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HEPATITE C: PREVALÊNCIA DE ANTICORPOS ANTI-HCV E FATORES DE
RISCO PARA AQUISIÇÃO DO VÍRUS ENTRE ACADÊMICOS DA ÁREA DA
SAÚDE DE UM CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINAS GERAIS
HEPATITIS C: PREVALENCE OF ANTI-HCV AND RISK FACTORS AMONG FOR
ACQUISITION AND STUDENTS HEALTH AREA CARE THE UNIVERSITY
CENTER THE MINAS GERAIS
Lucilene Aparecida Pereira Alvarenga
Graduada em enfermagem pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - UnilesteMG.
[email protected]
Virgínia Maria da Silva Gonçalves
Enfermeira. Graduada pela PUC – MG, com especialização em Administração Hospitalar pela
Universidade São Camilo. Mestre em Saúde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável pela
UNEC. Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais UnilesteMG. [email protected]
RESUMO
A hepatite C é uma doença infecciosa e contagiosa, causada pelo vírus da hepatite C. Adquirida
através do contato com fluídos ou secreções contaminadas. O objetivo foi identificar a prevalência de
anticorpos anti-HCV entre os acadêmicos da área da saúde, e os fatores de risco para aquisição do
vírus da hepatite C. Trata-se de uma pesquisa de campo com abordagem quantitativa realizado no
Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – UnilesteMG. A amostra foi composta por 275
acadêmicos que após responderem a um questionário estruturado, sobre situações de risco para
aquisição do vírus, foram encaminhados para a realização do teste rápido Bioeasy que pesquisa
anticorpos anti-HCV no sangue. A análise identificou 1,09% (três) casos positivos para anti-HCV e
estes foram encaminhados para investigação e conduta específica. Constatou-se que a faixa etária
predominante ficou entre 18 e 34 anos que estão vulneráveis pela exposição a um número maior de
fatores de risco para aquisição do vírus da hepatite C. A pesquisa mostrou que há uma necessidade
de se trabalhar com intervenções primárias objetivando identificar as situações de risco para
aquisição da doença, tais como: sexo sem proteção, compartilhamento de materiais e agulhas no
caso de uso de drogas endovenosas, realização de tatuagens e colocação de piercing em locais
duvidosos. Portanto, é necessário minimizar estes problemas e secundariamente promover junto aos
infectados a prevenção de agravos para diminuir a evolução desfavorável da doença, quebrando o
elo da cadeia de transmissibilidade do vírus da hepatite C entre os acadêmicos da área de saúde.
PALAVRAS-CHAVE: Hepatite C. Prevenção de doenças. Fatores de risco.
ABSTRACT
Hepatitis C is an infectious and contagious disease caused by hepatitis C. Acquired through contact
with contaminated fluids or secretions. The with the aim of identifying the prevalence of anti-HCV
among academics in the health area, as well as to identify situations and risk factors for acquisition of
hepatitis C. It is about a field research with quantitative approach undertaken in the University Center
of the East of Minas Gerais – UnilesteMG. The sample consisted of 275 students surveyed where
after answering a structured questionnaire about risky situations for acquiring the virus, were referred
for testing from Bioeasy researching anti-HCV antibodies in the blood. Analysis revealed 1.09%
(three) cases positive for anti-HCV were referred for investigation of and specific action. It was found
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that the predominant age group was between 18 to 34, young to young adults who are vulnerable
through exposure to a greater number of risk factors for acquiring hepatitis C. Research has shows
that there is need to work with primary interventions aiming at identifying the risky situations for
acquiring the disease, such as unprotected sex, sharing of materials and needles in intravenous drug
use, conducting placement of tattoos and piercings in places doubtful. Therefore, it is necessary to
minimize these problems and secondarily to promote those infected with the disease prevention to
reduce the unfavorable evolution of the disease, breaking the link in the chain of transmission of
hepatitis C among academic health care.
KEY WORDS: Hepatitis C. Disease prevention. Risk factors.
INTRODUÇÃO
A hepatite C é uma doença infecciosa e contagiosa, causada pelo vírus da
hepatite C. É adquirida através do contato com fluídos ou secreções contaminadas.
O agente etiológico é da família flaviviridae, um vírus do tipo RNA no qual guarda
semelhança nas sequências nucleotídicas e de aminoácidos, podendo manifestar-se
como uma infecção assintomática ou sintomática. Ao contrário dos demais vírus que
causam hepatite, o vírus da hepatite C, representado pela sigla HCV não gera uma
resposta imunológica adequada no organismo, o que faz com que a infecção aguda
seja menos sintomática (FERREIRA; SILVEIRA, 2006).
Em média 80% das pessoas que se infectam não conseguem eliminar o vírus,
evoluindo para as formas crônicas da doença, com complicações, devido à ausência
de sinais e sintomas para o diagnóstico precoce. A hepatite C constitui hoje um sério
problema de Saúde Pública no Brasil e no mundo, devido o grande número de
pessoas infectadas. Sabe-se que grande parte desses indivíduos toma
conhecimento de sua situação sorológica somente ao doar sangue ou ao realizar
exames admissionais, o que os torna um elo importante na cadeia de transmissão
viral, perpetuando a doença (BRASIL, 2009a; CIORLIA; ZANETTA, 2007).
A patologia apresenta uma prevalência estimada de 170 milhões de pessoas
infectadas no mundo. No Brasil ainda não há dados oficiais sobre sua real
prevalência, entretanto, estima-se que cerca de 2 a 3 milhões de indivíduos sejam
portadores do vírus da hepatite C. A taxa de incidência e prevalência era alta entre
doadores de sangue principalmente antes da década de 80, sendo responsável pelo
elevado índice já em evolução na forma crônica (BURATTINI et al., 2005).
São múltiplos os fatores de risco para a aquisição do vírus da hepatite C,
ficando em destaque: os usuários de drogas injetáveis; indivíduos que realizaram
transfusão sanguínea sem controle prévio de doador; relações sexuais
desprotegidas com portadores do vírus HCV; contatos domiciliares com portadores
da doença; realização de tatuagens e colocação de piercings em estabelecimentos
não regulamentados; escova de dente e lâmina de barbear de uso coletivo;
procedimento invasivo com material contaminado; contato com secreções e fluidos
corporais; ambiente de trabalho no caso dos profissionais de saúde e indivíduos
hemodializados (MARCHESINI, 2007).
O Programa Nacional de Hepatites Virais (PNHV) do Ministério da Saúde, foi
criado em 2002 para aprimorar ações de controle e de prevenção das hepatites, por
intermédio do fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Tem como princípio
desenvolver ações de prevenção e promoção à saúde. Entretanto, estimular e
garantir as ações de vigilância epidemiológica e sanitária, bem como garantir o
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diagnóstico e tratamento das hepatites, são algumas das atribuições do programa no
âmbito do Sistema de Vigilância em Saúde (BRASIL, 2009b).
Não existe, até o momento, vacina para a prevenção da hepatite C, mas
existem outras formas de prevenção primária e secundária. As medidas primárias
visam à redução do risco para disseminação da doença e as secundárias, a
interrupção da progressão da doença em uma pessoa já infectada (FOCACCIA,
2006).
Como a maioria das pessoas desconhece sua condição sorológica, ajudando
a progredir a cadeia de transmissão da infecção, é necessário ampliar a triagem
sorológica para as hepatites virais como estratégia fundamental para equacionar
esta situação, além de propiciar a detecção precoce de portadores, permitindo o
acesso às medidas para a manutenção da saúde dos possíveis infectados
(VASCONCELOS, 2009).
Tendo em vista a necessidade de se trabalhar com ações e intervenções
primárias para identificar as situações de risco da doença, cabe à equipe
multiprofissional e em especial ao enfermeiro a responsabilidade de orientar a
população sobre os fatores de risco. Os profissionais de saúde podem intervir na
cadeia de transmissibilidade através de medidas educativas e assistenciais de
saúde, como meios de minimizar estes problemas. E secundariamente, promover
junto aos infectados a prevenção de agravos e diminuir a evolução desfavorável da
doença (BRASIL, 2009b).
Este trabalho teve como objetivo identificar a prevalência de anticorpos antiHCV entre os acadêmicos da área da saúde do Centro Universitário do Leste de
Minas Gerais - UnilesteMG, e os fatores de risco para aquisição do vírus da hepatite
C.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa quantitativa. A coleta de dados foi realizada em
março de 2009, no Campus Amaro Lanari do Centro Universitário do Leste de Minas
Gerais- UnilesteMG situado na cidade de Ipatinga MG, que concentra todos os
cursos da área da saúde. Segundo informações do setor administrativo da
instituição, no período da coleta de dados, haviam 984 alunos matriculados. A
amostra foi composta por 275 alunos da área da saúde que aceitaram
voluntariamente participar da pesquisa.
Foi solicitada autorização do UnilesteMG para realização da pesquisa.
Posteriormente, realizou-se a coleta de dados, onde os pesquisados responderam
um questionário estruturado sobre situações de risco para aquisição do vírus da
hepatite C. Logo após foram encaminhados para a realização do teste rápido
Bioeasy que pesquisa anticorpos anti-HCV no sangue.
Para a realização do teste rápido Bioeasy, adotou-se o procedimento
recomendado por Tapko, Orione e Souto (2006) no qual remove-se o dispositivo da
bolsa de alumínio, coloca-se o dispositivo em uma superfície plana, dispensa-se
uma gota da amostra de sangue dentro da cavidade “s” do dispositivo, adicionado
três gotas do tampão dentro da mesma cavidade. Quando inicia a reação, uma cor
roxa move-se pela janela de resultados no centro do dispositivo. A leitura do
resultado é feita entre cinco e 20 minutos.
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O teste Bioeasy é um método imunocromatográfico semelhante a uma
realização de glicemia capilar. É necessária uma gota de sangue para análise. O
teste contém uma tira membrana, que é pré - coberta com o antígeno recombinante
capturado na região do teste, a amostra sorológica migra através da membrana para
a região “t” que é teste formando uma linha visível com alto grau de sensibilidade e
especificidade. Este dispositivo de teste tem gravado em sua superfície as letras “t”
e “c”, linha teste e linha controle respectivamente, estas não são visíveis antes da
aplicação da amostra (TAPKO; ORIONE; SOUTO, 2006).
Para realização, a linha controle e os reagentes testes da linha de controle
deveM aparecer se o procedimento do teste for executado corretamente.
Recomenda-se que o teste seja realizado por profissional capacitado seguindo as
instruções de biossegurança. Os reagentes não são perigosos e incorpora um
componente químico seco que é ativado somente após a adição de amostras
específicas. O tampão diluente contém azida sódica como conservante, evitando
assim contato com a pele e mucosas (TAPKO; ORIONE; SOUTO, 2006).
Para a interpretação dos resultados: o aparecimento de ambas as linhas “c” e
“t” indicam a presença de anticorpos anti-HCV na amostra testada, a intensidade da
linha “c” e linha “t” pode ser diferente, mas considera-se o resultado reagente. No
resultado não reagente somente a linha “c” aparece na região controle, indicando
que não existem anticorpos anti-HCV detectados e o resultado é inválido quando
nenhuma linha controle aparece na região dentro de cinco a 10 minutos. É
importante ressaltar que como todo teste, existem limitações e o teste rápido
Bioeasy deverá indicar a presença de anticorpos anti-HCV e não deve ser usado
como único critério para diagnóstico da infecção da hepatite C (TAPKO; ORIONE;
SOUTO, 2006).
Todos os casos positivos para pesquisa de anti-HCV foram encaminhados
para realização de outros exames específicos na unidade de referência com
acompanhamento de profissional médico especialista. Foi respeitado os cuidados
éticos estabelecidos pela Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996, do Conselho
Nacional de Saúde, que regulamenta as normas e diretrizes de pesquisas
envolvendo seres humanos (BRASIL, 1996).
Os participantes foram orientados sobre todos os procedimentos e assinaram
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) de forma voluntária,
anônima, e sem qualquer risco físico e psicológico. Os resultados foram
apresentados em forma de estatística descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa mostrou que no teste realizado para identificação do anticorpo
anti-HCV em 275 acadêmicos da área de saúde do UnilesteMG foram positivos
0,36% (um) e 0,73% (dois) indeterminados.
De acordo com Tapko, Orione e Souto (2006), quando não é possível realizar
uma leitura adequada no teste Bioeasy, ou seja, resultado indeterminado considerase o mesmo como positivos, devendo em ambos os casos encaminhá-los para
exames específicos para diagnóstico e tratamento preciso. Portanto, na pesquisa em
questão, foram considerados como positivos, os testes com resultados
indeterminados, totalizando 1,09% (três) casos positivos para anti-HCV.
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Segundo Vasconcelos (2009), como a maioria das pessoas desconhecem sua
condição sorológica, ajudando a progredir a cadeia de transmissão da infecção, é
necessário ampliar a triagem sorológica para as hepatites virais como estratégia
fundamental para equacionar esta situação, além de propiciar a detecção precoce
de portadores, permitindo o acesso às medidas para a manutenção da saúde dos
possíveis casos.
Quanto à análise de faixa etária, 60% (165) dos participantes estavam entre 18 e
24 anos, sendo que, 1,21% destes estavam positivos para anti-HCV, conforme a
TAB. 1.
TABELA 1 Idade dos participantes. Ipatinga, MG, 2009.
Faixa etária (anos)
N
18 a 24
165
25 a 34
50
35 a 44
20
45 a 54
11
Acima de 55
16
Não respondeu
13
Total
275
FONTE: dados da pesquisa
%
60,0
18,18
7,27
4,0
5,82
4,73
100
Prevalência
1,21%
2%
-
As faixas etárias que compreende entre 18 a 34 anos, são classificadas como
fase de jovem a adulto jovem. São faixas etárias que têm alta vulnerabilidade por
estar exposta a um número maior de fatores de risco para aquisição do vírus da
hepatite C. Portanto, a vulnerabilidade nestas faixas etárias pode estar associada a
diversos meios de transmissão como: relação sexual, levando em consideração a
vida sexual ativa e o não uso do preservativo; usuários que compartilham drogas
intravenosas; execução de tatuagens e colocação de piercings; compartilhamento de
fômites como alicate, escova de dente e lâmina de barbear; e contato com
secreções ou fluidos corporais.
Segundo Lopes (2009), deve-se analisar cada fator de risco de acordo com as
atividades desenvolvidas, equivalentes a idade e situações de risco, que ficam
susceptíveis a aquisição do vírus HVC.
Na análise de fatores de risco para aquisição do vírus da hepatite C foram
consideradas as variáveis da TAB. 2
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TABELA 2 Fatores de risco para aquisição do vírus da hepatite C, em acadêmicos da área de saúde
do UnilesteMG. Ipatinga, MG, 2009.
Fatores de risco
N
%
Relação sexual sem proteção
Compartilha alicates de unha
Deixou de usar preservativo
Compartilha escova de dente ou lâmina de
barbear
Procedimento cirúrgico
Trabalha na área de saúde
Fez tatuagens em estabelecimentos não
confiávéis ou usa piercing
Teve mais de um parceiro
Acupuntura
Acidente com material pérfuro-cortante
Transfusão sanguínea
Hemodiálise
Drogas injetáveis
FONTE: dados da pesquisa
OBS.: questão de múltipla escolha
210
194
166
140
76,36
70,55
60,36
52,36
104
89
63
37,82
32,36
22,91
63
28
25
13
01
01
22,91
10,18
9,09
4,73
0,36
0,36
A relação sexual desprotegida constitui um relevante fator de risco. A
pesquisa mostrou que 76,36% (210) dos participantes já haviam tido relação sexual,
e, 60,36% (166) deixaram de usar o preservativo, ficando expostos a aquisição da
hepatite C, e outras doenças sexualmente transmissíveis como o Vírus da
Imunodeficiência Humana (HIV). O contato através da relação sexual desprotegida,
segundo Brasil (2009a) é um fator de risco eminente para contrair o vírus da hepatite
C, tendo risco de 2% a 6% para parceiros fixos estáveis. A vulnerabilidade é maior
em pessoas com múltiplos parceiros e com prática sexual de risco, ou seja, atividade
sexual sem o uso de preservativo.
Observou-se que, quanto ao uso de alicates e cortadores de unhas, 70,55%
(194) compartilhavam os objetos e quanto ao compartilhamento de escova de dente
e lâmina de barbear, 52,36% (140) responderam que usavam objetos de um familiar,
cônjuge, irmão ou mãe. Para Veronesi (2005), o principal mecanismo de
transmissão do HCV é o sangue infectado e seus derivados contidos nos materiais e
objetos podendo acontecer em qualquer fase, portanto, não é aconselhável o
compartilhamento dos objetos pessoais, devendo-se evitar esse tipo de
comportamento, ficando susceptível a adquirir a doença.
Ao analisar a variável procedimento cirúrgico, observou-se que 37,82% (104)
já realizaram algum procedimento cirúrgico, o que aumenta a probabilidade de
adquirir o vírus da hepatite C. Para Coelho et al., (2009), qualquer procedimento
cirúrgico de pequeno ou grande porte que envolva sangue pode transmitir este vírus,
desde que possua sangue contaminado ou uso de materiais de esterilização
duvidosa.
Em relação aos pesquisados 32,36% (89) informaram exercer atividade na
área de saúde. Segundo Ciorlia e Zanetta (2007), comparando os profissionais da
área da saúde aos profissionais da área administrativa, as diferenças foram
significativas, confirmando que os profissionais da saúde têm maiores chance de
serem infectados pelo HCV, devido o contato e a manipulação de materiais
contaminados com sangue ou secreção, sendo inerente à própria atividade
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profissional. O grande problema, entretanto, é que os profissionais não utilizam os
materiais de forma correta, ou seja, uso inadequado ou não utilizam as luvas, as
máscaras, o óculos e o avental, ou seja, Equipamentos de Proteção Individual (EPI),
aumentando o risco de acidentes (AMARAL et al., 2007).
Constatou-se que 9,09% (25) destes participantes já sofreram acidentes com
materiais perfuro cortantes. De acordo com Brasil (2009a), os profissionais da saúde
com sorologia positiva tinham maior tempo de serviço na instituição e a cada cinco
anos de trabalho tem um acréscimo de 50% de chance ser anti-HCV positivo. Este
resultado sugere que os profissionais precisam ficar atentos aos cuidados e
procedimentos realizados aos clientes, sempre dentro das normas de segurança,
podendo contribuir para a diminuição de infecção pelo HCV. Além disso, o risco
pode ser ainda maior se os profissionais de saúde não atentarem para as normas de
biossegurança. Ainda, segundo Brasil (2009a), o sangue é fonte de infecção
encontrada em 70,21% dos casos de acidentes de trabalho, sendo que o risco de
soroconversão para hepatite C aumenta, gradativamente, de acordo com a maior
quantidade de sangue presente no dispositivo e profundidade da lesão.
Outras vias de transmissibilidade do vírus da hepatite C estão relacionadas a
lesões cutâneas associadas à acupuntura, tatuagens e piercing. Foi observado que
10,18% (28) submeteram a sessão de acupuntura e 22,91% (63) já fez ou faz uso de
piercings e realizaram tatuagens. O estudo de Ciorlia e Zanetta (2007) demonstrou
que escoriações resultantes de rituais religiosos, acupuntura, tatuagem e a utilização
de piercings no corpo constituíam fatores de risco para aquisição do vírus da
hepatite C.
Quando questionados sobre a realização de transfusão de sangue ao longo
da vida, foi observado que 4,73% (13) dos indivíduos responderam que já realizaram
transfusão sanguínea. Segundo Passos (2006), a transfusão de sangue representa
risco de 0,01% a 0,001% após a década de 80, tendo o riso reduzido
acentuadamente devido rigorosa segurança na triagem sorológica. Observou-se que
houve uma queda significativa na incidência a partir de 1994, devido à realização da
triagem sorológica analisando componentes e derivados, o que restringe a
introdução de sangue contaminado para o receptor.
Quanto à exposição ou realização de hemodiálise, 0,36% (um) respondeu que
esteve exposto a esse tipo de tratamento. Segundo Lopes (2009), estima-se que a
prevalência de anticorpos do HCV em pacientes que utilizam hemodiálise varia de
15 a 48% na América do Norte. A incidência do vírus em pacientes que realizam
hemodiálise está em declínio, devido ao controle de infecção mais rigoroso nas
unidades terapêuticas que prestam tratamento hemodialítico (AMARAL et al., 2007).
A variável uso de drogas ilícitas injetáveis revelou que 0,36% (um) já utilizou
ou utiliza a via endovenosa ou intramuscular para uso de entorpecentes e 0,73%
(dois) se negaram a responder a questão. O uso de drogas injetáveis é atualmente
um dos mais importantes fatores de risco de transmissão do HCV, alcançando até
cerca de 50% de novos casos em comunidades urbanas de países
subdesenvolvidos, dentro de 6 a 12 meses, após o início do uso de drogas injetáveis
por via intravenosa, até 80% dos usuários tornam-se soropositivos e susceptíveis ao
vírus da hepatite C (CARVALHO et al., 2006).
A pesquisa em questão torna-se relevante para ampliação da visão dos
profissionais sobre esse grave problema de saúde pública que pode ser de uma
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cronicidade elevada, levando em consideração a evolução para estágios
irrevogáveis de assistência hepatológica, aumentando substancialmente o risco de
morte, pois a hepatite C é uma patologia progressiva e que tem aumentado sua
incidência.
De acordo com o Ministério da Saúde a hepatite C vem crescendo
acentuadamente, ultrapassando a taxa de incidência do HIV. Devendo-se mudar
comportamentos que geram riscos à saúde, tendo em vista a necessidade de
conscientização sobre a importância da prevenção, do tratamento e do
acompanhamento caso não seja diagnosticada em tempo hábil para ações
terapêuticas (BRASIL, 2009a).
CONCLUSÃO
A pesquisa possibilitou ampliar conhecimentos em relação à hepatite C,
agregando novas maneiras de pensar e articular formas de interromper as situações
de risco para aquisição do vírus da hepatite C bem como, conhecer as
vulnerabilidades dos acadêmicos, com as possibilidades de a equipe
multiprofissional atuar e contribuir, minimizando este problema de saúde pública.
A análise dos dados identificou 1,09% (três) casos positivos para anti-HCV e
estes foram encaminhados para investigação, conduta e tratamento adequado.
Constatou-se a faixa etária predominante entre 18 e 34 anos, de jovem a adulto
jovem, que estão vulneráveis pela exposição a um número maior de fatores de risco
para aquisição do vírus da hepatite C. A pesquisa mostrou que há necessidade de
se trabalhar com intervenções primárias objetivando identificar as situações de risco
para aquisição da doença, como meio de dimminuir estes problemas e
secundariamente promover junto aos infectados a prevenção de agravos para
diminuir a evolução desfavorável da doença.
Busca intervenções para diminuir a incidência e a prevalência da hepatite C
no qual terão maior impacto quando precocemente forem realizadas, ou seja, o
diagnóstico tardio é um agravante, pois cronifica e agrava o estado clínico do
portador do vírus da hepatite C. Mediante as considerações apontadas é necessário
trabalhar predominantemente com promoção da saúde e prevenção de agravos,
considerando os fatores de risco e diagnosticando precocemente os casos de
hepatite C na fase aguda, desfavorecendo a propagação e a evolução para as
formas graves da patologia.
Fica evidente a necessidade de intervenção junto a população que deve ser
educada sobre hábitos e medidas de prevenção, sendo apoiadas por ampliação de
políticas públicas que favoreçam essas medidas, além dos profissionais de saúde
que conheçam os fatores de riscos inerente a doença e procurem trabalhar com
segurança no intuito de prevenir o contágio pelo vírus, promovendo saúde e melhor
qualidade de vida para a população assistida.
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