RIO ALÉM DO PETRÓLEO Notas sobre a experiência internacional de aplicação de royalties Daniel Bregman Helder Queiroz Pinto Jr Grupo de Economia da Energia Estrutura da Apresentação Condições de Contorno da Indústria do Petróleo: o contexto de preços altos Experiência Internacional de Aplicação de Royalties Considerações sobre o caso brasileiro Grupo de Economia da Energia Condições de Contorno Questões de curto e longo prazos: Oferta limitada no Curto prazo: atrasos de novas plataformas Demanda elevada, desacelerando OCDE: -0,13 % (2007-2006)... Fundamental distinguir: (txD) taxa de crescimento da demanda x (txM) taxa de crescimento das importações Grupo de Economia da Energia Projetos Atrasados AIE identificou 27 projetos de plataformas de produção atrasados • Kashagan (Kazakhstan) –1.5 Mb/j Previsto para 2005; revisado para 2008 e finalmente meados 2010. Alta dos custos de desenvolvimento: estimados em 29 G$ en 2000, 57 G$ en 2004 e 136 G$ mi-2007. • Thunder Horse (Golfo do México) - 250 000 b/j Previsto para 2005 ; revisado para fins 2008 • Tahiti (Golfo do México) - 125 000 b/j Previsto fins 2008; revisado fins 2009 • CEPU (Indonésia) - 180 000 b/j 9 – 12 meses de atraso ( DIFICULDADES DE CONTRATAÇÃO DE EQUIPAMENTOS) previsto fins 2008; revisado outubro 2009 CHOQUE – SEM PRECEDENTES! - NOS CUSTOS/PREÇOS DOS BENS E SERVIÇOS DE EXPLORAÇÃO/DESENVOLVIMENTO DE RESERVAS DE PETRÓLEO Grupo de Economia da Energia Condições de Contorno Questões de curto e longo prazos: Oferta limitada no Curto prazo: atrasos de novas plataformas Demanda elevada, desacelerando OCDE: -0,13 % (2007-2006)... Fundamental distinguir: (txD) taxa de crescimento da demanda x (txM) taxa de crescimento das importações Grupo de Economia da Energia PRODUÇÃO ∆ (2006-1995) mil barris/dia % TOTAL MUNDO 13.538,5 100,0% RESTO DO MUNDO 5.783,8 42,7% RÚSSIA 3.481,0 25,7% IRAQUE 1.468,7 10,8% BRASIL 1.090,8 ARÁBIA SAUDITA 1.714,2 CR4 CONSUMO ∆ (2006-1995) mil barris/dia % TOTAL MUNDO 13.888,6 100,0% RESTO MUNDO 5.245,2 37,8% CHINA 4.050,8 29,2% EUA 2.864,1 20,6% 8,1% ÍNDIA 995,0 7,2% 12,7% ARÁBIA SAUDITA 733,5 5,3% 57,3% CR4 PRODUÇÃO DE PETRÓLEO ∆(1995-2006) CONSUMODE DEPETRÓLEO PETRÓLEO ∆(1995-2006) ∆(2006-1995) PRODUÇÃO 8,1% 7,2% 10,8% 12,7% 20,6% 25,7% IRAQUE ARÁBIA SAUDITA 5,3% 37,8% 42,7% BRASIL 62,2% RÚSSIA 29,2% RESTO DO MUNDO RESTO MUNDO CHINA EUA ÍNDIA ARÁBIA SAUDITA Grupo de Economia da Energia Cotas Nov. 07 e margens de produção OPEP 9 8 7 6 5 4 3 2 1 Quota Nov 07 Irak Angola Venezuela UAE Arabie Saoudite Qatar Nigeria Libye Kuwait Iran Indonésie 0 Algérie Produção e Margens – Mb/dia 10 Marges Nov. Concentração do excedente de capacidade Arábia Sadita : 1,9 / 2,9 Mb/dia total (Angola et Irak fora das Cotas; produção máxima) Grupo de Economia da Energia IMPORTAÇÃO ∆ (2006-1995) mil barris/dia % TOTAL MUNDO 15.663,7 100,0% RESTO DO MUNDO 6.341,1 40,5% EUA 4.641,3 29,6% CHINA 3.022,0 19,3% ÍNDIA 1.130,5 7,2% JAPÃO 528,8 3,4% CR4 IMPORTAÇÃO DE PETRÓLEO ∆(1995-2006) 7% 3% 19% 41% 59,5% 1995 2006 Taxa crescimento médio anual Consumo 69.830,46 83.719,06 1,66% Produção 68.124,81 81.663,31 1,66% Importação 33.260,10 48.923,80 3,57% 30% RESTO DO MUNDO EUA CHINA ÍNDIA JAPÃO Grupo de Economia da Energia O que esperar dos preços internacionais? Estrutura da Oferta e da Demanda de Curto Prazo favorecem os países produtores ⇒ maior apropriação da renda petrolífera Médio Prazo (2010-2015) Função da evolução e dos resultados das políticas energéticas de redução de emissões Função da ampliação da capacidade de produção OPEP e NÃO OPEP (petróleos não convencionais e novas fronteiras de exploração: exemplo TUPI) Longo Prazo : NÃO SEI... MOMENTO FAVORÁVEL À APROPIAÇÃO E APLICAÇÃO DE ROYALTIES NO CONTEXTO DE PREÇOS MUITO ELEVADOS Grupo de Economia da Energia Grupo de Economia da Energia Preço Brent euro 4/1/2008 4/7/2007 4/1/2007 4/7/2006 4/1/2006 4/7/2005 4/1/2005 4/7/2004 4/1/2004 4/7/2003 4/1/2003 4/7/2002 4/1/2002 4/7/2001 4/1/2001 4/7/2000 4/1/2000 Preço Brent Dólar vs Euro 120,00 100,00 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 Preço Brent dólar Grupo de Economia da Energia Exemplo da Magnitude das Rendas Extraordinárias desde 2003 Supondo que, em 2003, os países exportadores já se apropriavam de rendas petrolíferas elevadas....o salto do patamar de US$ 20 para US$ 100 por barril: 2,5 Mb/dia x (100-20) US$/b = US$ 200 milhões/dia ou US$ 6 bilhões/mês Este é o caso da Venezuela! Aumento do Peso das Exportações de Petróleo na Economia dos Países Produtores Grupo de Economia da Energia JUSTIFICATIVAS ECONÔMICAS PARA COBRANÇA DE ROYALTIES Rendas Extraordinárias e Promoção da justiça inter-geracional A extração atual do recurso mineral esgotável reduz a sua disponibilidade para o futuro A justa compensação das futuras gerações seria alcançada pela aplicação dos recursos em atividades que gerassem bem-estar para essas gerações A política promotora da justiça inter-geracional se confunde com uma política de desenvolvimento econômico e social Grupo de Economia da Energia Experiência Internacional PAÍSES ANALISADOS: RESERVAS E IDH RESERVAS RESERVAS PAÍS PROVADAS DE PROVADAS DE PETRÓLEO GÁS NATURAL IDH (2005) (bilhões de barris) (Tcf) NORUEGA 7,7 84,3 0,968 CANADÁ 179,2 57,9 0,961 QATAR 15,2 910,5 0,875 VENEZUELA 80,0 152,0 0,792 INDONÉSIA 4,3 97,8 0,728 NIGÉRIA 36,2 182,0 0,470 Reservas: Relatórios da EIA (2007). IDH: PNUD. Relatório do Desenvolvimento Humando: 2007/2008 Grupo de Economia da Energia Noruega FPEN (Fundo Petrolífero Estatal Norueguês): Royalties aplicados na política de estabilização macroeconômica: • ex: cobertura do (pequeno) déficit público. O restante dos recursos vai para um fundo com investimentos no exterior. Patrimônio em 2005: US$ 213 bilhões A economia norueguesa se resguarda da volatilidade de preços e as futuras gerações contarão com a rentabilidade do fundo. Grupo de Economia da Energia Canadá Província de Alberta (95% da produção nacional) Semelhanças com a Noruega: alto desenvolvimento e fundo para aplicação de recursos. Até 1997 o fundo investia na diversificação da atividade econômica da província (investimentos produtivos diretos e programas sociais) Após a reestruturação, investimentos no Canadá, nos EUA e em outros países. Grupo de Economia da Energia Qatar Elevada dependência da produção de petróleo e gás natural. Crescimento com estabilidade e relativa estabilidade política. Altos investimentos em educação e diversificação da atividade econômica através da inovação tecnológica e investimentos em P&D Grupo de Economia da Energia Venezuela Alta dependência do petróleo e histórico de aplicação inadequada. Criação de um fundo de estabilização em 1998; regras alteradas nos anos seguintes: saques poderiam ser efetuados a partir de decretos presidenciais. Mudanças de regras no ano seguinte: aumento do déficit público. Criação de um novo fundo, para o desenvolvimento econômico e social do país...ENTRETANTO: espaço para ações discricionárias do Poder Executivo! Grupo de Economia da Energia Indonésia Declínio da produção nas últimas décadas. Prioridade fixada pelo Estado: Investimentos em infraestrutura e educação. Não incorreu em déficits em períodos de elevação do preço do petróleo. Grupo de Economia da Energia Nigéria Royalties utilizados para manter a frágil coalizão política (Eifert, 2002; Gary e Karl, 2003). A instabilidade social afeta a própria produção de petróleo. Déficits públicos mesmo em períodos de elevação do preço do petróleo. Considerada uma vítima da “maldição” dos recursos naturais. Grupo de Economia da Energia A aplicação dos royalties PAÍSES ANALISADOS: ATIVIDADES DA APLICAÇÃO ATIVOS QUE QUALIDADE PAÍS GERAM DO CAPITAL E SÍNTESE DA APLICAÇÃO RENTABILIDADE DO TRABALHO NORUEGA x Fundo com aplicações no exterior. CANADÁ x Fundo com aplicações no país e no exterior. QATAR x Investimentos em educação e progresso tecnológico. VENEZUELA* x Investimentos sociais. INDONÉSIA x investimentos em infra-estrutura e educação. NIGÉRIA "Maldição" dos recursos naturais. * - Intenções do novo fundo. Grupo de Economia da Energia Brasil A destinação dos royalties no Brasil não é explícita, tampouco há um fundo para essas receitas. A avaliação geral é dificultada pela grande quantidade de beneficiários. Royalty (em R$)=f(câmbio, preço Brent, produção) Grupo de Economia da Energia Royalties: distribuição da parcela de 5% Fonte: ANP Grupo de Economia da Energia Distribuição de Royalties - R$ milhões 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 9 19 6 97 9 1 Estado RJ 98 9 1 99 9 1 00 0 2 Unidades da Federação 01 0 2 0 20 2 03 0 2 Municípios fluminenses 04 0 2 05 0 2 06 0 2 Total Municípios Fonte: ANP A arrecadação de royalties no Estado do Rio de Janeiro passou de cerca de R$ 29 milhões para mais de R$ 1,6 bilhão, entre 1996 e 2006, e corresponde hoje a cerca de 69% do total distribuído entre as Unidades da Federação Grupo de Economia da Energia Participações governamentais, preço e câmbio Participações governamentais, preço e câmbio 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Royalties (A)* 2.303,3 3.184,0 4.396,4 5.042,8 6.206,1 7.703,5 7.490,6 Participação Especial (B)* 1.722,0 2.510,2 4.997,4 5.272,0 5.965,1 8.840,0 7.462,6 (A) + (B)* 4.025,3 5.694,2 9.393,8 10.314,8 12.171,2 16.543,5 14.953,2 Brent médio Câmbio médio 24,8 2,4 25,0 2,9 28,4 3,2 36,2 3,0 51,9 2,5 64,4 2,2 72,4 2,0 Elaboração própria combase emANP- Consolidação das Partic. Governamentais e de Terceiros * - R$ mil correntes Grupo de Economia da Energia Estimativa da contribuição de cada variável para o aumento da arrecadação dos royalties 200% 150% 100% 50% 0% 20,84% 116,78% 132,83% 119,99% 68,07% 11,09% -3,32% -16,67% 26,52% -43,30% 2002-2003 2003-2004 2004-2005 -50% 34,91% -67,75% -100% Volume de produção P. Brent 2005-2006 Câmbio Grupo de Economia da Energia Brasil Bregman (2007): contraste de duas variáveis de dependência (RPC e RRO) com duas variáveis de qualidade da despesa pública (PDK e PDO) para estados e cinco grupos de municípios entre 1999 e 2005. RPC i ,t Royalties i ,t = População i ,t RRO i ,t = PD K i ,t D espC apita l i ,t = D esp .O rç .i ,t Desp.Funç.Overheadi,t PDOi,t = Desp.Orç.i,t Royalties i ,t Re c.Orç .i ,t Grupo de Economia da Energia Brasil PDO não é influenciada pelos royalties PDK aumentou nos municípios mais dependentes (boa aplicação), mas caiu nos estados e no segundo grupo de dependência dos municípios (má aplicação). Rio de Janeiro: Para os dez municípios mais dependentes do Rio de Janeiro, os valores médios de PDK e PDO não se modificaram com o aumento dos royalties. No entanto, o comportamento dessas variáveis é fortemente divergente entre os municípios Grupo de Economia da Energia CONSIDERAÇÕES FINAIS Petróleo: recurso esgotável e, atualmente,com preços elevados → elevação no curto prazo da renda petrolífera Justiça inter-geracional: necessidade de se aprimorar a qualidade da aplicação dos recursos Brasil e, em particular, no Rio de Janeiro: os resultados sugerem que as boas experiências coexistam com as ruins no estado ⇒ ausência de um norte quanto à definição de “ boas práticas” do uso de royalties Necessidade de aprofundar o debate sobre modalidades de aplicação de royalties Grupo de Economia da Energia FIM Grupo de Economia da Energia