Trigonometria 1 História As origens da trigonometria são incertas. É possível encontrar problemas que envolvem a cotangente no Papiro Rhind e uma notável tábua de secantes na tábua cuneiforme babilônica Plimpton 332. O desenvolvimento da trigonometria está bastante ligado à astronomia. Os astrônomos babilônicos dos séculos IV e V a.C. obtiveram várias informações que foram transmitidas aos gregos. Foi essa astronomia primitiva que deu origem à trigonometria esférica. Nas obras de Euclides já existiam teoremas equivalentes a leis trigonométricas. Em "Os elementos"é possível encontrar as leis do cosseno para ângulos obtusos e agudos, porém enunciadas em linguagem geométrica. Hiparco de Nicéia ganhou o direito de ser chamado "o pai da trigonometria"pois fez um tratado em doze livros que se ocupa da construção do que deve ter sido a primeira tabela trigonométrica: uma tábua de cordas. Ptolomeu também construiu uma tabela de cordas que fornece o seno dos ângulos com incrementos de 15". Evidentemente Hiparco fez estes cálculos para usá-los em sua astronomia. Também parece ter sido Hiparco o primeiro a dividir o círculo em 360o na sua tábua de cordas. A mais influente e significativa obra trigonométrica da antiguidade foi a "Syntaxis matematica", obra escrita por Ptolomeu. Este tratado é famoso por sua compacidade e elegância, e para distinguí-lo de outros foi associado a ele o superlativo magiste ou "o maior". Mais tarde na Arábia o chamaram Almagesto, por designação da língua, e a partir de então a obra é conhecida por esse nome. 2 Aplicações Existem diversas aplicações da trigonometria e das funções trigonométricas. Por exemplo, a técnica da triangulação é usada em astronomia para estimar 1 a distância das estrelas próximas; em geografia para estimar distâncias entre divisas, em sistemas de navegação por satélite e em GPS. As funções seno e cosseno são fundamentais para a teoria das funções periódicas, que descrevem as ondas sonoras e luminosas. Campos que fazem uso da trigonometria incluem astronomia (especialmente para localização de posições aparentes de objetos celestes, na qual a trigonometria esférica é essencial) e portanto navegação (nos oceanos, em aviões, e no espaço), teoria musical, acústica, óptica, análise de mercado, eletrônica, teoria da probabilidade, estatística, biologia, equipamentos médicos (por exemplo, tomografia computadorizada e ultrassom), farmácia, química, teoria dos números (e portanto criptografia), sismologia, meteorologia, oceanografia, muitas das ciências físicas, solos (inspeção e geodesia), arquitetura, fonética, economia, engenharia, gráficos computadorizados, cartografia, cristalografia e desenvolvimento de jogos. 3 Razões Trigonométricas Figura 1: Triângulo Retângulo 2 b a c cos(θ) = a b tg(θ) = c Uma vez que as funções seno e cosseno tenham sidos tabuladas (ou computadas por uma calculadora), pode-se responder virtualmente todas questões sobre triângulos arbitrários, usando a lei dos senos e a lei dos cossenos. Estas leis podem ser usadas para calcular os ângulos restantes e lados de qualquer triângulo bem como dois lados e um ângulo ou dois ângulos e um lado ou três lados conhecidos. Alguns matemáticos acreditam que a trigonometria foi originalmente inventada para calcular relógios de sol, um tradicional exercício em antigos livros. Isto é também muito importante para a agrimensura. Para os triângulos retângulos, em que 0 < θ < 90o (figura 1), temos: sen(θ) = 1. tg(θ) = sen(θ) , cos(θ) θ 6= π 2 + Kπ, K ∈ Z 2. sen(θ) = cos(90o − θ) 3. tg(θ) = 4 Ângulos Notáveis 0o sen(θ) 0 cos(θ) 1 tg(θ) 0 5 1 tg(90o −θ) 30o 1 √2 3 √2 3 3 o 45 √ 2 √2 2 2 1 o 60 √ 3 2 1 √2 3 90 1 0 @ Unidades de Arcos 1. Grau: • 1o = 1 360 0 da circunferência • 1o = 60 (60 minutos de grau) • 10 = 60” (60 segundos de grau) 3 2. Radiano: Medida do arco cujo comprimento tem a mesma medida do raio da circunferência. πrad = 180o 6 Ciclo Trigonométrico Através do ciclo trigonométrico (figura 2), podemos expandir as definições das funções trigonométricas para quaisquer valores de θ. Figura 2: Ciclo Trigonométrico • O raio da circunferência vale uma unidade. • O eixo dos senos é análogo ao eixo y e o dos cossenos ao eixo x do plano cartesiano. • O sentido positivo dos arcos é anti-horário (à partir do ponto (1;0) do plano cartesiano, denominado "origem dos arcos"). • Como podemos observar, −1 ≤ sen(θ) ≤ 1 e −1 ≤ cos(θ) ≤ 1, já a tangente e a cotangente podem assumir qualquer valor real. Algumas equações envolvendo funções trigonométricas são verdade para todos os ângulos e são conhecidas como ”identidades trigonométricas”. Muitas expressam relações geométricas importantes. Aqui há algumas das identi4 dades mais comumente utilizadas, assim como as fórmulas mais importantes conectando ângulos e lados de um triângulo arbitrário. Para cada grupo de identidades, uma delas será demonstrada, as demais ficam a cargo do leitor. 6.1 Identidades Fundamentais 1. tg(θ) = sen(θ) cos(θ) 2. cotg(θ) = cos(θ) sen(θ) 3. cossec(θ) = 4. sec(θ) = 1 sen(θ) 1 cos(θ) 5. sen2 (θ) + cos2 (θ) = 1 6. 1 + tg 2 (θ) = sec2 (θ) Demonstração: Temos que sen2 (θ) + cos2 (θ) = 1. Dividindo a igualdade por cos2 (θ), temos: 1 + tg 2 (θ) = sec2 (θ) cqd. 7. 1 + tg 2 (θ) = cossec2 (θ) 6.2 Identidades de Adição 1. sen(a ± b) = sen(a)cos(b) ± sen(b)cos(a) Demontração: Temos o seguinte triângulo: Sabendo que a área de um triângulo (figura 1) é dada por: A= a.b.sen(θ) 2 Sendo θ o ângulo entre os lados de medidas a e b. Assim: 5 b.c.sen(α+β) = 2 cos(α) = hc cos(β) = hb b.h.sen(β) 2 + c.h.sen(α) 2 b.c.sen(α + β) = b.h.sen(β) + c.h.sen(α) Dividindo por bc: sen(α + β) = h h .sen(α) + .sen(β) b c sen(α + β) = sen(α).cos(β) + sen(β).cos(α) cqd. 2. cos(a ± b) = cos(a)cos(b) ∓ sen(a)sen(b) 3. tg(a ± b) = tg(a)±tg(b) 1∓tg(a)tg(b) 4. cotg(a ± b) = cotg(a)cotg(b)∓1 cotg(a)±cotg(b) Utilizando as "Identidades de Adição", podemos deduzir as "Identidades de Duplicação", considerando, em cada uma das fórmulas, b = a e sinal positivo. 6.3 Identidades de Duplicação 1. sen(2a) = 2sen(a)cos(a) Demonstração: sen(2a) = sen(a + a) 6 sen(2a) = sen(a).cos(a) + sen(a).cos(a) sen(2a) = 2sen(a)cos(a) cqd. 2. cos(2a) = cos2 (a) − sen2 (a) 3. tg(2a) = 2tg(a) 1−tg 2 (a) 4. cotg(2a) = cotg 2 (a)−1 2cotg(a) Desafio: Deduza as fórmulas de sen (nθ) cos (nθ) Dica: eiθ = cos (θ) + isen (θ) 6.4 Identidades de Fatoração 1. sen(a) ± sen(b) = 2sen( a±b )cos( a∓b ) 2 2 Demonstração: Sendo: ( x = a+b 2 y = a−b 2 Temos: sen(a) ± sen(b) = sen(x + y) ± sen(x − y) sen(a)±sen(b) = [sen(x)cos(y) ± sen(y)cos(x)]±[sen(x)cos(y) ∓ sen(y)cos(x)] sen(a)±sen(b) = sen(x)cos(y)±sen(y)cos(x)±sen(x)cos(y)∓sen(y)cos(x) sen(a) ± sen(b) = 2sen(x)cos(y) sen(a) ± sen(b) = 2sen( cqd. 2. cos(a) + cos(b) = 2cos( a±b )cos( a∓b ) 2 2 3. cos(a) − cos(b) = −2sen( a±b )sen( a∓b ) 2 2 7 a±b a∓b )cos( ) 2 2 4. tg(a) ± tg(b) = sen(a±b) cos(a)cos(b) 5. cotg(a) ± cotg(b) = 6.5 sen(a±b) sen(a)sen(b) Identidades de Prostaférese A prostaférese é o contrário da fatoração, ou seja, a transformação de um produto em uma soma. 1. 2sen(a)cos(b) = sen(a + b) + sen(a − b) Demonstração: Sabendo que: sen(a) + sen(b) = 2sen( a+b a−b )cos( ) 2 2 Sendo: ( x= y= a+b 2 a−b 2 Temos: sen(x + y) + sen(x − y) = 2sen(x)cos(y) 2sen(x)cos(y) = sen(x + y) + sen(x − y) cqd. 2. 2cos(a)cos(b) = cos(a + b) + cos(a − b) 3. 2sen(a)sen(b) = cos(a − b) − cos(a + b) 7 Equações Trigonométricas • Equações Fundamentais em θ sen(θ) = a cos(θ) = a tg(θ) = a .. . 8 • Equações não Fundamentais: 1. Redutíveis por meio de identidades trigonométricas. 2. a.sen(θ) + b.cos(θ) = c – 1a Solução: c − b.cos(θ) a 2 c − b.cos(θ) + cos2 (θ) = 1 a 2 2 c b 2bc 2 cos(θ) + + 1 cos (θ) − −1 =0 a2 a2 a2 sen(θ) = – 2a Solução: √ Num triângulo retângulo de catetos a e b; e hipotenusa a2 + b2 , temos: b a e sen(α) = √ 2 2 +b a + b2 b c a √ sen(θ) + √ cos(θ) = √ a2 + b 2 a2 + b 2 a2 + b 2 c sen(θ)cos(α) + sen(α)cos(θ) = √ a2 + b 2 c sen(θ + α) = √ a2 + b 2 cos(α) = √ a2 3. a.sen2 (θ) + b.sen(θ)cos(θ) + c.cos2 (θ) = d Solução: (a − d).tg 2 (θ) + b.tg(θ) + (c − d) = 0, cos(θ) 6= 0 p −b ± b2 − 4(a − d)(c − d) tg(θ) = 2a 4. Redutíveis por fatoração. 5. Redutíveis por prostaférese. 6. Equações não-coordenáveis: Não podem ser reduzidas às fundamentais por nenhum dos métodos anteriores. 9 8 Identidades Triangulares Figura 3: Identidades Triangulares • Lei dos Senos A lei dos senos é uma relação entre os lados e ângulos de um triângulo qualquer e o raio R de sua circunferência circunscrita. O teorema diz que: b c a = = = 2R sen(A) sen(B) sen(C) Podendo ser demonstrado por Geometria Analítica e Vetores ou por Teorema do ângulo inscrito. As duas demonstrações podem ser encontradas nas referências. • Lei dos Cossenos A lei dos cossenos estabelece uma relação entre um lado do triângulo, seu ângulo oposto e os lados que definem este ângulo através da trigonometria. Este teorema é atribuído ao matemático persa Ghiyath al-Kashi. O teorema diz que: a2 = b2 + c2 − 2bc.cos(A) b2 = a2 + c2 − 2ac.cos(A) c2 = a2 + b2 − 2ab.cos(A) Podendo ser demonstrado por Geometria Analítica e Vetores ou por Teorema de Pitágoras. 10 As duas demonstrações podem ser encontradas nas referências. Referências • http://www.ime.usp.br/ leo/imatica/historia/trigonometria.html • http://pt.wikipedia.org/wiki/Trigonometria • http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_dos_senos • http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_dos_cossenos • Livro de Matemática do Sistema de Ensino Poliedro 11