Discurso do deputado Sérgio Caiado (PPGO), no qual faz referência à necessidade urgente da recuperação das rodovias federais no país em razão da expansão do agronegócio, mola propulsora para o desenvolvimento nacional, proferido na sessão do dia 28 de abril de 2004. Senhor presidente, Senhores Deputados e Senhoras Deputadas, Venho a esta tribuna hoje para falar de um tema que gosto, de um setor que tem dado ao Brasil uma enorme contribuição para o desenvolvimento de nossa economia: o agronegócio. Recentemente, senhor presidente, a revista Veja trouxe uma edição especial sobre esse importante setor da nossa economia, cujo conteúdo editorial é digno da Veja, uma das revistas de maior credibilidade no mundo. Senhor presidente, senhores deputados! O dado concreto é que a revista acabou apresentando um fiel retrato de um Brasil que dá lucros. A grande verdade é que a agricultura e a pecuária tornaram-se as molas propulsoras do desenvolvimento nacional, gerando emprego e renda, criando novos hábitos e ícones de consumo no campo. Na verdade, o Brasil está com a tulha cheia de boas notícias que chegam do campo. Ao contrário da estagnação da economia urbana, o campo vive a mais vigorosa onda de progresso que este País já pôde sentir. O Brasil consolida-se como campeão de exportações em vários ramos da agricultura e da pecuária. Para se ter idéia, o PIB rural cresceu 5% no ano passado. Hoje o mercado brasileiro assiste a um fenomenal desempenho da soja, do açúcar e da carne bovina. O País está plantando e colhendo dinheiro. Não há dúvida de que o agronegócio é hoje o mais importante motor econômico do Brasil. O setor movimenta 458 bilhões de reais por ano, um terço do PIB nacional; gera 17 milhões e 700 empregos diretos e indiretos; rende 30 bilhões de dólares em exportações, nada menos que 42% de tudo o que o País exporta. Só a carne bovina brasileira é vendida para 110 países e rende 1 bilhão e meio de dólares. É preciso ressaltar, senhor presidente, que um em cada 3 reais gerados pela economia tem alguma relação com a agropecuária. Além de responderem por 42% das exportações brasileiras, conforme já dissemos, a agricultura e a pecuária empregam 37% da mão-de-obra em atividade no Brasil. No ano passado, o País faturou 8 bilhões de dólares com a exportação de soja. Cerca de 70% dos mais de 50 milhões de toneladas de soja que o Brasil produz são transformados em farelo, o principal componente para alimentação de suínos e aves. É justamente esse círculo da cadeia produtiva que alimenta o agronegócio. Senhor presidente, senhores deputados, há progresso também no setor bioenergético. Cada tonelada de cana tem o potencial energético de 1,2 barril de petróleo. O País firma-se como o maior produtor mundial de cana-deaçucar, seguido por Índia e Austrália. A lavoura canavieira é responsável por fazer rodar 15% da frota automotiva do País. Na área de produção de sucos, o suco de laranja é hoje uma das principais fontes de divisa para o País. O setor gera 400 mil empregos diretos e movimenta negócios da ordem de 1 bilhão e 500 milhões de dólares ao ano. Senhor presidente, senhores deputados, fico feliz ao falar de um Brasil que não é promessa, mas realidade. Um Brasil que dá certo. O tradicional café brasileiro representa hoje 28% do mercado mundial para grãos in natura. O País ainda carece nesse setor de qualidade e reconhecimento. Mas há significativos avanços. O Brasil tem hoje o maior rebanho bovino comercial do mundo. É o líder do ranking de exportações, com faturamento de 1 bilhão e 500 milhões de dólares por ano. A vantagem é que o nosso País produz o chamado “boi verde”, alimentado com capim e não aquele criado com ração. A carne brasileira virou sinônimo de segurança alimentar depois da eclosão, na década passada, do mau da vaca louca, provocado pela utilização de proteína animal nas rações servidas em fazendas da Europa. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de frango e o primeiro no ranking de exportadores. A gripe do frango, epidemia surgida na Ásia e que se espalhou para os Estados Unidos e Canadá, pode facilitar ainda mais as exportações do produto brasileiro. Estamos muito bem, obrigado, na produção de milho. O Brasil é hoje o terceiro produtor mundial e consome 80% do que colhe, na forma de óleo vegetal e ração para animais. Os números, senhor presidente, são alentadores: o Brasil vende 82% do suco de laranja distribuído no planeta, detém 38% do mercado mundial de soja em grão, vende 29% de todo açúcar consumido no mundo, 28% do café em grão, 44% do café solúvel, vende 23% do tabaco consumido no mundo, é o primeiro em venda de frangos, com exportações de 1 bilhão e 900 milhões de dólares, é o maior exportador mundial de álcool, ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de couro curtido e calçados de couro e assumiu a liderança do mercado mundial de carne bovina, no ano passado. A agricultura brasileira vive um período de efervescência tecnológica. Máquinas controladas por satélite, touros usando protetor solar e plantas que poupam o solo, em vez de cansá-lo. Para se ter idéia, nossas colheitadeiras têm piloto automático, cabine com ar condicionado, proteção contra ruídos externos e regulagem eletrônica em movimento. O impulso do agronegócio, senhor presidente, faz brotar neste País uma sociedade dinâmica, moderna e orgulhosa de si mesma. É esse o Brasil que sonhamos, senhor presidente. O Brasil da produção, do desenvolvimento, um Brasil tecnológico, versátil, justo, humano e fraterno. O desafio, como bem ilustrou o doutor André Pessoa, em brilhante artigo na edição especial de Veja, “é evitar que as vacas gordas voltem para o brejo”. Todavia Sr. Presidente, o Brasil que engatinha no transporte dessa crescente safra não dispõe de ferrovias tão necessárias à condução do progresso e da bonança; o que é feito em uma catastrófica malha rodoviária já em estado de calamidade. Não podemos Sr. Presidente continuar todos os dias desta tribuna, cobrando a obrigação do Governo Federal com sua responsabilidade de resolver a questão das estradas. Parece que não adianta nada, nossos apelos, a grita do povo, a denúncia da imprensa falada, escrita, televisada do país. O País esbarra na má vontade dos governantes, na incompetência, na burocracia. As chuvas estão cessando, os prejuízos continuam subtraindo o trabalho do produtor rural, as perdas humanas e materiais continuam. Urge mais do que nunca responsabilidade dos que deveriam tê-la. chamar mais uma vez a Era o que tinha a dizer, senhor presidente. Agradeço a atenção a mim dispensada. Muito obrigado!