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Ribeiro, Priscila Fernandes
Working Paper
Taxas bilaterais de câmbio: Análise de
desalinhamento para países selecionados
Texto para Discussão, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), No. 1854
Provided in Cooperation with:
Institute of Applied Economic Research (IPEA), Brasília
Suggested Citation: Ribeiro, Priscila Fernandes (2013) : Taxas bilaterais de câmbio: Análise
de desalinhamento para países selecionados, Texto para Discussão, Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA), No. 1854
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Missão do Ipea
Produzir, articular e disseminar conhecimento para
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planejamento do desenvolvimento brasileiro.
1854
TAXAS BILATERAIS DE CÂMBIO:
ANÁLISE DE DESALINHAMENTO
PARA PAÍSES SELECIONADOS
Priscila Fernandes Ribeiro
Capa_TD_TAXAS BILATERAIS DE CÂMBIO.indd Todas as páginas
12/08/2013 09:24:53
1854
TEXTO PARA DISCUSSÃO
Brasília, agosto de 2013
Taxas Bilaterais de Câmbio: análise de
desalinhamento para países selecionados*
Priscila Fernandes Ribeiro**
* A autora agradece a Emerson Fernandes Marçal, bolsista do Ipea no projeto Regulação do Comércio Global – Chamada
Pública no 105/2010, pelas sugestões e pelos comentários, e ao Ipea, pelo suporte no projeto citado.
** Doutoranda em Economia pela Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP/FGV).
Governo Federal
Secretaria de Assuntos Estratégicos da
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Fundação pública vinculada à Secretaria de
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Texto para
Discussão
Publicação cujo objetivo é divulgar resultados de estudos
direta ou indiretamente desenvolvidos pelo Ipea, os quais,
por sua relevância, levam informações para profissionais
especializados e estabelecem um espaço para sugestões.
© Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – ipea 2013
Texto para discussão / Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada.- Brasília : Rio de Janeiro : Ipea , 1990ISSN 1415-4765
1.Brasil. 2.Aspectos Econômicos. 3.Aspectos Sociais.
I. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
CDD 330.908
As opiniões emitidas nesta publicação são de exclusiva e
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URL: http://www.ipea.gov.br
JEL: F31; C32.
SUMÁRIO
SINOPSE
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................7
2 CONCEITO DA TAXA DE CÂMBIO DE EQUILÍBRIO......................................................7
3 METODOLOGIAS PARA DETERMINAÇÃO DA TAXA
DE CÂMBIO DE EQUILÍBRIO......................................................................................8
4 TAXAS DE CÂMBIO BILATERAL..................................................................................11
5 DESALINHAMENTOS BILATERAIS...............................................................................13
6 LIMITAÇÕES E POSSÍVEIS EXTENSÕES.......................................................................19
7 CONCLUSÃO............................................................................................................20
REFERÊNCIAS..............................................................................................................21
APÊNDICE...................................................................................................................23
SINOPSE
Este artigo tem como principal objetivo estimar o desalinhamento bilateral, a partir da
metodologia descrita por Alberola et al.(1999) para os principais parceiros comerciais
brasileiros. Para tanto, são apresentadas as principais abordagens utilizadas para a
estimação das taxas reais de câmbio multilaterais e a descrição da metodologia empregada
para obtenção das taxas de câmbio bilaterais a partir de tais medidas. Por fim, segundo
os resultados obtidos por Marçal (2012) e atualizando-os para o ano de 2011, obtêm-se
os desalinhamentos bilaterais frente ao real e ao dólar. De forma geral, os países europeus
apresentam significativo desalinhamento positivo frente ao real, enquanto frente ao
dólar apresentam pequeno desalinhamento, tanto positivo quanto negativo. O Brasil
apresenta desalinhamento negativo frente ao dólar, e é possível verificar a consistência da
metodologia empregada, principalmente se comparado ao desalinhamento dos Estados
Unidos frente ao real, que apresentou desalinhamento positivo.
Palavras-chave: taxa de câmbio; desalinhamento cambial; dólar.
ABSTRACTi
This paper has as main objective to estimate the bilateral misalignment from the
methodology described by Alberola et al. (1999) for the main Brazilian trade partners.
Therefore, we present the main approaches used to estimate the multilateral real
exchange rates and description of the methodology used to obtain the bilateral exchange
rates from such measures. Finally, according to the results obtained by Marçal (2012)
and updating them for the year 2011, we obtain the bilateral misalignments against
the real and the U.S. dollar. In general, European countries have significant positive
misalignment against the real, against the dollar while presenting small misalignment,
whether positive or negative. Brazil presents misalignment negative against the dollar,
and it is possible to check the consistency of the methodology employed, especially
when compared to the misalignment of the United States against the real, which
showed positive misalignment.
Keywords: exchange rates; exchange rate misalignment; dollar.
i. The versions in English of the abstracts of this series have not been edited by Ipea’s publishing department.
As versões em língua inglesa das sinopses desta coleção não são objeto de revisão pelo Editorial do Ipea.
Texto para
Discussão
1 8 5 4
Taxas Bilaterais de Câmbio: análise de desalinhamento para países selecionados
1 INTRODUÇÃO
Este texto tem como principal objetivo descrever e comparar as metodologias de determinação da taxa de câmbio real de equilíbrio mais utilizadas na literatura e apresentar
uma metodologia para obtenção das taxas de câmbio bilaterais a partir das taxas multilaterais, bem como apresentar as medidas de desalinhamento bilateral frente ao real e ao
dólar, a partir das estimativas obtidas em Marçal (2012), e expor os resultados obtidos,
bem como os possíveis impactos sobre a taxa real de câmbio real-dólar.
A discussão das questões metodológicas é relevante, uma vez que não sendo a
noção de equilíbrio da taxa de câmbio um conceito unanimemente aceito nem claramente definido na literatura econômica, nem sempre é fácil compreender as diferenças
existentes entre as várias abordagens. Por sua vez, a apresentação da metodologia para
obtenção das taxas bilaterais, assim com apresentado em Alberola et al. (1999), a partir
das taxas multilaterais, deixa mais claro a metodologia empregada.
A situação atual de valorização e desvalorização para as taxas reais de câmbio
multilaterais para os países selecionados são baseadas em Marçal (2012).
O trabalho está dividido em sete seções, incluindo esta introdução. Os conceitos
amplamente utilizados para taxas de câmbio são apresentados na seção 2. A metodologia para determinação das taxas de câmbio multilateral e a transformação desta para
taxas bilaterais são apresentadas nas seções 3 e 4, respectivamente. Na seção 5 são apresentados os desalinhamentos bilaterais. Nas seções 6 e 7 são apresentados os resultados
e as conclusões.
2 CONCEITO DA TAXA DE CÂMBIO DE EQUILÍBRIO
De acordo com Isard e Faruqee (1998), as metodologias relativas à estimação da taxa
de câmbio de equilíbrio podem ser divididas em três grupos. Uma primeira visão consiste na ideia de que as taxas de câmbio estão sempre em equilíbrio, uma vez que estas
asseguram a igualdade entre a oferta e a procura no mercado cambial e que o seu nível
reflete a situação macroeconômica corrente e esperada.
7
Brasília, agosto de 2013
Uma segunda visão aceita que possam ser observados desalinhamentos da taxa de
câmbio – desvios persistentes da taxa de câmbio em face de uma situação de equilíbrio
de médio e longo prazos que sinalizem a existência de desequilíbrios na economia –,
mas considera que na prática não existe forma de quantificar estes desvios.
Finalmente a terceira visão considera que a avaliação das taxas de câmbio é útil, embora a existência de desvios em face do valor de equilíbrio de médio e longo prazos possa
ou não traduzir uma situação de desalinhamento da taxa de câmbio. Situações de desequilíbrios da taxa de câmbio não devem resultar apenas da comparação dos valores correntes da
taxa de câmbio com os níveis de equilíbrio de longo prazo, mas deve levar igualmente em
consideração que as taxas de câmbio podem se desviar deste nível de equilíbrio, por exemplo, devido às diferentes situações cíclicas existentes na economia doméstica e no exterior.
Neste contexto, é frequente encontrar na literatura as noções de taxa de câmbio
de equilíbrio a seguir.
1) Equilíbrio de curto prazo: taxa de câmbio que é compatível com a situação econômica corrente, abstraindo choques puramente financeiros.
2) Equilíbrio de médio prazo: taxa de câmbio que se impõe quando os seus fatores
explicativos se encontram em valores de médio prazo sustentáveis. Tipicamente
esta situação é caracterizada pela existência em simultâneo de equilíbrio interno –
ou seja, por uma situação em que o produto se situa no nível potencial e em que
não existem pressões inflacionárias – e de equilíbrio externo – situação em que os
movimentos de capitais existentes são sustentáveis e são justificados pelo ajustamento do estoque de capital para o seu nível de equilíbrio de longo prazo.
3) Equilíbrio de longo prazo: taxa de câmbio compatível com uma situação de equilíbrio interno, em que não existem motivos para que ocorram alterações nos movimentos de capitais e em que a razão do estoque de ativos externos líquidos pelo
produto interno bruto (PIB) permanece constante.
3 METODOLOGIAS PARA DETERMINAÇÃO DA TAXA
DE CÂMBIO DE EQUILÍBRIO
A forma tradicional e mais simples de determinação da taxa de câmbio real de equilíbrio
baseia-se na teoria da PPP (purchasing power parity – Paridade do Poder de Compra ). A PPP
relativa considera que a taxa de câmbio real de equilíbrio permanece constante no tempo.
8
Texto para
Discussão
1 8 5 4
Taxas Bilaterais de Câmbio: análise de desalinhamento para países selecionados
Desde a década de 1990 estes testes realizados avaliam se a taxa de câmbio real
deverá reverter à média no longo prazo, embora possa estar afastada desta durante muito tempo – ou seja, testa-se a estacionariedade da taxa de câmbio real –, ou se há alguma
relação de longo prazo entre a taxa de câmbio nominal e os preços nas duas economias –
ou seja, testa-se a existência de uma relação de cointegração entre a taxa de câmbio
nominal, os preços domésticos e os preços externos.
A abordagem da taxa de câmbio de equilíbrio fundamental (Fundamental
Equilibrium Exchange Rate – FEER), geralmente considerada como uma abordagem
de médio prazo, foi introduzida por Williamson (1983) e pretende determinar a
trajetória para a taxa de câmbio real que é compatível com a existência de equilíbrio
macroeconômico interno e externo. Os resultados obtidos com a metodologia da FEER
apresentam uma grande sensibilidade às hipóteses consideradas – por exemplo, quanto
aos valores das elasticidades das importações e exportações à taxa de câmbio e quanto
ao nível dos capitais estáveis –, só permitindo assim identificar com alguma segurança
desalinhamentos muito persistentes.
A abordagem da BEER (Behavioural Equilibrium Exchange Rate) baseia-se na
estimação de uma equação para a taxa de câmbio real em função de variáveis fundamentais. Nesta abordagem, a trajetória de equilíbrio é obtida como o valor estimado
desta equação, calculado para o valor observado das variáveis fundamentais que se espera que tenham efeitos no longo prazo. Geralmente, a BEER é estimada utilizando a
análise de cointegração de Johansen. A maioria dos artigos recentes utiliza o método
de decomposição de Gonzalo e Granger (1995), o qual permite decompor a relação de
cointegração em um componente permanente não estacionário e em um componente
transitório estacionário. Neste contexto, é considerado que o componente permanente
da taxa de câmbio real descreve a trajetória de equilíbrio e que o componente transitório traduz os desvios da taxa de câmbio face ao valor de equilíbrio.
A abordagem da Natural Rate of Exchange (Natrex) pretende determinar a taxa
de câmbio de equilíbrio de médio prazo e seu ajustamento para o equilíbrio de longo
prazo com base em um modelo que considera a interação entre choques e fluxos em um
contexto de modelos dinâmicos de crescimento em economia aberta, cujas especificações
variam conforme as características das economias (Stein e Allen, 1995). Tal como no
caso da FEER, a formalização teórica da Natrex parte do equilíbrio macroeconômico
9
Brasília, agosto de 2013
de médio prazo, definido como uma situação em que o saldo da balança corrente iguala
os fluxos de capitais sustentáveis, determinados pela poupança líquida, em um contexto
de equilíbrio interno.
De acordo com a Natrex, a taxa de câmbio real é determinada no longo prazo pela
taxa de preferência temporal e pela produtividade na economia doméstica e no exterior
e, no caso de pequenas economias, também pelos termos de troca e pela taxa de juro real.
No médio prazo, para além destas variáveis a taxa de câmbio depende ainda dos choques
de capital e de ativos externos líquidos, variáveis que são endógenas no longo prazo.
O fato de as variáveis reais não serem estacionárias e de o equilíbrio da taxa
de câmbio não ser fácil de definir contribui para que existam na literatura diferentes
abordagens para esta questão. Estas abordagens geram resultados que são difíceis de
comparar entre si e que estão sujeitos a críticas pelo fato de resultarem da imposição
de soluções de caráter normativo – como é o caso da FEER – ou por não ser claro que
assegurem a existência de equilíbrio interno e externo – como é o caso da BEER, PEER
e Natrex. A distinção entre as várias abordagens com base no horizonte a que dizem respeito é assim insuficiente, uma vez que as noções de equilíbrio que lhes estão implícitas
para o mesmo período temporal não são equivalentes.
A comparação dos diferentes métodos de determinação da taxa de câmbio de
equilíbrio, não induz a uma conclusão consensual sobre qual a melhor metodologia a
se adotar. A FEER é uma abordagem útil para quantificar possíveis desvios em face do
equilíbrio em situações em que existam preocupações com o equilíbrio externo, mas é
limitada em sua capacidade de explicar os fatores subjacentes a alterações da trajetória
de equilíbrio, por exemplo, a existência de efeitos Balassa-Samuelson.
A BEER e a PEER têm a vantagem de serem mais flexíveis, pois permitem que fatores associados a diversas teorias de determinação da taxa de câmbio possam ser testados em
simultâneo. A PEER é uma abordagem simples, pois é menos exigente em termos de dados.
Por fim, a Natrex permite efetuar uma distinção mais rigorosa em termos econômicos, entre diferentes noções de equilíbrio, do que acontece com a decomposição em
componentes permanentes e transitórias, utilizada na PEER. Para além destas motivações, a
escolha entre os diferentes métodos é obviamente condicionada pela disponibilidade de dados.
10
Texto para
Discussão
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Taxas Bilaterais de Câmbio: análise de desalinhamento para países selecionados
4 TAXAS DE CÂMBIO BILATERAL
As taxas de câmbio de equilíbrio obtidas por meio das metodologias listadas anteriormente são importantes para descrever o comportamento global do câmbio, mas são
pouco informativas a respeito da situação de equilíbrio entre as moedas de dois países,
por exemplo, parceiros comerciais.
De acordo com Alberola et al. (1999), as taxas bilaterais podem ser recuperadas
por meio de operações algébricas bastante simples, utilizando os conceitos de taxas
multilaterais e os pesos do comércio bilateral.
Assim, define-se a taxa de câmbio multilateral como uma ponderação das taxas
bilaterais. A ponderação é feita, como mencionado, com o peso do comércio com os
respectivos parceiros.
Segundo Alberola et al. (1999), há a possibilidade de expressar a taxa de câmbio
bilateral por meio de um país base, dito numerário, e em posse da taxa de câmbio multilateral, os pesos e n-1 taxas de câmbio bilateral, se pode recuperar a n-ésima taxa bilateral.
Considere a taxa de câmbio do país i contra o país j. Esta pode ser expressa em
termos de uma moeda dita numerário (n), tal que:
(1)
Substituindo esta equação na definição da taxa de câmbio real efetiva multilateral
em que é a taxa de câmbio bilateral em termos do numerário e
bilateral do país i no comércio do país j. Os pesos satisfazem a
(2)
é o peso do comércio
.
Assim, seja q um vetor (n x 1) das taxas de câmbio multilaterais, com o numerário
sendo o último elemento do vetor; seja e o vetor de taxas bilaterais definidas na equação 1.
11
Brasília, agosto de 2013
q = (W − I ) e (3)
na qual W é uma matriz (n x n) com os pesos do comércio bilateral, com zeros na diagonal principal e I é uma matriz identidade de ordem n. A matriz (W − I ) é singular,
pois a matriz de pesos soma 1 quando se assume a totalidade dos parceiros comerciais.
Esta restrição é importante para atender à consistência global para obtenção das taxas
bilaterais. Este problema é resolvido eliminando a taxa de câmbio redundante. Alberola
et al. (1999), seguido por Bénassy-Quéré et al. (2004), sugerem descartar a linha e a
coluna correspondente à moeda numerário. As demais (n-1) taxas de câmbio multilaterais podem, então, ser expressas em termos do numerário.
Desta forma, resolvendo o sistema anteriormente citado, obtêm-se as taxas de
câmbio bilateral consistentes com as restrições impostas.
Prosseguindo com a apresentação da metodologia, eliminando a linha e a coluna
referente à taxa imposta como numerário, permanecem no sistema n-1 as taxas de câmbio
multilaterais expressas em termos do numerário. Define-se
, um vetor [(n-1) x 1], das taxas reais de câmbio multilaterais, no qual a moeda numerário foi
'
descartada e qnum = (qn , qn ,..., qn ) um vetor [(n-1) x 1] da taxa real de câmbio multilateral do numerário. As taxas de câmbio em relação ao numerário podem ser expressas como:
q − q num = (W − I ) e − qnum (4)
na qual a barra superior indica que a n-ésima linha e a coluna foram eliminadas. Utilizando
a equação 2 pode-se reescrever a equação 4 da seguinte forma:
q − qnum = (W − I − Wnum ) e
(5)
na qual Wnum são linhas do vetor q = (qn1 , qn2 ,..., qnn )' . Sendo C = (W − I − Wnum ) e
pré-multiplicando os dois lados da equação 5, tem-se que:
e = C −1 (q − qnum )
12
(6)
Texto para
Discussão
1 8 5 4
Taxas Bilaterais de Câmbio: análise de desalinhamento para países selecionados
Segundo Funke e Rahn (2005), esse método para cálculo das taxas bilaterais a
partir de estimações das taxas multilaterais só funciona se o vetor taxa de câmbio englobar o resto do mundo. Assim, o resto do mundo (RmW) deve ser incluído nas análises.
Como não há informações amplamente disponíveis sobre a situação de equilíbrios para o resto do mundo, os autores supõem que a taxa real de câmbio multilateral
do resto do mundo (RmW) está permanentemente em equilíbrio. Segundo BénassyQuéré, Lahrèche-Révil e Mignon (2007), o desalinhamento para o resto do mundo
(RmW) é sempre muito pequeno se comparado com o de outros países.
5 DESALINHAMENTOS BILATERAIS
Marçal (2012) obtém estimativas multilaterais de desalinhamentos baseadas em fundamentos e cointegração para os seguintes países: África do Sul, Alemanha, Austrália,
Argentina, Brasil, Canadá, Cingapura, Colômbia, República da Coreia, Dinamarca,
Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Índia, Irlanda, Itália,
Japão, México, Portugal, Reino Unido, Turquia e Uruguai. Este autor faz uso da
decomposição de Gonzalo e Granger (1995) para obter as estimativas de desalinhamento cambial multilateral até o ano de 2010.
Os principais resultados encontrados por Marçal (2012) se referem à apreciação
da moeda brasileira em relação aos fundamentos e à depreciação da moeda americana.
Para este estudo, apresentam-se as estimativas multilaterais para 23 países, no período compreendido entre 1990 e 2011 (tabela 1), e estende-se a estimação para o ano
de 2011, segundo a metodologia empregada em Marçal (2012), também apresentada
na tabela 1.
13
14
-23,7
2,5
7,4
-6,9
98,4
1,2
México
Austrália
China
Cingapura
Índia
Japão
Fonte: Marçal (2012).
-2,6
-0,2
Suécia
-8,6
-2,0
Reino Unido
Uruguai
0,3
Portugal
Estados Unidos
9,2
Itália
-19,3
2,4
Irlanda
Colômbia
-3,9
Grécia
25,8
6,0
França
Brasil
17,2
Finlândia
3,4
10,9
Espanha
-1,0
2,5
Dinamarca
Holanda
0,9
Alemanha
Turquia
1990
(Em %)
1,3
122,7
-2,8
6,0
2,0
-12,3
-12,2
-9,2
9,1
1,1
-3,0
-1,2
0,6
-2,7
0,5
10,3
1,5
-3,5
0,6
13,2
10,3
1,0
1,0
1991
0,9
135,0
-0,6
12,5
-9,3
-4,6
-17,1
-10,3
33,9
-18,7
-1,1
-17,3
0,9
4,3
0,3
8,1
3,2
-2,9
1,2
1,9
8,2
1,3
3,6
1992
1,9
111,3
1,1
2,6
-14,2
8,2
-16,7
-9,8
43,4
-10,8
0,6
-0,5
0,8
3,9
-0,4
-7,1
2,5
-2,5
-1,0
-10,2
-3,6
1,7
4,2
1993
2,5
92,0
5,8
3,5
-6,1
2,3
-3,7
-10,6
51,5
-4,5
1,2
-32,2
-0,1
7,8
0,0
-8,6
2,8
-4,1
-0,7
-4,3
-7,6
1,3
4,1
1994
2,3
60,8
7,6
-0,8
-9,7
-14,4
-4,1
-12,9
34,9
-0,5
5,4
-22,1
-2,0
11,3
0,1
-13,8
3,1
-4,2
5,8
1,2
-4,2
3,7
6,5
1995
0,3
44,6
10,1
-8,0
1,1
-6,5
-6,6
-9,8
31,2
10,9
3,1
-29,9
-1,8
9,4
2,1
-4,0
4,4
-4,6
2,6
-2,5
-2,2
3,7
3,6
1996
-0,7
42,8
11,4
-8,8
-2,7
1,6
-9,3
-2,5
15,7
20,6
-2,7
-19,3
-1,6
-2,0
1,7
-2,8
3,8
-3,0
-3,5
-6,2
-6,4
1,5
0,4
1997
-1,7
39,7
9,1
-4,6
-13,3
0,9
0,3
25,8
1,7
-1,7
-10,4
16,1
3,9
-13,4
5,5
-8,0
-23,6
-2,2
-33,0
-1,7
-5,9
1,1
-3,9
1,7
-1,4
-5,1
4,1
-7,0
-0,4
-0,5
1999
-5,4
8,6
21,9
-1,2
-22,5
-1,8
0,1
0,9
0,0
2,8
-2,7
-2,6
-2,7
-5,0
2,3
1,0
1998
-0,8
21,9
0,2
5,4
-17,9
7,8
-20,5
9,6
-25,4
-11,5
-7,4
-19,8
-1,9
-5,0
0,8
-8,0
-0,6
-0,5
-10,1
-1,1
-9,6
-2,8
-4,8
2000
-2,9
16,5
0,9
1,4
-23,7
11,8
-22,3
18,6
-40,5
-30,7
-4,7
-48,4
-1,1
11,3
1,8
-5,9
-0,2
1,1
-9,9
-7,1
-7,3
-0,8
-3,5
2001
-4,2
2,2
-1,9
-0,1
-14,9
13,7
-6,3
18,6
-33,0
-37,0
-1,4
0,3
-0,9
16,9
1,2
-1,9
0,5
4,2
-8,4
-9,6
-3,9
1,5
-2,7
2002
-4,9
-8,0
-6,0
-8,1
2,3
6,7
-21,8
11,2
-20,1
-41,7
4,4
12,1
-0,4
17,0
1,5
1,6
-0,3
6,5
-4,0
-6,7
0,3
4,0
1,0
2003
Estimativas para o desalinhamento multilateral para países selecionados (1990-2011)
TABELA 1
-5,4
-24,1
-7,7
-14,7
9,2
7,3
-16,0
6,4
-11,1
-38,8
5,3
14,3
-0,1
21,5
1,1
2,0
-1,5
7,8
-2,4
-7,6
2,0
4,3
1,2
2004
-5,2
-52,1
-10,8
-9,1
11,7
4,7
-18,7
1,4
3,2
-18,6
4,5
24,2
-0,2
21,1
1,3
0,5
-3,0
9,3
-3,4
-9,2
2,4
1,9
1,0
2005
-7,6
-51,7
-9,8
-6,0
13,9
3,0
-26,4
1,3
26,7
-3,5
3,3
11,3
-0,3
25,3
0,4
4,3
-4,2
12,9
-4,1
-9,6
5,0
1,8
1,6
2006
-9,8
-47,4
-9,0
0,6
21,6
3,8
-9,0
-5,3
24,2
15,7
4,3
16,8
-0,6
20,4
0,4
7,9
-4,7
16,2
-1,1
-6,3
8,8
5,9
1,6
2007
-10,2
-47,9
-3,7
2,7
15,3
0,7
4,3
-4,2
14,5
-3,6
5,4
20,6
0,2
21,1
1,4
6,6
-5,9
11,4
-1,6
-6,5
9,2
7,7
2,1
2008
-11,3
-35,5
-1,4
-11,9
15,7
-0,6
29,1
-2,8
-16,9
21,9
7,6
11,2
-1,0
25,6
0,2
9,1
-4,1
14,4
-2,7
-7,2
13,5
3,2
2,5
2009
-8,5
-25,6
2,0
-11,0
24,4
-0,4
41,8
-6,8
-7,5
36,0
3,7
16,6
-0,3
24,8
0,0
3,6
-7,0
15,9
-6,7
-12,5
7,7
0,4
-1,5
2010
-8,5
-25,6
2,0
-11,4
24,4
-0,4
50,3
-11,9
0,6
40,5
3,3
16,6
-0,3
26,1
0,0
2,0
-8,9
11,6
-6,7
-12,8
6,8
0,4
-1,5
2011
Brasília, agosto de 2013
Texto para
Discussão
1 8 5 4
Taxas Bilaterais de Câmbio: análise de desalinhamento para países selecionados
A partir das estimativas de desalinhamento multilaterais, emprega-se a metodologia descrita anteriormente para obtenção de desalinhamentos bilaterais frente ao
dólar e ao real.
Para a Alemanha (gráfico A.1), em 2011, a situação do desalinhamento frente ao
dólar era ligeiramente positiva – em torno de 3%, em termos reais –, seja em relação
a uma cesta de moedas (multilateral), seja esta comparada ao dólar. A evolução do
desalinhamento entre 1990 e 2011 sofreu muitas alterações: durante praticamente toda
a década de 1990 a situação foi de desalinhamento negativo, com reversão em 1998.
Outra reversão para o desalinhamento negativo ocorreu entre 2003 a 2008. Para o caso
do desalinhamento em relação ao real, a situação é oposta: o desalinhamento é positivo
desde 2008, sendo que este em 2011 estava em torno de 40%. Se se levar em consideração que a moeda brasileira estava desalinhada em relação ao dólar em torno de -33%
em 2011, pode-se verificar a consistência do método empregado para a obtenção dos
desalinhamentos bilaterais a partir de estimações multilaterais.
Para a Finlândia (gráfico A.2), o desalinhamento bilateral frente ao dólar, em
2011, ficou em torno de 15% – positivo, em termos reais –, situação oposta ao
desalinhamento multilateral, que ficou em torno de 14% – negativos, em termos reais.
A evolução do desalinhamento frente ao dólar, na maior parte da amostra analisada,
ficou positiva. Porém, de 1992 a 1995 a situação foi oposta, com média de 7% – negativos,
em termos reais. Bem como a Alemanha, a Finlândia apresentou, ao fim de 2011,
desalinhamento positivo em relação ao real. Em 2011, este ficou em torno de 50%
em relação à moeda brasileira.
Para a França (gráfico A.3), tem-se desalinhamento frente ao dólar, em 2011,
positivo em torno de 10% – em termos reais. Este comportamento, desalinhamento
positivo, é observado desde 1996. Situação oposta se observa de 1990 a 1995, com
média em torno de 15% – negativos, em termos reais. Se comparada a situação de
desalinhamento frente a uma cesta de moedas, no entanto, o comportamento do desalinhamento bilateral apresenta maior volatilidade. Durante todo o período analisado,
o desalinhamento multilateral oscilou estável em torno do 0% (não desalinhamento),
enquanto o multilateral em torno do dólar saiu de negativo para positivo, onde permaneceu até 2011. Como os outros dois países europeus citados (Alemanha e Finlândia),
a França também apresentou desalinhamento positivo em relação à moeda brasileira,
em torno dos 50%, em 2011.
15
Brasília, agosto de 2013
França, Alemanha e Finlândia apresentaram, ao final de 2011, desalinhamento em
relação a uma cesta de bens próximo a situação de não desalinhamento. Em contrapartida, apresentaram comportamentos distintos, seja em relação à moeda americana, seja em
relação à moeda brasileira. Este fato, revela, em primeiro lugar, a consistência do método
empregado e, em segundo lugar, as diferentes dinâmicas de comércio entre os países envolvidos, pois o método utiliza como composição dos pesos empregados para constituir a
cesta de moeda, a participação da composição comercial entre os países.
No caso da Irlanda (gráfico A.4), o desalinhamento também oscilou entre negativo, de 1990 a 1996, e praticamente ficou positivo de 1996 em diante. Em 2011,
o desalinhamento ficou em torno de 11%. É interessante notar para o caso da Irlanda
que este processo de desalinhamento positivo em relação ao dólar vem ocorrendo de
forma sistemática e crescente. Por exemplo, em 2009 e 2010 os valores ficaram em
torno de 9% e 10%, respectivamente. Situação similar a dos países europeus ocorre
com a Irlanda, no que se refere ao desalinhamento frente ao real. No fim de 2011,
o desalinhamento ficou em torno dos 45% positivos.
Portugal (gráfico A.5) também apresentou desalinhamento positivo em relação
ao dólar, porém muito próximo do desalinhamento frente à cesta de moedas, ou seja,
próximo ao não desalinhamento. Este comportamento, no entanto, não é o mesmo
padrão observado até 2005. Entre 1990 e 2005, o padrão observado e de um desalinhamento frente ao dólar bastante volátil, tendo padrão de desalinhamento negativo frente
à moeda americana. Novamente a situação de desalinhamento positivo em relação à
moeda brasileira se repete para Portugal, ficando em torno de 40% positivos.
A Colômbia (gráfico A.6) apresentou comportamento bastante interessante, seja
frente ao dólar, seja frente a uma cesta de moedas. O comportamento durante o período analisado frente às duas estimativas de desalinhamento foi oposto, ou seja, quando o desalinhamento frente ao dólar era positivo, o desalinhamento multilateral era
negativo, sendo que o oposto também é válido. Até 1998 o desalinhamento frente à
moeda americana era negativo e, a partir desta data, tornou-se persistentemente positivo até 2007, quando se observa uma nova reversão. A dinâmica do desalinhamento
frente ao real é bastante semelhante ao desalinhamento frente ao dólar, porém, ao fim
de 2011,esta apresenta uma situação de não desalinhamento frente à moeda brasileira.
16
Texto para
Discussão
1 8 5 4
Taxas Bilaterais de Câmbio: análise de desalinhamento para países selecionados
Para o México (gráfico A.7), o padrão do desalinhamento frente à moeda americana apresenta ora comportamento positivo, ora negativo, mas acompanhando a evolução do desalinhamento multilateral. Porém, nos últimos anos, nota-se uma consistente
evolução ao desalinhamento positivo frente à moeda americana, padrão não observado
no comportamento multilateral. Em 2011, o desalinhamento da moeda mexicana frente
ao dólar ficou em torno de 11% – positivo, em tornos reais. Em relação ao real, a
moeda mexicana apresentou comportamento bastante volátil e, ao final de 2011, um
desalinhamento em torno dos 50%. Como será descrito adiante neste texto, a moeda brasileira apresentou, em 2011, um desalinhamento negativo em relação ao dólar.
Portanto, há consistência das estimativas apresentadas, pois em relação ao dólar a moeda
mexicana apresentou desalinhamento positivo. Como a moeda brasileira apresentou
desalinhamento negativo frente ao dólar, frente ao real a moeda mexicana apresentou
desalinhamento positivo.1
A China (gráfico A.8) também apresenta comportamento inverso entre as estimativas de desalinhamento bilateral frente ao dólar e multilateral. Em 2011, a moeda
chinesa apresentou, frente à moeda americana, um desalinhamento em torno de 17% –
positivo, em termos reais. Entre 1992 e 1998, o desalinhamento frente ao dólar passou
de negativo para positivo de forma consistente e após esta data oscilou em torno de
10% (positivo). Em relação à moeda chinesa, o desalinhamento frente ao real apresentou comportamento bastante volátil e, em 2011, apresentou desalinhamento em torno
de 50% positivo.
Para Cingapura (gráfico A.9), observa-se o maior desalinhamento de uma moeda
frente ao dólar, em torno de 30% positivos. A evolução deste, no entanto, é bastante
volátil, principalmente a partir de 1998. Em relação à moeda brasileira, Cingapura
também apresentou desalinhamento positivo desde 2004 e, em 2011, apresentou, frente à moeda brasileira, desalinhamento na casa dos 63%.
A Índia (gráfico A.10) também apresenta desalinhamento positivo em relação à moeda americana em proporção semelhante a Cingapura ao final de 2011. Porém, em relação
à moeda brasileira o desalinhamento foi um pouco menor, em torno dos 50%. A diferença
entre estes países é a pouca variabilidade que a moeda indiana apresentou a partir de 2004.
1. Análise feita em relação a 2011, porém podem ser extrapolados para todo o período analisado (1990-2011).
17
Brasília, agosto de 2013
Espanha, Itália e Suécia (gráficos A.11, A.12 e A.13, respectivamente) apresentaram o desalinhamento frente ao dólar levemente positivo ao final de 2011. Porém,
a variabilidade é bastante acentuada, principalmente no período 1995-2002. Assim
como frente ao dólar, estes países também apresentaram comportamento semelhante
frente ao real: desalinhamento positivo, em 2011, em torno dos 35%, com grande variabilidade durante todo o período analisado.
Para o Japão (gráfico A.14), observa-se, ao final de 2011, um desalinhamento
frente à moeda americana na casa de 15%, valor que apresentou tendência de crescimento desde 2004. Em relação à moeda brasileira, a moeda japonesa apresentou desalinhamento de +50% ao final de 2011. A tendência de crescimento do desalinhamento
da moeda japonesa iniciou-se em 2004 e apenas em 2008 apresentou dinâmica reversa.
A Dinamarca (gráfico A.15) apresentou desalinhamento em torno de 5% negativos ao final de 2011, porém apresentou grande variabilidade durante toda a amostra
analisada. Diferentemente da Dinamarca, tanto a Grécia quanto a Turquia (gráficos
A.16 e A.17) apresentaram baixa variabilidade nos últimos anos (1999-2011), com desalinhamento estimado, ao final de 2011, em torno dos 7% negativos, frente à moeda
americana. Frente à moeda brasileira, a Dinamarca apresentou, ao final de 2011, desalinhamento na casa dos +35%, enquanto a Grécia e a Turquia apresentaram + 30%, ao
final de 2011, ambos com grande variabilidade durante todo o período.
O Reino Unido (gráfico A.18) apresentou desalinhamento em relação ao dólar em
torno dos 20% negativos. O interessante notar neste caso é que a moeda britânica, entre
os anos de 1996 a 2000, apresentou desalinhamento positivo. Após a inversão em 2000,
o tamanho do desalinhamento tendeu a aumentar e, a partir de 2004, se estabilizou em torno
dos 20%. Frente à moeda brasileira, o desalinhamento ficou, ao final de 2011, em torno dos
20% positivos, porém com grande variabilidade e tendência a partir de 2004.
O Brasil e o Uruguai (gráficos A.19 e A.20, respectivamente) apresentaram, em
2011, desalinhamentos em relação à moeda americana, magnitudes similares, em tornos dos 30% negativos. Entretanto, a moeda brasileira apresentou maior variabilidade
durante o período analisado, bem como algumas inversões de sinal do desalinhamento,
diferentemente do comportamento da moeda uruguaia.
18
Texto para
Discussão
1 8 5 4
Taxas Bilaterais de Câmbio: análise de desalinhamento para países selecionados
O Uruguai apresentou, frente à moeda brasileira, desalinhamento, ao final de
2011, em torno de 10% positivos e, durante o período analisado, apresentou apenas
em 2002 desalinhamento negativo.
Os Estados Unidos (gráfico A.21) apresentaram frente à moeda brasileira desalinhamento na casa dos 45% positivos ao final de 2011, apresentando tendência de crescimento a partir de 2002, apenas com reversão em 2008. Novamente, as estimativas de
desalinhamento bilateral apresentam robustez, na medida em que o desalinhamento da
moeda brasileira frente à americana está em torno de -33%, enquanto a moeda americana, +45%. Como se leva em conta a dinâmica do comércio entre países, e é de se
esperar certa assimetria entre o comércio destes dois países, as estimativas apresentam
consistência entre si.
A Holanda (gráfico A.22) também apresenta grande variabilidade durante o período analisado e apresentou, ao final de 2011, desalinhamento negativo em torno de
5% frente à moeda americana, sendo que este comportamento é percebido desde 2008.
Situação oposta a da Austrália (gráfico A.23), que nos últimos anos tendeu a se afastar
da situação de não desalinhamento frente à moeda americana. Em 2011, o desalinhamento ficou em torno dos 22% negativos. Frente à moeda brasileira, a situação descrita
para o desalinhamento frente ao dólar é oposta. A Holanda apresentou desalinhamento
positivo em torno de 30% e tendência a partir de 2004, enquanto a Austrália apresentou desalinhamento em torno de 8% positivos e estável desde 2009.
6 LIMITAÇÕES E POSSÍVEIS EXTENSÕES
Bem como as estimativas obtidas para o desalinhamento multilateral propostas por
Marçal (2012), o cálculo do desalinhamento bilateral apresentado para os países europeus que compõem o euro deve ser lido com cuidado, pois estes são baseados em
ajustes individuais para cada país e na ponderação entre o comércio desempenhado e o
ajuste em relação à moeda existente antes do euro, desta forma, para o euro há restrições quanto à interpretação. Assim, não se leva em conta, por exemplo, a dinâmica que
a adoção da nova moeda pode ter gerado nestes países, apesar de alguma dinâmica ser
capturada pela relação via comércio.
19
Brasília, agosto de 2013
Outro fator limitante na metodologia apresentada é quanto ao intervalo do
desalinhamento estimado. Para estas estimativas, o uso de bandas poderia dar maior
oportunidade para verificação do desalinhamento de determinada moeda frente às moedas
bases apresentadas – real e dólar. Uma possibilidade seria simular os intervalos para cada
país individualmente, entretanto, não se considera desta forma as inter-relações entre os
países, além da dificuldade computacional envolvida no processo. Uma alterativa é estimar
os desalinhamentos via PPP, ou seja, para cada par de países estima-se o desalinhamento,
com a possibilidade de se recuperar bandas para o desalinhamento.
7 CONCLUSÃO
A estimação da taxa bilateral de câmbio e sua comparação com os valores observados
podem ser úteis para responder questões relevantes sobre o comportamento do comércio
bilateral entre os países.
Por meio da metodologia desenvolvida em Alberola et al. (1999) pode-se recuperar
as taxas de câmbio bilaterais das taxas multilaterais, sendo que estas são diretamente
comparáveis às taxas praticadas no mercado de câmbio.
Mesmo destacando-se as possíveis limitações da metodologia empregada, pode-se
apontar para a consistência dos resultados, principalmente se comparado aos resultados
do desalinhamento de Brasil e Estados Unidos, haja vista que a moeda brasileira
apresenta desalinhamento negativo frente ao dólar e o padrão inverso é observado, em
maior magnitude, em relação à moeda americana. Esta diferença se dá devido ao ajuste
feito sobre a dinâmica de comércio entre os países, que apresenta assimetria.
De uma forma geral, os países europeus apresentam significativo desalinhamento positivo
frente ao real, enquanto frente ao dólar apresentam pequeno desalinhamento, tanto
positivo quanto negativo.
20
Texto para
Discussão
1 8 5 4
Taxas Bilaterais de Câmbio: análise de desalinhamento para países selecionados
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22
Texto para
Discussão
1 8 5 4
Taxas Bilaterais de Câmbio: análise de desalinhamento para países selecionados
APÊNDICE
APÊNDICE A
GRÁFICO A.1
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para a Alemanha – frente ao real e ao dólar
(1990-2011)
(Em %)
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
-50,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Alemanha – bilateral dólar
Alemanha – multilateral
Alemanha – bilateral real
Elaboração da autora.
23
Brasília, agosto de 2013
GRÁFICO A.2
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para a Finlândia – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Finlândia – bilateral dólar
Finlândia – multilateral
Finlândia – bilateral real
Elaboração da autora.
GRÁFICO A.3
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para a França – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
França – bilateral dólar
Elaboração da autora.
24
França – multilateral
França – bilateral real
Texto para
Discussão
1 8 5 4
Taxas Bilaterais de Câmbio: análise de desalinhamento para países selecionados
GRÁFICO A.4
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para a Irlanda – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Irlanda – bilateral dólar
Irlanda – multilateral
Irlanda – bilateral real
Elaboração da autora.
GRÁFICO A.5
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para Portugal – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
-50,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Portugal – bilateral dólar
Portugal – multilateral
Portugal – bilateral real
Elaboração da autora.
25
Brasília, agosto de 2013
GRÁFICO A.6
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para a Colômbia – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
-20,00
-40,00
-60,00
-80,00
-100,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Colômbia – bilateral dólar
Colômbia – multilateral
Colômbia – bilateral real
Elaboração da autora.
GRÁFICO A.7
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para o México – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em%)
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
México – bilateral dólar
Elaboração da autora.
26
México – multilateral
México – bilateral real
Texto para
Discussão
1 8 5 4
Taxas Bilaterais de Câmbio: análise de desalinhamento para países selecionados
GRÁFICO A.8
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para a China – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
-50,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
China – bilateral dólar
China – multilateral
China – bilateral real
Elaboração da autora.
GRÁFICO A.9
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para Cingapura – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
-20,00
-40,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Cingapura – bilateral dólar
Cingapura – multilateral
Cingapura – bilateral real
Elaboração da autora.
27
Brasília, agosto de 2013
GRÁFICO A.10
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para a Índia – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
200,00
150,00
100,00
50,00
0,00
-50,00
-100,00
-150,00
-200,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Índia – bilateral dólar
Índia – multilateral
Índia – bilateral real
Elaboração da autora.
GRÁFICO A.11
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para a Espanha – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Espanha – bilateral dólar
Elaboração da autora.
28
Espanha – multilateral
Espanha – bilateral real
Texto para
Discussão
1 8 5 4
Taxas Bilaterais de Câmbio: análise de desalinhamento para países selecionados
GRÁFICO A.12
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para a Itália – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
-50,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Itália – bilateral dólar
Itália – multilateral
Itália – bilateral real
Elaboração da autora.
GRÁFICO A.13
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para a Suécia – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
-50,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Suécia – bilateral dólar
Suécia – multilateral
Suécia – bilateral real
Elaboração da autora.
29
Brasília, agosto de 2013
GRÁFICO A.14
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para o Japão – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Japão – bilateral dólar
Japão – multilateral
Japão – bilateral real
Elaboração da autora.
GRÁFICO A.15
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para a Dinamarca – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Dinamarca – bilteral dólar
Elaboração da autora.
30
Dinamarca – multilateral
Dinamarca – bilteral real
Texto para
Discussão
1 8 5 4
Taxas Bilaterais de Câmbio: análise de desalinhamento para países selecionados
GRÁFICO A.16
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para a Grécia – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
-50,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Grécia – bilateral dólar
Grécia – multilateral
Grécia – bilateral real
Elaboração da autora.
GRÁFICO A.17
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para a Turquia – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
120,00
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
-20,00
-40,00
-60,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Turquia – bilateral dólar
Turquia – multilateral
Turquia – bilateral real
Elaboração da autora.
31
Brasília, agosto de 2013
GRÁFICO A.18
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para o Reino Unido – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
-50,00
-60,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Reino Unido – bilateral dólar
Reino Unido – multilateral
Reino Unido – bilateral real
Elaboração da autora.
GRÁFICO A.19
Desalinhamentos multilateral e bilateral para o Brasil – frente ao dólar (1990-2011)
(Em %)
60,00
40,00
20,00
0,00
-20,00
-40,00
-60,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Brasil – bilateral dólar
Elaboração da autora.
32
Brasil – multilateral
Texto para
Discussão
1 8 5 4
Taxas Bilaterais de Câmbio: análise de desalinhamento para países selecionados
GRÁFICO A.20
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para o Uruguai – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Uruguai – bilateral dólar
Uruguai – multilateral
Uruguai – bilateral real
Elaboração da autora.
GRÁFICO A.21
Desalinhamentos multilateral e bilateral para Estados Unidos – frente ao real (1990-2011)
(Em %)
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Estados Unidos – multilateral
Estados Unidos – bilateral real
Elaboração da autora.
33
Brasília, agosto de 2013
GRÁFICO A.22
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para a Holanda – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
-50,00
-60,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Holanda – bilateral dólar
Holanda – multilateral
Holanda – bilateral real
Elaboração da autora.
GRÁFICO A.23
Desalinhamentos multilateral e bilaterais para a Austrália – frente ao real e ao dólar (1990-2011)
(Em %)
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
-10,00
-20,00
-30,00
-40,00
-50,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Austrália – bilateral dólar
Elaboração da autora.
34
Austrália – multilateral
Austrália – bilateral real
Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
EDITORIAL
Coordenação
Cláudio Passos de Oliveira
Supervisão
Everson da Silva Moura
Reginaldo da Silva Domingos
Revisão
Andressa Vieira Bueno
Clícia Silveira Rodrigues
Idalina Barbara de Castro
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Leonardo Moreira de Souza
Luciana Dias
Marcelo Araujo de Sales Aguiar
Marco Aurélio Dias Pires
Olavo Mesquita de Carvalho
Regina Marta de Aguiar
Luana Signorelli Faria da Costa (estagiária)
Editoração
Aline Rodrigues Lima
Bernar José Vieira
Daniella Silva Nogueira
Danilo Leite de Macedo Tavares
Jeovah Herculano Szervinsk Junior
Leonardo Hideki Higa
Cristiano Ferreira Araujo (estagiário)
Diego André Souza Santos (estagiário)
Capa
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Projeto Gráfico
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Livraria do Ipea
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Produzir, articular e disseminar conhecimento para
aperfeiçoar as políticas públicas e contribuir para o
planejamento do desenvolvimento brasileiro.
1854
TAXAS BILATERAIS DE CÂMBIO:
ANÁLISE DE DESALINHAMENTO
PARA PAÍSES SELECIONADOS
Priscila Fernandes Ribeiro
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