O ENSINO DE FILOSOFIA COMO UMA INTEGRAÇÃO DIALÉTICA SIQUEIRA, Grégori Lopes Bolsista do Capes - PIBID/UNIFRA Acadêmico do Curso de Filosofia – UNIFRA Email: [email protected] BRIXNER, Israel Bolsista do Capes - PIBID/UNIFRA Acadêmico do Curso de Filosofia - UNIFRA Email: [email protected] ALVES, Marcos Alexandre Bolsista do Capes - PIBID/UNIFRA Professor Adjunto – UNIFRA Email: [email protected] RESUMO O contexto escolar atual na educação básica exige que uma prática docente em Filosofia seja capaz de interar e integrar professor e aluno, de uma forma que as aulas se tornem aprazíveis aos adolescentes, que estes se sintam capazes de filosofar e que possam adentrar no contexto da própria interdisciplinaridade ou da importância que esta disciplina tem com relação as demais, principalmente no que diz respeito ao fazer pensar e a criticidade. O objetivo, aqui, será investigar uma abordagem metodológica de ensino de Filosofia que melhor cumpra o papel de interação e integração, a dialética. Para chegar a este objetivo, nos propomos a uma pesquisa bibliográfica sobre o método dialético de construção do conhecimento voltado para a prática filosófica em sala de aula na educação básica. PALAVRAS CHAVE: Dialética ascendente; Educação básica; Ensino de Filosofia. 1. INTRODUÇÃO O contexto escolar atual na educação básica exige que uma prática docente em Filosofia seja capaz de interar e integrar professor e aluno, de uma forma que as aulas se tornem aprazíveis aos adolescentes, que estes se sintam capazes de filosofar e, também, que possam adentrar no contexto da própria interdisciplinaridade ou da importância que esta disciplina tem com relação as demais, principalmente no que diz respeito ao fazer pensar e a criticidade. O objetivo, aqui, será investigar uma abordagem metodológica de ensino de Filosofia que melhor cumpra o papel de interação e integração, a dialética. 2. METODOLOGIA Para chegar a este objetivo, nos propomos a uma pesquisa bibliográfica sobre o método dialético de construção do conhecimento voltado para a prática filosófica em sala de aula na educação básica. 3. DESENVOLVIMENTO O termo dialética tem origem grega que enfatiza a ideia de reciprocidade ou de troca que se dá pela conversa e discussão (BORNHEIM, 1983). Nos diálogos de Platão se encontra a figura de Sócrates que realiza toda sua Filosofia por meio da dialética, no caso o método socrático chamado de maiêutica, onde o filósofo que perambulava as ruas atenienses realizava o parto das ideias por uma construção dialética entre ele e seu interlocutor (CIRNE-LIMA, 2006). Já em Heráclito, a dialética possui traços elementares, onde é possível conceber a dialética como a ideia de dois pólos que se excluem. Heráclito entende que as coisas não são estáticas, mas estão em constante movimento, pois tudo se move e se modifica, e mesmo se entrássemos uma segunda vez em um rio, este não seria mais o mesmo e o sujeito que se banha também já se modificou. Na verdade, o rio e todas as coisas existentes consistem no devir que é o tornar-se novo e o renovar-se, onde há a harmonia dos contrários; e justamente neste vir-a-ser está contido os pólos dialéticos que se excluem. Estes pólos são denominados de tese e antítese, onde um necessariamente deve ser verdadeiro e o outro falso, tanto para Sócrates como para Heráclito (CIRNE-LIMA, 2005). A partir de Hegel, a dialética ganha um novo elemento, a síntese. Tese e antítese agora são falsas, pois tratam-se de partes incompletas de uma totalidade mais alta, a síntese, que é onde esta a verdade, segundo Hegel. A disputa por oposição entre tese e antítese, Hegel denomina de contradição. Afirmar a contradição entre opostos significa dizer que um é verdadeiro e outro é falso, pois negar isto seria ferir o princípio da nãocontradição. Mas, o que Hegel chama de contradição, na verdade é contrariedade, onde os dois opostos são falsos, ou seja, incompletos. A dialética ascendente parte da multiplicidade das coisas no mundo e procura encontrar a síntese entre os pólos opostos (GADAMER, 2000). Destes opostos, tese e antítese, surge um conceito mais elevado, a síntese. Segundo Cirne-Lima, a situação que melhor exemplifica estes conceitos é a seguinte: imagine um garoto ao entrar na universidade, ele observa caminhando ao seu encontro a mais bela garota que existe no mundo. Ele para, vidrado e lança à garota um olhar que diz: “Eu te amo”, aqui surge à tese. Se a garota olha de volta, se encara aquele que lhe está fazendo a silenciosa declaração de amor, se responde com um olhar que diz: “Eu também te amo”, neste momento surge à antítese. Quando, a seguir, ele e ela se amam mutuamente surge, então a síntese (CIRNELIMA, 2009). Tese e antítese são partes incompletas de uma totalidade mais alta e verdadeira. Na dialética, as ideias e os conceitos possuem valor de verdade sem precisar de sujeito e predicado, que é próprio do discurso analítico. Cinco características são possíveis ainda de serem observadas na dialética, a saber: a contradição, a totalidade, a simultaneidade, a criticidade e a ausência de hierarquia (BRITO, 2009). A contradição é a própria substância da dialética, e como acima fora dito, na verdade se trata mais de contrariedade, que não nega a realidade, mas favorece o diálogo e o consenso, a antítese. A totalidade é o que dá sentido a dialética como uma visão de conjunto, pois sem a visão do todo não é possível se compreender as partes (HAGUETTE, 1990). A simultaneidade se refere aos múltiplos acontecimentos que se dão ao mesmo tempo, sem haver um antes e um depois e que podemos imaginar como as ondas do mar que não sabermos onde começam e onde terminam. A criticidade está ligada a estrutura de afirmação, negação da afirmação e negação da negação, onde a dialética se caracteriza como um ramo filosófico dos mais críticos que possa existir (UTZ, 2005). E, por fim, a ausência de hierarquia que não considera uma coisa mais importante que outra, mas o todo é importante. 4. CONCLUSÃO Ao trazer a teoria dialética para a prática docente na educação básica, podemos dizer que ninguém se educa sozinho, pois a dialética implica duas ou mais pessoas a no processo, assim como acontece no processo educativo; ademais, em dialética está contido o prefixo ‘dia’ que significa duas ou mais pessoas conversando, discutindo, dialogando, contestando. Assim, a educação não pode ser impositiva e voltada ao analítico, mas dialética e dialógica, que se constrói entre professor e aluno, onde ambos aprendem e ensinam juntos, e assim são todos agentes do processo educativo. REFERÊNCIAS: BORNHEIM, Gerd A. Dialética: teoria práxis: ensaio para uma crítica da fundamentação ontológica da dialética. Porto Alegre: Globo, 1983. BRITO, Adriano Naves de (Org.). Cirne: sistema & objeções. São Leopoldo: UNISINOS, 2009. CIRNE-LIMA, Carlos Roberto. Depois de Hegel. Caxias do Sul: Edit. UCS, 2006. CIRNE-LIMA, Carlos Roberto. Dialética. In: BRITO, Adriano Naves de (Org.). Cirne: sistema & objeções. São Leopoldo: UNISINOS, 2009, p. 07-20. CIRNE-LIMA, Carlos Roberto. Dialética para principiantes. 3. ed. São Leopoldo: UNISINOS, 2005. HAGUETTE, Teresa Maria Frota. Dialética hoje. Petrópolis, RJ: Vozes, 1990. GADAMER, Hans-Georg. La dialectica de Hegel. 5. ed. Madri: Cátedra, 2000. UTZ, Konrad. O método dialético de Hegel. In: Véritas. Porto Alegre, v. 50, n. 1, p. 165-185, mar. 2005.