178 J. Bras. Nefrol. 1997; 19(2): 178 H. H. Campos - Hepatite pelo vírus C. Qual a real dimensão do problema? Comentário Editorial Hepatite pelo vírus C. Qual a real dimensão do problema? Poucas vezes a comunidade de nefrologistas defrontou-se com um problema de tão amplas repercussões como o da hepatite C. À considerável prevalência de contaminação, observada não só em pacientes em tratamento dialítico, mas também em receptores de transplante renal, somam-se a vários outros aspectos que dificultam o manejo adequado da situação e inviabilizam, no momento atual, a elaboração de uma política que objetivamente reduza a endemicidade da hepatite C nessa população e determine as medidas a serem adotadas em cada grupo de pacientes. As dificuldades iniciam-se desde o diagnóstico da hepatite pelo vírus C - acesso muito restrito a métodos sorológicos mais adequados (sensibilidade, especificidade), à pesquisa de RNA viral (indispensável em pacientes com resposta imune alterada), identificação dos tipos virais de maior prevalência. Esses fatores determinam uma provável sub-estimação da patologia entre nós e contribuem também para que se instale um certo imobilismo, inviabilizando a adoção de políticas de prevenção e de tratamento. Além dos fatores apontados no trabalho de Ianhez e cols., 1 carecemos igualmente de maior número de informações sobre a evolução dos portadores do vírus C da hepatite, que se encontram em tratamento dialítico e após transplante renal. A endemicidade da hepatite C chega a ser tão pronunciada em certos centros, que torna-se inadiável o controle sobre o avanço da doença, especialmente nas unidades de diálise. Diante da absoluta apatia de nossas autoridades sanitárias, cabe a nós nefrologistas incluir a questão entre nossas prioridades, organizar informações e estabelecer mecanismos de pressão para obter condições adequadas de enfrentar o desafio que representa a hepatite pelo vírus C na população de pacientes por nós assistidos. Henry de Holanda Campos Prof. Adjunto, Disciplina de Nefrologia, Universidade Federal do Ceará Referência 1. Ianhez LE, Fonseca JA, Paula FJ, David Neto E, Saldanha LB, Sabbaga E. Hepatopatia como causa de óbito pós-transplante renal. J Bras Nefrol. 1997; 19 (2): 138-142