Tema Central: "O AUDITOR-FISCAL COMO AGENTE DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL” I - .... II) ORGANIZAÇÃO SINDICAL A conjuntura política atual e suas conseqüências no cenário sindical Autores: AFRFB Antonio Altafim – Fone. (19) 9343.7597 - e-mail – [email protected] AFRFB Geraldo de Oliveira Scano – F. (19) 9185.7491– e-mail – [email protected] AFRFB Roberto de Andrade – F. (19) 9746.4556 – e-mail [email protected] AFRFB Ulande Lopes Casquel – F. (19) 2113.3100 – e-mail – [email protected] Walter Gallo – F. (19) – (9782.3047) – e-mail – [email protected] DS Limeira/SP TÍTULO: Crise política no movimento sindical e reflexões sobre a fragmentação e natureza do poder sindical. Sumário I – Introdução; II – Autonomia Sindical, reflexão e liberdade na negociação coletiva; III Ameaça às conquistas históricas; IV - Alerta às estruturas sindicais sólidas na negociação coletiva; V - Conclusão. Resumo Ao fazer uma análise sobre o assunto “crise política no movimento sindical”, busca-se reflexão sobre as possíveis causas da limitação da capacidade de ação coletiva dos sindicatos e fragmentação das categorias sindicais no serviço público. I - Introdução Muito se discute da problemática das negociações pelas direções sindicais em referência ao pressuposto de que temas que envolva: reajustes salariais, manutenção ou ampliação de benefícios e melhorias das condições de trabalho no serviço público, será resolvida através do diálogo social. É possível conhecer os fatos e amenizar resultados inesperados antes que cause maior fragmentação? 1 II – Autonomia Sindical, reflexão e liberdade na negociação coletiva Uma das maiores conquistas da Constituição Federal de 1988 (art. 37, VI), foi o direito à liberdade sindical e o direito de greve da classe trabalhadora do serviço público. Após esta data, diante das ameaças nas relações coletivas de trabalho, há um equilíbrio entre as forças do governo e servidores públicos. Diante dessa circunstância, abriu-se a participação e consciência política sindical dos servidores públicos na formação das decisões na negociação coletiva. Mesmo havendo multiplicidade de interesses em conflito, há garantia constitucional de que a preservação do interesse global está acima das circunstâncias, sem sufocar movimentos para garantir melhores condições de trabalho sempre no interesse público e da coletividade. Portanto, no cenário atual onde entidades sindicais discutem uma melhor saída para os conflitos, com avanço na negociação coletiva, criar mecanismos para evitar o esmorecimento que enfraquecem toda a estrutura sindical, principalmente contra as perdas de conquistas históricas, e possa repensar uma estrutura com autonomia e liberdade sindical efetiva. III – Ameaças às conquistas históricas Desde a década dos anos 90, alguns gestores das administrações públicas sentiram-se tentados a aplicarem modelos da iniciativa privada, segundo a teoria do “Estado mínimo”. Governos de plantão tentaram fazer diversas alterações na negociação coletiva ou regime de trabalho sem qualquer obediência aos princípios constitucionais a que estão sujeitos os funcionários públicos. Como resultado, aquelas que foram tentadas tiveram que retornar ao “status quo”, em virtude das peculiaridades legais ímpares de cada setor ou categoria. Isto denota a luta que sindicatos tiveram que travar para que benefícios conquistados ao longo de décadas não fossem perdidos da noite para o dia. Nesse diapasão, os primeiros a serem atingidos são membros das direções sindicais, que acabam sendo cooptados inconscientemente pela posição privilegiada que se encontra. Por exemplo: ao invés de servir como instância de consulta ás bases, acaba contrariamente às atribuições estatutárias, agindo como órgão deliberativo. Uma das maiores perdas das carreiras do serviço público foi à alteração da Constituição Federal pelo governo de plantão, instituindo a continuidade do pagamento da contribuição previdenciária, mesmo após os servidores terem completado o período de contribuição para a aposentadoria. Até hoje, sindicatos dos servidores públicos lutam para por fim a essa contribuição. Este marco no setor público e outras perdas dos servidores aconteceram em virtude de propostas de governos de plantão e aprovadas no congresso nacional, que de modo silencioso foram fragmentando categorias sindicais. 2 A ameaça à liberdade sindical e autonomia sindical foi atingida pela falácia do governo em anunciar que a negociação coletiva poderia se dar através de “diálogos sociais”, por meio de uma legislação, desvinculadas da ação coletiva dos servidores e realizadas através de gabinetes. IV- Alerta às estruturas sindicais sólidas na negociação coletiva As categorias sindicais devem ficar alerta na ameaça que norteia instituições sólidas no Brasil, principalmente quando se tem nítida intenção do governo de causar divisões em sindicatos de servidores públicos e destes com o governo. Muitas vezes, as dificuldades de encaminhamentos levados para as assembléias sindicais deixam de transparecer as intenções e projetos de forma clara, mas baseado num sistema político que possui regras próprias e em condições obscuras. Só para exemplificar, na frase proposta por Marx: “O homem faz a história em condições que lhes são dadas”, mostra que muitas vezes os filiados aos sindicatos são levados a acreditar nos encaminhamentos enviados em última hora para as Assembléias. Não percebem que escondem obscuridades que nem todos estão adequadamente informados para a tomada de decisão. E, a pior ameaça: corre-se o risco de sindicatos terem que participar do jogo político que interessa ao governo de plantão, no intuito de querer pautar e decidir indicativos nas assembléias. Nisso tudo se percebe que em função de decisões políticas de outros interesses, muitos encaminhamentos postados democraticamente, são passíveis de reversão, em função da subjetividade, estrutura e conjuntura, principalmente quando são permanentemente lembradas por aqueles que convidam a acomodar-se a essas decisões. Note-se que muitas direções sindicais, por indução, acabam defendendo posições totalmente diferentes de encaminhamentos de órgão deliberativos. Com isso, dividi e afeta o pensamento sindical. Nessa linha, pode ser encontrada no livro: A Arte da Prudência, de Baltasar Gracián, pg. 76, com o título “Ir ao âmago das questões”: a seguinte frase: .... ”Muitos se perdem nas árvores, mas não atinam com a floresta, ou põem seus esforços a perder, falando sem parar, argumentando inutilmente, sem atingir o cerne da questão”. Em vista dos fatos mencionados, é preciso evitar maiores desgastes políticos e financeiros, denunciando as direções sindicais e alertando sobre os riscos que abalam as estruturas sólidas e exemplos de ocorrências de fragmentação de outras categorias sindicais. Portanto, combater o centralismo burocrático com o intuito de preservar a negociação coletiva e garantir direitos já conquistados, é direito, é dever dos sindicalizados. Combater o intervencionismo governamental, para proteção de seus filiados é sua verdadeira função no equilíbrio das forças no mundo do trabalho. Com diria o autor Arnaldo José Franca Mazzei no livro: A Liberdade Desfigurada pag. 158 “ ....a luta pela liberdade sindical no Estado pode ser confundida com a demanda pelo sindicato oficial de Estado. O que 3 está em jogo não é necessariamente o atrelamento dos sindicatos ao Estado, mas a garantia de atividade sindical que o Estado, na figura casuística dos governos, insiste em não aceitar”. Por exemplo, a categoria dos professores universitários, representada através de seu sindicato ANDES (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), que nas últimas décadas foi considerada uma das classes mais combativas do serviço público, sofreu um golpe com a criação do PRO-IFES (Fórum de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior), por um grupo de professores opositores que perderam a eleição em 2004. Os professores universitários neste período e diante das ameaças de reformas administrativas, previdenciárias, privatizações e ainda falta de reajustes salariais e melhores condições de trabalho, sofreram desgastes no movimento grevista, por falta de posicionamento e morosidade nas negociações pelo governo federal. Lembrando-se que em países desenvolvidos, dado a importância e reconhecimento, as categorias universitárias são chamadas a participar das decisões do governo. Diante de tal situação, ocorreram diversas aposentadorias precoces, perdas de talentos para outros órgãos públicos ou iniciativa privada, tendo como principal prejuízo à comunidade, pelas perdas na qualidade do serviço público. A direção do ANDES diz-se que a entidade PRO-IFES nasceu de cima para baixo com a bênção do governo federal, dos partidos governistas e do campo majoritário da CUT, com o fim de afogar a greve, e pretende representar os docentes das Instituições Federais de Ensino Superior em negociações coletivas futuras, causando fragmentação da categoria. Esta intervenção reflete o que ocorrera nos primeiros congressos da CUT, quando sua direção nacional restringiu a participação de uma minoria de base, e ampliou a maioria dos dirigentes sindicais. Atualmente isto pode estar ocorrendo em muitos sindicatos, principalmente quando direções, pela posição privilegiada que ocupam, tentam dificultar encaminhamentos legítimos de filiados em plenárias, congressos etc. A notícia acima é confirmada pela Revista época, na edição nº 625 de 10/05/2010, com o título de “República Sindical” – página 50, onde membros do Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior ANDES), afirmam que a CUT e seus exdirigentes no governo insulfraram a criação do Pro-Ifes (aliado ao governo), dito como chapa branca, para enfraquecer o Andes. Outro exemplo dessa fragmentação ocorreu no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP), através de aplicação de provas aos alunos das 4ªs, 6ªs e 8ªs séries do ensino fundamental e para os alunos do 3º ano do ensino médio. Segundo o governo, o objetivo é avaliar a qualidade e nível de assimilação dos alunos nas disciplinas de Matemática, Português, Ciências, Redação, Geografia e História. Ao contrário do que afirma o governo, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (APEOESP) diz que as avaliações têm por objetivo colocar uma espada sobre a 4 cabeça dos professores, pois além de retirada de direitos, projeta a exclusão e perda do direito de ter reajustes salariais de pelos menos a 80% deles. Salienta-se, que dois fatores foram indicativos para que somente os 20% de professores tivessem reajustes de 25%. Primeiro, o resultado da prova aplicada aos professores, e segundo, o desempenho do aluno da sala de aula do professor na prova do Saresp. Outro fator que incomoda e provoca divisão, é que a avaliação dos alunos dos 3º ano do ensino médio no Saresp, não é aproveitada para fins de pontuação no Enem e nos vestibulares estaduais e federais. Além disso, um fato inusitado e intervencionista do governo ocorreu nos dias 17 a 19 de novembro de 2009, quando estava marcado para se realizado a IV Conferência de Educação da APEOESP, na cidade de Serra Negra/SP, onde os professores debateriam a grave situação da educação pública no estado, o governo paulista antecipou a realização da prova do Saresp para a mesma data. Em nota à imprensa, a entidade APEOESP sustenta que o governo estadual erra no processo de avaliação e o utiliza para excluir professores. V - Conclusão Portanto, após essa pequena amostra da crise política atual no movimento sindical, muitos dirão que ainda há muito a caminhar, outros ainda dirão que não há caminho. Para essa situação descreve o autor espanhol Antônio Machado com a seguinte frase “caminhante, não há caminho, faz-se o caminho ao andar”. Enfim, as entidades sindicais necessitam deixar de participar do jogo político que não interessa, por ideais meramente protecionistas, clientelismo etc., e de alimentar crenças e ilusões politicamente indesejáveis que causam maior fragmentação, e que podem levar a perdas de conquistas históricas, e possa repensar uma estrutura com autonomia e liberdade sindical efetiva. Bibliografias Mazzei, Arnaldo José Nogueira França, A Liberdade Desfigurada, Ed. 2005. Gracián, Baltasar - A Arte da prudência – 2ª. Edição Editora Martin Claret Revista Época – Edição do mês 05/2010 – A República Sindical Textos da internet Teses - Arnaldo Boson Paes – Negociação coletiva na administração pública: Integração no conteúdo essencial da liberdade sindical dos servidores públicos civis. http://apeoesp.wordpress.com/2009/12/31/folha-publica-carta-da-apeoesp-sobre-pesquisa/ em 22/08/2010 5