Módulo 6 – Ambiente Financeiro Após a Segunda Guerra Mundial

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Módulo 6 – Ambiente Financeiro Após a Segunda Guerra Mundial, os ministros da Fazenda dos países vencedores se reuniram nos Estados Unidos para criar uma estrutura financeira que apoiasse a reconstrução dos países devastados pela guerra. A reunião aconteceu em Bretton Woods e, entre outras decisões, criou o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento, BIRD ­ também conhecido como Banco Mundial ­ e o Fundo Monetário Internacional ­ FMI. A idéia era criar uma moeda mundial que fosse convertida para as várias moedas, mas isso acabou não acontecendo. O pensamento predominante defendia o chamado padrão ouro, ou seja, que cada unidade monetária fosse convertida em certa quantidade de ouro, assim “x” libras esterlinas valeriam “y” gramas de ouro, o mesmo se aplicando ao dólar, etc. Mas em 1971, diante de um déficit de bilhões de dólares na balança comercial, o governo americano retirou a garantia da conversibilidade do ouro, passando o mercado a operar com taxas de câmbio flutuante. Os principais atores do mercado de câmbio são os grandes bancos como Citigroup, J.P.Morgan e Bankers Trust que movimentam 80% das transações. Em um dia, os bancos e corretoras movimentam mais de um trilhão de dólares. O dinheiro, neste mercado, é tratado como mercadoria, vale o quanto estão dispostos a pagar por ele. Os principais mercados de câmbio estão listados no quadro a seguir. Taxas de câmbio Num país, a taxa de câmbio é determinada pelo Banco Central. Ela é a medida do valor da moeda local em relação às moedas estrangeiras. Um real vale “x” euros, “y” pesos chilenos, etc. Mas esta é uma medida interna do país, que nem sempre reflete o poder real de compra da moeda. Para medir o poder de compra da moeda, pode­se comparar o preço de um produto nos diversos países. Foi assim que surgiu o “Índice Big Mac”. Big Mac é o principal sanduíche da rede MacDonald´s, que atua em muitos países. A forma de calcular o
preço do lanche é a mesma em todos os lugares. Por isso, se pegarmos o preço local e dividi­lo pela taxa de câmbio do dólar, teremos convertido seu preço em dólar. Daí comparamos o valor local com o valor cobrado nos Estados Unidos. Se estiver abaixo, o dólar está supervalorizado, ou seja, a moeda do país deveria valer mais dólares. Veja no quadro a seguir o preço do Big Mac em vários países, em um dado momento: Repare que se na Suiça a moeda fosse valorizada em 66% em relação ao dólar, o preço em dólar do lanche seria igual ao dos Estados Unidos, pois menos francos suiços seriam necessários para comprar um dólar. Influências do câmbio Como vimos a taxa de câmbio de um país é influenciada por vários fatores e o valor da taxa afeta a saúde financeira das empresas. Balança de pagamentos: conta corrente – superávit ou déficit comercial – e conta de capital – superávit ou déficit de demanda por instrumentos financeiros. 1. Reservas cambiais em moeda forte, como dólar, euro. 2. Inflação no país – quanto maior a taxa de inflação, menor o valor da moeda em relação a outras. 3. Taxa de juros reais – juros nominais menos a inflação. 4. Políticas monetária e fiscal. 5. Competitividade internacional – presente e futura. 6. Nível de atração do país para investidores estrangeiros. 7. Importância da moeda nas transações internacionais. 8. Filosofia dos partidos políticos no poder. 9. Expectativa de mudanças no cenário político. 10. Perturbações sociais graves. 11. Análise econômica feita por analistas e bancos de investimento sobre o mercado interno e externo. 1 Exposição econômica As variações das taxas de câmbio afetam o resultado das empresas. E quanto maior o nível de transações internacionais, mais exposta estará a empresa às variações.
Calcula­se que em 1992, a Daimler­Benz alemã perdeu 1,5 bilhões de dólares por ter feito uma previsão errada do valor do dólar em relação ao marco. A exposição econômica das empresas pode ser dividida em dois tipos: exposição à transação e exposição operacional real. Exposição à transação é quando a compra ou a venda é feita em moeda estrangeira. É o caso de empresas com filiais no exterior. Quanto maior o faturamento vindo do exterior, mais o lucro será afetado pela de taxa de câmbio. É o caso da Nestlé que tem 98% do seu faturamento feito fora da Suiça. Se o franco suiço estiver supervalorizado em relação às outras moedas, menor será o lucro contábil da empresa. O quadro a seguir mostra empresas com receitas geradas no exterior superiores a 50% do faturamento total. Exposição operacional real ocorre quando a flutuação cambial altera as margens de lucros. Isto ocorre mais intensamente com empresas que dependem de produtos importados para sua operação. Se no mercado onde atua não há espaço para aumento de preço, um custo maior que o previsto na importação diminuirá a margem de lucro. Para minimizar o risco, as empresas adotam medidas de proteção, conhecidas como hedging. Se a empresa tem de desembolsar um valor em dólares no futuro e não tem como prever a taxa de câmbio, ela pode assinar um contrato a termo com um banco, se comprometendo a comprar dólares a um determinado valor fixado. Dessa forma não importa para seu resultado como estará o câmbio na ocasião. Ela não ganha nada se a moeda comprada estiver abaixo do valor do contrato, mas também não perde se ele estiver acima. Outra forma de fazer hedging foi praticada pela Sun Microsystem. Sua subsidiária no Japão comprava equipamentos da matriz e os vendia remodelados no Japão. No processo de remodelagem, a subsidiária comprava componentes de empresas japonesas. Havia no processo dois riscos cambiais: os valores entre o dólar e o iene nos Estados Unidos e no Japão poderiam ser diferentes em cada país ao mesmo
tempo, ou seja, estar supervalorizado em um e desvalorizado em outro. Para evitar isso, a Sun decidiu fazer todas as suas transações com a filial japonesa apenas em ienes. 2 Estratégias Diante das flutuações das taxas de câmbio as empresas podem adotar várias estratégias. O que determina qual estratégia adotar é a condição de mercado. No caso de mudanças desfavoráveis, se o mercado for muito sensível a preço, um aumento poderá significar perda de participação. Se for pouco sensível, poderá absorver o aumento, mas a maior lucratividade atrairá novos concorrentes. Outra forma, é aumentar o preço de lista, mas continuar praticando o preço anterior por algum tempo, para aguardar um retorno da taxa ao patamar anterior. Ou ainda lançar novas versões dos produtos.
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