinta, através do Plano Nacional de Profilaxia da Lepra. Os primeiros estudos epidemiológicos no país se fazem a partir de 1950, e a busca do tratamento sistemático inicia em 1969 (Santos et al.,1991). Diversas drogas foram usadas no tratamento, destacando-se a monoterapia pela dapsona introduzida em meados de 1940 (Lowe & Davey,1951) com a conseqüente resistência do Mycobacterium leprae e o longo período de tratamento que originava a baixa adesão e um deficiente controle da doença (Jopling,1984). A partir de 1981 por recomendação do Grupo de Estudo da Lepra (OMS), reunido em Genebra, foi introduzida a poliquimioterapia (PQT) ou multidrogaterapia (MDT-OMS) com o escopo de combater as cepas fármaco-resistentes e a persistência bacteriana (WHO,1982). A introdução da PQT no Brasil foi gradual. No período de 1982 a 1990 o Ministério da Saúde, através da Coordenação Nacional de Dermatologia Sanitária (CNDSMS), fortaleceu a compreensão da tendência da endemia e a descentralização das ações de controle (MS,1989) e, no início de 1991, estabeleceu a poliquimioterapia (WHO,1982), como único tratamento para os doentes de Hanseníase (MS,1992). A estratégia da OMS, mostra impacto na diminuição das taxas de prevalência, embora seja identificada na maioria dos países tidos como endêmicos um perfil de estagnação ou elevação nas taxas de detecção de casos novos. Monteiro (1995), assinala que o único país a relatar um aumento de incidência foi o Brasil, refletindo possivel expansão da endemía ou uma resposta a ampliação das atividades de cobertura, não obstante a histórica dificuldade quanto à busca ativa ou uma combinação dos dois motivos. Como Brito (1990) acredita-se que os trabalhos de busca ativa de casos, com ênfase na vigilância de 5 contatos, associados a outras medidas de controle são necessários em um país endêmico (Fine,1982; Irgens,1980; Suzuki, 1991) Avalia-se a morbidade hansênica através de indicadores epidemiológicos representados pela prevalência e detecção de casos novos ou coeficiente de detecção por 100.000 habitantes. Acatando a possibilidade de que o caso diagnosticado pode ter sido um caso novo muito tempo antes de ser detectado face o estágio clínico avançado, às vezes já polarizado e com seqüelas, é hegemônico não usar a incidência na epidemiologia da Hanseníase, mesmo sendo esta um indicador que exterioriza o nível de controle da doença A leitura atual do conhecimento sobre o Morbus Hansen mostra que os 11 países mais endêmicos do mundo detém 93,4% dos casos do planeta (OMS,2000). O Brasil, precedido pela Índia, ocupa o segundo lugar (MS,1998) em número de casos. Os dados mais recentes, disponíveis em termos nacionais, são referentes ao ano de 1998. Naquele ano estavam registrados no Brasil 78.068 casos de Hanseníase, o que corresponde a uma prevalência de 4,88 doentes por 10.000 habitantes, considerada média endemicidade, segundo o parâmetro nacional de 1 a 5 casos/10.000 hab. A região Norte detinha a maior prevalência do país com 13,89/10.000 hab(hiperendêmica). Embora identificando-se flutuações consideráveis na prevalência, as taxas regionais situavam-se acima da taxa de eliminação técnica (1<10.000) proposta para o ano 2000. No Brasil, ainda em 1998, a detecção foi de 42.055 casos novos de Hanseníase, com taxa de detecção de 2,60/10.000 hab.,avaliada como de alta endemicidade. A região Norte concentrava a maior taxa nacional com 7,92/10.000 hab. Utilizando-se a tendência secular da doença era esperada para o ano de 1999, uma detecção de casos novos entre 38.650 a 45.856 (CENEPI,1999). Em relação ao Estado do Pará, estavam disponíveis os dados de 1999 que mostravam 7.730 casos em registro ativo com um coeficiente de prevalência de 13,13/10.000 hab., avaliada como de muito alta endemicidade e um coeficiente de detecção de 8,61 casos novos por 10.000 hab., correspondendo ao diagnóstico de 5.068 casos novos, o que caracterizava o Estado do Pará como hiperendêmico (SESPA,2000). Os indicadores exteriorizam situação epidemiológica preocupante da endemía hansênica no Pará que, em termos nacionais, representa o primeiro lugar entre as Unidades da Federação no que concerne ao número absoluto de casos registrados e casos novos. 6 Diante dessas evidências epidemiológicas coloca-se em discussão o decréscimo das taxas de prevalência, havendo a possibilidade de uma redução artificial a partir das medidas administrativas (van Beers,1996), como a saída por alta estatística. Com a implantação da poliquimioterapia (PQT) o tempo de tratamento foi diminuído significativamente e o paciente, obviamente, deixa os registros no máximo em 18 meses. A epidemiologia da Hanseníase, não obstante os avanços da imunologia e do tratamento, ainda apresenta aspectos obscuros, sendo importante para a sua compreensão a visão da multicausalidade pela notória associação entre Hanseníase e o baixo padrão sócio-econômico da população, fato ressaltado quando se visualiza a distribuição mundial da doença, que é significantemente endêmica no cinturão tropical e sub-tropical, onde existem níveis elevados de pobreza coexistindo com má distribuição de renda e precários serviços de infra-estrutura urbana, óbices que dificultam o combate à Hanseníase, o que de acordo com Monteiro (1995) possibilita a disseminação da doença e a desarticulação dos serviços de saúde. A elevação das condições de vida das populações mostra impacto no desaparecimento da Hanseníase, conforme observado a partir do século XIX, em algumas regiões do norte da Europa (van Beers,1996), atribuída às mudanças sociais e econômicas induzidas pela revolução industrial, desaparecendo naturalmente antes do advento dos quimioterápicos. Atualmente, nesse continente são registrados casos esporádicos da doença, sempre acometendo imigrantes. Alguns trabalhos, considerando o contexto das variáveis sócio-econômicas, procuram mostrar a associação com a eclosão da doença. Sommerfelt et al. (1985) relatam, na Índia, a associação entre a desnutrição infantil e a doença hansênica e, na África, Pönnighaus (1994) associa o nível de escolaridade com o risco crescente de Hanseníase. Conforme nos lembra Brito (1990) “sem dúvida, a luta para reduzir a miséria é fator fundamental na solução do problema”. O diagnóstico precoce do Morbus Hansen, é essencialmente clínico e fundamentado a nível de campo na identificação das lesões dermatológicas com distúrbios da sensibilidade e espessamento de troncos nervosos. A baciloscopia também é importante, mostrando que na linfa o Mycobacterium leprae aparece com seu característico pleomorfismo e sua ácido-álcool resistência mostrados através da coloração de Ziehl (Miranda et al.,1991). Diversas são as classificações conhecidas, todas fundamentadas na priorização dos critérios clínico, bacteriológico, imunológico e histopatológico. 7 Os serviços públicos de saúde, no Brasil, empregam para a classificação dos casos a resolução proposta no “VI Congresso Internacional de Leprologia”, realizado em Madrid, em 1953, que adotou a classificação sul-americana fundamentada no conceito de polaridade de Rabello (1936). De acordo com a tendência em evoluir para um dos pólos, são encontradas duas formas e dois grupos:Formas Tuberculóide e Virchowiana e Grupos Intermediários, Indeterminado e Borderline (Dimorfo). Outra classificação, também adotada em alguns serviços é aquela baseada mormente nos critérios histológico e imunológico dos indivíduos infectados, segundo Ridley & Jopling (1966), que favorece mais as pesquisas de campo. Conforme Talhari & Neves (1989) esses autores propuseram modificações na classificação de Madrid incorporando o conceito de classificação espectral da Hanseníase, em que a competência de resposta imunológica estabelece o espectro e a prognose, considerando os pacientes borderline como borderline-tuberculóides (BT), borderline-borderlines (BB) e borderline-virchowianos (BV). Do ponto de vista operacional esta classificação mostra dificuldades para seu entendimento e, por isso, não é recomendada a sua utilização em trabalhos de campo (MS,1994). A forma clínica denominada “neurítica pura”, por definição, não apresenta lesões cutâneas e os esfregaços são negativos, sendo difícil estabelecer um diagnóstico. Está proposta, na classificação indiana, pela freqüência com que é encontrada no país (Dharmendra,1978). Também não está incluída na classificação proposta por Ridley e Jopling (Leiker & McDougall,1987), sendo mais adequada à classificação de Madrid. A fim de simplificar a classificação dos casos, frente a endemicidade da doença e do momento operacional dos serviços, com a introdução da poliquimioterapia (PQT) o Ministério da Saúde acata a recomendação da OMS (1988) que propõe agrupar os doentes de acordo com a situação bacteriológica norteadora para a indicação terapeutica e classificação, em multibacilares (MB) – Hanseníase Virchowiana (MHV), Hanseníase Borderline (MHB), Hanseníase Indeterminada (Mitsuda negativa) e paucibacilares (PB) – Hanseníase Tuberculóide (MHT) e Hanseníase Indeterminada (Mitsuda positiva). Para os casos que apresentem baciloscopía negativa o diagnóstico será estabelecido clinicamente, assim como na avaliação de pacientes que tiveram recaída, realizaram ingestão inadequada da droga e resistência medicamentosa (Leiker & McDougall,1987). Os aspectos mais evidentes das formas e grupos são: Hanseníase Virchowiana, correspondente à antiga “Tuberosa”, conhecida na África como Hanseníase tipo elefante (Donini,1991): lesões cutâneas eritematosas, eritematoacastanhadas, eritematoamareladas, ferruginosas e espessadas com limites 8 externos não nítidos. São encontradas, também, infiltrações em placa, pápulas, nódulos e tubérculos, lesões circunscritas que recebem a denominação de hansenomas. Tem distribuição universal, freqüentemente simétricas. O espessamento, termo defendido por Bechelli & Curban (1988), que julgam preferível essa expressão, porque infiltração sugere infiltrado histopatológico, localizado na face, pode mostrar um aspecto de fácies leonina: acentuação dos sulcos naturais, os pavilhões auriculares, mormente os lóbulos, apresentam-se espessados; a madarose é comum. Ocorre espessamento, também, nas mucosas nasal, orofaringeana e ocular. As lesões neurais são simétricas. Outras podem se manifestar em linfonódios, testículos, baço, fígado. O tegumento na MHV mostra, em alguns casos, espessamento universal que se inicia na face e mãos (Latapi & Chevez, 1948) dando à pele uma aparência luzidia, cicatricial, sem nódulos, muitas vezes, transparente sob a qual destacam-se capilares e conhecida como lepra bonita de Latapi ou Hanseníase de Lúcio (Latapi & Chevez,1948); quando estão presentes ulcerações (nódulo-necróticas) por vasculite, recebe a denominação de fenômeno de Lúcio ou Hanseníase de Lúcio (Orbaneja, 1953). A forma históide, descrita por Wade (1963), é uma variante da forma virchowiana caracterizada por lesões que assumem o aspecto de nódulos, parecidos com dermatofibromas. Autores como Azulay & Azulay (1999) enfatizam que o aparecimento da forma históide, durante o tratamento, indica reativação, inclusive nos resistentes à dapsona. O aspecto estrutural revela infiltrado com tendência a difusão, interessando derme, hipoderme e órgãos, sendo representado, quase exclusivamente, por células de Virchow – macrófagos contendo, no citoplasma, numerosos bacilos de Hansen, globias e gotículas de gordura, com aparência espumosa, vacuolada, considerando que as gotículas são dissolvidas pelo xilol quando dos cortes em parafina (Bechelli & Curban,1988). O infiltrado não alcança a epiderme, sendo separado deste por uma faixa de colágeno, a faixa de Unna, de aspecto normal sem bacilos e sem infiltração (Bechelli & Curban,1988; Azulay & Azulay,1999). Os bacilos e as massas globóides são encontrados em número elevado. O teste de Mitsuda é negativo, exteriorizando um defeito na imunidade mediada por células. Para Joplin & McDougall (1991) a Hanseníase virchowiana pode ser subclassificada em forma polar (HVp) em que os pacientes são virchowianos desde o início da doença e sub-polar (HVs) quando os pacientes apresentam uma fase inicial borderline. Existe um comprometimento difuso, que além da pele, pode acometer tecidos extracutâneos como o sistema nervoso periférico, nariz, mucosa oral, laringe, olhos, linfonódios, medula óssea, músculos, epidídimo e testículo. Este último leva à impotência sexual pela infiltração 9 marginal e posteriormente medular, revelado ao exame ultra-sonográfico pelo aumento volumétrico e hipocogenicidade do epidídimo e testículo. O doppler colorido mostra hipervascularização no epidídimo e testículo devido ao processo inflamatório (Secco et al.,2000). Hanseníase Tuberculóide, chamada Hanseníase girafa (Donini,1991): as lesões são eritematoinfiltradas, tuberosas, anulares ou circinadas, de dimensões variáveis com a característica de apresentarem o limite externo sempre nítido. No geral são simétricas, pouco numerosas, às vezes única, com anestesia ou hipoestesia. Conforme Talhari & Neves (1989) é possivel a observação de um filete nervoso superficial que se incia a partir da lesão, lesão em raquete. O comprometimento neural geralmente é único. Casos existem em que não há lesão cutânea, ocorrendo somente a lesão neurítica, que pode chegar à necrose conhecida sob a forma de neurite coliquativa e impropriamente denominada de abcesso de nervo, termo questionado por Azulay & Azulay (1999). O aspecto histopatológico revela infiltrado granulomatoso, com numerosos linfócitos, representado por nódulos formados por conjunto de células epitelióides, cujo centro pode ser ocupado por células gigantes de Langhans – originadas pelos histiócitos ou macrófagos dispostos na porção superior da camada malpighiana e periferia linfocitária (Bechelli & Curban,1988). O infiltrado celular se dispõe, na derme, com localização perivascular, periglandular e perineural. Em apenas 5,0% dos casos, podem ser encontrados bacilos álcool-ácido-resistentes isolados com morfologia alongada, acompanhando os anexos (Azulay & Azulay,1999; Fields & Meyers,1990), no caso da forma tuberculóde tórpida (TT), mais de 2/3 dos casos possuem baciloscopia negativa, mesmo diante de repetidas leituras em cortes histológicos. A imunidade mediada por células está resguardada, o que determina uma reação fortemente positiva ao teste de Mitsuda (MS,1993). A Hanseníase tuberculóde infantil é uma variedade que se manifesta por lesão tuberonodular, frequentemente única e localizada na face, com involução espontânea em forma de cicatriz varioliforme. Hanseníase Indeterminada: é a forma inicial da doença, exteriorizando-se por máculas hipocrômicas ou eritêmato-hipocrômicas, planas, com distúrbios ligeiros de sensibilidade, em geral somente térmica, com anidrose e alopécia. Em sua maioria, as manchas com perdas das sensibilidades dolorosa e tátil mostram características de polarização para as formas tuberculóide ou borderline (Talhari & Neves,1989). O número é variável, sem localização prioritária. 10 No que concerne ao comprometimento neurítico, existem controvérsias entre autores como Azulay & Azulay (1999) que indicam esta possibilidade e Talhari & Neves (1989) que discordam. Aceita-se que não há comprometimento de troncos nervosos não ocorrendo, assim, incapacidades. Os aspectos estruturais revelam a presença de células mononucleares, em focos reduzidos, localizados em torno de nervos, vasos e anexos na derme. Azulay & Azulay (1999) referem a presença de bacilos isolados em 7,0% dos casos. O teste de Mitsuda é negativo, duvidoso ou positivo. Quando não submetida ao tratamento evolui frequentemente para as formas polares, ocorrendo casos de cura espontânea (Sampaio & Rivitti,2000). Hanseníase Borderline: as lesões são espessadas, de coloração ferruginosa, simétricas ou não, com características virchowianas e tuberculóides (Ridley & Jopling,1966). Podem mostrar morfologia semelhante ao “queijo suiço”, sendo anulares, com centro plano de aspecto indene, borda interna bem marcada e a externa sem nitidez, também conhecidas como lesões foveolares. A lesão neurítica é assimétrica. A histopatologia revela aspectos dos infiltrados virchowiano e de granuloma tuberculóide. Escassas células gigantes estão presentes. O espectro imunológico é instável, dependente da relação Mycobacterium lepraehospedeiro (Pimentel et al,1993). A maioria dos pacientes que desenvolvem Hanseníase manifesta-se nessa forma (MS,1994). No que concerne à proteção contra as manifestações clínicas das formas BT e Tuberculóide, após vacinação pelo BCG, foi observada proteção em 48,0% das crianças com menos de 15 anos de idade (Bull Org.,1989). De acordo com Ridley & Jopling (1966), a Hanseníase dimorfa ou borderline apresenta-se em 3 grupos: a- Hanseníase Borderline-Borderline (BB), as lesões são numerosas, acima de 25, com bordas bem delimitadas e centro deprimido assumindo o aspecto “em queijo suiço”. A disposição é pouco simétrica e as discapacidades não são intensas. Conforme Talhari & Neves (1989) esse grupo é pouco freqüente em razão da instabilidade imunológica, que determina evolução rápida para o grupo BT ou BV. A baciloscopia é positiva;b– Hanseníase Borderline-Virchowiana (BV) com grande número e variedade de lesões, atingindo expressivo contingente de troncos nervosos. A baciloscopia é positiva com abundantes bacilos;c- Hanseníase Borderline-Tuberculóide (BT) com quadro clínico que varia de 5 a 25 lesões similares à forma tuberculóide (Talhari & Neves,1989), comprometendo significativo número de troncos nervosos. A baciloscopia é negativa. Autores como Pfaltzgraff & Bryceson (1995), registraram que os pacientes BT desenvolvem clínica em que as lesões variam em número, dimensões e extensão que, por vezes, pode alcançar todo um membro. Nos grupos BB/BL o Mitsuda poderá ser muito fraco, 11 ao invés de negativo, enquanto no BT pode variar de negativo até positivo, porém nunca fortemente positivo (Ridley & Jopling,1966). Hanseníase Neural Pura: Dependente do nível de imunidade celular, a infecção intraneural pode permanecer dentro de um ou vários nervos, sem manifestações cutâneas. A forma neural pura é contemplada na classificação indiana, sendo descrita como forma clínica, a Polineuropatia hansênica, não havendo questionamento técnico em relação à Hanseníase Pura incluída em TT e BT da classificação de Ridley & Jopling (1966) e MHT e MHD da classificação de Madrid. Segundo Jopling & McDougall (1991), é encontrada com maior freqüência na MHT, não ocorrendo na MHV. É consenso admitir ser MHT, diante da presença de um ou dois nervos espessados, e MHD frente a um número maior, embora com espessamento pouco evidente. Na forma virchowiana as manifestações estão dependentes da incompetência dos histiócitos em destruir os bacilos, e o dano neural puro evolui lentamente, o que propicia, ao doente, a identificação antecipada das lesões localizadas na pele e mucosa nasal. Nesta forma a dor é comum e significativa ocorrendo, também, parestesias, perda de sensibilidade e mais adiante fraqueza muscular e paralisia, combinados ou como exteriorização isolada. O espessamento pode ocorrer uniformemente em todo trajeto do nervo ou manifestar-se de forma irregular. É rara a presença do abcesso frio do nervo, que se evidencia por uma dilatação cística do nervo, detectado, pelo examinador, ao deslizar o dedo sobre a área, como também a calcificação neural identificada ao RX da região. O diagnóstico clínico é consubstanciado pela biópsia do nervo, que revela histopatologia tuberculóide ou borderline. É importante a escolha de um nervo que não contenha fibras motoras evitando-se, assim, lesão motora. A indicação para o procedimento é aquele que apresenta filete sensitivo espessado como o supraclavicular, o grande auricular no pescoço, o sural no dorso do pé. A coleta é feita sob anestesia local e o material biopsiado deve ser armazenado em frasco contendo solução de formol a 10,0%. Os testes de histamina e pilocarpina têm indicação em caso de dúvida. A resposta à reação de Mitsuda mostra-se semelhante a outras manifestações da doença. No decorrer da evolução insidiosa, a Hanseníase pode apresentar intercorrências de caráter agudo ou sub-agudo, chamadas de Reações Hansênicas ou Episódios Reacionais, vinculados a reações imunológicas do hospedeiro que conforme a intensidade das manifestações, localizadas ou sistêmicas, alteram o quadro clínico vigente e promovem o aparecimento de lesões e seqüelas com transcendência somática, psíquica e social. 12 Podem surgir, antes e durante o tratamento específico ou após a alta do paciente, situação que não indica a reintrodução da poliquimioterapia (MS,1999). Por outro lado a ocorrência do episódio reacional não impede a alta, como não deve ser considerado um caso recidivante, evento que assim sendo classificado, contribui para o aumento da prevalência (MS,1998). O tratamento da doença é eminentemente ambulatorial e a internação do paciente em hospitais gerais da rede pública, universitária ou conveniada está indicada nas intercorrências clínico-cirúrgicas e sempre que, no decurso do estado reacional, houver comprometimento do seu estado geral e ou complicação neural (MS,1991). Diante da regressão do motivo da hospitalização, o doente deve ser, de imediato, transferido para o prosseguimento do tratamento nos serviços básicos de saúde (MS,1983). 2.2 REAÇÕES HANSÊNICAS 2.2.1. HISTÓRICO, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, HISTOPATOLÓGICAS E CONSEQÜÊNCIAS. A Hanseníase tem um quadro clínico insidioso, crônico – conceito admitido no decorrer da Conferência de Hanseníase de 1931, em Manilha, hoje colocado em questionamento considerando a cura através do emprego da poliquimioterapia (PQT). No decorrer da sua evolução é agudizado com a eclosão de sinais e sintomas, que se destacam na síndrome hansênica com graus variados de intensidade clínica, concorrendo para deformidades permanentes (Sarno et al,1991; WHO,1996) e ocasionalmente a morte, dependentes de diagnóstico e tratamento em tempo hábil e adequado. Os primeiros pesquisadores a designar esses fenômenos como reação hansênica foram Lara & Rodrigues (1929). Atualmente são comuns, também,as designações de quadro agudo hansênico, surto hansênico, episódio hansênico, estado reacional e reação leprótica. A explicação para esses fenômenos, em épocas passadas, estava centrada em fenômenos de hipersensibilidade oriundas da liberação de produtos bacilares. Novos conceitos fundamentados em mecanismos auto-imunes surgiram com Castro et al. (1963) e Convit & Albarnoz (1967). As reações traduzem fenômeno de hipersensibilidade aguda frente aos antígenos do agente etiológico. As modificações no estado imunológico do organismo são exteriorizadas no comportamento diversificado dos estados reacionais, acompanhadas ou não do aparecimento de novas lesões de acordo com a forma clínica da Hanseníase, 13 fenômenos comprovados a partir das observações e não limitados somente à forma virchowiana. A descrição de Wade (1934) contribui para o melhor entendimento do comportamento reacional apresentado pelas formas da Hanseníase. Chamou de “Reação Hansênica Tuberculóide” os estados reacionais da Hanseníase Tuberculóide que mostram características diferenciais com a Reação Virchowiana, como a evolução sub-aguda, apirexia, ausência de sintomas gerais sistêmicos e negatividade no exame de bacterioscopia. As reações são classificadas em reação hansênica do Tipo I ou Reação Reversa (RR) e reação hansênica do Tipo II, com os tipos Eritema Nodoso Hansênico (ENH), Eritema Polimorfo (EP) e Eritema Nodoso Necrotisante (ENN). Segundo Talhari & Neves (1997), ”o fenômeno de Lúcio é o menos freqüente dos episódios reacionais e pelas suas características está incluido no Tipo II“. Um terceiro tipo reacional é conhecido como neurite isolada ou neurite pura (Lienhardt & Fine, 1994). É consenso na literatura quanto na prática, que a reação Tipo I ocorre em pacientes que apresentam as formas MHD e MHT da classificação de Madrid, 1953, e BB, BT e BL de Ridley & Jopling (1966). O Tipo II pode ocorrer em pacientes das formas MHV, de Madrid, e LL e BL, de Ridley & Jopling. A forma TT não apresenta reação. A ocorrência de sinais de atividade clínica da doença após a alta por cura, caracteriza a recidiva e, a miúde, confunde o paciente e a equipe de saúde na compreensão do evento, no estabelecimento do diagnóstico e tratamento do paciente. Opromolla (1997), faz referência às baixas taxas de reativação após alta por cura em MDT de 0,74% para pacientes multibacilares e 1,09% para paucibacilares. De inicío lento e insidioso o diagnóstico diferencial é quase que exclusivamente clínico. Algumas controvérsias ainda são identificadas em relação às reações, reativações e recidivas, considerando ser dificil no tratamento multidroga a diferenciação entre reação hansênica e recidiva da doença, mormente nos pacientes paucibacilares em que a baciloscopia é sempre negativa. Gilbody (1991), por exemplo, considera reações Tipo I todos os casos que apresentam alterações nas lesões até 18 meses pós-tratamento; recomenda, inclusive, reiniciar o tratamento paucibacilar considerando a não observância de resistência medicamentosa nos esquemas multidroga. Nos multibacilares a baciloscopia, a histopatología e a inoculação em animais de laboratório são importantes para o diagnóstico diferencial entre reação e reativação. A reativação exibe evolução insidiosa, sem manifestações sistêmicas importantes, com lesões 14 novas em áreas não agredidas anteriormente, assimétricas, não evanescentes, envolvimento de novos troncos nervosos, índice bacilar crescente, aspecto histopatológico similar à forma inicial ou com evolução para o pólo virchowiano, resposta menor ao Mitsuda, quando comparado ao teste inicial, sem apresentar melhoria clínica com a corticoterapia. Jopling & McDougall (1991), lembram que na recidiva a velocidade de hemossedimentação globular está normal e que não ocorre leucocitose, ao contrário do que ocorre com o ENH. As reações assim se apresentam: Reação hansênica Tipo I ou Reação Reversa (RR), tem um mecanismo de hipersensibilidade tardia mediada por células (imunidade celular) constituindo-se um exemplo de reação Tipo IV de Coombs e Gell, ocorrendo nas formas Tuberculóide e, mormente, na Borderline, considerando sua instabilidade imunológica (Bjune et al.,1976; MS,1989; Britton,1998). A maioria dos autores classifica estas reações em ascendentes ou de reversão, quando vinculadas ao rápido aumento da imunidade específica similar aos casos que ocorrem na vigência do tratamento e que caminham sob o ponto de vista imunológico para o pólo tuberculóide e descendentes, se associadas à redução da imunidade (Wade,1963;Britton,1998). As reações ascendentes, presentes em maior freqüência, refletem melhoria da defesa contra o M. leprae e as descendentes, em menor número, apontam evolução para piora ocorrendo nos pacientes dimorfos e tuberculóides não polares, com mudança em direção ao pólo virchowiano, segundo Jopling(1984); Naafs, Pearson & Wheate (1979). Na prática as duas reações não permitem distinção (Yoder,1987). Os grupos BT e BB da Hanseníase Borderline, na classificação de Ridley & Jopling (1966), são os que apresentam comumente a RR, determinam com maior rapidez os estados reacionais e as mais graves discapacidades e deformidades de todas as formas de Hanseníase. As que se desenvolvem no grupo BL ocorrem tardiamente. Talhari & Neves(1989) chamam atenção para as lesões tricofitóides da Hanseníase Tuberculóide que, em alguns momentos, lentamente tornam-se infiltradas, eritematosas, dolorosas, tendendo para a cor vinhosa, com involução espontânea, denominadas Hanseníase Tuberculóide em Reação (HT em R). Estes autores consideram Hanseníase Tuberculóide Reacional (HTR) a forma tuberculóide que apresenta piora aguda, isto é, em que as lesões preexistentes mostram-se infiltradas e aparecem novas lesões principalmente nos sulcos da face, pescoço e regiões palmo-plantares, forma que pode ser catalogada como a borderline- tuberculóide, da classificação de Ridley & Jopling. 15 Nas lesões e nos troncos nervosos atingidos a sensibilidade encontra-se aumentada, com dores intensas. Seqüelas como paralisias, amiotrofias, deformidades, podem ocorrer quando o paciente não é atendido corretamente. A baciloscopia da pele apresenta número pequeno de bacilos com resposta negativa ao teste de Mitsuda, cumprindo um dos corolários da “lei de Souza Campos” (MS, 1989). De maneira geral, as manifestações clínicas exteriorizam-se com neurites associadas ou não à lesões cutâneas, sendo consideradas recentes quando ocorrem em menos de 6 meses. As reações Tipo I mostram reativação das lesões preexistentes em forma de placas com sinais de inflamação aguda. Hipersensibilidade palmar e plantar que, às vezes, antecede a reação ascendente e dor na borda cubital e até no quinto quirodáctilo, em casos de comprometimento ulnar (Jopling & McDougall,1991). Podem, também, apresentar novas lesões com sinais flogísticos, cursando ou não com edema de face e extremidade, não sendo rara a presença de pápulas, manchas eritêmato-hipocrômicas e nos casos graves até lesões vésico-bolhosas que chegam a ulceração. Espessamento de troncos nervosos superficiais com dor espontânea ou à compressão, a nível troncular ou terminal do segmento do nervo (neurite), hiperestesia cutânea, parestesia, estão presentes ao lado de manifestações sistêmicas como mal-estar geral e, esporadicamente, febre. A maior determinante da lesão nervosa é a inflamação ocorrida no perineuro, e a dor neural tem origem no encarceramento do tronco nervoso nas goteiras ósseas ou nos túneis fasciais, embora Britton (1998) alerte para a possibilidade de ocorrência do silêncio neurológico. Becx-Bleumink & Berhe (1992) em seu trabalho, na Etiópia, sobre o diagnóstico e manuseio das reações em pacientes sob MDT, considera RR severa se ocorrer a presença de um ou mais sinais como a dor ou sensibilidade, com ou sem perda da função nervosa e tempo de ocorrência menor que seis meses na mudança da força muscular ou na alteração de sensibilidade. Nas mãos e pés, se ocorrer inquestionável perda de sensibilidade, em dois ou mais pontos, em área suprida por tronco nervoso periférico. Em torno do olho, se a pele mostrar lesão sobre o trajeto nervoso. A histopatología da reação ascendente caracteriza-se pela presença de granulomas constituídos por células epitelióides e algumas células gigantes multinucleadas, raramente do tipo Langhans. Os granulomas cursam juntamente com edema de localização dérmica, carga linfocitária moderada e espessamento da epiderme. As reações ascendentes mostram terminações nervosas que exibem granulomas intraneurais, edema e células 16 inflamatórias mononucleares. Os bacilos, quando presentes, são fragmentados ou granulosos. Também alguns estudos consideram como reações hansênicas Tipo I aquelas que, para controle das manifestações clínicas, demandam o uso sistêmico de corticóides (Naafs & Wheate,1978). O comprometimento neural se reveste de importância transcendental face às discapacidades e deformidades decorrentes, quando medidas preventivas não são implantadas. Diante deste consenso, é importante que ao lado das medidas terapêuticas sejam realizadas constantes orientações e discussões com o paciente e familiares assim como com a equipe de saúde, sobre a freqüência dos surtos, sua magnitude e transcendência. A conseqüência maior da reação Tipo I é a neurite que, em qualquer nível de intensidade, é um evento a ser valorizado manifestando-se como sensibilidade ou dor e espessamento do nervo. Job & Path (1989), com propriedade, alertam que neurite e dano neural possuem significados diferentes, podendo a neurite cursar com ligeiro dano neural ou até cursar em sua ausência, enquanto a função neural já comprometida pode evoluir sem sintomatologia. Na prática clínica, a neurite se apresenta com dor e inflamação, ou exterioriza-se sob forma de paralisia neural súbita. Os testes de função neural são indicados compulsoriamente no comparecimento do paciente às unidades de saúde e podem detectar a neurite silenciosa. Recentes comparações, de diferentes métodos para identificar deterioração sensorial, demonstram que além do teste motor voluntário, o teste com múltiplos filamentos de nylon sobre os pontos discriminados, foi mais sensível que a simples picada de alfinete. Os troncos nervosos superficiais frequentemente agredidos com a respectiva alteração motora são o ulnar (garra ulnar), ciático popliteo externo ou fibular comum (pé caído), tibial posterior, facial (paralisia facial com lagoftalmo por lesão do ramo zigomático ), radial e grande auricular. O de maior freqüência é o ulnar (Jopling & McDougall,1991; MS,1993; Nery et al,1999). A reação hansênica Tipo II é mediada por anticorpos (imunidade humoral). Muitos autores consideram esta reação semelhante ao fenômeno de Arthus e à doença do soro (reação Tipo III de Coombs e Gell), incidente quase exclusivo nas formas virchowiana e, algumas vezes, na dimorfa próxima ao pólo virchowiano (MS,1993). Fundamentado em 17 critérios clínicos e histopatológicos Murata (1912) cunhou, pela primeira vez, a denominação de eritema nodoso hansênico (ENH). A reação hansênica do Tipo II é uma síndrome de imunocomplexos, de ocorrência em 50,0% dos casos multibacilares, LL e BL, mormente no final do primeiro ano da PQT (Vasquez & Sanchez,1987), não obstante ocorrer, também, antes do início do tratamento (Rea & Levan,1975). Alguns autores admitem que o ENH ocorra em pacientes com índice baciloscópico elevado (Susman,1959). Segundo Browne (1963), o ENH pode ser precedido de decréscimo do número de bacilos na pele ou do número de bacilos sólidos nos esfregaços. Nas biópsias, é freqüente a presença de poeira bacilar em vez de bacilos íntegros. As equipes de saúde devem estar alertas para os nódulos eritematosos freqüentes em doenças bacterianas que mostram similaridade clínica com a reação hansênica presente no pólo virchowiano, o que levou Hansen & Looft, em 1942, a descreverem esta erupção. As lesões cutâneas podem ser confundidas com outras dermatoses, como tuberculose cutânea e estreptococcia, devendo o diagnóstico definitivo ser fundamentado em exames laboratoriais mesmo diante da ocorrência da localização nodular nos membros inferiores. A entidade nosológica mostra como característica diferencial importante a tendência à generalização, em surtos, das novas lesões na face e membros (braços e coxas), porém com rápida involução (Talhari & Neves,1989). É frequente a presença bilateral e simétrica de nódulos inflamatórios, eritematosos, quentes, móveis, localizados na pele aparentemente normal e /ou tecido subcutâneo (Vieira et al,1993). Pápulas e tubérculos estão presentes bem como vesículas que, às vezes, chegam a ulcerar nos estados reacionais intensos. É rara a supuração (Husser et al,1986; Sehgal,1987; Waters & Ridley,1963). O quadro cursa com manifestações sistêmicas como febre, obstrução nasal, mal-estar, anemia, anorexia, mialgia, artralgia, adenomegalia, perda de peso, dificuldades na deambulação e edema acometendo, inclusive, órgãos que raramente são atingidos nas doenças inflamatórias como testículos, nervos e olhos (Sarno et al.,1991; Sehgal et al.,1988). Estas manifestações mostram intensidade discreta ou podem exteriorizar-se com ulcerações das lesões cutâneas (vesículas e bolhas) em quadro clínico grave, o Eritema Nodoso Necrotizante, de prognóstico reservado. 18 A ocorrência de um exantema agudo, em forma de placas eritematosas, na manifestação do eritema nodoso hansênico da Hanseníase Virchowiana, foi descrita por Barreira & Chevarria (1924). A febre, febre hansênica, conforme Lewers (1899), é um sintoma-sinal prodrômico do estado reacional Tipo II presente nas formas tuberosas, não ocorrendo nas formas nervosas. Ferreira da Rosa (1938) também observou que a febre acompanhava as manifestações sistêmicas que cursam durante a reação da Hanseníase tegumentar, ausente na Hanseníase da forma nervosa. O aspecto histopatológico da lesão tipo ENH mostra vascularite na derme e hipoderme, alcançando veias e artérias, ensejando edema das células endoteliais e parede vascular. Existe infiltração de células inflamatórias mono e polimorfonucleares, juntamente com proliferação venular e capilar alcançando a derme e hipoderme. A estrutura nodular evidencia hiperplasia epitelial, hiperplasia do colágeno na derme profunda, presença de polimorfonucleares e linfócitos. Os bacilos são freqüentes, apresentando fragmentação ou se dispondo sob a forma de poeira bacilar. A Hanseníase virchowiana, em alguns casos, revela espessamento universal que se inicia na face e mãos (Latapi & Chevez,1948) dando à pele uma aparência luzídia, cicatricial, sem nódulos, muitas vezes transparente sob a qual destacam-se capilares, conhecida como lepra bonita de Latapi ou Hanseníase de Lúcio. A reação de Medina é positiva apresentando a reprodução do fenômeno de Lúcio, quatro a seis horas, no local da aplicação do antígeno de Mitsuda (Pereira Júnior,1993). O fenômeno de Lúcio representa necrose por vasculite aguda de pequenas arteríolas, desencadeadas por um mecanismo tipo Schwartzman, podendo ocorrer nas lesões do eritema nodoso hansênico e polimorfo. Nestes a reação de Medina é negativa. O quadro clínico tem boa resposta terapêutica à talidomida. Pereira Júnior (1993) observa que o fenômeno de Lúcio está relacionado a imunocomplexos e sua ocorrência, quase sempre, vinculada à presença de patologia associada, não devendo ser confundida com a forma Hanseníase de Lúcio. Também ainda não foi possível estabelecer correlação entre ENH e as discapacidades. Nos pacientes de forma virchowiana seu aparecimento é tardio, e uma questão a esclarecer é o desenvolvimento de deformidades em pacientes sem que estes nunca tenham recebido diagnóstico de reação (Vieira et al,1993). Como hipóteses, os autores questionam a possiblidade da falta de exames clínicos regulares vinculada a obstáculos operacionais ou à existência de estados reacionais subclínicos. 19 Vieira et al.(1993) afirmam que o quadro clínico, quando apresenta simultaneidade do eritema nodoso hansênico e eritema polimorfo, é um indicativo da gravidade clínica. A reação hansênica, tipo Eritema Plimorfo, surge no decurso da forma borderline ou dimorfa exteriorizando-se por lesões de eritema polimorfo, como lesões infiltradas, purpúricas, de aspecto policíclico formados pela coalescência de duas ou mais lesões com aspecto urticariforme; observa-se, também, o sinal “Herpes Íris de Bateman” caracterizado por bolhas que ocupam o centro da lesão, dispostas em círculos concêntricos. Não é incomum a presença de placas eritêmato-purpúricas com bolhas na superfície, ou placas eritêmato-violáceas com localização preferencial na região anterior e posterior do tórax. É freqüente a presença de pápulas, nódulos e tubérculos, que lhe dão a referência polimorfa. Manifestações sistêmicas ocorrem como dores articulares, febre, mialgias, neurites.O mecanismo determinante se faz através de imunocomplexos, com eventual presença da imunidade celular. O bacilo encontra-se presente nas lesões, fato demonstrado pela primeira vez por Rabello Filho & Portugal (1929). Também é importante a contribuição de Aguiar Pupo (1930), quando relata a ocorrência, na Hanseníase, de dois tipos de eritema polimorfo, o papuloso e o nodoso ou contusiforme. A histologia, do eritema polimorfo, revela edema intenso na derme superficial e, em casos raros, evolui para a formação de bolhas subepidérmicas. Ocorre, também, edema das camadas profundas da epiderme e até necrose de células isoladas. O infiltrado celular é significativo em torno dos vasos superficiais, sendo mais intenso que no ENH. Os bacilos, se identificados, mostram aspecto granuloso (Nery et al,1999). Coincidentes com as reações hansênicas, mormente em MHV e MHD, podem ocorrer agressões às estruturas do olho, isoladamente ou fazendo parte das manifestações do ENH. Destacam-se quadros agudos de irite (inflamação da íris) e iridociclite (inflamação conjunta da íris e corpo ciliar), uni ou bilaterais, identificados pela presença de olhos com vermelhidão (eritema) assumindo tonalidade escura ou violácea com esmaecimento seqüente, particularmente presente no limbo (margem córneo-escleral), através do qual pode haver proliferação e penetração de bacilos no segmento anterior (íris e corpo ciliar). O diagnóstico diferencial com a conjuntivite se reveste de importância para a prevenção das incapacidades oculares, encontrando-se, na anamnese da reação ocular hansênica, a ausência de história de trauma ou irritação, ambliopia, fotofobia e relato de dor profunda, segundo Talhari & Neves (1989) “no caroço do olho”. Ao exame ocular destaca-se a dor à palpação, lacrimejamento, miose e hiperemía em torno da córnea. 20 As reações são fenômenos comuns a pacientes hansenianos, entretanto pesquisas com abordagem no tratamento hospitalar são escassas a nível mundial. Em um dos raros trabalhos nesse campo, Kawuma (1987) analisou 1944 registros de pacientes admitidos com Hanseníase durante 4 anos (1981-1984) pelo Buluba Hospital, Uganda-África, observando que, em alguns casos, os pacientes tiveram diversas admissões. Também identificou que 41,0% dos 2416 atendimentos, eram condições não relacionadas à Hanseníase; 232 (9,6%) pacientes foram admitidos à cirurgia, evidenciando, na análise, que mais da metade dos procedimentos poderiam ser realizados em um hospital geral. As reações hansênicas representaram a 3ª causa mais freqüente de admissões e as úlceras tróficas tiveram freqüência de 15,0%. O estudo mostra que o número de pacientes hansenianos hospitalizados, durante cada ano, se situa com tendência ascendente entre 8 e 10,0% do total admitido. Em outro estudo retrospectivo de base hospitalar, período de 1985-1989, realizado no Buluba Hospital, em Uganda, Bwire & Kawuma (1993) analisaram 2317 admissões por Hanseníase encontrando 206 (8,9%) por reação, com alguns pacientes admitidos mais de uma vez, num total de 256 internações. Destas, 915 foram por episódios hansênicos Tipo I. Aproximadamente 805 das RR ocorreram durante a quimioterapia e todos os ENH aconteceram durante este período. Mais de 70,0% dos episódios RR e ENH apresentaram manifestações acometendo nervo e pele, identificadas clinicamente. Dos 206 pacientes, 116 (56,3%) são homens e a razão é de 1,3:1 em relação às mulheres. O hospital utiliza a classificação de Ridley & Jopling (1966), e oferece serviços especializados para o tratamento das complicações da Hanseníase, incluindo reações. 2.2.2 EPIDEMIOLOGIA Em relação à periodicidade do aparecimento, os surtos podem ocorrer antes, durante e após a alta medicamentosa, com o período mais provável centrado nos seis a doze meses de início do tratamento (Joplin & McDougall,1991). Segundo os autores citados, a dapsona é capaz de precipitar a eclosão do ENH e RR, não estando relacionados aos efeitos tóxicos porém à destruição do M. leprae e à liberação das partículas antigênicas. Quanto à rifampicina (RFM) “a reação não é mais comum nem mais severa.” Entretanto, é importante considerar a rápida ação bactericida da RFM que, presumidamente, determina uma crescente liberação de antígenos do M. leprae, concentrando as manifestações reacionais nos seis primeiros meses de tratamento (Steenberger & Pfaltzgraf,1975). Outros autores como Yoder (1987), defendem a hipótese de 21 que a PQT, ao empregar a Clofazimina, concorre para a diminuição dos episódios sendo, inclusive, usada no ENH recidivante. Trabalhos evidenciam que os surtos hansênicos apresentam freqüência de 59,0% (Nery et al, 1999), e que são mais freqüentes em pacientes sob tratamento PQT (MS,1989). Boerrigter et al.(1988), observaram 2,2% em 503 pacientes que desenvolveram reações durante MDT. A reação hansênica pode anteceder às manifestações iniciais da doença, conforme registram Naafs & Wheate (1978), Becx-Bleuminck & Berhe (1992) e Carvalho (1993). Por ocasião do diagnóstico, a freqüência da RR foi 2,6% nos paucibacilares e de 4,0% a 25,3% nos multibacilares. O subgrupo Borderline, da classificação de Ridley & Jopling (1966), apresentou 10,0% em BB, 16,9% em BT e 4,9% em BV. Pfaltzgraff & Bryceson (1985); Jopling & McDougall (1991) concordam, respectivamente, que a época de aparecimento mais freqüente se dá entre 2 semanas e 6 meses, e destacam os seis primeiros meses a partir do início do tratamento. Também BecxBleuminck & Berhe (1992) apresentam trabalho em que o risco de RR, mormente em multibacilares, é elevado no primeiro ano de poliquimioterapia (7,3% a 41,0%). A reação reversa pode ocorrer em algum momento durante o tratamento. O mais alto risco é durante o primeiro ano, 80,0% acima do ocorrido nos seis primeiros meses de PQT. A reação hansênica Tipo I pode surgir após a conclusão do esquema poliquimioterápico. Na Etiópia, 7,8% dos pacientes BT exteriorizaram RR nos seis meses após PQT, diferente dos 10,7% ocorridas em multibacilares, encontrados na Índia. A duração do surto é dependente da forma clínica, com um período de três a nove meses nos BT, e nos BV e BB pode prolongar-se por 16 a 24 meses (Rose & Waters,1991). Conforme Becx – Bleumink & Berhe (1992), a RR tende a apresentar-se mais cedo que o ENH, e que todas as formas multibacilares mostram-se potenciais para manifestar reações (Naafs & Wheate,1978; Nery et al.,1999). A freqüência da eclosão do ENH, evidencia a alta prevalência das formas multibacilares. Job & Chacko (1988), em estudo clínico e histopatológico, identificaram ENH em 70,0% de 20 pacientes multibacilares sob reação. Sehgal & Sharma (1988) encontraram a ocorrência de ENH em 5 a 10,0% de todos os pacientes com Hanseníase, concentrado principalmente na faixa etária de 20 a 40 anos. No Hospital de Buluba, Uganda, Bwire & 22 Kawuma (1993) mostram a reduzida freqüência de 10,0% do ENH em um universo de 256 reações, com todos os episódios ocorrendo durante a PQT. Duncan (1981), ao estudar 68 pacientes multibacilares do sexo feminino, observou que 55,9% apresentaram reação durante a gravidez, puerpério e lactação. A maioria dos casos ENH ocorreu no início da gravidez e a RR foi mais freqüente no puerpério e lactação, o que favorece a hipótese de recuperação da imunidade celular ao final da gravidez, ensejando o aparecimento das RR. A Hanseníase é uma doença de evolução crônica com letalidade provavelmente baixa, ainda não mensurada, que pode contribuir para um aumento da mortalidade geral pelos efeitos colaterais das drogas usadas, no tratamento específico, como a agranulocitose pela dapsona, ou pelas drogas utilizadas no tratamento dos estados reacionais. A mortalidade específica, segundo Jopling & McDougall (1991), está concentrada nas lesões renais da forma virchowiana conduzidas pela rifampicina e com a necrose papilar e síndrome nefrótica, pela dapsona. De acordo com esses autores, a insuficiência renal crônica leva ao óbito por uremia ou por hipertensão. As reações hansênicas severas, mormente pelo ENN, podem levar à septicemia. Estudos de Desikan & Job (1968), concluem que 21,6% das mortes, em pacientes hansenianos, estão associados a reações severas, onde o tétano acidental está presente em 15,0% dos óbitos. 2.2.3 FATORES DE RISCO A etiologia da Hanseníase está determinada, porém diante da ocorrência das reações hansênicas, grandes responsáveis pelas incapacidades e deformidades que mantém o estigma, ainda observado em relação ao doente e extensivo à sua família, é fundamental centrar o estudo dos fatores de risco associados à eclosão dos surtos e à identificação de um marcador sensível para prognosticá-las, como maneira mais eficiente de reduzir sua incidência. Britton (1998) alerta que diante da imunidade, mediada por células, em que ocorre aumento do nível de algumas citocinas e receptores solúveis, estas não podem ser usadas para predizer o início das reações reversas. Nery (1995), em seu trabalho, cita Muir(1951) e Ramy(1973) que consideram como fatores de risco, para a eclosão das reações hansênicas, algumas nosologias como: malária, filariose, tuberculose em especial a de forma cutânea, febre tifóide, influenza, amigdalite, abcesso dentário, HIV e septicemias. E outras situações como o trauma, estresse, ingestão de produtos a base de iodetos e brometos, encontrados na formulação de complexos vitamínicos e em sal de cozinha para a prevenção do hipotireoidismo, excesso de 23 álcool, alimentos contaminados e o uso de drogas (anticoncepcionais orais, antidiabetógenos orais, anti-hipertensivos, psiquiátricos, antibióticos, antiinflamatórios). Também apontam a menstruação, gravidez, puerpério (4-12 semanas após o parto) e lactação, o teste de PPD (derivado proteico purificado), a mitsudina, BCG, vacinas contra febre tifóide e antivariólica (hoje não mais usada face a erradicação) e o tratamento específico anti-hansênico, com destaque para a sulfona e rifampicina. Britton (1998) refere que pacientes que apresentam envolvimento de três ou mais áreas corporais, são dez vezes mais propensos a desenvolver RR do que aqueles com uma ou duas áreas afetadas. A associação entre os fatores referenciados e os estados reacionais, tipo ENH, foi efetivada com os estudos de Vieira (1991), após observações de pacientes com infecções, estresse, problemas emocionais e o teste de PPD. Autores como Waters & Stanford (1985) e Duppre et al. (1990) descrevem, em pacientes virchowianos uma resposta gigante, “reação gigante” ao emprego do teste PPD com manifestações no local da aplicação em forma de uma tríplice reação representada por dor, edema e eritema e resposta sistêmica como mal-estar geral, febre e adenopatia regional satélite. Os autores presumem que, nesses pacientes, a reação estaria dependente da hipersensibilidade à tuberculina concomitante com o desequilíbrio imunológico e “variações na carga antigênica.” A busca da associação do surto hansênico com as drogas do tratamento específico, a dapsona e a rifampicina, é incessante embora, segundo Nery (1995), “ainda pareça complexa”. Pönnighaus et al., em 1994, realizaram estudo comparativo entre pacientes submetidos à monoterapia dapsônica e PQT concluindo, diante das evidências, que as reações Tipo I ocorrem mais cedo e são menos freqüentes nos pacientes sob PQT. Outro estudo revela agravamento das reações hansênicas Tipo I e II, em pacientes que antes do diagnóstico já apresentavam surtos, quando a PQT era iniciada, supondo ser a rifampicina, pelo seu poder bactericida, o fator desencadeador (van Brakel, Lucas & Khawas,1994). Nery (1995), citando-os, enfatiza que os pacientes borderline, em tratamento multidroga, mostram-se sob risco de desenvolver reações nos primeiros anos e, assim, quando mostram comprometimento de extensas áreas do corpo. Um aumento da reação Tipo I, ascendente, em pacientes paucibacilares foi associada à rifampicina (Groenem et al.,1886; Nery,1995). Ananias (1998) cita trabalhos, realizados na Etiópia, que associam à PQT um aumento do número de pacientes com reação Tipo I e concorda, também, com BecxBleumink & Berhe (1992), em relação às inconsistências metodológicas nesse estudo. 24 A vacina BCG tem sido apontada como um desencadeador de reação pela similaridade, da sensibilização antigênica, ao M. leprae (Naafs,1994; Lienhard & Fine,1994). Sobre este assunto Ananias (1998) cita a freqüência dos episódios reacionais em pacientes LL (34,0%) e BT (68,0%) nos primeiros seis meses de tratamento, com redução bacteriana nas lesões ativas, reação tida como resposta vinculada ao aumento da imunidade celular; resultados obtidos do estudo de Convit et al., em 1993, a partir da aplicação intradérmica do BCG com bacilos mortos. Estados fisiológicos, como gravidez e puerpério, são apontados como fatores de risco mormente em relação à reação Tipo I. Jopling & McDougall (1991) assinalam que a associação está vinculada à reabilitação da imunidade celular, que mostra decréscimo dos linfócitos no decorrer da gestação e puerpério. 2.2.4 IMUNOLOGIA NA REAÇÃO O entendimento dos múltiplos aspectos da doença hansênica inclui o conhecimento fundamental da imunología, considerando ser o M. leprae um agente intracelular obrigatório do macrófago, no interior do qual é submetido à metabolização e processamento. Existem duas classes linfocitárias: os LT auxiliares (CD4+) e os LT citotóxicos (CD8+). Os LT auxiliares (CD4+) considerados como vigilantes, contra patógenos intracelulares, exercendo papel importante na resposta imune mediada por células e nas reações de hipersensibilidade. Os CD4+ reconhecem os antígenos apresentados pelo Human Leucocytes Antigen (HLA) do tipo 2 (Abbas,Lichtman & Pober,1995). Estão fortemente presentes na forma Tuberculóide, produzindo citocinas (hormônios proteícos específicos para cada peptídeo do antígeno) do tipo IL-2 e IFNy. A subpopulação CD4+ é constituída, no momento, de três grupos que se diferenciam em relação à produção de citocinas. Recebem denominação de células T helper 1 (TH-1), células T helper 2 (TH-2) e células T helper 0 (TH-0). As células TH-1 estão presentes na resposta imunológica mediada por células (Ottenhoff,1994) e secretam: a) a interleucina-2 (IL-2) com função estimulante de crescimento de células T, da produção de interferon-gama (INFy) e do crescimento de células natural killer (NK); 25 b) IFNy, principal fator de atividade de macrófagos e estimulador da produção de IL-1, IL-6, TNFα e intermediários reativos de oxigênio e nitrogênio, que dificultam o crescimento bacteriano; c) TNFα (fator de necrose tumoral) componente da estrutura do granuloma. Abbas, Lichtman & Pober (1995) registram que este fator é secretado pelos macrófagos ativados e sua atividade, na proteção e imunogenicidade, depende da concentração com a qual é produzida. As células TH-2 mostram–se atuantes na regulação da imunidade humoral (Salgame et al.,1992; Ottenhoff,1994) e liberam citocinas: a) interleucina-4 (IL-4): inibidor da produção de IFNy, IL-2 e TNFα, com atividade na regulação das células B, eosinófilos e mastócitos; b) interleucina-5 (IL-5):regulador de células B, eosinófilos e mastócitos; c) interleucina-10 (IL-10): supressora da atividade macrofágica, capaz de bloquear a estimulação de macrófagos; d) interleucina-6 (IL-6): fator de crescimento para linfócitos B. As células TH-0 liberam citocinas produzidas pelas células TH-1 e TH-2. A outra classe, representada pelos LT citotóxicos (CD8+), envolvida na resposta humoral (Mosman et al.,1986) e no reconhecimento de patógenos extracelulares presentes na forma V, produz citocinas do tipo IL-4, IL-5, IL-6, IL-8 e IL-10. As IL-4 e IL-10, exercem ação supressora da atividade macrofágica. Os linfócitos CD8+ reconhecem os antígenos apresentados pelo HLA do tipo 1 (Abbas, Lichtman & Pober,1995). O linfócito, assim, mediante seu receptor de antígeno, reconhece o fragmento (estrutura peptídica) que está integrada às moléculas do complexo de histocompatibilidade (MHC) na superfície da célula, apresentando uma proliferação clonal, auxiliar, mantendo-se ativado e formando a linhagem T de memória. Para que este processo ocorra há necessidade da presença das interleucinas: IL-1 produzida pelo macrófago e IL-2 produzida pelo linfócito. O bacilo de Hansen, após penetrar no organismo, cai na circulação sanguínea produzindo bacteremia e se dirige principalmente à pele e células de Schwann do sistema nervoso periférico, onde é fagocitado, metabolizado e processado; fenômenos que ocorrem 26 no compartimento lissosomal das células “apresentadoras de antígeno” (APC), que podem ser os monócitos, macrófagos ou células da linhagem dendrítica, tidas como as mais potentes indutoras da blastogênese de células T e secreção de linfocinas. As proteínas do bacilo são fragmentadas e apresentadas ao linfócito T com intermediação HLA. Ao mesmo tempo, as células apresentadoras de antígeno produzem e liberam linfocinas, particularmente as interleucinas IL-1, IL-12 e TNFα, que agem ativando o linfócito T enquanto a IL-12 atua, também, sobre as células natural killer (NK) que produzem INFy e que, juntamente com os linfócitos CD4+, ativa os macrófagos para a lise do bacilo. Para Ottenhoff (1994), as células NK desempenham atividade macrofágica independente do HLA. Com a finalidade de dificultar a sobrevivência do M.leprae, os macrófagos ainda produzem proteínas de choque térmico (HSP 65 e 70) e mediadores de oxidação, intermediários do oxigênio e nitrogênio, através do INFy, que contribuem para a destruição bacilar. O M. leprae dispõe, em seu envelope, de uma membrana plasmática e da parede celular. Essas duas estruturas são importantes para o mecanismo de reconhecimento antigênico. Estudos ultra-estruturais mostraram que a parede celular possui três camadas com múltiplos componentes onde se destacam, pelo papel antigênico na resposta imune, os grupos lipídicos, glicolipídicos como o lipoarabinomanana (LAM), fosfolipídicos e ceras. Dentre os glicolipídicos fenólicos encontra-se o PGL-1 (glicosilfenoltiocerol dimicocerosato), que é imunogênico e específico do M. leprae, abundante na superfície celular correspondendo a 2,0% do peso bacilar seco (Hunter & Brennan,1981) e as LAM, que estão ligadas à membrana plasmática do bacilo. A estrutura da parede celular protege o bacilo dos anticorpos específicos circulantes. Cho et al.(1986) detectaram o PGL-1 no soro, urina e em nódulos cutâneos de pacientes hansenianos. O campo de atuação do PGL-1 é humoral, ensejando a síntese de anticorpos, principalmente do tipo IgM, interagindo também com a imunidade celular TH-1 no auxílio a reconhecer antígenos e exercer a função macrofágica (Fournie et al.,1989). A associação entre os níveis do anticorpo anti-PGL-1 com a extensão da doença, a forma clínica e o índice baciloscópico mostra tendência ao aumento proporcional da soropositividade e da titulação com a duração da doença em multibacilares (Roche et al,1990; Foss, Callera & Alberto,1993). Outros trabalhos identificaram diminuição da concentração de anticorpos durante o tratamento de longa duração, mais significativa para IgG, cujos níveis parecem ser um indicador para avaliação da eficácia do tratamento, evento 27 comprovado por Levis et al.(1985) e Cho et al.(1991) em pacientes sob poliquimioterapia. Para Jopling & McDougall (1991) o comportamento imunológico humoral parece inalterado, fato comprovado pelos níveis de imunoglobulinas séricas e resposta às vacinas bacterianas. Anticorpos específicos têm sido identificados nas classes IgM e IgG. As formas clínicas da Hanseníase estão associadas à presença das citocinas, identificando-se o aumento na forma T da IL-2, TNF e INFy; IL-4 e IL-10 na forma V; as IL-3 e IL-5 mostram-se ausentes ou fracamente freqüentes nas formas polares (Salgame et al.,1992). Dependem, da mesma forma, dos mediadores de oxidação como reativos intermediários do oxigênio (ROI) e do nitrogênio ((RNI) e da função supressora da atividade macrofágica pelos antígenos PGL-1 e LAM. As células TH-1, em maioria, estão presentes na forma T. Na forma V são predominantes as células TH-2. A CD8+ em ambas. Ainda é buscada a explicação para o desenvolvimento da forma tuberculóide, não obstante a presença dos linfócito T com resposta positiva. Em estudos específicos, desenvolvidos por Ottenhoff (1994), ficou evidenciado que a subpopulação TH-1 tem atividade similar em pacientes tuberculóides e em indivíduos saudáveis não sendo possível, assim, explicar a manifestação da forma T a partir de um desequilíbrio na produção de linfocinas. Choi et al.(1990), chamam atenção para o fato de as linfocinas IL-1, interleucinas produzidas por macrófagos, mostrarem níveis iguais porém diminuidos nas formas V e T, se comparados a pessoas saudáveis, presumindo defeito na sua produção. A deficiência na produção de IL-2 e gama interferon, é um achado constante no pólo virchowiano (MS,1994). Ananias (1998) chama atenção para as diferenças genéticas entre as moléculas (gens) HLA, controlando o tipo de nosologia a manifestar-se nos indivíduos susceptíveis, sendo que os detentores de HLA-DR3 desenvolverão a forma tuberculóide e os possuidores de HLA-DQ1 a forma virchowiana (Ottenhoff,1994). A imunossupressão nos pacientes virchowianos, traduzida por uma reduzida ou ausente imunidade celular ao bacilo de Hansen, pode estar relacionada ao defeito durante o processamento do M. leprae, no interior do macrófago ou na apresentação dos fragmentos (estrutura peptídica) ao linfócito T, vinculados à seleção estimuladores do bacilo, pelos pacientes tuberculóides, e de peptídeos ou epítopos epítopos supressores, pelos pacientes virchowianos (MS,1994) reforçando a suposição de que os HLA determinem o comportamento imunológico. É possivel, também, a ausência de linfócitos T reativos ao M. leprae, o que justificaria a anergia observada em alguns pacientes sem, contudo, explicar a reversibilidade 28 da resposta imunológica obtida após uso de vacinas, imunoterapia ou nos estados reacionais. É sabido, por outro lado, que as linfocinas produzidas mantém interação que se reflete na atividade reguladora identificada nas subpopulações, observando-se o efeito inibitório da IFNy sobre a TH-2, e efeito semelhante das IL-4 e IL-10 sobre a TH-1 (Nathan et al.,1986) oportunizando, deste modo, a inibição da resposta imunológica da TH-2 na síndrome hansênica virchowiana, além da não produção de IL-2. Outra hipótese está relacionada aos antígenos específicos do bacilo, existentes em sua membrana, o glicolipideo fenólico 1 (PGL-1) e lipoarabinomanana (LAM), que têm ação estimuladora sobre células T supressoras, efeito inibidor sobre a atividade celular e resistem à digestão macrofágica, através do consumo do oxigênio e na eliminação dos radicais livres (Chen et al.,1989). As reações hansênicas traduzem alteração no estado imunológico das formas clínicas com repercussão tissular, determinando o aparecimento de novas lesões teciduais e neurais. Jopling (1971) classificou os episódios reacionais como do Tipo I, conhecido como Reação Reversa – RR e Tipo II, também conhecida como Eritema Nodoso Hansênico–ENH. A Reação Reversa está presente, frequentemente, em pacientes dimorfos e o ENH nos virchowianos e subtipo BV da classificação espectral. Rose & Watters (1991), enfatizam que a reação Tipo I pode ocorrer em V e T, na eventualidade do paciente não se encontrar sob tratamento. A reação Tipo I, ascendente, que se traduz pelo aumento da resposta imunológica aos antígenos do M. leprae, mostra manifestações similares a uma reação Tipo IV de Coombs e Gell. No decorrer da reação de melhora, conforme Yamamura et al.(1992), as citocinas liberadas pelo TH-2 apresentam-se diminuídas ocorrendo, por outro lado, aumento da IL-2, INFy e TNFα que participam da resposta imunológica mediada por células, representando a subpopulação TH-1. O IFNy, secretado pelo CD4+, revela-se competente na ativação dos macrófagos e indução de HLA-DR, que permeia a apresentação do antígeno (Nathan et al.,1986). A reação descendente, ou de piora, exterioriza–se pelo aumento da carga de antígenos e da queda da imunidade celular. Ocorre aumento de LB e IgG ao lado de um decréscimo de LT. Sampaio et al.(1992) presumem que linfocinas, como a IFNy, produzidas por linfócitos específicos ou não, ao M. leprae, sejam responsáveis pelas manifestações 29 inflamatórias agudas no decorrer das reações. O ENH, por exemplo, pode ser induzido em 60,0% dos pacientes virchowianos sob curto período de poliquimioterapia, após inoculações repetidas de IFNy. A participação da TNFα, no mecanismo imune, está demonstrada nas biópsias das lesões reacionais, na formação do granuloma e na atividade dos macrófagos através da identificação de células, suas produtoras nesses eventos. No decorrer dos estados reacionais a TNFα é produzida em excesso, provocando o quadro agudo inflamatório (agregação e aderência de leucócitos) e os fenômenos trombóticos (Alttiyah, Rosen & Rook,1986). Sarno et al.(1991) demonstraram altos níveis de TNFα, em soro de pacientes com ENH, associados ou não a níveis elevados de IL-1, IL-6 e IL-8. A TNFα encontra-se presente acompanhando sinais-sintomas isolados de inflamação aguda do Eritema Polimorfo ou durante o desenvolvimento da doença hansênica. É evidente que o mecanismo imune é o provável responsável pelas reações, diante dos resultados traduzidos pela melhoria clínica dos pacientes tratados com corticóides. Jopling & McDougall (1991), citando Waters et al.(1971), ao tratar da resposta imunológica humoral na Hanseníase chama atenção sobre os anticorpos específicos, que podem assumir comportamento nocivo face reagirem com o antígeno do M. leprae, no âmbito tecidual quando da reação hansênica Tipo II. A detecção de imunoglobulinas e complemento na área lesada associa o ENH ao fenômeno de Arthus, no qual existe a deposição de imunocomplexos no interior e em torno das paredes vasculares. A doença do soro, de evolução crônica, que mostra a presença de imunocomplexos na circulação também é comparada a algumas manifestações já identificados no quadro do ENH. Os estudos voltados para análise dos níveis de anticorpos anti-PGL-1 e dos estados reacionais, concluíram que existe um declínio de anti-PGL-1 no decurso da reação Tipo I e Tipo II (Andreoli et al.,1984; Levis et al.,1985; Bach et al.,1985). No Brasil, Pimentel et al.(1996), não encontraram correlação entre os níveis de PGL-1 e o desenvolvimento da reação. Lombardi et al.(1990) lembram que a multicausalidade tem lugar na explicação geral do contexto imunológico da Hanseníase com inserção cabível da predisposição genética e estrutura ambiental, em que melhores condições sócio-econômicas mostram impacto na susceptibilidade à doença. 30 2.2.5 TRATAMENTO Os estados reacionais, ao interromperem o curso arrastado da doença antes, durante e após o tratamento especifico, determinam o aparecimento de incapacidades e deformidades que podem ser prevenidos e minimizados, se diagnosticados e tratados precocemente. A nova filosofia, preconizada pelo Ministério da Saúde, quanto ao tratamento, qualquer que seja a forma clínica da doença, recomenda o regime ambulatorial. As intercorrências que exigirem hospitalização, dentre as quais encontram-se as reações hansênicas severas, serão tratadas em hospitais gerais da rede pública, universitária ou conveniada sendo desnecessárias as medidas de isolamento e desinfecção (Opromolla,1997;MS,1991). O tratamento, quando necessário e possível, deverá ser realizado preferencialmente em hospitais gerais ou universitários, considerando o reduzido número de leitos em hospitais especializados além de oportunizar o contato e o aprendizado da equipe no manuseio da doença. Ao encerrar os motivos determinantes da internação, o doente deve ser encaminhado para o tratamento seqüencial nos serviços básicos de saúde (MS,1983). É sabido que o processo inflamatório representa um complexo de fenômenos integrados, dependentes de características intrínsecas do hospedeiro e dos fatores estimulantes, como agentes infecciosos, isquemia, alterações do sistema imune, reação antígeno-anticorpo. Este processo mostra intensidades diversas de resposta alterando toda economia orgânica, a homeostase. Dentre os mediadores inflamatórios destacam-se as moléculas de adesão e as citocinas. As moléculas de adesão apresentam papel importante no recrutamento, deslizamento, adesão e penetração dos leucócitos na área inflamada. As citocinas são moléculas proteícas ou glicoproteícas mediadoras locais da comunicação intercelular, em tecidos normais ou comprometidos, desencadeando e mantendo o estado inflamatório e, de acordo com sua ação, podem ser agrupadas em: a - citocinas anti-virais, como os interferons tipo I, a IL-15 e a IL-12; b – citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral, IL-1, IL-6 e quimocinas; c – citocinas regulatórias, como a IL-10. O arsenal terapêutico disponível para o tratamento dos episódios reacionais – corticóide, talidomida e clofazimina - não obstante apresentar potencial inibitório ou redutor dos sintomas/sinais mostra atividade antiinflamatória, sem agir sobre os fatores determinantes (Vieira et al.,1993). 31 Os corticóides têm grande importância no controle de doenças imunologicamente mediadas reduzindo a reação antiinflamatória – sua atividade principal no campo da terapêutica com notável potencial na supressão, liberação e ação das citocinas (Canizares et.al,1962; Jollife,1977). Inibem a permeabilidade capilar com repercussão sobre o acesso dos leucócitos aos sítios inflamatórios; atuam sobre os linfócitos humanos imaturos (células T), inibindo-os; bloqueiam a liberação de várias funções dos macrófagos como a produção das citocinas IL-2, IL-6 e TNFα. Sua ação imunossupressora sofre relativa resistência das células B. A produção de anticorpos não é afetada quando são usadas baixas doses de glicocorticóides, porém o uso prolongado, em torno de 2 a 4 semanas, em altas dosagens diminuí e chega a suprimir os níveis séricos de imunoglobulinas. Também, na concepção de Hajjar & Pinheiro (1999), a imunodeficiência do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal tem relação direta com o emprego de altas doses, levada pela supressão abrupta da terapia mesmo após uma semana de doses diárias. Quanto à toxicidade, os autores citados referem que regimes de tratamento sistêmicos, com doses fracionadas, são mais danosas que em dose única. A prednisona, enquanto glicocorticóide de meia-vida intermediária, em doses diárias mostra potencial menor para a ocorrência de efeitos colaterais como o hirsutismo, facies lunar, depleção de potássio, problemas psiquiátricos, catarata, miopatia, necrose avascular, hipertensão e hiperglicemia resistente à ação da insulina (Miller, 1979; Goodman & Gilman,1996). A administração dos glicocorticóides pode ser local, por via tópica ou intralesional; intravenosa, mas sendo a via oral a mais utilizada e prescrita em dose única, matinal. A equivalência das doses dos principais glicocorticóides é assim considerada: cortisona 25mg; hidrocortisona 20mg; prednisona, prednisolona e fluocortolona 5mg; triamcinolona e metilprednisolona 4mg; dexametasona e betametasona 0,75mg. A Talidomida (TAL) foi introduzida no mercado em 1956, tendo indicação como sedativo de ação imediata, hipnótico e antiemético. Seu uso prolongado leva à neuropatia periférica (Mellin & Katzenstein,1962), manifestando-se por parestesias simétricas de extremidades, hipoestesias em membros inferiores, cãimbras, síndrome do túnel do carpo. Porém seu efeito mais importante está vinculado às malformações fetais, sobretudo focomelia e outros com alcance em órgãos internos (coração e grandes vasos), de acordo com Proença (1995). O efeito teratogênico da TAL se processa quando a exposição à droga se dá no decorrer do primeiro trimestre da gravidez, precisamente entre o vigésimo sétimo e o quadragésimo dia (Santos et.al,1981; Zwingenberger & Wnendt,1996). Outros autores assinalam que o período sensível situa-se entre 34 e 50 dias após a concepção e que uma 32 única dose de 100mg é capaz de produzir malformação (Barbosa, 1994; Gunzler,1992). O provável mecanismo é o efeito da droga sobre as funções das células do sangue periférico, da permeabilidade das vênulas pré-capilares, neurotoxicidade e inibição da angiogênese e ação sobre os gânglios dorsais do embrião (Fonseca et al.,1998). Após ter seu uso proscrito, liberado apenas para pesquisas, retornou à terapêutica clínica com as observações de Sheskin, em 1965, pelo efeito positivo no eritema nodoso hansênico e outras nosologias, além de contribuir para o ganho de peso corporal (Klausner et al.,1996), embora limitado no que concerne ao seu uso em mulheres em idade fértil (MS,1989). No Brasil, o emprego da TAL é regulamentado através das Portarías nº 63, 65, 160 e 344 (MS,1994;1996 e 1997). Margarido (1997) reforça a utilidade da talidomida, a partir do uso com critério clínico e cuidados, considerando os efeitos teratogênicos em torno de 20,0% dos casos. Segundo a autora a ação teratogênica ocorre do 21º ao 44º dia do período gestacional e “ o benefício da talidomida é muito maior que o risco por ela oferecido” de vez que o ENH, do tipo necrotizante, pode levar o doente à morte. A Talidomida mostra-se substância imunomoduladora ou supressora com alcance celular e tecidual (Tseng et al.,1996). Sua ação supressora faz-se sobre a atividade dos monócitos e macrófagos, determinando redução específica da produção de TNFα (Gunzler,1992) e inibindo o RNA-mensageiro, responsável pela síntese da citocina (Sampaio et al.,1991). A Clofazimina (CFZ) é um corante iminofenazínico, obtido por Barry et cols, em 1954, dotada de ação lipofílica e que se deposita predominantemente no tecido gorduroso e nas células do sistema reticuloendotelial. Tem atividade bacteriostática contra o M. leprae interferindo provavelmente com o ADN micobacteriano, sendo usada no tratamento da Hanseníase desde 1963, embora o consenso hodierno é de que não tem efeito na reação Tipo I. Sua ação é lenta e a meia-vida em torno de 70 dias. A administração é realizada em forma micronizada, em veículo oleoso, revestida de gelatina. Recomenda-se ingerí-la com alimentos, o que favorece a absorção e diminui, sobremaneira, os distúrbios gastrointestinais. Pode ser detectada na urina, fezes, saliva, escarro, nas secreções lacrimal/sebácea e sudorípara. Atravessa a barreira placentária, sendo encontrada no leite materno. Não apresenta efeito teratogênico (Arbiser & Moschella, 1995; Yawalker & Vischer, 1993). Na Hanseníase, com resistência bacilar à dapsona, seu efeito é significativo a partir dos 50 dias após administração (Levy et al.,1972). É o medicamento de eleição para o 33 tratamento do ENH em mulheres férteis com ação, também, nas reações de reversão da Hanseníase borderline, na qual a talidomida é inofensiva. No esquema PQT, juntamente com a dapsona, reduz consideravelmente a incidência dos episódios de ENH, o aparecimento da resistência bacteriana aos fármacos e estimula a atividade fagocítica dos leucócitos polimorfonucleares. Também quando associado à talidomida (ambos administrados 300 mg/dia) controla o estado reacional dos virchowianos dependentes de corticóides, mais rapidamente que a talidomida em regime monoterápico (Yawalker & Vischer, 1993). Mesmo em doses preconizadas a clofazimina (lampren) pode apresentar efeitos colaterais, como: hiperpigmentação vermelho-acastanhada da pele e conjuntivas, comum em pessoas brancas e nas áreas expostas, com possível regressão em torno de 4 a 76 meses após o término do tratamento, sendo prolongada a recuperação nas placas e áreas onde ocorre o ENH; xerodermia ou ictiose adquirida, observada com maior intensidade nos membros inferiores; epigastralgia; ileíte; vômitos e diarréia (Talhari, Cruz & Carneiro,1997). Os princípios do manuseio das RR mantém-se fundamentados na terapia correta e prolongada de antiinflamatórios, adequada analgesia e suporte psicológico, no decorrer da fase de neurite ativa. A MDT deve ser mantida face concorrer para a redução do nível antigênico presente na pele e nos nervos, minimizando progressivamente o alvo para as células de inflamação e a propensão à recorrência. O tratamento ambulatorial é efetivo e seguro, sendo considerado um avanço no manejo da RR, além de propiciar melhor aderência. Kiran et al. (1985) observaram melhoria de 66,0% dos nervos agredidos, em 33 pacientes tratados inicialmente com 25 mg de prednisolona para uma média de 5 meses. Outro estudo de campo foi realizado na Etiópia, em séries de 12 e 20 semanas, com dose inicial de 40 mg de prednisolona usada em pacientes BT e BB/BL, que apresentavam RR e ENH (Ridley & Jopling, 1966), sendo 85,0% de todos os RR selecionados tratados em casa. Destes, 161 pacientes, 88,0% mostrou melhoria na função nervosa. Britton (1998) refere que alguns autores recomendam a terapia com aspirina e/ou hidroxicloroquina para reações brandas envolvendo a pele sem agravo neural, porém coloca em discussão a efetividade desta terapia conservadora em prevenir a progressão da lesão neural cuja indicação era, provavelmente, motivada pelo uso da corticoterapia em regime hospitalar ou pela subestimação do acompanhamento da lesão nervosa, identificada sobremaneira na rotina do exame clínico. Aconselha o emprego precoce de corticosteróides, 34 considerando as inequívocas evidências de aumento da inflamação em lesões estabilizadas ou novas lesões de pele. Seu efeito reduz o edema cutâneo e intraneural, apresentando em alguns pacientes rápida melhoria no quadro clínico. Rose & Waters (1991) e Naafs(1996) recomendam 40 mg de prednisona ou prednisolona, como dose inicial. Para os casos de função neural deteriorada, sem resposta após uma semana, está indicada a dose de 60 mg (ou 1 a 2 mg/kg/dia), podendo chegar a 120 mg para controlar os sintomas. Alguns autores como Jacobson (1994), propõem o início com 60 mg de prednisolona, embora estudos desenvolvidos em campo indiquem que a dose de 40mg de prednisolona é capaz de controlar 85,0% das RR (Becx-Bleumink & Berhe, 1992). O uso prolongado do corticóide é explicado pela necessidade de acompanhar a queda gradual da carga bacilar, sendo a dose individualizada e fundamentada em cuidadosa avaliação da função motora neural. Geralmente muitos BT requerem prednisolona por 4-9 meses, BB por 6-9 meses e BL por 6-18 meses e regular por 24 meses. Segundo Naafs & Wheate (1978), uma experiência comparativa mostrou que a terapia com prednisolona de longa duração (3-18 meses) foi superior a uma série de curta duração (2 meses), para recuperar a função motora depreciada. Becx-Bleumink & Berhe (1992) consideraram insuficiente 12 semanas de prednisolona para RR em BB e BL, com um terço de pacientes recidivando, mostrando que uma terapia de 20 semanas resultou em baixa taxa de recorrência. A retirada gradual, diante da melhoria clínica, é proposta em torno de 5mg, cada 1-2 semanas até 20 mg, prosseguindo por alguns meses até obter-se ótima recuperação da função neural e reduzida em 5 mg, quinzenalmente (Naafs, Pearson & Baar, 1976). A melhoria atinge o máximo em torno dos 3 meses podendo, entretanto, ir além dos 6 meses. Jopling (1991), propõe como alternativa que a posología igual ou menor que 10 mg seja administrada em dose única pela manhã o que supriria a emissão diária do cortisol endógeno em pessoas normais. Talhari, Cruz & Carneiro (1997) propõem um período médio de 2 a 5 meses. Dentre os fatores que influenciam a resposta ao corticóide destaca-se o grau de agressão do nervo atingido, o tempo de evolução, bem como em relação ao tronco nervoso e ao tipo de hanseníase. Van Brakel & Khawas(1995), Touw-Langendijik et al.(1984) apresentam trabalhos que comprovam uma melhor recuperação em BL do que em BT. Pacientes com recente comprometimento neural, de menos de 6 meses de duração, demonstram evolução clínica melhor da função nervosa que aqueles com antigas agressões 35 (Becx-Bleumink & Berhe,1992). O nível de agressão neural, no início da terapia, mostra que somente 35,0% dos pacientes com completa anestesia e 11,0% com paralisia motora evoluem para uma boa função em 3 meses, comparados aos 67,0% e 55,0% para pacientes com moderado comprometimento (van Brakel & Khawas, 1995). A recuperação da função motora e sensorial é mais significativa em pacientes com lesão de mediano do que do ulnar, destacando-se a importância da precocidade do tratamento. Britton (1998), cita trabalho de van Brakel & Khawas (1994), no Nepal, em que a função motora e sensorial, em nervos agredidos pela neuropatia silenciosa, apresentaram melhoria significativa após 3 meses de tratamento com prednisolona. A Clofazimina também está indicada por seu efeito antiinflamatório e, enquanto componente do esquema MDT para os multibacilares, embora não seja efetiva na fase aguda da RR. Age, entretanto, na prevenção da reação reversa, principalmente em pacientes borderline com eficácia comprovada através de estudo realizado por Arunthai & Satheesh (1997) que, no início do tratamento, administraram altas doses de clofazimina (300 mg/dia) obtendo importante redução em RR acima de 2 anos (5-7,0%), comparado ao observado em um grupo controle com 26,1%. A aplicação de compressas de calor, úmidas ou secas no local, com temperatura inferior a 50ºC, durante meia hora por vez, repetidas vezes por dia, envolvendo o membro, no qual o tronco nervoso mostra sinais de reação,é recomendada (MS,1983). Quando o cotovelo, punho ou mão estiverem comprometidos indica-se a imobilização provisória na posição funcional, com o objetivo de manter a mobilidade articular e a função muscular, prevenindo seqüelas. Tratamento fisioterápico seqüêncial com massagens e exercicios é aconselhável. O tratamento hospitalar das RR está recomendado para os quadros de neurites severas e dor. Becx-Bleumink & Berhe (1992) indicam internação para os casos de RR severa, quando pacientes com RR estão entre 6 e 12 anos de idade, apresentam abcessos nos nervos, problemas oculares severos, existe gravidez em evolução ou apresentam infecções concomitantes, como a tuberculose. A cirurgia, com descompressão do epineuro, é habitualmente indicada em casos de dor neural persistente, mesmo sob uso de corticóide. Estudo de Ebnezer et al.(1996), comparando o resultado do emprego de corticóide e intervenção cirúrgica em pacientes com neurite precoce, mostrou que a descompressão do nervo ulnar e a epicondilectomia mediana não apresentavam benefício adicional sobre a corticoterapia isolada em acompanhamento após 1 ou 2 anos. A intervenção cirúrgica, no entender de Britton (1998), pode ser indicada 36 aos pacientes BT e TT com abcessos em nervos ou em casos de dor resistente à vigorosa terapia imunossupressiva. A reação hansênica do Tipo II mostra frequentemente nódulos profundos, eritematosos, dolorosos, com vários estágios evolutivos, localizados em qualquer segmento corporal, com ou sem sinais sistêmicos, podendo ou não ulcerar-se. É comum a identificação de lesões nervosas no decorrer da palpação, no trajeto dos nervos. As medidas gerais recomendadas centram-se na manutenção, sem modificação, do tratamento específico. Introdução da Talidomida 100-400 mg/dia, segundo avaliação clínica-dermato-neurológica,observando a contra-indicação em mulheres em idade fértil, mantendo a dose inicial, até a regressão clínica do quadro reacional, e reduzindo a dose a intervalos fixos e quantidades predeterminadas, de 7 em 7 dias (MS,1994). Chen et al.(1989) recomendam a posologia de 5-400 mg/dia, com retirada gradual de 100 mg após a estabilização do quadro clínico. Em caso de reagudinização retornar, imediatamente, à dose anterior. Introduzir corticóides na vigência do comprometimento neural, imobilizando o membro em posição anatomofuncional e encaminhamento do paciente para a prevenção de incapacidades. A associação com a corticoterapia também está indicada quando o surto reacional apresenta evolução crônica ou cursa com eritema nodoso necrotizante, eritema polimorfo, orquiepididimite, irite ou iridociclite, nefrite, mão e pé reacional e vasculite (Vieira,1991). A talidomida deve ser substituída pelo corticóide, se a mulher estiver em idade fértil. O controle do eritema nodoso e melhoria das manifestações sistêmicas se faz, geralmente, em 24 a 48 horas conforme assinalam Ilyer et al. (1971), Sheskin (1965/ 1980) e Sampaio et al. (1993). Becx-Bleumink & Berhe (1992), avaliam como severo o eritema nodoso hansênico se os nódulos estão ulcerando, se a perda da função nervosa é recente e se existem sinais de iridociclite, orquite ou dactilites. Assim, no entender dos autores citados, os pacientes que manifestam esse quadro devem ser referenciados para tratamento em regime hospitalar. O acometimento agudo das estruturas do olho, por mais discreto que seja, é sempre uma ocorrência grave. A reação ocular, representada pela irite aguda (iridocilite), deve receber atenção especial com indicação no período diurno de colírios de corticóides a base de cortisona ou hidrocortisona, de hora em hora, nos primeiros dias e depois de três em três horas, por um período médio de três meses, não obstante a possibilidade da hipertensão 37 ocular (OPAS,1983; Talhari & Neves, 1989; Jopling & McDougall,1991), e pomada oftálmica de cortisona, à noite. Não utilizar colírios quando da presença de úlceras corneanas. Para reduzir a pressão intraocular indica-se a acetazolamida de 250 mg, 4 vezes ao dia, por via oral. A prevenção das sinéquias (aderências da íris ao cristalino) através de dilatação pupilar medicamentosa é uma das preocupações, e gotas oftálmicas de atropina a 0,5% ou homatropina a 1 ou 2,0% ou outros midriáticos devem ser usadas 4 vezes ao dia, até a completa regressão da fase aguda. Jopling & McDougall (1991), recomendam a administração de esteróides orais. O uso de óculos com lentes escuras, durante o dia, é importante para o combate à fotofobía e à poeira. Em caso do paciente desenvolver trabalho ao sol, recomenda-se o uso de boné ou chapéu protetor de abas largas. 38 3. JUSTIFICATIVA A introdução da poliquimioterapía para a Hanseníase no Brasil foi gradual, sendo estabelecida definitivamente como único tratamento para Hanseníase em 1991 (MS,1992), observando-se uma redução da prevalência. Noorden (1994) esclarece, entretanto, que embora a redução da prevalência seja diretamente proporcional ao emprego da PQT-OMS, o decréscimo da incidência é dependente de fatores adicionais, o que pode justificar o fato do Brasil ocupar a segunda colocação entre os países com elevadas taxas de Hanseníase. Entre tais fatores adicionais, destacam-se o componente sócio-cultural da população, a freqüência ainda elevada do diagnóstico e início de tratamento tardios das formas abertas, o preparo insuficiente dos profissionais de saúde e a desestruturação dos serviços, acrescidos à ineficiência para identificar e tratar precocemente o quadro clínico da Reação Hansênica. A livre evolução desta determina incapacidades físicas progressivas que desfiguram, mutilam e motivam a rejeição social do paciente, contribuindo para condená-lo à morte social pela exclusão, discriminação e segregação, além de exigir tratamento hospitalar (OMS, 1984). Diante desse grave contexto, consideramos pertinente a descrição e análise do perfil epidemiológico da população que demanda internação por reações hansênicas em uma região de alta prevalência desta endemia, como é o caso do Estado do Pará. Desta maneira, este trabalho visa contribuir para suprir a lacuna de conhecimento existente na abordagem deste evento relevante na saúde pública no país. 39 4. OBJETIVOS 4.1 OBJETIVO GERAL • Caracterizar o perfil epidemiológico da internação hospitalar, associada ao estado reacional em pacientes hansenianos, no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), no período de 1992 a 1999. 4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Determinar a freqüência da internação hospitalar por estado reacional em pacientes hansenianos no decurso do tratamento poliquimioterápico e após a alta; • Determinar a distribuição de variáveis clínicas e epidemiológicas enquanto fatores de risco presumidos para reação hansênica (sexo, idade,atividade profissional, ocupação, procedência, nível educacional e forma clínica); • Determinar o tempo médio de permanência da internação, tipo de alta e motivo de alta; • Determinar a distribuição dos episódios de reação hansênica (readmissões) em cada paciente. 40 5. MATERIAL E MÉTODOS O estudo do perfil das reações hansênicas dos pacientes que demandam internação, foi concebido como um estudo descritivo exploratório tendo como base de dados as informações do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), referência estadual em doenças infecciosas e parasitárias. O hospital dispõe de um banco de dados de registros hospitalares, informatizado, na Divisão de Arquivo Médico e Estatística (DAME). População de estudo O período, definido para análise, foi de 1º de janeiro de 1992 a 31 de dezembro 1999, sendo selecionados para estudo o universo das 151 internações referentes a pacientes com diagnóstico de Reação Hansênica (CID 030.7 / A30.8), firmado pelo HUJBB. Procedeu-se, também, a análise de 81,8% das internações que tinham como diagnóstico de internação a CID 030.7, 030.8 (Hanseníase-outras) e 030.9 (Hanseníasenão especificada), revisando as informações disponíveis em base a critérios definidos para diagnóstico de Reação Hansênica. Desta forma foram reclassificadas 326 internações referentes a pacientes, os quais preeenchiam os critérios de inclusão para Reação Hansênica. Do universo de internações analisadas constante na série histórica estudada, foram descartadas aquelas cujo diagnóstico não se enquadrava na clínica da Hanseníase, constituidas por eventos como meningite, traumatismo por arma branca, bronquite, broncopneumonía, mal perfurante plantar e atendimento de natureza ambulatorial ao hanseniano. Após análise, foram excluidas do banco de dados 12 internações sem qualquer vínculo etiológico com a Hanseníase e 47 que não apresentaram quadro reacional, embora estivessem relacionadas com a doença, permanecendo assim para estudo somente 477 admissões e 270 pacientes. Definição dos Critérios de Reação Hansênica Os episódios hansênicos, embora hegemonicamente classificados pela literatura (Jollife, 1977; Sehgal, 1987; Talhari & Neves, 1989), são registrados como “surto reacional” ou denominações similares demandando, por consegüinte, para permitir as análises, categorizá-los sob fundamentação clínica em Reação Reversa (RR), Eritema Nodoso Hansênico (ENH), Eritema Polimorfo (EP) e Neurite Pura. Objetivando identificar a exuberância das reações, a tipologia foi mantida adotando-se as seguintes denominações: Major, quando ocorriam manifestações sistêmicas (febre, mialgia, artralgia, adenomegalia, 41 perda de peso, edema, mal-estar geral); e Minor na ocorrência isolada do espessamento de nervo com dor espontânea ou à compressão na RR, lesões cutâneas no EP e lesões nodulares no ENH. Em resumo, os seguintes critérios clínicos nortearam a confirmação ou a reclassificação do tipo de reação: REAÇÃO HANSÊNICA DO TIPO I OU REAÇÃO REVERSA (RR) • Reativação das lesões preexistentes em forma de placas cursando com sinais de inflamação aguda como eritema, edema e hipersensibilidade local; Novas lesões com sinais característicos de inflamação aguda; Edema de extremidade, uni ou bilateral; • Espessamento de nervos periféricos, cursando com dor espontânea ou à compressão (neurite); Alterações sistêmicas como: mal-estar geral e, às vezes, febre. REAÇÃO HANSÊNICA DO TIPO II – ERITEMA NODOSO HANSÊNICO (ENH) • Aparecimento, em surtos, de nódulos dérmicos ou subcutâneos eritematosos, quentes, móveis e, às vezes, dolorosos; • Lesões eritematosas com formação de vesículas, bolhas, com evolução possível para ulceração; • Sintomas e sinais sistêmicos como febre, adenomegalia, perda de peso, artralgia, mialgia; • Espessamento, dor e alteração da sensibilidade de nervos (neurite). REAÇÃO HANSÊNICA DO TIPO I I - ERITEMA POLIMORFO (EP) • Lesões máculo-papulares, eritemato-vesiculares, eritemato-bolhosas eritemato-purpúricas, violáceas, infiltradas; • Coalescência de 3 ou mais lesões com aspecto geográfico, policíclico; • Lesões de aspecto urticariforme; e 42 • Sinal conhecido como “Herpes Iris de Bateman”, que clinicamente se apresenta com bolhas que ocupam o centro da lesão com disposição em círculos concêntricos; • Sinais e sintomas gerais como febre, mal-estar geral, mialgias, dores articulares, neurites e edema. NEURITE PURA Dor espontânea ou à compressão em nervos periféricos, sem manifestações cutâneas, acompanhada ou não de edema localizado. Outras Variáveis As variáveis demográficas e sócio-econômicas examinadas foram: idade na internação e data de nascimento, sexo, estado civil; procedência (capital, segundo bairro, e interior, por município); naturalidade; e profissão/ocupação. As variáveis de classificação da Hanseníase em relação à forma clínica foram baseadas no conceito de polaridade com a CID-9: 030.0(MHV), 030.1(MHT), 030.2(MHI), 030.3(MHD) e 030.9(Não Especificada); CID-10:A30.0(MHI), A30.1(MHT), A30.3(MHD) e A30.9(MHV). As formas clínicas da Hanseníase foram especificadas segundo as recomendações do Congresso de Madrid, 1953, e o tratamento-padrão (OMS,1988) agrupa os casos em paucibacilares (PB) e multibacilaraes (MB). Em relação ao tipo de Reação Hansênica (CID 9 – 030.7; CID 10 – A30.8) – RR, ENH, EP e Neurite Pura destaca-se, além da categorização Major e Minor, a presença ou não da necrose por vasculite aguda de pequenas arteríolas (Fenômeno de Lúcio), que pode ocorrer em lesões do eritema nodoso hansênico e eritema polimorfo. As variáveis relacionadas com os indicadores hospitalares, por Hanseníase: tempo de permanência hospitalar obtida entre a data de admissão e de alta, tipo de alta, motivo de alta e tipo de tratamento, se clínico ou misto (clínico + cirúrgico). Também foram estudadas: freqüência das necrópsias; a freqüência das reações hansênicas, se no curso da atividade da doença ou no periodo pós-alta por cura; motivo de permanência acima de 4 dias. Este último teve como parâmetro o tempo estabelecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) sob os códigos 74500430 (adultos) e 74300431 (crianças) para efeito de ressarcimento aos serviços hospitalares, profissionais e de apoio diagnóstico 43 ao tratamento (SADT), no valor total de R$ 113,17 com a seguinte distribuição:71,5 % ao Hospital, 21,6% ao profissional e 6,9% para o SADT. Coleta de Dados A fim de complementar os dados existentes no DAME, optou-se pela análise geral do prontuário do paciente, revisando-o de forma padronizada para reavaliar as informações sobre as reações. Os informes foram coletados através de instrumento padronizado (Anexo 1), individualizado por internação. A identificação do diagnóstico do caso de Reação Hansênica no paciente fundamentou-se na análise dos modelos: Ficha de Identificação e Admissão, Observação Clínica, Histórico de Enfermagem, Anamnese de Enfermagem, Evolução, Exames de Laboratório, Prescrição Médica, Descrição do Ato Cirúrgico e Sumário de Alta. Este último registra a ocorrência do evento no ítem diagnóstico principal ou secundário, no momento da liberação do paciente. Manteve-se a codificação da forma clínica da nosologia e episódios hansênicos empregados pelo Hospital, até 1998, sob a Classificação Internacional de Doenças (CID) de 1975, e a partir de 1999 a CID 10, de1995. Análise dos dados Os informes coletados, através do questionário (Anexo 1), formaram o banco de dados no Dbase III, com geração de estatísticas e figuras pelo programa EPI INFO 6.04b. Os dados obtidos foram submetidos inicialmente a análise de distribuição de freqüências, emprego de gráficos e cálculos de medidas estatísticas (média aritimética, desvio padrão, valor máximo e valor mínimo) A descrição do perfil da demanda das internações, por reações hansênicas, foi obtida através da análise univariada para cada conjunto de variáveis e em seguida, por meio de análises bivariadas, exploram-se as associações através do teste do chi-quadrado. Optou-se, para efeito de análise, por avaliar o perfil das internações por Reação Hansênica individualizadas através de três bancos de dados. O Banco 1 – contendo os eventos de internação quando do diagnóstico clínico da reação hansênica (CID 030.7 / A30.8) e forma clínica firmada inicialmente pelo Hospital; Banco 2 – abrangendo todas as internações por reação hansênica e forma clínica, reclassificados pela análise dos 44 prontuários médicos; Banco 3 – incluindo todos os casos de internação por reação hansêníca (Banco 1 e Banco 2) codificados com CID 030.7,030.8 e 030.9 45 6. RESULTADOS No período de 1992-99 o universo de 270 pacientes ensejou o registro de 477 internações por reação hansênica no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB). Para efeito de análise os dados foram estratificados em dois bancos, objetivando avaliar o perfil das internações por reação hansênica quando existiu acerto do hospital quanto á identificação e classificação das reações hansênicas (BANCO 1) e aquelas reclassificadas pelo pesquisador (BANCO 2). O BANCO 1 apresenta o universo de 151 reações referentes a 99 pacientes. O Quadro 1 evidencia as características demográficas dos pacientes Internados por reação hansênica. Quadro 1: Distribuição dos pacientes (n=99) internados por Reações Hansênicas no HUJBB, segundo características demográficas. Belém-Pa., 1992-1999 Características Epidemiológicas Frequência N % Sexo masculino 71 71,7 feminino 28 28,3 Idade (anos) 0 - 19 23 23,3 20 - 39 49 49,5 40 - 59 19 19,2 > = 60 8 8,0 Estado Civil Solteiro 61 61,6 Casado 31 31,3 outros 7 7,1 Profissão estudante 26 26,3 doméstica 13 13,1 lavrador 11 11,1 outras 49 49,5 Procedência capital 45 45,5 interior 54 54,5 Naturalidade Pará 84 84,9 Maranhão 7 7,0 Outras 8 8,1 Fonte: DAME-Divisão de Arquivo Médico e Estatística HUJBB-Hosp.Universitário João de Barros Barreto SEXO O perfil da população estudada mostra a presença de 71,7% pacientes do sexo masculino e 28,3% do sexo feminino, sendo 2,5:1 a razão homem/mulher A relação entre a variável sexo e os tipos de reação, evidenciou que no sexo masculino 94% das hospitalizações foram do tipo ENH, 4,2% EP e 1,4% do tipo RR, observando-se predominância similar para o ENH em mulheres (Tabela 1). 46 Tabela 1: Distribuição dos pacientes internados por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Tipo de Reação e Sexo,Belém - Pa, 1992 – 1999 TIPO DE REAÇÃO SEXO ENH* EP** RR*** TOTAL N % N % N % N (%) Masc 67 94,4 3 4,2 1 1,4 71 (100,0) Fem 26 92,9 0 0,0 2 7,1 28 (100,0) TOTAL 93 93,9 3 3,0 3 3,0 99(100,0) Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico e Estatística HUJBB-Hosp.Universitário João de Barros Barreto Qui-Quadrado = 3,37 G.L. = 02 p-valor = 0,1857190 * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa IDADE A idade dos 99 pacientes estudados variou de 9 a 74 anos com mediana de 32 anos. A maior concentração ocorreu na faixa de 20 a 39 anos, em 49,5% dos pacientes. A Tabela 2 apresenta a distribuição do total das reações hansênicas segundo sexo e idade, revelando a predominância da faixa etária de 20 a 39 anos no sexo masculino (54,9%), enquanto entre as mulheres foi observada contribuição similar das faixas etárias de 0-19 e 20-39 anos, cada uma das quais apresentando 35,7% dos casos. Tabela 2: Distribuição dos pacientes internados por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Faixa Etária e Sexo, Belém – Pa, 1992-1999. SEXO FAIXA ETÁRIA ( anos ) Masculino Feminino TOTAL N % N % N % 0 a 19 13 18,3 10 35,7 23 23,3 20 a 39 39 54,9 10 35,7 49 49,5 40 a 59 14 19,7 5 17,9 19 19,2 > = 60 5 7,0 3 10,7 8 8,0 71 71,7 28 28,3 99 100,0 TOTAL Fonte:DAME - Div. Arquivo Médico e Estatística HUJBB -Hosp.Universitário João de Barros Barreto Qui-quadrado = 48,30 G.L. = 46 p-valor = 0,00000 Quando da relação entre a idade e a ocorrência dos tipos de reação (Tabela 3), observou-se na faixa etária 20 a 39 anos a maior prevalência dos tipos reacionais com 49,5%. O tipo ENH foi o mais prevalente em todas as faixas etárias, variando entre 91 e 100% das reações hansênicas analisadas. 47 Tabela 3: Distribuição dos pacientes internados por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Faixa Etaria e Tipo de Reação, Belém – Pa, 1992-1999. TIPO DE REAÇÃO FAIXA ETÁRIA ENH* EP** RR*** TOTAL N % N % N % N (%) 0 a 19 22 95,7 0 0,0 1 4,3 23 (23,2) 20 a 39 45 91,8 2 4,1 2 4,1 49(49,5) 40 a 59 18 94,7 1 5,3 0 0,0 19(19,2) > = 60 8 100,0 0 0,0 0 0,0 8(8,1) 93 93,9 3 3,0 3 3,0 TOTAL Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico e Estatística HUJBB-Hosp.Universitário João de Barros Barreto 99(100,0) Qui-quadrado = 73,10 G.L. = 92 p-valor=0,00000 * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa ESTADO CIVIL A análise do estado civil indicou que 61,6% pacientes eram solteiros e 31,3% eram casados. Em relação ao estado civil e o desenvolvimento das reações hansênicas, o tipo ENH foi o mais prevalente, correspondendo a 93% das observações tanto em solteiros como em casados (Tabela 4). Tabela 4: Distribuição dos pacientes internados por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Reação e Estado Civil, Belém – Pa, 1992 - 1999 TIPO DE REAÇÃO ESTADO CIVIL ENH* EP** RR*** Tipo de TOTAL N % N % N % N(%) Solteiro 57 93,4 2 3,3 2 3,3 61(61,6) Casado 29 93,6 1 3,2 1 3,2 31(31,3) Outros 7 100,0 0 0,0 0 0,0 7(7,1) TOTAL 93 93,9 3 3,0 3 3,0 99 (100,0) Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico e Estatística HUJBB-Hosp.Universitário João de Barros Barreto Qui-Quadrado = 0,49 G.L. = 08 p-valor = 0,99987993 * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa PROFISSÃO No que concerne à profissão a maior concentração ficou em 26,3% com estudantes, 13,1% com as domésticas e 11,1% com os lavradores. 48 PROCEDÊNCIA A procedência evidenciou que 45,5% dos pacientes eram oriundos da capital do Estado e 54,5% do interior, identificando-se como maior freqüência aqueles referenciados pelo Município de Ananindeua, distante 20 km da capital, com 8,1% da demanda geral. NATURALIDADE A maioria dos pacientes era natural do Estado do Pará com 84,9%, vindo a seguir o Estado do Maranhão com 7,0%. O Quadro 2 exterioriza as características clínicas das Reações Hansênicas (n= 151), oriundas de 99 pacientes internados. Quadro 2:Características Clínicas das internações por episódios de Reação Hansênica no HUJBB, Belém-Pa.,1992-1999 Características Clínicas Freqüência N % Doença ativa 140 92,7 inativa 11 7,3 borderline 15 10,7 virchowiana 125 89,3 ENH* 143 94,7 EP** 4 2,6 RR*** 4 2,6 01 a 03 122 80,8 04 a 06 18 11,9 07 a 09 6 4,0 > = 10 5 3,3 149 98,7 2 1,3 Forma Clínica Tipo de Reação Nº de episódios Diagnóstico principal secundário Fonte:DAME-Divisão de Arquivo Médico e Estatística HUJBB - Hosp. Univ. João B. Barreto * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa ATIVIDADE DA DOENÇA Dos 151 episódios reacionais, a grande maioria (92,7%) manifestou-se no decorrer do tratamento da fase ativa da doença, enquanto 7,3% corresponderam à 49 ocorrência de surtos em pacientes liberados do tratamento específico, com alta por cura. A forma predominante de apresentação clinica foi o ENH, tanto na fase ativa como na inativa da doença, respectivamente, com 94,2 e 100% (Tabela 5). Tabela 5: Distribuição das Reações Hansênicas em pacientes internados no HUJBB, segundo Tipo de Reação e Fase de Atividade da Doença, Belém-Pa,1992-1999 TIPO DE REAÇÃO DOENÇA ENH* EP** RR*** TOTAL N % N % N % N (%) Ativa 132 94,2 4 2,9 4 2,9 140 (92,7) Inativa 11 100,0 0 0,0 0 0,0 11 (7,3) TOTAL 143 94,7 4 2,6 4 2,6 151(100,0) Fonte:DAME-Divisão de Arquivo Médico e Estatística HUJBB - Hosp. Univ. João B. Barreto Qui-Quadrado = 0,66 G.L. = 02 p-valor = 0,71758194 * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa Forma Clínica As formas bacilíferas, virchowiana e borderline, foram responsáveis por 92,7% das reações. A Tabela 6 permite observar que das formas clínicas na fase ativa, identificadas pelo hospital e relacionadas aos surtos, a virchowiana foi a mais freqüente com 89,3%. Em seguida mostrou-se a borderline com 10,7%. A distribuição dos tipos reacionais, em relação às formas clínicas (n=140), mostrou o predomínio do ENH na forma virchowiana (93,9%) e ocorrência de 6,1% na forma borderline, enquanto a totalidade da RR ocorreu na forma borderline. A estratificação, de acordo com os tipos reacionais, evidenciou o Tipo II (ENH+EP) com 97,1% episódios. A reação hansênica Tipo I (RR) esteve presente em 2,9%. Tabela 6: Distribuição das Reações Hansênicas em pacientes internados no HUJBB, segundo Tipo de Reação e Forma Clínica, Belém-Pa., 1992-1999 TIPO DE REAÇÃO FORMA CLÍNICA ENH* EP** RR*** TOTAL N % N % N % 8 6,1 3 75,0 4 100,0 15 (10,7) Virchowiana 124 93,9 1 25,0 0 0,0 125 (89,3) TOTAL 132 94,2 4 2,9 4 2,9 140 (100,0) Borderline Fonte:DAME-Divisão de Arquivo Médico e Estatística HUJBB - Hosp. Univ. João B. Barreto * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa N (%) Qui-Quadrado = 1,01 G.L. = 02 p-valor = 0,60383339 No que concerne ao perfil clínico-dermato-neurológico identificou-se o ENH- minor (isolado) em 6,8% internações, enquanto o ENH-major (associado com manifestações 50 sistêmicas) foi identificado em 90,7%. A distribuição das manifestações sistêmicas revelou a ocorrência da febre como a mais freqüente (74,8%), seguida da mioartralgia (68,2%) e malestar geral (11,3%). A vasculite foi diagnosticada em 3,3% das internações. Em 2,0% das reações hansênicas ocorreu a neurite isolada (RR-minor). Do total, das reações hansênicas detectadas, 18,5% manifestaram acometimento neural clinicamente expressado pela dor e/ou espessamento cursando com manifestações sistêmicas (RRmajor). O edema, localizado em face e extremidades, foi observado em 5,3% internações. NÚMERO DE EPISÓDIOS No que concerne ao número de reações predominou a ocorrência de 1 episódio em 54,3% das internações. A freqüência das reinternações por 2 ou mais vezes foi de 45,7%, enquanto que de 10 a 14 readmissões foi de 3,5%. Na Tabela 7, a análise simultânea do número de episódios com os tipos reacionais, evidenciou maior concentração entre 1 e 3 episódios em 96,7% das reações hansênicas do Tipo II e 3,3% reações hansênicas do Tipo I Tabela 7: Distribuição das Reações Hansênicas em pacientes internados no HUJBB, segundo Número de Episódios e Tipo de Reação, Belém-Pa, 1992-1999 Nº de Episódios TIPO DE REAÇÃO 1 a 3 4 a 6 7 a 9 > = 10 TOTAL N % N % N % N % N (%) ENH* 114 93,4 18 100,0 6 100,0 5 100,0 143(94,6) EP** 4 3,3 0 0,0 0 0,0 0 0,0 4(2,7) RR*** 4 3,3 0 0,0 0 0,0 0 0,0 4(2,7) 122 80,8 18 11,9 6 4,0 5 3,3 151(100,0) TOTAL Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatística HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa Qui-Quadrado = 4,44 G.L. = 26 p-valor = 0,99999934 DIAGNÓSTICO PRINCIPAL E SECUNDÁRIO A Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) do hospital identificou as reações hansênicas como diagnóstico principal em 98,7% internações e 1,3% como diagnóstico secundário. O Quadro 3 revela o comportamento das reações em relação ao movimento hospitalar. 51 Quadro 3: Distribuição das Reações Hansênicas em pacientes internados no HUJBB, segundo Movimento Hospitalar, Belém-Pa., 1992-1999 Frequência Movimento Hospitalar N % Melhorado 147 97,3 Inalterado 1 0,7 Óbito 3 2,0 Sim 1 33,3 Não 2 66,7 conduta médica 49 33,1 complement. Tto.amb. 95 64,2 à pedido 4 2,7 até 04 21 13,9 05 a 08 39 25,8 > = 09 91 60,3 Evol. própria Patologia 118 78,1 Intercorrência 12 7,9 Clínico 148 98,0 3 2,0 Tipo de alta Necrópsia Motivo de alta Tempo de permanência (dias) Motivo Permanência Maior Tratamento Cirúrgico Fonte:DAME-Divisão de Arquivo Médico e Estatística HUJBB - Hosp. Univ. João B. Barreto TIPO DE ALTA O tipo da alta hospitalar, melhorado, representou a maioria expressiva em 97,3% das internações, sendo registrado 0,7% com resultado inalterado e 3 óbitos. O hospital realizou somente 1 necrópsia em paciente com tempo de permanência igual a 1 dia. MOTIVO DE ALTA Na distribuição, do motivo de alta, observou-se 33,1% por conduta médica, 64,2% com encaminhamento para complementação de tratamento ambulatorial, em Unidades de Saúde de menor porte, e 2,7% a pedido. 52 TEMPO DE PERMANÊNCIA O tempo de permanência evidenciou 13,9% das internações até 4 dias, parâmetro estabelecido pelo Sistema de Internação Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS), permitindo, em alguns casos e mediante justificativa, dobrar o mesmo. As internações que se mantiveram até 8 dias, ocorreram em 25,8% e aquelas acima de 9 dias, representaram 60,3%. O tempo médio de permanência ficou em 14 dias e a mediana em 12 dias. O tempo máximo foi de 89 dias. O motivo da permanência maior estava relacionado à evolução própria da patologia em 78,1% das internações. As intercorrências atingiram 7,9%. TRATAMENTO Das 151 internações, por reação, 98,0% tiveram a indicação de tratamento clínico medicamentoso associado a cuidados gerais. O tratamento cirúrgico restringiu-se a 2,0% das internações. A talidomida foi indicada em 62,3% episódios, assim distribuídos segundo os tipos reacionais I e II: 2,1% em RR, 94,7% em ENH e 3,2% em EP. A posologia diária mostrou, como dose prevalente, a indicação de 400mg (85,1%), 300mg (8,5%) e 200mg (6,4%). A amplitude variou de 50 a 450mg, com média aritimérica de 180mg, mediana e moda de 300mg. A duração do tratamento ficou concentrada entre 3 a 14 dias, com média aritimética de 8 dias e mediana de 7 dias. O uso da talidomida foi suprimido por cura no ENH em 77,3% e no EP em 33,3%. Em 33,3% das internações não houve informação sobre o motivo da supressão da medicação. A observação, do tratamento medicamentoso, mostrou que houve a indicação de prednisona em 91,4% das internações, assim distribuídas pelos tipos reacionais: 94,2% em ENH, 2,9% em EP e 2,9% em RR. As maiores freqüências da indicação diária ficaram em 60mg (44,2%), 40mg (35,5%) e 20mg (10,9%), com a duração do tratamento concentrada entre 3 a 14 dias. A amplitude da dose variou de 15mg a 80mg, com média aritimética de 47mg, mediana de 40mg e moda de 60mg. O motivo da supressão da prednisona no ENH foi a cura em 7,6% episódios; no EP observou-se 50,0% por cura, 25,0% melhorado e 25,0% por óbito; na RR foram registrados 75,0% por cura e 25,0% com boa evolução clínica. A ocorrência das reações concomitou em 37,0% internações com eventos associados à imunodeficiência como SIDA (1,3%), tuberculose pulmonar (0,7%), diabetes mellitus (1,3%), colagenoses (0,7%). Outros motivos secundários de internação com terapia medicamentosa que, presumidamente, são tidas como fator de risco para a eclosão das reações foram: hipertensão arterial sistêmica (1,3%) e distúrbios psiquiátricos (1,3%). Outras 53 nosologias foram a insuficiência renal crônica (0,7%), sepse (2%), infecção urinária (4,6%) e infecção cutânea (7,3%). BANCO 2 O Banco-2 representa o conjunto de reações que demandaram internação e que não foram identificadas como tal no momento do diagnóstico e/ou codificação, embora apresentassem características compatíveis sendo, no presente trabalho, reclassificadas juntamente com as formas clínicas. O Banco representa, também, o universo de 326 reações oriundas de 171 pacientes. 0 Quadro 4 demonstra as características demográficas dos pacientes internados por reação hansênica e reclassificadas pelo pesquisador. Quadro 4: Distribuição dos pacientes internados com Reação Hansênica no HUJBB, segundo Caracteristicas Demográficas Belém-Pa., 1992-1999 Características Epidemiológicas Frequência N % Sexo Idade (anos) Masculino Feminino 126 45 73,7 26,3 0 - 19 20 - 39 40 - 59 > = 60 27 79 39 26 15,8 46,2 22,8 15,2 Solteiro Casado Outros 101 53 17 59,1 31,0 9,9 Estudante Doméstica Lavrador Outras 30 25 18 98 17,6 14,6 10,5 57,3 Capital Interior 93 78 54,4 45,6 Pará Maranhão Outras 151 10 10 88,3 5,8 5,8 Estado Civil Profissão Procedência Naturalidade Fonte:DAME-Divisão de Arquivo Médico e Estatística HUJBB - Hosp. Univ. João B. Barreto SEXO A variável sexo mostra a presença de 73,7% pacientes do sexo masculino e 26,3% do sexo feminino. A razão homem/mulher foi 2,8:1. 54 Nas internações por reação é evidente a predominância da ocorrência do ENH em ambos os sexos, sendo da ordem de 88,9% em homens e 95,6% em mulheres (Tabela 8). Tabela 8: Distribuição dos pacientes internados por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Sexo e Reação, Belém – Pa, 1992 – 1999 TIPO DE REAÇÃO SEXO ENH* EP** RR*** TOTAL N % N % N % N (%) Masc 112 88,9 4 3,2 10 7,9 126(73,70 Fem 43 95,6 0 0,0 2 4,4 45(26,3) TOTAL 155 90,6 4 2,4 12 7,0 171(100,0) Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatistica HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto Qui-Quadrado = 2,17 G.L. = 02 p-valor = 0,33835106 * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa IDADE Quando da estratificação da idade em faixas etárias, a maior concentração de reações foi observada no estrato de 20 a 39 anos, sendo da ordem de 44,4% em pacientes do sexo masculino e de 51,1% no sexo feminino (Tabela 9). Tabela 9:Distribuição dos pacientes internados por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Faixa Etária e Sexo, Belém-Pa, 1992-1999 SEXO FAIXA ETÁRIA ( anos ) Masculino Feminino N % N TOTAL % N % 0 a 19 19 15,1 8 17,8 27 15,8 20 a 39 56 44,4 23 51,1 79 46,2 40 34 27,0 5 11,1 39 22,8 17 13,5 9 20,0 26 15,2 126 73,7 45 26,3 171 100,0 a 59 > = 60 TOTAL Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatística HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto Qui-quadrado = 70,60 G. L. = 61 p-valor = 0,0000 Na Tabela 10, a idade estudada nas internações por reação, variou de 9 a 92 anos, com mediana de 33 anos. Os tipos de reação mostraram distribuição predominannte na faixa de 20 a 39 anos (46,2%). As maiores prevalências de ENH foram também observadas na faixa de 20 a 39 anos (45,2%). 55 Tabela 10:Distribuição dos pacientes internados por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Tipo de Reação e Faixa Etária, Belém-Pa,1992-1999 TIPO DE REAÇÃO FAIXA ETÁRIA ENH* EP** RR*** TOTAL N % N % N % 0 a 19 23 14,8 0 0,0 4 33,3 27 (15,8) 20 a 39 70 45,2 3 75,0 6 50,0 79 (46,2) 40 a 59 38 24,5 1 25,0 0 0,0 39 (22,8) > = 60 24 15,5 0 0,0 2 16,7 26 (15,2) TOTAL 155 90,6 4 2,4 12 7,0 171(100,0) Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatistica HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto N (%) Qui-quadrado = 83,45 G.L. = 122 p-valor= 0,00000 * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa ESTADO CIVIL O estado civil revela que 59,1% pacientes pertenciam à categoria solteiro e 31,0% eram casados. Quanto à relação entre o estado civil e a ocorrência das reações hansênicas, ficou evidenciada a predominância da ocorrência das reações Tipo I e II em solteiros. Estes estiveram representados em 59,4% dos ENH, 75,0% dos EP e 50,0% dos RR na amostra analisada (Tabela 11). Tabela 11: Distribuição dos pacientes internados por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Tipo de Reação e Estado Civil, Belém-Pa,1992-1999 TIPO DE REAÇÃO ESTADO CIVIL ENH* EP** N % N RR*** % N TOTAL % N(%) Solteiro 92 59,4 3 75,0 6 50,0 101(59,1) Casado 48 30,9 1 25,0 4 33,3 53(31,1) Outros 15 9,7 0 0,0 2 16,7 17(9,9) TOTAL 155 90,6 4 2,4 12 7,0 171(100,0) Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatistica HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto Qui-quadrado = 5,43 G.L. = 08 p-valor = 0,7118505 * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa PROFISSÃO No que diz respeito à classe profissional os estudantes representaram 17,6%, seguida da doméstica com 14,6% e lavrador com 10,5%. 56 PROCEDÊNCIA A procedência dos pacientes ficou concentrada na demanda da capital do Estado do Pará com 54,4%, na qual bairros como Guamá, Jurunas e Terra Firme concentraram 22,2% dos casos. A procura pelos pacientes do interior foi de 45,6%, destacando-se o Município de Ananindeua com 12,9%. A razão capital/ interior foi de 1,2:1 NATURALIDADE A análise identificou que em 88,3% internações por reação, os pacientes eram naturais do Estado do Pará e 5,8% eram do Estado do Maranhão. O Quadro 5 retrata características clínicas das 326 reações hansênicas oriundas de 171 pacientes internados. Quadro 5: Características Clínicas das internações por episódios de Reação Hansênica no HUJBB, Belém-Pa,1992-1999 Características Clínicas Frequência N % Ativa 311 95,4 Inativa 15 4,6 Borderline 24 7,7 Virchowiana 283 91,0 Tuberculóide 4 1,3 ENH* 304 93,3 EP** 7 2,1 RR*** 15 4,6 01 a 03 274 84,0 04 a 06 36 11,0 07 a 09 12 3,7 > = 10 4 1,3 317 97,2 9 2,8 Doença Forma Clínica Tipo de Reação Nº de episódios Diagnóstico Principal Secundário Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatística HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa 57 ATIVIDADE DA DOENÇA Das 326 reações, 95,4% ocorreram na fase ativa da doença, ao passo que 4,6% manifestaram-se em pacientes que tinham recebido alta por cura. A distribuição dos episódios reacionais, na fase ativa da doença, mostrou freqüência prevalente do ENH com 92,9%, 2,3% para o EP e 4,8% para RR, sendo verificado que a totalidade das reações hansênicas observadas na fase inativa correspondeu ao ENH (Tabela 12). Tabela 12: Distribuição das Reações Hansênicas em pacientes internados no HUJBB, segundo Fase de Atividade da Doença e Tipo de Reação, Belém-Pa,1992-1999 TIPO DE REAÇÃO DOENÇA ENH* EP** RR*** TOTAL N % N % N % N (%) Ativa 289 92,9 7 2,3 15 4,8 311(95,4) Inativa 15 100,0 0 0,0 0 0,0 15(4,6) TOTAL 304 93,3 7 2,1 15 4,6 326(100,0 Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatistica HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto Qui-quadrado = 1,14 G. L. = 02 p-valor = 0,56612440 * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa FORMA CLÍNICA A forma virchowiana, da classificação de Madrid, foi a mais freqüente em 91,0% internações por reação, seguida da borderline em 7,7% e da tuberculóide em 1,3%. As formas bacilíferas V e B foram responsáveis por 98,7% das internações. No cotejamento das formas clínicas com os episódios reacionais, identificou-se a manifestação de 54,2% ENH e 45,8% RR na forma B; 97,5% ENH e 2,5% EP na forma V e 100% RR na forma T (Tabela 13) Tabela 13:Distribuição das Reações Hansênicas em pacientes internados no HUJBB, segundo Tipo de Reação e Forma Clinica,Belém-Pa,1992-1999 TIPO DE REAÇÃO FORMA CLÍNICA ENH* EP** RR*** TOTAL N % N % N % N (%) Borderline 13 54,2 0 0,0 11 45,8 24 (7,7) Virchowiana 276 97,5 7 2,5 0 0,0 283(91,0) Tuberculóide 0 0,0 0 0,0 4 100,0 4(1,3) TOTAL 289 92,9 7 2,3 15 4,8 311(100,0) Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatistica HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa Qui-Quadrado = 33,19 G.L. = 06 p-valor = 0,00000962* 58 A ocorrência das manifestações dermatológicas, no quadro reacional, foi observada em 83,7% das internações. Em 76,7%, exteriorizou-se o ENH-major (ENH associado) com manifestações sistêmicas agrupadas ou não, como 62,2% tipo febre, 42,9% tipo artralgia e 10,1% tipo mal-estar geral. As lesões dermatológicas do tipo ENH-minor (ENH isolado) foram observadas em 7,0% episódios. A vasculite foi registrada em 4,3%. O comprometimento neural foi detectado em 16,3% das reações, com a RRminor sendo evidenciada em 6,7% episódios reacionais. A RR-major ocorreu em 9,5% internações, nas quais se evidenciou a presença de 58,0% de edema de face e extremidades. NÚMERO DE EPISÓDIOS Os episódios mostraram maior concentração (57,7%) quando circunscritos a uma única internação e a distribuição de 2 a 9 admissões correspondeu a 41,1%. Um número reduzido de internações (1,2%) incluiu entre 10 a 14 episódios. A tabela mostra que, em relação ao número de episódios, foi evidenciada a concentração de 1 a 3 internações, correspondendo a 83,2% dos surtos de ENH, 85,7% de EP e 100,0% de RR (Tabela 14). Tabela 14: Distribuição das Reações Hansênicas em pacientes internados no HUJBB, segundo Número de Episódios e Tipo de Reação. Belém-Pa,1992-1999 Nº de Episódios TIPO DE REAÇÃO 1 a 3 4 a 6 7 a 9 > = 10 TOTAL N % N % N % N % N(%) ENH* 253 83,2 36 11,8 11 3,6 4 1,3 304 (93,3) EP** 6 85,7 0 0,0 1 14,3 0 0,0 7 (2,1) RR*** 15 100,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 15 (4,6) TOTAL 274 84,0 36 11,0 12 3,7 4 1,3 326(100,0) Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatística HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa Qui-Quadrado = 24,82 G.L. = 20 p_valor = 0,20833535 DIAGNÓSTICO PRINCIPAL E SECUNDÁRIO No que concerne à precisão dos diagnósticos principal e secundário, o hospital identificou a doença Hanseníase, respectivamente, em 97,2% e 2,8% das internações, entretanto sem precisar na totalidade (n=326) o registro correto do episódio hansênico, já instalado no momento da admissão, e a situação de atividade ou inatividade da doença. 59 O Quadro 6 revela o comportamento das reações em relação ao movimento hospitalar. Quadro 6: Distribuição das Reações Hansênicas em pacientes internados no HUJBB, segundo Movimento Hospitalar, Belém-Pa., 1992-1999 Movimento Hospitalar Frequência N % Melhorado 317 97,3 Inalterado 2 0,6 Óbito 7 2,1 Sim 1 14,3 Não 6 85,7 conduta médica 149 46,7 Complement. Tto.amb. 169 53,0 1 0,3 até 04 43 13,2 05 a 08 89 27,3 > = 09 194 59,5 Evol. própria Patologia 264 81,0 Intercorrência 18 5,5 Social 1 0,3 clínico 312 95,7 cirúrgico 14 4,3 Tipo de alta Necrópsia Motivo de alta à pedido Tempo de permanência (dias) Motivo Permanência Maior Tratamento Fonte:DAME-Divisão de Arquivo Médico e Estatística HUJBB - Hosp. Univ. João B. Barreto TIPO DE ALTA A alta, com quadro clínico melhorado, mostrou-se prevalente em 97,3% das saídas, secundado por 0,6% resultados de tratamento inalterado. Os 7 óbitos registrados representaram 2,1% das internações (n=326) e ficaram concentrados (57,1%) na Insuficiência Respiratória por Edema Agudo de Pulmão Não-Especificado. Houve solicitação de 1 necrópsia, para óbito em que o tempo de permanência foi de 5 dias. MOTIVO DE ALTA A distribuição, segundo o motivo de alta, registrou 46,7% eventos por conduta médica, e indicou como mais constante a decisão médica com encaminhamento do paciente 60 para prosseguir tratamento ambulatorial na rede básica de unidades do SUS, em 53,0% das internações. TEMPO DE PERMANÊNCIA No que concerne ao Tempo de Permanência, 13,2% das internações mantiveram-se até 4 dias, 27,3% ocorreram entre 5 a 8 dias, e 59,5% ultrapassaram 9 dias. O tempo máximo foi de 69 dias. O tempo médio de permanência registrou 12 dias e a mediana 10 dias. MOTIVO DE PERMANÊNCIA MAIOR O motivo da permanência maior acima da delimitação de 4 dias, estabelecida pelo SIH-SUS, foi observada em 86,8% das internações, apresentando como causa maior a evolução da própria patologia (81,0%). As intercorrências atingiram 5,5% das internações. TRATAMENTO O tratamento clínico medicamentoso, associado aos cuidados gerais, foi indicado em 95,7% das internações por reação, e o tratamento cirúrgico teve indicação em 4,3%. A talidomida foi indicada em 61,7% das internações, distribuídas em 96,0% dos ENH, 1,0% dos EP e 3,0% das RR. A duração do tratamento ficou concentrada entre 2 a 14 dias. A análise da distribuição das doses diárias permitiu a observação da maior freqüência em 300mg (68,6%), 200mg (20,8%) e 400mg (10,6%) sendo a média de 190mg, a mediana e moda de 300mg. Quanto ao motivo de supressão da talidomida, a análise revela 100,0% por cura. A indicação de prednisona foi observada em 66,9% das internações, com a seguinte distribuição: 92,7% por ENH, 2,3% por EP e 5,0% por RR. A duração do tratamento com prednisona ficou concentrada entre 3 a 11 dias. As doses diárias mais freqüentes foram 60mg (43,0%), 40mg (35,0%) e 20mg (8,9%), apresentando 35mg como média, 40mg como mediana e 60mg como moda. A amplitude foi diversificada entre 20 e 400mg. No que concerne aos motivos de supressão da prednisona por cura, o ENH estava relacionado em 61,9%; o EP em 20,0% e a RR em 27,3%. Das reações hansênicas que demandaram internação, 32,5% das admissões cursaram simultaneamente com agravos que, presumidamente, são tidos como fatores de risco na eclosão dos surtos pela imunossupressão determinada através de mecanismos 61 fisiopatológicos e/ou pelo emprego de medicamentos, destacando-se: sepse (0,9%), tuberculose pulmonar (0,6%), diabetes mellitus (1,5%), artrite (1,2%), HIV (0,6%), infecção urinária (1,2%), infecção cutânea (3,0%), distúrbios psiquiátricos (0,6%), hipertensão arterial sistêmica (0,9%), gravidez (0,3%). Das variáveis, trabalhadas nos Bancos 1 e 2, a análise comparativa dos resultados mostra diferenças significantes nas internações contidas no Banco 2, como: - decréscimo de 7,5% na faixa etária entre 0 a 19 anos - crescimento de 8,9% da demanda oriunda da capital - decréscimo de 3,0% na ocorrência da forma borderline - crescimento de 2,0% das Reações Reversas - incremento de 4,7% de RR-minor - incremento de 9,0% RR-major - incremento de 16,9% ENH-major - incremento de 1,6% ENH-minor - decréscimo de 2,3% nos episódios com mais de 10 readmissões - decréscimo de 2,4% das intercorrências - crescimento de 2,3% na indicação do tratamento cirúrgico Diante do exposto é recomendável, em estudos similares ao realizado, a estratificação utilizada, considerando que das 477 reações identificadas, 68,3% não foram devidamente classificadas pelo Hospital. Em relação às diferenças entre características epidemiológicas, clínicas e referentes ao movimento hospitalar, outros estudos são indicados para justificá-las. 62 BANCO GERAL A análise do universo de internações (n=477) determinadas por episódios hansênicos, permitu estabelecer as características demográficas dos 270 pacientes admitidos no período de 1992-1999. Quadro 7: Distribuição dos pacientes com Reação Hansênica internados no HUJBB, segundo Caracteristicas Demográficas, Belém-Pa,1992-1999. Características Epidemiológicas Frequência N % masculino 197 73,0 feminino 73 27,0 0 - 19 50 18,5 20 - 39 128 47,4 40 - 59 58 21,5 > = 60 34 12,6 solteiro 162 60,0 casado 84 31,1 outros 24 8,9 estudante 56 20,7 doméstica 38 14,0 lavrador 29 10,7 outras 147 54,5 capital 138 51,1 interior 132 48,9 Pará 235 87,0 Maranhão 17 6,3 Outras 18 6,7 Sexo Idade (anos) Estado Civil Profissão Procedência Naturalidade Fonte: DAME-Divisão de Arquivo Médico e Estatística HUJBB- Hosp.Universitário João Barros Barreto O quadro 7 exterioriza o perfil da população estudada no que concerne á variável sexo, com 73,0% pacientes do sexo masculino e 27,0% do sexo feminino, sendo a razão homem/mulher 2,7:1 63 Na relação entre a variável sexo e o tipo de reação, foi evidenciado o predomínio do ENH em ambos os sexos, sendo 90,8% em homens e 94,5% em mulheres. A reação do Tipo II foi mais incidente em 94,4% dos pacientes. Tabela 15:Distribuição dos pacientes internados por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Tipo de Reação e Sexo. Belém – Pa, 1992 - 1999 TIPO DE REAÇÃO SEXO ENH* EP** RR*** TOTAL N % N % N % N (%) Masc 179 90,8 7 3,5 11 5,6 197 (73,00 Fem 69 94,5 0 0,0 4 5,5 73 (27,0) TOTAL 248 91,8 7 2,6 15 5,6 270 (100,0) Qui-Quadrado = 2,67 G.L. = 02 p_valor = 0,26282572 Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatistica HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa IDADE A idade dos 270 pacientes estudados variou de 9 a 92 anos, com mediana de 33 anos. A maior concentração ocorreu na faixa etária de 20 a 39 anos, com 47,4% dos pacientes, observando-se que 87,4% dos pacientes encontram-se na faixa etária de menores de 60 anos. A variável idade quando associada ao sexo evidenciou, também, a predominância da faixa etária de 20 a 39 anos em ambos os sexos, com 48,2% e 45,2%, respectivamente, em homens e mulheres (Tabela 16). Tabela 16: Distribuição dos pacientes internados por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Faixa Etária e Sexo. Belém – Pa, 1992 - 1999 SEXO FAIXA ETÁRIA ( anos ) Masculino Feminino TOTAL N % N % N % 0 a 19 32 16,2 18 24,7 50 18,5 20 a 39 95 48,2 33 45,2 128 47,4 40 a 59 48 24,4 10 13,7 58 21,5 > = 60 22 11,2 12 16,4 34 12,6 197 73,0 73 27,0 270 100,0 TOTAL Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatística HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto Qui-quadrado = 74,25 G. L. = 64 p_valor = 0,00000 64 Na Tabela 17 observa-se que houve predomínio da ocorrência dos tipos de reação na faixa etária de 20 a 39 anos com 46,4% das internações por ENH, 71,4% por EP e 53,3% por RR. A reação do Tipo II foi a mais incidente com 94,4%. Tabela 17:Distribuição dos pacientes internados por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Faixa Etária e Tipo de Reação. Belém-Pa,1992-1999 TIPO DE REAÇÃO FAIXA ETÁRIA ENH* EP** RR*** TOTAL N % N % N % N (%) 0 a 19 45 18,1 0 0,0 5 3,3 50 (18,5) 20 a 39 115 46,4 5 71,4 8 53,3 128 (47,4) 40 a 59 56 22,6 2 28,6 0 0,0 58 (21,5) > = 60 32 12,9 0 0,0 2 13,3 34 (12,6) 248 91,8 7 2,6 15 5,6 270(100,0) TOTAL Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatistica HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto Qui-quadrado = 87,66 G. L. = 128 p_valor = 0,00000 * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa ESTADO CIVIL Do universo de 270 pacientes internados com Reação Hansênica, 60,0% estavam na categoría solteiro e 31,1% na categoría casado. A Tabela 18 revela que 60,0% das reações hansênicas ocorreram em solteiros nos quais observou-se 92% de ENH, 3,1% de EP e 4,9% de RR. Em casados, verificou-se distribuição de reações hansênicas com padrão similar de distribuição. Foi observada uma razão solteiro/casado de 1,9:1. Tabela 18: Distribuição dos pacientes internados por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Tipo de Reação e Estado Civil. Belém-Pa, 1992-1999 TIPO DE REAÇÃO ESTADO CIVIL ENH* EP** RR*** TOTAL N % N % N % Solteiro 149 92,0 5 3,1 8 4,9 162 (60,0) Casado 77 91,6 2 2,4 5 6,0 84 (31,1) Outros 22 91,7 0 0,0 2 8,3 24 (8,9) TOTAL 248 91,8 7 2,6 15 5,6 270 (100,0) Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatistica HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa Qui-quadrado = 3, 95 G. L. = 10 p_valor = 0,94957265 N(%) 65 PROFISSÃO Em relação à profissão, a maior freqüência apontou para a classe estudante (20,7%), vindo em seguida a doméstica (14,0%) e lavrador (10,7%). PROCEDÊNCIA A procedência indicou que a maior demanda é oriunda de Belém, capital do Estado do Pará, com 51,1% dos pacientes, secundada pelo interior com 48,9%. Na estratificação, por local de procedência, evidenciaram-se bairros da capital como Jurunas (11,5%), Benguí (7,1%), Guamá (6,3%) e Marambaia (5,2%) e o Município de Ananindeua (10,5%). NATURALIDADE Quanto à naturalidade, o Estado do Pará registrou a maior freqüência com 235 (87,0%) pacientes, seguido do Estado do Maranhão com 17 (6,3%). O Quadro 8 revela o comportamento das reações em relação às características clínicas. Quadro 8: Caracteristicas Clinicas das internações por episódios de Reação Hansênica HUJBB, Belém-Pa, 1992-1999. Características Clínicas Frequência N % ativa 451 94,5 inativa 26 5,5 Doença Forma Clínica borderline 39 8,6 virchowiana 408 90,5 tuberculóide 4 0,9 ENH* 447 93,7 EP** 11 2,3 RR*** 19 4,0 01 a 03 396 83,0 04 54 11,3 0 7 a 09 18 3,8 > = 10 9 1,9 principal 466 97,7 secundário 11 2,3 Tipo de Reação Nº de episódios a 06 Diagnóstico Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatística HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa 66 ATIVIDADE DA DOENÇA O Quadro 8 mostra que os episódios ocorreram em 94,5% das internações na fase ativa da doença, enquanto 5,5% manifestaram-se em pacientes já liberados do tratamento poliquimioterápico, com alta por cura. A Tabela 19 revela na fase ativa da doença a distribuição dos episódios em 93,3% por ENH, 2,4% por EP e 4,2% por RR. Na fase de cura da doença, foram registrados 5,5% internações por ENH. A ocorrência de reações nas formas bacilíferas polares foi 95,7%. Tabela 19:Distribuição das Reações Hansênicas em pacientes internados no HUJBB, segundo Fase de Atividade da Doença e Tipo de Reação, Belém-Pa,1992-1999. TIPO DE REAÇÃO DOENÇA ENH* EP** RR*** TOTAL N % N % N % N (%) Ativa 421 93,3 11 2,4 19 4,2 451 (94,5) Inativa 26 100,0 0 0,0 0 0,0 26 (5,5) TOTAL 447 93,7 11 2,3 19 4,0 Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatística HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto 477 (100,0) Qui_quadrado = 1,85 G.L. = 02 p_valor = 0,39741207 * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa FORMA CLÍNICA Na Tabela 20, a distribuição dos episódios na forma virchowiana revela a presença de ENH com 98%, sendo da ordem de 53,8% na forma borderline. Pode-se ainda observar que 90,5% das reações hansênicas corresponderam à forma clinica virchowiana e 8,6% à forma borderline. Tabela 20: Distribuição das Reações Hansênicas em pacientes internados no HUJBB, segundo Tipo de Reação e Forma Clínica, Belém-Pa,1992-1999. TIPO DE REAÇÃO FORMA CLÍNICA ENH* EP** RR*** TOTAL N % N % N % Borderline 21 53,8 3 7,7 15 38,5 39( 8,6) Virchowiana 400 98,0 8 2,0 0 0,0 408 (90,5) Tuberculóide 0 0,0 0 0,0 4 100,0 4 (0,9) 421 93,4 11 2,4 19 4,2 451 (100,0) TOTAL Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatistica HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa N(%) Qui-quadrado = 37,74 G. L. = 06 p_valor =0,00000126* 67 O quadro clínico-dermato-neurológico dos tipos de reações evidenciadas apresentou-se limitado à sintomas/sinais isolados, cutâneos ou neurais, ou associado à manifestações sistêmicas. A observação permitiu identificar ENH-minor (ENH isolado) em 7,4% das internações e ENH-major (ENH associado) em 92,6%, apresentando ou não, em conjunto, febre em 66,3%, mioartralgia em 55,3% e mal-estar geral em 11,5%. A vasculite manifestou-se em 4,1% das reações. A RR-minor traduzida por dor e/ou espessamento neural isolado, ocorreu em 26,3% internações e a RR-major quando associada ao edema de face e extremidades, alcançou 73,7% internações. NÚMERO DE EPISÓDIOS No que concerne á freqüência das reações, houve predominância na ocorrência de 1 a 3 episódios correspondentes a 83,0% das internações com distribuição de 92,7% por ENH, 2,5% por EP e 4,8% por RR (Tabela 21) Tabela 21:Distribuição das Reações Hansênicas em pacientes internados no HUJBB, segundo Número de Episódios e Tipo de Reação, Belém-Pa,1992-1999 Nº de Episódios TIPO DE REAÇÃO 1 a 3 4 a 6 7 a 9 > = 10 TOTAL N % N % N % N % N(%) ENH* 367 92,7 54 100,0 17 94,4 9 100,0 447(93,7 EP** 10 2,5 0 0,0 1 5,6 0 0,0 11 (2,3) RR*** 19 4,8 0 0,0 0 0,0 0 0,0 19 (4,0) TOTAL 396 83,0 54 11,3 18 3,8 9 1,9 477 (100,0) Fonte: DAME – Div. Arquivo Médico Estatistica HUJBB – Hosp. Univ. João Barros Barreto * ENH – Eritema Nodoso Hansênico ** EP – Eritema Polimorfo *** RR – Reação Reversa Qui_quadrado = 21,04 G. L. = 26 p_valor = 0,73988187 DIAGNÓSTICO PRINCIPAL E SECUNDÁRIO Os registros identificaram no diagnóstico principal a doença Hanseníase em 97,7% das internações por reação. Somente 2,3% foram registrados como diagnóstico secundário (Figura 1). Figura 1 – Internações de pacientes por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Diagnóstico,Belém-Pa,1992-1999 68 Quadro 9: Distribuição das Reações Hansênicas em pacientes internados no HUJBB, segundo Movimento Hospitalar, Belém-Pa., 1992-1999 Frequência Movimento Hospitalar N % Melhorado 464 97,3 Inalterado 3 0,6 Óbito 10 2,1 Sim 2 20,0 Não 8 80,0 conduta médica 198 42,4 Complement. Tto.amb. 264 56,5 5 1,1 até 04 64 13,4 05 a 08 128 26,8 > = 09 285 59,8 Evol. Própria Patologia 382 80,1 Intercorrência 30 6,3 Social 1 0,2 Clínico 460 96,4 Cirúrgico 17 3,6 Tipo de alta Necrópsia Motivo de alta à pedido Tempo de permanência (dias) Motivo Permanência Maior Tratamento Fonte:DAME-Divisão de Arquivo Médico e Estatística HUJBB - Hosp. Univ. João Barros Barreto Tipo de Alta O quadro clínico melhorado foi o tipo de alta dominante em 97,3% das internações, identificando-se o tipo inalterado em 3 internações (Figura 2). Foi registrada a ocorrência de 10 óbitos com a supremacia de 5 sob codificação CID 786.0 – Insuficiência Respiratória por Edema Agudo de Pulmão Não-Especificado. A realização de necrópsia restringiu-se a 20,0% do total de óbitos, em internação com tempo de permanência de 1 e 5 dias. 69 Figura 2 – Internações de pacientes por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Tipo de Alta, Belém-Pa,1992-1999. MOTIVO DE ALTA No motivo de alta ficou patente em 56,5% das internações a preocupação do hospital, ao encaminhar o paciente para prosseguir o tratamento na rede básica de saúde (Figura 3). Figura 3 – Internações de pacientes por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Motivo de Alta, Belém-Pa,1992-1999. 70 TEMPO DE PERMANÊNCIA A Figura 4 mostra que a distribuição do tempo de permanência das internações, foi de 13,4% até 4 dias, 26,8% de 5 a 8 dias e de 59,8% em tempo igual ou maior que 9 dias. O tempo máximo de permanência foi 89 dias. O tempo mediano ficou em 13 dias. Figura 4 – Internações de pacientes por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Tempo de Permanência (dias), Belém-Pa,1992-1999. 300 200 285 100 128 64 0 até 04 05 a 08 > = 09 MOTIVO DE PERMANÊNCIA MAIOR A Figura 5 mostra a distribuição das internações, quando o motivo da permanência foi maior que 4 dias. A evolução própria da patología foi predominante em 80,1% das internações e as intercorrências abrangeram 6,3%. Figura 5- Internações de pacientes por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Motivo de Permanência Maior,Belém-Pa,1992-1999. 500 436 400 300 200 100 30 0 Evol. própria Intercorrência Patologia 1 Social 71 TRATAMENTO A Figura 6 mostra que o tratamento medicamentoso associado a cuidados gerais teve predominância em 96,4% internações, enquanto o tratamento cirurgico foi indicado em 3,6%. Figura 6 – Internações de pacientes por Reação Hansênica no HUJBB, segundo Tipo de Tratamento, Belém-Pa,1992-1999. A talidomida foi empregada em 61,8% internações com a dose média diária de 187mg e a mediana de 300mg. A amplitude ficou diversificada entre 50mg e 450mg. A duração do tratamento mostra a média e a mediana em 7 e 6 dias, respectivamente. Quanto ao motivo da supressão houve supremacia, por cura, em 67,9% das internações. Não foram registradas informações em 21,0% dos episódios. A corticoterapia, representada pelo uso da prednisona, teve indicação em 74,6% episódios e foi empregada em dosagem que variou de 10 a 600mg, com a média de 39, mediana de 40 e moda de 60mg. A duração do tratamento variou de 3 a 15 dias, com mediana de 7 dias. O motivo maior da supressão, foi a cura em 78,4% internações. Em 15,7% das internações não estava registrado o motivo da supressão. Concomitante aos episódios foram registradas, também, no diagnóstico principal e/ou secundário 162 (34,0%) nosologias que pelo efeito imunossupressor, inclusive das drogas usadas no seu tratamento podem, favorecer à eclosão de reação, como: tuberculose pulmonar (0,6%), HIV (0,4%), SIDA (0,4%), colagenose (1,0%), hipertensão arterial sistêmica (1,0%), diabetes mellitus (1,5%), sepse (1,3%), gestação (0,2%), insuficiência renal crônica (0,2%). Mereceu consideração a preponderância de infecções cutânea (4,4%) e urinária (2,0%). 72 7. DISCUSSÃO O quadro clínico da Hanseníase, no decorrer da sua evolução, pode ser agudizado com a eclosão de sinais e sintomas com graus variados de intensidade e que, a miúde, determinam deformidade e incapacidade permanentes (Sarno et al.,1991; WHO,1997). Não obstante serem as reações fenômenos comuns aos pacientes hansenianos, pesquisas com abordagem no tratamento hospitalar são escassas a nível mundial. Na análise de 524 internações por Hanseníase no Hospital Universitário João de Barros Barreto, foi encontrada a freqüência de 91,0% de reações oriundas de 270 pacientes, com 4,0% de Reações do Tipo I (RR) e 96,0% do Tipo II (ENH+EP), sendo a ocorrência de 94,5% em pacientes sob regime poliquimioterápico. Em Uganda, Bwire & Kawuma (1993), ao analisarem 2317 internações por Hanseníase, periodo de 1985 a 1989 no Buluba Hospital, identificaram 8,9% admissões por reação, das quais 90,0% eram Reação Reversa e 9,8% eram ENH. A discrepância observada entre os resultados encontrados neste estudo e o referenciado, pode ser justificada pela existência de um trabalho de controle da Hanseníase melhor estruturado em Uganda como a existência de protocolo para encaminhar pacientes em reação ao hospital de referência, visitas domiciliares rotineiras aos pacientes, treinamento permanente do pessoal de campo além da supervisão contínua ao nível operacional pela equipe de instrutores do adestramento. Boerrigter et al. (1988), observaram 2,2% de reações em 503 pacientes que desenvolveram reação durante MDT. No estudo atual, os resultados mostraram preponderância do sexo masculino em relação ao sexo feminino, sendo a razão homem/mulher 2,7:1, e concordam com estudos em que a Hanseníase acomete ambos os sexos existindo, entretanto, predominância do sexo masculino na razão 2:1 (MS,1998;Noorden,1985; Hastings,1985). Bwire & Kawuma (1993) identificaram a razão de 1,3:1 de homens em relação ás mulheres. A OMS (1989) ao revisar o contexto epidemiológico da nosología refere que na maioría das regiões do mundo existe predominância nos homens, exceto em certas áreas da Àfrica onde se constatam índices mais altos entre as mulheres. Em nosso estudo os achados identificaram 73,0% de pacientes do sexo masculino, dos quais 90,8% apresentaram ENH e 5,6% RR; em mulheres, estas proporções foram de respectivamente 94,5% e 5,5%. A razão homem/mulher no que concerne á Reação Reversa e ao ENH foi de 1:1. Em estudo retrospectivo, de base hospitalar, Bwire & Kawuma (1993) relataram a identificação de 56,3% pacientes do sexo masculino e 43,7% do sexo 73 feminino. A razão homem/mulher na Reação Reversa foi 1,2;1 e em relação ao ENH foi de 2,6:1. Na distribuição, em relação à idade, 47,4% das internações ficaram concentradas na faixa etária de 20-39 anos inseridas, por conseguinte, na população considerada produtiva. A análise da distribuição dos pacientes internados segundo sexo e idade revelou maior concentração na mesma faixa de idade, 48,2% dos homens e 45,2% das mulheres. A hanseníase pode ocorrer em todas as idades, porém manifesta-se frequentemente na população em plena capacidade de produção (Carvalho et al.,1993),mormente em adultos jovens, justificada pelo longo período de evolução com conseqüências graves, sob o ponto de vista social e econômico (Levy et al.,1999). Por outro lado, em seu estudo, Pereira (1995) enfatiza que a prevalência das doenças crônicas pode aumentar, em idades mais jovens, considerando a exposição e a intensidade das exposições subseqüentes, promovendo um período de incubação menor na infância. Em áreas mais endêmicas a exposição é precoce, em focos domiciliares, e aumenta a incidência em idades menores (MS,1994). A OMS (1989) enfatiza que os coeficientes de incidência geralmente atingem a culminância entre os 10 e 20 anos de idade, declinando depois. Hastings (1985) aponta a maior incidência em adultos, na faixa etária entre 30 e 60 anos. Jopling & McDougall (1991), referindo-se sobre o acometimento em idades maiores, questionam os relatos de longos períodos de incubação, visto a existência de sinais discretos da nosologia em idades mais jovens, que poderiam ser identificados em acurados e sistemáticos exames clínico-dermato-neurológicos, prática obrigatória em se tratando de país endêmico em Hanseníase. Hastings (1985), já colocava como desafio à comunidade científica a necessidade da pesquisa de métodos específicos para identificar a infecção subclínica. Na relação, entre tipos de reação e idade, foi observada maior prevalência destas na faixa etária de 20 a 39 anos (47,4%), a qual concentrou 46,4% dos ENH, 71,4% dos EP e 53,3% das RR em nossa amostra. Por outro lado Sehgal & Sharma (1988) relatam a observação de 5 a 10% de ENH, sobretudo na faixa de 20 a 40 anos. Neste trabalho, a procedência dos pacientes indicou a maior demanda oriunda de bairros da periferia de Belém, capital do Estado do Pará, notoriamente desprovidos de uma suficiente infra-estrutura de serviços de saúde, com 51,1% das internações, e de um município distante 15 km da mesma, que naturalmente dispõe de maior acessibilidade. Ananias (1998), em seu estudo da população ambulatorial, realizado em Belo Horizonte, encontrou 86,8% da demanda procedente da capital. 74 O estudo demonstrou que a maior freqüência das internações foi da categoria solteiro em 60,0%, secundado pela categoria casado, em 31,1%. Presume-se que os pacientes da categoria casado, pelo maior apoio familiar e melhor adesão ao tratamento, possam desenvolver reação com menor freqüência. Conforme Pereira (1995), “se igualados em relação à idade e sexo, os casados apresentam melhores níveis de saúde do que os solteiros...” De maneira geral as pessoas que detém, principalmente, problema físico enfrentam obstáculos vários para encontar companheiro e constituir família. Quanto à ocupação, a classe estudante foi predominante com 20,0% vindo, em seguida, a doméstica com 14,0%. O alto percentual, em relação à classe estudante, pode estar vinculado às informações prestadas pelo paciente e/ou familiares à recepção do hospital, no momento da admissão, enquanto, no que se refere à ocupação doméstica, essa freqüência pode estar vinculada ao insuficiente conhecimento sobre o mecanismo de transmissão da doença e á constante permanência em ambiente com reduzido espaço físico, fatores que podem facilitar a transmissão da doença. É uma condição demográfica que necessita de estudo, mais aprofundado, a fim de estabelecer possível associação com fatores determinantes relacionados à contatos de formas bacilíferas. A naturalidade vinculada ao Estado do Pará foi predominante em 89,3% das internações, considerando ser hospital de referência em doenças infecciosas e parasitárias para o Estado. A presença de 6,3% de pacientes do Maranhão pode, presumidamente, ser justificada pela contigüidade geográfica com o Pará e pela notória presença da mão-de-obra oriunda daquele Estado. O hospital usa, para a categorização dos casos, a classificação fundamentada na polarização proposta no Congresso de Madrid, 1953, e aceita pelo Ministério da Saúde, com as formas indeterminada, dimorfa, virchowiana e tuberculóide. As internações, por reação hansênica, mostraram que 90,5% eram da forma virchowiana, 8,6% da forma borderline e 0,9% tuberculóide, todos ainda sob tratamento MDT, por consegüinte, na fase ativa da doença. Na fase pós-cura da doença ocorreram 26 internações, com a freqüência dos surtos atingindo 5,5% das admissões por reação, todas por ENH. Nessa fase Becx-Bleuminck & Berhe (1992), em estudo realizado na Etiópia, encontraram 7,8% de pacientes que manifestaram reação Tipo I, enquanto na Índia existem registros da ocorrência de 10,7% após o encerramento da MDT. Das internações estudadas, em que a forma clínica era virchowiana, foi constatado que na reação Tipo II, 98,0% apresentaram ENH e 2,0% apresentaram EP. Na forma borderline, 38,5% apresentaram Reação Reversa, 53,8% ENH e 7,7% EP. Na forma 75 tuberculóide 100,0% das internações apresentaram Reação Reversa. As formas polares foram responsáveis por 91,4% das reações. As formas bacilíferas por 99,1% dos episódios. A literatura aponta para o fato de que, na forma virchowiana, existe incidência maior de ENH, o que está coerente com nosso estudo, e com ocorrência possível de Reação Reversa. Também a literatura refere que a variação BL, da classificação de Ridley & Jopling, mostra a maior incidência de ENH. Job & Chaco (1988), em estudo clínico e histopatológico, encontraram ENH em 70,0% de pacientes multibacilares sob reação. Nos registros analisados não foram encontradas informações a respeito do tempo de evolução das manifestações, importantes para o estabelecimento do diagnóstico diferencial entre recidiva e reação, embora Opromolla (1997) faça referência às baixas taxas (0,74%) de recidiva após alta por cura em MDT. Nos registros, que serviram de fonte de dados, é patente a inexistência de biópsia para o exame histopatologico bem como da baciloscopia, exames importantes nas formas multibacilares para o estabelecimento do diagnóstico diferencial entre reação e recidiva. Jopling & McDougall (1991) também fazem referência à importância da velocidade de hemossedimentação e do leucograma, nesse contexto. Susman (1959) admite que no ENH existem pacientes com índice bacilar elevado. É consenso que as reações do Tipo II ocorrem em pacientes que apresentam as formas virchowiana e borderline da classificação de Madrid (1953), e borderline (BB,BT e BV) da classificação de Ridley & Jopling (1966). Encontramos 99,1% internações determinadas por formas multibacilares, resultado concordante com as afirmações de Naafs & Wheate (1978) e Nery et al.(1999) de que todas as formas multibacilares mostram-se potenciais para manifestar reações. Vasquez & Sanches( 1987) referem que a reação Tipo II ocorre em 50,0% dos casos multibacilares. Na forma borderline, identificamos a freqüência de 53,8% de ENH e 7,7% de EP, o que contrasta com as informações obtidas em raros trabalhos sobre o tema (Pfaltzgraff,1989; Rose & Waters,1991), que relatam a ocorrência restrita de Reação Reversa à forma borderline tuberculóide (BT) resultado que fica sob questionamento, considerando que o hospital, no período sob estudo, não recorreu à histopatología e à reação de Mitsuda para confirmação do diagnóstico. Eram casos de ENH? Eram casos de EP? A heterogeneidade, do comportamento imunológico, nos pacientes que desenvolvem forma borderline e a relação de dependência com alguns fatores, como o tempo de evolução da doença e o tempo de início do tratamento, poderiam estar influenciando na possível polarização para a forma virchowiana, daí a manifestação do ENH e do EP? No presente trabalho, por falta do exame histopatológico como do não emprego da classificação de Ridley & Jopling, não foi possível aferir a ocorrência das variantes da forma borderline. 76 É importante o estabelecimento de uma classificação-padrão da Hanseníase, o que favorece a compreensão da doença e de sua epidemiologia. A classificação de Ridley & Jopling (1966) está indicada nos trabalhos de pesquisa clínica enquanto a classificação operacional, comumente adotada, é fundamentada na presença ou ausência de bacilos, originando a classificação em hanseníase paucibacilar e multibacilar. A perda recente da função nervosa (menos de 6 meses), a ulceração em nódulos, sinais de iridociclite, orquite ou dactilites, na avaliação de Becx-Bleumink & Berhe (1992), são parâmetros que indicam necessidade absoluta do tratamento em regime hospitalar. Nas internações, as reações do Tipo I ocorreram 38,5% na forma borderline e 100,0% na forma tuberculóide, concordantes com a literatura, que mostra que as manifestações ocorrem particularmente na forma borderline, devido à sua instabilidade imunológica. Ananias (1998) observa que esta reação também pode ocorrer em pacientes virchowianos e tuberculóides do grupo subpolar. A ocorrência de RR, durante o tratamento, corrobora com citações da literatura, que demonstram que o período mais provável de desenvolvimento da reação Tipo I está concentrado entre seis a doze meses, após o início do tratamento (Naafs & Wheate,1978; Rose & Waters, 1991). A ocorrência de 4 (100,0%) internações por reação do Tipo I, representada pela Reação Reversa na forma tuberculóide, retrata a possibilidade da existência de reações, conforme relatam Talhari & Neves (1989), sob a denominação de Hanseníase Tuberculóide em Reação (HT em R) em que as lesões tornam-se lentamente infiltradas, eritematosas, dolorosas, tendendo para a cor vinhosa ou o quadro de Hanseníase Tuberculóide Reacional (HTR), em que existe a piora aguda com infiltração das lesões preexistentes e o aparecimento de novas lesões principalmente nos sulcos da face, pescoço e regiões palmoplantares. As manifestações, dessa forma da doença, mostram similaridade clínica com as manifestações da variação borderline-tuberculóide, da classificação de Ridley & Jopling. O estudo identificou a ocorrência de 7,4% de lesões dermatológicas isoladas, tipo ENH-minor, e 92,6% associadas a manifestações sistêmicas, tipo ENH-major. Das manifestações sistêmicas a febre foi a mais freqüente com 66,3%, em seguida a mioartralgia com 55,3% e mal-estar geral com 55,3%. A vasculite apresentou-se em 4,1% das internações. Bwire & Kawuma (1993) encontraram mais de 70,0% dos episódios de ENH e Reação Reversa com manifestações acometendo pele e nervos. O comprometimento isolado dos troncos nervosos periféricos (RR-minor) ocorreu em 5,2% das internações, e quando associado ao edema de face e extremidades e outras 77 manifestações sistêmicas (RR-major), atingiu 12,4% das internações. Na Reação Reversa o edema de face e extremidades é sinal/sintoma freqüentemente presente na reação conforme descrito por Jopling & McDougall (1991) e Talhari & Neves (1989). Embora seja importante sua ocorrência, como manifestação sistêmica reacional, não houve relato no prontuário da concomitância de complicações renais e cardíacas que, comumente em fase descompensada, podem manifestar-se com edema de face e, principalmente, de extremidade inferior. Por outro lado, não foi relatada a involução do edema com o emprego do corticóide, considerando seu efeito nulo sobre o edema das complicações citadas. É importante recordar, também, que o corticóide mostra efeito importante sobre as manifestações clínicas do surto, sem alterar aquelas que cursam durante o quadro clínico da doença. Becx-Bleuminck & Berhe (1992) em estudo sobre ocorrência de reações, seu manuseio e diagnóstico consideram que pacientes com ENH e Reação Reversa, tipo major, em que as lesões dermatológicas e o comprometimento neural estão associados à manifestações sistêmicas, devem ser referenciados ao hospital. A Reação Reversa-major poderia ser tratada em regime ambulatorial com exceção, por exemplo, para os casos de função neural deteriorada, abcessos nervosos, problemas oculares severos, úlcera profunda, gravidez ou pacientes com idade entre 6 e 12 anos. Nesse estudo os autores relatam que 15,3% da população que desenvolveu reação, foi referenciada por razões como problemas médicos associados, Reação Reversa recorrente, deterioração da função neural. No que diz respeito ao número de episódios reacionais foram registrados 56,6% dos casos com um episódio. As readmissões entre 2 a 9 vezes foram 41,5%, e 1,9% entre 10 e 14 vezes. A maior freqüência de episódios se deu entre 1 a 3 vezes, com 82,1% de todos aqueles referentes a ENH, 90,9% daquelas por EP e na totalidade das RR. Em relação à freqüência dos episódios por Reação Reversa, encontramos 89,1% com um episódio reacional e 10,5% com 2 episódios, e no que concerne ao ENH nossos resultados mostraram 54,8% com um episódio e 17,9% com 2 episódios. No estudo de Bwire & Kawuma (1993), 80,5% dos pacientes com Reação Reversa sofreram um episódio reacional e 16,5% sofreram dois episódios, enquanto que 61,0% dos pacientes com ENH tiveram um episódio e 39,0% com dois episódios. Os registros permitiram observar que o hospital identificou a doença em 97,7% das internações como diagnóstico principal da internação e 2,3% como diagnóstico 78 secundário, embora o conjunto de sinais e sintomas fosse evidente para a indicação do episódio hansênico. Quando da liberação do paciente, o motivo da alta deixou patente em 56,5% das internações, a preocupação do hospital em encaminhar o paciente para complementação do tratamento ambulatorial nos serviços básicos de saúde, cumprindo as recomendações do programa de controle (MS,1991). A regressão clínica da reação é longa. A duração da reação Tipo I, por exemplo, é variável, podendo evoluir entre três a nove meses em pacientes borderline, e a mais de um ano ou até vários anos em pacientes virchowianos (Rose & Waters,1991). Neste estudo, o motivo de permanência maior está vinculado à evolução da própria patologia em 80,1% das internações por reação. Não obstante as dificuldades registradas em alguns prontuários, como a falta de determinado medicamento, ainda assim 97,3% das internações evidenciaram no tipo de alta a melhoria do quadro clínico. A observação de 10 óbitos, no decorrer das internações, mostrou que no item reservado ao diagnóstico da causa básica, não houve menção à doença Hanseníase, concentrando 50,0% das ocorrências na Insuficiência Respiratória por Edema Agudo do Pulmão Não-Especificado. A necrópsia foi solicitada em 20,0% dos óbitos para esclarecimento da causa, em internação com tempo de permanência de 1 a 5 dias. O tempo de permanência mostrou a amplitude de 1 a 89 dias, com mediana de 13 dias, ultrapassando o tempo estabelecido pelo Sistema de Internação Hospitalar do Sistema de Saúde (SIH-SUS), que exige a justificativa para as internações que extrapolam o período de 4 dias, estabelecido como parâmetro para pagamento da conta hospitalar em Hanseníase. Estudos de Ilyer et al. (1971), Sheskin (1965) e Sampaio et al. (1993) referem que o controle do eritema nodoso hansênico e a melhoria das manifestações sistêmicas se faz, geralmente, em 24 a 48 horas, período que pode influenciar a postura dos médicos no manuseio do ENH. Observou-se que o tratamento medicamentoso associado a cuidados gerais, foi indicado em 96,4% das internações, enquanto o tratamento cirúrgico foi indicado em 3,6%. Kawuma (1987) analisando 1944 registros de pacientes admitidos com Hanseníase, encontrou 9,6% de admissões à cirurgia, concluindo que mais da metade dos procedimentos poderiam ter sido realizados em hospital geral. No decorrer da análise foi identificada a administração usual de medicamentos que, pelo quadro clínico descrito no prontuário, poderiam ter sido prescritos em regime 79 ambulatorial e/ou na residência do paciente com acompanhamento da equipe que desenvolve o Programa de Saúde da Família (PSF) permitindo, assim, a disponibilização de leitos para casos mais graves da nosologia ou outros agravos. Kawuma (1987), relata que o tratamento a nível de campo, se bem estruturado, é efetivo e seguro. Becx-Bleumink & Berhe (1992), referem o sucesso do tratamento a nível de campo em 84,7% das reações. A talidomida foi empregada em 61,8% das internações com a dose média diária de 187 mg. É importante a observação da amplitude diversificada de 50 mg a 450mg, que deve ser motivo de estudos por parte da equipe do hospital sobre a dosagem. O uso da talidomida teve como duração a média de 7 dias. A introdução da talidomida 100-400mg/dia é indicada pela maioria dos estudos, recomendando-se manter a dose inicial até a regressão clínica do quadro reacional, com redução da dose a intervalos fixos e de 7 em 7 dias (MS,1994). Chen et al.(1989) recomendam dose com amplitude que varia de 5-400mg/dia, com retirada gradual de 100mg após estabilização do quadro clínico. Não foram registradas informações sobre a supressão da talidomida, em 20% dos episódios. A prednisona foi o glicocorticóide de eleição, sendo empregado em 74,6% das internações, em dosagens que variaram de 10 a 600mg/dia, com média de 39mg. O tempo de emprego da prednisona, no ambiente hospitalar, variou de 3 a 15 dias, com média de 9 dias. A ingestão do medicamento foi indicada em dose única, pela manhã. Estudos de Rose & Waters (1991) e Naafs (1996) recomendam 40mg de prednisona ou prednisolona, como dose inicial. Em caso de função neural depreciada está indicada a dose de 60mg (ou 1 a 2mg/kg/dia), podendo chegar a 120mg para controlar os sintomas. Alguns autores como Jacobson (1994) recomendam o início do tratamento com 60mg. Becx-Bleuminck & Berhe (1992), em estudo de campo, indicam que a dose de 40mg é suficiente para controlar 85% das RR. Ridley & Jopling (1996) fazem referência ao estudo de campo realizado na Etiópia, em que pacientes sob RR apresentaram melhoría da função nervosa em 88,0%, com indicação de prednisona na dose inicial de 40 mg, em séries de 12 e 20 semanas. Foi observada, também, que em 15,7% das internações houve supressão do corticóide sem informação, enquanto a ocorrência em relação à talidomida ficou em 20% dos episódios. A retirada gradual diante da melhoria clínica é proposta em torno de 5mg, cada 12 semanas, mantendo dose de 20mg até a obtenção, em nível ótimo de recuperação da função nervosa agredida e reduzida em 5mg, quinzenalmente (Naafs, Pearson & Baar, 1976). Hajjar & Pinheiro (1999) chamam atenção para as conseqüências da supressão abrupta da terapia, quando são usados imunossupressores pelo comprometimento do eixo 80 hipotálamo-hipófise-adrenal, em relação ao emprego de altas doses e, mesmo após uma semana de doses diárias. Em 34,8% dos casos, a internação por reação hansênica, estava acompanhada de nosologias que, pelo efeito imunossupressor, comprometendo o reconhecimento dos antígenos e consequentemente a capacidade do hospedeiro reagir ao M. leprae, inclusive complementado pelos efeitos secundários das drogas usadas no tratamento, conforme relatam Miller (1979) e Goodman & Gilman (1996), poderiam, presumidamente, contribuir para o estado reacional como: tuberculose pulmonar(0,6%), HIV (0,4%), SIDA (0,4%), colagenose (1,0%), hipertensão arterial sistêmica (1,0%), diabetes mellitus (1,5%), sepse (1,3%) e gestação (0,2%). 81 8. CONCLUSÃO Em nosso entendimento o estudo faz abordagem inédita das reações hansênicas, no âmbito hospitalar, indo além das características demográficas dos pacientes e clínicas das internações, ao incluir indicadores relacionados ao movimento hospitalar. Avaliamos, como estratégia recomendável, trabalhar inicialmente com dois bancos de dados, o que possibilita aferir qualiquantitativamente o trabalho do hospital na identificação e classificação da reação para, em seguida, condensar os resultados e traçar o perfil das reações hansênicas que demandaram internação. Outros estudos necessitam ser realizados, objetivando complementar os resultados obtidos e aprofundá-los, de sorte a aprimorar a atenção ao paciente e à formação profissional médica. Destacamos, também, as seguintes conclusões: - As reações são intercorrências comuns a todos os pacientes hansenianos, que já ultrapassaram o estágio clínico inicial, representado pela forma Indeterminada: 94,5% das internações foram por reação durante a multidrogaterapia; - Demonstrou-se que o ENH é predominante em 93,7% das internações por reação; - Identificou-se que o tempo de permanência é 86,6% maior que 4 dias, considerando a evolução própria da patologia, o que contrasta com o tempo estabelecido pelo Sistema de Internação Hospitalar do SUS (SIH/SUS) para internação dos casos de Hanseníase e ressarcimento dos serviços hospitalares, profissionais e de apoio diagnóstico ao tratamento; - A comparabilidade dos resultados é prejudicada face a maioria dos estudos sobre freqüência das reações, ser realizada em áreas de controle tipo ambulatorial e com o uso da classificação espectral de Ridley & Jopling. - A análise das observações clínicas, contidas nos prontuários, indica a possibilidade de um contingente significativo de pacientes ser tratado a nível de campo. 82 9. RECOMENDAÇÕES - Implementação da triagem admissional, no hospital, face à praticabilidade do tratamento das reações, em grande parte, ser realizado a nível de campo, considerando que o tratamento ambulatorial é seguro e eficaz; - Estabelecimento, como rotina, do estudo histopatológico e dos índices morfológico e bacteriológico para melhor fundamentar o diagnóstico e a classificação das reações hansênicas; - Acompanhamento efetivo e sistemático, por parte das chefias de clínica e preceptorias, em relação ao prontuário, diante da carência de informações vitais para firmar o diagnóstico e a classificação das reações bem como da indicação e eliminação abrupta de medicamentos imunossupressores. O sumário de alta bem consubstanciado, da mesma forma, representa um instrumento de aprendizagem para o pessoal de campo. 83 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBAS,A.K.;LICHTMAN,A.H. & POBER,J.S.,1995. Imunologia celular e molecular. Tradução de Fernando G. do Nascimento e Aurelizia M.L. Xavier. 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Profissão / Ocupação: ________________________ Natural: __________ Diagnostico: ( ) principal ( ) secundário Forma clínica: ( ) Indeterminada ( ) Borderline ( ) Virchowiana ( ) Tuberculóide Motivo da internação: Por reação: ( ) E.N.H ( ) Eritema polimorfo ( ) Reação reversa ( ) Neurite pura Outros diagnósticos: _____________________________________________________________________ Sintomas/Sinais:__________/__________/ __________/_____________/_________ _____/______________ Datainter: ___ / ___ /___ Data saída: ___ / ___ /___ Permanência:_____ dias Tipo de alta: ( )médica ( ) indisciplina ( )evasão ( ) transferência ( ) a pedido ( ) completar tto amb. Motivo alta: ( ) curado ( ) melhorado ( ) inalterado óbito–CIDcb ________ necrópsia: ( ) sim ( ) não CIDinter: CIDint1 _________ CIDint2________ CIDint3 _______ CIDint4_______ CIDint5________ Mot. Perm.maior: ( ) evol.prop.pat.. ( ) c/interc. Doença: ( ) ativa ( ) hancura ( ) não Hanseníase Tratamen: ( ) Cirurg. ( ) Clin. ( ) Mist. Med. Prednisona Tal 100 mg Cfz 100 mg DDS 100 mg RFM 300 mg mg/ dia Duração-dias ( ) social CIDgalre______ CIDgal1_______ Tiptraci: __/__ Data Início CIDgalha_____ Tiptracl: __/___/__ Tiptrami: __/__/___ Data fim Mot:Supressão/redução/aumento 99 ORIENTAÇÕES PARA PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO – PERFHAN – ANEXO 1 ITEM 01 - NFICHA: 02 - NPRONT: 03 - EPIHAN: 04 - DATNASC: 05 - SEXO: 06 - PROCED: 07 - PROCED 1: 08 - ESTCIVIL: 09 - NATURAL: 10 - PROFIS: 11 - PROFCOD: 12 - DIAGNO: 13 - FORMACLI: 14 - MOTINTEP: 15 - MOTINTES: 16 - SINTOMAS/SINAIS: 37 - DATINT: 38 - DATSAIDA: 39 - TEMPERMA: 40 - TIPOALTA: 41 - MOTIALTA: 42 - CIDOBITO: 43 - CIDINTER: 44 - CIDINTE: 49 - NECROPSI: 50 - MOTMAIOR: 51 - DOENÇA: 52 - CIDGALRE: 53 - CIDGALR1: 54 - CIDgalha: 55 - TRATAMEN: 56 - TIPTRACI: 57 - TIPTRACL: 58 - TIPTRAMI: 59 - PREDNI: 60 - PREDMG: 61 - DURAPRED: 62 - DATINPRE: 63 - DATFIPRE: 64 – SUPRESSÃO: 65 - TALIDO: 66 - TALIDOMG: 67 - DURTALI: 68 - DATINTAL: 69 - DATFITAL: 70 - MOTSUTAL: 71 - OUTMED: Nº da ficha em ordem crescente. Nº do prontuário pesquisado. Nº crescente de episódios hansênicos ocorridos em um único paciente Data de nascimento. Procedência, segundo codificação, por municipio do Estado do Pará Procedência por bairro do municipio de Belém ou distritos Estado civil – solteiro, casado, viuvo, separado judicialmente, outro, ignorado Naturalidade segundo codificação Profissão Profissão segundo codificação Principal e secundário Forma clínica – indeterminada, borderline, virchowiana, tuberculóide Motivo de internação principal referente aos tipos de reação hansênica ou episódios hansênicos – ENH (eritema nodoso hansênico), ERITEMA POLIMORFO, REAÇÃO REVERSA, NEURITE PURA Motivo de internação secundário (outros diagnósticos possiveis) Presentes nas reações: nódulos, vesículas, pápulas, bolhas, ulceraca(ulcerações), ulceinfe (ulcerações infectadas), febre, adenomeg (adenomegalias), artralgi (artralgias), mialgias, espeneur (espessamento neural), dorneura ( dor neural ), malgeral (mal estar geral), edema, sinflagu (sinais de inflamação aguda), necrose, perfupla (mal perfurante plantar), vasculit (vasculite), maoreaci (mão reacional), garra, piedtom ( pied tombant) Data de internação Data de saída Tempo de permanência Médica, indisciplina, evasão, transferência, a pedido, completar tratamento ambulatorial Curado, melhorado, inalterado Cid da causa básica do óbito Cid da doença principal que levou à internação principal Cid das outras doenças que levaram à internação Necropsia - sim - não Motivo de permanência maior- evolução da própria patologia( Evol. Prop. Pat. ), doente com intercorrência (c/interc.), social 1 – ativa, 2- hancura, 3- não hanseniase CID recomendada por Galeno, quando for identificada e não registrada a reação no quadro clínico e no prontuário. CID recomendada por Galeno, quando for identificada e não registrada mais de uma reação no quadro clínico e no prontuário. CID recomendada por Galeno, quando for identificada e não registrada a doença e no prontuário. Tratamento cirúrgico –1, clínico –2, misto –3 Tipos de tratamento cirúrgico – exerese de nervo, ressecção cirúrgica, desarticulação de dedo, amputação de membro, limpeza cirúrgica, cauterização, revitalização + limpeza, debridamento cirùrgico, neurolise. Tipos de tratamento clínico - clínico , clínico+ curativo, clínico + cuidados gerais, diálise peritoneal Tipos de tratamento misto Prednisona – sim/ não Prednisona – em mg Duração, em dias, da prednisona Data de início da prednisona Data final da prednisona Motivo – boa evolução clínica, melhora do quadro reacional, quadro clínico melhorado, lesão em cicatrização, sem informação, cura, piora do quadro clínico. Talidomida – sim / não Talidomida em mg Duração, em dias, da talidomida Data de inicio da talidomida Data final da talidomida Motivo da supressão Outros medicamentos