Experiência Internacional e o Brasil Dr Helder - ECG / TCE-RJ

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Investigação sobre Critérios de Distribuição
e Utilização dos Royalties Petrolíferos:
lições da experiência internacional
Helder Queiroz Pinto Junior
Instituto de Economia- Universidade Federal do
Rio de Janeiro
novembro de 2009
1
Grupo de Economia da Energia
Plano da Apresentação
‰ Justificativa econômica e grau de centralização na gestão
dos Royalties
‰ A experiência internacional na gestão da renda petrolífera
em diferentes países
‰ O marco do pré-sal e a necessidade de reestruturação do
sistema brasileiro de arrecadação de royalties
2
Grupo de Economia da Energia
Recursos Naturais em Repúblicas Federativas (1)
‰ Distribuição geográfica assimétrica dos recursos naturais
dentro de Repúblicas Federativas →permanente embate
político entre governos federais, estaduais/provinciais e
locais.
‰ Intensificação
do
debate
devido
à
fase
de
expressiva
volatilidade dos preços internacionais do
petróleo → revisão da estrutura de cobrança de royalties
na fase de alta dos mesmos
3
Grupo de Economia da Energia
Recursos Naturais em Repúblicas Federativas (2)
‰ Arrecadação das participações governamentais, em
especial os royalties, dependem sempre da evolução dos
preços internacionais
‰ Quais critérios devem presidir a repartição e o uso dos
royalties entre governos federais, estaduais e locais?
‰ Quais lições
internacional?
podem
ser
extraídas
da
experiência
4
Grupo de Economia da Energia
Royalties
‰ Justiça inter-geracional: necessidade de se aprimorar a qualidade da
aplicação dos recursos
‰ Duas questões centrais norteiam a aplicação destes recursos:
• Quanto deve ser aplicado hoje e quanto deve ser poupado para o futuro?
• Quais as prioridades para aplicação destes recursos?
‰ Nos países, nos quais a renda petrolífera é significativa, o controle e
repartição desses recursos entre as esferas de poder é uma variávelchave
5
Grupo de Economia da Energia
Centralização na Gestão dos Recursos (1)
‰ Países adotam regimes de gestão e repartição dessa renda
com diferentes graus de centralização
‰ Propriedade descentralizada dos recursos implica que as
receitas são revertidas de forma direta para esferas subnacionais, o que acarreta em grandes discrepâncias de
benefício fiscal líquido
‰ Perspectivas de médio e longo prazo das políticas que
envolvem a aplicação dos recursos petrolíferos são cruciais.
6
Grupo de Economia da Energia
Centralização na Gestão dos Recursos (2)
‰ Gestão descentralizada exige coordenação entre as
decisões das esferas central e local, cujos objetivos
nem sempre são convergentes
‰ Grande volatilidade dos preços do petróleo gera
uma dificuldade de administração de caixa, com
alternância entre períodos de forte crescimento de
receita e períodos de forte retração
7
Grupo de Economia da Energia
Experiência Internacional (1)
‰ Ao longo da última década, a indústria mundial do petróleo
foi fortemente alterada pelas mudanças observadas:
• na configuração patrimonial decorrente do grande movimento de
fusões e aquisições
• nas condições de mercado, com mudanças nas estruturas de oferta
e de demanda
• nos marcos regulatórios dos principais países produtores
8
Grupo de Economia da Energia
Experiência Internacional (2)
‰ Indispensável o desenvolvimento de novos instrumentos que harmonizem as
orientações de política energética, de política macroeconômica e fiscal, bem
como os mecanismos de regulação setorial.
Fatores Indutores
Políticos
Impactos sobre a
Indústria de Petróleo
Marco Legal
Macroeconômicos
Regime Fiscal
Setoriais
Regime de Ourtorga
de Blocos
Internacionais
Regimes Contratuais
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Grupo de Economia da Energia
Experiência Internacional (3)
‰ Noruega:
•
•
•
alto nível de desenvolvimento econômico e estabilidade política
baixa expectativa de novas grandes descobertas e, mais recentemente, os aumentos
de preços internacionais do petróleo bruto
revisão do regime fiscal
‰ Venezuela:
•
•
Revisão da antiga política de Apertura Petrolera
mudanças nos regimes fiscal e legal que dão base ao sistema regulatório da
indústria de petróleo
‰ Indonésia
•
•
•
redução da produção de petróleo observada desde 1991
alterações nos contratos de partilha de produção e promulgação de um novo marco
regulatório, aprovado em 2001.
caráter dinâmico do sistema regulatório da indústria
10
Grupo de Economia da Energia
Experiência Internacional (4)
‰ Cazaquistão:
•
sistema regulatório, regime fiscal e marcos legais diferenciados segundo as condições
geográficas e geológicas.
‰ Angola:
•
•
•
Redução da instabilidade política recente induz ao novo marco regulatório, visando atrair
empresas internacionais, dadas as dificuldades de disponibilidade de tecnologia e de
capacitação técnica inerentes ao estágio de desenvolvimento econômico e social do país
Sonangol dispõe de três modalidades de associação com empresas estrangeiras
sistema regulatório é híbrido, comportando regimes de partilha de produção, contratos de risco
e consórcios/parcerias entre empresas internacionais e a estatal Sonangol
‰ Irã:
•
•
•
Proibição da constituição no que concerne à outorga de concessões a empresas estrangeiras
Entretanto, contratos de serviços têm permitido a participação de outras empresas
necessidade de tecnologia - fator indutor setorial doméstico - permitiu recentemente mudança,
na margem, do sistema regulatório da indústria do petróleo
11
Grupo de Economia da Energia
PAÍSES FEDERATIVOS
Os casos do Canadá e da Austrália
12
Grupo de Economia da Energia
Canadá
‰ Província de Alberta (95% da produção nacional)
‰ Semelhanças com a Noruega: alto desenvolvimento e fundo para
aplicação de recursos.
‰ Até 1997 o fundo investia na diversificação da atividade econômica
da província (investimentos produtivos diretos e programas sociais)
‰ Após a reestruturação, investimentos no Canadá, nos EUA e em
outros países.
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Grupo de Economia da Energia
Austrália
‰ Existem duas modalidades de repartição das receitas provenientes de operações
petrolíferas entre o governo federal e Western Australia.
•
A primeira é aplicada nas duas áreas do North West Shelf, as duas áreas offshore nas quais
o PRRT federal não se aplica.
•
A segunda se refere ao campo de Barrow Island, no qual o PRRR é partilhado entre os dois
governos.
‰ A Commonwealth Grants Commission inclui todas as receitas obtidas pelo Western
Australia nesses dois tipos de regime, assim como outras receitas do petróleo. Ela
busca a equalização horizontal, avaliando as necessidades dos estados,
recomendando, a partir disso, parcelas de distribuição dessas receitas para cada
um deles.
‰ Como consequência desta metodologia, os benefícios derivados da receita advinda
do petróleo são amplamente compartilhados entre todos os estados e territórios
que participam no regime de equalização, ao invés de ficarem concentrados
somente nos estados petrolíferos.
14
Grupo de Economia da Energia
Brasil
‰ A aplicação dos royalties no Brasil não é explícita, legislação atual
não estabelece diretrizes para o uso destes recursos, tampouco há um
fundo específico para essas receitas.
‰ A avaliação
beneficiários
geral
é
dificultada
pela
grande
quantidade
de
‰Até o momento presente, os critérios de arrecadação foram baseados
nos princípios de localização geográfica das jazidas de petróleo e de
gás natural
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Grupo de Economia da Energia
Arrecadação de Royalties no Brasil
(R$ milhões)
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
96
9
1
97
9
1
98
9
1
99
9
1
00
0
2
01
0
2
02
0
2
03
0
2
04
0
2
05
0
2
06
0
2
07
0
2
08
0
2
Fonte: ANP
16
Grupo de Economia da Energia
Distribuição de Royalties - R$ milhões
Distribuição dos Royalties (R$ milhões)
4.000
3.500
3.000
2.500
2.000
1.500
1.000
500
0
1998
1999
2000
Unidades da Federação
2001
2002
2003
Estado do Rio de Janeiro
2004
2005
Total Municípios
2006
2007
2008
Municípios Fluminenses
Fonte: ANP
‰ Em 2008, o estado do Rio de Janeiro recebeu cerca de 70% do total de royalties
destinados aos estados da federação; da mesma forma, os municípios fluminenses
receberam, no mesmo ano, cerca de 67% dos royalties distribuídos para os municípios
fluminenses.
17
Grupo de Economia da Energia
Brasil
‰ Face à perspectiva de incremento da produção, cabe repensar a
estrutura de repartição e de uso dos recursos
‰ Implementação de projetos de desenvolvimento econômico a partir
das rendas petrolíferas poderia esbarrar na atual estrutura de
destinação dos royalties
‰ Projetos de desenvolvimento econômico
centralização na gestão dos recursos
nacional
requerem
‰ O critério de localização geográfica não atende a requisitos desta
natureza
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Grupo de Economia da Energia
IFDM X ROYALTIES
16
Guapimirim
Magé
14
Duque de Caxias
Ranking Royalties 2005
12
Angra dos Reis
Carapebus
São João da Barra
10
Armação dos Búzios
Niterói
8
Casimiro de Abreu
Rio de Janeiro
6
Quissamã
4
Cabo Frio
Rio das Ostras
2
Macaé
Campos dos Goytacazes
0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Ranking IFDM 2005
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da ANP e da FIRJAN
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Grupo de Economia da Energia
CONCLUSÕES (1)
‰ O Brasil se encontra numa posição extremamente privilegiada com
relação à oferta de petróleo e de gás natural
‰ Recentes descobertas na área do pré-sal deverão conduzir o país a
uma posição relevante como exportador no mercado internacional
‰ Oportunidade para alavancar programas estruturados visando suprir
as carências nacionais, em matéria de saneamento básico, saúde,
educação e infra-estrutura
20
Grupo de Economia da Energia
CONCLUSÕES (2)
‰ Tarefa é complexa que requer pelo menos duas etapas fundamentais
para a consecução dos objetivos assinalados em matéria de
desenvolvimento econômico:
• Criação de um fundo soberano parece ser o instrumento principal a
ser desenvolvido visando a gestão financeira adequada dos
recursos. A experiência internacional sobre este tema já permite
que o país aproveite as principais lições e evite os erros cometidos
por outros países.
• Criação de mecanismos de controle da aplicação dos royalties
para que estes possam atender plenamente aos objetivos de justiça
inter-geracional
21
Grupo de Economia da Energia
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