O Inverno Pode Piorar Sintomas Depressivos

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Inverno pode piorar sintomas depressivos
Nos dias de sol, as pessoas geralmente se sentem melhor, mais alegres e
dispostas. Em dias frios, chuvosos, especialmente no inverno, tendemos a nos sentir
menos entusiasmados, mais propensos a ficar dentro de casa, a nos socializar menos, a
praticar menos atividade física e a comermos mais. Uma das razões para essa mudança
está na mudança da quantidade e na qualidade da luz.
Algumas pessoas tendem a ser mais afetadas do que outras pela falta de luz.
Quando a luz atinge a parte de trás do olho (a retina), mensagens são passadas a uma
parte do cérebro (o hipotálamo) que comanda o sono, o apetite, o desejo sexual e o
humor. Se não há luz o suficiente, essas funções tendem a se alterar, como num carro
em que está faltando gasolina. Algumas pessoas parecem precisar de mais luz que
outras para “andar na estrada”, e algumas delas podem chegar a desenvolver depressão
sazonal, especialmente em regiões mais afastadas da linha do Equador (em nosso caso,
mais na região Sul), caso tenham predisposição genética. Estudos experimentais
demonstram que o cérebro de pessoas com depressão sazonal apresenta, no inverno,
uma menor quantidade de serotonina (substância que está relacionada sensação de bem
estar) e maior de melatonina (substância envolvida no sono) do que o normal
O indivíduo tem depressão sazonal quando tem dois ou mais episódios
depressivos consecutivos que aparecem e terminam durante o inverno/outono. Em
adição aos sintomas associados à depressão comum (humor deprimido e dificuldade de
concentração), apresenta um padrão consistente de falta de energia, aumento do apetite
e ganho de peso, sonolência exagerada e compulsão desmedida por carboidratos. Afeta
2 vezes mais o sexo feminino, e, embora possa ocorrer em todas as faixas etárias, é mais
comum dos 18 aos 30 anos. Diferente de uma tristeza comum associada ao inverno que
se possa apresentar, a depressão sazonal causa um intenso sofrimento que permeia a
rotina de vida, os relacionamentos e as atividades laborativas.
O tratamento da depressão sazonal pode ser feito por meio de fototerapia.
Estudos demonstram que o uso de aparelhos que emitem luminosidade de 5000 lux e
que são livres de raios UV (não estão à venda no Brasil) é uma ferramenta muito útil no
tratamento. Infelizmente, exposição à luz solar e dentro de casa só funciona como
estratégia de prevenção da depressão sazonal. Adicionalmente, alguns antidepressivos
podem ser utilizados com grande eficácia no tratamento da depressão sazonal. Estudos
demonstram resultados encorajadores com o uso de psicoterapia nesses casos.
Além da depressão sazonal, as mudanças de comportamento devido ao frio e a
diminuição da luminosidade podem contribuir no aparecimento ou no agravamento de
episódios depressivos não sazonais. Também não se pode esquecer de outros fatores que
são até piores nesse sentido: sedentarismo, alimentação não balanceada, conflitos
familiares, estresse no trabalho, falta de momentos de lazer.
Deve-se salientar que o diagnóstico de qualquer transtorno mental não é feito
somente a partir de uma lista de sintomas. Nesse sentido, é fundamental procurar ajuda
médica, pois muitas vezes algumas doenças clínicas, tais como hipotireoidismo ou
anemia, podem mimetizar episódios depressivos. Também, a ajuda especializada atuará
no sentido de entender, através de uma minuciosa escuta, como esses sintomas surgem
na história de vida do indivíduo, assim como os conflitos centrais que acontecem com
cada pessoa em particular. Só a partir disso é que se pode propor um tratamento
adequado, que pode envolver modificações no estilo de vida, a inserção de um
indivíduo em um processo psicoterápico, ou até mesmo um criterioso uso de
medicamentos.
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