Como utilizar Opióides por via oral Peter Spiegel Lilian Hennemann Terceira Edição Autores Professor Peter Spiegel Formado pela Faculdade Nacional de Medicina (atual UFRJ) em 1954, especializou-se em anestesia no Henry Ford Hospital de Detroit. Autor e colaborador de mais de uma centena de artigos publicados em revistas médicas, e contribuições em livros, tradução, e comentários de livros especializados. Dedica-se ao ensino em clínica de dor, e anestesiologia desde 1983 no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Desde 1987 dedicase exclusivamente à Clinica de Dor. Durante muitos anos contribuiu para a formação e ensino de anestesiologistas junto ao grupo do Dr. Bento Gonçalves, e de profissionais da área de saúde interessados em Clínica de Dor. Em 1990 foi membro fundador e presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. Introduziu no Brasil o uso de morfina via oral para uso em pacientes oncológicos, e difundiu no Brasil o uso da metadona como analgésico oral. Dra. Lilian Hennemann Médica anestesiologista, coordenadora do Programa de Dor e Cuidados Paliativos do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Membro fundador e consultora da Associação de Estudo da Dor do Estado do Rio de Janeiro - 2004/2005. Índice Introdução ................................................................................................................. 07 1. O que é necessário para se prescrever opióides/entorpecentes no Brasil? ............ 10 2. Todos os opióides funcionam da mesma maneira? .............................................. 14 3. Quais os opióides que devem ser prescritos para o tratamento da dor crônica oncológica? ...................................................................................... 15 4. Quais são as formulações de opióides mais comuns disponíveis à venda no Brasil? ................................................................................................ 15 5. Quais as indicações da morfina? .......................................................................... 17 6. Quais os princípios básicos da administração de morfina na dor do câncer? ......... 17 7. Toda dor responde bem aos opióides? ................................................................ 18 8. Quando prescrever a morfina ou outro opióide potente? ..................................... 19 9. Como fazer a titulação venosa da morfina? .......................................................... 20 10. Qual a dose inicial de morfina oral? ..................................................................... 21 11. Como encontrar a dose diária de morfina oral? .................................................... 22 12. Como ajustar um tratamento a longo prazo? ........................................................ 23 13. Como prescrever morfina de liberação lenta (Dimorf LC®)? .................................. 23 14. Podem-se partir os comprimidos ou romper as cápsulas de morfina? .................. 24 15. O que é e qual deverá ser a medicação de resgate? ............................................. 25 16. Como tratar a dor episódica (não incidental)? ...................................................... 26 17. Por que alguns pacientes necessitam de doses maiores de morfina? .................... 26 18. Qual a dose máxima de morfina? ......................................................................... 27 19. O que é metadona? ............................................................................................. 27 20. Quais os pré-requisitos para se utilizar a metadona por via oral? .......................... 28 21. Como utilizar a metadona por via oral? ................................................................. 28 22. Como fazer a 'dose resgate' com metadona? ........................................................ 34 23. Como substituir o uso de morfina oral por metadona? ......................................... 34 24. A dose de morfina/metadona oral necessita ser mais elevada do que a que se utilizaria por via intramuscular ou subcutânea? ............................... 36 25. Que outras vias podem ser utilizadas para a administração de opióides a longo prazo? ...................................................................................... 36 26. No paciente inconsciente ou moribundo deve-se suspender o analgésico opióide? ....... 37 27. Pode ser utilizado opióide oral em pacientes com dor intensa por gangrena ou no pós-operatório? .......................................................................... 38 28. Quais os efeitos colaterais mais freqüentes dos opióides? .................................... 38 29. O uso de antieméticos é sempre necessário? ....................................................... 39 30. O problema da constipação ................................................................................ 40 31. A sonolência e a sedação ocorrem com freqüência? ............................................ 41 32. A hipotensão ortostática é freqüente com a morfina? ........................................... 42 33. Qual o significado de suores profusos? ................................................................ 42 34. Como administrar morfina no controle da dispnéia? ............................................ 42 35. Podem ocorrer depressões respiratórias mortais? ................................................. 43 36. A dependência física aos opióides. ...................................................................... 44 37. Como prevenir a reação de abstinência ao retirar a morfina de um paciente com dor que finalmente é controlada? ............................................... 44 38. A dependência psicológica e o vício. ................................................................... 45 39. O uso de opióides em paciente de dor crônica benigna ...................................... 46 40. Tratamento co-analgésico .................................................................................... 47 41. Conclusões finais ................................................................................................. 49 Ficha de Acompanhamento Domiciliar (anexo 1) ...................................................... 50 Referências ................................................................................................................ 51 As informações constantes desta publicação são de exclusiva responsabilidade dos autores, cujos pontos de vista refletem suas próprias experiências e opiniões. Como Utilizar Opióides por Via Oral Introdução Há 16 anos escrevíamos a primeira vez este breve trabalho para a introdução ao uso da morfina oral pelo médico brasileiro. Em novembro de 1989, o Laboratório Farmacêutico Cristália disponibiliza ao mercado brasileiro a primeira morfina oral - Dimorf®. Desde 1982, a OMS salientava as vantagens do uso da morfina por via oral e nós já a usávamos com uma preparação galênica manipulada pelo Serviço de Farmácia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ e, assim, fomos incumbidos de escrever este livreto, que continua sendo necessário. Até 1988-89, o melhor que se podia fazer para controlar a dor no câncer era a cirurgia e/ou a radioterapia associadas ou não à quimioterapia curativa ou paliativa, os bloqueios neurolíticos e a morfina por via peridural, além do uso de opióides via parenteral, nos últimos estágios da doença. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza o uso de analgésicos segundo uma hierarquia denominada 'Escada Analgésica' - Figura 1. Hoje, usamos a morfina por via oral para as dores intensas que não respondem aos analgésicos menores (1° degrau da escada analgésica) e aos opióides ditos menores (2° degrau- veja figura 1) sempre que o paciente tiver dor, ainda que seja na fase de diagnóstico. Seu uso é indicado pela OMS, preferencialmente por via oral, em intervalos regulares, com adequado controle dos efeitos colaterais e com reavaliação freqüente dos pacientes. A morfina oral é capaz de controlar a dor de 90% dos pacientes oncológicos. Apenas as dores neuropáticas respondem mal a morfina. Atualmente, com a existência de opióides para administração oral, não se justifica mais o uso de opióides injetáveis parenteral ou no sistema nervoso central, exceto em situações de dor aguda como, por exemplo, durante cirurgias, e no pós-operatório imediato, em acidentados, na gangrena, etc. A morfina é um analgésico barato e potente não havendo dose teto (dose além da qual não há aumento da analgesia, mas dos efeitos colaterais). A dose máxima para cada paciente depende do aparecimento de efeitos colaterais indesejáveis, sendo necessário titular para cada paciente uma dose "ótima" de analgesia. No mundo todo, o uso de opióides é cercado de preconceitos, que queremos elucidar com as informações do presente trabalho. Os preconceitos existem tanto entre os profissionais de saúde quanto na população em geral. Conceitos como dependência física (Questão 36), abstinência (Questão 37), tolerância (Questão 13), COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 07 dependência psicológica ou vício ou dependência química (Questão 32) e pseudo-vício devem ser bastante claros para a equipe de saúde. A dependência física ao entorpecente é uma situação gerada pelo uso continuado de uma droga e caracterizada pelo surgimento de uma reação de abstinência quando da sua interrupção súbita e se manifesta após um uso constante diário por cerca de 10 dias2. Essa dependência física não representa nenhum problema para o uso médico dos opióides, pois a retirada gradativa, depois de cessada a dor, é muito simples. A síndrome do pseudovício é comum em hospitais e se caracteriza por um padrão comportamental iatrogênico, causado pela desconfiança dos profissionais de saúde quanto à realidade da dor do paciente, a quem são administradas doses insuficientes de analgésicos (insuficientes na dose e/ou com intervalos excessivos). Por isso, ele passa a pedir analgésicos com maior freqüência. Essa síndrome é confundida muitas vezes com o vício-verdadeiro, síndrome de dependência psíquica, e que consiste num padrão comportamental em que o paciente usa e procura se suprir de entorpecente pelo prazer que seu uso lhe provoca. Deve-se distinguir a dependência física, da dependência psíquica e do pseudovício. A síndrome de abstinência (Questão 36 e 37) caracteriza-se por fenômenos de excitação de todas as funções que antes eram deprimidas. Os sintomas mais freqüentes da abstinência são as cólicas abdominais, acompanhadas freqüentemente de diarréia, náuseas e vômitos, rinorréia e lacrimejamento, ansiedade e agitação e, por vezes, hipertermia e piloereção. Deve-se, sempre, considerar a possibilidade de ocorrer uma síndrome de abstinência após uso prolongado de opióides. A morfina é capaz de se unir aos receptores opióides existentes no sistema nervoso central que são responsáveis por diversos mecanismos analgésicos naturais. Os receptores mu, kapa e delta estão relacionados com a analgesia, sedação e depressão respiratória. Existem receptores opióides centrais no córtex frontal e parietal, amígdala, hipocampo, tálamo, corpo estriado, assoalho do 4º ventrículo, substância cinzenta periaquedutal, núcleo dorsal da raphe, substância gelatinosa, lâminas 1 e 2 da medula, e no núcleo do trigêmeo. Eles são responsáveis pela ação dos opióides no sistema nervoso central. Existem, também, receptores periféricos como, por exemplo, na articulação do joelho. Quanto a sua ação sobre os receptores no SNC, os opióides podem ser classificados em agonistas e antagonistas. Existem, ainda, agonistas parciais e agonistas-antagonistas. Os opióides antagonistas diminuem os efeitos centrais dos opióides agonistas. Um antagonista puro, como a naloxona, pode ser usado em caso de sobredose, principalmente quando há depressão respiratória. Isso é particularmente importante em relação à ação analgésica e sedativa. Assim, se administrarmos um agonista-antagonista num paciente em uso prolongado de um agonista puro, podemos desencadear uma crise de 08 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL abstinência. O efeito antagonista impõe um efeito teto de um agonista-antagonista, isto é, após determinada dose é impossível aumentar o efeito analgésico. Também o agonista parcial apresenta um efeito teto. A morfina é apenas agonista e é recomendada para ser utilizada no paciente com dor intensa, como no câncer, pois, se for necessário aumentar a analgesia, pode-se aumentar a dose até se obter analgesia satisfatória. Os efeitos colaterais que sugerem a redução na dose são a obnubilação e sonolência excessiva e os que desaconselham a continuação do seu uso e troca de opióide são os delírios, mioclonias ou outros efeitos colaterais dificilmente controláveis. Com a metadona os efeitos colaterais a observar para prevenir sobredose é o aparecimento de vômitos, além de sonolência. O efeito desejado de todo opióide é a analgesia. Com o uso continuado de um opióide, seus efeitos tanto terapêuticos quanto colaterais, vão se tornando menos intensos. Isso caracteriza um outro componente da terapêutica com opióide, que é a tolerância: necessidade de um aumento da dose para se obter uma analgesia tão efetiva como anteriormente. Não existe tolerância, porém, para o efeito constipante. Deve-se ter em mente que a necessidade de um aumento da dose pode significar progressão da doença. Além de analgesia, os opióides podem sedar e reduzir a atenção. Esses efeitos são aditivos aos de qualquer outro psicotrópico, sedativo ou hipnótico, álcool e anestésicos gerais, podendo acarretar depressão respiratória quando associados a esses medicamentos. Alguns opióides produzem alterações de humor, podendo causar euforia ou disforia, variando de paciente para paciente. Outros, como a meperidina, que possuem um metabólito psicotomimético (normeperidina), podem produzir agitação e alucinações. Outro efeito central é o prurido generalizado, que ocorre mais freqüentemente quando do uso da morfina por via peridural e não é uma reação alérgica, podendo ocorrer ocasionalmente com outros opióides. A retenção urinária é mais comum com o uso de opióides por via peridural. A metadona é um agonista sintético de receptores opióides, lipofílico, desenvolvida há mais de 40 anos, da classe estrutural das difenilpropilaminas. Tem sido pouco utilizada no combate à dor devido à dificuldade da titulação inicial sem importantes efeitos colaterais (sobredose de metadona). Em face de sua longa meia vida â (beta), favorece a manutenção da analgesia com dose diária única. A metadona tem uma excelente biodisponibilidade oral, o que significa que o seu efeito analgésico máximo se instala rapidamente (15 a 40 minutos). Sua meia vida á (alfa) é em torno de 6 horas. Sua potência, por via oral, é similar à morfina na dor nociceptiva e 3 vezes mais COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 09 potente que a morfina na dor neuropática, nessa atua melhor que os outros opióides e seu custo é ainda menor. É necessário conhecer a morfina e os outros opióides para desmistificar o seu uso e combater os preconceitos comuns, não só entre leigos, mas também entre os profissionais que militam na área de saúde. Esta publicação destina-se a esclarecer os leitores sobre o uso clínico dos opióides disponíveis no mercado brasileiro e, em particular, sobre o uso da morfina, codeína e metadona por via oral. Faz parte da estratégia para o controle da dor a implantação de programas de educação comunitária, educação dos profissionais de saúde (médicos, enfermeiras, farmacêuticos, administradores,...), fácil disponibilidade de medicamentos, adequada prescrição, distribuição e administração de medicamentos e elaboração de políticas de saúde que enfatizem a necessidade do alívio da dor crônica, mesmo a mais intensa. Afinal, toda dor pode e deve ser tratada. O alívio da dor deve ser um direito de todos os seres humanos, em qualquer fase da vida. O câncer não precisa significar dor. A dor mal tratada para o paciente e sua família significa invalidez, desvalia, sofrimento, culpa e raiva de quem não a trata. O controle adequado da dor demonstra respeito à humanidade e propicia uma vida mais digna para ser vivida. 1. O que é necessário para se prescrever opióides/entorpecentes no Brasil? A morfina de uso oral foi introduzida na Inglaterra sob a forma de solução de Brompton, uma formulação magistral, galênica, mas que, por problemas de dosificação exata, ficou proscrita depois que surgiu o sulfato de morfina oral em comprimidos. É indiferente o uso de sulfato ou cloridrato de morfina, mas o Brasil importa preferencialmente o sulfato de morfina. Também é indiferente o uso do sulfato ou do cloridrato de morfina, no que diz respeito aos seus efeitos colaterais, dependência, tolerância e característica físicas. A distribuição mundial de opióides, incluindo a morfina, é controlada por um órgão internacional e sua distribuição regulamentada pela Convenção Única sobre Medicamentos Narcóticos. No Brasil, atualmente, o uso médico de opióides é regulamentado pela portaria 344 da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, de 12 de maio de 1998, publicada no Diário Oficial de 15 de maio de 1998.* 10 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL É necessário que o médico que receita opióides conheça a legislação brasileira a respeito de seu uso: *Dados importantes para o médico - Portaria 344 Art 36 A Notificação de Receita é o documento que acompanhado de receita autoriza a dispensação de medicamentos a base de substâncias constantes das listas "A1" e "A2" (entorpecentes), "A3", "B1" e "B2" (psicotrópicas), "C2" (retinóicas para uso sistêmico) e "C3" (imunossupressoras), deste Regulamento e de suas atualizações. § 1º Caberá à Autoridade Sanitária, fornecer ao profissional ou instituição devidamente cadastrados, o talonário de Notificação de Receita "A", e a numeração para confecção dos demais talonários, bem como avaliar e controlar esta numeração. § 2º A reposição do talonário da Notificação de Receita "A" ou a solicitação da numeração subseqüente para as demais Notificações de Receita, se fará mediante requisição (ANEXO VI), devidamente preenchida e assinada pelo profissional. § 3º A Notificação de Receita deverá estar preenchida de forma legível, sendo a quantidade em algarismos arábicos e por extenso, sem emenda ou rasura. § 4º A farmácia ou drogaria somente poderá aviar ou dispensar quando todos os itens da receita e da respectiva Notificação de Receita estiverem devidamente preenchidos. § 5º A Notificação de Receita será retida pela farmácia ou drogaria e a receita devolvida ao paciente devidamente carimbada, como comprovante do aviamento ou da dispensação. § 6º Não será exigida a Notificação de Receita para pacientes internados nos estabelecimentos hospitalares, médico ou veterinário, oficiais ou particulares, porém a dispensação se fará mediante receita ou outro documento equivalente (prescrição diária de medicamento), subscrita em papel privativo do estabelecimento. § 7º A Notificação de Receita é personalizada e intransferível, devendo conter somente uma substância das listas "A1" e "A2" (entorpecentes) e "A3", "B1" e "B2" (psicotrópicas), "C2" (retinóides de uso sistêmico) e "C3" (imunossupressoras) deste Regulamento e de suas atualizações, ou um medicamento que as contenham. Art. 39 Nos casos de roubo, furto ou extravio de parte ou de todo o talonário da Notificação de Receita, fica obrigado o responsável a informar, imediatamente, à Autoridade Sanitária local, apresentando o respectivo Boletim de Ocorrência Policial (B.O.). COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 11 Art. 40 A Notificação de Receita "A", para a prescrição dos medicamentos e substâncias das listas "A1" e "A2" (entorpecentes) e "A3" (psicotrópicos), de cor amarela, será impressa, as expensas da Autoridade Sanitária Estadual ou do Distrito Federal, conforme modelo anexo IX, contendo 20 (vinte) folhas em cada talonário. Será fornecida gratuitamente pela Autoridade Sanitária competente do Estado, Município ou Distrito Federal, aos profissionais e instituições devidamente cadastrados. § 1º Na solicitação do primeiro talonário de Notificação de Receita "A" o profissional ou o portador poderá dirigir-se, pessoalmente, ao Serviço de Vigilância Sanitária para o cadastramento ou encaminhar ficha cadastral devidamente preenchida com sua assinatura reconhecida em cartório. § 2º Para o recebimento do talonário, o profissional ou o portador deverá estar munido do respectivo carimbo, que será aposto na presença da Autoridade Sanitária, em todas as folhas do talonário no campo "Identificação do Emitente". Art. 41 A Notificação de Receita "A" será válida por 30 (trinta) dias a contar da data de sua emissão em todo o Território Nacional, sendo necessário que seja acompanhada da receita médica com justificativa do uso, quando para aquisição em outra Unidade Federativa. Parágrafo único. As farmácias ou drogarias ficarão obrigadas a apresentar dentro do prazo de 72 (setenta e duas) horas, à Autoridade Sanitária local, as Notificações de Receita "A" procedentes de outras Unidades Federativas, para averiguação e visto. Art. 42 As Notificações de Receitas "A" que contiverem medicamentos a base das substâncias constantes das listas "A1" e "A2" (entorpecentes) e "A3" (psicotrópicas) deste Regulamento Técnico e de suas atualizações deverão ser remetidas até o dia 15 (quinze) do mês subseqüente às Autoridades Sanitárias Estaduais ou Municipais e do Distrito Federal, através de relação em duplicata, que será recebida pela Autoridade Sanitária competente mediante recibo, as quais, após conferência, serão devolvidas no prazo de 30 (trinta) dias. Art. 43 A Notificação de Receita "A" poderá conter no máximo de 5 (cinco) ampolas e para as demais formas farmacêuticas de apresentação, poderá conter a quantidade correspondente no máximo a 30 (trinta) dias de tratamento. § 1º Acima das quantidades previstas neste Regulamento Técnico, o prescritor deve preencher uma justificativa contendo o CID (Classificação Internacional de Doença) ou diagnóstico e posologia, datar e assinar, entregando juntamente com a Notificação de Receita "A" ao paciente para adquirir o medicamento em farmácia e drogaria. 12 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL § 2º No momento do envio da Relação Mensal de Notificações de Receita "A" - RMNRA (ANEXO XXIV) à Autoridade Sanitária Estadual, Municipal ou do Distrito Federal, o estabelecimento deverá enviar a Notificação de Receita "A" acompanhada da justificativa. § 3º No caso de formulações magistrais, as formas farmacêuticas deverão conter, no máximo, as concentrações que constam de Literatura Nacional e Internacional oficialmente reconhecida (ANEXO XIV). Art. 44 Quando, por qualquer motivo, for interrompida a administração de medicamentos a base de substâncias constantes das listas deste Regulamento Técnico e de suas atualizações, a Autoridade Sanitária local deverá orientar o paciente ou seu responsável, sobre a destinação do medicamento remanescente. Art. 45 A Notificação de Receita "B", de cor azul, impressa as expensas do profissional ou da instituição, conforme modelos anexos (X e XI) a este Regulamento Técnico, terá validade por um período de 30 (trinta) dias contados a partir de sua emissão e somente dentro da Unidade Federativa que concedeu a numeração. Art. 46 A Notificação de Receita "B" poderá conter no máximo 5 (cinco) ampolas e, para as demais formas farmacêuticas, a quantidade para o tratamento correspondente no máximo a 60 (sessenta) dias. § 1º Acima das quantidades previstas neste Regulamento Técnico, o prescritor deve preencher uma justificativa contendo o CID (Classificação Internacional de Doença) ou diagnóstico e posologia, datar e assinar, entregando juntamente com a Notificação de Receita "B" ao paciente para adquirir o medicamento em farmácia e drogaria. § 2º No caso de formulações magistrais, as formas farmacêuticas deverão conter, no máximo, as concentrações que constam de Literatura Nacional e Internacional oficialmente reconhecida (ANEXO XIV). Art. 49 A Notificação de Receita para prescrição do medicamento a base da substância da lista "C3" (imunossupressora), de cor branca, será impressa conforme modelo anexo (XIII), as expensas dos serviços públicos de saúde devidamente cadastrados junto ao órgão de Vigilância Sanitária Estadual. (A portaria nº 344 de 12 de maio de 1998, na íntegra, está disponível no site www.anvisa.gov.br) COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 13 2. Todos os opióides funcionam da mesma maneira? Os opióides podem ser classificados de acordo com a sua potência e com sua ligação a receptores específicos, dentro e fora do SNC.3 1. Classificação dos opióides quanto à potência*: Fracos Codeína Tramadol Propoxifeno Fortes Morfina Metadona Meperidina Nalbufina Oxicodona Fentanil Alfentanil Sufentanil Remifentanil 2. Classificação dos opióides quanto à atividade no receptor*: Agonistas Puros: (Não há dose teto para a eficácia analgésica e não revertem nem antagonizam os efeitos de outros opióides puros quando administrados simultaneamente) Codeína, tramadol, morfina, metadona, meperidina, oxicodona, fentanil, alfentanil, sufentanil, remifentanil. Agonista Parcial: (Tem dose teto para analgesia) Buprenorfina, nalorfina Agonista-Antagonista: (Tem dose teto para analgesia, bloqueia a analgesia no receptor mu ou é neutro nesse receptor e ativa, simultaneamente, outro tipo de receptor opióide kappa) Nalbufina Antagonista: (Não tem efeito analgésico e antagoniza os efeitos nos receptores mu) Naloxona OBS: Pacientes em uso de opióides agonistas puros não devem receber opióides agonistas-antagonistas, pois esses últimos podem precipitar síndrome de abstinência e aumento da dor. * Medicações disponíveis no mercado brasileiro. 14 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 3. Quais os opióides que devem ser prescritos para o tratamento da dor crônica oncológica? Os opióides indicados para uso prolongado no tratamento de dores moderadas ou fortes são os agonistas puros do receptor mu e de acordo com a 'Escada analgésica da OMS': Agonista puro fraco: codeína e tramadol Agonista puro forte: morfina, metadona, oxicodona e fentanil Não estão indicados nem são recomendados para uso regular e crônico os seguintes opióides: meperidina, buprenorfina, nalbufina e propoxifeno. 4. Quais são as formulações de opióides mais comuns disponíveis à venda no Brasil? CODEÍNA (fosfato de codeína) * Dose limitada pelo segundo componente do produto e de acordo com as instruções do fabricante. COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 15 TRAMADOL - (cloridrato de tramadol) Opióide fraco, com potência semelhante à codeína. Deve-se observar que a ingestão da medicação deve ser 1 hora antes da refeição ou 2 horas após. * Dose limitada pelo segundo componente do produto e de acordo com as instruções do fabricante. MORFINA (sulfato de morfina) A morfina existe nas seguintes apresentações: 16 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL METADONA (cloridrato de metadona) O uso da metadona deve ser bastante individualizado - ver adiante. Toda prescrição deve ser clara, em especial a de opióides. Deve-se calcular a quantidade necessária até a próxima consulta, para que se possa controlar o estoque de medicação do paciente. 5. Quais as indicações da morfina? Essencialmente, a indicação da morfina é para a dor nociceptiva moderada a intensa, tanto para a dor aguda, como a do câncer, e também em algumas manifestações de dor crônica. A dor neuropática não responde bem aos opióides (exceção a metadona). Na cefaléia por hipertensão intracraniana devem-se procurar outros tratamentos. Eventualmente, são usados na taquipnéia, no combate à tosse e diarréia não infecciosa, especialmente em Medicina Paliativa. Não é indicado o uso de opióide para sedação. 6. Quais os princípios básicos da administração de morfina na dor do câncer?1 A Organização Mundial de Saúde recomenda que a prescrição de analgésicos siga os seguintes critérios básicos: 1.'Pela boca': preferência pela via oral; 2. 'Pelo relógio': prescrição de acordo com o tempo de ação da droga, antes de a dor voltar e não "se tiver dor"; 3. 'Pela escada': uso de uma hierarquia analgésica, ou seja, 'subir o degrau': trocar COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 17 para medicação mais forte e/ou associar co-adjuvante quando a medicação anterior não proporcionar mais analgesia suficiente; 4. 'Individualização': para os opióides não existe dose padrão: a dose que alivia é a dose certa, seja 5 mg de morfina ou 500 mg a cada 4 horas; 5. 'Atenção ao Detalhe': Prescrição legível, clara, com horários regulares, dose adequada, número de comprimidos necessários até retorno, orientação preventiva dos efeitos colaterais, horário da medicação adequado ao paciente (ex.: não acordar para medicar) e orientação para urgências. A nosso ver esses princípios aplicam-se a todos os opióides (exceção à Metadona na primeira semana de uso: ver adiante). Inicialmente, todo opióide deve ser titulado até conseguirmos determinar uma dose ótima com a melhor analgesia e o mínimo de efeitos colaterais. Com o uso continuado de opióides (+ de 24 horas), recomenda-se o uso preventivo de laxantes, pois todos os opióides produzem obstipação. Há de se ponderar o uso concomitante de medicação co-adjuvante (medicação que potencializa a analgesia ou controla os efeitos colaterais dos analgésicos), como, por exemplo: antieméticos, corticóides, antiinflamatórios (AINES), antidepressivos tricíclicos, anticonvulsivantes (dor neuropática), psicotrópicos, diuréticos, radioterapia, etc. 7. Toda dor responde bem aos opióides? As dores nociceptivas ou somáticas, que têm origem no sistema ósteo-músculoligamentar ou visceral - não espasmódicas - têm bom alívio com os opióides. Mas nem toda dor é sensível à morfina. As dores de origem neuropática, como as de desaferentação são morfino-resistentes. Apenas a metadona parece ter maior ação no alívio da dor neuropática. A American Pain Society, em 2005, definiu como dor episódica a dor súbita e severa que ocorre espontaneamente ou relacionada a uma atividade específica (dor incidental) e ultrapassa a intensidade de dor estimada pelo analgésico em uso, como também a dor que surge próximo ao fim do período de ação do analgésico e necessita 18 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL de dose suplementar de analgesia. Essas dores devem ser diferenciadas pelo paciente para se fazer medicação suplementar - medicação resgate da analgesia - com segurança. Entre as dores nociceptivas, as dores episódicas incidentais (as que se acentuam por um incidente, com aumento e diminuição rápidos na intensidade da dor, por exemplo, a mobilização de uma fratura, tosse,...) são praticamente resistentes à morfina, pois para controlá-las seriam necessárias doses mais altas de morfina que o paciente passaria o resto do dia dormindo, devido à sobredose, pois o estímulo doloroso é fugaz. 8. Quando prescrever a morfina ou outro opióide potente? O uso da morfina como analgésico potente obedece a uma seqüência lógica e hierárquica - a 'escada analgésica' (figura 1) - definida pela OMS. Nessa escada terapêutica recomenda-se o uso do analgésico mais fraco para as dores mais fracas, aumentando-se a potência da droga à medida que aumenta a intensidade da dor. Inicialmente, utiliza-se o analgésico mais fraco, aumentando suas doses até o seu limite terapêutico - quando o aumento da dose não se traduz mais por um aumento da analgesia. Assim, a morfina deve ser prescrita a intervalos regulares, de acordo com o seu tempo de ação, quando o uso de opióide leve é ineficaz no controle da dor. Os analgésicos devem ser prescritos levando-se em conta sua duração de ação. Toda analgesia deve ser titulada por via venosa ou oral (à beira do leito ou no consultório) e reavaliada regularmente, somente passando-se ao degrau seguinte da escada analgésica (figura 1) quando o alívio for insuficiente. A experiência nos ensina qual a intensidade esperada para uma determinada dor pós-operatória, e também aqui utilizamos o princípio da escada analgésica para a escolha do analgésico. Além do tempo de ação do analgésico, devemos observar os efeitos colaterais indesejáveis que possam aparecer. Sabemos que a dor é um excelente antídoto à depressão respiratória provocada por opióides. O uso de opióides de ação prolongada deve ser evitado no tratamento da dor pós-operatória aguda, pois a intensidade dessa dor tende a diminuir progressivamente e necessita de reajuste freqüente das doses. COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 19 FIGURA 1 - Escada analgésica da OMS: Pela ESCADA 9. Como fazer a titulação venosa da Morfina? A titulação venosa da morfina pode ser de utilidade no tratamento da dor pósoperatória ou aguda ou como titulação da morfina oral. Nesse último caso, podemos calcular a dose de opióide oral usando a tabela de equipotência na conversão da dose de opióides (Tabela 1 - pg 35). Num paciente virgem de morfina, administra-se uma "carga venosa inicial", capaz de produzir analgesia satisfatória. Em geral, necessita-se de uma dose de morfina venosa entre 0,05 e 0,15 mg/kg peso. Caso essa dose não tenha sido suficiente pode-se acrescentar 1 a 2 mg a cada 2-3 minutos. A dose total de morfina aplicada para se obter analgesia satisfatória corresponde à "meia vida" do medicamento. Para mantermos a analgesia, é necessário manter-se essa concentração plasmática. A meia-vida da morfina é em torno de 3 horas. 20 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL Suponhamos que um paciente necessitou de 9 mg de morfina venosa para uma analgesia satisfatória (dor 0 a 3 numa Escala Numérica de 0-10 ou dor 0-1 na Escala de Faces 0-4 da Figura 2). Para manter uma analgesia satisfatória, esse paciente deverá precisar de 9 mg de morfina a cada três horas (meia vida) ou 9/3, em torno de 3 mg/hora de morfina venosa (subcutânea ou intramuscular). Esses dados podem ser aplicados na determinação da dose para administração contínua através de bomba infusora, ou para infusão subcutânea - hipodermóclise - (1 ampola de morfina de10 mg dissolvida em 100 ml de soro e administrando 30 ml/hora) através de escalpe. 10. Qual a dose inicial de morfina oral? Pela história analgésica do paciente, determinamos a dose equianalgésica de morfina oral em relação ao analgésico até agora usado pelo paciente, consultando a tabela 1 (pg. 35). Geralmente, num paciente em uso de dose equivalente ou maior a 60 mg de codeína, iniciamos morfina oral com dose de 10 mg. Isso porque consideramos que 60 mg de codeína equivalem a 7,5 mg de morfina oral; como essa dose estava sendo insuficiente, faz-se, então, uma dose maior. É importante ensinarmos ao paciente medir sua analgesia numa escala de intensidade de dor. No nosso caso, escolhemos a Escala de Faces 0 - 4 (Figura 2). FIGURA 2 - "Escala de faces para avaliar a intensidade da dor" Adaptado de von Baeyer C.L., Piira, T.: The faces pain scale - revised around the world: translation and adaptation for use in many cultures. www.painsourcebook.ca COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 21 11. Como encontrar a dose diária de morfina oral? Continuando o exemplo acima, se após 40 minutos da administração oral de 10 mg de morfina de ação rápida, o paciente estiver pela Escala de Faces com dor 0 ou 1 pode-se tomar uma das seguintes condutas: 1. Manter a prescrição da dose regular de morfina oral de ação rápida, isto é, 10 mg de 4 em 4 horas. Caso, nesse intervalo de 4 horas, o paciente tenha dor pela Escala de Faces = 2 ou +, tomar 'dose resgate' da analgesia até de 1 em 1 hora, i.e., 5 a 10 mg (½ a 1 comp. até de 1/1h, e anotar na Ficha de Acompanhamento Domiciliar (Anexo 1). Além da dose resgate, lembrar de manter a dose regular de 4/4h. Ou 2. Prescrever Dimorf LC 30 mg 1 cápsula de 12 em 12 horas. Para 'dose de resgate', fazer morfina de ação rápida, Dimorf 10 mg, ½ ou 1 comp. até de 1/1 hora com dor pela Escala de Faces = 2 ou +, e anotar na Ficha de Acompanhamento Domiciliar (Anexo 1). Porém, se após 40 minutos, o paciente mantiver dor pela Escala de Faces 2 ou +, fazer mais 5 mg de Dimorf via oral até analgesia satisfatória. Prescrever para o domicílio conforme conduta 2 acima, com 'dose resgate' de Dimorf 10 mg até de 1/1 hora. Avaliar após 24 - 48 horas a dose total diária. Terminologia: DOSE REGULAR: dose da morfina de ação rápida que é administrada de 4/4 horas. DOSE TOTAL DIÁRIA: dose total de morfina administrada em 24 horas, seja de medicação de ação rápida ou longa, inclusive acrescentando-se as 'doses de resgate'. DOSE RESGATE: dose extra do opióide para resgate da analgesia; trata a dor episódica de intensidade moderada a forte (face 2 ou mais). Pode-se calcular a 'dose resgate' de duas formas: A) 50 a 100 % da dose regular = dose que seria dada a cada 4 h, ou B) 1/6 a 1/10 da dose total diária do opióide em uso ou seu equivalente em morfina de ação rápida. 22 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 12. Como ajustar um tratamento a longo prazo? O objetivo da utilização da morfina oral é promover o alívio satisfatório dos fenômenos dolorosos para uma dor de intensidade 0 ou 1 na Escala de Faces (Figura 2). Se o paciente tem dor na Escala de faces = 2 ou + antes de decorridas 4 horas da última tomada de morfina de ação rápida (por exemplo: após 3 horas da última dose de morfina comum) ou a dor continua em 2 apesar da morfina, o paciente poderá tomar sua 'dose resgate', até de 1 em 1 hora. Se o paciente necessita tomar 2 ou mais vezes a 'dose resgate' em cada 24 horas, está na hora de aumentar a dose regular e a diária. Esse aumento deve ser, no mínimo, de 25% e geralmente de 50 % enquanto o paciente estiver com dose diária baixa de morfina. Não adianta tentar doses menores. A dose deve ser escalonada (ou aumentada) a cada 4 horas até que se obtenha analgesia satisfatória com a morfina de liberação rápida (regular), seguindo a ordem: 5 > 10 > 15 > 20 > 30 > 45 > 60 > 90 > 120 >180 > 240 > 300 >... mg de 4/4 h O paciente que está em regime de morfina oral de 4/4 horas, para evitar seu despertar durante a noite e para sua maior comodidade, poderemos prescrever-lhe uma dose dobrada no último horário antes de dormir e suspender a dose da madrugada. 13. Como prescrever morfina de liberação lenta (Dimorf LC®)? Para se achar a dose a ser prescrita de morfina de liberação lenta, primeiro calculase a dose total diária (doses regulares + doses resgates) e a divide em duas tomadas. COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 23 As morfinas de Liberação Cronogramada são apresentadas em cápsulas de 30, 60 e 100 mg. Lembrar que uma cápsula de Dimorf® LC 30 mg de 12 em 12 horas equivale a um comprimido de Dimorf® 10 mg de 4 em 4 horas; uma cápsula de Dimorf® LC 60 mg de 12 em 12 horas equivale a 20 mg de morfina de ação rápida de 4 em 4 horas. Pode-se fazer associação de diferentes doses para se alcançar a dose total desejada ou aproximada, por exemplo: Paciente em uso de 45 mg de morfina oral de ação rápida de 4/4 h; para se passar para morfina de liberação lenta pode-se prescrever uma cápsula de Dimorf® LC 100 mg + outra de Dimorf® LC 30 mg de 12/12 horas. A 'dose resgate' poderá ser feita com morfina de ação rápida de 30 mg - 1 ou 1 e ½ comprimido até de 1 em 1 hora quando tiver dor 2 ou + na Escala de Faces. No paciente em uso de morfina de liberação lenta (Liberação Cronogramada), podemos temporariamente aumentar a dose diária, administrando as doses originais a cada 8 horas e reajustando as doses a cada 12 horas nos dias seguintes, de acordo com as 'doses regastes' utilizadas. A persistência da dor não controlada favorece o aparecimento de tolerância um fenômeno fisiológico, que implica numa menor sensibilidade ao efeito analgésico, necessitando de doses maiores para controle da dor. A reavaliação do paciente deve ser freqüente e sempre pesquisar se a dificuldade de controle da dor se deve a uma nova causa que não responde à morfina (por exemplo: dor neuropática, depressão, cólicas, etc.). 14. Podem-se partir os comprimidos ou romper as cápsulas de morfina? Os comprimidos de morfina (Dimorf®) são sulcados e, se necessário, pode-se dividí-los ou triturá-los para melhor ingestão. 24 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL As cápsulas de Dimorf LC® têm em seu interior microgrânulos que vão promover a Liberação Cronogramada. Esses grânulos não podem ser violados, caso sejam, perderão a qualidade de liberação lenta e farão uma liberação imediata da morfina, causando risco de sobredose. Porém, em caso, de necessidade, pode-se romper a cápsula e administrar os microgrânulos em uma gastrostomia, com o cuidado de não amassá-los. 15. O que é e qual deverá ser a medicação de resgate? A dose de resgate da analgesia (medicação de socorro) também deve ser com opióide, preferencialmente o mesmo só que de ação rápida. Deve ser administrada quando a dor, por qualquer razão, se tornar "temporariamente" mais intensa. Pode ser necessária meia hora antes de um curativo doloroso, ou quando um esforço inusitado provocou uma dor que não cede mesmo com repouso. Sempre usar como opióide de resgate um medicamento de ação rápida, nunca um de ação lenta. Nunca se deve utilizar a morfina de liberação lenta como medicação de resgate (ou SOS). A dose de resgate (oral) deve ser, sempre, aproximadamente 1/6 a 1/10 da dose total diária convertida para dose de morfina oral, ou 50 a 100% da dose regular. Assim, um paciente em uso de 360 mg de morfina por dia (3 cápsulas de Dimorf® LC 60 mg de 12/12 h.) deverá ter prescrita uma dose de resgate de 30 a 60 mg de morfina de liberação rápida (1 a 2 comprimidos de Dimorf® 30 mg). Sempre devemos prescrever a medicação de resgate além da medicação opióide de manutenção. * A morfina de ação rápida é usada, pois até o momento não está disponível no mercado brasileiro oxicodona de ação rápida nem fentanil oral. COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 25 16. Como tratar a dor episódica (não incidental)? A dor episódica se diferencia da dor incidental por não estar relacionada a um incidente - como tossir, evacuar, movimentação acidental de uma fratura. Ela muitas vezes indica um agravamento da patologia primária. Assim, ela tem como indicação precisa uma 'dose de resgate' e de início de ação rápida. A repetição freqüente da 'dose resgate' (duas ou mais vezes por dia) indica necessidade de aumento da dose total diária ou de acrescentar medicação coadjuvante, caso haja dor neuropática. É fundamental esclarecer aos pacientes e familiares que os opióides devem ser dados nos horários previstos, haja ou não haja dor, e que não estamos preocupados com a dependência psíquica (vício) nesses pacientes, mas com eles. 17. Por que alguns pacientes necessitam de doses maiores de morfina? Geralmente, os pacientes mantêm-se com uma dose diária bastante estável. As variações na intensidade da dor ocorrem pela evolução da doença, por tolerância - às vezes induzida por analgesia insuficiente e por tempo prolongado, pelo aparecimento de dor por mecanismo diferente (dor neuropática), por interação medicamentosa, por diferenças na farmacocinética - às vezes relacionada com diminuição de função hepática ou renal, pela saturação de receptores opióides, pela saturação das proteínas ou por amplificação psicogênica (depressão, ansiedade, medo, etc.). No paciente que está em seus últimos dias de vida, quando começa a falência de múltiplos órgãos é comum o paciente necessitar de uma diminuição da dose diária e/ ou intervalo maior entre as doses. 26 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 18. Qual a dose máxima de morfina? Os opióides agonistas não têm dose teto, ou seja, quanto maior a dose maior a analgesia. A dose ideal é a que alivia a dor com menor efeito colateral. Na prática, a dose máxima de morfina é limitada pelo aparecimento de reações colaterais (sonolência, vômitos incontroláveis, mioclonias). A depressão respiratória é o grande medo para a prescrição de morfina, mas a dor é o melhor analéptico. Enquanto há dor, pode-se galgar doses, mesmo altas, sem risco, até porque se faz isso gradualmente. O maior problema está na associação com anestésicos gerais residuais no pós-operatório ou quando se associam a outros neurodepressores (neurolépticos). 19. O que é metadona? A metadona é um agonista opióide sintético, lipofílico. Apresenta um tempo de metadona livre no plasma curto enquanto a meia vida plasmática é longa e variável (por fixação às proteínas). Isso significa que sua ação se inicia rapidamente, porém a duração do efeito é longa e variável. Ela não tem metabólitos ativos, apenas inativos que são eliminados pelo rim, podendo ser administrada com segurança na insuficiência renal4. Isso permite que a droga seja administrada apenas uma ou duas vezes por dia após impregnação. A metadona tem uma excelente biodisponibilidade, sendo rapidamente absorvida (15 minutos) pelo trato gastrintestinal. O pico plasmático ocorre em torno de 30 minutos após administração oral e sua ação após dose única se prolonga por 12 a 18 horas. A metadona é metabolizada no fígado e, drogas que induzem as enzimas hepáticas, tais como carbamazepina, rifampicina, fenitoína, espironolactona, dilacoron, estrogênios, aceleram sua eliminação, enquanto que a amitriptilina a prolonga4. Pacientes com neoplasias e com mais de 65 anos de idade tem uma eliminação mais prolongada. Devido a sua lipossolubilidade e a sua ligação às proteínas plasmáticas (razão da longa meia vida), ela se acumula no organismo, podendo levar de 9 a 87 horas para sua eliminação total. Portanto sua eliminação varia individualmente e essa é uma das causas que levou à sua pouca difusão como analgésico potente. Essa característica leva ao receio da depressão respiratória, que pode ocorrer antes de haver saturação dos tecidos, que é quando então se estabelece o estado de equilíbrio plasma-tecido e a dose de manutenção. COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 27 A metadona causa náuseas, vômitos e sedação antes de deprimir a respiração, o que pode ser visto como aviso. Apresenta qualidades excepcionais: sua potência - similar à da morfina na dor nociceptiva e 3 vezes mais potente que a morfina na dor neuropática - a rapidez de início do seu efeito analgésico, longa duração da analgesia e baixo custo. Em função disso, é recomendada pela OMS para o tratamento da dor no câncer em países com restrições econômicas e em desenvolvimento. A metadona tem as mesmas características dos outros opióides mu agonistas, porém com algumas peculiaridades. A metadona tem a propriedade única de ser um agonista do receptor (Delta) e um antagonista dos receptores NMDA (N-metil D-aspartato). Essas características devem explicar porque os pacientes tratados com metadona requerem menor escalonamento da dose quando comparados com os pacientes que usam morfina. Assim, a metadona está indicada no tratamento de dores nociceptivas e neuropáticas, além de ser uma opção muito atraente quando a dor não responde a outros opióides, quando o paciente apresenta toxicidade a outros opióides ou os toleram mal15. 20. Quais os pré-requisitos para se utilizar a metadona por via oral? Antes de se prescrever metadona é necessário que o paciente: 1. Aprenda a medir sua analgesia - Escala de Faces ou outra escala de intensidade de dor; 2. Possa registrar os horários de uso da metadona (ler e escrever); 3. Tenha titulada sua dose de referência; 4. Tenha condições de determinar quando tomar a próxima dose de referência além de anotar data e horário de cada dose. 21. Como utilizar a metadona por via oral? Tendo em vista que a ação analgésica da metadona se instala rapidamente, tanto se administrada por via parenteral como pela via oral ou retal, que a sua eliminação é variável5, e após estudos realizados por nós, propomos que a metadona seja prescrita em duas fases distintas. 28 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL FASE INICIAL - ANALGESIA CONTROLADA PELO PACIENTE - 1ª SEMANA: nesse regime é o paciente quem vai determinar o intervalo de tempo entre as doses, após uma titulação inicial, cujo procedimento é semelhante à morfina. Se o paciente não tem alívio suficiente com opióide fraco, deixa-se esse e prescreve-se um opióide forte, metadona, pela 'escada analgésica'. A dose inicial, então, deverá ser de 5 mg de metadona. Se após 15 a 20 minutos o paciente tiver alívio, dor 0 ou 1 pela Escala de Faces, orientar para que tome essa dose de referência (metadona 5 mg) quando tiver dor 2 ou mais na Escala de Faces, num intervalo mínimo de 4 horas, e anotar na Ficha de Acompanhamento Domiciliar (Anexo 1). Caso o paciente não tenha tido alívio com esses 5 mg de metadona, repetir outra dose de 5 mg de metadona a cada 15 - 20 minutos, até que se alcance analgesia satisfatória. A soma dessas doses deverá ser prescrita como dose de referência, e orientar para repetila quando tiver dor 2 ou mais na Escala de Faces, num intervalo mínimo de 4 horas, e anotar na Ficha de Acompanhamento Domiciliar (Anexo 1). É importante observar que se o paciente iniciou titulação com dor severa, dor na Escala de Face 3 ou 4, e, por exemplo, necessitou de 20 mg de metadona para alívio da dor, é recomendável que se prescreva metade dessa dose como dose-padrão. Isso porque a próxima dose do analgésico será com dor 2, metade da dor inicial. FASE DE MANUTENÇÃO - 'ANALGESIA PELO RELÓGIO': Após essa primeira semana de uso de metadona, analisa-se a Ficha de Acompanhamento Domiciliar. Pode-se observar que à medida que a droga se acumula, o tempo de analgesia vai aumentando, por isso calcula-se a dose média diária baseada nos horários registrados nos últimos 3 dias. Essa dose deverá ser prescrita em dose única noturna ou metade a cada 12 horas. Eventualmente, a dose da noite pode ser maior do que a da manhã, para garantir uma noite repousante. Diferentemente da morfina, o aparecimento de náuseas e vômitos com o uso de metadona são sinais precoces de sobredose. Portanto, não se deve prescrever antieméticos para não mascarar esse aviso. A sonolência, bradipnéia e cianose são sinais tardios de intoxicação e obrigam a aumentar o espaço entre as doses. Num estudo realizado por nós em pacientes que usaram metadona por longos períodos, verificamos uma distribuição completamente irregular do tempo necessário para uma titulação inicial, podendo levar de 3 a 7 dias. Daí que, ao contrário da recomendação da OMS, no caso da metadona, não a administramos inicialmente 'pelo relógio' mas sim por 'analgesia controlada pelo paciente'. Em resumo: ao contrário do que se faz com a morfina, as doses de metadona se sucedem de acordo com a dor do paciente, só se tornando regulares após alguns dias de titulação. COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 33 22. Como fazer a 'dose resgate' com metadona? Na primeira semana de titulação, a 'dose resgate' é a dose de referência. Já na fase de manutenção, no período entre as doses fixas, quando o paciente tiver dor 2 ou mais na Escala de Faces, deverá ser orientado para tomar 50 a 100% da dose de referência até de 4 em 4 horas. Esse intervalo é maior do que o da morfina devido ao maior tempo de ação e eliminação da metadona. A morfina não se acumula. 23. Como substituir o uso de morfina oral por metadona6? A relação de potência entre metadona oral e morfina oral é em torno de 1:2 a 1:3. A metadona é mais potente que a morfina no alívio da dor neuropática. É importante observar que a equipotência da metadona/morfina se faz pela dose de referência/dose regular, e não pela dose total diária, pois o intervalo de tempo das duas drogas é diferente. Consideramos as equipotências abaixo: 20 mg de metadona oral = 10 mg de metadona parenteral; 10 mg de morfina IM (paciente virgem de morfina) = 30 mg de morfina oral; 20 a 30 mg de morfina oral = 10 mg de metadona oral. Na substituição da morfina por metadona, temos que considerar os diferentes valores do nível de opióide livre no plasma. Enquanto a morfina desaparece em 12 horas no máximo, a metadona tem de ser titulada e temos que estabelecer uma dose de referência. 34 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL Podemos utilizar dois esquemas diferentes para substituição da morfina pela metadona: 1- Calcula-se a dose de referência da metadona (1/2 ou 1/3 da dose regular de morfina) e a prescreve a cada 12 horas. Como 'dose resgate' faz-se 50 a 100% da dose de referência de metadona até de 4/4 horas com dor 2 ou mais pela Escala de Faces ou similar. 2- Eleger uma dose de referência de metadona a partir da dose total diária de morfina conforme esquema abaixo7: TABELA 1: Doses equianalgésicas e duração de ação de opióides Existe muita controvérsia quanto à equipotência da metadona à morfina, isto é, a dose equivalente necessária para se obter o mesmo efeito analgésico. Um opióide mais potente não quer dizer que seja mais eficaz que outro. Portanto, o mais seguro é titular individualmente cada paciente, como descrito na fase inicial: analgesia controlada pelo paciente. Cherny N.I., Portenoy, RK. Systemic drugs for cancer pain. Pain Digest 5:245. A troca da via oral pela injetável pode ser feita rapidamente com o uso da ACP (Analgesia Controlada pelo Paciente)8. Já a troca da via parenteral pela oral deve ser feita em etapas que podem levar 1 a 2 dias durante os quais o paciente continua em regime de doses de resgate. Lembrar sempre que a substituição após uso contínuo de um opióide agonista puro por outro opióide agonista parcial ou agonista-antagonista (nalbufina, buprenorfina, nalorfina) pode desencadear síndrome de abstinência e retorno da dor. COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 35 24. A dose de morfina/metadona oral necessita ser mais elevada do que a que se utilizaria por via intramuscular ou subcutânea? Sim. Normalmente, ela é o dobro ou até o triplo da dose parenteral. Mais uma vez lembramos o conceito de titulação inicial dos opióides. Esse conceito é muito importante ao substituir-se a via de administração de morfina oral pela via parenteral ou viceversa. 25. Que outras vias podem ser utilizadas para a administração de opióides a longo prazo? Podem ser utilizadas as vias venosa, subcutânea, retal, sublingual, transdérmica e eventualmente a administração via sonda de alimentação, além da peridural ou intraraquídea. A via venosa pode ser utilizada por longo tempo se houver uma cânula venosa em veia profunda. A dose de manutenção horária é calculada em função de um teste de titulação ou consultando a equivalência na tabela 1 (pag. 35). Não entraremos em detalhes sobre o uso de opióides por via raquidiana. A via subcutânea pode ser utilizada tanto em injeção contínua e bomba infusora, como com injeção intermitente, através de escalpe 25. A dose total diária de morfina parenteral dividida por 6 (dose regular), pode ser injetada intermitentemente a cada 4 horas, ou diluída 36 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL em, no máximo, 1500 ml de soro glicosado (1/3 a cada 8 h em 500 ml) injetados com bomba de infusão contínua. O uso da via subcutânea é eficaz, indolor. O escalpe deve ficar fixo num local, ainda que fechado, e fazer rodízio de local a cada 3 dias. A metadona não deve ser aplicada mais de uma vez em cada local no subcutâneo por causar irritação. Nos pacientes muito debilitados, com dificuldade de deglutição, pode-se macerar o comprimido de morfina ou de metadona e colocá-lo sublingual com um pouco de açúcar por causa do gosto amargo. A sonda gástrica ou para alimentação enteral pode ser utilizada para a administração de morfina solução oral. Pode-se, ainda, triturar comprimidos de morfina de ação rápida (Dimorf®) ou metadona (Mytedom) e misturar com o líquido a ser injetado. Note-se que os microgrânulos do Dimorf® LC não devem ser fragmentados, apenas podese romper a cápsula com cuidado e usar os microgrânulos, mas sem lesá-los ou haverá uma absorção rápida da dose total e sobredose. Tanto a morfina quanto a metadona injetável podem ser utilizadas por via retal, administradas através de seringa e sonda retal fina. As doses serão as mesmas utilizadas por via oral. Para a administração transcutânea, pode-se utilizar adesivos transdérmicos de fentanil em doses equivalentes à morfina. Cada adesivo tem efeito por 72 horas e mesmo se retirado antes o nível plasmático se mantém por mais 18 horas9. 26. No paciente inconsciente ou moribundo deve-se suspender o analgésico opióide? Se o paciente até então se manteve sem dor, está estável e não apresenta depressão respiratória (< 10 resp/min), não há necessidade de suspender a morfina, pois ele poderá voltar a sentir dor. No paciente em seus últimos dias/horas de vida, com desidratação progressiva e insuficiência de múltiplos órgãos, o metabolismo e excreção dos opióides podem diminuir, e surgirem sinais de intoxicação. A bradipnéia com ou sem cianose indica necessidade de diminuição da dose do opióide e/ou aumento do intervalo entre as doses. A troca da morfina de ação lenta pela de ação rápida é mais segura, e o intervalo entre as doses deve ser de acordo com a dor. COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 37 Os pacientes inconscientes, moribundos ou com déficit cognitivo grave podem ter dor e devem ter sua dor tratada. Quando o paciente moribundo vem a falecer estando em uso de morfina, devemos lembrar que a intenção era de oferecer alívio da dor e que a morte e a medicação foram devido à doença. Portanto, não devemos nos sentir culpados. A morte é consequência natural da vida e o paciente faleceu sem dor. 27. Pode ser utilizado opióide oral em pacientes com dor intensa por gangrena ou no pós-operatório? Na dor isquêmica intensa, necessita-se de dose maior (20-30 mg) de morfina oral a cada 4 horas para se obter uma analgesia satisfatória. Essa medicação poderá ser mantida até que haja uma delimitação satisfatória e o cirurgião decida intervir. Durante essa espera não há necessidade de o paciente sofrer, é preciso que haja uma supervisão médica diária acompanhando a evolução e a toxemia produzida pela gangrena. Também no pós-operatório, se a dor for intensa e se não houver restrição à alimentação oral, podese usar a morfina oral. Quanto ao risco de dependência física e síndrome de abstinência, esta não ocorre com menos de 10 dias de uso regular de morfina quando, então, cessada a causa da dor, a morfina deve ser suspensa em etapas (ver adiante). 28. Quais os efeitos colaterais mais freqüentes dos opióides? No início do tratamento são as náuseas, os vômitos, a constipação e a sonolência; as vertigens são mais raras. Outras menos comuns são a sudorese, o prurido e a 38 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL disforia. A depressão respiratória tem um analéptico natural que é a dor. A metadona se comporta diferente dos demais opióides, pois náuseas e vômitos surgem como sinal de dose excessiva, portanto, nesse caso específico da metadona não se devem prevenir esses sintomas. A dependência física é uma conseqüência natural do uso de opióides por longo tempo, mas pode ser desfeita com a redução gradativa das doses. O desenvolvimento de uma dependência psíquica é muito raro em pacientes com dor e sem história prévia de dependência à drogas ou álcool10. As náuseas, vômitos e a sonolência inicial tendem a desaparecer com o tempo, por um processo de tolerância; já a obstipação é uma constante e deve ser sistematicamente combatida. 29. O uso de antieméticos é sempre necessário? Aproximadamente 1/3 dos pacientes que iniciam o uso de morfina necessitam de um antiemético. Nesse sentido, a metadona tem comportamento diferente. Nessa última, a náusea representa um sinal de toxicidade, e não devem ser usados antieméticos, enquanto com a morfina não representa perigo de sobredose. Os vômitos, além de desagradáveis, comprometem a absorção tanto de alimentos como de medicamentos e podem interferir com uma analgesia satisfatória. Nesses pacientes, o uso de antieméticos é necessário, pelo menos no início, e preferimos o haloperidol, em dose única de 1 a 2 mg (10 a 20 gotas) pela manhã. O haloperidol é um neuroléptico que age no centro do vômito, tem uma ação longa e não produz hipotensão, como acontece com a clorpromazina. A dose é determinada pela experiência. Inicialmente, se 10 gotas inibem as náuseas, o paciente é mantido com essa dose diária. Se necessário, administram-se mais 5 a 10 gotas de haloperidol. Nessa dose, não observamos efeitos extrapiramidais. A metoclopramida tem efeito muito curto (em torno de 4 horas) e doses repetidas, principalmente no idoso, pode acumular e causar inquietação, sonolência e sintomas extrapiramidais. COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 39 A ondansetrona tem um custo mais elevado para ser utilizada diariamente, sendo reservada para o tratamento de vômitos induzidos pela quimioterapia. Uma causa muito comum de vômitos em pacientes em uso de opióides é a constipação intestinal. É necessário verificar se os vômitos (e a distensão abdominal) não são conseqüências de constipação prolongada e impactação fecal por fecalomas. 30. O problema da constipação Esse é o efeito colateral mais freqüente e mais desconfortável do uso de opióides. Tratar essa constipação é, às vezes, mais difícil do que aliviar a dor e pode levar até ao questionamento quanto ao uso dos opióides. Não há fenômeno de tolerância para esse efeito dos opióides: quanto maior a dose maior a constipação. Ela é devida à ação direta dos opióides no plexo mioentérico, diminuindo a peristalse intestinal. Assim, há um aumento na absorção de água do bolo fecal e formação precoce de fecalomas (3 a 5 dias). O laxante ideal deve ser capaz de amolecer as fezes (fibras, docusato de sódio) e provocar peristaltismo. Geralmente, só pacientes com colostomia, ileostomia ou com síndrome disabsortiva (ex.: neoplasias de pâncreas) não precisam de laxante profilático. Outras medidas além do laxante podem ser estimuladas: alimentação rica em fibras, evitar alimentos constipantes, aumentar a ingestão de líquidos e massagem do abdômen. No entanto no paciente debilitado essas medidas podem ser desconfortáveis e deverão, então, ser evitadas. O aumento da dose de opióide pode ser seguido por um aumento da dose de laxante. Para constipação leve, pode-se usar alimentação rica em fibras, se a paciente tolerar, e Senna (Tamarine®, Laxarine®, Agiolax® e outros) ou hidróxido de magnésio (Leite de Magnésia®). Nas constipações mais severas, deve-se usar, sempre regularmente, estimulantes catárticos (bisacodil, senna, casantrol - administrados à noite) ou laxantes osmóticos (fracos: lactulona, fortes: sulfato de magnésio ou sódio - administrados pela manhã). Caso o paciente fique 3 dias sem evacuar, usar supositório de glicerina no 4º dia pela manhã. Se ainda assim não evacuar, fazer clister glicerinado ou enema (Phosfoenema®). 40 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL Deve ser evitado o uso regular de óleo mineral por diminuir a absorção intestinal. Deve ser usado em casos de constipação de longa data (100 ml à noite) e pela manhã associar medidas locais (enemas e/ou retirada manual de fecalomas). 31. A sonolência e a sedação ocorrem com freqüência? A sedação e sonolência ocorrem com certa freqüência no início da terapia com opióides (primeiros dez dias), mas em breve instala-se a tolerância para esse fenômeno. No caso da metadona, é um sinal freqüente de sobredose. Também a sensação de estar drogado pode deixar o paciente inicialmente preocupado e é aconselhável deixá-lo prevenido. É lógico que o paciente em uso de psicotrópicos não deve dirigir veículos, nem executar qualquer atividade que exija destreza, para evitar acidentes. Mas podemos tranqüilizar o paciente porque normalmente se instala a tolerância. Já o paciente que fica sonolento após alguns dias de tratamento está manifestando sinais de sobredose. É preciso reduzir a dose do opióide para doses que não causem sonolência excessiva e que, ao mesmo tempo controlem a dor. Nessas condições, é sempre aconselhável, antes de trocar o opióide, verificarmos se a dor não é do tipo incidental (que se exacerba com certos incidentes, como a mobilização de uma fratura) ou se houve redução da intensidade da dor. O paciente deve ser mantido fora da cama o maior tempo e enquanto possível, o que contribui muito para seu bem-estar. O aumento da dose de opióide à noite pode facilitar o sono reparador. Muitas vezes, torna-se necessário combater uma síndrome depressiva com antidepressivos (geralmente temos usado os tricíclicos, que são também analgésicos com ação sobre a dor neuropática). O aparecimento de estado de confusão mental ou de delírios e alucinações são mais freqüentes no paciente idoso e em uso de várias medicações (antidepressivos tricíclicos, opióides, anticonvulsivantes, benzodiazepínicos, etc.), que pode, às vezes, necessitar ajuste das doses e drogas. É necessário pensar, também, em outras causas para o estado confusional: alteração hidroeletrolítica, anemia, alterações do cálcio, patologia intracraniana (metástases), etc. O uso prolongado da meperidina favorece o aparecimento de uma síndrome confusional, causada pelo acúmulo do metabólito normeperidina. COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 41 32. A hipotensão ortostática é freqüente com a morfina? Não, e se existe, não é contra-indicação ao tratamento. A hipotensão postural pode ser conseqüência da desidratação ou do uso simultâneo de outros medicamentos, tais como diuréticos, antihipertensivos, antidepressivos, antieméticos (fenotiazínicos), etc. Deve-se orientar para que as mudanças de posturas sejam feitas mais lentamente. 33. Qual o significado de suores profusos? Os suores profusos são mais comuns nas patologias que se acompanham de febre, mas podem ser devidos ao uso de opióide. Também são mais freqüentes em pacientes com lesão hepática. Não existe uma terapêutica preventiva, mas a adição de corticoesteróides em pequenas doses pode ajudar (5 a 20 mg de prednisona/ prednisolona). 34. Como administrar morfina no controle da dispnéia? Em face da dispnéia impõe-se um diagnóstico diferencial. Se a dispnéia for restritiva por derrame pleural ou ascite, pode ser aliviada com punção ou drenagem. Se a dispnéia for por lesão pulmonar irreversível, por invasão de tumor e atelectasia associada, 42 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL é possível baixar a freqüência respiratória com morfina para algo em torno de 16-20 respirações por minuto, diminuindo, assim, a angústia do paciente, mesmo se à custa de uma maior sedação. A morfina está indicada nessas taquipnéias de repouso, mesmo em ausência de dor, e, geralmente, com o uso de doses baixas. Se o paciente já usa codeína ou morfina para controle da dor, para alívio da dispnéia ou tosse improdutiva aumenta-se em torno de 50% da dose regular. Se o paciente não usa opióide, pode-se começar com codeína 30 mg de 4/4 horas, e ajustar conforme resposta. A metadona não é uma boa opção pois a sua sobredose ocasiona mais náuseas e vômitos do que sedação e depressão respiratória, como acontece com os outros opióides. 35. Podem ocorrer depressões respiratórias mortais? Com o uso da morfina oral em paciente com dor, praticamente não ocorre depressão respiratória, pois a dor é um potente analéptico. No entanto, quando usada no pós-operatório e a dor vai diminuindo, é possível haver depressão respiratória com drogas de ação longa. O mesmo pode ocorrer quando amputamos um membro gangrenado. Por isso, medicamentos como a metadona, oxicodona e fentanil transdérmico, estão contra-indicados nessas condições. Antes da depressão respiratória podem ser observados sinais clínicos tais como náuseas e vômitos, sonolência ou torpor, e bradipnéia e cianose (sinais evidentes). Nesses casos, convém diminuir em 20 % a dose do opióide, reavaliar o uso de coanalgésicos e psicotrópicos, possivelmente também depressores. Com a observação de depressão respiratória, deve-se aplicar naloxona via venosa em dose apropriada e repetida (sua duração de ação é de 45 a 90 minutos) e, se necessário, instalar medidas de suporte ventilatório. No caso do fentanil transdérmico, mesmo após a retirada do adesivo, sua ação residual pode durar até 18 horas. A metadona, também, deve ser suspensa, até que o paciente manifeste dor espontânea. A causa mais comum de depressão respiratória com o uso da metadona é a não observação do princípio de auto-avaliação da dor pelo paciente, que deve graduá-la em 2 de nossa escala de faces de 0-4. A dor incidental não serve como parâmetro para nova dose ou dose de resgate. COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 43 36. A dependência física aos opióides. A dependência física é uma situação gerada pelo uso continuado de uma droga e caracterizada pelo surgimento de uma reação de abstinência quando da sua interrupção súbita ou redução rápida da dose, diminuição do nível sangüíneo da droga, e/ou administração de um antagonista. Dependência física é um fenômeno neuro-farmacológico. Ela ocorre na maioria dos pacientes em uso de opióides por um período superior a 2 semanas. A interrupção abrupta do tratamento leva a um quadro característico, com suores, midríase, dores e contraturas musculares, diarréia, hipertermia, e agressividade denominado de síndrome de abstinência. No paciente com dor orgânica e com doença limitadora do tempo de vida e vai utilizar a morfina até a sua morte, a dependência física deixa de ser um problema, desde que se lembre a necessidade de continuar o narcótico mesmo após uma grande cirurgia e na UTI, para evitar reação de abstinência. No paciente crônico não oncológico com uso prolongado de opióides, a sobrevida poderá ser longa e as dores podem desaparecer, podendo-se chegar a suspender o uso de morfina seguindo o esquema de detoxificação descrito adiante. Dependendo do tempo total de uso de morfina e do lento ou rápido desaparecimento da dor, a cessação do uso de morfina faz-se menos ou mais rapidamente, guiandose pelo aparecimento de diarréia e cólicas e/ou sinais de agitação psicomotora, o que vai orientar o tempo de redução da dose do opióide. Lembrar de suspender os laxantes. 37. Como prevenir a reação de abstinência ao retirar a morfina de um paciente com dor que finalmente é controlada? Um paciente faz analgesia regular com opióide forte, por exemplo, para dor de gangrena de um membro. Quando houver delimitação da lesão e amputação cirúrgica, 44 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL esta dor irá diminuir muito. Mas se o opióide for suspenso abruptamente é possível que ele apresente Síndrome de Abstinência. Portanto, toda vez que um paciente usa opióide forte por 15 dias ou mais, se deve prevenir a Síndrome de Abstinência da seguinte forma: Diminuir a cada dia (ou a intervalos maiores dependendo da duração total da analgesia) a dose total diária de morfina em 20 a 25 %, além de dividí-la em 4 doses (a cada 6 horas), caso não haja mais dor. Quando a dose total diária chegar a 30 mg, podese suspender a morfina no dia seguinte. 38. A dependência psicológica e o vício. Não só os profissionais da saúde, mas os próprios pacientes têm um preconceito irreal contra o uso de opióides. A dependência psicológica ou vício é definida como um padrão comportamental de uso de uma droga, caracterizado pela compulsão irresistível de usá-la, bem como de assegurar a sua provisão constante, e pelo alto índice de recidiva após tratamento (Jaffe 1980). Não gosto do termo "vício", mas passaremos a usá-lo por ter mais força. A dependência física é um fenômeno neuro-farmacológico e a dependência psíquica (vício) é um fenômeno neuro-farmacológico e comportamental. As duas podem até coincidir, mas não são a mesma coisa. Temos que considerar, aqui, duas hipóteses: 1. Do paciente sem história prévia de dependência tornar-se um "viciado" (drogadicto). 2. Do paciente "viciado" necessitar de opióides para tratar da dor12. Nesse último caso há ainda duas hipóteses: O paciente poderá ou não dividir suas doses de opióide com outro drogadicto, eventualmente até forçado por outro. A experiência e a literatura11 nos confirmam que é muito raro um paciente sem antecedentes tornar-se um drogadicto. Para isso é necessário que ele tenha uma tendência genética, alteração de personalidade anterior ou condições emocionais e sociais predisponentes. COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 45 Também é muito raro um paciente sem história de dependência tornar-se um dependente físico com doses mínimas de opióides13. Ocasionalmente, há necessidade de prover analgesia durante o pós-operatório de um paciente drogadicto12. Nesse caso, há necessidade de planejar junto com ele a maneira como será feita a analgesia. Negar analgesia satisfatória a qualquer paciente é um ato desumano e imoral. No paciente drogadicto14 não deve haver preocupação em tornar a "viciá-lo", mas sim controlar com regras fixas a analgesia e o fornecimento de medicamentos. 39. O uso de opióides em paciente de dor crônica benigna Portnoy15 faz uma série de recomendações para justificar o emprego de opióides no manuseio do paciente de dor crônica não oncológica: a) A dor deve ceder evidentemente com o uso da morfina. b) O médico deverá ter um método objetivo para avaliar os resultados. A ausência de resultados é justificativa para encerrar o tratamento. c) O uso da morfina deverá produzir uma melhora evidente na capacidade funcional do paciente. d) A prescrição deverá ser por período limitado e com o controle constante de possíveis efeitos colaterais. e) Um só médico deve permanecer no controle da medicação. A troca do médico responsável deverá ser feita por escrito e com aquiescência tanto do paciente como do médico. Recomendamos que o médico e o paciente façam um contrato por escrito, que fixa as responsabilidades de cada um, mais ou menos nos seguintes termos16: Documento da relação de confiança entre o médico e o paciente que irá usar medicamento opióide para dor não oncológica: 46 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL O paciente seguirá as recomendações do médico para melhorar seu desempenho funcional; O médico supervisionará e lhe fornecerá a medicação necessária, conforme o resultado funcional e biopsicosocial; O paciente concorda com a proposta de controle pelo médico e a suspensão da medicação caso não haja melhora funcional; Além disto, recomendamos: fazer um controle efetivo do número de comprimidos fornecidos; Só um médico deve receitar para o paciente especificado, e aceito por contrato; Desconfie do paciente que pessoalmente ou por intermédio do familiar procura medicação fora de seu dia de consulta ou cuja medicação acabe antes do tempo previsto; O médico deverá também fazer uma avaliação funcional do paciente e indicar o paciente a fazer fisioterapia, com o mínimo de dor, para melhorar sua capacidade funcional. Hoje em dia consideramos história de alcoolismo em paciente jovem, uso de drogas no passado ou presente como condições que exigem cautela durante o uso de opióides. 40. Tratamento co-analgésico MEDICAMENTOSO: Bifosfonatos, calcitonina: em dores ósseas. Corticoesteróides: na hipertensão craniana, invasão de sistema nervoso (espaço peridural, plexos), anorexia, desnutrição, hipercalcemia, leucopenia, astenia, sudorese, linfangite, carcinomatose, dispnéia obstrutiva e em todas as circunstâncias em que haja possibilidade de se obter alívio por diminuição de edema inflamatório local. COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 47 Antidepressivos: na depressão. Antidepressivos tricíclicos, anticonvulsivantes: na dor neuropática. Ansiolíticos: nas fases de ansiedade aguda e nas contraturas musculares. Antibióticos: em úlceras ou feridas infectadas, infecção urinária, pulmonar e outras decorrentes de complicações do tratamento ou conseqüentes à própria neoplasia. Capsaícina tópica: na neurite pós-herpética ou neurites circunscritas. NÃO MEDICAMENTOSO: Radioterapia focal ou hemicorporal: na compressão por metástases dolorosas como na compressão medular, do plexo braquial, do mediastino. Intervenção cirúrgica paliativa: derivação nas obstruções. Fixação ou Imobilização de fratura patológica. Contenção Elástica de fratura de costela. Técnicas especiais: perfusão seletiva e embolização. Técnicas de relaxamento, cognitiva-comportamental, psicoterapia: redução da ansiedade, adaptação e aceitação da doença. 48 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 41. Conclusões finais: A morfina oral não é o tratamento ideal de qualquer tipo de dor, mas é um avanço importante para o alívio dos que sofrem dor física que, quando intensa, denigre nossa dignidade. A dor é uma experiência somato-psíquica, em que o componente físico pode se modificar sob a influência de fatores emocionais, sociais e também espirituais. É necessário que o médico tenha em conta todos esses fatores, para não se contentar com resultados medíocres com o uso de analgésicos potentes. Todo paciente, bem como seu ambiente familiar, devem merecer a sua atenção. Por isso o conceito de DOR TOTAL deve ficar sempre evidente e pode ser esquematizado da seguinte forma: ANSIEDADE - Medo do hospital - Medo de sofrer - Medo de morrer - Incertezas econômicas DOR FÍSICA - Câncer - Lesões decorrentes do tratamento - Patologia pré-existente RAIVA - Problemas administrativos - Diagnóstico incerto - Relação Médico-Paciente - Fracassos Terapêuticos DEPRESSÃO - Perda da posição social - Perda da posição familiar - Fadiga e insônia - Sensação de abandono - Modificação corporal COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 49 Anexo 1: FICHA DE ACOMPANHAMENTO DOMICILIAR17 Nome: Data: Medicação Regular para Dor: Medicação de URGÊNCIA em caso de DOR Medicamento: Concentração: Nº de Comp.: Horário: Medicamento: Concentração: Nº de Comp.: Horário: até de MEDICAÇÃO DE URGÊNCIA EM CASO DE DOR e fazer as anotações abaixo. Dia/ Mês Hora da Medicação de Urgência Intensidade da Dor ANTES da Medicação de Urgência Intensidade da Dor 1 hora DEPOIS da Medicação 50 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL Horas de sono DIA NOITE (6:00 às 18:00) (18:00 às 6:00) Evacuação Referências 1. O alívio da dor do câncer (2a edição) do Ministério da Saúde - INCA em colaboração com a OMS. ISBN 057318.030.7 2. Ready, L.B., Edwards, W.T.- Tratamento da dor aguda - IASP/Ed Rewinter 1995. ISBN 85-7309-032-4 3. Jacox, A, Carr, D.B, Payne, R., et al. Management of Cancer Pain. Clinical Practice Guideline Nº 9. AHCPR Publication Nº 94-0592. Rockville, MD. Agency for Health Care Policy and Research, U.S. Department of Health and Human Services, Public Health Service, March, 1994. 4. Inturrisi, C.E., Colburn, W.A., Kaiko R.F., et all. Pharmacokinetics and pharmacodynamics of methadone in patients with chronic pain - Clin Pharmacol. Ther. (1987) 392-401. 5. Ripamonti C., Zecca E., Bruera E. - An update on the clinical use of methadone in cancer pain - Pain 70 (1997) 109-115. 6. Bruera E., Pereira J., Watanabe S., Belzile M., Kuehn N., Hanson J. - Opioid rotation in patients with cancer pain. A retrospective comparison of dose ratios between methadone, hydromorphone and morphine - Cancer 78; (1996) 852-857. 7. Morley J.S., Makin, M.K. - Comments on Ripamonti - Pain 70 (1997) 109. 8. Mercadante, S., Sapio, M., Serretta, R., Caligari, M. - Patient controlled analgesia with oral methadone in cancer pain. Ann. Oncol. 7; (1996) 613-617. 9. Storey, P.- Alternative Routes for Administering Analgesics at Home in Assessment and treatment of cancer pain - coleção Progress in Pain Research and Management - IASP vol 12, pg 309-319; ISBN 0-931092-21-3. 10. Chabal, C., Erjavec, M.K., Jacobson, L., Mariano, A., Chaney, E. - Prescription opiate abuse in chronic pain patients: clinical criteria, incidence and predictors - Clin. J. Pain 13 (1997), 150-155. COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL 51 11. Porter, J., Jick, H. - Addiction rare in patients treated with narcotics - N. Engl. J. Med 302 (1980) 123. 12. Rapp, S.E., Ready, L.B., Nessly, M.L. - Acute pain management in patients with prior opioid consumption: a case-controlled retrospective review - Pain 61 (1995) 195-201. 13. Devulder, J., Bohyn, P., Castille, F. et al. - A case of uncommon withdrawal symptoms after a short period of spinal morphine administration - Pain 64 (1996) 589-591. 14. Breitbart, W., Rosenfeld, B., Passik, S. et al. A comparison of pain report and adequacy of analgesic therapy in ambulatory AIDS patients with and without a history of substance abuse. Pain 72 (1997) 235-243. 15. Bruera, E. - Methadone: an essencial analgesic to manage pain in cancer, Cancer Pain Release, Vol. 18, nº 1, 2005 (http. www.whocancerpain.wisc.edu). 16. Spiegel, P., Hennemann, L., Fortuna, A. Termo de consentimento livre e esclarecido para o uso de opióides em paciente de dor crônica não oncológica. Rev. DOR P.C.T., SBED 2004. 5(2) (abril, maio,junho) 300-305. 17. Spiegel,P., Hennemann,L. - Ficha de Acompanhamento Domiciliar, Rev. DOR P.C.T., SBED 2004: 5(3) 373-378. 52 COMO UTILIZAR OPIÓIDES POR VIA ORAL AMYTRIL® comprimidos revestidos 25 ou 75mg - cloridrato de amitriptilina – USO PEDIÁTRICO E ADULTO – INDICAÇÕES: Estado depressivo de todas as naturezas. Também é indicado no tratamento da enurese em casos onde todas as patologias orgânicas tenham sido excluídas. CONTRA-INDICAÇÕES: Hipersensibilidade à droga ou aos componentes da fórmula. Não deve ser ministrada simultaneamente com inibidores da MAO. Não se recomenda a utilização da droga durante a recuperação da fase aguda do infarto do miocárdio e glaucoma de ângulo estreito. CUIDADOS E ADVERTÊNCIAS: Cuidado em pacientes com antecedentes convulsivos, disfunção hepática, história de retenção urinária, glaucoma de ângulo estreito ou aumento de pressão intra-ocular. A amitriptilina pode produzir arritmias, taquicardia sinusal e prolongamento do tempo de condução quando em altas doses. Pacientes com hipertireoidismo tem que estar sob estrita vigilância quando medicados com amitriptilina. Pode ocorrer aumento da resposta ao álcool, aos barbitúricos e outros depressores do SNC. Pacientes potencialmente suicidas, não devem ter acesso a grandes quantidades deste produto, devendo as prescrições serem as mínimas possíveis. Uso na gravidez: Não foi estabelecida a segurança do uso de amitriptilina na gravidez e lactação. Ao administrar-se o medicamento às gestantes, ou mulheres passíveis de engravidar, deve-se pesar os riscos envolvidos contra os benefícios esperados. Amamentação: A droga é excretada no leite materno. Devido ao potencial para sérias reações adversas em crianças em fase de amamentação, a decisão deve ser descontinuar a amamentação ou o produto, levando-se em consideração a necessidade do produto para a mãe. Uso em pediatria: Em razão da falta de experiência com o uso desta substância em crianças, não se recomenda para os menores de 12 anos. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Outros antidepressivos: Normalmente a utilização concomitante de outros antidepressivos não resulta em benefício terapêutico adicional. O uso combinado de antidepressivos deve ser realizado com o devido reconhecimento da possibilidade de potenciação para se evitar reações indesejáveis. Agentes anticolinérgicos / Drogas simpatomiméticas: Quando a amitriptilina é administrada em conjunto com estes agentes, há necessidade de ajustes na posologia e acompanhamento médico. Pode ocorrer hiperpirexia quando há administração de amitriptilina com agentes anticolinérgicos ou com drogas neurolépticas. Cimetidina: O metabolismo hepático de certos antidepressivos tricíclicos é reduzido pela cimetidina, diminuindo a eliminação e aumentando as concentrações do estado de equilíbrio destas drogas. Guanitidina: A amitriptilina pode bloquear a ação anti-hipertensiva da Guanitidina ou de compostos de ação similar. Dissulfiram: A administração concomitante de amitriptilina e dissulfiram pode provocar delírio. Depressores do SNC: Amitriptilina pode aumentar a resposta do álcool, os efeitos dos barbitúricos e de outros depressores do SNC. É aconselhável precaução se o paciente receber concomitantemente grande dose de etclorvinol. REAÇÕES-ADVERSAS: Cardiovascular: infarto do miocárdio; icto cerebral; mudanças não específicas do ECG e mudanças na condução atrioventricular; bloqueio cardíaco; arritmias; hipotensão ortostática; síncope; hipertensão; taquicardia; palpitação. SNC e Neuromuscular: coma; convulsão; alucinações; delírio; estados confusionais; desorientação; incoordenação; ataxia; tremores; neuropatia periférica; torpor; formigamento; parestesias das extremidades; sintomas extrapiramidais; movimentos e discinesia tardia; disartria; distúrbio de concentração; excitação; ansiedade; insônia; inquietação; pesadelos; sonolência; vertigem; fraqueza; fadiga; cefaléia; síndrome de secreção do hormônio antidiurético inadequada; tinido; alteração nos padrões do EEG. Anticolinérgico: íleo paralítico, hiperpirexia, retenção urinária, dilatação do trato urinário, constipação, turvação visual, distúrbios da acomodação, aumento da pressão intra-ocular, midríase, secura da boca. Alérgico: rash cutâneo, urticária, fotossensibilização, edema da face e língua. Hematológico: depressão da medula óssea incluindo agranulocitose, leucopenia, trombocitopenia; púrpura, eosinofilia. Gastrintestinal: alteração de função hepática alterada e icterícia; náusea; desconforto epigástrico; vômito; anorexia; estomatite, alteração do paladar; diarréia; tumefação da parótida; língua negra. Endócrino: no homem tumefação testicular e ginecomastia; na mulher: aumento das mamas e galactorréia; aumento ou diminuição da libido; impotência; aumento ou diminuição da glicemia. Outros: alopecia; edema; aumento ou perda de peso; freqüência urinária; aumento da perspiração. Sintomas de abstinência: a interrupção abrupta do tratamento pode produzir náusea, cefaléia e mal-estar. A redução gradual da posologia pode produzir sintomas transitórios como irritabilidade, inquietação e distúrbios do sonho e sono. Esses sintomas não são indicativos de adicção. POSOLOGIA: Iniciar em nível baixo e gradualmente aumentar segundo resposta clínica. Posologia Inicial para Adultos em Ambulatório: - 75 mg/dia em doses fracionadas podendo ser aumentada até 150 mg/dia. Posologia de Manutenção para Adultos em Ambulatório: - 50 a 100 mg/dia, de preferência à noite em uma única dose. Alcançada a melhora, reduzir até a mínima dose necessária. Posologia para Pacientes Hospitalizados: iniciar com 100 mg/ dia, gradualmente aumentados segundo a necessidade até 200 mg/dia. Alguns pacientes necessitam de 300 mg/dia. Posologia para Adolescentes e Idosos: iniciar com doses de 50 mg/dia, em doses fracionadas. Uso na Enurese: 10 mg à noite ao deitar-se ou aumentando-se segundo as necessidades. CRISTÁLIA - Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda. - Farm. Resp.: Dr. Joaquim A. dos Reis - CRF-SP n.º 5061 - Rod. Itapira-Lindóia, km 14 - Itapira-SP - CNPJ N.º 44.734.671/0001-51 - SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente): 0800 701 19 18 – CLASSIFICAÇÃO: VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA – VENDA SOB RETENÇÃO DE RECEITA – Reg. MS N.º 1.0298.0225 – A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. ® ® ® CODEIN comprimidos 30 ou 60mg – CODEIN solução oral 3mg/ml– CODEIN solução injetável 30mg/ml – fosfato de codeína – USO ADULTO OU PEDIÁTRICO – INDICAÇÕES: alívio da dor moderada. CONTRA-INDICAÇÕES: diarréia associada à colite pseudomembranosa causada por cefalosporina, lincomicina ou penicilina e em casos de diarréia causada por envenenamento; pacientes alérgicos à codeína ou outros opióides; nos casos de depressão respiratória; quando há dependência a drogas; condições onde há aumento da pressão intracraniana; arritmia cardíaca; convulsão; função hepática ou renal prejudicada; inflamação intestinal; hipertrofia ou obstrução prostática; hipotireoidismo, cirurgia recente do trato intestinal ou urinário. CUIDADOS E ADVERTÊNCIAS: Gravidez: Deve ser considerado o risco/benefício uma vez que o analgésico opióide atravessa a placenta. O uso regular durante a gravidez pode causar dependência física ao feto, causando ao recém nascido: convulsões, irritabilidade, febre, vômitos e diarréia. Trabalho de parto: o uso do analgésico durante o trabalho de parto pode resultar na depressão respiratória do recém-nascido. Amamentação: O fosfato de codeína é excretado no leite materno. A relação risco/benefício deve ser considerada. Uso pediátrico: Crianças até 2 anos de idade são mais suscetíveis aos efeitos, sobretudo depressão respiratória. Uso em idosos: Pacientes idosos são mais suscetíveis a efeito de depressão respiratória, pois metabolizam e eliminam o medicamento de forma mais lenta. Para estes pacientes as doses devem ser diminuídas ou mais espaçadas. Pacientes idosos com hipertrofia ou obstrução prostática e enfraquecimento da função renal, apresentam retenção urinária quando fazem uso de analgésico opióide. Odontologia: Analgésico opióide diminui ou inibe a formação de saliva, contribuindo para o desenvolvimento da cárie, doença periodontal, candidíase oral e certo desconforto. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Os efeitos depressores da codeína são potencializados pela administração concomitante de outros depressores de SNC como o álcool, sedativos, anti-histamínicos ou drogas psicotrópicas (IMAO e antidepressivos tricíclicos). REAÇÕESADVERSAS: constipação e sonolência. São também relatados: erupção na pele e inchaço da face; depressão respiratória, broncoespasmo, edema e espasmo da laringe; estimulação paradoxal do SNC, especialmente em crianças; confusão, alteração na pulsação; liberação da histamina, diminuição da pressão arterial, efeito antidiurético, visão dupla ou nublada; secura da boca; sensação de desconforto; hipotensão; perda de apetite; náuseas e vômitos; espasmo uretral; tontura, sensação de desmaio; falsa sensação de bem estar. Raramente: convulsões, alucinações, depressão; rigidez muscular, íleo paralítico, espasmo biliar, perda de controle dos músculos do movimento, perturbação do sono e pesadelos. As síndromes de abstinência são mais leves que as determinadas por outros agonistas opióides fortes. Pode ainda ocorrer: vermelhidão, dor, inchaço, sensação de queimação no local da injeção. POSOLOGIA: Administração oral para adultos: a dosagem para adultos é usualmente de 30 mg (15 a 60 mg), a cada 3 ou 6 horas. O limite de administração é de até 120 mg/dia. Administração oral para crianças: o uso de codeína para obtenção analgésica em prematuros ou recém-nascidos, não é recomendado. Para crianças maiores a dose deve ser de 0,5 mg/kg a cada 4 a 6 horas. CRISTÁLIA - Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda. - Farm. Resp.: Dr. Joaquim A. dos Reis - CRF-SP n.º 5061 - Rod. Itapira-Lindóia, km 14 - Itapira-SP - CNPJ N.º 44.734.671/000151 - SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente): 0800 701 19 18 – CLASSIFICAÇÃO: VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA – VENDA SOB RETENÇÃO DE RECEITA – Reg. MS N.º 1.0298.0199 – A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. ® ® ® DIMORF comprimidos 10 ou 30mg – DIMORF solução oral 10mg/ml – DIMORF solução injetável 0,2mg/ml, 1mg/ml ou 10mg/ ® ® ml– DIMORF LC (cápsulas com microgrânulos de liberação cronogramada) 30, 60 ou 100mg – DIMORF SP (sem conservante) 1mg/ ® ml ou 10mg/ml – sulfato de morfina – INDICAÇÕES: Dimorf comprimidos, solução oral e LC: alívio da dor aguda e crônica grave. ® Dimorf solução injetável e SP: alívio da dor que não responde a nenhum outro analgésico narcótico sistêmico. Aplicado por via peridural ou intratecal promove o alívio da dor por períodos maiores. Na dor do parto quando administrado via intratecal. Na suplementação da ® anestesia geral, regional ou local. CONTRA-INDICAÇÕES: hipersensibilidade à morfina e a outros opióides. Dimorf comprimidos, solução oral e LC: insuficiência ou depressão respiratória, depressão grave do sistema nervoso central, crise de asma brônquica, insuficiência cardíaca secundária, doença pulmonar obstrutiva crônica, arritmias cardíacas, aumento da pressão intracraniana ou traumatismo crânio-encefálico, tumor cerebral, alcoolismo agudo, delirium tremens, desordens convulsivas, após cirurgia do trato biliar, cirurgia no abdômen, anastomose cirúrgica, administração conjunta com inibidores da MAO ou após um período de 14 dias com ® este tratamento. Dimorf solução injetável e SP: (além das já referidas) problemas de coagulação causados por terapia anticoagulante ou doenças hematológicas. Dependência de analgésicos opióides. A administração por via peridural ou intratecal está contra-indicada na presença de infecção no local da injeção, terapia anticoagulante, diátese hemorrágica, administração parenteral de corticosteróides num período inferior a duas semanas ou outra droga ou condição médica que contra-indique as técnicas peridural ou intratecal. CUIDADOS E ADVERTÊNCIAS: Cuidado em pacientes idosos ou debilitados, na presença de aumento da pressão intra-ocular/ intracraniana, em pacientes com danos cerebrais, problemas renais ou do fígado, Doença de Addison, hipotiroidismo, estreitamento da uretra e aumento da próstata. Deve ser administrado em doses reduzidas a pacientes que estejam tomando conjuntamente outros analgésicos gerais, fenotiazinas, outros tranqüilizantes, antidepressivos tricíclicos e outros depressores do m:SNC, inclusive álcool. A miose pode obscurecer o curso da patologia intracraniana. Depressão respiratória, hipotensão, sedação profunda e coma podem ocorrer. Pode ocorrer convulsão em conseqüência de altas doses em pacientes com história pregressa de convulsão. Os efeitos depressores da morfina sobre a respiração e sua capacidade de elevar a pressão do fluido cérebro espinhal podem ser exacerbados na presença de aumento da pressão intracraniana. Como outros narcóticos a morfina pode causar hipotensão ortostática. A morfina pode causar dependência física ou psíquica. O sulfato de morfina só deve ser administrado em pacientes grávidas quando não há outro método de controle da dor e que serão monitoradas durante o parto. A morfina é excretada no leite humano, portanto deve haver muito cuidado na administração a pacientes que estejam amamentando. Pode haver alteração das habilidades mentais e/ou físicas necessárias para a realização de tarefas potencialmente perigosas tais como dirigir veículos e operar máquinas. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Os efeitos depressores da morfina podem ser potencializados por alcalinizantes, clorpromazina, metocarbamol, anestésicos, hipnóticos, barbitúricos, fenotiazidos, cloral hidratado, glutetimida, sedativos, inibidores da MAO (incluindo o cloridrato de procarbazina), antihistamínicos, betabloqueadores (propranolol), álcool, furazolidona e outros opióides e podem ser antagonizados pelos agentes acidificantes. A morfina pode aumentar a atividade anticoagulante da cumarina e outros anticoagulantes. Antibióticos: Há algumas evidências de que a capacidade indutora enzimática da rifampicina pode reduzir as concentrações séricas de morfina e diminuir seu efeito analgésico; indução das enzimas responsáveis pela conversão de morfina para o metabólito ativo glicuronato não pareceu ocorrer. Benzodiazepínicos: Efeito sedativo aditivo pode ser esperado entre os analgésicos opióides e benzodiazepínicos. Este efeito aditivo tem sido relatado quando há associação de morfina e midazolam. Cisaprida: Tem sido relatado aumento da concentração de morfina no plasma quando há administração concomitante de cisaprida por via oral. Anestésicos locais: O uso prévio de cloroprocaína epidural foi relacionada à redução da duração da analgesia epidural da morfina. Metoclopramida: O efeito sobre a motilidade gástrica é reduzido pela morfina. Antidepressivos tricíclicos: a clomipramida e a amitriptilina aumentaram significativamente a disponibilidade de morfina no plasma. Nota-se, entretanto, que a potencialização dos efeitos analgésicos da morfina por essas drogas pode ser atribuída apenas pelo aumento da biodisponibilidade da morfina. A dose de tricíclicos a ser utilizada concomitantemente com morfina, em tratamento da dor de câncer, é melhor estipulada pela avaliação clínica do que por dados farmacocinéticos. REAÇÕES ADVERSAS: Aparelho Respiratório e Circulatório: depressão respiratória, circulatória, parada respiratória, choque, parada cardíaca, rubor na face, bradicardia, palpitação, desmaio, síncope e transpiração. Sistema Nervoso Central: tontura, vertigem, sedação, euforia, desconforto, fraqueza, cefaléia, insônia, agitação, desorientação e distúrbios visuais. Gastrintestinal: boca seca, anorexia, náusea, vômito, constipação e espasmo no trato biliar. Geniturinário: Retenção urinária, efeito antidiurético e redução da libido e/ou impotência. Alérgico: Prurido, urticária, outras erupções cutâneas, edema e raramente urticária hemorrágica. A administração, na forma de bolus, pela via intratecal ou peridural, pode apresentar uma rápida depressão respiratória. A excitação do SNC resultando em convulsões aparece após ® ® administração de altas doses intravenosas de morfina. A Naloxona (Narcan ) é o antídoto para as reações adversas graves de Dimorf . ® ® POSOLOGIA: Dimorf comprimidos: adultos: 15 a 30mg cada 4 horas. Dimorf solução oral: 10 a 30mg a cada 4 horas. Dose oral ® pediátrica: deve ser individualizada pelo médico. A dose média recomendada, na administração por via oral é de 0,3 a 0,6mg/kg. Dimorf solução injetável: dosagem para administração peridural em adultos: a dose inicial de 5 mg na região lombar pode proporcionar alívio da dor por até 24 horas e, se o adequado alívio da dor não for conseguido dentro de 1 hora, administrar cuidadosamente doses incrementais de 1 a 2 mg. Para infusão contínua, uma dose inicial de 2 a 4 mg/24 horas é recomendada. Doses complementares de 1 a 2 mg podem ser administradas se o alívio da dor não foi conseguido inicialmente. Administração intratecal: a dose é normalmente 1/ 10 da utilizada na administração peridural. Dosagem para via intratecal em adultos: injeção de 0,2 a 1mg proporciona satisfatório alívio ® da dor por até 24 horas. Dimorf LC: uma cápsula de 30 mg, 60 mg ou 100 mg a cada 12 horas (após titulação da dose) ou segundo ® orientação médica. Dimorf SP: administração intramuscular: a dose inicial deverá ser de 5 a 20mg/70 kg de peso. Administração intravenosa: a dose inicial deverá ser de 2 a 10mg/70 kg de peso. Administração peridural: dosagem para via peridural em adultos: a ® posologia é a mesma que para Dimorf solução injetável. Administração intratecal: a dosagem intratecal é normalmente 1/10 da ® dosagem peridural. Dosagem para via intratecal em adultos: a posologia é a mesma que para Dimorf solução injetável. CRISTÁLIA - Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda. - Farm. Resp.: Dr. Joaquim A. dos Reis - CRF-SP n.º 5061 - Rod. Itapira-Lindóia, km 14 Itapira-SP - CNPJ N.º 44.734.671/0001-51 - SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente): 0800 701 19 18 – CLASSIFICAÇÃO: VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA – VENDA SOB RETENÇÃO DE RECEITA – Reg. MS N.º 1.0298.0097 – A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. MYTEDOM® comprimidos 5 ou 10mg – MYTEDOM® solução injetável 10mg/ml – cloridrato de metadona – USO PEDIÁTRICO E ADULTO – INDICAÇÕES: indicado para o alívio da dor aguda e crônica; tratamento de desintoxicação de adictos em narcóticos, em conjunto com serviços médicos e sociais adequados; terapia de manutenção temporária de adictos em narcóticos. CONTRAINDICAÇÕES: Hipersensibilidade a algum dos componentes da fórmula. Insuficiência respiratória grave. CUIDADOS E ADVERTÊNCIAS: Produz dependência semelhante à da morfina. A dependência física e psíquica e a tolerância podem desenvolverse após repetida administração, motivo pelo qual a sua administração deve ser criteriosa. Este medicamento deve ser usado com cautela e a dose inicial deve ser reduzida em idosos ou debilitados, para pacientes com grave diminuição da função hepática e renal, hipotireoidismo, doença de Addison, hipertrofia prostática ou estreitamento uretral. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: – álcool:- ocorre aumento do efeito sedativo da metadona. A alteração do estado de vigilância pode tornar perigosa a condução de veículos ou a utilização de máquinas.– agonistas/antagonistas morfínicos:- há o aparecimento de sintomas de supressão pelo bloqueio competitivo dos receptores. – inibidores da monoamino oxidase (IMAO):- Pode haver estímulo ou depressão do SNC. Deve-se evitar a associação de um IMAO durante o tratamento ou durante as duas semanas que precedem um tratamento com metadona. As seguintes associações devem ser consideradas: – outros derivados morfínicos:- pode ocorrer depressão respiratória por potencialização dos efeitos depressores dos morfínicos. – outros depressores do SNC:- certos antidepressivos, anti-histamínicos H1, sedativos, barbitúricos, benzodiazepínicos, outros ansiolíticos que não os benzodiazepínicos, neurolépticos, clonidina e similares: ocorre aumento da depressão central. – fluoxetina e outros serotoninérgicos:- ocorre aumento das taxas plasmáticas de metadona. – cimetidina:- há potencialização dos efeitos da metadona por deslocamento dos sítios de fixação protéica. – rifampicina, fenitoína e outros indutores enzimáticos hepáticos:- diminuição dos efeitos da metadona e risco de síndrome de abstinência. – acidificantes e alcalinizantes urinários:- aumento do clearance da metadona ao pH ácido e diminuição ao pH alcalino. REAÇÕES ADVERSAS: Os maiores riscos são a depressão respiratória e, em menor grau, depressão circulatória, parada respiratória, choque e parada cardíaca. As reações adversas mais freqüentemente observadas incluem, delírio, tontura, sedação, náuseas, vômitos e transpiração. Estes efeitos parecem ser mais pronunciados em pacientes ambulatoriais e naqueles que não estão sofrendo de dor grave. Para estes pacientes recomendam-se doses menores. Outras reações adversas incluem: euforia, disforia, fraqueza, dor de cabeça, insônia, agitação, desorientação e distúrbios visuais; boca seca, anorexia, constipação e espasmo do trato biliar; rubor da face, bradicardia, palpitação, desmaio e síncope; retenção urinária, efeito anti-diurético, redução da libido e/ou potência; prurido, urticária, edema, outras erupções na pele e, raramente, urticária hemorrágica; trombocitopenia reversível foi descrita em paciente viciado em narcótico, com hepatite crônica. Além disso, dor no local da injeção, irritação local do tecido e endurecimento após injeção subcutânea. POSOLOGIA: Comprimidos –Dor: – Adultos:- 2,5 a 10 mg a cada 3 ou 4 horas, se necessário. Para o uso crônico, a dose e o intervalo da administração devem ser ajustados de acordo com a resposta do paciente. – Crianças:- a dosagem deve ser individualizada pelo médico. Dependência de Narcóticos: – Adultos de 18 anos de idade ou mais:- Para desintoxicação: 15 a 40 mg uma vez ao dia. Para manutenção:- A dose deve ser determinada pelas necessidades de cada paciente, até um máximo de 120 mg. – Crianças até 18 anos de idade:- Condições especiais devem ser atingidas para que possa ser utilizado na dependência de narcóticos em pacientes com menos de 18 anos de idade. Solução Injetável – Dor: – Adultos:- 2,5 a 10 mg, por Via Intramuscular ou Subcutânea, a cada 3 ou 4 horas se necessário. – Crianças:- A dose deve ser determinada pelo médico. Dependência de Narcóticos: – Adultos de 18 anos ou mais:- Para a desintoxicação 15 a 40 mg por dia. O médico deve diminuir gradualmente a dose até que não haja mais necessidade do produto, de preferência em intervalos de 1 ou 2 dias. – Crianças com menos de 18 anos:- O uso e a dose devem ser individualizados pelo médico. CRISTÁLIA - Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda. - Farm. Resp.: Dr. Joaquim A. dos Reis - CRF-SP n.º 5061 - Rod. Itapira-Lindóia, km 14 - Itapira-SP - CNPJ N.º 44.734.671/0001-51 - SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente): 0800 701 19 18 – CLASSIFICAÇÃO: VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA – VENDA SOB RETENÇÃO DE RECEITA– Reg. MS N.º 1.0298.0138 – A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. TRAMADON® solução oral 100mg/ml – TRAMADON® cápsulas 50mg – TRAMADON® solução injetável 50mg/ml – TRAMADON® comprimidos revestidos 100mg – cloridrato de tramadol - USO ADULTO - INDICAÇÕES: alívio da dor de intensidade moderada ou grave, de caráter agudo, subagudo ou crônico. CONTRA-INDICAÇÕES: hipersensibilidade ao cloridrato de tramadol ou a opióides, ou ainda a qualquer um dos componentes das fórmulas; nos casos de intoxicação aguda ou superdosagem por depressores do sistema nervoso central como o álcool, hipnóticos e outros analgésicos; em pacientes sob tratamento simultâneo ou recente (interrupção há menos de 15 dias) com IMAOs; nos casos de insuficiência respiratória severa ou hepatocelular grave. Ainda, é contra-indicado a crianças com menos de 14 anos e em epilepsia não controlada. CUIDADOS E ADVERTÊNCIAS: deverá ser usado com cautela nas seguintes condições: hipersensibilidade aos analgésicos opióides; pacientes idosos e pacientes com insuficiência respiratória; história prévia de convulsões; história de dependência de opióides; pressão intracraniana aumentada; rebaixamento de consciência de origem não estabelecida. O produto somente deverá ser utilizado durante a gravidez quando houver indicações médicas expressas, assim mesmo, a administração deve limitar-se a uma única dose. Durante a lactação deve-se considerar que cerca de 0,1% da dose é excretada no leite materno. Geralmente, não há necessidade de interromper a amamentação após dose única de 100mg. O tramadol administrado antes ou durante o trabalho de parto não afeta a contractilidade uterina. Em recém-nascidos, isto pode induzir alterações na taxa respiratória, normalmente de importância clínica não relevante. Tramadon® não é recomendado durante a lactação. Tramadon® não é indicado para tratamento de síndrome aguda de retirada de narcóticos. Existe tolerância cruzada com outros opióides. Pacientes sob tratamento com este produto devem ser alertados quanto à realização de atividades que exijam atenção, como dirigir veículos ou operar máquinas. Este fato diz respeito particularmente ao uso concomitante de bebidas alcoólicas, devido à possibilidade de potencialização dos efeitos indesejáveis de ambos os fármacos. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Quando utilizado simultaneamente com medicamentos de ação depressora do sistema nervoso central pode verificar-se uma potencialização sinérgica dos efeitos (sonolência). Já foram relatados raros casos de convulsão em pacientes que receberam as doses recomendadas de tramadol. Há um risco aumentado de convulsões quando o tramadol é administrado concomitantemente com antidepressivos (amitriptilina, nortriptilina, selegilina, amoxapina, clorgilina, fluoxetina, sertralina, fluvoxamina, imipramina, moclobemida, etc.) e neurolépticos (sulpirida, clorpromazina, clorprotixeno, flupentixol, haloperidol, pimozida, risperidona, etc.). Os depressores do sistema nervoso central como a codeína, difenidramina, hidrocodona, petidina, talidomida, morfina, etc. têm seus efeitos potencializados pelo tramadol. Os resultados dos estudos de farmacocinética têm demonstrado, até o momento, que interações clinicamente relevantes são pouco prováveis, com a administração prévia ou concomitante de cimetidina. A administração simultânea ou prévia de carbamazepina pode reduzir o efeito analgésico e a duração de ação do tramadol. Outras drogas inibitórias do CYP3A4, tais como o cetoconazol e a eritromicina podem inibir o metabolismo do tramadol (N-desmetilação), provavelmente também o metabolismo do metabólito ativo O-desmetilado. A importância clínica de tal interação não foi ainda estudada. ˚:REAÇÕES ADVERSAS: Podem ocorrer freqüentemente náusea, vômito, secura da boca, cefaléia, tontura e sonolência. Reações adversas pouco freqüentes, relacionadas à função cardiovascular: palpitação, sudorese, taquicardia, hipotensão postural, fadiga e sensação de colapso cardiovascular. Estas reações adversas podem ocorrer particularmente quando o paciente realiza esforços excessivos, após administração intravenosa de Tramadon. Embora de rara incidência, também podem ocorrer cefaléia, constipação, irritação gastrintestinal e reações dermatológicas (prurido, eritema, exantema). Outras reações adversas de incidência muito rara incluem diminuição da capacidade motora, alterações no apetite e incontinência urinária. Em casos muito raros, o produto pode determinar distúrbios de origem psíquica, que variam de intensidade e natureza. Estes distúrbios incluem alterações no humor (geralmente euforia, ocasionalmente disforia), alterações na atividade (geralmente supressão, ocasionalmente elevação) e alterações na capacidade cognitiva e sensorial como comportamento alterado, distúrbios de percepção. Foram relatados casos isolados de convulsão cerebral. Entretanto, quase todos ocorreram após a administração intravenosa de doses excessivas de cloridrato de tramadol ou uso concomitante de medicação neuroléptica ou antidepressiva. As reações alérgicas, por exemplo, dispnéia, broncoespasmo, respiração ofegante, edema angioneurótico e anafilaxia, também têm sido relatadas, e mesmo que em casos muitos raros, não podem ser descartadas, pois podem levar até o choque. Dependendo da sensibilidade individual e da dose empregada, o cloridrato de tramadol pode levar a diferentes níveis de depressão respiratória e sedação (de ligeira fadiga à sonolência) que, entretanto, não ocorrem, quando o produto é administrado por via oral e retal, nas doses recomendadas para o alívio da dor moderada. Muito raramente têm sido relatadas convulsões epileptiformes. Ocorreram principalmente após a administração de tramadol ou após o tratamento concomitante com drogas que podem diminuir o limiar para ataque súbito ou induzir convulsões cerebrais (por antidepressivos ou antipsicóticos). Raramente têm sido reportados casos de aumento na pressão arterial e bradicardia. Também tem sido relatado o agravamento da asma, embora não se tenha estabelecido uma relação causa-efeito. Embora raramente, o tramadol pode produzir casos de dependência após uso prolongado. Podem ocorrer sintomas de síndrome de abstinência, similares àqueles que ocorrem durante a retirada de opióides, tais como: agitação, ansiedade, nervosismo, insônia, hipercinesia, tremor e sintomas gastrintestinais. POSOLOGIA: deve ser individualizada, ajustando-a a intensidade da dor e a resposta de cada paciente. O tratamento da dor crônica exige um esquema fixo de dosagem. A ® posologia a seguir serve como referência para adultos e jovens com mais de 14 anos de idade: Tramadon Cápsulas 50 mg: 1 cápsula ® (50 mg) com um pouco de água; Tramadon Solução Oral: cerca de 20 gotas (50 mg) com um pouco de água pura ou açucarada. ® Tramadon Ampolas 50 mg e 100 mg: Via intravenosa, o conteúdo de 1 ampola por injeção lenta ou em solução por gotejamento; Via ® intramuscular, o conteúdo de 1 ampola. Tramadon Comprimidos Revestidos Retard 100 mg: 1 comprimido revestido (100 mg) com um ® pouco de água, de preferência pela manhã e à noite. Tramadon deve ser administrado fora das refeições. Quando necessário, as doses acima poderão ser repetidas, a cada 4-6 horas. Normalmente não se deve exceder doses de 400 mg/dia independentemente da via de administração. Em casos de insuficiência renal ou hepática, a duração da ação do cloridrato de tramadol pode ser prolongada. Nestes casos recomenda-se dose de 50 mg a cada 12 horas. É discutível se a dose para idosos deve ser menor. CRISTÁLIA - Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda. - Farm. Resp.: Dr. Joaquim A. dos Reis - CRF-SP n.º 5061 - Rod. Itapira-Lindóia, km 14 - Itapira-SP - CNPJ N.º 44.734.671/0001-51 - SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente): 0800 701 19 18 – CLASSIFICAÇÃO: VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA – VENDA SOB RETENÇÃO DE RECEITA – Reg. MS N.º 1.0298.0261 – A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. DC-UVF-LD-12.000-7º-78-Jul/2006 apoio: