Liga Árabe forma Força Militar Conjunta em meio à Crise no Iêmen

Propaganda
CEIRI NEWSPAPER
O Principal Portal de Relações Internacionais do Brasil
http://www.jornal.ceiri.com.br
Liga Árabe forma Força Militar Conjunta em meio à Crise no
Iêmen
Author : Natalia Nahas Carneiro Maia Calfat - Colaboradora Voluntária Júnior 1
Categories : ANÁLISES DE CONJUNTURA, ORIENTE MÉDIO
Date : 6 de abril de 2015
Líderes árabes concordaram no último domingo, 29 de março, em estabelecer uma Força Militar
Conjunta para “responder às ameaças à segurança enfrentadas pelos países membros”[1]. O anúncio foi
feito no dia do encerramento da cúpula da Liga Árabe no Mar Vermelho, no balneário egípcio de Sharm
el-Sheikh, em meio a uma crescente crise no Iêmen e à ameaça de jihadistas que fazem grandes
avanços no Iraque, Síria e Líbia[1][2]. De acordo com Nabil al Araby, Presidente da Liga Árabe, o
processo de criação de uma Força Conjunta pode levar de cinco a seis meses. Apesar de não haver
nenhuma indicação que esta Força seria implementada no Iêmen, Al Araby disse à Cúpula da Liga que
os ataques aéreos continuarão “até que as milícias houthi se retirem e entreguem as armas”[2].
Uma coalizão multinacional de dez países, liderada pela Arábia Saudita lançou, no último 25 de março,
ataques aéreos no país para enfraquecer os rebeldes xiitas houthi, sob conivência do presidente
iemenita Abd-rabbuh Mansour Hadi. Os avanços houthis obrigaram-no a fugir do país em direção à
Riad[1]. Correspondentes internacionais descrevem o conflito como uma guerra por procuração entre as
nações árabes sunitas do golfo e os xiitas do Irã[2]. A Arábia Saudita acusa os houthis de serem
apoiados pelo seu rival regional, o Irã, o que é negado pelos rebeldes. No último sábado o Presidente
iemenita acusou Teerã de desestabilizar o país, chamando os houthis de “lacaios do Irã”. Os houthis
declararam que seu objetivo é substituir o governo de Mansour Hadi, que acusam de ser corrupto[2].
Os milicianos houthis, também conhecidos Ansar Allah, representam uma minoria xiita (zaydi) que
compõe cerca de um terço da população do Iêmen. O grupo emergiu como a força mais poderosa no
país mais pobre da Península Arábica no ano passado, quando capturaram a capital Sanaa em
setembro, derrubando o Governo de Transição amplamente impopular. A luta trouxe a guerra civil para
o país que já rumava em direção ao caos e vinha sendo campo de batalha para a guerra norte-americana
de drones contra a Al Qaeda[3][4].
A disputa entre os houthis e o presidente iemenita Mansour Hadi é explosiva, porém não única. As
tensões também são inquietantes no que tange a recente aliança de conveniência entre os houthis e o
ex-presidente Ali Abdullah Saleh, que, depois de ter sido deposto em 2011, se aproveitou da
insatisfação popular e tacitamente se aliou com os houthis para encenar um retorno político através seu
partido, o Congresso Geral do Povo (GPC), e, possivelmente, de seu filho, Ahmed Ali Abdullah
Saleh[4]. Os xiitas zaydi governaram um reino de mil anos no Iêmen até 1962. O próprio ex-presidente
Saleh é um membro da seita, embora tenha tentado esmagar os houthis no exercício de seu mandato,
para apenas aliar-se com eles depois de sua queda[3][4].
1/3
CEIRI NEWSPAPER
O Principal Portal de Relações Internacionais do Brasil
Divisõeshttp://www.jornal.ceiri.com.br
no sul, que era um Estado independente antes de sua união com o norte, em 1990, são também
galopantes. Separatistas do sul são divididos internamente e receosos de Hadi, um sulista que apoia a
união contínua com o norte. Há também a al-Qaeda e o nascente Estado Islâmico (EI), ambos
determinados a lutar contra os houthis e tirar proveito do colapso do Estado para reivindicar território[4].
Dando seu apoio a Hadi, os sauditas mudaram sua embaixada para Aden e teriam financiado
mobilizações tribais anti-houthis no distrito central de Marib e no sul. Os sauditas lideram os esforços
para isolar os houthis diplomaticamente, estrangulá-los economicamente e, agora, enfraquecê-los
militarmente. Por sua vez, os houthis denunciam Hadi como ilegítimo[4].
“Nós reconhecemos os claros desafios no mundo árabe e a necessidade de tomar medidas para combatêlos”, disse Al Araby. “O Iêmen estava à beira do abismo, exigindo movimentos árabes e internacionais
eficazes após todos os meios de chegar a uma solução pacífica serem esgotados para acabar com o
golpe houthi e restaurar a legitimidade”[1][2]. Não está imediatamente claro quais nações participariam da
força conjunta e analistas parecem céticos quanto à adesão dos 22 países membros da Liga Árabe. O
Presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sisi, disse que os líderes árabes chegaram a um acordo sobre o
princípio da força e que agora iriam reunir uma “equipe de alto nível”, com representantes de cada país
para trabalhar em sua criação[1]. O Iraque, contudo, expressou reservas quanto aos ataques em curso
sobre o Iêmen. Falando na cúpula da Liga Árabe no Egito, o presidente iraquiano Fuad Masoum
afirmou que a operação “complica ainda mais os conflitos entre todas as partes, o que levará a mais
ameaças na região. Intervenções estrangeiras não irão ajudar o povo do Iêmen”[5], declarou Masoum. De
acordo com o International Crisis Group, a pequena chance de salvar o processo político iemenita
requer que atores regionais cessem imediatamente a ação militar e auxiliem as partes internas a
concordar com um presidente amplamente aceitável ou a um conselho presidencial. Só então poderão os
iemenitas voltar à mesa de negociação política para abordar outras questões pendentes[4].
Na semana passada, intensos combates foram registrados na cidade costeira de Aden, fortaleza do
deposto presidente Mansour Hadi. O Ministério da Saúde do Iêmen afirma que pelo menos 60
pessoas foram mortas e mais de 500 feridas desde o início dos bombardeios na semana anterior. No
domingo, dia 22 de março, o Embaixador Saudita nos Estados Unidos, Adel Al Jubeir, afirmou que o
Governo de seu país vem discutindo a campanha militar com a Casa Branca durante meses[4]. Declarou:
“nós falamos sobre a possível opção de usar a força com os Estados Unidos por muitos meses. Esta
opção tornou-se muito mais séria nas últimas semanas [...] A decisão de usar a força militar foi tomada no
último momento, em virtude dos desenvolvimentos que estavam acontecendo com relação à ocupação
potencial de Aden pelos houthis”[6]. O Governo Saudita diz não ter descartado a possibilidade do envio
de tropas terrestres caso os houthis recusem-se a se render. Em 25 de março eles capturaram uma
base militar estratégica ao norte na cidade portuária de Aden e sequestraram o Ministro da Defesa. Os
houthis agora controlam o norte do país e avançam rapidamente em direção ao sul[4].
No quinto dia de ataques sauditas no Iêmen, 45 refugiados foram mortos em um acampamento ao
norte do país. O campo de Al-Mazrak, na fronteira do Iêmen com a Arábia Saudita, é o lar de pelo
menos 17 mil pessoas deslocadas pelos combates entre os houthis e Governo Iemenita entre os anos
de 2004 e 2010, em grande parte na província de Sa’dah, ao norte[7]. A China evacuou mais de 600
cidadãos chineses por fragata de Hodeida e Aden ao longo dos últimos dois dias de março e o
primeiro-ministro indiano Narendra Modi comunicou-se com o Governo Saudita para a retirada aérea
de 4.100 cidadãos indianos do Iêmen[8].
Sem consenso mínimo dentro e fora das suas fronteiras, o Iêmen se dirige à um caminho de violência
prolongada em diversas frentes. Nas palavras do Intentional Crisis Group, esta combinação de guerras
por procuração, violência sectária, colapso do Estado e domínio de milícias se tornou tristemente familiar
na região. Ninguém é o provável ganhador desta luta, que somente beneficiará aqueles que prosperam
em meio ao caos da guerra: grupos como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico[4].
2/3
CEIRI NEWSPAPER
O Principal Portal de Relações Internacionais do Brasil
-------------------------------------------------------------------------------------------http://www.jornal.ceiri.com.br
Imagem “O presidente egípcio Abdel Fattah-el-Sissi (centro), o secretário-geral da Liga Árabe Nabil
Elaraby (esquerda) e o ministro das Relações Exteriores egípcio Sameh Shukri (direita) presidindo
uma reunião dos Chefes de Estado árabes, em Sharm el Sheik, no Egito. El-Sissi aprovou uma
resolução que cria uma força militar árabe, dizendo que o mundo árabe está atualmente
enfrentando ameaças sem precedentes” (Fonte):
http://www.foxnews.com/world/2015/03/30/arab-league-to-create-joint-military-force/
-------------------------------------------------------------------------------------------Fontes Consultadas:
[1] Ver:
http://www.nbcnews.com/news/world/arab-league-leaders-agree-form-joint-military-force-n332041
[2] Ver:
http://www.bbc.com/news/world-middle-east-32106939
[3] Ver:
http://www.reuters.com/article/2015/03/29/us-yemen-security-idUSKBN0ML0YC20150329?utm_source=S
ailthru&utm_medium=email&utm_term=%2AMorning%20Brief&utm_campaign=2014_MorningBrief3.30.20
15
[4] Ver:
http://www.crisisgroup.org/en/regions/middle-east-north-africa/iraq-iran-gulf/yemen/b045-yemen-atwar.aspx?utm_source=mremail&utm_medium=view&utm_campaign=yemen-briefing
[5] Ver:
http://www.democracynow.org/2015/3/30/headlines/arab_league_agrees_on_joint_military_force_iraq_criti
cizes_yemen_strikes
[6] Ver:
http://www.democracynow.org/2015/3/30/headlines#3302
[7] Ver:
http://www.worldaffairsjournal.org/content/45-dead-air-strike-yemen-refugee-camp
[8] Ver:
http://link.foreignpolicy.com/view/525440b6c16bcfa46f6fced82fy7a.58a/b310a4b9
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
3/3
Download