guia de bolso para o tratamento antiretroviral - WHO-Afro

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REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CENTRO NACIONAL DE ENDEMIAS
PNLS
GUIA DE BOLSO PARA O TRATAMENTO ANTIRETROVIRAL
(TARV) NO ADULTO E CRIANÇA
NOVEMBRO 2005
1
Indice
Prefácio …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… 5
Diagnóstico da Infecção ……………………………………………………………………………………………………………………………. 5
Estadiamento segundo a OMS (clínico) adolescente e adulto.………………………………………………. 6
Testes laboratório para o diagnóstico adolescente e adulto ……………………….………………………. 7
Estadiamento segundo a OMS (clínico) criança menor de 13 anos………………………………………. 8
Testes laboratório para o diagnóstico criança menor de 13 anos.…………….………………………. 11
Estadiamento segundo CDC (clínico e imunológico) …………………………………………………………………… 12
Fármacos disponíveis em STP……………………………………………………………………………………………………………………… 14
Critérios de eligibilidade ao TARV
No adolescente e adulto ………………………………………………………………………………………………………………….. 27
NA criança ……………………………………………………………………………………………………………………………………………. 29
Balanço do tratamento antiretroviral
Objectivos do TARV …………………………………………………………………………………………………………………………… 30
Balanço clínico e biológico inicial ……………………………………………………………………………………………………. 30
Regimes terapêuticos
A 1ª linha em São Tomé e Príncipe ………………………………………………………………………………………………. 32
Alternativas à 1ª linha e situações particulares ………………………………………………………………………. 33
Seguimento clínico e biológico ……………………………………………………………………………………………………………………. 36
Efeitos adversos – controlo e seguimento …………………………………………………………………………………………….. 37
2
Aderência ao tratamento……………………………………………………………………………………………………………………………. 46
Falência terapêutica ………………………………………………………………………………………………………………………………….. 48
2ª linha de tratamento ……………………………………………………………………………………………………………………………… 50
Profilaxia da Tarnsmissão Mãe-Filho ………………………………………………………………………………………………….. 51
Profilaxia pós exposição ao HIV (acidental e violação) ………………………………………………………………….. 52
Farmacovigilância …………………………………………………………………………………………………………………………………………. 54
Monitoria e avaliação …………………………………………………………………………………………………………………………………. 55
3
PREFÁCIO
4
DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HIV
Definição de SIDA:
O diagnóstico da infecção pelo HIV pode ser colocodo de forma presuntiva pelos sinais e sintomas clínicos associados a 2 testes
laboratoriais positivos (Determine e Imunocombs para adultos e adolescentes) para o HIV – quadro 1. Os sinais e sintomas
clínicos são classificados em 4 estadios (ver tabela 1 para adultos e tabela 2 para crianças)
Nota: Esta é a classificação a ser seguida em São Tomé e Príncipe.
Tabela 1 Estadiamento clínico para adolescentes e adultos segundo a OMS
5
ESTADIO I
ESTADIO II
ESTADIO III
ESTADIO IV
Assintomática
ou
linfadenopatia
persistente e
generalizada
Perda de peso <
10% do peso
corporal.
Manifestações
mucocutáneas
menores (prurido,
dermatite
seborreica, quelite
angular, ulcerações
orais recorrentes e
onicomicoses)
Herpes zoster em
menos de 5 anos
Infecções
respiratórias
recorrentes
Acamado menos de 50
% do tempo
Perda de peso >10% do
peso corporal.
Diarreia crónica mais de
um mês
Febre há mais de um
mês
Candidíase oral
Candidíase vaginal há
mais de um mês
Tuberculose Pulmonar
nos últimos 12 meses
Infecções bacterianas
severas (piomiosites,
abcessos, pneumonias
etc)
Leucoplasia oral pilosa
Acamado mais de 50%
do tempo
Caquexia
Criptococcose extra
pulmonar
Pneumocistose
pulmonar
Toxoplasmose cerebral
Demência /
Encefalopatia
Candidíase esofágica
Tuberculose extra
pulmonar
Linfoma
Herpes simplex mais
de um mês ou visceral
Sarcoma de Kaposi
Citomegalovirose
Leucoencefalopatia
multifocal progressiva
(LMP)
Micobacteriose atípica
Carcinoma invasivo do
colo do útero
6
Quadro 1 Estratégia nacional para o diagnóstico laboratorial
no adolescente, no adulto e na criança > 18 meses.
Algoritmo testes rápidos HIV
Teste 1 (sensibilid 100%)
(-)
(+)
Test 2 (spécificid 100%)
(+)
HIV negatiVO
HIV-1
HIV -2
(-)
HIV 1 e 2
HIV indeterminado
Retestar
Actualemente:
Teste 1 = Determine
Teste 2 = Immunocombs
Lab.hop.distrito
LNR
Tabela 2. Estadiamento clínico para crianças com <13 anos segundo a OMS :
Estadio 1
Assintomático,
Linfadenopatia persistente e generalizada.
7
Estadio 2
Hepatoesplenomegália,
Erupção papular pruriginosa,
Dermatite seborreica,
Infecção extensa por HPV,
Infecção extensa por Molluscum contagiosum,
Onicomicose,
Ulcerações orais recorrentes,
Eritema gengival linear,
Queilite angular,
Tumefação das parótidas,
Herpes zoster,
Infecções crónicas ou recorrentes ORL (otite média, otorreia, sinusite).
Estadio 3
Condições em que o diagnóstico presuntivo pode ser feito na base de sinais clínicos ou investigações simples:
Malnutrição moderada inexplicada e não respondendo ao tratamento standard,
Diarreia persistente inexplicada (14 dias ou mais),
Febre persistente inexplicada (intermitente ou constante, > 1 mês,
8
Candidíase oral (fora do período neonatal),
Leucoplasia pilosa oral,
Periodontite/gengivite ulceronecrotizante aguda,
TB pulmonar,
Pneumonia bacteriana severa e recorrente,
Condições em que o diagnóstico necessita de confirmação laboratorial:
Doença pulmonar crónica associada a HIV, incluindo bronquiectasia,
Pneumonite linfocítica intersticial,
Anemia inexplicada (<8g/dL), e/ou neutropénia (<1000/mm³) e/ou trombocitopénia (<50.000/ mm³) por mais de 1 mês.
Estadio 4
Condições em que o diagnóstico presuntivo pode ser feito na base de sinais clínicos ou investigações simples:
Perda de peso severa inexplicada ou malnutrição severa e não respondendo ao tratamento standard,
Pneumonia por Pneumocystis jirovesi,
Infecções bacterianas severas e recorrentes (p exp. Empiema,piomiosite, osteomielite ou artrite, meningite, mas excluindo
pneumonia),
Infecção crónica por Herpes simplex (oralabial ou cutâneo >1 mês),
TB extra pulmonar,
Sarcoma de Kaposi,
Candidíase esofágica,
Toxoplasmose do SNC (fora do período neonatal)
Encefalite por HIV,
Condições em que o diagnóstico necessita de confirmação laboratorial:
9
Infecção por CMV ( retinite ou outros órgãos que não fígado, baço ou ganglios linfácticos) com início a partir de 1 mês de
idade,
Criptococose extrapulmonar incluindo meningite,
Qualquer micose endémica disseminada (p exp. Histoplasmose extrapulmonar, coccidiomicose, penicilose),
Criptosporidiose,
Isosporíse,
Infecção por mycobactéria não tuberculosa disseminada,
Candidíase da traqueia, bronquios e pulmões,
Infecção visceral por Herpes simplex,
Fístula rectal associada a HIV,
Linfoma cerebral ou B não Hodgkin,
Leucoencefalopatia multifocal progressiva (LAMP),
Cardiomiopatia ou nefropatia associada ao HIV.
Quadro 2 diagnóstico laboratorial na criança.
10
DIANÓSTICO LABORATORIAL
a) crianç
criança < 18 meses




b) crianças >=18 meses
PCR do vírus
Cultura do vírus
• 2 Testes HIV positivo
(estratégia para o
diagnóstico em STP )
ou
Antigeno p24 do vírus
• Critérios clínicos
ou
Crité
Critérios clí
clínicos positivos positivos
(OMS)
No nosso país apenas estão disponíveis os 2 testes rápidos Determine e Imunocombs ; assim, no que concerne a crianças com
< 18 meses, filhos de mãe seropositiva, o diagnóstico fica limitado aos sinais e sintomas clínicos segundo o estadiamento da
OMS.
Segundo o CDC de Atlanta
11
Esta classificação é baseada em três intervalos de contagem dos linfócitos T CD4 e em três categorias do estadio clínico A,
B e C. Quando a contagem de células CD4 é disponível, esta classificação pode orientar melhor o clínico para o momento de
iniciar o TARV.
No quadro 3 e 4 estão representadas as classificações para o adolescente e adulto e para as crianças menores de 13anos de
idade respectivamente.
Quadro 3 Classificação segundo CDC no adolescente e no adulto.
Categorias CD4
1) ≥500/mm3 (≥29%)
2) 200-499/mm3 (14-28%)
3) 200/ mm3 (<14%)
Categoria clínica
A
-Assintomático
-PGL 2
-Infecção aguda de HIV
A1
A2
A3
B
-Sintomático
(Não A, não B)
C
-Condições definidoras de
SIDA
B1
B2
B3
C1
C2
C3
1
¹ Primoinfecção aguda/HIV; ²Linfoadenopatia progressiva generalizada
Nota: Na evolução da infecção, uma vez que um indivíduo tenha tido uma condição clínica na categoria B, não poderá ser
classificado de novo na categoria A quando aquela condição clínica se resolva; o mesmo é válido para a categoria C em relação
à categoria B.
Todos os pacientes das categorias A3, B3 e C1, 2 e 3 são considerados como doentes com SIDA, baseado na presença de uma
condição clínica definidora de SIDA e/ou CD4 <200/mm3.
12
Quadro 4 Classificação segundo CDC na criança.
FÁRMACOS ARVs DISPONÍVEIS EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
.
13
Classes dos fármacos Antiretrovirais segundo os mecanismos de acção.
INTR (inibidores nucleosídicos da transcriptase reversa)
Zidovudina 100 mg (AZT)
Stavudina 30 e 40 mg (D4T)
Didanosina 100 mg (ddI)
Lamivudina 150 mg (3TC)
Zidovudina 300 mg + Lamivudina 150 mg (AZT + 3TC)
Abacavir (ABC)
Tenofovir 300 mg (TDF)
INNTR (inibidores não nucleosídicos da transcriptase reversa)
Nevirapina 200 mg (NVP)
Efavirenz (EFV)
IP (inibidores da protease)
Indinavir 400 mg (IDV)
Ritonavir 100 mg (RTV)
Lopinavir/ritonavir 200 mg + 50 mg (LPV/r)
Nelfinavir 250 mg (NFV)
ANTIRETROVIRAIS: APRESENTAÇÃO, POSOLOGIA E INTERAÇÃO COM ALIMENTOS
14
Quadro 5. Inibidores nucleosídicos da transcriptase reversa
Nome Genérico
Sigla
Apresentaçã
o
ABACAVIR
ABC
DIDANOSINA
ddI
Comprimido
300mg
Comprimidos
Tamponados
25, 50, 100,
e 200mg
Posologia
Meia
vida
Plas
máti
ca
Posologia na
Insuficiência renal ou
hepática
(Experiência limitada.
Mesmo quando não há
indicação de ajuste de
dose, recomenda-se uso
cauteloso)
300mg2x/dia
1.5h
60kg: 200mg
2x/dia ou 400mg
1x/dia
<60kg : 125mg 2x/dia
ou 250-300mg 1x/dia
1.6h
Não necessita de ajuste
na posologia
CI Creatinina (ml/mim):
10-50:200mg/dia,
<10:100mg /dia
Interacção com alimentos
Administrar com ou sem
alimentos
Administrar 30mim antes, ou
2h após alimentação. Deve ser
diluído em água ou mastigado.
15
ESTAVUDINA
D4T
LAMIVUDINA
3TC
Comprimidos
revestidos
para
liberação
entérica (EC
= “enteric
coated”) de
250 e 400mg
Cápsulas 30 e
40 mg
60kg :400mg
1x/dia ou
<60kg:250mg 1x/dia ou
125mg 2x/dia
1.6h
CI Creatinina (ml/mim):
10-50:200mg/dia
<10:100mg /dia
Administrar 30mim antes, ou
2h após alimentação. Não
precisa ser diluído nem
mastigado
60kg : 40mg 2x/dia
<60kg:30mg
2x/dia
1,4h
Administrar com ou sem
alimentos.
comprimido
150mg
Em
associação:
cp de AZT
300mg + 3TC
150mg

CI Creatinina (ml/mim):
10-50:15-20mg/2xdia,
<10:15-20mg/dia
CI Creatinina(ml/mim):
10-50:150mg/dia,
<10:50mg/dia

150mg 2x/dia ou 300mg
1x/ dia.
<50kg: 2mg / kg 2x/dia
5-7h
Administrar com ou sem
alimentos.
16
ZIDOVUDINA
AZT
ou
zdv
Cápsula
100mg e
300mg
Em
associação :
comprimido
de AZT
300mg+
3TC 150mg
300mg 2x/dia, ou
200mg 3x/ dia
1cp 2x/dia
1,2h
CI Creatinina (ml /mim):
10-50:3002x/d,
<10:300mg1x/dia
Insuficiência hepática:
200mg 2x/dia.
Administrar com ou sem
alimentos.
17
Quadro 6 : INNTR (Inibidores não nucleosídicos da transcriptase reversa)
Nome Genérico
Sigla
Apresentação
Posologia
Meiavida
Plasm
ática
EFAVIRENZ
EFV
600mg 1x/dia
40 –
55h
NEVIRAPINA
NVP
Cápsulas de
600mg e
200mg
Comprimido
200mg
Posologia na
Insuficiência renal ou
hepática
(Experiência limitada).
Mesmo quando não há
indicação de ajuste de
dose, recomenda-(se uso
cauteloso)
Não necessita de ajuste
(dialisável)
200mg 2x/dia.
Iniciar com
200mg/dia durante
14 d, e, na ausência
de exantema, para
dose total. Se
interrupção > 7 dias,
reiniciar com
200mg/dia
2530h
Não necessita de ajuste
(não dialisável)
Interacção com alimentos
Administrar com ou sem
alimentos, evitando somente
refeições muito gordurosas..
Administrar com ou sem
alimentos
18
Quadro 7: IP (inibidores da protease)
Nome Genérico
INDINAVIR
Sigla
IDV
Apresentação
Cápsula
400mg
Posologia
IDV 800mg 3x/dia
Meia
vida
Plas
máti
ca
Posologia na insuficiência
renal ou hepática
1,5 –
2h
Insuficiência renal: Não
necessita de ajuste
(Experiência
limitada.
Mesmo quando não há
indicação de ajuste de
dose, recomenda-se uso
cauteloso)
ou
Insuficiência hepática: 600mg
3x/dia (não associar ao RTV)
IDV 800mg + RTV
100-200mg 2x/dia
LOPINAVIR/r
LPV/r
Cápsula
133,3/33,3mg
400/100mg (3
cápsulas 2x/dia).
Associado com EFV ou
NVP: ajustar a dose
para 533/133mg (4
cápsulas) 2x/dia
Associado com SQV:
400/100mg
5–
6h
Interacção com alimentos
Não necessita de ajuste (não
dialisável)
Administrar  1 h antes ou  2
hs após a alimentação.
Alternativa é o uso do IDV
com alimentos de baixo teor
de gordura /proteína.
Associado ao RTV: administrar
com ou sem alimento
Administrar com alimentos
19
NELFINAVIR
RITONAVIR
NFV
RTV
Comprimido
250mg
Cápsula
100mg
(3cápsulas) + 1000mg
SQV 2x/dia
1.250mg 2x/dia ou
750mg 3x/dia
Associado com outro
IP: vide IP em
questão.
100mg 2x/dia
3,55h
3–
5h
Não necessita de ajuste (não
dialisável)
Administrar com alimentos
Insuficiência renal:
Administrar,
preferencialmente, com
alimento para melhorar a
tolerância
Não necessita de ajuste (não
dialisável).
Insuficiência hepática: evitar
uso.
Nota: Ritonavir é usada como potenciador dos outros IP
Nos quadros 8, 9 e 10 seguintes são apresentados os efeitos adversos dos medicamentos ARVs e as interacções mais
importantes :
20
21
Quadro 8. Efeitos adversos mais frequentes e interacções medicamentosas mais importante dos inibidores nucleosídicos da transcriptase reversa
ABACAVIR
Efeitos adversos
Outras Interacções
Interacções com ARV
Reacção de hipersensibilidade com sintomas
sistémicos, respiratórios e/ou
gastrointestinais, em geral com febre e sem
acometimento de mucosas.
Apresentação inicial pode ser confundida
com “virose”. Após reexposição pode ser
grave (casos fatais foram descritos)
Nenhuma descrita
Etanol aumenta em 41% níveis séricos de ABC (significado clínico
desconhecido) ABC  clearance de metadona em 22%.
DIDANOSINA
Intolerância gastrointestinal (náusea e
diarreia), neuropatia periférica, pancreatite,
acidemia assintomática, lipoatrofia.
Raro: acidose láctica, com esteatose hepática
(grave, pode ser fatal).
Estavudina: embora haja
evidências de que a
combinação d4T aumente o
risco de neurotoxidade,
pancreatite, acidose láctica e
lipoatrofia, a combinação não é
contra – indicada. Entretanto,
deve ser evitada em gestantes.
Tenofovir DF: pode ↑ níveis
de ddI sérico até 60%,
causando ↑ dos efeitos
adversos do ddI.
Medicamentos cuja absorção seja dependente da acidificação gástrica, tais
como dapsona, ketoconazol, itraconazol, tetraciclina e fluoroquinolonas,
devem ser administrados 1 a 2 horas antes ou depois da formulação
tamponada do ddI. Esta interacção não existe com a forma de
revestimento entérico.
Medicamentos associados com pancreatite, tais como pentamidina, devem
ser evitados ou administrados com precaução.
Álcool (toxicidade). Medicamentos associados com neuropatia
periférica, tais como etambutol, etionamida, fenitoína, hidralasina,
glutetimida, isoniazida, vincristina e cisplatina, devem ser evitados ou
administrados com precaução.
Metadona (ddI). Considerar aumento de dose de ddI.
22
ESTAVUDINA
Neuropatia periférica, pancreatite, acidemia
assintomática, lipoatrofia.
Raro: acidose láctica, com estatose hepática (grave,
pode ser fatal).
Zidovudina: potencial redução da
actividade anti-retroviral por
antagonismo. Contra-indicado uso
concomitante.
Didanosina: embora haja
evidências de que a combinação
com ddI aumenta o risco de
neurotoxidade, pancreatite, acidose
láctica e lipoatrofia, a combinação
não é contra-indicada. Entretanto
deve ser evitada em gestantes.
Medicamentos associados com neuropatia periférica, tais
como isoniazida, etambutol, etionamida, fenitóina,
hidralazina, glutetimida, vincristina e cisplatina, devem ser
evitados ou administrados com precaução.
Metadona (d4T). Não há necessidade de ajuste de dose.
LAMIVUDINA
Raramente associado a efeitos adversos. Embora, como
todos ITRN, possa potencialmente causar acidose
láctica com estateose hepática, parece estar entre os
mais seguros quanto a estes efeitos.
Zalcitabina: potencial
antagonismo. Evitar uso
concomitante.
SMX-TMP (3TC). Não há necessidade de ajuste de dose
ZIDOVUDINA
Mielossupressão, particularmente anemia e neutropenia
Náusea e vómito. Astenia, mal estar geral, cefaleia,
insónia, hiperpigmentação cutânea, ungueal e mucosas.
Raro: acidose láctica, com esteatose hepática
Estavudina: potencial redução da Ganciclovir, anfotericina B, flucitosina, SMX-TMP,
actividade ARV por antagonismo. dapsona, pirimetamina, citostáticos, sulfadiazina e
Contraindicado o uso concomitante interferon (↑ risco de toxicidade hematológica). Monitorar
anemia e neutropenia. Probenecida, fluconazol,
paracetamol, metadona, atovaquona, ac valpróico (↑ AZT).
Monitorar toxicidade de AZT.
23
Quadro 9: Efeitos adversos mais frequentes e interacções medicamentosas mais importantes dos INNTR
EFAVIRENZ
Efeitos adversos
Interação com ARV
Outras interações
Exantema, síndrome de StevensJohnson.
Sintomas neuropsiquiátricos:
distúrbios do sono (sono agitado,
insônia, sonolência, pesadelos,
sonhos bizarros) tonturas,
vertigens, irritabilidade,
agitação, depressão, euforia,
dificuldade de concentração
Elevação de
transaminases.
Dislipidemia. Teratogenicidade
(em macacos).
Exantema, síndrome de StevensJohnson. Elevação de
transaminases, hepática (tóxica
ou no contexto de reacção de
hipersensibilidade grave).
Indinavir: diminui o IDV . Aumentar a
dose de IDV para 1000mg de 8/8h.
Lopinavir/r: ↓ LPV. Aumentar a dose de
LPV/r para 533/133mg 2x/dia.
Nelfinavir: ↑ NFV. Não há necessidade
de ajuste de dose.
Ritonavir: ↑ RTV e EFZ. Em caso de
intolerância, considerar redução da dose
de RTV para 500mg 2x/dia.
INNTR: Potencial interacção. Contraindicada associação
O Efavirenz não deve ser co-administrado com : astemizol, terfenadina,
midazolam, triazolam, cizaprida, derivados de ergot e claritromicina.
Rifampicina (↓ EFZ).
Rifabutina (↓ Rifabutina). Ajustar a dose de Rifabutina para 450mg /dia.
Fenobarbital, fenitoína e carbamazepina (potencial para diminuição dos
níveis séricos de EFZ e dos anticonvulsivantes). Considerar alternativas
terapêuticas.
Metadona (↓ metadona). Considerar ajuste da dose de metadona
O Efavirenz ↑ níveis séricos do etiniletradiol.
NEVIRAPINA
Indinavir: ↓ IDV. Considerar ajuste da
A Nevirapina não deve ser co-administrada com: Rifampicina,
dose de IDV para 1000mg 8/8h.
ketoconazol, cápsula de alho, erva de são João, ginseng, echinacea e
Lopinavir/r: ↓LPV. Aumentar a dose de
gingko biloba.
LPV/r para 533/133mg 2x/dia.
Metadona (↓ metadona)
Nelfinavir: ↑ Nelfinavir. Não há
Considerar ajuste na dose de metadona.
necessidade de ajuste de doses
Atenção: A NVP ↓ etinilestradiol.
Ritonavir: diminui RTV. Na há
Usar método contraceptivo alternativo ou adicional.
necessidade de ajuste de dose.
24
Quadro 10: Efeitos adversos mais frequentes e interacções medicamentosas mais importantes dos IP
LOPINAVIR/Ritonavir
Efeitos adversos
Interacções com ARV
Outras interacções
Didanosina: ↓ a absorsão.
Diarréia (comum), náusea,
O Lopinavir/r não deve ser co-administrado com: Rifampicina,
astenia/sensação de fraqueza. Administrar com intervalo de 1 h. sinvastatina, lovastatina, derivados de ergot, astemizol, terfenadina,
Cefaleia. Mais raro: pancratite. Efavirenz ou Nevirapina: ↓ LPV. cisaprida, midazolam, triazolam, pimozida flecainida e erva de São João.
Aumento das transaminases,
Não há necessidade de ajustes
Rifabutina (↑ Rifabutina). Reduzir a dose de Rifabutina.
dislipidemia, lipodistrofia,
de doses.
Metadona -↓ AUC em 53%, controlar sindrome de abstinência .
Nelfinavir: contra-indicada a co- Atorvastatina - ↑ AUC 6x – usar c/ cautela ou usar pravastatina.
hiperglicemia,
diabetes(resistência à insulina) administração.
Sildenafil (↑Sildenafil). Não exceder a dose de 25mg/ 48horas.
Saquinavir: ↑ SQV, necessita
Atenção: etinilestradiol e noretindrona (↓ níveis séricos dos hormónios).
ajustamento de doeses
Usar método contraceptivo alternativo ou adicional.
RITONAVIR
Didanosina: ↓ absorção de RTV. O RTV não deve ser co-administrado com : meperidina, piroxicam,
Intolerância gastrointestinal
(Diarréia, náusea e vómito,
Administrar com intervalo mínimo propoxifeno, amiodarona, encainida, flecainida, propafenona, quinidina,
flatulência, alteração do
de 1 hora.
beperidil, derivados do ergot, sinvastatina, lovastatina, astemizol,
Efavirenz: ↑ RTV e EFV. Em
paladar, anorexia).
terfenadina, cisaprida, bupropriona, closapina, pimozida, clorazepato,
Parestesia (perioral e de
caso de intolerância, considerar
alprazolam, diazepam, estazolam, flurazepam, midazolam, triazolam,
extremidades).
redução de dose de RTV para
zolpidem, capsula de alho.
Cefaléia, astenia, tonturas,
500mg 2x/dia.
Rifampcina (↓ RTV). Não há necessidade de ajuste de dose.
Nevirapina: ↓ RTV. Não há
insônia.
Rifabutina (↑ Rifabutina). Ajustar dose de Rifabutina.
Elevação do CPK e ácido
necessidade de ajuste de doses. ketoconazol (↑ ketoconazol). Não exceder a dose de Ketoconazol de
Indinavir: ↑ IDV.
úrico.
200mg/dia.
Possível aumento de
Ajustar as doses para: IDV
Desipramina (↑ desipramina). Considerar a redução da dose de
sangramento em hemofílicos.
800mg 2x/dia+ RTV 100-200mg
desipramina.
Aumento das transaminases,
2x/dia.
Teofilina (diminui teofilina). Monitorar teofilina
hepatite clínica.
Metadona (diminui metadona). Considerar aumento de dose da
Dislipidemia, lipodistrofia,
metadona.
hiperglicemia, diabetes.
Fenobarbital, fenitoina e carbamazepina (possíveis alterações da AUC
25
Intolerância gastrointestinal
(náuseas, vómitos, distúrbios
do paladar, dor abdominal),
nefrolítiase (hematúria, piúria
estéril e cólica nefrítica),
alopécia, xerodermia,
xerostomia,
hiperbillurrubinemia indirecta
(sem consequências), possível
aumento de sangramentos em
hemofílicos.
Aumentos das transaminases,
dislipidemia, lipodistrofia,
hiperglicemia e diabetes.
das drogas). Monitorar os anticonvulsivantes.
Metronidazol, tinidazol, secnidazol e dissulfiram (efeito antabuse com o
conteúdo de álcool da preparação de Ritonavir).
Suplementos a base de alho aumentam toxicidade do RTV. Evitar o uso.
Sildenafil (aumenta sildenafil). Não exceder a dose de 25mg / 48 h.
Atenção: Etenilestradiol (diminui etenilestradiol). Usar método
contraceptivo alternativo ou adicional.
Aciclovir (maior risco de nefrolitiase).
INDINAVIR
Didanosina: ↓ a absorção de
O Indinavir não deve ser co-administrado com: Rifampicina, sinvastatina,
IDV.
lovastatina, derivados de ergot, astemizol, terfenadina, cisaprida,
Administrar com intervalo mínimo midazolam, erva de são João, cápsula de alho, echinacea, gingseng e
de 1h.
gicko-biloba.
Efavirenz ou Nevirapina: ↓ IDV. Rifabutina (↓ IDV e ↑rifabutina). Ajustar a dose de Rifabutina.
Considerar ajuste da dose de
ketoconazol e itraconazol (↑ IDV). Considerar a redução da dose de IDV
IDV para 1000mg 8/8h.
para 600mg 8/8h.
Ritonavir: ↑ IDV.
Aciclovir (maior risco de nefrolitiase).
Ajustar as doses para: IDV
Fenobarbital, fenitoína e carbamazepina (↓ IDV).Considerar alternativas
800mg 2x/dia + RTV 100-200mg terapêuticas.
2x/dia.
Sildenafil (↑ sildenafil). Não exceder a dose de 25 mg/dia
26
CRITÉRIOS DE ELIGIBILIDADE AO TRATAMENTO ANTIRETROVIRAL (TARV)
O início do TARV é condicionado pelas manifestações clínicas associadas ao HIV ; o exame de CD4 é útil na definição
do momento para a introdução da terapêutica antiretroviral ; na sua ausência o início do TRAV deve ser orientado
pela clínica – estadiamento segundo a classificação da OMS e contagem de linfócitos totais.
Nesta base são critérios para iniciar o TARV em São Tomé e Príncipe no adolescente e adulto :
Quando iniciar o TARV?
Estadio clínico
CD4 disponível
I
Guiado por CD4
II
Guiado por CD4
CD4 não
disponível
Não tratar
III
Considerar 2º CD4
Guiado por
Linfócitos totais
Tratar
IV
Tratar
Tratar
27
Quando iniciar o TARV?
CD4 (cel/mm³)
Acção
< 200
Tratar independentemente do estadio clínico
200 - 350
Se estadio III, considerar o início do
tratamento (ex: TB);
Tratar se estadio IV; se assintomático, diferir
o TARV
> 350
E, sobretudo,
Quando o doente estiver preparado
28
Na ausência de contagem de CD4, a contagem de linfócitos totais no hemograma pode orientar o clínico. Assim,
quando o total de linfócitos fôr igual ou inferior a 1.200/mm³ , há uma grande probabilidade de a contagem de CD4
estar igual ou abaixo de 200 células/ mm³.
Duas fórmulas podem oferecer uma medida estimada de CD4 :
1. Número total de linfócitos / 6 ;
2. Tendo em conta que os linfócitos T são 80% dos linfócitos totais e que em pessoa com sintomatologia clínica
associada à infecção HIV os linfócitos T CD4 representam 20% a 30% dos linfócitos T totais, a seguinte fórmula
pode ser seguida :
a) CD4=
Linfócitos totais x 0,8 x 0,2; e b) CD4= Linfócitos totais x 0,8 x 0,3. A estimativa de CD4
estaria entre o resultado de a) e b).
Na criança com menos de 13 anos de idade são os seguintes os critérios de eligibilidade para o TARV :
CD4
IDADE
TESTE HIV
CD4 disponível
< 18 meses
Virológico +
CD4 disponível
< 18 meses
Rápido +
CD4 disponível
≥ 18 meses
Rápido +
TRATAR
Estadio
+ CD4
Estadio
+ CD4
Estadio
+ CD4
III e IV (OMS)
< 20%
IV (OMS)
< 20%
III e IV (OMS)
< 15%
29
BALANÇO DE TRATAMENTO ANTIRETROVIRAL
Objectivos do tratamento:
Objectivos clínicos : Prolongar e melhorar a qualidade de vida;
Objectivos virológicos : Redução máxima possível da carga viral (nível indetectável) e por um período de tempo mais longo
possível, para: 1) deter a progressão da doença, e 2) prevenir/ reduzir as variantes resistentes;
Objectivos imunológicos : Alcançar a recuperação imunológica quantitativa (contagem de CD4 dentro de parâmetros normais)
e qualitativa (resposta imune específica);
Objectivos terapêuticos : Sequência racional de medicamentos de modo a alcançar os objectivos virológicos, mas também: 1)
manter opções terapêuticas; 2) relativamente livre de efeitos secundários e 3) realístico em termos de probalidade de
aderência;
Objectivos epidemiológicos :Reduzir a transmissão do HIV.
Balanços necessários ao tratamento
Balanço clínico inicial
Uma avaliação clínica é essencial afim de identifcar as infecções oportunistas associadas ao HIV, assim como as condições susceptíveis de
influenciar a escolha de um tratamento, nomeadamente os custos, as interacções medicamentosas, o estado de gravidez, infecção orgânica
(figado, rins…). E determinar o estadio clínico da infecção ao HIV. A determinação do estadio clínico é essencial, pois ela faz parte integrante
de submissão ao tratamento
30
Balanço biológico inicial
Exames laboratoriais recomendáveis para o diagnóstico, introdução e monitorização do tratamento antiretroviral











Serologia HIV 1 e 2 (testes descriminativos);
Hemograma;
CD4 e CD8 em valor absoluto e em %; CD4/CD8;
Transaminases: AST (SGOT) + ALT (SGPT); Fosfatase alcalina; GGT (Gama Glutamil Transferase);
Glicemia e creatininemia;
Colesterol e Trigliceridios; LDH;
Teste de gravidez;
RPR ou VDRL;
Hepatite B e C;
Exame de urina; Exame de fezes;
Pesquisa de fungos em secreções corporais; Coloração Ziehl Nilsen e tinta da China.
Periodicidade da contagem de CD4 antes de iniciar o TARV
 CD4 >500 :
repetir 9 a 12 meses depois.
 CD4 350- 500:
repetir 6 meses depois.
 CD4 200- 350 (nos casos assintomáticos):
repetir 3 meses depois.
NOTA: Se infecções intercorrentes, o CD4 pode ser avaliado antes do período acima estimado.
31
DOS REGIMES TERAPÊUTICOS
O regime recomendado é o de tripla - terapia.
Actualmente recomenda-se a combinação de 2 INTR+ 1 INNTR, , ou 2 INTR+ 1 IP ou 3 INTR.
A escolha do esquema a seguir tem em conta a condição clínica e laboratorial do doente e farmacológica dos medicamentos
ARVs disponíveis.
Em São Tomé e Príncipe os doentes iniciarão o TARV com o seguinte algoritmo terapêutico:
1ª LINHA (crianças > 3 anos, adoloscentes e adultos) para HIV 1
d4T + 3TC + NVP
Nos primeiros 14 dias a Nevirapina é reduzida a metade da dose, isto é, 200 mg/dia para os adolescentes e adultos,
e 4 mg/kg para as crianças ; a partir do 15º dia esta dose passa a ser tomada de 12 em 12 horas.
A Estavudina é doseada em função do peso. Assim, o doente com menos de 60 kg deve ser medicado com 30 mg, e 40
mg se tiver mais de 60 kg de peso, a tomar de 12 em 12 horas. No caso da criança, a dose é de 1 mg/kg de peso a
tomar a cada 12 horas.
A Lamivudina é tomada na dose de 150 mg de 12 em 12 horas para o adolescente e adulto, e 2 mg/kg de 12 em 12
horas para a criança menor de 13 anos de idade.
32
Alternativas à 1ª linha
Existem condições em que alguns dos ARVs da 1ª linha não poderão ser utilizados, e devem ser substituídos :
1. Em caso de NEUROPATIA severa a d4T deve ser substituída por AZT se a Hgb fôr > 8 g/dL ; porém, se a Hgb fôr < a 8
g/dL a d4T ser substituída por ddI.
2. Em caso de intolerância ou alergia à NVP não controlável, mas não grave, deve ser substituída por EFV ; se o doente não
suportar igualmente este ARV ou sempre que a alergia fôr grave, deve então ser substituída por LPV/r ou IDV/r.
3. Os inibidores não nucleosídicos da transcriptase reversa não são eficazes sobre o HIV 2.
1ª LINHA (crianças, adolescentes e adultos) para HIV 2 e HIV 1+2
d4T + 3TC + IDV/r
4. Doentes com co-infecção TB/HIV
O tratamento antituberculose deve ser instaurado imediatamente. Aliás, o momento e a escolha do tratamento ARV são
em função da taxa de CD4, da capacidade do doente a ser aderente nos dois tratamentos e finalmente do tipo de HIV em
causa.
33
Prescrever os ARV em função dos CD4 na co-infecção TB/HIV
Situação
CD4<50 mm3
CD4 50-200/ mm3.
CD4 > 200/mm3.
Recomendações
 Iniciar o tratamento ARV ao 15o dia do tratamento antituberculose
 Iniciar os ARV após a primeira fase do tratamento antituberculose
 Iniciar o tratamento ARV no fim do tratamento antituberculose
Devido à interacção entre a Rifampicina e a NVP deve-se utilizar o seguinte tratamento:
-
EFV a 600 mg/dia (no adulto);
-
Manter NVP se EFV não estiver disponível.
Nota : EFV não deve ser utilizado na criança com menos de 3 anos de idade.
5. Tratamento antiretroviral em Mulheres Grávidas
O risco da transmissão vertical do HIV à criança diminui substancialmente com TARV (ou profilaxia) durante a gravidez.
Regimes de TARV na gravidez
Devem iniciar a tripla terapia (TARV) nas seguintes condições:
 Mulher grávida assintomática com mais de 14 semanas com CD4 < 350 cel/ mm3
 Mulher grávida sintomática em qualquer idade gestacional, deve iniciar o TARV (1ª Linha na gravidez )
independentemente do CD4;
34
1ª Linha na gravidez em caso de HIV 1
AZT + 3TC + NVP se Hgb > 8,0g/dl ou
D4T + 3TC + NVP se Hgb < 8,0g/dl ou
AZT + 3TC + NFV se alergia grave a NVP
De notar a toxicidade acrescida da NVP em mulheres grávidas com CD4 > 250 cel/ mm3
Contra-indicação absoluta na gravidez:
 Efavirenz (EFV): Teratogénico e/ou embriotóxico;
 Associação D4T/DDI: Pelo risco de acidose láctica, esteatose hepática e pancreatite.
Contra-indicação relativa
 Indinavir (IDV): Hiperbillirrubimia e Nefrolitíase;
Se não houver indicação de TARV na mulher grávida, deve ser seguido o tratamento profiláctico da transmissão mãe – filho,
descrito em capítulo apropriado.
35
SEGUIMENTO CLÍNICO E BIOLÓGICO
O objectivo do seguimento é de avaliar a eficácia e a tolerância durante o tratamento.
Um controlo clínico periódico deve ser organizado com o doente, a fim de observar a evolução da terapia, nomeadamente a
melhoria do quadro clínico, o aparecimento eventual dos efeitos secundários ou o rastreio precoce de falha terapêutica.
Também deve comportar uma avaliação da situação psicológica e da aderência ao tratamento.
De notar que a falha clínica é por vezes constatada muito tempo após a falha imunológica e virológica.
Após iniciar o TARV, um controlo clínico deve ser organizado para o 15º dia, um segundo controlo clínico ao 4º mês; se tudo
corre bem, um controlo clínico deve passar a ser feito de 6 em 6 meses.
Quadro 11: Exames a realizar após inicio do TARV:
M0
M
M1
M 1.5 M 2
M3
M4
M6
6/6 M* 12/12 M*
0.5
Hemograma
X
X1
X1
X1
X1
X
X
ALT e AST
X
X
X
X
X
X
Contagem CD4
X
X
X
2
2
2
Amilase
X
X
X
X2
Colesterol
X3
X3
Trigliceridios
X3
X3
Glicemia
X3
X3
X3
X3
Creatininemia
X3
X3
X3
X3
ureia
X3
*se tudo corre bem; 1 quando prescrito AZT; 2 nos esquemas com d4T e/ou ddI; 3 nos esquemas que incluem IP
36
EFEITOS ADVERSOS
Efeitos adversos: Diagnóstico e Conduta
Alguns princípios a observar em caso de aparecimento de um efeito adverso:
1. Assegurar-se que o efeito adverso é devido a um ARV, ou outra medicação.
2. Se houver necessidade de interromper o TARV, todos os medicamentos ARVs devem ser suspensos em
simultâneo, exceto esquemas contendo Nevirapina.
3. Nos esquemas contendo Nevirapina, deve-se interromper primeiro este ARV, e manter por mais 2 dias os outros
2 ARVs, devido à semi-vida longa da Nevirapina; evitar-se-á assim uma monoterapia com este medicamento.
4. O TARV pode ser mantido se o efeito adverso for de grau 1 ou 2.
5. Em caso de efeito adverso de grau 3, dever-se-á considerar a interrupção do TARV, mas este será
obrigatoriamente interrompido se a reacção for de grau 4.
6. Os efeitos adversos devem ser registados e de comunicação obrigatória regular para o Comité do TARV no
Programa de Controle do HIV/SIDA do MISAU. Em caso de efeito adverso severo (grau 4) a comunicação
deverá ser feita dentro de 48-72 horas.
Estabelecimento da graduação do efeito adverso:
Para facilidade do controle dos efeitos adversos definiram-se 4 graus de sinais e sintomas clínicos e biológicos:
GRAU 1
LIGEIRO
Mal estar ligeiro ou transitório; não limitação da actividade; não requer tratamento médico.
37
GRAU 2
MODERADO
Limitação ligeira a moderada na actividade – alguma assistência pode ser necessária; nenhuma ou mínima intervenção
terapêutica é requerida.
GRAU 3
SEVERO
Marcada limitação na actividade - alguma assistência é habitualmente necessária; requer tratamento médico e possível
hospitalização.
GRAU 4
RISCO DE VIDA
Extrema limitação na actividade que requer assistência importante; requer cuidados médicos sob hospitalização e
eventualmente em serviço de urgência. Serão considerados eventos clínicos graves ou pondo em risco a vida, portanto
Grau 4, os seguintes: apoplexia, coma, tetania, cetoacidose diabética, coagulação intravascular disseminada, petéquias
difusas, paralisia, psicose aguda, etc..
38
Nas duas tabelas seguintes são definidas as graduações das anomalias biológicas e clínicas.
Quadro 12: Anomalias biológicas nos efeitos adversos nos adolescentes e adultos
ITEM
GRAU 1
GRAU 2
GRAU 3
GRAU 4
Hemoglobina
8.0–9.4 g/dL
7.0-7.9 g/dL
6.5-6.9 g/dL
< 6.5 g/dL
N.º Neutrófilo
1-1.5x109/L
0.75-0.99x109/L 0.5-0.749x109/L
< 0.5x109/L
Plaquetas
0.750.50-0.74x103/L 0.20-0.49x103/L
<0.20x 103/L
3
0.99x10 /L
Creatinina
>1.0-1.5x ALN
>1.5-3.0x ALN
>3.0-6.0x ALN
>6.0x ALN
ALT (SGPT)
1.25-2.5x ALN
>2.5-5.0x ALN
>5.0-10.0x ALN
>10.0x ALN
Lipase
>1.0-1.5x ALN
>1.5-2.0x ALN
>2.0-5.0x ALN
>5.0x ALN
Triglicéridos
3-4.51 mmol/L
4.52-8.48
8.49-13.56 mmol/L
>13.56 mmol/L
mmol/L
Colesterol
>1.0-1.3x ALN
>1.3-1.6x ALN
>1.6-2.0x ALN
>2.0x ALN
Glicemia
116-160mg/dL
161-250mg/dL
251-500mg/dL
> 500mg/dL
Procedimento
Continuar TARV
Continuar TARV
interromper TARV
Repetir os testes 2 semanas mais
Repetir testes 1 semana imediatamente e
tarde e reavaliar
depois e avaliar de novo. Consultar especialista
Se ALT (SGPT) ainda G3
consultar especialista
sobre interrupção ARV
Os desequilíbrios lipídicos podem ser controlados com dieta, exercício e
farmacologicamente com o uso de fibratos e estatinas.
EM CASO DE DÚVIDA, CONSULTAR SEMPRE A REFERÊNCIA
Nota: a repetição dos testes pode requerer mais consultas que as programadas como rotina.
Abreviações: ALN – Acima dos Limites Normais
39
Quadro 13 : Sinais e sintomas clínicos dos efeitos adversos no adolescente e adulto
ITEM
GRAU 1
GRAU 2
GRAU 3
GASTROINTESTINAL
Náusea
Ligeira ou
Mal estar
Mal estar severo ou
transitória;
moderado ou
ingestão mínima por
Razoável ingestão
ingestão ↓ por
3 dias
mantida
3 dias
Vómitos
Ligeira ou
Moderado ou
Vómitos de todos
transitória;
persistente;
alimentos/fluidos
2-3 episódios por
4-5 episódios
em 24 h ou
dia ou vómitos
por dia ou
hipotensão
ligeiros há < 1
vómitos há >1
ortostática ou
semana
semana
necessitando tttº
IV
Diarreia
Ligeira ou
Moderada ou
Diarreia c/ sangue;
transitória; 3-4
persistente; 5- ou hipotensão
dejecções/dia ou
7 dejecções/dia ortostática ou >7
ligeira diarreia há
ou diarreia >1
dejecções/dia ou
< 1 semana
semana
necessitando tttº
IV
NEUROLÓGICO
Neuro-sensitivo
Ligeira diminuição
Moderada
Marcada diminuição
(↓ da sensibilidade, diminuição
(↓ ou perda da
p.ex, vibratória,
(moderada ↓ da sensibilidade na
pinprick,
sensibilidade,
rótula ou pulso) ou
quente/frio in
p.ex,
perda da
GRAU 4
Hospitalização necessária
Shock hipotensivo ou
hospitalização necessária
para tttº IV
Shock hipotensivo ou
hospitalização necessária
Perda da sensibilidade
envolvendo pernas e tronco
40
great toes) em
áreas focais ou
distribuição
simétrica
vibratória,
pinprick,
quente/frio nos
tornozelo) e/ou
joint position
ou ligeira ↓em
áreas não
simétricas
Moderado
desconforto;
requerendo
analgesia nãonarcótica
(Amitriptilina)
Moderada; ou
requerendo
analgésicos não
narcóticos
sensibilidade pelo
menos em grau
moderado em
múltiplas e
diferentes áreas do
corpo (p.ex,
extremidades inf. E
sup.)
Alterações severas
do humor
requerendo
intervenção médica
Severo
desconforto; ou
requerendo
analgesia narcótica
com melhoria
sintomática
Severa; ou
responde a tttº
inicial com
narcóticos
Rash
maculopapular
difuso ou
Vesiculação ou
descamação húmida
ou ulceração
Neuropsico/humoral
Parestesias
(sensação de
queimadura,
formigueiro,
etc.)
Ligeiro
desconforto; não
requerendo tttº
Cefaleias
Ligeira; não requer
tttº
DERMATOLÓGICO
Rash/Dermatite Eritema, prurido
Psicose aguda requerendo
hospitalização
Incapacitante; ou não
responde a analgésicos
narcóticos
Intratável ou requerendo
tttº narcótico repetido
Dermatite esfoliativa ou
envolvimento de membranas
mucosas ou eritema
41
descamação
seca
Reacção alérgica
OUTROS
Fadiga
Procedimento
multiforme ou suspeita de
sind de SJ ou necrose
requerendo cirurgia
anafilaxia
Prurido sem rash
Urticária
localizada;
angioedema
Urticária
generalizada
Actividade normal
reduzida em < 25%
Actividade
normal reduzida
em 25-50%
Actividade normal
Incapaz de cuidar de si
reduzida em >
próprio
50%; não pode
trabalhar
Consultar a referência especializada
imediatamente antes de interromper a TARV
Continuar TARV; estabelecer uma
monitorização clínica cuidada;
Considerar a substituição de um ARV
se as condições piorarem
Um rash num doente em tratamento com Nevirapina com envolvimento das mucosas ou associado a
febre/sintomas gerais/perturbação da função hepática deverá ser tratado como toxicidade do Grau 4. TODOS
os ARVs deverão ser suspensos imediatamente. Os doentes atendidos nestas condições no nível periférico
deverão ser referidos a um especialista para decisão sobre reinicio do TARV.
O doente não deverá voltar a tomar a Nevirapina ou nem esta será trocada por Efavirenz se ocorre sind de SJ
ou outra reacção do grau 4. Se a reacção não coloca a vida do doente em risco ou é < Grau 4, Efavirenz poderá
ser alternativa, mas com seguimento regular
42
Quadro 14: ABORDAGEM DE EFEITOS ADVERSOS
EFEITOS ADVERSOS
ARV
Acidose láctica,esteatose
ITRN (especialmente d4T e
hepática com hiperlactemia
ddI)
Neuropatia periférica
D4T, ddC, ddI
Pancreatite aguda
D4T, ddI
Alteraçoes
neuropsiquiátricas (
tonturas, dificuldades de
concentraçao, insônia,
sonolência, sonhos anormais,
nervosismo, ansiedade,
EFV
CONDUCTAS DE OBSERVAÇÃO
Suspensão da TARV. Tratamento de suporte, com
reposição de vitaminas e coezimas. Após resolução,
reiniciar TARV, substituindo o IRTN causador. Os
IRTN com menor potencial para esta toxicidade são
ABC, 3TC e TDF
Avaliar indicações de ajuste de dose em relaçao ao
peso. Identificar e corregir outras e possiveis
causas (nutricionais, medicações concomitantes,
etc).
Dependendo da gravidade e das opçoes terapêuticas
de ARV, considerar substituição por ITRN com
pouca toxicidade neuropática (ABC, AZT, 3TC ou
TDF). Tratamento sintomática e com suporte de
vitamina B6 (resposta costuma ser insuficiente,
especialmente nos casos graves e crônicos).
interromper TARV. Tratamento de suporte e
monitorizção laboratorial. Reiniciar TARV com ITRN
sem toxicidade pancreática ABC, ZDV ou 3TC).
Geralmente autolimitadas, e.g. não há necessidade
de interrupção da TARV. Adequar horário da dose
p/ 12 a 15 h antes do horário em que o paciente
precise estar activo. Tratamento sintomático se
necessário. Efeitos podem ser potencializados pelo
uso de álcool e outras drogas psicoativos.
43
depressão)
Citopenias (particularmente
anemia e leucopenia)
AZT
Diarréia
ddI, NFV, LPV/r, APV,
SQV/r, ZDV.
Intolerância
gastrointestinal, com
sintomas como: paladar
alterado, náusea, vômito,dor
abdominal e diarréia
Hepatite
Todos ARV (infrequentes
com d4T, 3TC e ABC)
Dislipidemia e hiperglicemia
IP e EFV
Todos ARV
Se grave (Hb<8,0 g% e/ou PMN<500/mm3)
substituir por ARV com baixo risco de toxicidade
medular (ex.: d4T ou ABC) e considerar transfusão
ou uso de eritropoetina ou filgrastima (GCS-F)
Geralmente autolimitada, e.g. nao há necessidade de
interrupção de TARV. Tratamento
sintomático(farelo de aveia, psyllium, loperamida,
Cálcio pode controlar a diarréia associada ao NFV.
Geralmente autolimitada, e.g. não há necessidade de
interrupção de TARV. Tratamento sintomático.
Uso de ddC está associado com aftas orais.
Elevações intensas de transaminases, associados a
quadros clínicos foram descritas com NVP e RTV. Se
ALT>5 vezes o valor basal, interromper TARV e
monitorar provas de função hepática.
Após resolução, substituir ARV mais provavelmente
associado.
Considerar substituição do ARV suspeito por drogas
com menor risco de toxicidade metabólica.
Dieta e exercício físico. Drogas antilipêmicas, se
triglicérido >500-750 mg% e/ou colesterol LDL>130160 mg%. Hipoglicemiantes, se glicemia de
jejum>140 mg%.
44
Lipoatrofia (face e
extremidades) e acúmulo de
gordura central (abdome,
giba, mamas)
Nefrolitíase (hematúria,
piúria, cólica nefrética,
atrofia renal)
IRTN (d4T) e IP (papel
relativo das drogas não
definido)
Farmacodermia ( leve e
grave, inclusive sindrome de
Stevens-Johnson ou necrose
epidérmica tóxica)
NVP, EFZ
Nos casos muitos leves, sob observação estrita,
pode haver regressão sem necessidade de alteração
terapêutica. Se exantema leve/moderada, não
progressivo e sem acometimento de mucosas ou
sinais sistêmicos, considerar simples troca de
ITRNN (ex.: NVP por EFZ). Nos casos moderados e
graves, suspender TARV e proceder o tratamento
de suporte. Após resolução, reiniciar TARV com 2
ITRN+ IP
Reação de hipersensibilidade
com sintomas sistêmicos
respiratórios e/ou
gastrointestinais, em geral
com febre sem
acometimento de mucosas.
ABC
Interromper defintivamente ABC. Tratamento
sintomático. A reexposição pode levar a quadro
grave, inclusive fatal.
IDV
Considerar tratamento estético e exercícios físicos.
Substituição do(s) ARV (s) suspeitos (s) (D4T por
outro ITRN e IP por ITRNN): experiên-cia ainda
escassa.
Interromper IDV temporariamente. Hidratação,
monitoramento laboratorial e tratamento
sintomático ( taxa de recorrência de 50%).
Considerar substituição de IDV.
Apresentação inicial pode ser confundida com
manifestações clínicas de infecção viral.
45
ADERÊNCIA
Definição: É a participação activa do doente no seu plano de cuidados e que envolve:

O Seguimento da prescrição terapêutica, a comparência às consultas e exames clínicos, a mudança do estilo de vida de
forma a evitar comportamentos de risco.
A capacidade de o indivíduo aderir ao regime terapêutico é essencial para o sucesso do tratamento, contrariamente, a
fraca aderência conduz ao desenvolvimento de resistência, limitando a eficácia terapêutica.
Para que um tratamento ARV seja eficaz, a aderência deve ser superior a 95%, ou seja menos de três (3) omissões por mês
para um tratamento de duas (2) tomas diárias.
A prevenção da aderência é capital.
Luta contra a estigmatização social e abandono de hábitos culturais (cuidados tradicionais e certas práticas religiosas) que,
ao prometer a cura, fazem com que os pacientes percam confiança na eficácia dos tratamentos ARV.
A educação dos pacientes e manutenção permanente do apoio ao longo do tratamento (individualmente, grupos de palavra,
clubes de escuta, visitas a domicílio) é uma actividade fundamental.
46
A formação dos “actores de cuidados” para apoio aos doentes sob prescrição ARV, respeitando as boas práticas clínicas e a
confidencialidade dos doentes, bem como a organização da consulta de aderência são aspectos igualmente importantes para
maximizar a adesão do doente ao TARV.
A adopção de esquemas terapêuticos simplificados, bem aceites pelos pacientes em termos de custo, de tolerância e do
número de administrações diárias, facilita a aderência.
As causas de uma fraca aderência podem ser numerosas e é importante identificá-las:
 Os factores ligados aos ARVs, essencialmente os efeitos indesejáveis, constituem um dos maiores obstáculos à
aderência. Então é preciso reforçar a educação do paciente e alterar o tratamento se a toxicidade é séria (graus 3 ou
4)
 Os factores sociais, nomeadamente o meio” do doente, a situação sócio-económica, a facilidade de acesso aos cuidados
médicos, poderão necessitar de intervenção dos agentes sociais e ou de psicólogos.
 Os factores ligados ao doente, tais como a falta de coragem, falta de convicção na eficácia do tratamento, as
perturbações emocionais (stress, depressão), a precaridade social (ausência de trabalho), o medo de efeitos
secundários, o recurso às orações ou às medicações tradicionais, uso problemático de álcool e drogas,o surgimento de
distúrbios clínicos ou associação com outra patologia, convidam a reforçar a educação e o apoio psicológico do doente.
 Os factores ligados ao pessoal de saúde tais como o não respeito pela confidencialidade ou de consultas médicas, o
mau acolhimento dos doentes e o desconhecimento de regras do seguimento do doente, são igualmente causa de uma
fraca aderência.
Meios de aferição da aderência :
- analisar as queixas e o balanço biológico do doente (certos efeitos secundários podem servir de indicadores
objectivos da aderência: anemia, macrocitose por AZT);
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- medir a aderência combinando dois métodos a saber a entrevista ou o questionário em termos de informação
prestada pelo doente (informação de um período recente, inferior a 7 dias) e a pontualidade nas consultas médicas previstas
no calendário de seguimento;
- estimar o nível de aderência do paciente: número de administrações efectivas sobre o número de administrações
prescritas ou previstas num período de curto tempo. Um paciente aderente é aquele de toma mais de 95% de
administraçõpes medicamentosas. Entretanto, é preciso correlacionar este nível de aderência à resposta clínica imunológica
se possível;
- criar as condições necessárias para realizar este apoio aos doentes em TARV elaborando fichas padronizadas de
apoio à aderência;
- recrutar ou formar agentes sociais (assistentes sociais, psicólogos); o pessoal de farmácia deve participar nesta
avaliação.
FALÊNCIA TERAPÊUTICA
A definição da falência terapêutica baseia-se nos critérios clínicos, imunológicos e virológicos. Nos países de recursos
limitados, limita-se habitualmente aos critérios clínicos e imunológicos.
Diversos elementos podem ser utilizados para definir falência terapêutica:
 Progressão clínica da doença. Aparição de uma nova infecção oportunista ou de uma patologia maligna ligada à progressão
da infecção HIV : Recidiva de uma infecção oportunista anterior (ex. candidose bucal); Recidiva das condições clínicas
definindo o Estadio III da OMS . No adulto, no adolescente, na criança e no bébé, é preciso distinguir a falha clínica do
sindrome de reconstituição imunitária.

Insuficiente recuperação imunológica ou declínio na contagem de CD4+ em pelo menos duas ocasiões separadas, (queda de
≥25% do valor absoluto ou de 3% em valor percentual)
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
Inadequado controle da replicação (falência virológica) definido como: a) redução da carga viral inferior a 1 log ao fim de
8 semanas de tratamento; b) a não supressão do RNA viral plasmático a níveis indetectáveis ao fim de 24 semanas (6
meses) de tratamento; c) a detecção repetida de RNA viral no plasma após supressão inicial a níveis indetectáveis,
sugerindo resistência.
As principais causas de falência terapêutica podem ser devidas a:
1. Insuficiente aderência (a primeira causa);
2. Interrupção devido a toxicidade e eventos adversos;
3. Insuficiente potência antiviral;
4. Problemas de farmacocinética;
5. Presença de mutações que conferem resistência aos fármacos.
Nota: em geral, o nível plasmático do RNA HIV (carga viral) é o melhor parametro para avaliar a resposta terapêutica. Porém,
este exame não estará disponível em São Tomé e Príncipe. Assim:
Parâmetros a serem avaliados em presença de provável falência:
A história clínica do doente;
A avaliação dos parâmetros imunológicos e sua evolução no tempo;
A avaliação da aderência do doente à terapia actual;
O número de opções terapêuticas que restam.
Uma vez tomada a decisão de modificar o tratamento e em face das várias opções disponíveis, é recomendado nunca
substituir um único fármaco e não acrescentar mais um fármaco ao regime que está perdendo actividade antiviral. É sempre
preferível alterar completamente o regime terapêutico.
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Assim, em presença de uma primeira falência terapêutica:
2ª Linha na criança, no adolescente e no adulto
ABC + ddI + LPV/r
Em caso de suspeita de falência terapêutica deve-se enviar ao comité terapêutico do PNLS o resumo do caso
propondo e justificando a razão da mudança do tratamento. Cabe a este comité a tomada de decisão de alteração
para 2ª linha.
O relatório deve conter os seguintes elementos de informação:

O quadro clínico e laboratorial antes de iniciar o TARV;

Data do início do TARV;

CD4 e hemograma com linfócitos totais antes de iniciar TARV;

Evolução clínica e laboratorial do quadro ao longo do tempo de tratamento;

Razões para alteração do TARV.
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PROFILAXIA DA TRANSMISSÃO MÃE-FILHO
Cenário 1
Mãe infectada, mas assintomática e não necessitando TARV
Mãe:
A partir da 28ª semana
AZT 300 mg 2x/dia até ao parto
Intraparto
NVP 200 mg Toma Única no inicio do trabalho de parto (4 a 6 horas antes da expulsão)
Posparto
(AZT 300 + 3TC 150) 1 comp 12/12h durante 7 dias
RN
NVP 4 mg/kg de peso em toma única até 48 a 72 após nascimento
+ AZT 2mg/kg/dia durante 7 dias.
Cenário 2
Mãe infectada, mas assintomática e não necessitando TARV não tendo feito profilaxia durante a gravidez, e surge na
unidade sanitaria próximo do parto
Mãe:
Intraparto
NVP 200 mg em toma única no início do trabalho de parto (4 a 6 horas antes da expulsão)
+ AZT em IV 2 mg/kg na primeira hora, a seguir 1 mg/kg/hora até o parto
Postparto
não ARVs
RN
NVP 4 mg em toma única até 48 a 72 após nascimento
+ AZT 2mg/kg de 6/6 horas durante 4 semanas.
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PROFILAXIA PÓS EXPOSIÇÃO ACIDENTAL OU VIOLAÇÃO
Recomenda-se respeito absoluto pelas regras de biosegurança, por ser a melhor prevenção da exposição ao HIV pelos
profissionais de saúde.
Em caso de acidente, as primeiras medidas devem ser tomadas de imediato pelo profissional que sofreu a ocorrência:
Se a exposição foi percutânea: limpeza imediata com água e com sabão seguido de antisépsia ( Dakin ou água de Javel 12º ou
alcool a 70º ou Betadine durante pelo menos 5 minutos;
Se a exposição foi por projecção mucosa: lavagem prolongada com soro fisiológico ou com água.
Em seguida deve comunicar a ocorrência ao seu superior hierárquico para que as medidas preventivas sejam desencadeadas,
nomeadamente:
1. Teste serológico do HIV da pessoa fonte da exposição acidental;
2. Teste serológico do HIV da pessoa que sofreu o acidente;
Vários cenários são possíveis:
Se a pessoa fonte fôr negativa não há lugar a profilaxia; se a fonte fôr positiva e quem sofreu o acidente tiver resultado
negativo, há neste caso lugar à profilaxia; em caso de resultado positivo de quem sofreu o acidente, não haverá lugar a
profilaxia.
Em caso de necessidade de profilaxia, esta deve iniciar o mais breve possível. O ideal é iniciar até às 4 horas após a
exposição, podendo ir até às 72 horas. A partir deste período de tempo a profilaxia não terá mais interesse, pois a pessoa
poderá já estar infectada.
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Caso a exposição tenha sido de risco mínimo ou intermediário, deve seguir a seguinte terapia profiláctica:
Zidovudina 300 mg (AZT) – 1 comprimido de 12 em 12 horas durante 4 semanas +;
Lamivudina 150 mg (3TC) - 1 comprimido de 12 em 12 horas durante 4 semanas;
Ou (AZT 300 mg + 3TC 150 mg) - 1 comprimido de 12 em 12 horas durante 4 semanas.
Caso a exposição tenha sido de risco massivo, - a violação é sempre considerada risco massivo, deve seguir a seguinte
terapia profiláctica:
Zidovudina 300 mg (AZT) – 1 comprimido de 12 em 12 horas durante 4 semanas +;
Lamivudina 150 mg (3TC) - 1 comprimido de 12 em 12 horas durante 4 semanas;
Ou (AZT 300 mg + 3TC 150 mg) - 1 comprimido de 12 em 12 horas durante 4 semanas.
+ Indinavir/ritonavir 400 mg/100 mg – 2 cápsulas de 400 mg/ 1 cápsula de 100 mg de 12 em 12 horas durante 4
semanas.
Para que a profilaxia seja eficaz, exige-se que:
- Todo o profissional de saúde que está sob risco, deve ser informado da disponibilidade da profilaxia e das medidas a
seguir;
- As unidades sanitárias devem estar organizadas para prestar este serviço de urgência a quem necessitar;
- O ARVs devem estar disponíveis o mais próximo possível do local do acidente, pelo menos para as 1as 48 horas;
- A população deve ser informada da disponibilidade deste serviço de urgência para os casos de violação.
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FARMACOVIGILÂNCIA
As reacções adversas, os efietos colaterais e secundários são frequentes, mas nem sempre se conhece a dimensão do
problema por insuficiência de informação.
A monitorização das reacções adversas aos medicamentos (RAM) – farmacovigilância, justifica-se por:
1. Garantir o uso seguro dos medicamentos e a qualidade da prática;
2. Avaliar a relação risco/benefício do medicamento para tomar melhores decisões terapêuticas;
3. Conhecer os efeitos adversos após a comercialização dos medicamentos;
São objectivos da farmacovigilância:
1. Identificar e notificar as RAM, especialmente as que não foram descritas;
2. Avaliar a relação risco/benefício do medicamento e as implicações para a saúde pública;
3. Prevenir as RAM promovendo o uso racional de medicamentos;
4. Comunicar e recomendar as autoridades sanitárias e o público em geral;
5. Informar aos profissionais de saúde e tomar eventuais medidas administrativas.
O sistema de farmacovigilância consiste na notificação espontânea de todos os profissionais que prescrevem ao
Departamento de Framacovigilância no Ministério da Saúde e a informação recolhida é integrada dentro do Sistema
Internacional de Farmacovigilância da OMS. Uma ficha de notificação será disponibilizada para este fim.
Devem ser notificadas todas as reacções suspeitas de serem resultantes da utilização de medicamentos; Para os ‘novos’
medicamentos ( os ARVs em STP) – notifica-se todos os eventos suspeitos, incluindo os menores; se uma dada reacção
aumenta a frequência, este aumento deve ser comunicado.
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MONITORIA E AVALIAÇÃO
Sendo o TARV para toda a vida do doente, uma sistema de monitoria e avaliação do programa deve ser organizado até ao
mínimo detalhe.
Assim, cartões para os doentes e fichas de registos nos s.erviços onde o TARV é disponibilizado serão distribuidos pelas
unidades sanitárias. Em anexo alguns exemplares
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