Es ecial Não existe previsão de tempo bom para o Brasil nos

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Es ecial
Não existe previsão de tempo bom para o Brasil nos
próximos meses, mas um acordo político e a aprovação
dos ajustes no Congresso podem evitar o pior
MARCELO
economia brasileira atingiu o fundo
do poço? Quando
começa a recuperação? Se o país
perder o grau de
investimento, hipótese que ganhou força, quais
os impactos negativos sobre o câmbio e o ritmo de crescimento? Para responderem a perguntas
como essas, que muitos brasileiros se fazem em um momento de incertezas como o atual, bancos e consultorias desenvolvem modelos estatísticos que procuram antever o comportamento dos indicadores e os reflexos sobre a atividade e
o consumo. Um simulador criado pelos
economistas Juan Jensen e Thiago CuraS8 I 5 DE AGOSTO,
2015
I veja
SAKATE
do, da consultoria Tendências, dá a dimensão dos efeitos decorrentes do eventual rebaixamento da nota de crédito do
pais no primeiro semestre do ano que
vem. Os números podem ser observados
no quadro da página ao lado. A cotação
do dólar chegaria a 4,50 reais no próximo ano, a inflação permaneceria alta.
os juros subiriam ainda mais e o pais
teria mais um ano de rece são.
Para chegarem a esses resultados, os
economistas recorreram a uma ferramenta de análise econométrica recémconcluída. Trata-se de uma adaptação
do Samba, sigla em inglês para Stochastic Analytical Model with a Bayesian Approach, ou modelo analítico estocástico com uma abordagem bayesiana, elaborado pelos técnicos do Banco
Central e usado pelos diretores da insti-
tuição para analisar os rumos da economia e fixar a taxa básica de juros, a
Selic. Chamado de simulador econômico da Tendências, o modelo permite
calcular como diferentes variáveis se
comportam a partir de fatos concretos
como a revisão das metas fiscais até
2018, que o governo anunciou há duas
semanas. É possível fazer a simulação
de diversos choques na economia, tanto positivos, como o aumento do preço
das exportações, quanto negativos, como a diminuição das metas fiscais. Essa
mudança, aliás, já se refletiu em uma
deterioração dos indicadores. A taxa de
câmbio para o dólar deverá ficar perto
de 3,50 reais no fim do ano, caso não
surjam novos fatos relevantes. Anteriormente, prevalecia a previsão de
uma cotação do dólar a 3,15 reais. No
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caso do produto interno bruto (PIB) em
2015, a queda prevista passou de 1;46%
para 1,93%.
Não há cenário de retomada imediata para a economia. Na melhor das
hipóteses, o país retomaria às condições que apresentava até o início de
junho - ou seja, antes da revisão das
metas orçamentárias e do agravamento da crise entre a presidente Dilma
Rousseff e o Congresso. "Esse cenário
otimista poderia se concretizar a partir de um acordo político entre o governo, o PMDB e a oposição para
aprovar as medidas mais importantes
de contenção dos gastos e de aumento das receitas federais", exemplifica
Juan Jensen, sócio da Tendências. Nessa perspectiva, o país encolheria 1,5%
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neste ano, mas voltaria a crescer em
2016, ainda que de forma moderada,
com uma expansão de 0,8%. Em 2017,
a alta seria de 2,3%. A inflação recuaria e ficaria dentro da margem de tolerância da meta no próximo ano, com
uma taxa de 5,4%. Não é, como se percebe, uma perspectiva capaz de despertar euforia entre os brasileiros, embora, pelas projeções dos economistas, esse seja um cenário positivo (veja
o cenário 3, na pág. 62).
Há um cenário intermediário, que
corresponde à manutenção do grau de
investimento, mas sem a melhora no
ambiente político que permitiria ao governo adotar as medidas desejadas para reequilibrar as contas públicas (veja
o quadro acima). esse caso, a econo-
mia cairia 1,9% e ficaria praticamente
estagnada em 2016, com avanço de
0,35%. ''As expectativas vêm mostrando forte deterioração no último mês. O
anúncio pelo governo de que o ajuste
fiscal ficou mais distante e que será feito de forma gradual até 2018 está ocasionando uma maior precificação de
risco e motivando revisões dos cenários", afirma Jensen. Segundo o economista, "mesmo que o país preserve o
selo de grau de investimento, haverá
uma trajetória pior da economia, refletida em crescimento menor e maior depreciação cambial".
O rebaixamento traria consequências graves para a economia, que voltaria a se retrair em 2016 (veja o cenário 1, na pág. 59). Seria a primeira vez
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que o Brasil encolheria dois anos seguidos desde a Depressão de 1930. Segundo as projeções da Tendências, a cotação do dólar dispararia para 4,50 reais
no pior cenário, contagiando de forma
relevante a inflação por meio do preço
de produtos importados.
Um estudo da equipe econômica do
banco Credit Suisse analisou os dados
dos seis momentos (incluindo o atual)
em que o Brasil entrou em recessão desde 1996. O diagnóstico é que o processo
de retomada da atividade atual será o
mais prolongado. O país conseguirá retomar ao nível de atividade do primeiro trimestre de 2014 (que antecedeu o
início da retração) depois de 2016. Ou
seja, levará onze trimestres para se recuperar da crise. Nas cinco recessões
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de reequilíbrio fiscal sobre a economia,
foi na verdade o escândalo de corrupção
na Petrobras o principal causador da recessão deste ano, segundo cálculos da
Tendências. A paralisação de projetos
vai derrubar os investimentos da estatal
em 30% neste ano, com efeito multiplicador negativo sobre a atividade econômica. Os investimentos em infraestrutura devem cair 15%, por causa do aperto
sobre as empreiteiras suspeitas de envolvimento no esquema. Tudo somado, a
conta que se faz é que a Operação LavaJato vai subtrair 1,9 ponto porcentual do
PIB neste ano. Posto de outra forma, o
país conseguiria evitar a recessão não
fosse a corrupção na estatal. O responsável por esse custo, direta ou indiretamente, foi o governo.
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anteriores, a economia brasileira havia
levado no máximo seis trimestres para
retomar o nível de atividade.
"Em quatro dos cinco episódios
analisados, o ajuste a choques recessivos foi realizado com o aumento da
competitividade externa. Em apenas
um desses episódios (na recessão de
2008), a retomada foi completamente
explicada pela performance da demanda doméstica, em período marcado por
expressivos estímulos fiscais e monetários", escreve Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse. Ê uma alternativa hoje pouco provável, tendo em
vista a necessidade de rearranjo das contas públicas e de controle da inflação.
Apesar da ênfase dada no debate público aos alegados efeitos das medidas
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