XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 Qualidade de vida no trabalho: um estudo envolvendo o atendimento em telefonia Edileusa Godói de Sousa (UFU) [email protected] Karem Cristina de Sousa Ribeiro (UFU) [email protected] Resumo Este estudo investiga como se manifesta o estresse nos profissionais da área de atendimento em telefonia, com intuito de propor e validar um programa de treinamento para melhorar o Quoeficiente de Saúde Mental e Física (QSMF) desses profissionais, visando reduzir os índices de doenças profissionais. A pesquisa foi dividida em duas partes: na primeira utilizou-se da pesquisa bibliográfica. Na segunda realizou-se o estudo de caso com atendentes do Serviço de Informação Municipal (SIM) da Prefeitura de Uberlândia–MG. Foram aplicados questionários para verificar dimensões chaves referentes ao tema proposto, como: satisfação no trabalho, níveis de ansiedade e estresse e estado funcional dos cinco sistemas cerebrais envolvidos com nosso comportamento: sistema límbico, gânglios basais, córtex pré-frontal, cíngulo e lobos temporais. Elaborou-se um programa específico de treinamento envolvendo exercícios físicos aliados a exercícios mentais. Após o treinamento, realizado em 20 dias, aplicou-se o mesmo questionário anterior, verificando-se que todos os atendentes apresentaram melhoras significantes. Assim, este estudo pontua elementos que ajudarão na elaboração de programas destinados a promover uma melhor qualidade de vida aos funcionários como fator preventivo, não só do estresse, mas diversas outras patologias. Palavras chave: Qualidade de vida, Estresse, Atividade física e mental. 1. Introdução Em 1992, a Organização das Nações Unidas, a ONU, chamou o estresse de "a doença do século 20". Mais recentemente, a Organização Mundial da Saúde descreveu o estresse como a maior epidemia mundial deste século. A maioria das doenças, que hoje são estudadas dentro do capítulo da Medicina do Trabalho, tem uma íntima correlação com o estresse. Nesse contexto, reativa ou pró-ativamente, as organizações estão incorporando a variável qualidade de vida em suas decisões, posicionamentos, planejamento e estratégias. A constante busca pela "qualidade total" vem exigindo que as empresas despertem de sua limitada dimensão quantitativa para uma visão humana cada vez mais abrangente e comprometida com a qualidade de vida dos funcionários. Baseado nisso, o presente trabalho aborda os aspectos mais importantes considerados pela literatura envolvendo o estresse no trabalho. A pesquisa caracterizou-se ainda, como um estudo descritivo, do tipo estudo de caso, que buscou informações sobre os fatores determinantes do estado geral de saúde dos profissionais da área de atendimento em telefonia. Mais especificamente pretendeu-se investigar e compreender como se manifesta o estresse nos funcionários responsáveis pelo Serviço de Informação Municipal (SIM) da Prefeitura de ENEGEP 2003 ABEPRO 1 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 Uberlândia - Minas Gerais, e como melhorar o Quoeficiente de Saúde Mental e Física (QSMF), através da consciência fisiológica e psicológica de si mesmos. Imaginando-se, a priori, ser possível minimizar o estresse através de exercícios físicos aliados aos exercícios mentais (auto-sugestão), neste estudo foi elaborado um programa de treinamento, com base na análise dos dados obtidos nos questionários respondidos pelos atendentes do Serviço de Informação Municipal, da Prefeitura de Uberlândia-MG. O programa foi aplicado durante 20 dias, no decorrer do horário de trabalho, sendo 15 minutos diários. 2. O estresse no trabalho A palavra estresse vem do inglês stress. Este termo foi usado inicialmente na física para traduzir o grau de deformidade sofrido por um material quando submetido a um esforço ou tensão. Selye (1965) transpôs o termo para a medicina e biologia, significando esforço de adaptação do organismo para enfrentar situações que considere ameaçadoras a sua vida e a seu equilíbrio interno. Em tese, estresse é definido por Ballone (2000) como sendo a resposta fisiológica, psicológica e comportamental de um indivíduo que procura se adaptar e se ajustar às pressões internas e/ou externas. Essas pressões, capazes de levar ao estresse, são chamadas por ele, de fatores estressantes ou agentes estressores. Assim sendo, Fator Estressor é um acontecimento, uma situação, uma pessoa ou um objeto capaz de proporcionar suficiente tensão emocional, portanto capaz de induzir à reação de estresse. Segundo Pinheiro (2000), apesar de estarmos acostumados em nosso dia-a-dia a associar a palavra estresse somente a situações que tenham conotações negativas, consideramos importante realçar que também são entendidas como estresse reações relacionadas a situações prazerosas e com retorno agradável para o indivíduo. Isto é, nem sempre o agente disparador de um processo de estresse é um acontecimento ruim. Uma paixão, um emprego novo tão desejado, uma aprovação ou uma promoção também pode gerar alterações no equilíbrio interno do organismo. Para o mesmo autor, o termo estresse não deve ser usado para diagnosticar problemas que atrapalham o desempenho de muita gente no trabalho, como irritação constante, falta de atenção e perda de memória. Esses problemas podem estar ligados a distúrbios de ansiedade, muito mais preocupantes. Deve haver uma predisposição orgânica para que o estresse leve a alguma doença. O estressado que tem enfarte, por exemplo, já tinha problemas como colesterol alto e histórico familiar que o predispunha ao problema. O estresse age como mais um fator de risco. A partir dessas premissas teóricas, fica evidente que o estresse pode ser visto como o resultado de todos os fatores que agem sobre as pessoas, e como elas respondem a esses fatores, mas como explicar porque algumas pessoas, apesar de terem passado por situações estressantes iguais, reagem de maneiras diferentes ao problema? Alguns autores acreditam que isso esteja ligado a uma predisposição genética. Mas uma das melhores explicações vem de Amen (2000), baseado em sua experiência com mais de sessenta mil consultas a pacientes em sua clínica, nos últimos dez anos, bem como experiências e pesquisas de seus colegas, ele explica no livro "Transforme seu cérebro, transforme sua vida", como é o mecanismo do cérebro e como se pode melhorar seu funcionamento. O neurocientista clínico e psiquiatra mostra ainda, que a maioria dos problemas considerados psicológicos, entre eles o estresse, ansiedade e depressão, estão ligados à fisiologia do cérebro e existem provas de que se pode mudar essa fisiologia através da combinação de exercícios mentais e exercícios físicos específicos. ENEGEP 2003 ABEPRO 2 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 3. Transformando o cérebro - as teorias de Amen Amen (2000), um neurocientista clínico e psiquiatra, da Califórnia, começou estudando o cérebro através de pesquisas sofisticadas em EEGs (eletroencefalogramas) de ondas cerebrais e nos últimos anos ele fez um estudo de cérebro com a ajuda da medicina nuclear, estudo este chamado SPECT (single photon emission computed tomography), tomografia computadorizada de emissão de fóton único, que mede o fluxo do sangue no cérebro e seus padrões de atividade metabólica. Através dessas observações, ele conseguiu a prova visual de que os padrões do cérebro se correlacionam com o comportamento, como as tendências em relação à depressão, à ansiedade, ao estresse, à distração, à obsessão e à violência. Para uma melhor compreensão, ele divide em cinco os sistemas cerebrais que estão mais intimamente envolvidos com nosso comportamento - sistema límbico profundo, sistema de cíngulo, gânglios basais, córtex pré-frontal e os lobos temporais, para que se tenha uma nova visão sobre nosso próprio comportamento e modificá-lo a partir desses parâmetros. 3.1 Sistema límbico profundo: O sistema límbico profundo (na definição de AMEN, inclui as estruturas talâmicas e o hipotálamo, junto com as estruturas imediatamente vizinhas) fica perto de centro do cérebro. Quando o sistema límbico profundo está menos ativo, há, geralmente, um estado mental mais positivo e esperançoso. Quando ele está aquecido, ou hiperativo, o negativismo pode tomar conta, ou seja, quando observamos esta área superativa na SPECT, ela está ligada à depressão e à negatividade do sujeito. 3.2 Gânglios basais: Os gânglios basais são um conjunto de estruturas grandes localizadas no centro do cérebro e que cercam o sistema límbico profundo. Gânglios basais hiperativos estão muitas vezes associados à ansiedade, à tensão, a um aumento de atenção e a um fortalecimento do medo. Gânglios basais pouco ativos podem causar problemas de motivação. 3.3 Córtex pré-frontal: O córtex pré-frontal é a parte mais evoluída do cérebro. Ocupa o terço frontal do cérebro, debaixo da testa. É freqüentemente dividido em três seções: a seção dorsolateral (na superfície externa do córtex pré-frontal), a seção orbital inferior (na subsuperfície frontal do cérebro) e o giro do cíngulo (que atravessa o meio dos lobos frontais). No geral, o córtex pré-frontal é a parte do cérebro que observa, supervisiona, guia, direciona e concentra o nosso comportamento. 3.4 Sistema cíngulo: Atravessando longitudinalmente os aspectos profundos e centrais dos lobos frontais está o giro do cíngulo. Quando o sistema do cíngulo está funcionando adequadamente, somos mais capazes de nos adaptar às circunstâncias do dia. Quando ele está danificado ou pouco ativo, a flexibilidade cognitiva diminui. 3.5 Lobos temporais: Os lobos temporais estão em uma área vulnerável do cérebro, na fossa ou cavidade temporal, atrás dos lobos oculares e sob as têmporas. No lado dominante do cérebro (o lado esquerdo para a maioria das pessoas), os lobos temporais estão intimamente envolvidos com o entendimento e com o processamento da linguagem, as memórias de médio e longo prazos, as lembranças complexas, a recuperação da linguagem ou das palavras e a estabilidade ENEGEP 2003 ABEPRO 3 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 emocional. O lobo temporal não dominante (geralmente o direito) está envolvido na leitura de expressões faciais, na apreciação de música e no aprendizado visual. 4. Exercício físico aliado ao exercício mental De acordo com Blair (1994) apud Alvarez (1996), o exercício físico é o movimento corporal planejado, estruturado, e repetitivo, realizado para melhorar ou manter um ou mais componentes da aptidão física, já o exercício mental, segundo Rocha (1999), é o ocupar do consciente facilitando a passagem da informação para níveis mais profundos da mente. Baseado no exposto até agora, a proposta é aliar o exercício físico ao exercício mental na ajuda da cura de cada um dos sistemas: límbico profundo, cíngulo, gânglios basais, córtex pré-frontal e os lobos temporais, no caso de apresentarem problemas. Um trabalho pioneiro, que utiliza simultaneamente corpo, mente e espírito é o de Wise (1998) apud Isler (1998). A professora é a criadora do método BodyLogos, como ela o chama, nos Estados Unidos. De acordo com ela, cada parte do corpo se relaciona a aspectos mentais, emocionais e espirituais. Por exemplo: o tríceps (músculo da parte de trás do braço) é usado para afastar objetos. Assim, o objetivo de um exercício de BodyLogos ao exercitar esse músculo é ajudar a pessoa a livrar-se daquilo que está atrapalhando sua evolução, seja um relacionamento, um emprego ou uma característica da personalidade. No Brasil, o professor de Educação Física Rocha (1999), formado há 18 anos pela Universidade de São Paulo – USP, se utiliza de um método parecido, o qual ele chama de Body & Mind. Foi pensando na qualidade de vida de seus alunos que a partir de 1993 ele começou a pesquisar e a estudar diversas técnicas que pudessem ser associadas ao exercício físico e assim contribuir para o desenvolvimento global das pessoas. 5. Estudo de caso - atendentes do Serviço de Informação Municipal (SIM) da PMU–MG O SIM - Serviço de Informação Municipal - é representado na Prefeitura Municipal de Uberlândia – MG, como um canal de democratização, onde os cidadãos podem reclamar, reivindicar serviços e até mesmo elogiar a Prefeitura. Além disso, os Serviços e Informações Municipais também dão suporte à recepção de telefonemas direcionados ao PABX da Prefeitura. Em 2002, o SIM fechou suas atividades com um balanço de 34.139 atendimentos. Ao assumir o SIM, a Secretaria Municipal de Comunicação Social criou um controle de pendências e uma agenda de telemarketing ativo para medir a satisfação do cliente. A distribuição das solicitações por telefone passou do papel em duas vias para um sistema de comunicação (imediato) via rede interna de computadores, e o tempo de resposta (parecer provisório ou definitivo) supera a meta de 48 horas. Apesar das inovações desde a sua criação, a unidade ainda se apresenta com equipamentos arcaicos e pessoal sem formação específica para a função. Num total de 10 pessoas, a maioria foi transferida de outras funções dentro da Prefeitura, como por exemplo, dos serviços gerais. A decisão de realizar o estudo com os atendentes do SIM se deve ao fato de se ter observado queixas desses profissionais, como: dor de cabeça, indisposição e desmotivação, ocasionando dessa forma muitas faltas ao trabalho. Nossa hipótese é de que seus problemas físicos e/ou emocionais, estão relacionados especificamente ao estresse no trabalho e problemas em algum dos sistemas: límbico profundo, cíngulo, gânglios basais, córtex pré-frontal e os lobos temporais. ENEGEP 2003 ABEPRO 4 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 Assim, esta pesquisa caracterizou-se como um estudo descritivo, do tipo estudo de caso, que busca informações sobre os fatores determinantes do estado geral de saúde dos profissionais da área de telefonia. Mais especificamente pretendeu-se investigar e compreender como se manifesta o estresse nos atendentes, e como melhorar o Quoeficiente de Saúde Mental e Física (QSMF), através da consciência fisiológica e psicológica de si mesmos. O estudo originou-se de uma população de 10 atendentes, todos do sexo feminino, e a coleta de dados foi realizada em março de 2003. Fizeram parte da amostra todos os profissionais que se dispuseram a responder o questionário, a qual representou 100% (n=10) da população de atendentes, sendo todos do sexo feminino, com média de idade de 25 a 45 anos. Partindo de modelos de questionários aplicados por Alvarez (1996), Amen (2000) e Masci (1997), foi desenvolvido um questionário simplificado para avaliar a saúde mental e física dos profissionais, onde foram levantados os dados pessoais, dados profissionais, indicadores gerais de saúde, nível de ansiedade, vulnerabilidade ao estresse, teste de auto-avaliação sobre reação aguda ao estresse e lista de checagem dos sistemas límbico profundo, gânglios basais, córtex pré-frontal, cíngulo e lobo temporal. 6. Resultados e discussão Os questionários foram respondidos por atendentes do sexo feminino com idades entre 25 e 45 anos. Metade (50%) eram casadas, 30% separadas ou divorciadas e 20% solteiras. Podemos observar, que a população estudada tem uma média de nove anos de serviço na profissão. Quanto aos aspectos físicos do trabalho, 100% o consideram leve. Apesar de ser considerado leve o tipo de trabalho realizado, pode-se observar que metade da população se sentia cansada no final da jornada de trabalho. Fisicamente, 50% se sentiam cansados, 40% um pouco cansado e somente 10% sentiam bem. Mentalmente, 60% se sentiam cansados, 20% um pouco cansado e 20% sentiam bem. De acordo com as respostas em relação à satisfação no trabalho, observou-se que todos os funcionários (100%), afirmaram que poderia melhorar. Quando questionados sobre o ambiente de trabalho, a maioria dos atendentes (80%), considera-o satisfatório, enquanto 20% o considera inadequado. Sobre o relacionamento com os colegas, a metade (50%) o considerou muito bom, 30% consideraram bom e 20% consideraram médio. Nenhum dos entrevistados afirmou que o relacionamento com os colegas era ruim. Sobre o sentir bem no trabalho, 60% disseram que se sentiam bem devido ao bom relacionamento com os colegas, 20% porque gostavam do que faziam e sentiam bem devido ao ambiente, e os 20% restantes, se sentiam bem pela oportunidade de aprender. Para 30% , eles se sentiam mal devido à falta de reconhecimento, 20% quando surgiam fofocas no trabalho, 20% se sentiam mal pela falta de estrutura para se trabalhar, 10% devido à falta de coleguismo, e os 20% restantes, não se sentiam bem quando eram pressionados pelos cidadãos, quando eram criticados e também pelo baixo salário. No estudo sobre os indicadores gerais de saúde, pode-se verificar que 30% sempre dormem bem, 40% maioria das vezes dormem bem, e 30% tem dificuldade para dormir bem. Através dos questionários de Alvarez (1996), os quais estimam os níveis de ansiedade, vulnerabilidade ao estresse, e sinais de estresse fisiológico, observou-se que antes da aplicação do programa de treinamento todos (100%) provavelmente eram pessoas ansiosas. Quanto à vulnerabilidade ao estresse, 30% apresentaram esta característica, 40% potencial para desenvolver o estresse e 30% apresentaram baixo potencial de estresse. Apresentaram ENEGEP 2003 ABEPRO 5 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 sinais de estresse fisiológicos 20%, apresentaram baixo nível de manifestação desse estresse 40%, e apresentaram manifestação moderada 40%. Observa-se que o estresse nos atendentes se caracteriza mais em nível emocional, do que fisiológico ( ver figura 1). Após o treinamento realizado durante 20 dias, cerca de 15 minutos diários, verificou-se que apesar de alguns apresentarem melhora no quadro de ansiedade, todos (100%) ainda se mostraram pessoas ansiosas. Quanto à vulnerabilidade ao estresse, 20% apresentaram esta característica, 30% potencial para desenvolver o estresse e 50% apresentaram baixo potencial de estresse. Desta vez, ninguém apresentou sinais de estresse fisiológicos, apresentaram baixo nível de manifestação desse estresse 80%, e apresentaram manifestação moderada 20% (ver Figura 2). Indicativos de ansiedade, vulnerabilidade ao estresse e estresse fisiológico EM % 150 100 100 30 40 50 40 40 0 0 30 0 Baixo Potencial Ansiedade Potencial Estresse 10 Excessivo Estresse Fisiológico Figura 1: Resultado de pesquisa antes do treinamento EM % Indicativos de ansiedade, vulnerabilidade ao estresse e estresse fisiológico 120 100 80 60 40 20 0 100 80 50 30 0 20 20 0 Baixo Potencial Ansiedade 0 Potencial Estresse Excessivo Estresse Fisiológico Figura 2: Resultado de pesquisa após o treinamento Através dos questionários de Amen (2000), verificou-se antes do treinamento que 30% apresentaram algum problema no sistema límbico, 40% no córtex pré-frontal, 30% nos gânglios basais, 20% no sistema cíngulo e 10% apresentaram problemas no lobo temporal (ver Figura 3). Após o treinamento, somente 10% apresentou algum problema no sistema límbico, 30% no córtex pré-frontal, 20% nos gânglios basais, 20% no sistema cíngulo e 10% no lobo temporal (ver Figura 4). ENEGEP 2003 ABEPRO 6 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 Indicativos de Problemas nos Sistemas do Cérebro 10% Lobo temporal Problemas 30% 20% Sistema cíngulo Gânglios basais 30% Sistema límbico 0% 10% 20% 30% 40% Córtex pré-frontal 40% 50% Figura 3: Resultado de pesquisa antes do treinamento Indicativos de Problemas nos S istemas do Cérebro Gânglios basais Problemas 10% S istema límbico 0% 10% 20% 30% 20%20% 10% Lobo temporal 30% 40% Figura 4: Resultado de pesquisa após o treinamento Todos os sistemas do cérebro podem ter efeito significativamente negativo no ambiente de trabalho, na auto-estima e na saúde emocional e física. Para Amen (2000), os problemas internos associados a essas dificuldades dos sistemas do cérebro podem arruinar relacionamentos e carreiras. É importantíssimo que as pessoas tomem consciência disso e procurem ajuda quando necessário. Conclusão Analisando-se os dados obtidos através da pesquisa com 10 atendentes do Serviço de Informação Municipal (SIM), da Prefeitura de Uberlândia - Minas Gerais, verificou-se que grande parte desses profissionais apresentou potencial para desenvolver o estresse (40%), um número significativo manifestou o estado de estresse (30%), e 30% tinham baixo potencial para desenvolver o estresse. Diante destes resultados, a hipótese no estudo, referente ao estresse nos profissionais da área de atendimento em telefonia, em parte se confirmou, pois o número de profissionais com estresse, mesmo não sendo a maioria, ainda assim foi alto, e o número de profissionais com potencial para desenvolver o estresse também foi grande. Foi verificado também que, antes do treinamento 30% apresentaram algum problema no sistema límbico, 40% no córtex pré-frontal, 30% nos gânglios basais, 20% no sistema cíngulo e 10% apresentaram problemas no lobo temporal. Resultados que explicam a falta de motivação e as dores de cabeça freqüentes dos atendentes. Com a realização do treinamento proposto, ao comparar os resultados anteriores com os resultados após a aplicação do ENEGEP 2003 ABEPRO 7 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 programa, em média houve melhora de 5% no quadro geral de saúde dos funcionários. Um índice considerado satisfatório devido ao pouco tempo de treinamento (20 dias, com 15 minutos diários). Verificou-se, portanto, que o exercício físico aliado ao exercício mental pode desempenhar um papel útil na prevenção de um estado mais crítico do estresse. Como o resultado da pesquisa apontou que os atendentes apresentaram maiores problemas com os sistemas córtex pré-frontal (40%), sistema límbico (30%) e nos gânglios basais (30%), os exercícios foram fundamentais. No caso do sistema límbico profundo que possui muitos receptores de endorfina, o exercício aumenta o fluxo sangüíneo por todo o cérebro, nutrindo-o de tal forma que ele possa funcionar adequadamente, favorecendo o emocional da pessoa. Já com as pessoas que sofrem de problemas nos gânglios basais e córtex pré-frontal que são freqüentemente peritas em prever o pior, ou seja, elas têm uma abundância de pensamentos negativos automáticos, é importante invadir a mente com pensamentos positivos através de meditação e relaxamento, facilitando a harmonização desses sistemas. A recomendação é que a instituição promova programas mais intensivos objetivando a prevenção, o controle e a redução do estresse. Através de orientações sobre técnicas de relaxamento, exercícios físicos e exercícios mentais de auto controle, para proporcionar melhorias e diminuir os riscos apresentados neste estudo. Outra sugestão para estudos futuros é a combinação de métodos, que ofereça um melhor diagnóstico sobre causas e efeitos do estresse em profissionais, e como tratá-los, utilizando-se, cada vez menos, de medicamentos e mais atividades físicas. Esses métodos seriam, por exemplo, histórico clínico de cada profissional, entrevista pessoal, informações das famílias, lista de checagem de diagnóstico, estudo de SPECT (tomografia computadorizada de emissão de fóton único que mede o fluxo do sangue no cérebro e seus padrões de atividade metabólica) e outros testes neuropsicológicos. Referências ALVAREZ, Bárbara Regina (1996). Qualidade de vida relacionada à saúde de trabalhadores. Disponível em http://www.eps.ufsc.br/disserta96/alvarez/index AMEN, Daniel G. (2000). Transforme seu cérebro, transforme sua vida: um programa revolucionário para vencer a ansiedade, a depressão, a obsessividade, a raiva e a impulsividade. Tradução de judit G. Pely. São Paulo: Mercuryo, 2000. BALLONE, G. J. (2002). 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