UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO SÉRGIO LUIZ BAENA DE SOUZA FATORES QUE INFLUENCIAM OS CONSUMIDORES DA GERAÇÃO “Z” NA COMPRA DE PRODUTOS ELETRÔNICOS NATAL 2011 SÉRGIO LUIZ BAENA DE SOUZA FATORES QUE INFLUENCIAM OS CONSUMIDORES DA GERAÇÃO “Z” NA COMPRA DE PRODUTOS ELETRÔNICOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da PróReitoria de Pesquisa, Extensão e PósGraduação da Universidade Potiguar, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Gestão Estratégica de Negócios. ORIENTADOR: Prof. Dr. Alípio Ramos Veiga Neto NATAL 2011 S729f Souza, Sérgio Luiz Baena de. Fatores que influenciam os consumidores da Geração “Z” na compra de produtos eletrônicos / Sérgio Luiz Baena de Souza, 2011. 187f. Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar. Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e PósGraduação. Bibliografia: f. 159-169. 1. Administração – Dissertação. 2. Comportamento do consumidor. 3. Produtos eletrônicos. I. Título. RN/UnP/BSFP CDU: 658(043.3) SÉRGIO LUIZ BAENA DE SOUZA FATORES QUE INFLUENCIAM OS CONSUMIDORES DA GERAÇÃO “Z” NA COMPRA DE PRODUTOS ELETRÔNICOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da PróReitoria de Pesquisa, Extensão e PósGraduação da Universidade Potiguar, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Gestão Estratégica de Negócios. Aprovado em: 31 / 01 / 2011 BANCA EXAMINADORA ________________________________________ Prof. Dr. Alípio Ramos Veiga Neto Orientador Universidade Potiguar - UnP ________________________________________ Profª. Dra. Fernanda Fernandes Gurgel Universidade Potiguar - UnP ________________________________________ Profª. Dra. Juliana Vieira de Almeida Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Dedico este trabalho àqueles que sempre, por qualquer motivo e mesmo quando a razão insistia em dizer o contrário, acreditaram em mim, me apoiaram e ajudaram. A felicidade, agora, é perceber que sempre foram muitos. AGRADECIMENTOS Cheguei a um momento da vida em que agradecer tornou-se um ato prazeroso, mas difícil. Prazeroso, pois percebi que ela – a vida – proporcionou-me conquistar amigos e conhecer pessoas que tiveram grande influência na minha trajetória pessoal e profissional. Difícil, porque, sendo tantos, poderei esquecer alguém... Caso aconteça, aceitem minhas desculpas. Obrigado, Senhor, por permitir que se concretizasse mais esta etapa em minha vida. “Um Deus infinito pode se dar por inteiro a cada um de seus filhos. Ele não se distribui de modo que cada um tenha uma parte, mas a cada um ele se dá por inteiro, tão integralmente como se não houvesse outros” (A. W. Tozer). Dedico especial agradecimento aos meus pais, Alzira e Esmair. Mãe, seu esforço e dedicação incondicionais me trouxeram até aqui. Pai, seus exemplos de honradez, dignidade e respeito pelo próximo sempre me acompanharam, mesmo após a sua partida. Aos meus irmãos Nayara e Luiz Fernando, pelas cotas de sacrifício pessoal que foram a mim dedicadas e pelas preocupações, cuidados e conselhos. Naya, todos sabem que você é a minha segunda mãe. Nando, certamente muito cedo, perdi meu segundo pai. Márcia, minha querida esposa... Com você ficou fácil compreender o provérbio russo que diz que “para todo homem, como para toda fechadura, é preciso encontrar a chave certa”. Obrigado por ajudar-me a abrir tantas portas e, assim, podermos trilhar juntos novos caminhos. Sem sua ajuda e compreensão muito pouco teria sido possível. Aos meus filhos Bruno, Flávia e Gabriel, pedaços de mim que, quando vi, já tinham crescido (vocês fizeram isso rápido demais...). Espero que a palavra pai ressoe com carinho em seus corações. Eu os amo. Saibam. Aos professores, exemplos ainda não superados de capacidade profissional, carinho e dedicação, Fernando Antônio Fontoura Bini, Maria Cecília Araújo de Noronha, Toshiyuki Sawada e Walter Hoerner (in memoriam): suas condutas sempre foram, para mim, modelo a ser seguido. Aos também professores Francisco Melin, João Batista Correa Neto e Paulo Maculan Vicentini. Vocês me ajudaram a desenvolver, pela força do esporte, sentimentos de superação, retidão, gratidão e companheirismo. Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, nas pessoas dos professores Dante Henrique Moura, Francisco das Chagas de Mariz Fernandes, João Roberto Alves de França e Sérgio Luiz Alves de França: pessoas certas, nos lugares certos e na hora certa – obrigado pelo acolhimento – e a Nadja Maria de Lima Costa por suas sugestões em relação a este trabalho. Aos meus alunos – em sua maioria jovens – fonte de inspiração para esta pesquisa. Ao meu orientador, Prof. Dr. Alípio Ramos Veiga Neto, por nossas conversas, suas pacientes explicações e orientações. Obrigado pelo apoio e incentivo e pela confiança: sem eles eu não teria chegado a este momento. Aos membros examinadores Profª Dra. Fernanda Fernandes Gurgel e Profª Dra. Juliana Vieira de Almeida por sua participação neste processo como componentes da banca. Agradeço pelo tempo e atenção a mim dedicados. À Universidade Potiguar, nas pessoas dos professores Dr. Kleber Cavalcanti Nóbrega e Dra. Tereza de Souza, por apontarem minhas fragilidades permitindo-me a busca por um melhor desempenho, e aos meus colegas, nas pessoas de Sandra Maria Rodrigues Medeiros de Melo e Tatiana Gehlen; estas, pelo incentivo, apoio e pela acolhida às lamentações inerentes ao processo de estudo e produção: nossos cafés foram fundamentais no processo... Acreditem. Agradeço, ainda, nas pessoas do professor Raymundo Gomes Vieira e de Ronald Fábio de Paiva Campos, à Faculdade de Ciências, Cultura e Extensão do Rio Grande do Norte, por haver me recebido como aluno do Curso Superior de Tecnologia em Marketing, o qual fez aumentar em mim o interesse pelo tema desenvolvido neste trabalho. Rotineiramente desqualificamos testemunhos e exigimos comprovação. Isto é, estamos tão convencidos da justeza de nosso julgamento que invalidamos provas que não se ajustem a ele. Nada que mereça ser chamado de verdade pode ser alcançado por esses meios. Marilynne Robinson RESUMO O modo pelo qual os indivíduos se comportam em relação ao processo de decisão de compra de produtos e serviços vem sofrendo evolução, uma vez que é reflexo dos ambientes sociodemográfico, sociocultural, político-legal, econômico e tecnológico nos quais esses indivíduos estão inseridos. Nesse contexto, os jovens formam, atualmente, um grupo de consumidores com significativa importância, não apenas por seu poder de compra, mas também pela capacidade de influenciar o consumo de outros grupos. A fim de compreender como se dá o processo de decisão de compra desse grupo, a partir da utilização do Modelo de Processo de Decisão do Consumidor (modelo PDC) apresentado por Blackwell, Miniard e Engel (2008) e com o objetivo de determinar quais são os fatores capazes de influenciar os consumidores da Geração Z na compra de produtos eletrônicos, procedeu-se a uma pesquisa do tipo exploratória com abordagem quantitativa, a partir de um estudo de campo com a aplicação de questionários a uma amostra selecionada por conveniência de alunos de duas escolas da cidade do Natal, sendo uma da rede pública federal e outra particular, representando o universo dos jovens entre 12 e 20 anos de idade dessa cidade. Os principais resultados obtidos mostram que o principal fator de influência na decisão de compra – para esses sujeitos – baseia-se nos atributos de produto com ênfase na qualidade e, contrariando a literatura, comprar para demonstrar status não é relevante para esse grupo. Palavras-chave: Geração Z. Comportamento do consumidor. Produtos eletrônicos. ABSTRACT The way individuals behave in relation to the decision process of purchasing products and services is evolving, being a reflection of social demographic environments, social culture, political legal, economic and technological development in which these individuals are inserted. In this context, today young people do part of a consumer group with significant importance, not only for their purchasing power, but also the ability to influence the consumption of other groups. In order to understand how is the process of purchasing decision of this group, from the use of the Process Model of Consumer Decision (Model PCD) created by Blackwell, Miniard and Engel (2008) and aiming to determine what are the factors that to influence the consumers of Generation Z in the purchase of electronic products, we proceeded to an exploratory type research with a quantitative approach, from a field study with the application of questionnaires to a sample selected for convenience of students from two schools city of Natal, one of the federal system and the other private, represent the universe of young people between 12 and 20 years old this city. The main results show that the main factor in purchasing decisions - for these individuals - based on product attributes with an emphasis on quality and, contrary to the literature, buy to show status is not relevant for this group. Keywords: Generation Z. Consumer behavior. Electronic Products. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Questões associadas ao processo de consumo ................................... 39 Figura 2 Modelo de comportamento do comprador ............................................. 40 Figura 3 Diagrama do processo de troca ............................................................ 46 Figura 4 Fatores que influenciam o comportamento do consumidor ................... 51 Figura 5 Influências sobre o processo de decisão de compra ............................. 55 Figura 6 Tipos de comportamento de compra ..................................................... 56 Figura 7 Processo de adoção de inovações........................................................ 59 Figura 8 Classificação dos adotantes em relação ao tempo de adoção.............. 60 Figura 9 Modelo de Processo de Decisão do Consumidor.................................. 75 Figura 10 Reconhecimento do problema pelo consumidor ................................... 77 Figura 11 Primeiro estágio: Reconhecimento da necessidade.............................. 78 Figura 12 Segundo estágio: Busca de informações .............................................. 82 Figura 13 Terceiro estágio: Avaliação de alternativas ........................................... 84 Figura 14 Quarto estágio: Compra ........................................................................ 87 Figura 15 Quinto e sexto estágios: Consumo e Avaliação pós-consumo .............. 88 Figura 16 Sétimo estágio: descarte ....................................................................... 91 Figura 17 Opções para o descarte de produtos .................................................... 92 Figura 18 Definição da idade da população em estudo....................................... 108 LISTA DE TABELAS Tabela 1 População com menos de 14 anos no Brasil em 2000 e 2009 ............. 25 Tabela 2 Número total de celulares e celulares por habitante (outubro/2010) .... 34 Tabela 3 Domicílios com TV por assinatura - Brasil (2006 a nov. 2010) ............. 35 Tabela 4 Cálculo do universo da pesquisa ........................................................ 107 Tabela 5 Confirmação das variáveis: Reconhecimento da necessidade........... 112 Tabela 6 Confirmação das variáveis: Busca de informações ............................ 113 Tabela 7 Confirmação das variáveis: Avaliação de alternativas pré-compra .... 114 Tabela 8 Confirmação das variáveis: Compra................................................... 115 Tabela 9 Confirmação das variáveis: Consumo ................................................ 115 Tabela 10 Confirmação das variáveis: Avaliação pós-consumo ......................... 116 Tabela 11 Confirmação das variáveis: Descarte ................................................. 117 Tabela 12 Resumo da Etapa 1 ............................................................................ 117 Tabela 13 Gênero dos respondentes .................................................................. 119 Tabela 14 Idade dos respondentes ..................................................................... 119 Tabela 15 Tipo de instituição............................................................................... 119 Tabela 16 Escolaridade ....................................................................................... 120 Tabela 17 Classificação segundo o critério Brasil ............................................... 120 Tabela 18 Aquisição de produtos por classe econômica..................................... 121 Tabela 19 Aquisição de produtos por gênero ...................................................... 121 Tabela 20 Frequência das respostas: Reconhecimento da necessidade ........... 122 Tabela 21 Frequência das respostas: Busca de informações ............................. 123 Tabela 22 Frequência das respostas: Avaliação de alternativas pré-compra ..... 124 Tabela 23 Frequência das respostas: Compra.................................................... 126 Tabela 24 Frequência das respostas: Consumo ................................................. 127 Tabela 25 Frequência das respostas: Avaliação pós-consumo .......................... 128 Tabela 26 Frequência das respostas: Descarte .................................................. 129 Tabela 27 Análise descritiva: Reconhecimento da Necessidade ........................ 130 Tabela 28 Análise descritiva: Busca de informações .......................................... 131 Tabela 29 Análise das médias de utilização das mídias jornal e revista ............. 132 Tabela 30 Análise descritiva: Avaliação de alternativas pré-compra ................... 132 Tabela 31 Análise descritiva: Compra ................................................................. 133 Tabela 32 Análise descritiva: Consumo .............................................................. 134 Tabela 33 Análise descritiva: Avaliação pós-consumo ........................................ 134 Tabela 34 Análise descritiva: Descarte ............................................................... 135 Tabela 35 Variáveis de maior influência .............................................................. 136 Tabela 36 Variáveis de menor influência............................................................. 137 Tabela 37 Grau médio por dimensão .................................................................. 137 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Resumo de definições de comportamento do consumidor .................. 49 Quadro 2 Faixa etária das gerações segundo diversos autores ......................... 72 Quadro 3 Comparação entre modelos de processo de decisão do consumidor . 74 Quadro 4 Diferenças entre a pesquisa pré-compra e a pesquisa contínua ......... 79 Quadro 5 Variações de solução de problemas .................................................... 81 Quadro 6 Hierarquia de efeitos e sua relação com a avaliação de alternativas .. 84 Quadro 7 Modelos de escolha de alternativas .................................................... 85 Quadro 8 Caracterização da pesquisa ................................................................ 96 Quadro 9 Caracterização do grupo formado na primeira etapa .......................... 97 Quadro 10 Variáveis: estágio de Reconhecimento da necessidade ................... 100 Quadro 11 Variáveis: estágio de Busca de informações ..................................... 101 Quadro 12 Variáveis: estágio de Avaliação de Alternativas pré-compra ............. 103 Quadro 13 Variáveis: estágio de Compra............................................................ 104 Quadro 14 Variáveis: estágio de Consumo ......................................................... 105 Quadro 15 Variáveis: estágio de Avaliação pós-consumo .................................. 105 Quadro 16 Variáveis: estágio de Descarte .......................................................... 106 Quadro 17 Teste de Kaiser-Meyer-Olkin ............................................................. 139 Quadro 18 Cálculo da variância com todos os fatores ........................................ 140 Quadro 19 Cálculo da variância (forçado para 7 fatores) .................................... 141 Quadro 20 Matriz de correlação das variáveis (Reconhecimento da necessidade) ..................................................................................... 142 Quadro 21 Teste de Kaiser-Meyer-Olkin (Reconhecimento da necessidade) ..... 143 Quadro 22 Comunalidades (Reconhecimento da necessidade) ......................... 143 Quadro 23 Variância total explicada (Reconhecimento da necessidade)............ 143 Quadro 24 Matriz componente (Reconhecimento da necessidade) .................... 143 Quadro 25 Matriz de correlação das variáveis (Busca de informações).............. 144 Quadro 26 Teste de Kaiser-Meyer-Olkin (Busca de informações) ...................... 144 Quadro 27 Comunalidades (Busca de informações) ........................................... 144 Quadro 28 Variância total explicada (Busca de informações) ............................. 145 Quadro 29 Matriz componente (Busca de informações) ..................................... 145 Quadro 30 Matriz de correlação das variáveis (Avaliação de alternativas précompra) ............................................................................................. 146 Quadro 31 Teste de Kaiser-Meyer-Olkin (Avaliação de alternativas précompra) ............................................................................................. 146 Quadro 32 Comunalidades (Avaliação de alternativas pré-compra) ................... 146 Quadro 33 Variância total explicada (Avaliação de alternativas pré-compra) ..... 147 Quadro 34 Matriz componente (Avaliação de alternativas pré-compra) .............. 147 Quadro 35 Matriz de correlação das variáveis (Compra) .................................... 148 Quadro 36 Comunalidades (Compra).................................................................. 148 Quadro 37 Variância total explicada (Compra).................................................... 149 Quadro 38 Matriz componente (Compra) ............................................................ 149 Quadro 39 Matriz de correlação das variáveis (Consumo).................................. 150 Quadro 40 Teste de Kaiser-Meyer-Olkin (Consumo) .......................................... 150 Quadro 41 Comunalidades (Consumo) ............................................................... 150 Quadro 42 Variância total explicada (Consumo) ................................................. 150 Quadro 43 Matriz componente (Consumo) ......................................................... 150 Quadro 44 Matriz de correlação das variáveis (Avaliação pós-consumo) ........... 151 Quadro 45 Teste de Kaiser-Meyer-Olkin (Avaliação pós-consumo) .................... 151 Quadro 46 Comunalidades (Avaliação pós-consumo) ........................................ 151 Quadro 47 Variância total explicada (Avaliação pós-consumo) .......................... 151 Quadro 48 Matriz componente (Avaliação pós-consumo) ................................... 152 Quadro 49 Matriz de correlação das variáveis (Descarte)................................... 152 Quadro 50 Teste de Kaiser-Meyer-Olkin (Descarte) ........................................... 152 Quadro 51 Comunalidades (Descarte) ................................................................ 152 Quadro 52 Variância total explicada (Descarte) .................................................. 153 Quadro 53 Matriz componente (Descarte) .......................................................... 153 LISTA DE SIGLAS ABA Associação Brasileira de Anunciantes Abinee Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica Abipeme Associação Brasileira dos Institutos de Pesquisa de Mercado AF Análise Fatorial AFC Análise Fatorial Confirmatória Anatel Agência Nacional de Telecomunicações Anep Associação Nacional das Empresas de Pesquisa CCEB Critério de Classificação Econômica Brasil FIS Fundação Itaú Social IAS Instituto Ayrton Senna IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística KMO Kaiser-Meyer-Olkin (teste) LCD Liquid crystal display (tela de cristal líquido) LED Light emitting diode (diodo emissor de luz) MSA Measure of Sampling Adequacy (teste) NTICs Novas Tecnologias de Informação e Comunicação PDA Personal digital assistant (assistente digital pessoal) PDC Processo de Decisão do Consumidor (modelo de) PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios SAC Serviço de Atendimento ao Consumidor SPSS Statistical Package for the Social Sciences Unicef Fundo das Nações Unidas para a Infância SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 18 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................. 20 1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA .............................................................. 23 1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO...................................................................... 24 1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA ..................................................................... 27 1.4.1 Objetivo Geral .......................................................................................... 27 1.4.2 Objetivos Específicos ............................................................................. 27 1.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE TERMOS UTILIZADOS ............................... 28 1.5.1 Jovem ....................................................................................................... 28 1.5.2 Produto eletrônico................................................................................... 30 1.5.3 Consumidor ............................................................................................. 30 1.6 DIVISÃO DOS CAPÍTULOS ...................................................................... 31 2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................ 33 2.1 A INDÚSTRIA ELETRÔNICA NO BRASIL ................................................ 33 2.2 A ERA DIGITAL ......................................................................................... 35 2.3 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR................................................. 38 2.3.1 Um campo de estudo multidisciplinar ................................................... 41 2.3.2 Definições para comportamento do consumidor ................................. 44 2.3.3 Fatores que influenciam o comportamento do consumidor ............... 50 2.3.4 Tipos de comportamento de compra ..................................................... 56 2.3.5 Processo de decisão de compra relacionado a novos produtos ........ 58 2.4 MARKETING DE GERAÇÕES .................................................................. 61 2.4.1 Geração Baby Boom ............................................................................... 62 2.4.2 Geração X ................................................................................................. 64 2.4.3 Geração Y ................................................................................................. 66 2.4.4 Geração Z ................................................................................................. 68 2.4.5 Geração Alpha ......................................................................................... 71 2.5 MODELOS DE PROCESSO DE DECISÃO DO CONSUMIDOR .............. 72 2.6 MODELO PDC .......................................................................................... 75 2.6.1 Reconhecimento da necessidade .......................................................... 76 2.6.2 Busca de informações ............................................................................ 79 2.6.3 Avaliação de alternativas pré-compra ................................................... 83 2.6.4 Compra ..................................................................................................... 86 2.6.5 Consumo .................................................................................................. 88 2.6.6 Avaliação pós-consumo ......................................................................... 89 2.6.7 Descarte ................................................................................................... 90 2.7 DISSONÂNCIA COGNITIVA ..................................................................... 93 3 METODOLOGIA ....................................................................................... 95 3.1 TIPO DE PESQUISA ................................................................................. 95 3.2 CONFIRMAÇÃO DAS VARIÁVEIS ........................................................... 96 3.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA ............................................................... 98 3.4 UNIVERSO E AMOSTRA ........................................................................ 106 3.5 COLETA DOS DADOS............................................................................ 109 3.6 TABULAÇÃO E TRATAMENTO DOS DADOS ....................................... 110 4 RESULTADOS ........................................................................................ 112 4.1 RESULTADOS E ANÁLISE DA ETAPA 1 ............................................... 112 4.2 RESULTADOS E ANÁLISE DA ETAPA 2 ............................................... 118 4.2.1 Descrição dos sujeitos ......................................................................... 118 4.2.2 Análise descritiva .................................................................................. 121 4.2.2.1 Análise das médias ................................................................................. 129 4.2.2.2 Agrupamento das variáveis ..................................................................... 135 4.2.2.3 Grau médio por dimensão ....................................................................... 137 4.3 ANÁLISE FATORIAL ............................................................................... 138 4.3.1 Análise fatorial confirmatória ............................................................... 141 4.3.1.1 Reconhecimento da necessidade............................................................ 142 4.3.1.2 Busca de informações ............................................................................. 144 4.3.1.3 Avaliação de Alternativas pré-compra ..................................................... 146 4.3.1.4 Compra.................................................................................................... 148 4.3.1.5 Consumo ................................................................................................. 150 4.3.1.6 Avaliação pós-consumo .......................................................................... 151 4.3.1.7 Descarte .................................................................................................. 152 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 154 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 159 APÊNDICES............................................................................................ 170 18 1 INTRODUÇÃO Em um mundo cada vez mais globalizado e conectado, as empresas têm se dedicado ao desenvolvimento de ações que viabilizem – através de diversos estímulos – a troca de valores com os seus potenciais consumidores, satisfazendo suas necessidades e desejos como forma de garantir a sua própria sobrevivência. Para isso precisam, além de conhecer suas características – as quais têm influência sobre a forma como eles percebem e reagem aos estímulos – e entender como se dá o seu processo de decisão de compra – o qual afeta diretamente o seu comportamento –, colocar à disposição desses consumidores produtos e serviços com a intenção de melhor satisfazê-los. Nesse processo, fatores como o estudo constante do mercado e o conhecimento das variáveis que podem afetar o seu desempenho, o entendimento e a aceitação das contínuas e rápidas mudanças, seja no gosto ou nos interesses dos consumidores, podem levar as organizações a obter vantagens sobre seus concorrentes como, por exemplo, a oferta de produtos e serviços com maior valor agregado. Seguindo esse raciocínio, tem merecido atenção o crescimento do poder de compra do mercado global formado por jovens, atualmente estimado em 500 milhões de indivíduos na faixa etária entre 12 e 20 anos, os quais, na busca por itens ligados à moda, música, entretenimento, produtos de beleza etc., chegam a gastar o equivalente a 100 bilhões de reais e estão espalhados pela Europa, Américas do Norte e do Sul e por outros países industrializados da Ásia e da Costa do Pacífico (KERIN et al, 2007). Kotler e Armstrong (2003) afirmam que, no início da década de 2000, jovens com menos de 20 anos gastavam por ano 130 bilhões de dólares do seu próprio dinheiro e influenciavam seus pais a gastar outros 500 bilhões. Além do seu poder de compra, merece compreensão a maneira particular como esse mercado tem afetado as relações comerciais. Blackwell, Miniard e Engel (2008), por exemplo, indicam que cada vez mais os jovens estão recebendo a tarefa de executar as compras da família, uma vez que gostam mais de comprar do que seus pais e dispõem de mais tempo livre. Essa situação, segundo os autores, leva a uma maior autonomia desses indivíduos, aumentando a sua influência nas 19 escolhas de fornecedores e nas decisões de consumo das famílias. Com relação ao modo como se comportam os jovens, estudiosos dedicaram ou têm dedicado especial atenção ao seu estudo, principalmente com relação aos adolescentes. Assim, para Piaget (2003), a adolescência corresponde à fase pré-adulta marcada por transformações relacionadas aos pensamentos e suas operações e à conquista do indivíduo tanto da sua personalidade quanto do seu espaço na sociedade adulta. Por sua vez, Blos (2002) indica que na fase da adolescência propriamente dita, o indivíduo passa a julgar os adultos e a sentir-se como igual a eles; desenvolve o seu pensamento no futuro, com vistas à sua participação na sociedade – a qual tem ideia de mudar – e passa a comprometer-se com possibilidades, presentes ou futuras, sendo capaz de analisar o seu próprio pensamento. Calligaris (2000) aponta para o paradoxo de que o adolescente já reconhece, ao menos teoricamente, que para obter a aprovação do mundo adulto precisará destacar-se a partir das suas relações afetivas e sexuais, além de demonstrar sua capacidade de desenvolvimento financeiro e social, embora essa mesma sociedade adulta barre suas expectativas a partir da alegação da sua falta de preparo para assumir determinadas responsabilidades. A pesquisa Adolescentes e jovens do Brasil: participação social e política, conduzida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), pela Fundação Itaú Social (FIS) e pelo Instituto Ayrton Senna (IAS) demonstra que, no Brasil, contrariando o senso comum de que são extremamente individualistas, os jovens estão cada vez mais preocupados com o seu lugar na sociedade, atentos aos grandes desafios deste novo século como valorização da educação, criação de novos empregos, sustentabilidade etc., embora esta sociedade seja ainda, segundo a pesquisa, marcada por crises de valores, pelo individualismo e hedonismo e pelo pouco apreço às questões de cunho coletivo (UNICEF, 2007). Essa mesma pesquisa aponta também para a realidade do envolvimento cada vez maior do jovem com a tecnologia. A relação entre os jovens e as tecnologias relacionadas com a comunicação e a informação, contudo, não é assunto recente. Estudos acadêmicos, pesquisas mercadológicas, livros e a mídia de forma geral têm apresentado trabalhos nos quais se referem à Geração Digital (TAPSCOTT, 1999, 2010; TELLES, 2009). Segundo os autores, essa geração é formada por indivíduos com uma capacidade superior de utilizar, com destreza e de forma simultânea, 20 microcomputadores, celulares e outros produtos eletrônicos a fim de realizar as mais diversas ações ligadas ao entretenimento e à comunicação, à busca de informação e aprendizagem e às suas relações de consumo o que lhes permite, a partir daí e da construção e consolidação de redes sociais, a construção da sua personalidade e da sua identidade social. De acordo com Gonçalves (1997), o segmento de produtos eletrônicos situase entre os setores mais beneficiados pela constante onda de inovações que passou a ditar os novos padrões de gerenciamento, produção e concorrência impostos pela globalização. A rápida e necessária incorporação de insumos e processos apoiados pela tecnologia possibilitou a produção de bens direcionados para o processamento, a transmissão e a recepção de informações digitalizadas a partir de uma escala e velocidade cada vez mais crescentes. O aumento do consumo de produtos eletrônicos pode ser evidenciado, segundo o autor, pelo crescente uso de celulares e câmeras digitais, televisores de alta definição, sistemas de navegação e produtos voltados para jogos e entretenimento, e-books, microcomputadores etc., os quais apresentam, como grande tendência, a convergência de tecnologias oferecendo diferentes funcionalidades em produtos cada vez menores. As empresas, para obterem sucesso, sugerem Blackwell, Miniard e Engel (2008), precisam estudar e compreender como o consumidor se comporta, entendendo porque ele toma certas decisões ou se comporta de determinada maneira. A dinâmica entre esses dois fatores – a potencialidade do mercado de produtos eletrônicos e o comportamento dos jovens enquanto consumidores – se bem compreendida pode proporcionar, tanto às empresas quanto aos consumidores, mais satisfação e ganho de valor no processo de troca entre ambos. 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO A forma como uma empresa atua dentro do seu mercado depende da sua cultura e da sua capacidade em aproveitar as oportunidades existentes. A busca por ofertar mais valor aos seus consumidores, na forma de produtos e serviços que satisfaçam as suas necessidades e desejos, passa pela observação contínua desse 21 mercado. Como os mercados estão se tornando cada vez mais competitivos com a possibilidade de participação global das empresas, é de fundamental importância que se acompanhe a sua evolução – em especial o crescimento do mercado de produtos eletrônicos, gerado em parte pelo crescente consumo e influência dos indivíduos da Geração Z – e, neles, como se comportam os seus consumidores. Pesquisas recentes destacam o número de vendas no segmento de eletrônicos sendo que, de janeiro a agosto de 2010, os produtos eletrônicos que mais tiveram suas vendas aumentadas em comparação ao mesmo período do ano anterior foram as TVs de tela fina (LCD, plasma e LED), os computadores portáteis e as câmeras digitais, com incrementos na ordem de 85%, 57% e 51%, respectivamente (FATOR BRASIL, 2010). Com relação específica ao mercado de câmaras digitais, a pesquisa indica que, de todas as vendas realizadas entre janeiro e agosto de 2010 no Brasil, 21% concentrou-se no Nordeste. Além do bom desempenho obtido pelo segmento de produtos eletrônicos no ano de 2010, apresenta-se uma tendência de crescimento, indicando que cerca de 40% dos brasileiros pretendem, em 2011, adquirir um novo computador, sendo que as regiões Norte e Sul apresentam maior intenção de compras, com destaque para o Rio Grande do Sul, onde há a intenção por parte de 50% dos entrevistados de comprar um desktop, notebook ou netbook (INTEL BRASIL, 2010). Outro fator de relevância para o incremento da procura por produtos eletrônicos está relacionado ao mercado de banda larga no Brasil que atingiu, no primeiro semestre de 2010, o total de 16,2 milhões de conexões, representando um aumento de 18,1% em relação ao ano de 2009, aumento este incentivado pelo maior número de computadores presentes nas residências (ADMINISTRADORES, 2010). Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, em virtude de transformações de ordem econômica, tecnológica, social, cultural e política, várias nações, inicialmente do continente europeu e, mais tarde, das Américas, passaram a dar grande valor aos jovens e crianças e, como consequência, a desenvolver estudos no sentido de buscar compreender esse momento da vida humana, trazendo para o adolescente um novo status social e, assim, dando-lhe um novo significado dentro da sociedade representado, inclusive, pelo seu papel no consumo de produtos e serviços (CARVALHO; ORO, 2007; CUNHA; TELLO, 2007; MATTEI, 2002). Como sugere Feldmann (2008, p. 10), a inter-relação entre o adolescente e 22 as demais idades evidencia a sua importância enquanto consumidor, uma vez que o transforma em “um agente influenciador de modas que impacta os desejos de consumo das famílias e conseqüentemente a produção”. Essas mesmas transformações têm levado atualmente as empresas a um ambiente cuja dinâmica competitiva apresenta-se cada vez mais complexa e passível de rápidas mudanças. A competição se dá não mais na forma doméstica, uma vez que são poucos os impeditivos para a existência de relações comerciais entre empresas de diversos países, favorecendo uma competição globalizada e resultando em mercados cada vez menos estáveis (KOTLER; ARMSTRONG, 2003). Como consequência, as empresas estão sendo obrigadas a tornarem-se cada vez mais competitivas, buscando maneiras eficazes de administrar processos como pesquisas sobre potenciais compradores, desenvolvimento e introdução de novos produtos no mercado, comunicação etc., além de adotar uma gestão orientada para o longo prazo, ofertando produtos que apresentem alto valor percebido pelo consumidor. Além de determinar os segmentos de mercado no qual irá atuar, uma empresa precisa compreender os anseios, expectativas, desejos e necessidades dos seus consumidores – cada vez mais conscientes e exigentes dos seus direitos – de modo a desenvolver ações que visem a mantê-los sempre satisfeitos. Para tanto, precisa estudá-los, o que significa buscar saber – com certo grau de certeza – o que os leva a consumir determinado tipo de produto ou serviço, identificando características que possam influenciá-los de forma positiva, persuadilos a realizar a compra e estimulá-los a continuar comprando. Para Solomon (2008, p. 31), cada vez mais os profissionais de marketing estão empenhados “em definir segmentos de clientes e em ouvir as pessoas em seus mercados”, possibilitando compreendê-los, atendê-los satisfazendo suas necessidades e desejos e criando, com estes clientes, laços duradouros capazes de manter seus vínculos com a empresa. Neste sentido, os adolescentes passaram a compor um importante grupo, não apenas considerando-se o seu comportamento de compra, mas, também, as suas atitudes – decorrentes desse comportamento – e o consequente impacto que o seu consumo provoca na economia global. Definidos por Valente (2006) como consumidores em treinamento, a autora sugere que os adolescentes levam para a 23 sua fase adulta os hábitos de compra até então adquiridos, e que este treinamento vem se dando não apenas sobre suas próprias compras, mas também a partir da influência que exercem sobre a decisão de compra familiar, principalmente na decisão de compra dos produtos eletrônicos e de alta tecnologia, na medida em que apresentam habilidade natural em relação ao manuseio desse tipo de produto, adquirida em função de haverem crescido na era da digitalização. 1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA O estudo do comportamento dos indivíduos no papel de consumidores, buscando compreender como as pessoas ou grupos e as organizações se envolvem no processo de selecionar, comprar, fazer uso e descartar produtos e/ou serviços e ideias e/ou experiências buscando satisfazer suas necessidades e desejos, é de fundamental importância para as empresas (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2008). Essa análise garante às empresas subsídios para a adequação das suas ações relacionadas ao mix de marketing, como o desenvolvimento de um novo produto e a determinação das suas características, do seu preço, dos canais de distribuição a serem utilizados bem como da comunicação e de outros estímulos de marketing (KOTLER; ARMSTRONG, 2003). O mercado jovem vem se transformando em um segmento com grande potencial para o consumo e seus padrões comportamentais estão em constante evolução o que tem dado a esses jovens voz ativa no processo de decisão de consumo próprio e das famílias, sendo que as empresas precisam desenvolver suas estratégias com base em um mercado alvo, formado por indivíduos que se comportam de maneira semelhante, direcionando seus esforços para um segmento específico de mercado (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2008). Em cada estágio da vida, o indivíduo expressa prioridades e necessidades distintas e a idade desse indivíduo exerce grande influência no seu papel de consumidor, determinando a sua identidade – que pode ser tão mais marcante quanto maiores as diferenças entre uma geração e as outras (SOLOMON, 2008). A partir das considerações anteriores e do entendimento de Carvalho e Ivanoff (2009) 24 de que a atual geração de jovens faz uso de forma impactante das diversas tecnologias que tem a seu dispor, sendo extremamente bem informada e conectada, surge, como questão central desta pesquisa, a seguinte indagação: quais são os fatores que influenciam os consumidores da Geração Z no processo de decisão de compra de produtos eletrônicos? Dessa questão central surgem as seguintes questões de pesquisa: (1) Como esses consumidores buscam informações e são influenciados antes da compra propriamente dita? (2) Quais são os fatores determinantes no momento da compra? (3) Quais fatores são relevantes para esse público depois de a compra haver sido realizada? 1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO O mercado global de jovens, cujo poder de compra está estimado em 100 bilhões de dólares (KERIN et al, 2007; SOLOMON, 2008), está crescendo em importância, não apenas pelo seu tamanho e potencial de compra, mas também, e principalmente, pela maneira como vem mudando o seu comportamento e evoluindo de (apenas) usuários para compradores e influenciadores das decisões de consumo das famílias (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2008; KERIN et al, 2007; SCHIFFMAN; KANUK, 2000; VALENTE, 2006). Alguns autores defendem que as empresas que são capazes de ajustar as suas estratégias de marketing para refletir as mudanças nos mercados doméstico e internacional com maior rapidez que os concorrentes são capazes de sustentar uma vantagem competitiva (DICKSON, 2001c, p. 108). No Brasil, o contingente de indivíduos com 14 anos ou menos corresponde a 29% da população total (SOLOMON, 2008). A estimativa apresentada pelo autor sobre o número de indivíduos com menos de 14 anos no Brasil, mantém correspondência com os dados do Censo 2000 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que apresenta a população brasileira como formada por um total de 169.799.170 indivíduos, dos quais 50.266.122 (29,60%) com idade 25 igual ou inferior a 14 anos (BRASIL: IBGE, 2010a). Embora significativo quando comparado com outros países como os Estados Unidos, com 21% dos residentes nessa faixa etária, a China, com 25% e a Argentina com 27%, esse percentual fica consideravelmente abaixo de outros países como a Índia e o Irã, ambos com 33%, a Malásia com 35% e as Filipinas com 37% (SOLOMON, 2008). Mesmo apresentando ligeira queda na última década, o número de indivíduos com menos de 14 anos no Brasil continua significativo. A Tabela 1 apresenta um comparativo entre a população total e de zero a 14 anos presente no Brasil, no Nordeste e no estado do Rio Grande do Norte, considerados o Censo de 2000 (BRASIL: IBGE, 2010a) e a Síntese de Indicadores 2009 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) (BRASIL: IBGE, 2010b). Tabela 1 - População com menos de 14 anos no Brasil em 2000 e 2009 População presente com menos de 14 anos de idade Censo Total Brasil 2000 2009 169.799.170 191.796.000 50.266.122 46.410.000 0 a 14 anos 29,60% 24,18% Nordeste 2000 2009 47.741.711 54.020.000 15.742.725 14.642.000 32,97% 27,10% Rio Grande do Norte 2000 2009 2.776.782 3.188.000 877.639 779.000 31,61% 24,44% Os dados apresentados para o ano de 2009 referem-se à Síntese de Indicadores 2009 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios e correspondem a números absolutos Fonte: Adaptado de IBGE, Censo Demográfico de 2000 e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008/2009 Para as empresas, torna-se conveniente compreender, entre outras razões, de que forma o jovem aprende a fazer as suas escolhas; que motivações, valores ou hábitos o impelem a comprar; como a sua percepção é capaz de impactar suas escolhas; o que o influencia no momento da escolha; o que está ele buscando ao consumir e, também, como os adultos o influenciam e/ou são por ele influenciados. Sob a ótica do jovem, nessa relação de consumo, as suas escolhas são testadas a cada situação de compra e ele passa a acumular conhecimento em função da prática. Assim, mudanças em seus hábitos e em seu comportamento de consumo vêm sendo estudados, pois sua importância para as empresas reside, segundo Solomon (2008), no fato de serem incansáveis consumidores, por possuírem interdependência com as demais idades e por atuarem como agentes influenciadores do consumo das famílias, além de serem potenciais futuros compradores dessas empresas. 26 Por outro lado, mesmo sendo inegáveis os benefícios da evolução da tecnologia dos produtos, das comunicações e da informática, discute-se que o uso sem controles de produtos baseados nessa tríade pode vir a causar em algumas pessoas – em decorrência da sua personalidade e do seu caráter – uma dependência psicológica dos recursos proporcionados por esses mesmos produtos para facilitar a sua vida. Estudos (ESTACIA, 2003; SPIZZIRRI, 2008) apontam para (1) um processo de desumanização verificada nos relacionamentos, causada pela conjunção entre a internet e a tecnologia presente nos computadores pessoais e produtos eletrônicos portáteis, o que abre diversas possibilidades para que as pessoas participem de comunidades virtuais, deixando as interações face a face relegadas a um segundo plano, e para (2) a ocorrência de estresse (LORUSSO, 2008) motivado pelo uso de tecnologia, tanto no trabalho quanto fora dele, em atividades de ensino, aprendizado ou mesmo de entretenimento. Como confirmam Santos e Fernandes (2006), mesmo considerando-se que as experiências vivenciadas na adolescência são influenciadoras do comportamento dos indivíduos na sua vida adulta e, também, que os adolescentes estão cada vez mais responsáveis por suas decisões de consumo e, dessa forma, passam a influenciar as decisões de compra das famílias, são poucos os estudos acadêmicos que têm investigado a maneira como a população jovem se comporta enquanto consumidores, já que prevalecem nessa área os estudos realizados por institutos de pesquisa, a pedido de empresas cujo público alvo é formado por jovens. Por fim, a partir da visão de Blackwell, Miniard e Engel (2008), pretende-se auxiliar na compreensão de que, em última análise, estudando o comportamento do consumidor se está (1) analisando a sua influência nos diversos mercados domésticos e no mercado global, (2) ajudando na educação e proteção desse consumidor, auxiliando-o a agir ou a efetuar as suas compras de forma mais sensata, (3) contribuindo para a formulação de políticas públicas, já que conhecer as necessidades e desejos da população é necessário para a formulação de políticas relacionadas a economia, planejamento familiar, bem estar social etc. e (4) auxiliando na determinação de políticas individuais relacionadas ao modo como os indivíduos se comportam enquanto consumidores. 27 1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA O comportamento dos indivíduos enquanto consumidores evoluiu, segundo Barbosa e Campbell (2006), de uma situação na qual as escolhas individuais eram subordinadas aos códigos sociais e morais do grupo ao qual estes sujeitos pertenciam para uma liberdade de escolha, autonomia na decisão, ausência de códigos sociais e de instituições com poder para decidir por essas pessoas e, também, para uma multiplicidade de grupos e tribos urbanas, com indivíduos criando as suas próprias modas. A compreensão de como se dá o processo de decisão dos consumidores, visando a atender suas necessidades e desejos a partir da adoção de ações que permitam a entrega de valor superior a esses consumidores, na medida em que essa entrega tornou-se ponto importante para as empresas no desenvolvimento de estratégias competitivas – fundamentais em um ambiente caracterizado pela alta competição, por produtos e serviços cada vez menos diferenciados, pelas mudanças no comportamento de compra dos indivíduos e pelo aumento das possibilidades de escolha do consumidor (KERIN et al, 2007) –, define os objetivos desta pesquisa. 1.4.1 Objetivo Geral Conhecer os fatores que influenciam os consumidores da Geração Z na compra de produtos eletrônicos. 1.4.2 Objetivos Específicos Considerando que as atividades de consumo podem ser classificadas em précompra, compra e pós-compra, são objetivos específicos desta pesquisa: 28 Identificar como os sujeitos buscam informações e como são influenciados antes da compra; Detectar os fatores determinantes para a efetivação da compra; Analisar o processo de avaliação pós-compra identificando quais atributos do processo são relevantes para esses sujeitos. 1.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE TERMOS UTILIZADOS Termos mais específicos ligados a esta pesquisa como comportamento do consumidor, modelo de processo de decisão do consumidor, fatores de influência do comportamento do consumidor e outros serão, por sua complexidade, definidos no desenvolvimento do referencial teórico. Os subitens a seguir apresentam considerações acerca dos termos jovem, produto eletrônico e consumidor bem como as razões de sua utilização no contexto desta pesquisa. 1.5.1 Jovem Embora a definição da faixa etária na qual se enquadra a adolescência não seja consenso entre alguns estudiosos, este trabalho utilizará para adolescente a definição dada pela Lei nº 8.069 da Presidência da República do Brasil, de 13 de julho de 1990, que trata do Estatuto da Criança e do Adolescente e que considera como adolescente o indivíduo que está entre doze e dezoito anos de idade (BRASIL, 1990). Da mesma forma, não existe consenso com relação à definição da faixa etária na qual uma pessoa possa vir a ser enquadrada como jovem, encontrando-se na literatura desde uma relação direta com a adolescência até mesmo indicações de que jovem é o indivíduo com até 30 anos de idade. Para Valenzuela (1998, p.39, tradução nossa), “o conceito de juventude faz parte das características fundamentais da classe social na qual está inserida” e, 29 dessa forma, não pode corresponder a uma definição vazia de significado, baseada apenas em critério de idade. O entendimento do conceito juventude deve, então, considerar as variações fundamentais que o mesmo vem sofrendo com o tempo não podendo, dessa forma, estar desvinculado do seu contexto histórico e sociocultural, ou seja, o conceito de juventude passa a ser compreendido como uma relação entre os processos históricos e culturais nos quais está presente. Para o autor, não se deve buscar a definição de certas características para o que se entende por juventude, de forma a encerrar o conceito em si mesmo. Ao contrário, sugere que seja estudada a condição de ser jovem da forma como esta se inventa e reinventa de tempos em tempos. Borges e Denardi (2010) afirmam que, de forma geral, a juventude é tida como uma fase da vida permeada por confrontos, instabilidades e angústias, mas de descobertas e conquistas, também. Sugerem as autoras que definir um limite para o conceito de juventude corresponde a um risco, já que existem, no seu entendimento, imprecisões conceituais em função de que as diferentes áreas da ciência utilizam seus próprios critérios para defini-la e, como exemplo, indicam que, para as Ciências Sociais, a juventude corresponde a uma das fases do ciclo de vida humana, nas quais ocorrem mudanças psicológicas e de papéis sociais, ao contrário da Geografia humana e populacional, na qual jovem é um indivíduo dentro de uma determinada faixa etária. Sugerem as autoras o entendimento de que, mesmo consideradas questões etárias e culturais, busque-se compreender a juventude como uma fase que caracteriza a passagem entre a infância e a adolescência para a idade adulta, passagem essa culturalmente determinada por ritos e práticas sociais diversas, considerando-se a cultura e características de cada grupo. A não ser nos casos específicos de citações ou onde o seu uso for mais apropriado para dar entendimento ao que se estiver tratando, será utilizado no lugar de adolescente o termo jovem, a fim de permitir uma melhor compreensão do enquadramento do público-alvo desta pesquisa, da mesma forma como indica Limeira (2008, p. 198) que os termos adolescência e juventude “são palavras com um significado comum, ou seja, o período da vida humana que sucede a infância [...] estendendo-se dos 12 aos 20 anos”. 30 1.5.2 Produto eletrônico O termo gadget (que pode ser traduzido da língua inglesa como dispositivo, aparelho, instrumento) tem sido utilizado de forma genérica para definir os equipamentos eletrônicos portáteis que possuem funções específicas, úteis e que podem ser desenvolvidas de forma prática no dia a dia das pessoas e organizações como câmaras digitais, PDAs (sigla em inglês para assistente pessoal digital), notebooks e netbooks, tocadores de música digital, tablets, celulares etc. (RONAI, 2010). A não ser nos casos específicos de citações ou onde o seu uso for mais apropriado para dar entendimento ao que se estiver tratando, será utilizado no lugar de gadget ou equipamento eletrônico (ou dispositivo ou aparelho eletrônico, também encontrados na literatura) o termo produto eletrônico. 1.5.3 Consumidor As definições dos termos comprador (“que, ou aquele que compra, por conta própria ou alheia”), consumidor (“que consome; aquele que compra para o gasto próprio”), compra (“ação de comprar; aquisição”) e consumo (“ato ou efeito de consumir”) encontradas em Michaelis (2009a), levam ao entendimento do que apontam Schiffman e Kanuk (2000), de que não necessariamente os indivíduos consumidores dos produtos ou serviços são aqueles que realizam a compra, a decidem ou mesmo pagam por ela, ou seja, as seguintes situações podem ocorrer: (1) o comprador pode ou não vir a ser o consumidor do produto adquirido; assim, ele pode comprar o produto para uso próprio ou de outrem e (2) o consumidor pode ou não ter sido o comprador do produto; assim, ele pode utilizar um produto comprado por si mesmo ou por outrem. Com relação a essa questão, Schiffman e Kanuk (2000) sugerem a existência da tendência de, apesar da importância das demais fases no processo de estudo do comportamento do consumidor, dar ao consumo final olhares de maior complexidade. Nesse contexto, os autores entendem que, para obter sucesso, as 31 empresas precisam focar seus esforços na pessoa que apresenta as maiores possibilidades de influenciar a decisão de consumo, derivando daí o fato de que algumas empresas irão concentrar seus esforços no comprador, como sendo este a melhor opção, ao contrário de outras que darão sua atenção ao usuário. Complementando este raciocínio, os autores sugerem que, por medida de segurança, algumas empresas preferem considerar ambos, compradores e usuários, como importantes neste processo. A não ser nos casos específicos de citações ou onde o uso dos termos comprador ou usuário for mais apropriado para dar entendimento ao que se estiver tratando será utilizado, de forma não distintiva, o termo consumidor em relação ao indivíduo envolvido em todos os estágios do processo de decisão do consumidor, independentemente de ter sido ele ou não o comprador do produto. Como consumidor entende-se os indivíduos que compram produtos e serviços para seu consumo pessoal (KOTLER; ARMSTRONG, 2003) e/ou para uso do lar (SCHIFFMAN; KANUK, 2000) e, de acordo com Ferreira (1974), sem ter a intenção de revenda logo após a sua compra. Tal decisão encontra respaldo na literatura que indica a necessidade de as empresas se preocuparem com o entendimento e o atendimento das necessidades e desejos do consumidor o qual, em última análise, é o beneficiário do valor ofertado pelo produto ou serviço adquirido (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2008; KERIN et al, 2007; KOTLER; ARMSTRONG, 2003; LIMEIRA, 2008; SCHIFFMAN; KANUK, 2000; SOLOMON, 2008). 1.6 DIVISÃO DOS CAPÍTULOS No intuito de permitir uma melhor compreensão desta pesquisa sobre quais são os fatores que influenciam os consumidores da Geração Z no processo de decisão de compra de produtos eletrônicos, o presente estudo encontra-se organizado em cinco capítulos, sendo que este primeiro – Introdução – tratou da sua contextualização, dos problemas de pesquisa, da sua relevância, da definição do 32 objetivo geral e dos objetivos específicos, além de ter apresentado considerações sobre os termos jovem, produto eletrônico e consumidor. O segundo capítulo – Referencial Teórico – trata da fundamentação teórica desta pesquisa e aborda essencialmente as questões ligadas ao comportamento do consumidor, aos fatores que influenciam esse comportamento, ao comportamento dos jovens enquanto consumidores e aos modelos propostos para o estudo do comportamento dos consumidores. No terceiro capítulo – Metodologia – são descritos os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa, relacionados ao método, à amostra da população e ao instrumento de coleta de dados empregado, assim como aos modos de tratamento desses dados. O quarto capítulo – Resultados – foi reservado para a apresentação e análise dos resultados, dividido em duas seções principais. A primeira apresenta uma análise descritiva da amostra da pesquisa e a segunda apresenta os resultados obtidos por intermédio da Análise Fatorial (AF) considerando-se cada um dos estágios do Modelo de Processo de Decisão do Consumidor proposto por Blackwell, Miniard e Engel (2008) adotado como constructo desta pesquisa. Por fim, no quinto capítulo – Considerações Finais – são apresentadas as reflexões acerca do trabalho, as limitações encontradas e as sugestões para futuras pesquisas. 33 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A INDÚSTRIA ELETRÔNICA NO BRASIL O crescente avanço do desempenho dos produtos eletrônicos na economia, presentes nos serviços, na indústria de forma geral e nos setores de informática e de telecomunicações nos últimos anos é cada vez mais perceptível, principalmente se considerados os bens de consumo como automóveis, produtos de áudio e vídeo e eletrodomésticos que passam a incorporar, em números cada vez mais crescentes, diversos componentes eletrônicos. O setor de eletrônica de consumo, segundo Tavares (2001), engloba os segmentos de vídeo (televisores, videocassetes, câmaras de vídeo, videodiscos etc.), de áudio (rádios, sistemas compactos e integrados, gravadores e toca-discos a laser, componentes de sistemas etc.) e, ainda, produtos como celulares, calculadoras, instrumentos musicais eletrônicos, fornos de microondas entre outros. A economia nacional tem vivenciado momentos diversos com relação ao mercado de produtos eletrônicos: [...] durante a década de noventa, para fazer face à abertura comercial, as empresas passaram por fortes transformações relacionadas com a busca de maior qualidade e produtividade de seu processo produtivo. A queda de custos na indústria provocou significativa diminuição do preço dos bens finais, que aliada à reincorporação ao mercado de consumidores de menor nível de renda, provocou um aumento significativo das vendas nos anos de 1995 e 1996. Nos anos seguintes, houve sucessivas quedas nas vendas. Esse desaquecimento da demanda interna obrigou as empresas a realizarem outro processo de reestruturação com redução de quadros e venda de ativos (TAVARES, 2001, p. 8). Ao contrário, comparando com a mesma época o mercado de microcomputadores, a autora indica que esse setor havia apresentado crescimento correspondente a 16% em 1995, 22% em 1996, e 10% no resto da década. De qualquer forma, as evoluções por que passou e passa a área de eletrônicos têm permitido que a qualidade alcançada internamente pelos produtos eletrônicos seja semelhante à oferecida pelos produtores internacionais, o que tem motivado atualmente uma nova recuperação do setor, entre outras razões, pelo crescimento 34 da infraestrutura de telecomunicações e de informática em nosso país. Tavares (2001) sustenta que havia 19 milhões de telefones fixos instalados no Brasil em 1997 e 4,6 milhões de celulares em operação. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em 2010 a base de telefones fixos instalados no país chegou a 43,715 milhões de aparelhos e a telefonia celular alcançou a quantidade de 194.439.250 habilitações ou o equivalente a mais de um celular por habitante (BRASIL: ANATEL, 2010). A Tabela 2 apresenta o número total de celulares e o número de celulares por habitante, no Brasil, no Nordeste e no Rio Grande do Norte em outubro de 2010. Tabela 2 - Número total de celulares e celulares por habitante (outubro/2010) Celulares Celular por habitante Brasil 194.439.250 1,0044 Região Nordeste Rio Grande do Norte 45.346.915 3.132.015 0,8316 0,9721 Fonte: Adaptado de Anatel (2010) Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a produção de aparelhos de telefone celular deverá fechar o ano de 2010 em um patamar ligeiramente abaixo do alcançado em 2009, mas, mesmo assim, bastante elevado: 61 milhões de unidades sendo que, deste montante, 47 milhões destinados ao mercado interno e o restante para exportação (ABINEE, 2010). Segundo a mesma entidade, o crescimento do consumo interno motivado pela manutenção do crédito ao consumidor, pelo aumento de emprego e renda, e pelos programas mantidos pelo governo para blindar a economia do país em relação à crise econômica mundial, influenciou de forma positiva o mercado de eletroeletrônicos promovendo um incremento de 13% no segmento de informática e de 16% no de utilidades domésticas, por exemplo. Outro fator que ajuda a demonstrar o aumento da demanda desse setor está relacionado ao crescimento do mercado de televisão por assinatura. Dados da Anatel (2010) indicam que o Brasil, em novembro de 2010, chegou a 9.531.057 domicílios com TV por assinatura, um crescimento de 1,4% em relação à base de assinantes do mês anterior, acumulando um crescimento no ano de 27,5%. A Tabela 3 mostra a evolução do número de domicílios com TV por assinatura entre o ano de 2006 até o mês de novembro de 2010, no Brasil. 35 Tabela 3 - Domicílios com TV por assinatura - Brasil (2006 a nov. 2010) Ano Total de Assinantes De janeiro a dezembro 2006 4.583.125 406.767 2007 2008 2009 5.348.571 6.320.852 7.473.476 765.446 972.281 1.152.624 nov. 2010 9.531.057 - 9,70% Crescimento absoluto no mês de novembro 38.355 Crescimento percentual no mês de novembro 0,85% 16,70% 18,18% 18,24% 41.235 74.081 191.177 0,79% 1,20% 2,67% - 134.509 1,43% Crescimento anual (%) Fonte: Adaptado de Anatel (2010) Esse desempenho favorável em relação às vendas, contudo, não significa que para a economia nacional o aumento nas vendas de produtos eletrônicos seja motivo somente de comemoração. Os produtos eletrônicos aqui comercializados têm sido produzidos com diminuição do valor agregado localmente, pois passaram a ter um maior número de componentes importados o que tem provocado o aumento das importações de alguns componentes que não são fabricados no país, interferindo negativamente na balança comercial (TAVARES, 2001). 2.2 A ERA DIGITAL Para vários autores, viver na era digital significa desfrutar de comunicação instantânea, TV digital com imagens de alta definição, chips com vários núcleos, internet banda larga, softwares de produção gráfica e de realidade virtual, sistemas multimídia e dispositivos de armazenamento de dados de elevada capacidade e, de acordo com Tapscott (1999, 2010) e Telles (2009), tudo isso praticamente em qualquer lugar e a qualquer hora. Salientam os autores que o surgimento da World Wide Web marcou, em 1990, o surgimento da internet como é conhecida hoje e que, utilizando diferentes tecnologias de conexão, essa rede já conecta em torno de dois bilhões de pessoas a velocidades que sequer eram imaginadas 20 anos atrás. Essa nova realidade, tornada possível, conforme sugere Siqueira (2010), a partir da crescente popularização e da consequente disseminação do computador pessoal, do celular, da internet, da fibra ótica e de tecnologias como o Blu-ray entre outras, começou a ser desenhada em torno dos últimos 20 anos. Exemplo disso, nessas últimas duas décadas a tecnologia digital associada à fotografia permitiu a 36 inserção, em equipamentos como câmaras digitais, filmadoras, celulares etc., de softwares de última geração capazes de capturar e manipular imagens no próprio equipamento além de possibilitar a distribuição dessas imagens pela internet de forma muito rápida. O processo de digitalização e o desenvolvimento da microeletrônica correspondem, para Siqueira (2010), às razões das transformações socioeconômicas dessa nova era, revolucionando não apenas as tecnologias relacionadas à informação e à comunicação, como as atividades de consumo e, por consequência, os diversos segmentos ligados à economia e à indústria, permitindo à sociedade alcançar uma produtividade sem paralelos anteriores, impulsionada pela automação, pela expansão da internet em níveis mundiais, pelo aumento das redes de telecomunicações etc. Para Neves (2006), a internet tem alcançado usuários de forma mais veloz do que outros meios de comunicação, tendo necessitado apenas de três anos após a criação da Web para atingir o patamar de sessenta milhões de pessoas, feito este que o rádio levou 30 anos para alcançar e, a TV, 15 anos. Assim como foram o rádio e a TV, para o seu tempo, importantes ferramentas para o desenvolvimento dos processos de transmissão de informações e de assimilação cultural, a internet tem apresentado papel preponderante no comportamento dos indivíduos. O autor afirma que [...] entre as possibilidades abertas pela velocidade no acesso, distribuição e produção de informação pode-se citar a que permite que usuários comuns possam às vezes ter mais importância na divulgação de um evento que meios de comunicação tradicionais. Um exemplo disso são os weblogs e fotologs, uma mistura de diário e agência de informação pessoal nos quais o usuário disponibiliza informações instantaneamente (NEVES, 2006, p. 19, grifos do autor). Essa realidade reveste de grande importância as chamadas Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) uma vez que, como tecnologias e métodos utilizados para permitir e facilitar a comunicação, a maioria delas tem por características tornar mais ágil, horizontalizada e menos fisicamente manipulável o conteúdo da comunicação, o que se dá por meio da digitalização e da comunicação em redes, seja ela mediada por computadores ou não (CARVALHO; IVANOFF, 2009). Entre outras, são consideradas NTICs os computadores pessoais; as câmeras de vídeo e foto; as webcams; os suportes para armazenar e portar dados 37 como os discos rígidos, cartões de memória, pendrives etc.; celulares; TV por assinatura; e-mail; aparelhos de gravação e reprodução de DVDs; equipamentos utilizados para captura eletrônica ou digitalização de imagens (scanners); as tecnologias de acesso remoto sem fio (wireless) como Wi-Fi, Bluetooth etc. Carvalho e Ivanoff (2009) sugerem que essas tecnologias de comunicação permitem a interação em rede entre os seus integrantes – modelo interativo –, de forma a que todos possam comunicar-se com todos, confrontando com o modelo comunicacional tradicional, no qual a informação é transmitida de modo unidirecional – modelo reativo. Sugerem os autores que, estando associadas à interatividade, essas tecnologias conferem a possibilidade de criação, acesso e veiculação a todos os participantes do processo, permitindo, por intermédio das redes de dados e informação criadas através das NTICs, o encurtamento das distâncias geográficas e o consequente aumento do alcance das informações disponíveis para (e entre) governos, empresas e pessoas. Essas possibilidades, aliadas ao poder de compra dos jovens, ajudam a entender as características e tendências apontadas por Moses (2000) sobre o comportamento e o mercado de jovens no mundo. Entre outras, a autora aponta o (1) elevado consumismo, auxiliado em parte pelo crescimento da classe média, tanto em números de pessoas quanto em relação ao seu poder de compra, e ao aumento da exposição dos jovens às mídias; (2) indivíduos apaixonados por tecnologia, seja pela natural facilidade com que lidam com novas tecnologias seja pelos benefícios oriundos do seu uso como garantia de sucesso profissional, entretenimento e comunicação com o mundo; (3) entretenimento e diversão o tempo todo, estando os indivíduos em busca de estímulos através de músicas, jogos, vídeos etc.; (4) experimentação e aprendizado constantes através da conexão e comunicação facilitada pelos computadores, e-mail etc.; (5) capacidade de exploração e mobilidade que podem proporcionar, por exemplo, o deslocamento a novos lugares tanto de forma presencial quanto virtual; (6) respeito às marcas com forte apelo e presença global; (7) esperança e crença em um futuro no qual acredita terá dinheiro capaz de proporcionar uma vida com conforto e suportada pelas características apresentadas anteriormente e, segundo a autora, a mais marcante e irrevogável característica desse grupo, (8) a crença de que o seu destino está em suas próprias mãos. 38 No Brasil, o mercado de NTICs capazes de dar suporte a esse mundo digital, apresenta números, entre outros, da ordem de mais de 11,5 milhões televisores vendidos em 2010 e uma projeção de crescimento para 2011 de 15% em eletrônicos e 10% no setor de portáteis. O consumidor descobriu que produtos baseados em tecnologias mais modernas – que passaram a representar cerca de 10% no faturamento dos fabricantes de TVs, por exemplo – podem proporcionar mais prazer que aqueles desenvolvidos pelo sistema convencional. Essa constatação levou, no caso dos televisores, a um volume de vendas em 2010 equivalente a 401 mil aparelhos com tela de plasma e 11,5 milhões de aparelhos com iluminação traseira por LED, contra 3,4 milhões de TVs tradicionais de tubo – aproximadamente 30% a menos do que em 2009 (REHDER, 2011). A projeção para o mercado de computadores corresponde à produção de 14 milhões de unidades (acréscimo de 16,6% sobre 2009), sendo que no primeiro semestre de 2010 foram vendidos 3,158 milhões de desktops e 3,05 milhões de notebooks. Já a produção de telefones celulares deverá alcançar a mesma cifra de 2009, girando em torno de um total de 60 milhões de aparelhos (PETRY, 2010). 2.3 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR O desenvolvimento de estudos relacionados ao comportamento dos indivíduos, visando a compreender como se desenvolve o seu processo de decisão de consumo, é de fundamental importância para as organizações no sentido de que sejam capazes de conhecer, além do perfil desses indivíduos enquanto consumidores, os fatores que influenciam este processo para que possam, desta forma, melhor direcionarem seus esforços de marketing. Entre os benefícios gerados pela compreensão do comportamento dos consumidores – e do processo de consumo em si – estão: [...] o auxílio aos gerentes em suas tomadas de decisão, o fornecimento de uma base de conhecimento a partir da qual os pesquisadores de marketing podem analisar os consumidores, o apoio aos legisladores e controladores na criação de leis e regulamentos referentes à compra e à venda de mercadorias e serviços e o auxílio ao consumidor [...] na tomada de melhores decisões de compra (MOWEN; MINOR, 2003, p. 4). 39 Para Schiffman e Kanuk (2000), essa busca por compreender como se desenvolve o processo de decisão quando os indivíduos estão desempenhando o papel de consumidores, reveste-se de importância no sentido de trazer benefícios aos próprios consumidores – por possibilitar que compreendam melhor o processo a que estão submetidos – e, também, às organizações – no sentido de um maior conhecimento desses indivíduos e, por consequência, de como os mesmos reagem frente aos estímulos a que são submetidos. Solomon (2008) destaca o fato de que o comportamento do consumidor é um processo e não se restringe ao momento da troca – entendida como o momento em que empresas ou pessoas dão e recebem algo de valor em troca da satisfação das suas necessidades. Ao contrário, envolve as questões que influenciam o consumidor seja antes, durante ou depois da compra. A Figura 1 apresenta as questões que, segundo o autor, devem ser abordadas durante o processo de consumo, considerando as perspectivas do consumidor e dos profissionais de marketing em relação aos estágios de pré-compra, compra e pós-compra. PERSPECTIVA DO CONSUMIDOR PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DE MARKETING QUESTÕES PRÉ-COMPRA Como um consumidor constata que precisa de um produto? Quais são as melhores fontes de informação para saber mais sobre escolhas alternativas? Como as atitudes do consumidor são formadas e/ou modificadas? Que pistas os consumidores utilizam para inferir que produtos são superiores aos outros? QUESTÕES DE COMPRA A aquisição de um produto é uma experiência estressante ou agradável? O que a compra diz sobre o consumidor? De que forma os fatores situacionais, como a falta de tempo ou os expositores das lojas, afetam a decisão de compra do consumidor O produto traz satisfação ou desempenha a função pretendida? Como o produto é descartado, com o tempo, e quais as consequências ambientais desse ato? O que determina que um consumidor fique satisfeito com um produto e se voltará a comprá-lo? Essa pessoa fala aos outros sobre suas experiências com o produto e influencia suas decisões de compra? QUESTÕES PÓS-COMPRA Figura 1 - Questões associadas ao processo de consumo Fonte: Solomon (2008, p. 28) Para Kotler e Armstrong (2003), além de saber o que, como, onde, quando, quanto e por que os consumidores compram, o desafio está em compreender os motivos por trás do comportamento de compra desses consumidores – o que de acordo com os autores não é tarefa fácil, pois as respostas permanecem trancadas na cabeça dos consumidores. A Figura 2 ilustra, segundo a visão dos autores, o 40 modelo de estímulo e resposta como sendo o ponto de partida para a compreensão de como os consumidores respondem aos diferentes estímulos como as características dos produtos, seus preços etc. Marketing e outros estímulos Marketing Produto Preço Praça Promoção Outros Econômico Tecnológico Político Cultural ‘Caixa-preta’ do consumidor Características do comprador Processo de decisão do comprador Respostas do comprador Escolha do produto Escolha da marca Escolha do revendedor Frequência de compra Volume da compra Figura 2 - Modelo de comportamento do comprador Fonte: Kotler e Armstrong (2003, p. 119) Segundo Kotler e Armstrong (2003), os estímulos de marketing – produto, preço, praça e promoção – assim como outros estímulos – forças e acontecimentos nos ambientes econômico, tecnológico, político, cultural e ambiental – penetram no que os autores chamam de “caixa-preta” do consumidor, onde são transformados em respostas observáveis. Para Aaker, Kumar e Day (2007), a meta de uma organização deve ser muito mais a satisfação do consumidor do que a maximização dos lucros. Para Blackwell, Miniard e Engel (2008), a importância dos estudos sobre o consumidor está relacionada, também, ao entendimento dos problemas associados ao consumo excessivo (ou ao subconsumo) e os consequentes gastos que podem comprometer a renda familiar como as jogatinas, os distúrbios alimentares, o uso de drogas etc., comportamentos estes que precisam ser evitados ou, ao menos, minimizados, ao contrário daqueles que precisam ser incentivados relacionados a práticas saudáveis como exercícios rotineiros, a busca por qualidade de vida, uma alimentação saudável etc. Para os autores, o entendimento dessas questões é essencial para que empresas e legisladores consigam desenvolver melhores métodos, capazes de atrair os consumidores a partir de informações mais precisas e uma assistência mais eficaz. 41 2.3.1 Um campo de estudo multidisciplinar A partir do entendimento da complexidade do tema, o estudo do comportamento do consumidor passou a receber contribuições de conceitos e teorias desenvolvidos inicialmente para outras áreas do conhecimento como, por exemplo, da Economia, da Psicologia, da Sociologia e da Antropologia, cada uma acrescentando sua visão no sentido de buscar uma melhor compreensão de como se dá o comportamento humano em suas relações de consumo. Para Fisher (2006), os estudos relacionados ao comportamento do consumidor trouxeram, da teoria neoclássica, a visão de que o consumo dos indivíduos é racional, estando baseado nos seus custos e na sua utilidade; da psicologia, as questões relacionadas com as relações psíquicas formadas entre o consumidor – considerada a sua história particular – e os seus produtos; da sociologia, a distinção entre os indivíduos através do consumo e da antropologia considerações sobre padrões culturais. Para Holbrook (1987), veio da macroeconomia a visão relativa ao conceito de consumo global, tido como indicador que considera os gastos totais realizados por um país nas questões referentes às práticas de consumo, embora direcionados apenas à fase de aquisição – em detrimento das fases de uso e destinação – e sem considerar os comportamentos individuais, ou seja, tendo como foco as quantidades globais da economia bem como suas relações, embora deixando de lado aspectos qualitativos, psicológicos, sociais e culturais ligados ao processo. O consumidor, tido com um indivíduo que busca agir de forma racional, objetivando maximizar a utilidade dos bens consumidos, no intuito de aumentar sua sensação de prazer ou aliviar suas dores, é uma visão tomada da microeconomia, adotando como foco as práticas individuais. Por essa lógica, de forma consciente, o indivíduo pensa seus gastos de maneira a poder extrair deles o maior proveito que lhe seja possível. Mesmo que considere o consumo a partir da visão do indivíduo, as conclusões da microeconomia estão, na visão de Holbrook (1987), voltadas para a fase de aquisição de bens e serviços não considerando os necessários investimentos em tempo e energia despendidos pelo indivíduo nos estágios anteriores ao da aquisição propriamente dita. Valores menos racionais que auxiliam 42 na formação das preferências do indivíduo por determinados produtos e/ou marcas e que, assim, influenciam nas suas escolhas, não são considerados pela teoria econômica. A partir do desenvolvimento das teorias relacionadas (1) aos processos de aprendizagem, (2) ao entendimento da influência das motivações, percepções e emoções nas decisões de cada indivíduo e (3) aos estudos da personalidade e de como se formam crenças e atitudes, desenvolvidos pela Psicologia, abriu-se a possibilidade da compreensão em níveis mais aprofundados não apenas do fenômeno do consumo em si, como também das relações existentes entre os indivíduos, seus produtos e suas marcas, levando Holbrook (1987) a afirmar que a Psicologia contribuiu para o crescimento e o entendimento da área de comportamento do consumidor de forma bastante relevante, ao permitir as análises da dinâmica interna dos indivíduos enquanto consumidores. Um novo enfoque, aliando as contribuições da Psicologia com os entendimentos da Sociologia, passa então a avaliar as consequências e os seus possíveis impactos relacionados a uma relação de troca, no que diz respeito à percepção dos valores obtidos e dos seus significados para o indivíduo, decorrentes não apenas da aquisição em si, mas também da forma como os indivíduos fazem uso e se desfazem dos bens adquiridos. A importância desse novo enfoque é percebida, conforme Holbrook (1987), pelo fato de que a análise das questões ligadas ao consumo, quando realizadas considerando-se a sua perspectiva social, demanda questões relacionadas às diversas causas e os seus consequentes efeitos inerentes ao processo. Assim, a existência dos grupos de referência, as influências produzidas pela família, os papéis sociais e o status por eles gerado etc., são percebidos como importantes contribuições da Sociologia para o estudo do comportamento do consumidor. Acrescentando às visões da Economia, da Psicologia e da Sociologia estudos ligados à Antropologia, autores como Slater (2002), McCracken (2003), Douglas e Isherwood (2004), Campbell (2006), Rapaille (2006), Migueles (2007), entre outros, propõem, para a avaliação do comportamento do consumidor, uma nova abordagem que busca maior compreensão da sociedade contemporânea de forma a transcender o ato da compra, levando ao entendimento de que 43 [...] o ser humano faz sentido do mundo, constrói seus significados sobre os objetos e as suas noções de propósito pela forma como é socializado numa economia [...], numa língua, numa cultura e nas instituições, e pela forma como participa de uma dialética das intersubjetividades nas suas relações com os outros (MIGUELES, 2007, p. 9). Essa abordagem busca dar fundamentos à compreensão de como, de forma própria, os seres humanos constroem a sua realidade como uma realidade social, levando ao entendimento de que já não se pode definir o consumo – um comportamento social – tendo como base apenas a aquisição de um bem através da sua compra dotando o comportamento de consumo, enquanto campo de estudo, de uma maior complexidade. Dessa forma, [...] já não se pode mais classificar ou definir um determinado comportamento social, como o consumo, baseando-se apenas na simples aquisição de um bem através da compra. O consumo ganhou complexidade como campo de estudo, uma vez que engloba outras tantas atividades e vários atores de real interesse, tornando-se assim, uma fonte abundante de conhecimento para as diversas disciplinas das Ciências Sociais (RIBEIRO, 2008, p. 22). As definições e conceitos apresentados demonstram a evolução dos estudos acerca do comportamento do consumidor, das considerações feitas a partir de teorias econômicas até o atual campo de estudos defendido como a Antropologia do Consumo. Se as teorias econômicas determinavam o fenômeno do consumo como sendo algo ligado apenas ao indivíduo, tido como um ser racional que baseava suas escolhas de compra a partir da busca pela maximização de sua utilidade, a Antropologia do Consumo se caracteriza como campo de estudo a partir da crítica a essa interpretação. Na visão das teorias econômicas o consumidor buscava distribuir os seus gastos de forma a obter com seus recursos – sempre limitados – o maior retorno que fosse possível, embora essa lógica calculista não abrisse a possibilidade de consideração da dimensão simbólica e social do consumo. Estudar o comportamento do consumidor sob a ótica da Antropologia do Consumo significa compreender que o comportamento do consumidor, considerado a partir da Teoria Utilitarista Econômica, não seria suficientemente esclarecedor, uma vez que essa teoria não considera o consumo como parte das normas socioculturais de uma determinada sociedade. Ao contrário, a visão da antropologia contribuiu para elevar o consumo a uma esfera de significação, sendo que, segundo Douglas e Isherwood (2004, p. 36), a verdadeira necessidade que é suprida com o consumo é 44 a necessidade simbólica: “[...] os bens são neutros, seus usos são sociais [...] e podem ser usados como cercas ou como pontes”. 2.3.2 Definições para comportamento do consumidor A complexidade oferecida pelo comportamento do consumidor enquanto campo de estudo pode ser observada a partir das diversas definições apresentadas, cada uma com um nível de abrangência diferente buscando refletir, com o passar do tempo, tanto as mudanças ocorridas no comportamento dos indivíduos enquanto consumidores quanto as perspectivas sob as quais é estudado o comportamento desses consumidores. De forma geral, Limeira (2008) apresenta o comportamento do consumidor como sendo o conjunto das reações ou respostas dadas pelos indivíduos a determinados estímulos, os quais decorrem de fatores pessoais: estados fisiológicos e psicológicos, traços de personalidade e características particulares como emoções percepções, crenças, experiências, idade etc.; fatores ambientais: de natureza cultural, social, valores compartilhados, limites legais etc.; fatores situacionais: circunstâncias como disponibilidade de tempo, características da loja etc.; e fatores ou estímulos de marketing: relacionados às decisões da empresa sobre o seu mix de produto, preço, distribuição e promoção. Os autores Howard e Sheth (1969) afirmam que o comportamento de compra está associado à repetição de escolha de marcas e que esta decisão envolve (1) um conjunto de motivos que levam ao processo de compra, (2) as marcas alternativas consideradas no processo e (3) os critérios definidos para a escolha, de forma a combinar motivos e alternativas. A visão de Gade (1998, p.2) é a de que “o consumidor é o destinatário dos produtos que as empresas industriais e a agricultura produzem e o comércio distribui”. Já Robertson, Zielinski e Ward (1984, p. 2) dão destaque ao caráter interdisciplinar do estudo do comportamento do consumidor ao focar seus estudos na busca de saber “como e por que os consumidores se comportam da maneira 45 como o fazem”. De uma forma não muito diferente do que propuseram estes autores, Howard (1989, p. 6) defende que o comportamento do consumidor está relacionado ao “estudo de como e por que os consumidores compram e consomem”. Para Sheth, Mittal e Newman (1999, p. 29), o comportamento do consumidor é tido como “as atividades físicas e mentais realizadas por clientes de bens de consumo e industriais que resultam em decisões e ações”. No entendimento de Schiffman e Kanuk (2000, p. 7), “o termo [...] se refere ao comportamento que os consumidores demonstram ao pesquisar, comprar, usar, avaliar e se dispor de produtos e serviços que [...] satisfarão suas necessidades”. Os autores observaram que a compreensão do processo de comportamento do consumidor está na análise daquilo que ele compra, quando compra, onde compra, com que frequência compra e, por fim, como usa o que compra, tudo relacionado ao entendimento de como os indivíduos decidem despender os seus recursos de tempo, dinheiro e esforço na busca pela satisfação de suas necessidades e desejos. Na visão de Hawkins, Best e Coney (2003) o consumidor é entendido como uma entidade, solucionadora de problemas que toma suas decisões e absorve informações e as processa confrontando-as com a situação que está vivendo e, por fim, age no sentido de alcançar sua satisfação e reforçar seu estilo de vida. Para Solomon (2002), o comportamento do consumidor está relacionado com os processos envolvidos nas atividades de seleção, de compra, de uso e/ou disposição, tanto de produtos e/ou serviços, quanto de ideias e/ou experiências que, na visão do consumidor, possam satisfazer suas necessidades e desejos. No entendimento de Slater (2002, p. 17), a “cultura do consumo é singular e específica: é o modo dominante de reprodução cultural desenvolvido no Ocidente durante a Modernidade”, acrescentando que a cultura do consumo, além de um alcance prático tem uma profundidade ideológica que, aliados, permitem a estruturação e subordinação ampla de todas as outras. O autor sugere que, mesmo sendo o acesso aos bens limitado pelo acesso ao dinheiro, o consumo deve ser tratado como uma atividade inerente à população como um todo, em função de que é através desses bens que tanto a vida cotidiana quanto as identidades e as relações sociais são sustentadas e reproduzidas. A proposta de Mowen e Minor (2003, p. 4) segue uma linha bastante parecida com a de Solomon (2002), sendo que os autores sugerem que o comportamento do 46 consumidor corresponde ao “estudo das unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na aquisição, no consumo e na disposição de mercadorias, serviços, experiências e idéias”, chamando a atenção para o fato de que os estudos do comportamento do consumidor concentram maiores esforços na fase de aquisição do produto e/ou serviço em relação ao consumo e à disposição o que, segundo os autores, pode causar um entendimento equivocado ou distorcido do processo como um todo. A Figura 3 apresenta o diagrama de processo de troca proposto por Mowen e Minor (2003). Vendedor Empresas Órgãos do governo Políticos Outros consumidores Organizações sem fins lucrativos Desenvolve estratégia Mix de marketing Segmentação Posicionamento e diferenciação Processo de troca Pesquisa de mercado Análise do ambiente Influenciadores do ambiente Situações Grupos Famílias Cultura Subcultura Eventos internacionais Regulamentos Recursos trocados Mercadorias Tempo Serviços Dinheiro Informações Status Sentimentos Processo de troca Unidade compradora Empresas Consumidores Órgãos do governo Organizações sem fins lucrativos Influenciadores individuais Processamento de informações Aprendizagem comportamental Motivação e afeição Personalidade e análise psicográfica Crenças, atitudes e comportamento Comunicação persuasiva Tomada de decisão Figura 3 - Diagrama do processo de troca Fonte: Mowen e Minor (2003, p. 16) Para Honorato (2003), estudar os pensamentos, os sentimentos e as ações dos indivíduos enquanto consumidores e as consequências das influências – interpessoais, intrapessoais ou psicológicas, situacionais e de marketing – que são exercidas sobre eles, capazes de determinar mudanças em suas atitudes corresponde à essência do estudo do comportamento do consumidor. 47 Os bens de consumo são considerados por McCracken (2003) elementos importantes tanto na formulação quanto na expressão de identidades sociais, desde que esses bens não sejam considerados individualmente, mas dentro do seu contexto, como fazendo parte da rede de significados para o indivíduo, da qual ele faz parte. O autor defende que da produção até chegar ao consumidor final, os bens de consumo compõem uma rede de significados culturais, transferidos ao indivíduo a partir de cada agente envolvido no processo através da utilização de mecanismos diversos. Para Kotler e Armstrong (2003), o comportamento do consumidor corresponde ao estudo de como pessoas, grupos e organizações selecionam, compram, fazem uso e descartam produtos e/ou serviços e ideias e/ou experiências no intuito de satisfazer suas necessidades e desejos. Os estudos de Douglas e Isherwood (2004) concentram-se na procura por compreender (1) o que se está levando em consideração quando a escolha dos bens é realizada e (2) no entendimento de que o consumo é um elemento mediador entre as relações e práticas sociais. Para os autores, os indivíduos adquirem seus bens com os estritos propósitos de bem estar material, bem estar psíquico e exibição. Sugerem os autores que se deve considerar que os bens, muito além de necessários para a subsistência e obtenção de status, são necessários como elementos de visibilidade e de estabilidade das categorias culturais, ou seja, a propriedade dos bens de consumo passa a ser considerada a partir de uma construção social, admitindo que esses bens são capazes de aumentar tanto a disponibilidade pessoal quanto o status social, de forma a que a posse de um determinado bem pode significar a inclusão do indivíduo em um determinado grupo – e, nesse caso, pode significar um reconhecimento social – ou a sua exclusão. Malhotra et al (2005, p. 35) sugere que o comportamento do consumidor “inclui os motivos básicos, as percepções, as atitudes, os hábitos de compra e os perfis demográficos e psicográficos (psicológicos e de estilo de vida)” tanto dos indivíduos que já consomem quanto dos consumidores em potencial dos produtos e/ou serviços de uma empresa. Para Rapaille (2006), o consumo é influenciado pelas emoções e pelos significados dados pelos indivíduos a esse processo, gerando sistemas de referências, que diferenciam os indivíduos e, principalmente, as culturas. 48 Para Campbell (2006), a questão do consumo está muito acima de uma mera questão de sobrevivência ou de demonstração de status, evocando questões ligadas ao ser e ao saber: se o indivíduo compra e por isso existe, então o indivíduo compra para saber quem é. O autor indica que o consumo moderno tem suas bases em dois aspectos importantes: (1) o querer e o desejar fazem parte do consumismo moderno, de forma que as demandas dos consumidores fazem mover a economia das sociedades e (2) houve uma mudança de foco, do consumo tradicionalmente praticado com base nas famílias, vilas e pequenos grupos sociais para um consumo voltado para um irrestrito e desmesurado individualismo. De acordo com essa visão, a identidade dos indivíduos estaria não nos produtos adquiridos em si, mas nas relações desses indivíduos com estes produtos. Campbell (2006) sugere que a identidade não irá derivar de um produto ou de um serviço consumido e, ainda, que as pessoas não são aquilo que consomem. Dessa forma, seria monitorando as relações com os produtos, observando o que o indivíduo gosta e do que ele não gosta que seria possível começar a descobrir quem realmente é esse indivíduo. No entendimento de Migueles (2007), o consumidor é considerado como um ser dotado de consciência e razão e que, sem considerar o sentido utilitarista do termo, toma decisões racionais buscando, a partir das suas escolhas, estabelecer relações entre o simbolismo dos bens adquiridos e a sua situação social, baseadas no sentido simbólico que esse consumidor faz do mundo. Para Kerin et al (2007) o comportamento do consumidor envolve as ações necessárias que uma pessoa precisa considerar na compra e durante a utilização de produtos e serviços, nas quais estão incluídos os processos mentais e sociais – que ocorrem tanto antes quanto após essas ações – decorrentes desse comportamento. A contribuição dada por Blackwell, Miniard e Engel (2008, p. 6), está relacionada à visão dos autores que consideram o comportamento do consumidor como um campo de estudo cujo foco está nas atividades realizadas pelo consumidor, definindo-o como sendo as “atividades com que as pessoas se ocupam quando obtêm, consomem e dispõem de produtos e serviços”. O Quadro 1 apresenta um resumo com as definições anteriormente apresentadas (na ordem em que aparecem no texto), enfatizando os autores e o foco do estudo do comportamento do consumidor. 49 AUTORES FOCO DO ESTUDO DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Limeira Respostas dadas a determinados estímulos definidos por fatores pessoais, ambientais, fatores situacionais e estímulos de marketing Howard e Sheth Os elementos relacionados à decisão de consumo - escolha de marcas - correspondem aos motivos, marcas alternativas e os critérios de escolha Gade Robertson, Zielinski e Ward Howard Os produtos produzidos pela indústria e pela agricultura e distribuídos através do comércio têm o consumidor como destinatário Quais razões levam o consumidor se comportar da maneira como se comporta Quais razões levam o consumidor a comprar e a consumir Sheth, Mittal e Newman As decisões e ações são decorrentes das atividades físicas e mentais realizadas pelo consumidor Schiffman e Kanuk Relação com o comportamento adotado pelo consumidor ao pesquisar, comprar, usar, avaliar e se desfazer de produtos e serviços Hawkins, Best e Coney Solomon Slater Mowen e Minor Honorato McCracken O consumidor absorve e processa informações e age no sentido de alcançar sua satisfação e engrandecer seu estilo de vida Relação com os processos envolvidos na seleção, compra, uso e disposição de produtos e/ou serviços, ideias e/ou experiências O consumo é uma atividade inerente à população, em função de que é através desses bens que tanto a vida cotidiana quanto as identidades e as relações sociais são sustentadas e reproduzidas Estudo das unidades compradoras e avaliação dos processos de troca presentes na aquisição, no consumo e na disposição de mercadorias e/ou serviços e experiências e/ou ideias Estudo dos pensamentos, dos sentimentos e das ações dos consumidores e as consequências das influências interpessoais, intrapessoais ou psicológicas, situacionais e de marketing Os bens de consumo são importantes na formulação e na expressão de identidades sociais Kotler e Armstrong Estudo de como pessoas, grupos e organizações selecionam, compram, fazem uso e descartam produtos, serviços, ideias experiências na busca da satisfação de suas necessidades e desejos Douglas e Isherwood Compreensão do que é levado em conta no momento da escolha e entendimento do consumo como um elemento mediador entre as relações e as práticas sociais Malhotra et al Rapaille Motivos básicos, percepções, atitudes, hábitos de compra e perfis demográficos e psicográficos dos atuais e potenciais consumidores O consumo é influenciado pelas emoções e pelos significados dados pelos indivíduos ao processo de consumo Campbell A identidade dos indivíduos está na sua relação com os produtos adquiridos Migueles Os indivíduos, dotados de consciência e razão, tomam suas decisões buscando estabelecer relações entre o simbolismo dos bens adquiridos e a sua situação social Kerin et al Ações realizadas na compra e durante a utilização de produtos e serviços, envolvendo processos mentais e sociais ocorridos antes e após essas ações Blackwell, Miniard e Engel Relação com as atividades desenvolvidas pelo consumidor quando obtêm, consome e dispõe de produtos e serviços Quadro 1 - Resumo de definições de comportamento do consumidor Fonte: Elaborado pelo autor com base na literatura A leitura do quadro acima permite perceber que os estudos relacionados ao comportamento do consumidor transitam entre uma abordagem econômica e psicológica e uma visão ligada ao campo das forças sociais, essa última passando a considerar o indivíduo não mais como um ser movido pela busca de ganho econômico, mas um pensador social cuja preocupação está na identificação de condutas que sejam padrão para a sociedade, padrão esse através do qual ela (a sociedade) se classifica, se distingue e se comunica. 50 2.3.3 Fatores que influenciam o comportamento do consumidor A existência de diversas abordagens e definições para o modo como os indivíduos se comportam enquanto consumidores, consequentemente, conduz a diferentes visões com relação aos fatores capazes de influenciar esse comportamento. Para Blackwell, Miniard e Engel (2008), o comportamento do consumidor tem uma relação muito próxima com o ambiente e as influências que ele é capaz de causar sobre o indivíduo, assim, aspectos como tendências demográficas, grupos de influência, padrões de consumo, estilos de vida e outros aspectos passaram a ter relevante papel como elementos influenciadores naquilo que envolve os consumidores e suas decisões. Para os autores, contudo, não basta compreender as influências exercidas pelos fatores ambientais, mas, também, a dinâmica desse mesmo ambiente, estando ele em constante transformação, o que resulta em estratégias e ações de marketing mais assertivas direcionadas para dar atendimento às necessidades e desejo dos consumidores. Já para Rapaille (2006), o consumo é influenciado pelas emoções e pelos significados dados pelos indivíduos a esse processo, gerando sistemas de referências, que diferenciam os indivíduos e, principalmente, as culturas. Considerando o diagrama do processo de troca de Mowen e Minor (2003), apresentado na Figura 3 da página 45, os fatores capazes de influenciar o comportamento do consumidor na visão dos autores correspondem aos influenciadores ambientais e individuais. Os do primeiro grupo correspondem às características físicas do ambiente no qual o consumidor seleciona, compra, paga, usa e descarta os produtos e serviços que supõe satisfarão as suas necessidades. Os influenciadores individuais constituem o conjunto de elementos presentes no processo psicológico capaz de afetar as pessoas envolvidas nas atividades de aquisição, consumo e descarte de mercadorias, serviços e experiências. Para Kotler e Armstrong (2003), o comportamento do consumidor pode ser influenciado pelas características culturais, sociais, pessoais e psicológicas dos indivíduos. A Figura 4 apresenta, de forma esquemática, essas características. 51 Culturais Sociais Pessoais Psicológicos Cultura Grupos de referência Idade e estágio no ciclo de vida Motivação Ocupação Subcultura Família Situação financeira Percepção Aprendizagem Estilo de vida Classe social Papéis e status Personalidade e autoimagem Crenças e atitudes Figura 4 - Fatores que influenciam o comportamento do consumidor Fonte: Adaptado de Kotler e Armstrong (2003, p. 119) Dentre os fatores culturais, os autores destacam a cultura, como sendo o principal determinante dos desejos e do modo como o indivíduo se comporta. Kotler e Armstrong (2003) defendem que os comportamentos vão sendo construídos pelas pessoas ao longo de suas vidas, na medida em que valores, percepções, desejos e comportamentos vão sendo compartilhados por intermédio da inter-relação com a família, os amigos, os meios de comunicação e outras importantes instituições ou, de acordo com a visão de Kerin et al (2007, p. 75), a cultura “incorpora o conjunto de valores, idéias e atitudes que são aprendidas e compartilhadas entre os membros de um grupo”, visão esta compartilhada por Schiffman e Kanuk (2000, p. 286) que indicam ser a cultura “a soma total das crenças, valores e costumes aprendidos que servem para direcionar o comportamento de consumo dos membros de determinada sociedade”. O outro elemento dentre os fatores culturais, a subcultura corresponde a grupos de pessoas que passam a compartilhar os mesmos sistemas de valor tendo como base situações e experiências de vida em comum. A nacionalidade, a religião, o grupo racial e a região geográfica são os exemplos de subcultura citados por Kotler e Armstrong (2003). Com relação à classe social, os autores a definem como sendo uma divisão ordenada e relativamente permanente dentro de uma sociedade cujos membros dividem valores, interesses e comportamentos similares, salientando que a sua determinação não se restringe a apenas um fator como, por exemplo, a renda e, sim, a um conjunto de elementos combinados como ocupação, renda, instrução, riqueza e outras variáveis, afirmando que “as classes sociais apontam 52 preferências distintas por produtos e marcas no que diz respeito a roupas, móveis, atividades de lazer, [...] entre outras coisas” (KOTLER; ARMSTRONG, 2003, p. 122). Além dos fatores culturais, o comportamento do consumidor, segundo Kotler e Armstrong (2003), sofre a influência de fatores sociais, por intermédio de diversos grupos de referência, que podem ser grupos de associação – dos quais o indivíduo é parte integrante e dele sofre influência direta – ou grupos de referência, que atuam como elementos de comparação direta (face a face) ou indireta, já que o indivíduo pode sofrer influências de grupos de referência aos quais não pertence. Para os autores, a família é considerada a mais importante organização de compra da sociedade e, dessa forma, também é capaz de exercer forte influência. Dentre os fatores sociais, o último elemento apresentado pelos autores refere-se aos papéis e status sendo que as atividades desempenhadas por uma pessoa de acordo com as demais ao seu redor correspondem a um papel, e o status espelha o respeito e o reconhecimento dados ao indivíduo quando do seu desempenho em um determinado papel. Normalmente os produtos são escolhidos por refletir o papel desempenhado pelo indivíduo ou aquele a que ele almeja na sociedade e, também, pela possibilidade de demonstrarem o status do consumidor (KOTLER; ARMSTRONG, 2003). O terceiro grupo de fatores de influência do comportamento do consumidor sugeridos por Kotler e Armstrong (2003) corresponde ao conjunto de fatores pessoais. Compõem esse grupo fatores como a idade – e o estágio no clico de vida (solteiro, casado, com filho etc.) –, a ocupação, a situação financeira, o estilo de vida, a personalidade e a autoimagem do indivíduo. O estilo de vida corresponde ao padrão de vida da pessoa expresso na sua psicografia e envolve a avaliação das suas atividades (trabalho, hobby, compra, esporte etc.), interesses (comida, moda, família etc.) e opiniões (sobre si mesmo, das questões sociais, de produtos etc.). Os autores destacam que a personalidade – descrita a partir de características como autoconfiança, domínio, sociabilidade, autonomia, defesa, adaptabilidade e agressividade – é um fator bastante relevante na análise do comportamento do consumidor. Por fim, os autores indicam que o comportamento do consumidor pode ser influenciado pela autoimagem – um conceito relacionado à personalidade – sugerindo que as escolhas dos indivíduos constituem uma forma de construir e demonstrar a sua identidade. 53 O último grupo de fatores de influência, chamados de fatores psicológicos, inclui a motivação, que pode ser entendida como uma necessidade suficientemente forte para fazer com que a pessoa busque satisfazê-la (SCHIFFMAN; KANUK, 2000) ou como um estado alterado do indivíduo capaz de conduzi-lo a um comportamento que esteja voltado para um objetivo (MOWEN; MINOR, 2003). Segundo Kotler e Armstrong (2003), a todo instante o indivíduo possui necessidades, sejam de ordem biológica – como fome ou sede – sejam psicológicas – como necessidade de reconhecimento e de respeito. Para os autores, uma necessidade somente irá tornar-se um motivo a partir do momento em que alcançar determinado nível de intensidade, que leve a pessoa a agir. Várias teorias foram desenvolvidas por psicólogos para tentar explicar as motivações dos indivíduos e destacam-se entre as mais populares – porém de significados diferentes – as de Sigmund Freud e a de Abraham Maslow. Para Freud, segundo Kotler e Armstrong (2003), as pessoas não possuem consciência das reais forças psicológicas que moldam seu comportamento e, por consequência, não são capazes de entender completamente as suas motivações na medida em que a compra de um produto apresenta uma justificativa consciente e racional, mas embute, também, diversos elementos inconscientes capazes de motivar aquela atitude. De acordo com Kotler e Armstrong (2003), a teoria de Maslow indica que as necessidades humanas são arranjadas de forma hierárquica, sempre da mais urgente em direção a menos urgente. Representada graficamente como uma pirâmide, na sua base estão as necessidades mais importantes (necessidades fisiológicas, como fome e sede, por exemplo). Segundo essa teoria, no momento em que uma necessidade é satisfeita, ela deixa de ser um elemento motivador e o indivíduo buscará, então, um novo grupo de necessidades. Dessa forma, satisfeitas as necessidades fisiológicas, as pessoas passariam a buscar, sucessivamente, a satisfação das suas outras demandas, como as necessidades de segurança (segurança e proteção), necessidades sociais (senso de integração, amor), necessidades de respeito (autoestima, reconhecimento, status), até a realização das necessidades que se encontram no topo da pirâmide, as necessidades de autorrealização (desenvolvimento e realização pessoais). Além da motivação, o comportamento do consumidor é também influenciado pela percepção, ou seja, pela forma como cada “pessoa seleciona, organiza e 54 interpreta as informações recebidas para formar uma visão significativa de mundo” (KOTLER; ARMSTRONG, 2003, p. 130). Nesse processo, as pessoas podem formar percepções diferentes, mesmo sob a influência dos mesmos estímulos e da mesma situação, em função de três processos perceptivos distintos: a (1) atenção seletiva, que representa a capacidade das pessoas em rejeitar grande parte das informações a que são expostas diariamente, ajustando as informações recebidas a um conjunto pré-existente de pensamentos; a (2) distorção seletiva, que corresponde à tendência das pessoas de interpretarem as informações que recebem de forma a reforçar aquilo em que acreditam; e a (3) retenção seletiva, entendida como a tendência das pessoas de esquecer muito daquilo que aprendem retendo, em maior número, informações que reforcem suas atitudes e crenças. Ainda no campo dos fatores de influência psicológicos, outro elemento que guarda relação com o comportamento do consumidor é a aprendizagem, capaz de acarretar mudanças no comportamento de uma pessoa, pois, na visão dos teóricos da aprendizagem, agindo o indivíduo aprende. Essa aprendizagem ocorre a partir da interação entre (1) impulsos – forte estímulo interno que pede por uma ação; (2) estímulos – agentes capazes de transformar os impulsos em motivos; (3) sinais – determinantes do quando, onde e como a pessoa vai responder aos estímulos recebidos; (4) resposta – a compra ou a não-compra, e (5) reforços – que se forem compensadores em função da experiência de compra, tenderão a levar o consumidor a considerar aquele produto ou marca em caso de necessidades futuras (KOTLER; ARMSTRONG, 2003). De acordo com Gade (1998), os fatores de influência do comportamento do consumidor estão divididos em culturais (aqueles definidos pela cultura, hábitos, costumes, pensares e ideologia do consumidor), sociais (relativos aos grupos sociais a que esse consumidor pertence e os de referência), pessoais (idade, sexo, posição no ciclo de vida, escolaridade, situação econômica, estilo de vida etc.) e psicológicos (ligados à personalidade do consumidor; sua percepção, aprendizado e memória, além do processamento psicodinâmico e de seus resultantes aspectos motivacionais, emocionais e atitudinais). Por fim, os últimos fatores de influência pertencentes ao conjunto dos fatores psicológicos, as crenças – que correspondem a um pensamento descritivo que o indivíduo tem acerca de alguma coisa, criado em função do seu fazer e aprender – e 55 a atitude – que tem relação com as avaliações, os sentimentos e as tendências que levam uma pessoa a gostar ou não de alguma coisa e, assim, aproximar-se ou afastar-se dela. Esses fatores são também importantes em função de que mudar a atitude de uma pessoa não é tarefa fácil, uma vez que esta se encaixa em um padrão, o que deve levar as empresas a considerar a possibilidade de adequar os seus produtos às atitudes existentes, e não tentar mudá-las (KOTLER; ARMSTRONG, 2003). Mowen e Minor (2003) definem as crenças do consumidor como o resultado da aprendizagem cognitiva, as quais representam o conhecimento e as conclusões do consumidor a respeito dos objetos, seus atributos e os benefícios que são capazes de lhe proporcionar. De forma semelhante, Kerin et al (2007) indicam que os consumidores, no processo de decisão de compra, podem sofrer influências psicológicas, socioculturais, situacionais e do composto de marketing. A Figura 5 apresenta, graficamente, essa relação. Influência do composto de marketing Produto Preço Promoção Distribuição Influências psicológicas Motivação Personalidade Percepção Aprendizagem Valores, crenças e atitudes Estilo de vida Processo de decisão de compra do consumidor Influências socioculturais Influência pessoal Grupos de referência Família Cultura Subcultura Influências situacionais Tarefa de compra Entorno social Entorno físico Efeitos temporais Estados antecedentes Figura 5 - Influências sobre o processo de decisão de compra Fonte: Adaptado de Kerin et al (2007, p. 120) Com relação às influências situacionais, a tarefa de compra está relacionada com o tipo de compra a ser efetuada – se para uso próprio ou para presente, por exemplo; o entorno social refere-se à presença de outras pessoas quando a decisão de compra é tomada; o entorno físico está relacionado com a decoração, som 56 ambiente, número de pessoas presentes na loja etc.; os efeitos temporais correspondem ao período do dia em que a compra será realizada, a disponibilidade de tempo por parte do consumidor e, por fim, os estados antecedentes envolvem o estado do humor do consumidor ou a quantidade de dinheiro disponível, por exemplo. A influência pessoal, segundo Kerin et al (2007), está relacionada ao tipo de influência que o consumidor recebe a partir das visões, opiniões ou comportamento de outras pessoas, sendo que dois aspectos são destacados pelos autores: a liderança de opinião – onde indivíduos, considerados como usuários ou conhecedores de produtos e/ou serviços exercem influência social direta sobre as demais pessoas – e a atividade boca a boca que, segundo os autores, constitui-se em poderosa fonte de informação, sendo que sua influência se processa nas conversas entre amigos e pessoas tidas como confiáveis. 2.3.4 Tipos de comportamento de compra Para Kotler e Armstrong (2003) diferentes tipos de produtos admitem diferentes modos relacionados ao comportamento de compra dos indivíduos. Existem significativas diferenças entre a compra de alimentos orgânicos e a de um carro, por exemplo, e, por consequência, diferentes decisões precisam ser tomadas.. Nesse sentido, os autores sugerem a existência de quatro tipos de comportamento de compra, indicados na Figura 6. Alto envolvimento Baixo envolvimento Diferenças significativas entre as marcas Comportamento de compra complexo Comportamento de compra em busca de variedades Poucas diferenças entre as marcas Comportamento de compra com dissonância cognitiva reduzida Comportamento de compra habitual Figura 6 - Tipos de comportamento de compra Fonte: Kotler e Armstrong (2003, p. 134) 57 Esses comportamentos são definidos a partir da relação entre o grau de envolvimento do consumidor (eixo horizontal) e o nível de diferença existente entre as marcas (eixo vertical). Quanto mais complexa for a situação de compra, mais elementos precisarão ser considerados pelo consumidor e dele se exigirá ainda mais ponderação. Os autores indicam que os comportamentos são organizados e definidos, num primeiro momento, considerando-se o envolvimento do consumidor na compra, o que acaba por definir o quanto do seu empenho e do seu esforço será despendido nesse ato. No outro eixo, os comportamentos estão relacionados com a percepção das diferenças existentes entre as marcas – nesse caso, segundo Blackwell, Miniard e Engel (2008), podem ser consideradas as diferenças existentes entre as marcas ou entre os próprios produtos em questão. No comportamento de compra complexo, os consumidores apresentam um elevado envolvimento e são capazes de perceber diferenças significativas entre os produtos oferecidos. Esse comportamento de compra normalmente ocorre quando o produto a ser adquirido é caro e envolve certo risco, quando não é comprado com frequência e sua compra está intimamente ligada à autoexpressão. Nesse tipo de comportamento, o processo de aprendizagem torna-se uma característica importante, pois como as compras desta natureza não ocorrerem rotineiramente, o consumidor procurará compreender os atributos do produto e sua importância relativa no processo, bem como o seu mercado, os preços praticados, os padrões de qualidade, os fornecedores etc., sendo a informação um elemento essencial, já que o consumidor tenderá a estar o mais consciente possível das suas decisões para realizar a compra (KOTLER; ARMSTRONG, 2003). O comportamento de compra com dissonância cognitiva reduzida ocorre quando existe um alto grau de envolvimento por parte do consumidor, mas os produtos disponíveis são semelhantes. Embora também aconteça um processo de aprendizado nesse tipo de comportamento, esse é um processo de compra mais rápido do que o definido anteriormente sendo que, nesta situação, haverá uma maior procura por parte do consumidor por diferenciação por preço e existência de conveniências. 58 O que caracteriza o comportamento de compra habitual são o pouco envolvimento do consumidor e as poucas diferenças significativas entre as opções de produtos disponíveis. Nesse tipo de compra os consumidores não despendem seu tempo na busca por informações sobre os produtos disponíveis e suas características, pois a tendência é que pouco se envolvam com produtos de baixo custo comprados com frequência, comportamento no qual a comodidade e a facilidade de compra são elementos importantes. As situações de compra nas quais existe baixo envolvimento na compra por parte do consumidor, contudo existem diferenças significativas entre os produtos ofertados, dão origem ao comportamento de compra em busca de variedade. Nesses casos, em função da busca por variedade, os consumidores são bastante instáveis em relação à marca ou a origem do produto. 2.3.5 Processo de decisão de compra relacionado a novos produtos Kotler e Armstrong (2003, p. 139) definem como processo de adoção de um novo produto “o processo mental pelo qual o indivíduo passa do momento em que ouve falar de uma inovação pela primeira vez até sua adoção final”, sendo a adoção a sua decisão de tornar-se um consumidor do produto. Nesse caso, o que interessa aos profissionais de marketing é compreender como se comporta o consumidor diante de um produto – que pode ser um bem, uma ideia ou um serviço – percebido por ele como novo e inovador. Sugerem os autores que a adoção de um novo produto é constituída por cinco estágios: (1) a conscientização, momento no qual o consumidor toma consciência da existência de um novo produto, contudo faltam-lhe informações sobre ele; (2) o interesse, que corresponde ao momento no qual o consumidor vai buscar informações sobre o novo produto; (3) a avaliação, que ocorre quando o consumidor avalia se vale ou não a pena experimentar o novo produto; (4) a experimentação, quando o consumidor avalia o valor do produto, através do seu uso em pequena escala; e (5) a adoção, quando o consumidor decide pelo uso total e de forma regular do novo produto. 59 Da mesma forma, para Schiffman e Kanuk (2000), os estágios são cinco e pouco diferem em sua nomenclatura: (1) o conhecimento, momento no qual ocorre a exposição do consumidor à inovação, ainda de forma neutra, pois esse consumidor pode não estar motivado o suficiente para buscar informações adicionais sobre a inovação; (2) o interesse, quando o consumidor passa a buscar informações sobre como esta inovação poderá beneficiá-lo; (3) a avaliação, estágio no qual o consumidor, baseado nas informações obtidas anteriormente, identificará a necessidade ou não de mais informações e passará pelo que os autores definem como experimentação mental e, a partir dela, caso a avaliação seja satisfatória o consumidor passará a experimentar a inovação e, caso seja insatisfatória, a inovação será rejeitada; (4) a experimentação, quando o consumidor usa a inovação com certa limitação, suficiente para garantir a sua decisão de adoção ou rejeição e, por fim, (5) a adoção ou rejeição efetiva da inovação. A Figura 7 representa o processo de adoção de inovações, proposto por Schiffman e Kanuk (2000). Conhecimento Interesse Rejeição Compra Avaliação Experimentação Experiência direta com o produto (Consequências) Rejeição Avaliação do produto (Confirmação) Adoção Figura 7 - Processo de adoção de inovações Fonte: Schiffman e Kanuk (2000, p. 385) Nem todos os consumidores possuem a mesma predisposição em experimentar e adotar novos produtos. A adoção ocorre, na verdade, a partir de uma sequência ao longo de um determinado tempo, o que permite a classificação dos indivíduos em categorias de adotantes, cada uma delas formada por pessoas que compartilham um mesmo grau de aceitação à inovação. A distribuição das pessoas que adotam uma inovação vem sendo descrita como uma distribuição normal, o que equivale dizer que a sua curva tem a forma de um sino quando disposta em um gráfico, apresentando os indivíduos em relação à frequência de adoção em função do tempo. A Figura 8 representa, em termos gráficos, a classificação de Kotler e 60 Armstrong (2003) para os adotantes, relacionando-os com o tempo de adoção de inovações. 13,5% adotantes imediatos 2,5% inovadores 34% maioria imediata 34% maioria posterior 16% retardatários Tempo de adoção de inovações Média menos 2 desvios padrão Média menos 1 desvio padrão Média Média mais 1 desvio padrão Figura 8 - Classificação dos adotantes em relação ao tempo de adoção Fonte: Adaptado de Kotler e Armstrong (2003, p. 139) Os autores sugerem a divisão do mercado em cinco tipos de adotantes: (1) os inovadores – ousados e capazes de experimentar novas ideias, mesmo sob a possibilidade de algum risco; os (2) adotantes imediatos – adotam novas ideias, contudo com maior cautela, e são considerados como líderes de opinião em sua comunidade; (3) a maioria imediata – adotam novas ideias antes da média das pessoas, sendo ponderados, mas raramente são considerados como líderes; (4) a maioria posterior – céticos, esses consumidores adotam ideias somente após a maioria das pessoas tê-la adotado; e (5) os retardatários – por serem conservadores, desconfiam da inovação e somente a adotam quando ela já está se aproximando da tradição. Para Mowen e Minor (2003, p. 285), a inovação pode estar relacionada tanto a aspectos simbólicos quanto tecnológicos, sendo que “uma inovação simbólica comunica um significado social diferente do que se fazia antes devido à aquisição de novos atributos intangíveis”, ao passo que as inovações tecnológicas estão relacionadas a mudanças nas características dos produtos, ocorridas em função da inserção, nesses produtos, de uma mudança tecnológica. 61 2.4 MARKETING DE GERAÇÕES A demografia corresponde ao estudo da população humana no que se refere ao seu tamanho, idade, sexo, raça, ocupação entre outros dados estatísticos. As atuais e rápidas mudanças relacionadas a fatores como, por exemplo, idade e tamanho das populações podem, de acordo com Kotler e Armstrong (2003), dependendo do seu poder de compra, criar oportunidades de mercado, tanto nacionais quanto internacionais. Segundo os autores, populações maiores significam mais necessidades humanas a serem satisfeitas e, assim, os profissionais de marketing devem estar atentos às mudanças nas estruturas etária e familiar e nas suas características educacionais, socioeconômicas etc. Classificar as populações através de gerações ou de alguma característica em particular é atividade corrente no marketing. Exemplo disso, Kotler e Armstrong (2003) citam o exemplo das crianças chinesas, que passaram a ser chamadas de pequenos imperadores, em função da grande atenção que lhes é dedicada, tanto por pais quanto por avós, em função das leis criadas pelo governo chinês que limitam a um o número de filhos por família, na tentativa de conter o alto crescimento populacional daquele país. Tamanha atenção – e gastos proporcionais – levou fabricantes de brinquedos do Japão, Dinamarca e Estados Unidos a entrar no mercado chinês. Ao considerar a divisão das populações em gerações, buscando definir características comuns aos diversos grupos de indivíduos, de forma a melhor direcionar os seus esforços de oferta de produtos, comunicação etc., os profissionais de marketing devem, segundo Kotler e Armstrong (2003), questionar-se sobre a necessidade de criar produtos e programas de marketing que sejam específicos para cada segmento. Os autores sugerem que cada geração acaba por abranger diversas décadas e níveis socioeconômicos distintos e, dessa forma, acabam não servindo como alvos de marketing. A solução, na visão dos autores, estaria em formar segmentos de idade mais precisos dentro de cada grupo e no cuidado com relação a não desprezar uma geração quando do lançamento de um produto para outra. Na visão dos autores essas atitudes corresponderiam à ideia de buscar a 62 maior amplitude possível oferecendo para cada uma das gerações, ao mesmo tempo, coisas que tenham sido especialmente desenvolvidas para elas. Na visão de McCrindle e Wolfinger (2009), apesar da existência de carcterísticas similares entre os jovens de todas as as eras, como o fato de experimentarem estilos alternativos de vida, de questionarem o status quo e de estarem sempre testando os limites que lhes são impostos, não se pode assumir que os valores, atitudes, prioridades e metas das atuais gerações de jovens sejam os mesmos, por exemplo, daqueles jovens que compuseram a Geração Baby Boom. Essa afirmação seria, segundo os autores, simplista demais, considerando o fato de que, enquanto a idade tem influência sobre o comportamento e as atitudes, a cultura na qual está inserida uma geração, bem como seus indicadores sociais, apresentam impactos significativamente diferentes como tem acontecido com a tecnologia, o marketing de massa, os movimentos políticos etc. sobre as Gerações X, Y e, principalmente, sobre a Geração Z, fazendo com que seus representantes tenham diferentes aspirações e visões de mundo. 2.4.1 Geração Baby Boom Nascidos no período entre 1946 e 1964, os baby boomers são assim conhecidos em função do que se convencionou chamar de baby boom, ou seja, a explosão de nascimentos ocorridos logo após a Segunda Guerra Mundial. Segundo Kotler e Armstrong (2003), esses indivíduos constituíram-se em uma das forças mais influenciadoras do ambiente de marketing e, de acordo com a sua evolução etária, os profissionais de marketing foram se dedicando a segmentos mais específicos dessa geração – aqueles mais instruídos, ricos e com maior mobilidade social – segmentos esses que passaram a receber nomes distintos em diversas décadas. Na década de 1980 passaram a ser conhecidos como yuppies (young urban professionals ou jovens profissionais urbanos), bumpies (black upwardly mobile professionals ou profissionais negros ascendentes), yummies (young upwardly mobile mommies ou jovens mães ascendentes), dinks (dual-income, no-kids couples ou casais sem filhos com duplo rendimento). 63 Na década de 1990 outros segmentos foram considerados e novas classes definidas, como os skippies (school kids with purchasing power ou crianças em idade escolar com poder de compra); puppies (poor urban professionals ou profissionais urbanos pobres); guppies (gay urban professionals ou profissionais urbanos homossexuais); dewks (dual earners with kids ou duplo rendimento com filhos); mobys (mother old, baby younger ou mãe mais velha, bebê mais novo); e, no início da década de 2000, os woofs (well-off older folks ou pessoas mais velhas de bem de vida) e grumpies, para representar os ditos rabugentos (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2008; DICKSON, 2001b; KOTLER; ARMSTRONG, 2003). Para Kerin et al (2007), à medida em que envelhecem, aumentam a sua participação na força de trabalho, assim como aumentam os seus rendimentos, tornando-os importante força de consumo, respondendo por 56 a 58% das compras de produtos e serviços de consumo nas mais diversas categorias, sendo particularmente receptivos àquilo que os façam ter um sentimento de maior jovialidade e, segundo Schiffman e Kanuk (2000), ocupam com destaque cargos profissionais sendo que, mais da metade dos integrantes dessa geração possui, pelo menos, uma graduação universitária. Os autores Barbosa e Cerbasi (2009) indicam que, para essa geração, fatores como tempo e produção encontram-se intrinsecamente associados à vida do homem uma vez que, quando mais se produza, maior será o reconhecimento e mais dinheiro poderá ser ganho, relegando o equilíbrio pessoal a uma posição inferior em relação ao desempenho profissional, complementando que, no início, a mulher não possuía colocação no mercado profissional e o seu tempo era dedicado aos afazeres da casa e aos cuidados com os filhos. Contudo, segundo Mowen e Minor (2003), em função do elevado número de nascidos nessa geração, uma boa parte dos indivíduos não consegue lugar no mercado de trabalho ou, quando o conseguem, tornam-se subempregados, o que gera, em alguns casos, a dependência financeira dos boomers em relação aos seus pais, mesmo em idade próxima aos 40 anos, o que lhes têm valido a alcunha de, segundo os autores, ryas (returning young adults ou jovens adultos que voltam a morar com seus pais) e ilyas (incompletely launched young adults ou jovens adultos que não se projetaram completamente e não são financeiramente independentes). 64 Tendem, segundo Schiffman e Kanuk (2000), a ser consumidores motivados, gastando mais e economizando menos, principalmente se as compras relacionamse ao seu uso pessoal ou da residência, além de gastarem também com os outros e preocupam-se, segundo Simpson (2001), com o valor de revenda de produtos como carros, por exemplo, sendo mais fiéis a marcas e a empresas nas quais confiam. Ainda segundo a autora, tendem a despender mais tempo reunindo informações sobre produtos e serviços e analisando os seus preços. 2.4.2 Geração X Ao contrário da geração anterior, esta foi marcada pela escassez de nascimentos provocada, de acordo com Mowen e Minor (2003) pela entrada da mulher no mercado de trabalho e pela evolução da tecnologia ligada ao controle da natalidade. Representada pelos nascidos entre 1965 e 1976, sua denominação “X” se deve ao fato de seus integrantes viverem à sombra dos baby boomers, sem apresentar características claras que pudessem definir seus integrantes e, por essa razão, também recebeu, segundo Kotler e Armstrong (2003), as denominações baby buster, geração sombra, geração dos vinte e poucos anos e yiffies (young, individualistic, freedom-minded few – poucos jovens individualistas e de mente aberta). Sua unidade enquanto geração está muito mais ligada às experiências compartilhadas por seus integrantes do que pela própria idade, como maior número de divórcios, maior número de mães trabalhando fora de casa e mais cautela com o uso do dinheiro devido a suas dificuldades financeiras. Essa última característica os torna mais céticos e descrentes em relação a campanhas de marketing que prometem sucesso fácil e, dessa forma, são compradores mais sensatos e mais conscientes em relação ao valor. Dão preferência a produtos de aparência mais funcional e de preço mais baixo e valorizam a honestidade na propaganda – além da irreverência. São preocupados com a natureza e simpatizam com empresas que apresentem preocupações sociais (KOTLER; ARMSTRONG, 2003). 65 Buscam o sucesso, embora não sejam materialistas, dão mais valor à experiência do que à aquisição e estão mais preocupados com a satisfação no emprego do que em sacrificar sua felicidade e o crescimento pessoal em troca de uma promoção o que, entre outros fatores, acaba se traduzindo na busca por melhor qualidade de vida. Mais presentemente chamados de Geração MTV, navegam na internet mais do que grupos anteriores e, por criticarem padrões pré-estabelecidos, estão abrindo pequenas empresas e participando do desenvolvimento de novas tecnologias (KOTLER; ARMSTRONG, 2003). Apesar de toda essa importância, segundo Schiffman e Kanuk (2000), não gostam que lhes sejam aplicados rótulos e não esperam ser distinguidos ou considerados como uma força de mercado, embora não queiram ser identificados como um grupo de mini baby boomers. Ainda de acordo com os autores, diferentemente dos seus pais, não buscam casar ou constituir família de forma precoce, nem buscam altos salários às custas de trabalho excessivo, sendo a sua satisfação com o emprego muito mais importante do que o salário que recebem, buscando, assim, um estilo de vida de mais liberdade e flexibilidade. Segundo Mowen e Minor (2003), valorizam a religião, os rituais formais e o materialismo e, sendo um grupo pequeno, seus integrantes são disputados pelo mercado de trabalho, embora se conformem em que poderão não conseguir o mesmo desempenho financeiro alcançado por seus pais. Para Kerin et al (2007), essa é uma geração de indivíduos autoconfiantes e empreendedores, mais educados do que os baby boomers, tolerantes com a diversidade e buscam um estilo de vida misto entre cautela, pragmatismo e tradicionalismo, embora suas decisões sejam tomadas, muitas vezes, por capricho ou rebeldia (DICKSON, 2001b). Para Solomon (2008), essa geração, em sua maioria, pretende empreender e tornar-se o próprio patrão, constituir famílias estáveis e vêem o lar como uma expressão da sua individualidade, e não como um sucesso material. Mowen e Minor (2003) indicam que essa geração faz parte (ou, de certa forma, deu início) ao fenômeno que se convencionou chamar de adolescência global, no qual jovens de diferentes países, com escolaridade e renda semelhantes parecem ter um modo de agir bastante semelhante em relação ao seu consumo de mídia e produtos e serviços, fenômeno este facilitado pela possibilidade de comunicação mundial em rede. 66 Administrar o tempo, para essa geração, significa, diferentemente da geração anterior, não mais considerar a vida profissional como único elemento importante para o sucesso, mas, sim, a busca do equilíbrio com a vida pessoal. A comunicação, tanto pessoal quanto profissional, ganhou grande impulso com o advento da Internet e do e-mail, embora esse movimento tenha trazido consigo o aumento da velocidade com que a informação é processada, causando a sensação de que as pessoas estariam correndo a cada dia mais. A mulher passou a ter destaque no mercado de trabalho, mas, em contrapartida, essa nova atividade trouxe uma carga de estresse nunca antes experimentada, aumentando o número de infartos entre as mulheres e a consequente busca por uma vida mais equilibrada (BARBOSA; CERBASI, 2009). 2.4.3 Geração Y Nascidos entre 1977 e 1994, filhos na sua maioria de baby boomers, têm como principal característica a facilidade com que dominam o uso dos computadores, a internet e a tecnologia digital, razão pela qual também são conhecidos como Geração Net ou Geração N (KOTLER; ARMSTRONG, 2003). Para Dickson (2001b), sua importância reside no fato de que seu impacto no marketing e nos negócios é inquestionável: três vezes maior do que a Geração X, rivaliza em tamanho com os baby boomers e, segundo o autor, em breve suplantará essa geração em número de compras. Para Tapscott (2010), o fato de constituir a primeira geração a crescer rodeada pelos meios digitais a caracteriza muito mais do que sua força demográfica. O autor sugere que o uso das tecnologias digitais não constitui problema para essa geração e que, através desse uso, esta geração passará a desenvolver e impor sua cultura para o restante da sociedade, constituindo-se, assim, em uma força transformadora dessa sociedade, impulsionada por suas características como independência e abertura emocional e intelectual; sensibilidade, autenticidade e confiança, o que os leva a expressar livremente suas opiniões e firmes convicções. O autor ainda aponta que essa geração é formada por indivíduos inovadores, 67 investigativos, imediatistas, preocupados com a sua formação e adeptos da inclusão social. Como afirmam Kerin et al (2007), essa geração corresponde a um novo aumento da taxa de natalidade, tendo sua influência refletida na música e nos esportes, nos jogos por computador e, sobremaneira, nos telefones celulares, produtos, entre outros, utilizados para a comunicação – sem fio – com os familiares e amigos a partir do uso de mensagens de texto e outros recursos. Segundo Garbin (2003), a cultura jovem da atualidade corresponde a uma cultura jovem diferente das anteriores. Parece existir uma preferência em estabelecer uma relação online a sair para as ruas, ir aos shopping centers, parques, cinemas etc. e comunicar-se face a face com os outros. A autora sugere que a internet tem tido papel relevante no que diz respeito à formação das identidades – assim mesmo, no plural – dos jovens, pois quando estabelecem comunicação com outras pessoas por e-mail, chats, listas de discussão etc., os jovens podem – ou acabam por – adotar identidades fictícias, as quais podem variar de acordo com as contingências e circunstâncias do momento, com seus interesses e estados de humor. Na visão da autora, a identidade, assim, passa a depender de algo externo a ela própria para existir, de outra identidade, passando, dessa forma, a corresponder nem tanto às características comuns dos indivíduos quanto suas idades, atributos físicos, gêneros etc., mas a identidades como invenções culturais. Diferente de todas as gerações anteriores, Dickson (2001a) afirma que de cada três indivíduos dessa geração, um não é branco; que um em cada quatro vive com apenas um dos pais e que três em cada quatro têm mães trabalhando. Uma característica marcante dessa geração, segundo o autor, está relacionada ao fato de que essa geração possui considerável responsabilidade financeira e estão fortemente envolvidos com as compras familiares e, no campo político, com questões políticas e ambientais. Para Solomon (2008), são capazes de executar várias tarefas ao mesmo tempo e, de forma diversa a seus pais e irmãos mais velhos, acreditam na adequação ao invés da rebeldia e mantêm valores relativamente tradicionais, como os ligados à família, refletidos no baixo índice de gestação precoce e de envolvimento em atos violentos e consumo de álcool e fumo, bem como na busca por trabalhos em equipe e mais colaborativos. Ainda segundo o autor, não são tão 68 leais às marcas como as demais gerações e tendem a comprar mais pela empolgação, embora valorizem mensagens publicitárias que sejam autênticas e verdadeiras. 2.4.4 Geração Z A utilização de letras do alfabeto latino para relacionar coortes definidas pelas idades dos indivíduos que as compõem como Geração X e Geração Y, por exemplo, parece ter auxiliado na disseminação das ideias de autores que definem a Geração Z como Geração Zapping, caso de Garbin (2003). O termo zapear é um neologismo oriundo do verbo inglês to zap que pode assumir, de acordo com Michaelis (2009b), entre outros significados, mover com rapidez ou fazer rapidamente. Um segundo sentido, apresentado pelo Newbury House Dictionary (2010), define o termo como a realização de críticas de forma séria, severa, inflexível. Na linguagem informal (CAMBRIDGE DICTIONARIES, 2010) pode também representar o ato de se usar o controle remoto para trocar rapidamente os canais da televisão a fim de evitar as propagandas no intervalo das programações. Apesar de os significados apresentados enquadrarem-se nas características da Geração Z e assim, por si só, já serem capazes de delinear parte do seu comportamento, outras duas visões são merecedoras de destaque nesse contexto. Para Blattmann e Fragoso (2003), o ato de zapear estaria associado a encontrar, dentro de um determinado contexto, elementos concretos ou mesmo subjetivos, como a informação, e transportá-los para outras situações; assim, considerando o uso de recursos computacionais, por meio do uso do mouse, no vai e vem entre os hiperlinks, torna-se possível que se descubra, conheça, revele e que se dissemine uma informação. De forma simplificada, zapear corresponderia, então, a este movimento de relacionamento e interação que leva ao aprendizado. Para Kenski (2007), zapear, além do trânsito por diversos canais da televisão (ou outros equipamentos) através da utilização do controle remoto (ou, no caso do computador e outros equipamentos, do mouse, do teclado e das telas sensíveis ao toque) de forma a não manter uma relação direta com um único programa, canal ou 69 atividade, vendo e fazendo, assim, de tudo um pouco, é um comportamento que se presencia também na escola, onde principalmente os mais jovens acabam por zapear o ambiente de sala de aula, levando sua atenção ora para o que o professor está falando ora para como o colega está se comportando. A Geração Z surgiu nos anos 1990 e uma das suas principais características é a extrema rapidez com que conseguem as informações e a fácil irritabilidade quando estas não lhes chegam rapidamente. Estudiosos acreditam que, individualistas, terão grande dificuldade em realizar trabalhos em equipe e em compreender a si mesma. Outra característica marcante dessa geração é a de poder prestar atenção, em várias coisas ao mesmo tempo como, por exemplo, computador, televisão, celular, videogame etc. Também conhecida como geração silenciosa (JUBILATO, 2009), pois seus integrantes estão sempre com os ouvidos ocupados por fones de ouvido, não ouvindo nada que ocorre ao seu redor, as três palavras que a definem são velocidade, conexão e interatividade. Em seus domínios existem sempre um celular, um iPod e um fone de ouvido, pelo menos. Para se comunicar o autor diz usarem o internetês a fim de possibilitar uma comunicação mais rápida. Convém salientar que o termo Geração Z foi cunhado para descrever a geração de indivíduos nascidos a partir de 1990 em países tecnologicamente avançados, pois a sua caracterização está relacionada, principalmente, à revolução digital ocorrida no início dessa década, fazendo com que seus integrantes fossem por ela afetados desde o seu nascimento. Correspondem, assim, à primeira geração a nascer em um mundo totalmente digital, sendo a mais eletronicamente conectada da história. Desde a sua infância, os jovens da Geração Z aprenderam a conviver com e a utilizar equipamentos como computadores, telefones celulares, laptops, videogames etc., além de terem à sua disposição serviços e aplicativos como navegadores web, mensagens instantâneas, banda larga, comunicação sem fio etc. (GOLIATH, 2006). Os indivíduos da Geração Z não conseguem perceber o mundo sem a existência de equipamentos como computador, telefone celular – equipamento que passou a ser definidor de personalidade – ou formas de comunicação como os chats. Deve-se considerar ainda que, de forma diversa daquela na qual seus pais cresceram, sua maneira de desenvolver pensamentos foi moldada desde cedo 70 pelas características de um mundo tecnológico complexo e veloz, situação que os faz sentirem-se plenamente à vontade quando estão ladeados por televisão, rádio, celular, computador etc., todos ligados ao mesmo tempo e, se possível, conectados, já que nasceram e cresceram lado a lado com a internet e, por isso, não concebem uma separação clara entre o real e o virtual. Esse fato também os diferencia dos seus pais, para quem a tecnologia serve apenas como elemento complementar de suas atividades rotineiras (FREIRE FILHO; LEMOS, 2008). Os dispositivos digitais – a maioria de alta tecnologia – de que dispõem, permitem que estejam sempre conectados à Internet, seus amigos e familiares, permitindo a comunicação e colaboração em diversas atividades em tempo real, independentemente de sua localização física e, também, o lançamento de conteúdo em sites e blogs de forma instantânea e simultânea (GOLIATH, 2006). A Geração Z nasceu em um período no qual a globalização já estava consolidada e, portanto, seus integrantes aprenderam a conviver com esse conceito desde pequenos. Mostram-se mais exigentes, inquietos e começam a desenhar um novo perfil de consumidor, que combina características da Geração Y com preocupações em relação à sustentabilidade, além de não estarem dispostos a pagar por produtos que podem ser encontrados gratuitamente via internet (FEGHALI; DWYER, 2004). Os autores apontam como uma das características dessa geração o paradoxo relacionado à necessidade que seus integrantes têm de manterem-se integrados a pessoas da mesma idade e lançarem-se na busca de tendências recentes, ao passo que buscam uma individualidade e a criação de um estilo próprio. Esta geração demonstra maior liberdade de escolha e apresenta uma postura mais crítica com relação às opiniões sobre a vida de um modo geral, pois a TV, o rádio ou esta ou aquela celebridade não os influenciam mais do que os comentários recebidos sobre um produto e/ou serviço ou sobre uma ideia e/ou experiência, seja em um fórum ou em uma comunidade do Orkut, através da mensagem enviada por um amigo para o seu e-mail ou, ainda, através da análise da opinião deixada na internet por alguém que já fez uso do produto ou do serviço pesquisado (TELLES, 2009). Esta postura parece, de acordo com Dickson (2001b), uma continuação do comportamento da Geração Y no que diz respeito ao fato de terem sido expostos a mais publicidade e a um maior número de marcas do qualquer uma das gerações 71 anteriores, o que fez com os indivíduos se desligassem dos canais de mídia tradicionais, inclusive deixando de dar valor às marcas adotadas por seus pais, embora a família continue sendo uma instituição de grande valor e importância para esses jovens. 2.4.5 Geração Alpha Segundo McCrindle e Wolfinger (2009), a geração que está substituindo a Geração Z será chamada de Alpha e, segundo as tendências apontadas, serão a geração mais formalmente educada, uma vez que entrarão mais cedo na escola e tenderão a estudar por muito mais tempo do que as gerações anteriores. Os autores estimam que serão materialistas e focados em tecnologia, tendo a seu dispor mais opções de produtos eletrônicos para seu entretenimento e trabalho. Filhos de pais mais bem sucedidos e com menos irmãos, não deverão ter problemas de acesso a essas tecnologias. Estão sendo moldados como consumidores em um mundo de tecnologia voltado para o consumismo. Ainda segundo os autores, esse provável cenário poderá levar os pais dos indivíduos dessa geração ao entendimento de que, se por um lado seus filhos terão muito a ganhar com o consumo da tecnologia e suas possibilidades e oportunidades, por outro poderão ter problemas com a quantidade de informação com a qual terão que lidar e com os consequentes problemas de segurança relacionados a esse fato, o que pode resultar em uma tentativa por parte desses pais de frear o consumismo dos filhos. Conforme pode ser observado no Quadro 2, não existe consenso entre a maioria dos autores no que diz respeito à definição dos limites que definem cada uma das gerações, à exceção da geração dos baby boomers, para a qual não foram encontradas discrepâncias, estando situada entre os anos de 1946 e 1964, correspondendo a um total de 19 anos. A partir dessa geração, podem ser encontradas diferenças que chegam a variar de um ano a uma década. 72 GERAÇÃO Baby boom Década de 1980 Bumpies Dinks Yummies Yuppies Década de 1990 Dewks Guppies Mobys Muppies Puppies Skippies Início da década de 2000 Grumpies Ilyas Ryas Woofs AMPLITUDE (anos) 1946 - 1964 19 AUTOR Blackwell, Miniard e Engel Dickson Don Tapscott Kerin et al Kotler e Armstrong Mowen e Minor Schiffman e Kanuk Solomon Obs.: Dickson classifica os dinks e os woofs como sendo da década de 1990 Kerin et al Kotler e Armstrong Tapscott 1965 - 1976 12 1965 - 1979 15 McCrindle e Wolfinger 1965 - 1980 16 Barbosa e Cerbasi Mowen e Minor 1966 - 1976 11 Solomon Geração Y Baby boomlet Echo boomers Geração do milênio Geração N Geração Net Milenials 1977 - 1994 18 Kerin et al Kotler e Armstrong 1977 - 1997 21 Tapscott 1979 - 1994 16 Dickson 1980 - 1994 15 McCrindle e Wolfinger Geração Z Geração digital Geração online Geração internet Geração conectada Geração silenciosa Geração pontocom The New Kids on the Virtual Block 1990 - 2010 20 Goliath 1995 - 2009 15 McCrindle e Wolfinger 1998 - 2010 13 Tapscott 2000 - 2009 10 Barbosa e Cerbasi 2010-2024 15 McCrindle e Wolfinger Geração X After boomers Xers Baby-buster Slackers Sombra Yiffies Dos vinte e poucos anos Geração MTV Geração Alpha Quadro 2 - Faixa etária das gerações segundo diversos autores Fonte: Elaborado pelo autor com base na literatura Para este trabalho tomou-se como base para a definição da faixa etária da Geração Z o período compreendido entre os anos de 1990 e 2010, período este que é o mais referenciado nos trabalhos relacionados à essa coorte. 2.5 MODELOS DE PROCESSO DE DECISÃO DO CONSUMIDOR Assim como são encontradas na literatura várias definições para o termo comportamento do consumidor, muitos são os modelos que pretendem explicá-lo. Nesses modelos estão representados elementos externos (ambientais) e internos (psíquicos) envolvidos no processo e as suas inter-relações. Ferreira (1974) afirma que a proposição de modelos que estudam o processo de decisão de compra tem o 73 objetivo de trazer complementação às pesquisas de marketing que procuram identificar quem compra e como é realizada a compra, buscando compreender porque determinada ação ocorre. Tais modelos possibilitam a identificação e correção das variáveis capazes de gerar variadas reações nos consumidores – trazendo como benefício informações capazes de levar à predição de como esse consumidor se comportará – importantes na definição dos esforços de marketing necessários para o bom desempenho de uma organização. Ao autores Schiffman e Kanuk (2000) indicam que a decisão do consumidor está relacionada à escolha de uma entre duas ou mais alternativas que lhe são apresentadas e afirmam que, para tanto, os consumidores passam pelos seguintes estágios do seu modelo: (1) Reconhecimento da necessidade; (2) Busca précompra; (3) Avaliação das alternativas; (4) Compra e (5) Avaliação de pós-compra. Para Sheth (2001), o processo de decisão do consumidor está relacionado a questões como comprar ou não comprar, o que comprar e quando comprar, de quem comprar e como pagar. O modelo apresentado pelo autor é composto por cinco estágios: (1) Reconhecimento do problema, (2) Busca de informações, (3) Avaliação de alternativas, (4) Compra e (5) Experiências pós-compra. O objetivo da decisão do consumidor para Mowen e Minor (2003) é permitir que se faça a melhor escolha entre as opções disponíveis. Para tanto, sugerem os autores que se busque reduzir o esforço relacionado à tomada de decisão procurando minimizar as emoções negativas porventura envolvidas com o objetivo de maximizar a capacidade de justificar a decisão tomada. O modelo apresentado pelos autores está também baseado em cinco estágios: (1) Reconhecimento do problema, (2) Busca, (3) Avaliação das alternativas, (4) Escolha e (5) Avaliação póscompra. Para Kotler e Armstrong (2003) o que muda em relação aos modelos apresentados anteriormente está relacionado, basicamente, à sua nomenclatura: (1) Reconhecimento da necessidade, (2) Busca por informações, (3) Avaliação das alternativas, (4) Decisão de compra e (5) Comportamento pós-compra. O mesmo ocorre com o modelo apresentado por Kerin et al (2007). Para os autores, o processo de decisão de compra divide-se em (1) Reconhecimento do problema, momento em que o consumidor perceberá uma necessidade, (2) Busca de informações, momento em que o consumidor procura por valor, (3) Avaliação de alternativas, momento em que o consumidor avalia os valores encontrados, 74 (4) Decisão de compra, momento no qual o consumidor compra o valor escolhido e (5) Comportamento de pós-compra, quando finalmente o consumidor irá avaliar o valor do produto ou serviço adquirido, em relação ao seu uso. A estrutura do modelo proposto por Solomon (2008) abrange os seguintes estágios, também em número de cinco: (1) Reconhecimento do problema, (2) Busca de informações, (3) Avaliação de alternativas, (4) Escolha do produto e (5) Resultados. Os fatores influenciadores desse processo, segundo o autor podem estar relacionados às características individuais – percepção; aprendizagem e memória, valores e motivação; os papéis do ego e do gênero; personalidade e estilos de vida; atitudes e mudança de atitude e comunicações interativas – ou ao posicionamento do indivíduo enquanto elemento decisor – influência e opinião do grupo – ou às subculturas – renda e classe social, étnicas, raciais e religiosas e etárias – ou à cultura. Blackwell, Miniard e Engel (2008) propõem, com o objetivo de permitir a análise de como os indivíduos tomam suas decisões, ordenando fatos e influências de forma lógica e consistente, um modelo de tomada de decisão baseado em sete estágios, sugerindo que, na prática, uns podem afetar aos outros ou mesmo o processo considerado na sua totalidade: (1) Reconhecimento da necessidade, (2) Busca de informações, (3) Avaliação de alternativas pré-compra, (4) Compra, (5) Consumo, (6) Avaliação pós-consumo e (7) Descarte. O Quadro 3 apresenta uma comparação entre os estágios dos modelos de processo de decisão do consumidor apresentados anteriormente. Sua posição no quadro atende apenas ao critério de facilidade de comparação entre os mesmos. Schiffman e Kotler e Blackwell, Sheth Mowen e Minor Kerin et al Solomon Kanuk Armstrong Miniard e Engel Reconhecimento Reconhecimento Reconhecimento Reconhecimento Reconhecimento Reconhecimento Reconhecimento da necessidade do problema do problema da necessidade do problema do problema da necessidade Busca préBusca de Busca por Busca de Busca de Busca de Busca compra informações informações informações informações informações Avaliação de Avaliação das Avaliação de Avaliação das Avaliação das Avaliação de Avaliação de alternativas préalternativas alternativas alternativas alternativas alternativas alternativas compra Decisão de Decisão de Escolha do Compra Compra Escolha Compra compra compra produto Avaliação de pós-compra Experiência póscompra Avaliação póscompra Comportamento Comportamento pós-compra de pós-compra Consumo Resultados Apesar do fato de a maioria dos autores indicarem textualmente que o comportamento do consumidor engloba as ações relacionadas ao descarte ou à disposição de produtos e serviços, nenhum dos seus modelos apresentam essa etapa de forma explícita Quadro 3 - Comparação entre modelos de processo de decisão do consumidor Fonte: Elaborado pelo autor com base na literatura Avaliação pósconsumo Descarte 75 Para Kotler e Armstrong (2003) o processo de compra não ocorre só e unicamente durante a própria compra. Ele começa muito antes dela e dura muito tempo depois. Dessa forma, os profissionais de marketing precisam estar atentos para o processo como um todo, e não apenas focar o estágio de decisão de compra. 2.6 MODELO PDC O modelo que serve de base para esta pesquisa é o Modelo de Processo de Decisão do Consumidor (modelo PDC), na sua versão simplificada, apresentado por Blackwell, Miniard e Engel (2008). A opção pela adoção desse modelo está relacionada à sua abrangência em relação aos demais, pois o mesmo apresenta etapas que abordam desde o reconhecimento de uma necessidade por parte do consumidor até a situação de descarte do produto adquirido, o que vem ao encontro das tendências atuais, conforme sugerem Dickson (2001b), Kerin et al (2007) e Kotler e Armstrong (2003), de consumo sustentável e responsabilidade social. A Figura 9 representa o modelo PDC. Reconhecimento da necessidade Busca de informações Avaliação de alternativas pré-compra Compra Consumo Avaliação pós-consumo Descarte Figura 9 - Modelo de Processo de Decisão do Consumidor Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2008, p. 73) 76 Cada estágio do modelo proposto, segundo seus autores, pode ser influenciado por variáveis como (1) diferenças individuais – demografia, valores e personalidade, recursos como tempo e dinheiro, motivação, conhecimento e atitudes do consumidor etc., (2) influências ambientais – cultura, classe social, família etc. e (3) processos psicológicos – processamento da informação, aprendizagem e mudança de comportamento e de atitude. Kotler e Armstrong (2003) sugerem que os consumidores passam por todos os estágios do processo de decisão, contudo, no caso de compras mais rotineiras, eles podem pular alguns desses estágios ou, mesmo, os inverter. O modelo PDC será descrito a seguir, em todos os seus estágios. Em cada um deles serão acrescentadas as contribuições de outros autores, principalmente nos casos onde existir semelhança de nomenclaturas e/ou conceitos. 2.6.1 Reconhecimento da necessidade Para Solomon (2008), assim como para Schiffman e Kanuk (2000), esse estágio ocorre no momento em que o indivíduo reconhece a existência de uma discrepância entre uma determinada condição real e uma situação desejada, ou seja, como defendem Mowen e Minor (2003), quando a sua satisfação em relação ao estado real das coisas e o nível desejado por esse indivíduo aumenta até o instante em que se sente impulsionado a agir no sentido de diminuir essa diferença, podendo essa diferença ser provocada por estímulos internos (fome ou sede, por exemplo) ou externos. Os primeiros tornam o indivíduo consciente formando um impulso; a partir daí, os fatores externos chamam sua atenção, desencadeando a vontade de consumar a compra. Para Kerin et al (2007), este estágio corresponde à percepção de uma diferença que seja capaz de promover uma decisão, relacionada à comparação entre o estado considerado ideal por uma pessoa e as suas situações e/ou condições atuais. Solomon (2008) indica que este problema a ser resolvido pode ser simples ou complexo. O problema simples, segundo o autor, tem relação com as necessidades rotineiras e mais imediatas como, por exemplo, abastecer de 77 combustível o veículo. O complexo, ao contrário, caracteriza-se por uma necessidade que se desenvolve ao longo de um determinado período e, por consequência, demanda mais tempo para que a sua solução seja buscada como, por exemplo, a compra de um novo carro. Utilizando os mesmos exemplos, Solomon (2008) indica que, no caso do abastecimento do carro, a discrepância ocorre em função de a qualidade do estado real do indivíduo haver se deslocado para baixo (nesse caso, ocorre o que o autor chama de reconhecimento da necessidade); no exemplo da compra do novo carro, a discrepância ocorre em função de a qualidade do estado ideal haver se deslocado para cima (nesse caso, ocorrendo o que o autor chama de reconhecimento da oportunidade). A Figura 10 demonstra o reconhecimento do problema pelo consumidor, considerando-se as mudanças no estado real ou no estado ideal. Ideal Ideal Estado Ideal Estado Real Real Real NENHUM PROBLEMA RECONHECIMENTO DA OPORTUNIDADE RECONHECIMENTO DA NECESSIDADE Figura 10 - Reconhecimento do problema pelo consumidor Fonte: Solomon (2008, p. 328) Para Sheth (2001), o reconhecimento do problema acontece quando o consumidor percebe que necessita comprar algo para voltar a um estado normal de conforto, sendo que este problema pode ser causado por estímulos internos – como os estados de desconforto físicos ou psicológicos como fome e aborrecimento, por exemplo – ou por estímulos externos – que correspondem, na visão do autor, às sugestões dadas pelo mercado como a publicidade, por exemplo. O autor faz ainda uma classificação dos tipos de problemas a que o consumidor está sujeito, chamando-os de (1) problemas existentes, que ocorrem devido ao ritmo normal da vida, como fome e sede, (2) problemas novos, que aparecem, normalmente, na passagem de um estágio da vida para outro, como um novo emprego, casamento, as necessidades causadas pelo nascimento de um filho etc., (3) problemas vívidos, 78 decorrentes, por exemplo, do retorno às aulas ou ao trabalho após as férias e (4) problemas latentes, que não são imediatamente reconhecíveis e, portanto, necessitam de um estímulo externo, como a atenção do vendedor. A Figura 11 representa o estágio de Reconhecimento da necessidade do modelo PDC, de Blackwell, Miniard e Engel (2008) o qual pode corresponder também, segundo os autores, ao resultado da antecipação de uma necessidade futura ou da compra de uma pré-necessidade, como os seguros de vida, por exemplo. Influências ambientais Cultura Classe social Influências pessoais Família Situação Memória Reconhecimento da necessidade Diferenças individuais Recursos do consumidor Motivação e envolvimento Conhecimento Atitudes Personalidade, valores e estilo de vida Figura 11 - Primeiro estágio: Reconhecimento da necessidade Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2008, p. 75) Para Blackwell, Miniard e Engel (2008), os consumidores compram produtos e/ou serviços quando passam a acreditar que esses produtos ou serviços são capazes de solucionar seus problemas a um valor mais alto do que o custo de comprá-los. O estado desejado pelo consumidor pode ser influenciado por fatores como a cultura, subcultura, grupos de referência, tendências, estilo de vida etc. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2008; KERIN et al, 2007; KOTLER; ARMSTRONG, 2003; MOWEN; MINOR, 2003; SCHIFFMAN; KANUK, 2000; SOLOMON, 2008). 79 2.6.2 Busca de informações O estágio de busca por informações corresponde ao momento no qual o consumidor pesquisa o ambiente, na busca de dados que sejam adequados para uma razoável tomada de decisão, uma vez que tenha reconhecido um problema a ser resolvido no estágio anterior, a menos que, previamente, perceba que não possui condições financeiras para prosseguir no processo. Kotler e Armstrong (2003) sugerem que, após reconhecer a necessidade, se o impulso do consumidor for forte o suficiente e o produto estiver à mão, ele não necessariamente irá em busca de informações e, sim, provavelmente o comprará. Para Solomon (2008) a pesquisa pode ser de pré-compra, na qual o consumidor após reconhecer um problema passa a pesquisar o mercado em busca de informações específicas sobre produtos e/ou serviços que possam atender às suas necessidades, ou pode ser uma pesquisa contínua, na qual os consumidores buscam informações ou por diversão ou por gostarem de estar atualizados, mesmo que não haja uma intenção de compra imediata. O Quadro 4 apresenta as diferenças básicas entre a pesquisa pré-compra e a pesquisa contínua. PESQUISA PRÉ-COMPRA Determinantes Envolvimento na compra Ambiente do mercado Fatores situacionais Motivos Tomar melhores decisões de compra Resultados Maior conhecimento do produto e do mercado Melhores decisões de compra Maior satisfação com o resultado da compra PESQUISA CONTÍNUA Envolvimento com o produto Ambiente do mercado Fatores situacionais Construir um banco de dados para uso futuro Experimentar alegria e prazer Maior conhecimento do produto e do mercado leva a futura eficiência de compra influência pessoal Maior impulso para compra Maior satisfação com a pesquisa e com outros resultados Quadro 4 - Diferenças entre a pesquisa pré-compra e a pesquisa contínua Fonte: Solomon (2008, p. 330) Com relação às fontes de informação, Solomon (2008), Schiffman e Kanuk (2000) e Blackwell, Miniard e Engel (2008) indicam que essas podem ser de dois tipos: internas ou externas. Geralmente a busca interna é a primeira a ser realizada e corresponde à busca que os consumidores fazem na memória por suas experiências anteriores de compra e busca por informações. Já as fontes externas 80 correspondem às pessoas próximas e familiares do indivíduo, bem como o mercado. Schiffman e Kanuk (2000) sugerem que quanto maior for a experiência anterior do consumidor menor será a sua necessidade de busca por informações externas. Autores como Kotler e Armstrong (2003) e Kerin et al (2007) indicam como fontes de informação, além das pessoais (família, amigos, vizinhos etc.) as comerciais (propaganda, vendedores, embalagens, vitrines, sítios da internet etc.), as públicas (mídias de massa e organizações de índices de consumo) e as experimentais (manuseio, exame e utilização do produto) e, ainda, afirmam serem extremamente relevantes as fontes boca a boca pela sua credibilidade e poder de influência. Para Sheth (2001), as estratégias utilizadas pelo consumidor, as quais vão influenciar na busca por informações, podem estar relacionadas a uma (1) solução rotineira de problemas quando, segundo o autor, novas informações não são consideradas, ou a uma (2) solução ampliada de problemas, na qual a busca tornase extensiva e a escolha prolongada, normalmente direcionadas a compra nunca realizadas, ou realizadas há longo tempo ou, ainda, quando o risco percebido na transação é elevado e, por fim, a uma (3) solução limitada de problemas, que ocorre nas situações nas quais o consumidor investe tempo e energia limitados, tanto na busca quanto na avaliação de possíveis soluções para o seu problema. O risco percebido, de acordo com Mowen e Minor (2003, p. 103) está relacionado à “percepção que o consumidor tem da negatividade de sequência de ações, tendo como base a avaliação dos possíveis resultados negativos e da probabilidade de que esses resultados ocorram”, podendo ser riscos financeiros – os quais acarretam problemas financeiros ao consumidor; de desempenho – que estão relacionados ao possível baixo desempenho do produto; físicos – que possam vir a causar danos físicos ao consumidor; psicológicos – ligados, por exemplo, à autoimagem; sociais – relacionados a um possível menosprezo dos grupos a que o consumidor pertence em relação à compra efetuada; de tempo – de forma a demandar mais tempo do que o previsto na escolha ou uso do produto – e de custo de oportunidade – relacionados às escolhas de um produto em detrimento de outros. De acordo com Kerin et al (2007), o consumidor não passará sempre e necessariamente por todos os estágios do processo de decisão de compra. Dependendo do tipo de produto ou serviço envolvido, ele poderá pular – ou 81 minimizar – um ou dois estágios, dependendo da significância pessoal, social e econômica da compra. Os autores dividem as situações de compra em dois tipos: compras de alto envolvimento e compras de baixo envolvimento. Dessa forma, considerando o envolvimento do consumidor no processo, defendem a existência de três variações de solução de problema: (1) solução de problema estendida, (2) solução de problema limitada e (3) solução de problema rotineira. O Quadro 5 apresenta uma comparação entre essas variações: CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA DO CONSUMIDOR Número de marcas examinadas Número de fornecedores considerados Número de atributos de produtos avaliados Número de fontes de informações externas usadas Tempo gasto na busca ALTO ENVOLVIMENTO DO CONSUMIDOR BAIXO SOLUÇÃO DE PROBLEMA ESTENDIDA Muitas Muitos Muitos Muitas Considerável SOLUÇÃO DE PROBLEMA LIMITADA Várias Vários Moderado Poucas Pouco SOLUÇÃO DE PROBLEMA ROTINEIRA Uma Poucos Um Nenhuma Mínimo Quadro 5 - Variações de solução de problemas Fonte: Kerin et al (2007, p. 118) Na solução de problema estendida, todos os estágios são considerados pelo consumidor, havendo, inclusive, maior esforço na busca externa por informações e nas considerações relativas à avaliação das alternativas disponíveis, sendo que várias marcas formam o seu conjunto de consideração, as quais são avaliadas a partir de um elevado número de atributos. Na solução de problema limitada, os consumidores geralmente buscam alguma informação ou a ajuda de amigos na avaliação de alternativas, sendo que várias marcas podem ser avaliadas a partir de um número moderado de atributos. Por fim, na solução de problema rotineira que corresponde às compras frequentes relacionadas a produtos de baixo preço, os consumidores reconhecem uma necessidade e logo decidem pela compra, gastando muito pouco tempo na busca por informações externas e avaliação de alternativas. As buscas por informação, sugerem Blackwell, Miniard e Engel (2008), podem acontecer de forma tanto passiva – ficando os consumidores apenas mais atentos às informações que circulam ao seu redor – quanto de forma ativa, ocorrendo, nesse caso, uma busca intencional de informações, através de pesquisas realizadas no próprio mercado, através da Internet, conversando com amigos ou familiares ou simplesmente indo às lojas. “O uso da internet para colher informações, alternativas de avaliação e para tomar decisões de compra agrega uma dimensão tecnológica ao 82 processo de decisão de compra do consumidor” (KERIN et al, 2007, p. 116). A Figura 12 representa o estágio de Busca de informações do modelo PDC, de Blackwell, Miniard e Engel (2008). Reconhecimento da necessidade Busca interna Influências ambientais Cultura Classe social Influências pessoais Família Situação Busca Busca externa Memória Diferenças individuais Recursos do consumidor Motivação e envolvimento Conhecimento Atitudes Personalidade, valores e estilo de vida Figura 12 - Segundo estágio: Busca de informações Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2008, p. 76) Para Sheth (2001), ao buscar informações, o consumidor raramente irá considerar todo o conjunto existente de marcas existentes. Ao contrário, tomará por base um subgrupo selecionado, o qual o autor divide em (1) conjunto de percepção – que consiste das marcas que esse consumidor reconhece, (2) conjunto relembrado – que consiste das marcas de uma determinada categoria de produtos as quais o consumidor lembra no momento de tomar a sua decisão e (3) conjunto de consideração – que engloba as marcas que o consumidor considerará comprar. A busca por informação, de acordo com Solomon (2008) e Mowen e Minor (2003), sofre a influência dos ganhos marginais em relação aos custos marginais, o que significa dizer que os consumidores irão pesquisar enquanto existir informação que seja significante em relação ao processo e enquanto este processo não se torne muito custoso ou trabalhoso para o indivíduo. Para Blackwell, Miniard e Engel (2008) a profundidade e extensão das pesquisas são determinadas tanto por influências ambientais – cultura, classe social, influências pessoais etc. – quanto por diferenças individuais, peculiares a cada consumidor como os seus recursos, motivação e envolvimento, atitudes etc. 83 2.6.3 Avaliação de alternativas pré-compra Através das informações obtidas no estágio anterior, o consumidor, neste terceiro estágio, passa a comparar as alternativas selecionadas de forma a estreitar as suas possibilidades de compra, até finalmente decidir-se por uma delas (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2008). Nesse contexto, além dos autores, Kotler e Armstrong (2003), Mowen e Minor (2003), Schiffman e Kanuk (2000) e Solomon (2008) indicam que os consumidores desenvolvem e estabelecem suas crenças, preferências, atitudes e intenções no que diz respeito às alternativas comparadas, formando o que Kerin et al (2007) chamam de conjunto de consideração. Para Mowen e Minor (2003), a avaliação das alternativas também dependerá do que chamam de hierarquia de efeitos: em uma determinada situação de compra, a maneira como é feita a interpretação da sequência lógica – ou hierarquia de efeitos – na qual crenças, atitudes e um dado comportamento são formados. Tal sequência está baseada na análise do empenho que o consumidor empreenderá na busca por informações, na importância que irá atribuir à compra, na sua avaliação acerca dos riscos envolvidos na tomada de uma decisão ruim e, ainda, no fator preponderante que o levará a efetivamente adquirir determinado produto ou serviço. Nesse contexto, os autores propõem quatro tipos de processos de compra e, para cada um indicam as possíveis hierarquias de efeito. Assim, para compras com alto envolvimento, a avaliação tem por base os atributos dos produtos e o grau de envolvimento afetivo para com eles. Para compras com baixo envolvimento o consumidor lança mão de uma avaliação menos complexa, baseada em crenças menos elaboradas sobre as opções de escolha de que dispõe, havendo pouco envolvimento emocional. Já para as compras experienciais, a decisão é tomada com base em impulsos, nas emoções que passam a estimular o consumidor no momento da compra e, por fim, para as compras sob a perspectiva de uma influência comportamental, onde não há a ocorrência de processo interno de comparação, sendo o consumidor estimulado por ações externas. O Quadro 6 apresenta um resumo das hierarquias de efeitos e sua relação com a avaliação de alternativas. 84 PROCESSO DE COMPRA HIERARQUIA DE EFEITOS Alto envolvimento Consideração de crenças relativas a atributos do produto e seu envolvimento afetivo Baixo envolvimento Crenças menos elaboradas e pouco envolvimento emocional, resultando em avaliação menos complexa Experiencial / Impulso Influência comportamental Impulsos e emoções influenciam a escolha Sem processo de comparação interno Quadro 6 - Hierarquia de efeitos e sua relação com a avaliação de alternativas Fonte: Adaptado de Mowen e Minor (2003, p. 201) A avaliação de alternativas pré-compra, segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), corresponde ao modo como as possibilidades de escolha são avaliadas envolvendo, além da decisão do que comprar, as questões associadas a quais ofertas considerar e ao modo de avaliação das mesmas. A Figura 13 representa o estágio de Avaliação de alternativas pré-compra do modelo PDC, de Blackwell, Miniard e Engel (2008). Reconhecimento da necessidade Exposição Busca interna Busca Influências ambientais Cultura Classe social Influências pessoais Família Situação Atenção Estímulos Dominado pelo profissional de marketing Dominado por profissionais não mercadológicos Compreensão Memória Aceitação Retenção Avaliação de alternativas précompra Diferenças individuais Recursos do consumidor Motivação e envolvimento Conhecimento Atitudes Personalidade, valores e estilo de vida Busca externa Figura 13 - Terceiro estágio: Avaliação de alternativas Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2008, p. 80) A elaboração de listas ou conjunto de opções disponíveis corresponde a outra forma de avaliar as alternativas que, segundo Schiffman e Kanuk (2000) e Solomon (2008), levam em consideração o conjunto das opções de marcas relacionadas às alternativas encontradas pelos consumidores, sendo que, para as 85 opções que já estão na memória do consumidor, os autores as definiram como conjunto evocado, o qual se refere a marcas específicas dentro de uma determinada categoria de produtos. Solomon (2008) define como inepto o conjunto dos produtos que o consumidor sabe existir, mas que não os leva em consideração na hora da compra, pois os considera como inferiores às demais opções. Por fim, Schiffman e Kanuk (2000) indicam o conjunto inerte, formado pelas alternativas às quais o consumidor é indiferente, por não serem estas percebidas como mais vantajosas que as outras possibilidades em questão. De acordo com Sheth (2001), para estabelecer suas escolhas os consumidores valem-se modelos de escolha, que podem ser divididos em duas categorias: os modelos compensatórios e os modelos não-compensatórios. O Quadro 7 apresenta esses modelos, suas principais características e, no caso dos modelos não-compensatórios, sua subdivisão. A utilização desses modelos, segundo Sheth (2001), pode ocorrer de forma independente ou, ainda, a partir de uma combinação de cada um deles, a fim de permitir uma escolha mais efetiva e segura para o consumidor. MODELOS COMPENSATÓRIOS Todos os atributos do produto são considerados para a escolha, havendo uma comparação mental entre os pontos fracos de determinados atributos e os pontos fortes de outros, de forma a que podem ser arbitrados pesos para tais atributos e, assim, determinados atributos considerados como negativos podem ser compensados pela importância de outros, tido como positivos MODELOS NÃO-COMPENSATÓRIOS Modelo conjuntivo São definidos quais os atributos tipos como importantes para a decisão e cada produto deve receber uma entrada mínima para cada um desses atributos; caso não a receba, o produto está descartado das futuras considerações Modelo disjuntivo São definidos os atributos que serão considerados para a escolha; inicialmente, considera-se a total presença ou total ausência desses atributos e, no caso de ausência de um deles, o mesmo pode ser trocado por um novo atributo Modelo lexicográfico Os atributos definidos para a escolha são classificados em termos de importância e a escolha ocorre a partir da comparação do mais importante critério definido, selecionando a alternativa que possui mais alto nível nesse critério Modelo de eliminação por aspectos As alternativas são analisadas a partir da identificação de importância dos critérios definidos e, também, a partir da definição de entradas mínimas para cada um desses critérios Quadro 7 - Modelos de escolha de alternativas Fonte: Adaptado de Sheth (2001, p. 156) De acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2008), a maneira pela qual os consumidores avaliam as suas escolhas é influenciada não somente por diferenças individuais como também por variáveis ambientais, resultando em um processo que leva em consideração os valores, necessidades e estilos de vida desses consumidores. 86 2.6.4 Compra De acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2008), este estágio corresponde às decisões, por parte do consumidor, de comprar ou não, quando comprar, que tipo de produto e/ou marca comprar, onde comprar e como pagar pelo produto e/ou serviço adquirido, levando o consumidor a três situações distintas: (1) uma compra totalmente planejada, na qual produto e marca são escolhidos antecipadamente; (2) uma compra parcialmente planejada, que ocorre quando existe a intenção de compra de um produto, mas a marca é escolhida apenas no momento da compra e, por fim, (3) uma compra não planejada na qual tanto o produto quanto a marca são escolhidos no ponto de venda. Segundo Kotler e Armstrong (2003), no estágio de avaliação de alternativas pré-compra o consumidor classifica as marcas, formando as suas intenções de compra, que podem ser influenciadas por dois fatores que ocorrem entre a intenção e a decisão de compra. O primeiro está relacionado á atitude dos outros em relação à compra que será efetuada e o outro, considerando que a intenção de compra do consumidor é formada com base em elementos como renda esperada, preço esperado, benefícios esperados etc., está relacionado a situações ou eventos inesperados, sendo a perda da renda um exemplo. Para Kerin et al (2007), uma vez examinadas as possíveis alternativas, resta ao consumidor duas opções: escolher onde comprar e definir quando comprar, decisões estas que podem, segundo os autores, envolver, de forma simultânea, a avaliação de atributos do produto e de características do fornecedor. De acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2008), mesmo já tendo feito suas escolhas, o consumidor pode, uma vez dentro da loja, refazer suas escolhas em função das influências do vendedor, das vitrines, do ambiente da loja, do fluxo de pessoas dentro da loja etc. A Figura 14 representa o estágio de Compra do modelo PDC, de Blackwell, Miniard e Engel (2008). 87 Reconhecimento da necessidade Busca interna Exposição Busca Influências ambientais Cultura Classe social Influências pessoais Família Situação Atenção Estímulos Dominado pelo profissional de marketing Dominado por profissionais não mercadológicos Compreensão Memória Aceitação Retenção Avaliação de alternativas précompra Compra Diferenças individuais Recursos do consumidor Motivação e envolvimento Conhecimento Atitudes Personalidade, valores e estilo de vida Busca externa Figura 14 - Quarto estágio: Compra Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2008, p. 82) Na visão de Sheth (2001), para a efetivação desse estágio, o consumidor passa por três etapas: a (1) identificação da escolha – quando identifica a alternativa de sua preferência, após passar pelo processo de avaliação de alternativas, a (2) intenção de compra – que corresponde à determinação de que o consumidor vai, sim, adquirir o produto e/ou serviço e a (3) implementação da compra – na qual a transação é efetivamente realizada. O autor indica, ainda, que, no caso de compras rotineiras, essa transição é automática, o que pode não ocorrer no caso de compras mais elaboradas, levando o consumidor a se deparar com situações – (como a dificuldade de um financiamento, por exemplo) nas quais ele abandone o processo de vez ou reinicie a busca por novas alternativas de produtos e/ou serviços. A decisão de compra, segundo Kerin et al (2007) pode ser influenciada por fatores como a política de preços, as experiências anteriores do consumidor, as políticas de troca e garantia, a atmosfera da loja e o prazer proporcionado pelo ato da compra, a persuasão do vendedor e a pressão do tempo. 88 2.6.5 Consumo Após o consumidor ter adquirido o produto e dele tomado posse, pode ocorrer o consumo. Para Blackwell, Miniard e Engel (2005), esse consumo pode acontecer imediatamente após a compra, ou um tempo depois. A exemplo disso, podem ser citadas as refeições congeladas. Nesse momento, no caso de o consumo não ocorrer imediatamente após a aquisição do bem, questões como durabilidade do produto e os cuidados que o consumidor tem para com o item adquirido são importantes fatores relacionados à satisfação que esse produto poderá proporcionar. A Figura 15 apresenta a relação entre o quinto e o sexto estágios, Consumo e Avaliação pós-consumo. Reconhecimento da necessidade Exposição Busca interna Busca Influências ambientais Cultura Classe social Influências pessoais Família Situação Atenção Estímulos Dominado pelo profissional de marketing Dominado por profissionais não mercadológicos Compreensão Memória Avaliação de alternativas précompra Aceitação Compra Retenção Consumo Avaliação pósconsumo Busca externa Insatisfação Diferenças individuais Recursos do consumidor Motivação e envolvimento Conhecimento Atitudes Personalidade, valores e estilo de vida Satisfação Figura 15 - Quinto e sexto estágios: Consumo e Avaliação pós-consumo Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2008, p. 84) Para Sheth (2001), uma informação importante a ser buscada está relacionada ao fato de como o consumidor faz uso do produto: se o consome de 89 forma rotineira, sem pensar muito no processo, ou se o consumo depende de uma avaliação consciente, o que, para o autor, depende do envolvimento continuado do consumidor com o produto e da preferência ou motivação que causou a compra. Conhecer quando o consumo é realizado, onde acontece esse consumo, como ele é realizado e quanto se consome de um determinado produto e/ou serviço são questões, segundo Blackwell, Miniard e Engel (2008), importantes no sentido de que as suas respostas podem levar as empresas ao entendimento de que os apelos ao consumidor podem estar ora focados na compra do produto, ora no seu próprio consumo. 2.6.6 Avaliação pós-consumo Para Kotler e Armstrong (2003) e Schiffman e Kanuk (2000), a satisfação ou insatisfação do consumidor tem relação com as suas expectativas e o desempenho percebido do produto. Assim, caso o produto não atenda às suas expectativas, ficará desapontado – desconfirmação negativa das expectativas. Se atender, ficará satisfeito – sentimento de neutralidade. No caso de o produto superar essas expectativas, o consumidor ficará encantado – desconfirmação positiva das expectativas. Os autores afirmam, ainda, que as grandes compras normalmente resultam em um desconforto – dissonância cognitiva – causado pela sensação, por um lado boa, de ter adquirido os benefícios da marca escolhida e evitado as desvantagens das outras, mas, por outro lado, ruim em função de haver adquirido as desvantagens da marca escolhida, em detrimento dos benefícios das demais marcas. Essa mesma visão é adotada por Kerin et al (2007) quando defendem que, após a compra, o consumidor compara as suas expectativas pré-compra com os valores recebidos e, em função dessa comparação, fica satisfeito ou insatisfeito, restando para o profissional de marketing identificar, no caso de insatisfação, se o problema decorre de um produto ou serviço deficiente ou é resultado de expectativas muito elevadas por parte do consumidor. 90 De acordo com Sheth (2001), as informações produzidas durante a experiência de comprar irão ajudar a definir as futuras decisões de compra do consumidor. Para o autor, nesse estágio, o consumidor passa por quatro etapas: a (1) confirmação da decisão, a (2) avaliação da experiência, a (3) satisfação ou satisfação com os resultados obtidos e a (4) formação das suas respostas futuras, sendo que todo esse processo não se dá em bases absolutas, mas comparando os resultados obtidos com o desempenho previamente esperado. Para Kerin et al (2007), a avaliação pós-consumo têm influência direta na comunicação entre os consumidores e no comportamento de repetição de compra e, consequentemente, na retenção desses consumidores, a mesma visão adotada por Blackwell, Miniard e Engel (2008) que defendem a dificuldade dos concorrentes de atingirem a mente e os processos de decisão do consumidor satisfeito, uma vez que esse consumidor tenderá a comprar a mesma marca no mesmo fornecedor, embora os autores indiquem como fator determinante para a satisfação o modo como os consumidores utilizam o produto adquirido: ele deve ser bom, mas se for utilizado de forma não correta, poderá causar insatisfação. 2.6.7 Descarte O descarte de um produto abrange, além do descarte propriamente dito ou descarte completo, as opções de reciclagem ou revenda. Dependendo do produto o descarte pode ser apenas parcial, como o descarte de uma embalagem, por exemplo. Nesses casos, conforme Blackwell, Miniard e Engel (2008) e Kotler e Armstrong (2003), a preocupação e a educação ambiental têm um papel fundamental nesse estágio do processo. Para Solomon (2008, p. 391), em razão de o descarte de produtos estar se transformando em um problema cada vez maior, “a reciclagem é uma opção que continuará a ser enfatizada à medida que a consciência ambiental dos consumidores aumenta”. A Figura 16 representa o estágio de Descarte do modelo PDC, de Blackwell, Miniard e Engel (2008), ao mesmo tempo em que estabelece uma relação entre esse e os demais estágios. Assim, essa figura corresponde, também, à 91 representação do Modelo de Processo de Decisão do Consumidor na sua versão completa. Reconhecimento da necessidade Exposição Busca interna Busca Influências ambientais Cultura Classe social Influências pessoais Família Situação Atenção Estímulos Dominado pelo profissional de marketing Dominado por profissionais não mercadológicos Compreensão Memória Avaliação de alternativas précompra Aceitação Compra Retenção Consumo Avaliação pósconsumo Busca externa Insatisfação Diferenças individuais Recursos do consumidor Motivação e envolvimento Conhecimento Atitudes Personalidade, valores e estilo de vida Satisfação Descarte Figura 16 - Sétimo estágio: descarte Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2008, p. 86) De acordo com Solomon (2008), a opção de descarte pode vir a ser dolorosa para algumas pessoas, em virtude do forte apego que podem desenvolver em relação aos seus bens. O autor explica o fato, afirmando que esses bens funcionam como referências para a identidade dos indivíduos, indicando que o passado continua vivo naquilo que lhes pertence. Ainda segundo o autor, o descarte pode ser realizado em virtude de um bem já haver cumprido a sua função ou porque esse bem já não mais se enquadra na visão que os indivíduos têm de si mesmos enquanto consumidores. A Figura 17 apresenta as diversas opções de que dispõe o consumidor quando ele chega à conclusão de que um bem já não é mais capaz de satisfazer 92 suas necessidades. Segundo Solomon (2008), esse consumidor pode manter ou descartar o item e, nesse último caso, o descarte pode se dar de forma temporária ou permanente. Produto Manter o item Utilizá-lo para o propósito original Transformá-lo para servir a um novo propósito Jogá-lo fora Ser (re)vendido Livrar-se do item permanentemente Guardá-lo Doá-lo Ser usado Livrar-se do item temporariamente Alugá-lo Trocá-lo Diretamente ao consumidor Emprestá-lo Vendê-lo Através de intermediário Para um intermediário Figura 17 - Opções para o descarte de produtos Fonte: Adaptado de Solomon (2008, p. 387) A importância do estágio de Descarte pode ser medida, de acordo com Dickson (2001b), em relação ao volume de computadores enviados para os depósitos de lixo no início da década de 2000: cerca de 15 milhões, apenas nos Estados Unidos, o que representa menos da metade de 1% em relação ao total de lixo sólido gerado naquele país, embora esse número, segundo afirma o autor, estivesse crescendo à taxa de 10% ao ano. Fatos como esse, aliados à rápida obsolescência dos produtos, têm levado à preocupação, em termos globais, da necessidade de definição de normas de descarte de resíduos sólidos, ao desenvolvimento de programas de recuperação e reciclagem e a campanhas de conscientização dos consumidores com relação à preservação do meio ambiente. Pesquisas realizadas com o intuito de aferir as ações consideradas importantes pelas pessoas em relação à reciclagem são citadas por Solomon (2008, p. 387), e indicam que “as metas mais importantes [...] identificadas foram ‘evitar encher os aterros’, ‘reduzir o desperdício’, ‘reutilizar materiais’ e ‘proteger o meio ambiente’”, sendo que essas metas, conclui o autor, estavam ligadas aos “valores [...] de ‘promover a saúde/evitar doença’, ‘atingir os fins de sustentação da vida’ e 93 ‘prover a subsistência das futuras gerações’”, o que, segundo o autor deveria levar os profissionais de marketing a desenvolver ações que motivassem cada vez mais as pessoas a ter um comportamento responsável no que diz respeito ao meio ambiente. 2.7 DISSONÂNCIA COGNITIVA Sempre que o consumidor enfrenta um processo importante de decisão de compra ele experimenta, segundo Sheth (2001), uma forte necessidade de confirmar o seu acerto em relação a essa decisão ou, na verdade, precisa evitar a nãoconfirmação. É nesse momento que ocorre, segundo o autor a dissonância cognitiva, entendida como uma dúvida pós-compra associada à escolha realizada. Para reduzi-la, normalmente o consumidor irá buscar informações positivas a respeito da alternativa escolhida, buscando evitar as negativas. De acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2010), a dissonância cognitiva – ou arrependimento pós-compra – será tão maior quanto maiores forem os valores e os riscos envolvidos no processo de decisão de compra, mesmo que o produto adquirido pelo consumidor funcione bem, pois a sua decisão será sempre revista no sentido de questionar-se quanto a ter sido a mais acertada. Nesse momento, segundo o autor, as empresas devem ter a preocupação de realizar um bom serviço de pós-vendas, no sentido de fornecer ao consumidor as informações necessárias para a confirmação de suas expectativas. Para Schiffman e Kanuk (2000), os consumidores tentam diminuir essa dúvida adotando posturas como definir a sua escolha como acertada; buscar anúncios que possam reforçar a sua escolha, ao mesmo tempo em que procuram evitar aqueles apresentados pelas outras marcas preteridas no processo de decisão de compra; persuadir amigos e vizinhos a comprar a mesma marca, confirmando, assim, a própria escolha, e procurar outros proprietários satisfeitos com sua escolha na tentativa de reafirmar sua decisão. 94 Autores como Kotler e Armstrong (2003) explicam a dissonância cognitiva indicando que toda compra possui dois lados. De um, o consumidor sente-se satisfeito por haver adquirido os benefícios da marca escolhida e por ter evitado as desvantagens das outras marcas. Contudo, também sente-se em desconforto por não ter adquirido os benefícios oferecidos pelas outras marcas e ter levado para casa as desvantagens que a marca escolhida irá lhe conferir. Para os autores, eliminar ou, ao menos, minimizar esse desconforto é um passo importante na direção da fidelização dos consumidores. Para Solomon (2008), uma pessoa irá mudar uma atitude ou modificar um comportamento sempre que o seu intuito for resolver a dissonância cognitiva, uma vez que a mesma é causada, segundo o autor, pela confrontação dessa pessoa com as incoerências entre suas atitudes e comportamentos. Ainda segundo o autor, a dissonância cognitiva é capaz de aumentar o grau de comparação e avaliação entre as alternativas pesquisadas pelo consumidor durante os processos anteriores à compra e que, dessa forma, os profissionais de marketing devem preocupar-se em fornecer a esse consumidor reforços adicionais após a realização da compra, a fim de que sejam construídas atitudes positivas em relação à marca, entendendo que o consumidor irá sempre buscar apoio para as suas escolhas e compras. 95 3 METODOLOGIA No intuito de dar respostas às questões desta pesquisa, optou-se pelo seu desenvolvimento a partir de duas etapas, sendo a primeira introdutória, qualitativa, realizada com um pequeno grupo de sujeitos e com o objetivo de aprofundar o estudo das variáveis influenciadoras do processo de decisão de compra do grupo estudado. Os resultados encontrados nessa primeira etapa foram usados para a adaptação/construção do instrumento de pesquisa utilizado na segunda etapa, definitiva e de caráter quantitativo, na qual foi aplicado o referido instrumento, na forma de questionário, a uma amostra representativa do universo estudado. Este capítulo, assim, está dedicado à abordagem da metodologia utilizada na pesquisa que teve por fim identificar quais são os fatores capazes de influenciar os consumidores da Geração Z no processo de decisão de consumo de produtos eletrônicos, apoiada nos subsídios teóricos apresentados na revisão da literatura presente no capítulo anterior, e tendo como base o modelo de Processo de Decisão do Consumidor (modelo PDC) de Blackwell, Miniard e Engel (2008), na sua versão simplificada, de forma a justificar as escolhas metodológicas necessárias para a sua condução, tanto com relação aos procedimentos de campo utilizados para a coleta dos dados quanto para a análise dos dados obtidos. 3.1 TIPO DE PESQUISA Utilizando a taxionomia proposta por Vergara (2006), que classifica as pesquisas de acordo com seus fins e seus meios, esta pesquisa teve, de acordo com os seus fins, caráter exploratório, pois tratou de possibilitar a busca de conhecimento em uma área pouco explorada como é o campo do comportamento do consumidor jovem, como atestam Santos e Fernandes (2006, p. 14): “[...] a escolha por este segmento [do consumidor jovem] se deve a escassez de estudos envolvendo essa população, principalmente no Brasil [...]”. 96 Malhotra et al (2005) sugerem que uma pesquisa exploratória é, normalmente, utilizada nos estágios iniciais de um projeto, com a finalidade de formular ou definir um problema com maior precisão e estabelecer prioridades para pesquisas adicionais. Vergara (2006) indica que, por sua natureza de sondagem, uma pesquisa exploratória não comporta a formulação de hipóteses as quais poderão, contudo, surgir ou durante o desenvolvimento da pesquisa ou ao seu final. Considerando os seus meios, esta pesquisa constitui-se de um estudo de campo que, segundo Vergara (2006, p. 47), é uma “investigação empírica no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo”. Para o seu desenvolvimento, sugere a autora, podem ser utilizados como instrumento os questionários. O Quadro 8 apresenta uma visão da caracterização desta pesquisa e indica os autores que a definem. Tipo da pesquisa Instrumento Procedimentos Questionário Malhotra et al (2005) Exploratória Pesquisa de campo Conveniência Quantitativa Vergara (2006) Vergara (1999) Gil (1999) Malhotra et al (2005) Métodos estatísticos Bezerra (2009) Etapa 1: Confirmar as variáveis e analisar e propor adequações ao questionário adaptado, utilizado como base para a construção do instrumento de coleta de dados aplicado na segunda etapa da pesquisa Etapa 2: Identificar quais são os fatores capazes de influenciar os consumidores da Geração Z no processo de decisão de consumo de produtos eletrônicos Meios Amostragem Abordagem Quadro 8 - Caracterização da pesquisa Fonte: Elaborado pelo autor com base na literatura Os métodos e técnicas de pesquisa e coleta e análise de dados indicados, foram escolhidos no intuito de alcançar os objetivos propostos para este estudo, buscando-se o seu direcionamento mais apropriado, a fim de proporcionar a adequada análise dos resultados, considerando, como sugerem Marconi e Lakatos (2010), a busca pela adequação dos métodos e técnicas ao problema a ser estudado e ao tipo de participantes com que se vai ter contato. 3.2 CONFIRMAÇÃO DAS VARIÁVEIS A pesquisa qualitativa é usada, segundo Aaker, Kumar e Day (2007), para descobrir aquilo que o consumidor tem em mente, pois os dados qualitativos são 97 coletados para o estudo de aspectos que não podem ser observados ou medidos de forma direta, como sentimentos, pensamentos, intenções etc. Com os objetivos de analisar e propor adequações ao instrumento que foi adaptado para esta pesquisa e de definir novas variáveis, obtendo, assim, subsídios para desenvolver um instrumento de coleta de dados, foi formado um grupo de seis sujeitos, selecionados de acordo com as características correspondentes ao perfil do grupo estudado. O Quadro 9 apresenta a caracterização desse grupo. Sujeito 1 Sujeito 2 Sujeito 3 Sujeito 4 Sujeito 5 Sujeito 6 Idade 17 19 20 13 15 13 Gênero F M M F F M Rede de ensino Pública Pública Pública Particular Particular Particular Nível Médio Médio Médio Fundam. Médio Fundam. (*) (*) (*) Ano 4 4 4 7 1 7 (*) Curso técnico de nível médio na modalidade subsequente, composto por quatro anos ao invés de três Quadro 9 - Caracterização do grupo formado na primeira etapa Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Tanto para esta primeira etapa quanto para a etapa de aplicação do instrumento de pesquisa, os indivíduos foram selecionados, por conveniência, em duas escolas da cidade do Natal, estado do Rio Grande do Norte, sendo uma da rede pública federal de ensino, situada no bairro do Tirol, e a outra particular, de classe média alta, situada no Bairro de Lagoa Nova. A primeira, considerando a faixa etária do universo da pesquisa, oferece cursos nas modalidades de técnico de nível médio, técnico de nível médio na modalidade subsequente e cursos de graduação tecnológica e formação de professores. A segunda tem seu foco nos níveis fundamental e médio. Inicialmente, através da aplicação da técnica de brainwriting, os participantes foram estimulados a propor variáveis relacionadas a cada um dos estágios do modelo de processo de decisão de consumo que serviu de base para esta pesquisa, logo após terem recebido explicações de como se dá o processo como um todo. A técnica de brainwriting foi utilizada em razão da possibilidade de se conseguir, num curto intervalo de tempo, um elevado número de ideias, obtidas através da interação entre os participantes e com vantagens como a indicação, de forma consistente, de mais e melhores ideias (LUCINDA, 2010; MARCELINO, 1987; THOMPSON, 2003). Seguindo um roteiro previamente definido (Apêndice A), os trabalhos desenvolvidos pelo grupo, em uma primeira sessão, resultaram na indicação de 340 possíveis variáveis para os estágios do processo de decisão de consumo, sendo 35 98 indicações para o estágio de Reconhecimento da necessidade, 59 para o de Busca de informações, 72 para o de Avaliação de alternativas pré-compra, 47 para o de Compra, 46 para o de Consumo, 35 para o de Avaliação pós-consumo e, para o estágio de Descarte, 46 indicações. Uma segunda reunião do grupo foi realizada com o objetivo analisar, confirmar e agrupar as variáveis definidas no primeiro encontro, bem como analisar o questionário de Ferreira (2009). Seguindo um roteiro previamente definido (Apêndice B), essas variáveis foram reunidas e categorizadas de acordo com sua similaridade. Convém salientar que a categorização das variáveis, bem como a definição dos nomes dados às diversas categorias e/ou variáveis, foi fruto do consenso dos participantes do grupo, um dos critérios adotados para a sua análise. 3.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA O questionário utilizado nesta pesquisa foi construído com base nas informações obtidas a partir da confirmação das variáveis obtida nesta primeira etapa e na literatura consultada durante a realização deste estudo. A opção pelo uso desse tipo de instrumento está relacionada ao fato de que o questionário “é o instrumento mais utilizado em pesquisa quantitativa, principalmente em pesquisas de grande escala, como as que se propõem levantar a [...] preferência do consumidor” (ROESCH, 2006, p. 142). O questionário, com questões estruturadas, foi dividido em nove partes, sendo a primeira dedicada à caracterização do indivíduo. Da segunda à oitava partes foram relacionadas as variáveis relativas a cada um dos estágios do processo de decisão de consumo e, por fim, a nona, foi dedicada à caracterização econômica do indivíduo de acordo com o Critério de Classificação Econômica Brasil – CCEB, também conhecido como critério Brasil, atualizado em 2010. Convém salientar que, como afirma Pinheiro (2004), o Critério Brasil não corresponde a uma segmentação por classe social ou estilo de vida e, sim, seu objetivo é o de classificar a população em relação ao seu poder aquisitivo, dividindo- 99 a em classes econômicas, tendo o endosso da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), da Associação Brasileira dos Institutos de Pesquisa de Mercado (Abipeme) e da Associação Nacional das Empresas de Pesquisa (Anep). As categorias de resposta utilizadas por Ferreira (2009) na construção da sua escala de itens (escala Likert) para a avaliação das variáveis da segunda e da sexta partes da sua pesquisa, foram apresentadas ao grupo nesta primeira etapa e, através da análise das suas opções, concluiu-se que praticamente não havia diferença entre “Discordo totalmente” e “Discordo” e entre “Concordo” e “Concordo totalmente”. Desta forma, as categorias foram reformuladas para: Discordo totalmente, Discordo parcialmente, Nem concordo nem discordo, Concordo parcialmente e Concordo totalmente, sendo utilizadas nos estágios de Reconhecimento da Necessidade, Avaliação Pós-Consumo e Descarte. Para o estágio de Busca de Informações as categorias utilizadas foram: Nunca utilizada, Pouco utilizada, Indiferente, Muito utilizada e Sempre utilizada. As categorias aplicadas à escala para os estágios de Avaliação de Alternativas PréCompra, Compra e Consumo foram: Sem importância, Pouca importância, Indiferente, Muita importância e Total importância. Para todos os estágios, a escala construída deixou de considerar o nível “Não respondeu”, utilizado por Ferreira (2009), embora esta possibilidade seja defendida em estudos como os de Alexandre et al (2003), mas não como uma obrigatoriedade. Com relação às variáveis associadas ao estágio de Reconhecimento da necessidade, as questões utilizadas por Ferreira (2009), “Compras para acompanhar e estar na moda”, “Compras por questões sociais, ir a uma festa” e “Compras de vestuário para trabalhar” foram mantidas em sua essência, mas passaram a ter as seguintes redações, respectivamente: Comprar pelo desejo de ter o produto da moda, Comprar para fazer parte de um grupo, porque as outras pessoas têm e Comprar para atender a uma situação de trabalho ou necessidade de uso. A decisão por sua permanência deveu-se ao fato de que, das indicações feitas pelo grupo na primeira etapa, 11,43% representam o grupo Desejo, Moda e Realização, 14,28% referem-se ao grupo Sentido de Pertença e 14,28% ao grupo Uso e Necessidade. 100 No caso da questão “Compras motivada por uma opção interessante na vitrine” [sic] a sua permanência com a redação Comprar por haver encontrado uma opção interessante na vitrine deveu-se ao que afirma Solomon (2008), de que jovens de 18 a 24 anos são mais suscetíveis a realizar este tipo de compra, apesar de não ter havido espontaneamente, durante a realização da análise do grupo, indicação de variável que se pudesse intuir manter relação com compras não-planejadas ou com a compra de produtos eletrônicos por impulso. Foram retiradas as questões “Compras de vestuário para deixá-la mais bonita”, “Compras para complementar itens o seu guarda roupa” [sic], “Compras por questões pessoais/íntimas” e “Compras de vestuário para presentear uma amiga” devido à sua especificidade em relação ao estudo de Ferreira (2009). Para complementar a investigação deste estágio, cinco questões foram acrescentadas: Comprar para permitir a comunicação e a troca de informações, Comprar pela busca de inovação e novas tecnologias, Comprar para demonstrar status, como elemento diferencial e Comprar na busca por entretenimento. A inclusão dessas questões justifica-se a partir das indicações de variáveis pelo grupo, sendo 25,71% relacionadas à busca por novas tecnologias ou produtos mais novos e 11,43% às compras em busca de status ou de um elemento diferencial. O Quadro 10 apresenta uma comparação entre as variáveis propostas por Ferreira (2009) e as variáveis adotadas neste estudo para o estágio de Reconhecimento da necessidade. DIMENSÃO VARIÁVEIS Instrumento adaptado Moda Opção na vitrine Questões sociais Trabalho Reconhecimento da necessidade Q6 Q9 Q11 Q12 Não há equivalência Beleza Complemento Questões pessoais Presentear amiga Instrumento utilizado Moda Opção na vitrine Influência do grupo Necessidade de uso Comunicação Inovação Status Entretenimento Q7 Q8 Q10 Q13 Q5 Q6 Q7 Q8 Q9 Q10 Q11 Q12 Desconsideradas Quadro 10 - Variáveis: estágio de Reconhecimento da necessidade Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Embora a busca por entretenimento tenha recebido apenas uma indicação, a questão Comprar na busca por entretenimento foi apresentada com base no estudo 101 de Alves et al (2004, p. 14), que aponta um elevado uso de produtos eletrônicos para este tipo de atividade, sugerindo que “essas [...] opções de ocupação apresentam um novo perfil de consumo dos adolescentes, revelando transformações culturais características da geração do início do Século XXI”. Para o estágio de Busca de informações, todas as questões foram mantidas, à exceção da questão “Panfletos”, por haver o entendimento do grupo de que este item, no caso de produtos eletrônicos, estaria relacionado ao material promocional encontrado nas próprias lojas. Apesar de terem sido mantidas as questões do instrumento utilizado por Ferreira (2009), as mesmas receberam nova redação, buscando-se a manutenção do seu sentido. A alteração de redação mais significativa ocorreu em relação à questão “Anúncio nas próprias lojas shopping/rua” [sic]. Sua nova redação, Consultando as próprias lojas, no entendimento do grupo, passaria a englobar (além da questão “Panfletos”, anteriormente referida) a opção de consulta aos vendedores, opção esta indicada 10,17% durante a coleta de variáveis para este estágio. Ainda para este estágio, foi possível observar o percentual de 11,86% de indicações relacionadas à possibilidade de se contatar o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) ou técnicos especializados, motivando, assim, a inclusão da questão Entrando em contato com o serviço de atendimento ao consumidor. O Quadro 11 apresenta uma comparação entre as variáveis propostas por Ferreira (2009) e as variáveis adotadas neste estudo para o estágio de Busca de informações. DIMENSÃO Busca de informações VARIÁVEIS Instrumento adaptado Anúncio na loja Q14 Panfleto Q21 TV Q15 Rádio Q16 Jornal Q17 Revista Q18 Outdoor Q19 Internet Q20 Amigos/Parentes Q22 Experiência pessoal Q23 Sem equivalência Questões Q24/28 Instrumento utilizado Loja Q13 TV Rádio Jornal Revista Outdoor Internet Amigos/Familiares Experiência pessoal SAC Desconsideradas Q14 Q15 Q16 Q17 Q18 Q19 Q20 Q21 Q22 Quadro 11 - Variáveis: estágio de Busca de informações Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa 102 Para o estágio de Avaliação de alternativas pré-compra, foram mantidas as questões “A qualidade dos produtos”, “A disposição e a apresentação dos produtos”, “A localização”, “A variedade de opções e de tamanhos” e “A atualidade dos produtos (se estão na moda ou não)” alterando-se a sua redação para A qualidade dos produtos oferecidos, A disposição e a apresentação dos produtos na loja, A facilidade de acesso à loja, A variedade de modelos oferecida e O grau de inovação apresentado pelo produto, respectivamente. Foram agrupadas as questões “O desenvolvimento do serviço de atendimento”, “A rapidez do atendimento”, “A disponibilidade dos atendentes”, “O entendimento cordial e eficiente por parte dos atendentes do que você precisa” [sic], “Atendentes prontos para ajudar os clientes”, “A competência dos atendentes nos serviços prestados”, “O desenvolvimento do serviço de caixa”, “A atenção individual que os atendentes lhe oferecem e “A prestatividade e educação dos atendentes” [sic] como uma única questão com a seguinte redação: A qualidade geral do atendimento prestado. Também foram agrupadas as questões “O desenvolvimento do serviço de trocas” e “A facilidade de acesso” – esta última entendida como a facilidade de acesso aos serviços de garantia – em uma nova questão: A garantia oferecida (tanto pelo fabricante quanto pela loja). As questões “O ambiente físico (aparência da loja, iluminação)” e “A aparência e apresentação pessoal dos vendedores e demais funcionários” foram retiradas e em seu lugar foi formulada outra questão, A confiança depositada na loja ou no vendedor, sendo que esta confiança refere-se, também e principalmente, à reputação da loja e à idoneidade do vendedor. Foram desconsideradas as questões “O número de provadores” e “O horário de atendimento” e, para complementar as questões ligadas a este estágio, foram acrescentadas as seguintes questões: A existência de assistência técnica na localidade onde reside, A possibilidade de diferentes formas de pagamento, O design dos produtos (cor, formato etc.), Os preços praticados, As funções e a funcionalidade dos produtos, A marca dos produtos e A utilidade e as vantagens que o produto pode oferecer. 103 O Quadro 12 apresenta uma comparação entre as variáveis propostas por Ferreira (2009) e as variáveis adotadas neste estudo para o estágio de Busca de informações. VARIÁVEIS DIMENSÃO Avaliação de Alternativas Pré-Compra Instrumento adaptado Qualidade Q29 Apresentação Q30 Localização Q32 Atendimento Q33 Rapidez Q35 Disponibilidade Q37 Entendimento Q38 Prontidão Q40 Competência Q41 Serviço de caixa Q43 Atenção Q44 Prestatividade Q48 Trocas Q36 Garantia Q42 Variedade Q46 Moda Q39 Não há equivalência Ambiente Aparência Provadores Horário Q45 Q47 Q31 Q34 Instrumento utilizado Qualidade do produto Q23 Apresentação Q24 Acesso Q25 Qualidade do atendimento Q26 Garantia Q27 Variedade Inovação Assistência técnica Pagamento Design Preços Funcionalidade Marca Utilidade Q28 Q29 Q30 Q31 Q32 Q33 Q34 Q35 Q36 Confiança Q37 Desconsideradas Quadro 12 - Variáveis: estágio de Avaliação de Alternativas pré-compra Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Das questões apresentadas por Ferreira (2009) para o estágio de Compra, foram agrupadas as questões “Possua qualidade” e “Tenha um padrão de qualidade aceitável” na questão A qualidade do produto; foram também agrupadas as questões “Traga aprovação social”, “Me ajude a me sentir aceitável” [sic], “Melhore a maneira como eu sou percebida”, “Marca tenha aprovação social” e “Cause uma boa impressão nas outras pessoas” na questão O status que a posse do produto pode proporcionar; a questão “Possua preço razoável” foi mantida, mas com a seguinte redação: O preço do produto. Foram desconsideradas as questões “Me faça querer utilizá-la” [sic], “Seja bem confeccionada”, “Seja uma que eu me sentiria relaxada ao vesti-la” [sic], “Seja econômica” e “Tenha um bom acabamento”. As questões “Dure muito tempo” e “Se mantenha como é, constante” [sic] deram origem à questão A durabilidade do produto; as questões “Ofereça boa relação qualidade/preço”, “Seja um bom produto para o preço” e “Marca seja compatível com a qualidade e preço” à questão Uma 104 boa relação custo/benefício; e as questões “Um produto que eu apreciaria”, “Me faça sentir bem” [sic] e “Me de prazer” [sic] foram agrupadas para dar origem à questão A percepção de haver realizado uma boa compra. Com base na análise realizada pelo grupo foram incluídas as questões A confirmação das informações obtidas durante a fase de pesquisa, O desejo de ter o produto, O design do produto (cor, formato etc.), As funções e a funcionalidade do produto, A capacidade do produto de satisfazer as suas necessidades, O atendimento realizado pelo vendedor, A confiança depositada na loja ou no vendedor, A forma de pagamento e A existência de garantia estendia. O Quadro 13 apresenta uma comparação entre as variáveis propostas por Ferreira (2009) e as variáveis adotadas neste estudo para o estágio de Compra. DIMENSÃO VARIÁVEIS Instrumento adaptado Qualidade (49) Q49 Padrão de qualidade (51) Q51 Preço (50) Q50 Aprovação social (52) Q52 Aprovação (64) Q64 Percepção (65) Q65 Marca (67) Q67 Boa impressão (69) Q69 Durabilidade (53) Q53 Constância (55) Q55 Qualidade x Preço (57) Q57 Produto x Preço (62) Q62 Marca x Preço (68) Q68 Não há equivalência Compra Ser apreciável (54) Bem estar (58) Prazer (59) Q54 Q58 Q59 Não há equivalência Vontade de utilizar (56) Confecção (60) Relaxamento (61) Economia (63) Acabamento (66) Não planejada (70) a (76) Q56 Q60 Q61 Q63 Q66 Q70/76 Instrumento utilizado Qualidade Q38 Preço Q39 Status Q40 Durabilidade Q41 Custo/benefício Q42 Informações Desejo Q43 Q44 Percepção Q45 Design Funcionalidade Necessidades Atendimento Confiança Pagamento Garantia Q46 Q47 Q48 Q49 Q50 Q51 Q52 Desconsideradas Quadro 13 - Variáveis: estágio de Compra Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa As questões que compõem o instrumento de coleta de dados no que diz respeito ao estágio de Consumo foram desenvolvidas todas com base na análise do grupo, pois no instrumento utilizado por Ferreira (2009) não foi possível identificar 105 nenhuma variável correspondente. Dessa forma, A confirmação das expectativas existentes antes da compra, O produto atender às suas necessidades, A facilidade de uso do produto e A qualidade geral do produto formam o conjunto de questões utilizadas para analisar este estágio. O Quadro 14 apresenta uma comparação entre as variáveis propostas por Ferreira (2009) e as variáveis adotadas neste estudo para o estágio de Consumo. VARIÁVEIS DIMENSÃO Instrumento adaptado Consumo Instrumento utilizado Expectativas Percepção Usabilidade Qualidade Não há equivalência Q53 Q54 Q55 Q56 Quadro 14 - Variáveis: estágio de Consumo Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Para o estágio de Avaliação pós-consumo as questões As informações que recebi sobre o produto corresponderam à realidade, O produto deixou de ser atraente/útil, pois foi lançado um novo produto, A qualidade geral do produto correspondeu à esperada antes da compra, Reconheci ter feito uma boa compra, Eu me senti mais valorizado pelas pessoas após ter comprado o produto e O produto comprado realmente atendeu à minhas necessidades formam o conjunto de variáveis. O Quadro 15 apresenta uma comparação entre as variáveis propostas por Ferreira (2009) e as variáveis adotadas neste estudo para o estágio de Avaliação pós-consumo. VARIÁVEIS DIMENSÃO Instrumento adaptado Não há equivalência Avaliação pós-consumo Satisfação global Fidelização Sugestões de melhora Q77/86 Q87/106 Q107/112 Instrumento utilizado Informações Q57 Inovação Q58 Qualidade Q59 Percepção Q60 Status Q61 Satisfação Q62 Desconsideradas Quadro 15 -Variáveis: estágio de Avaliação pós-consumo Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa As questões utilizadas para analisar o estágio Descarte foram Se não me sentir mais valorizado por ter o produto, eu o descarto, Se interessar-me por novos 106 produtos, eu considero o seu descarte, Se o produto deixou de ser útil/funcional, eu o descarto, Eu conheço as maneiras corretas de descartar um produto eletrônico, Se o produto não me serve mais eu faço uma doação, Se o produto não me serve mais eu considero vendê-lo e Se o produto deixou de ser útil/funcional eu considero emprestá-lo. O Quadro 16 apresenta uma comparação entre as variáveis propostas por Ferreira (2009) e as variáveis adotadas neste estudo para o estágio de Descarte. VARIÁVEL DIMENSÃO Instrumento adaptado Descarte Não há equivalência Instrumento utilizado Status Inovação Uso Adequação Doação Venda Empréstimo Q63 Q64 Q65 Q66 Q67 Q68 Q69 Quadro 16 - Variáveis: estágio de Descarte Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa O questionário completo, incluindo as perguntas feitas no sentido de caracterizar o indivíduo, as variáveis relacionadas a cada estágio do processo de decisão de consumo e as perguntas associadas à classificação econômica dos respondentes encontra-se no Apêndice C. 3.4 UNIVERSO E AMOSTRA Para permitir a consecução da segunda etapa desta pesquisa, procedeu-se, inicialmente, ao cálculo da amostra que seria representativa do seu universo. Malhotra et al (2005) e Aaker, Kumar e Day (2007) sugerem que o universo de uma pesquisa seja descrito em termos de parâmetros, elementos, unidades de amostra e área de cobertura. Assim, considerando parâmetros demográficos – idade, gênero, escolaridade e local de moradia –, foi definido como sendo o universo desta pesquisa os indivíduos com idade entre 12 e 20 anos, de ambos os sexos (elementos), regularmente matriculados na rede pública ou particular de ensino 107 (unidades de amostra) e residentes e domiciliados na cidade do Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte (área de cobertura), num total de 168.801 pessoas. Para a definição desse número, foram considerados, em um primeiro momento, os dados do Censo 2000 (BRASIL: IBGE, 2010a) que apontam para um número de 151.014 indivíduos na faixa etária considerada, residentes na cidade do Natal naquele ano ou, aproximadamente, 21% da população total brasileira. Como até o momento da redação final desta pesquisa somente haviam sido disponibilizados pelo IBGE os dados relativos à população total do país, regiões, estados e cidades, sem indicar a sua divisão por faixas etárias, foi considerada a aplicação do mesmo percentual de 21% sobre a população da cidade do Natal em 2010, equivalente a 803.811 pessoas (BRASIL: IBGE, 2010c), resultando no número apresentado. A Tabela 4 resume os valores relativos ao cálculo do tamanho do universo. Tabela 4 - Cálculo do universo da pesquisa Ano 2000 2010 População de Natal 712.317 (1) População de interesse 151.014 (1) Percentual 803.811 (2) 168.801 (3) 21% - (1) Dados do Censo 2000 (2) Dado do Censo 2010 (3) Estimava Fonte: Elaborada pelo autor com base na literatura A definição da faixa etária estudada foi necessária em função de dois aspectos. O primeiro, sendo a Geração Z formada pelos indivíduos nascidos a partir de 1990 e considerando que a fase de coleta de dados da pesquisa ocorreria no ano de 2010, implicava impor um limite superior de idade correspondente a 20 anos. O segundo, considerando que com menos de 12 anos um indivíduo é definido como criança (BRASIL, 1990) e devido às especificidades associadas ao comportamento de consumo infantil, implicava, também, em um limite inferior correspondente a 12 anos. A Figura 18 representa, esquematicamente, a definição dos limites da faixa etária na qual os indivíduos estudados foram enquadrados. 108 Faixa etária estudada Idade (anos) 1990 1991 1992 1999 2000 2001 2002 2003 2007 2008 2009 2010 0 1 2... ...9 10 11 12 13... ...17 18 19 20 Criança Adolescente Marco zero da Geração Z Figura 18 - Definição da idade da população em estudo Fonte: Elaborada pelo autor com base na literatura A amostra utilizada foi do tipo não-probabilística selecionada por acessibilidade ou conveniência. Segundo Gil (1999), amostras não-probabilísticas não apresentam fundamentação estatística e dependem exclusivamente de critérios do pesquisador, o que pode levar a resultados mais críticos em relação à validade dos seus resultados, posição corroborada por Aaker, Kumar e Day (2007) ao afirmarem que os resultados obtidos por esse tipo de amostragem podem conter incertezas ou vieses escondidos, embora concordem todos os autores que esse método é comumente utilizado e de maneira legítima e efetiva. O tamanho da amostra foi calculado, inicialmente, considerando-se a abordagem quantitativa da pesquisa e o uso da Análise Fatorial (AF) como uma das formas de tratamento e análise dos dados. De acordo com Hair et al (1998), nesses casos, deve-se considerar uma amostra de tamanho correspondente a quatro ou cinco vezes o número total de variáveis utilizadas para a investigação. Dessa forma, no caso desta pesquisa, a amostra deveria corresponder a, no mínimo, 260 indivíduos (considerando o total de 65 variáveis utilizadas). Esse valor foi confirmado através da utilização da fórmula para cálculo de amostras em um universo infinito (acima de 100.000 elementos) que considera como fatores (1) o nível de confiança estabelecido, (2) o erro máximo permitido e (3) a percentagem com que o fenômeno se verifica. Considerando o cálculo para a definição do tamanho da amostra como sendo = onde p. q corresponde ao tamanho da amostra; corresponde ao nível de confiança escolhido, p corresponde à percentagem com que o fenômeno de verifica; 109 q corresponde à percentagem complementar (100 - p) e corresponde ao erro máximo permitido, teremos, aplicando a fórmula, a seguinte equação = 2 . 21 . 79 4 . 21 . 79 6636 = = = 265,44 5 25 25 ou seja, o tamanho da amostra resultou em 266 elementos, arredondando-se o valor encontrado para o número inteiro imediatamente superior. Convém observar que, para o cálculo demonstrado, o nível de confiança escolhido foi o de 95,5% equivalente a dois desvios-padrão. 3.5 COLETA DOS DADOS Atendendo ao padrão da amostra, foram preenchidos 270 questionários, sendo que, destes, apenas 250 foram tabulados. Os 20 restantes (menos de 10% do total) foram invalidados por erros no seu preenchimento: 12 deles apresentavam respostas com mais de uma opção marcada e os demais não apresentavam resposta a pelo menos uma das variáveis. Esse percentual apresenta-se bem abaixo dos índices de erro equivalentes a 30% ou 35% apontados por Aaker, Kumar e Day (2007) para problemas relacionados às respostas de preenchimento de questionários longos. Conforme Chizzotti (2005), os questionários, em geral, antes de serem aplicados, devem ser testados, ou seja, são respondidos por presumíveis informantes, com a finalidade de que sejam detectados possíveis problemas relacionados à linguagem, estrutura lógica ou outras circunstâncias que possam vir a prejudicar a sua aplicação. Da mesma forma, Gil (1999) e Malhotra et al (2005) indicam a necessidade de realização dos pré-testes. O primeiro salientando que, dessa forma, imprecisões na redação ou a complexidade das questões, por exemplo, podem ser eliminadas e, o segundo, que mesmo o melhor questionário pode vir a ser aperfeiçoado após a execução de pré-testes. 110 Ao contrário, Richardson (1999) sugere que, mesmo entendendo a importância do pré-teste, a sua aplicação em pesquisas no campo das Ciências Sociais pode representar, por parte do pesquisador, desconhecimento ou afastamento da realidade, indicando que, para resolver esse problema, existe a pesquisa exploratória, como foi o caso deste estudo. Mesmo não existindo consenso entre os autores com relação à necessidade de execução de pré-testes, como o seu objetivo – e nesse sentido existe concordância entre os autores – é o de, entre outros, corrigir possíveis falhas existentes, permitindo que as questões sejam apresentadas de forma clara e precisa, ou seja, identificar e eliminar possíveis problemas, o questionário foi apresentado a um grupo de dez respondentes para que os mesmos o preenchessem e procedessem a uma avaliação do mesmo em termos de dificuldades de interpretação ou preenchimento. Em função das observações desse grupo, procedeu-se a uma alteração de layout no conjunto de questões que visam à caracterização dos respondentes. As demais questões foram dadas pelos participantes como claras e objetivas. Após essa alteração, os questionários foram aplicados durante o mês de dezembro de 2010 nas escolas selecionadas, para grupos de alunos condizentes com o perfil da amostra, durante os intervalos das suas atividades discentes, em sala de aula e com a devida anuência dos Coordenadores. Antes da distribuição dos questionários os participantes recebiam uma breve explicação dos objetivos da pesquisa e sobre a forma de preencher o questionário. 3.6 TABULAÇÃO E TRATAMENTO DOS DADOS Para a tabulação e tratamento dos dados, obtidos a partir dos questionários preenchidos e válidos, foi utilizado, além do aplicativo Microsoft Office Excel, o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), com o objetivo de levantar as respostas para as questões desta pesquisa através da Análise Fatorial (AF), um método de análise multivariado que opera simultaneamente sobre todas as variáveis avaliadas ou mensuradas em um levantamento amostral, com a 111 finalidade de buscar a redução do conjunto das variáveis a dimensões ou fatores, de forma resumir a informação abundante e sem perder a capacidade explicativa. Em resumo, é uma técnica estatística que busca, através da avaliação de um conjunto de variáveis, a identificação de dimensões de variabilidade comuns existentes em um conjunto de fenômenos; o intuito é desvendar estruturas existentes, mas que não observáveis diretamente (BEZERRA, 2009, p. 74). Cada uma dessas dimensões recebe o nome de fator, e um dos objetivos principais da AF, segundo Bezerra (2009), é a tentativa de descrever um conjunto de variáveis originais criando, para isso, um conjunto menor de fatores ou dimensões, resultado necessário quando se considera, por exemplo, pesquisas de marketing, nas quais, normalmente, um considerável número de variáveis se inter-relacionam e, dessa forma, podem e devem ser reduzidas a um número que seja passível de gerenciamento. A modalidade de AF utilizada foi a Análise Fatorial Confirmatória (AFC), entendendo que a sua finalidade era a de confirmar o relacionamento entre as variáveis definidas para este estudo (tanto pela literatura quanto pela confirmação das mesmas e análise do instrumento adaptado realizadas junto ao grupo formado com essa finalidade) com as suas respectivas dimensões (estágios do modelo de decisão de consumo), não objetivando a definição de grupos de fatores. De acordo com Malhotra (2004), para assegurar que a AF corresponda a uma ferramenta adequada para o tratamento dos dados, é necessária a realização do teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) o qual indica que valores entre 0,5 e 1 determinam ser a AF apropriada para o caso. Inicialmente, porém, a fim de permitir uma análise descritiva dos resultados, foram calculados a média e o desvio padrão dos escores das respostas dadas a cada uma das variáveis, em cada uma das dimensões (estágios) do modelo de comportamento de consumo utilizado. Em seguida, todas as variáveis foram agrupadas, de forma a permitir o entendimento do seu grau de importância em relação ao processo como um todo. 112 4 RESULTADOS 4.1 RESULTADOS E ANÁLISE DA ETAPA 1 Os resultados apresentados na Etapa 1 – Confirmação das variáveis estão demonstrados nas tabelas de números 5 a 11 apresentadas a seguir. Na coluna “Variável/frequência” estão listadas as variáveis indicadas durante o processo de brainwriting. A segunda coluna, “Grupo”, representa o agrupamento das variáveis consideradas afins. O percentual indicado na terceira coluna refere-se ao número de variáveis presentes em cada grupo em relação ao número total de variáveis elencadas para cada estágio. O número apresentado ao lado de cada variável indica o número de vezes que essa variável foi indicada durante o processo de brainwriting. Com relação ao estágio de Reconhecimento da necessidade, os resultados demonstram que existe uma preocupação mais acentuada do grupo em relação às questões ligadas à inovação, qualidade e tecnologia presente nos produtos (28,57%) e, também, à possibilidade de permitir a comunicação e o acesso informação (17,14%), conforme pode ser visto na Tabela 5. Tabela 5 - Confirmação das variáveis: Reconhecimento da necessidade VARIÁVEL / FREQUÊNCIA Entretenimento (1) Desejo de ter objeto da moda (2) Satisfação pessoal (1) Vontade de possuir, pela própria posse (1) Como elemento diferencial (2) Por status (2) Adequar-se ao mercado de trabalho (1) Necessidade de uso (4) Para pertencer a um grupo / sociedade (2) Para sentir-se mais popular (1) Porque as outras pessoas têm (2) Armazenar, atualizar e transmitir informações (5) Para ampliar meus conhecimentos (1) Busca por inovação e novas tecnologias (5) Qualidade superior do equipamento (1) Troca por equipamento mais novo (4) GRUPO % Entretenimento Desejo Moda Realização 2,86% 11,43% Status 11,43% Uso Necessidade 14,28% Sentido de pertença 14,28% Comunicação Informação Inovação Qualidade Tecnologia Total de indicações: 35 Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa 17,14% 28,57% 100% à 113 Para este estágio, durante o processo de brainwriting, foram feitas, ao todo, 35 indicações. Depois de devidamente agrupadas, o resultado correspondeu a 16 variáveis. As variáveis mais indicadas durante o processo foram Necessidade de uso (4), Armazenar, atualizar e transmitir informações (5), Busca por inovação e novas tecnologias (5) e Troca por um equipamento mais novo (4). Com relação ao estágio de Busca de informações, percebe-se que as mídias tradicionais assim como a internet foram muito lembradas (44,07%), mas um dado que chama a atenção é a indicação dos vendedores das lojas (cujo grupo alcançou 25,42% das indicações) como elemento mais importante do que os amigos e familiares (cujo grupo alcançou 20,34% das indicações). Se considerados individualmente, Amigos e Familiares receberam, cada um, três indicações e Vendedores das lojas, seis, conforme pode ser visto na Tabela 6. Tabela 6 - Confirmação das variáveis: Busca de informações VARIÁVEL / FREQUÊNCIA Patrocinadores de eventos (1) Artigos (2) Classificados (2) Lista de mais vendidos* (1) Amigos (3) Colegas de trabalho (1) Familiares (3) Quem já possui (inespecífico) (4) Professores (1) Folhetos** (2) Serviço de atendimento ao consumidor (4) Técnicos eletrônicos (3) Vendedores das lojas (6) Carros de som (1) Internet (5) Outdoors (1) Propaganda (inespecífico) (2) Propaganda em jornal (4) Propaganda em rádio (4) Propaganda em revista (5) Propaganda na TV (4) Também através da internet Encontrados nas lojas especializadas Total de indicações: 59 * ** GRUPO % Patrocínio 1,69% Revistas especializadas 8,47% Amigos Familiares Outras pessoas 20,34% Lojas Assistência técnica SAC 25,42% Internet Propaganda 44,07% 100% Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Para este estágio, durante o processo de brainwriting, foram feitas, ao todo, 59 indicações. Depois de devidamente agrupadas, o resultado correspondeu a 21 variáveis. As variáveis mais indicadas durante o processo foram Quem já possui (4), Serviço de atendimento ao consumidor (4), Vendedores das lojas (6), Internet (5), Propaganda em jornal (4), rádio (4), revista (5) e na TV (4). 114 Com relação ao estágio de Avaliação de alternativas pré-compra percebe-se que a quase totalidade das indicações está relacionada com as características do produto (51,39%) ou com questões ligadas ao fornecedor (44,44%). Pode-se entender ainda que, embora o grupo tenha estabelecido a divisão das variáveis de acordo com o que pode ser visto na Tabela 7, se for considerado o fato de que a garantia, as promoções, e as formas de pagamento estão, de certa forma, ligadas aos produtos em si, o grupo Produto assumirá um importância ainda mais elevada, considerando-se esse estágio. Tabela 7 - Confirmação das variáveis: Avaliação de alternativas pré-compra VARIÁVEL / FREQUÊNCIA Percepção do produto (1) Ter uma loja autorizada na cidade (2) Acessibilidade à loja (4) Atendimento do vendedor (5) Burocracia (3) Confiança na loja ou no vendedor (6) Formas de pagamento e outras facilidades (6) Garantia (6) Promoções (1) Rapidez do serviço (1) Beleza (2) Cor (2) Durabilidade do produto (3) Formato (2) Fragilidade do produto (1) Funções e funcionalidade (4) Marca (4) Preço (6) Qualidade (5) Ser de última geração (3) Utilidade (2) Vantagens do produto (3) Total de indicações: 72 GRUPO % Consumidor 1,39% Assistência técnica 2,78% Fornecedor 44,44% Produto 51,39% 100% Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Para este estágio, durante o processo de brainwriting, foram feitas, ao todo, 72 indicações. Depois de devidamente agrupadas, o resultado correspondeu a 22 variáveis. As variáveis mais indicadas durante o processo foram Atendimento do vendedor (5), Confiança na loja ou vendedor (6), Formas de pagamento e outras facilidades (6), Garantia (6), Funções e funcionalidade (4), Marca (4), Preço (6) e Qualidade (5). Com relação ao estágio de Compra, há uma equivalência dos resultados obtidos no estágio anterior. Os grupos com maior número de indicações são os que apresentam as variáveis relacionadas com o produto em si (40,42%) e com o fornecedor (38,30%), conforme pode ser visto na Tabela 8. 115 Tabela 8 - Confirmação das variáveis: Compra VARIÁVEL / FREQUÊNCIA GRUPO % Veracidade das informações obtidas (1) Comunicação 2,13% Relação custo-benefício (1) Valor de revenda (2) Custo para o consumidor 6,38% Desejo de ter o produto (3) Percepção (2) Status (1) Consumidor 12,77% Design (2) Durabilidade do produto (1) Funções e funcionalidade (2) Preço (4) Qualidade do produto (4) Utilidade / Satisfação das necessidades (5) Atendimento antes e durante a compra (8) Burocracia (2) Confiança (1) Formas de pagamento e outras facilidades (7) Garantia estendida (1) Total de indicações: 47 Produto 38,30% Fornecedor 40,42% 100% Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Para este estágio, durante o processo de brainwriting, foram feitas, ao todo, 47 indicações. Depois de devidamente agrupadas, o resultado correspondeu a 17 variáveis. As variáveis mais indicadas durante o processo foram Preço (4), Utilidade/Satisfação das necessidades (5), Atendimento antes e durante a compra (8) e Formas de pagamento e outras facilidades (7). Um resultado que chama a atenção está relacionado ao fator Status, indicado apenas uma vez como elemento influenciador neste estágio do processo de decisão de consumo. Com relação ao estágio de Consumo, percebe-se que a grande prioridade do grupo foi dada, também, à características ligadas ao produto em si (76,09%), conforme pode ser visto na Tabela 9. Tabela 9 - Confirmação das variáveis: Consumo VARIÁVEL / FREQUÊNCIA GRUPO % 2,17% Inovação (1) Tecnologia Status (2) Expectativas / Percepção (5) Realização (3) Consumidor 21,74% Funções e funcionalidade (8) Utilidade / Satisfação das necessidades (18) Durabilidade (2) Qualidade (4) Resistência (3) Total de indicações: 46 Produto 76,09% 100% Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Para este estágio, durante o processo de brainwriting, foram feitas, ao todo, 46 indicações. Depois de devidamente agrupadas, o resultado correspondeu a nove 116 variáveis. As variáveis mais indicadas durante o processo foram Expectativas/Percepção (5), Funções/Funcionalidade (8) e Utilidade/Satisfação das Necessidades (18). Um resultado que chama a atenção está relacionado ao fator Inovação, indicado apenas uma vez como elemento influenciador neste estágio do processo de decisão de consumo. Com relação ao estágio de Avaliação pós-consumo, percebe-se que as indicações do grupo voltaram-se, em sua maioria, para questões ligadas ao consumidor (48,57%), conforme pode ser visto na Tabela 10. Tabela 10 - Confirmação das variáveis: Avaliação pós-consumo VARIÁVEL / FREQUÊNCIA GRUPO % Comprovação das informações (2) Comunicação 5,71% Surgimento de novos produtos/nova tecnologia (4) Tecnologia 11,43% Garantia (4) Fornecedor 11,43% Durabilidade do produto (2) Qualidade comprovada depois da compra (6) Produto 22,86% Percepção (6) Realização / Status (5) Utilidade / Satisfação das necessidades / (6) Total de indicações: 35 Consumidor 48,57% 100% Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Para este estágio, durante o processo de brainwriting, foram feitas, ao todo, 35 indicações. Depois de devidamente agrupadas, o resultado correspondeu a oito variáveis. As variáveis mais indicadas durante o processo foram Qualidade comprovada depois da compra (6), Percepção (6), Realização/Status (5) e Utilidade/Satisfação das necessidades (6). Com relação ao estágio de Descarte, devem ser destacados dois resultados. O primeiro está relacionado aos grupos Descarte propriamente dito, o qual recebeu praticamente a metade das indicações (47,83%), e Produto (21,80%), evidenciando mais uma vez, nesse último caso, a importância dada às características intrínsecas dos produtos em praticamente todos os estágios do processo de decisão de consumo. O segundo resultado está relacionado ao elevado número de indicações (17) relacionadas com a possibilidade de descarte efetivo do produto, através de ações como revenda, aluguel ou doação, sendo que, no caso da possibilidade de doação, merecem destaque as indicações feitas pelo grupo durante o processo de brainwriting no sentido de doar o produto a pessoas carentes, caso ele ainda 117 funcione, e doar a pessoas que necessitem do produto, caso ele não seja mais necessário, correspondendo às mudanças em relação às atitudes sociais dos jovens, indicadas na pesquisa Adolescentes e jovens do Brasil: participação social e política (UNICEF, 2007). Tabela 11 - Confirmação das variáveis: Descarte VARIÁVEL / FREQUÊNCIA Realização / percepção / status (7) Entrada de novos produtos no mercado (5) Facilidades para aquisição de novo produto (2) Utilidade / funcionalidade (10) Descarte apropriado (5) Revenda / aluguel / doação (17) GRUPO % Consumidor 15,22% Novos produtos 15,22% Produto 21,80% Descarte propriamente dito 47,83% Total de indicações: 46 100% Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Para este estágio, durante o processo de brainwriting, foram feitas, ao todo, 46 indicações. Depois de devidamente agrupadas, o resultado correspondeu a seis variáveis. As variáveis Realização/percepção/status mais indicadas (7), durante o processo Utilidade/funcionalidade (10) foram e Revenda/aluguel/doação (17). A Tabela 12 apresenta um resumo da Etapa 1 deste estudo, no que diz respeito às fases de confirmação e de agrupamento das variáveis, relacionadas a cada um dos estágios do processo de decisão de consumo. Através da sua análise percebe-se que na fase de confirmação, realizada através do processo de brainwriting, foram indicadas, ao todo, 340 variáveis as quais, uma vez agrupadas, resultaram num total de 99 variáveis. Tabela 12 - Resumo da Etapa 1 Confirmação das variáveis (indicações) Reconhecimento da necessidade Busca de informações Avaliação de alternativas pré-compra Compra Consumo Avaliação pós-consumo Descarte TOTAL 35 59 72 47 46 35 46 340 10,29% 17,35% 21,18% 13,83% 13,53% 10,29% 13,53% 100% Agrupamento das variáveis 16 21 22 17 9 8 6 99 Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa 16,17% 21,21% 22,22% 17,17% 9,09% 8,08% 6,06% 100% 118 A acentuada redução no número de variáveis após o processo de agrupamento, foi resultado do elevado número de repetições ou de similaridade entre as indicações apresentadas. No caso da fase de confirmação das variáveis, excetuando-se os estágios de Busca de informações e de Avaliação de alternativas pré-compra, que contam com 59 e 72 indicações, respectivamente, os demais estágios não apresentaram elevada variação entre o número de indicações recebidas. Contudo, uma vez agrupadas as variáveis, identifica-se uma elevada concentração nos estágios de pré-compra (Reconhecimento da necessidade, Busca de informações e Avaliação de alternativas pré-compra) e de compra propriamente dita, fato esse que pode trazer um maior entendimento sobre essas fases considerando que, de acordo com Schiffman e Kanuk (2000), em relação ao comportamento do consumidor, grande parte dos estudos concentra-se nas questões pós-consumo. Ainda como resultados desta etapa da pesquisa, merecem destaque fatores que, de certa forma, contrariaram a literatura (ALVES et al, 2004; KOTLER; ARMSTRONG, 2003; LIMEIRA, 2008; MOWEN; MINOR, 2003; SCHIFFMAN; KANUK, 2000; SOLOMON, 2008) e estão relacionados ao fato de que poucas foram as indicações ligadas a entretenimento, desejo por produtos ditos da moda, percepção de status ou necessidade de aceitação do indivíduo em determinadas tribos, embora, neste último caso, na visão de outros autores (BARBOSA; CAMPBELL, 2006; BARBOSA; CERBASI, 2009; BORGES; DENARDI, 2010) essas tribos estejam se diluindo e formando uma única aldeia global, devido ao acesso dos jovens à informação e às diversas formas de conexão. 4.2 RESULTADOS E ANÁLISE DA ETAPA 2 4.2.1 Descrição dos sujeitos Dos 270 questionários aplicados para a coleta de dados desta etapa da pesquisa, após descartados os questionários inválidos, a amostra ficou constituída 119 por 250 respondentes. A média de produtos comprados correspondeu a 2,15 e, com relação ao gênero dos respondentes, houve predominância do sexo feminino, com 56,80% dos respondentes, conforme pode ser visto na Tabela 13. Tabela 13 - Gênero dos respondentes Masculino 108 Feminino 142 56,80% 250 100,00% TOTAL 43,20% Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa A média de idade dos respondentes equivaleu a 16 anos, 3 meses e 29 dias e, a moda, a 18 anos. A Tabela 14 apresenta os percentuais relativos a cada idade considerada para a composição da amostra. Levando-se em conta os três maiores grupos, aproximadamente 50% da amostra concentrou-se entre idades de 18 anos (18,80%), 17 anos (15,60%) e 15 anos (16,00%). Tabela 14 - Idade dos respondentes Média 16 anos, 3 meses e 29 dias Mínima 12 Máxima 20 Por idade % 12 18 7,20% 13 14 16 23 6,40% 9,20% 15 16 17 40 25 39 16,00% 10,00% 15,60% 18 19 20 47 12 30 18,80% 4,80% 12,00% 250 100,00% TOTAL Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Estudam em instituição pública 58,40% dos respondentes, conforme pode ser visto na Tabela 15. Tabela 15 - Tipo de instituição Pública Particular TOTAL 146 104 58,40% 41,60% 250 100,00% Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Prevaleceram os participantes que estão cursando o ensino médio. Convém salientar que no código Outro, utilizado na tabulação dos dados relativos ao ensino 120 médio, estão representados os alunos que frequentam os cursos técnicos na modalidade subsequente, ofertados pela escola da rede pública federal de ensino, que têm duração de quatro anos, ao invés de três, como no caso da escola particular. Este grupo representa 27,20% dos respondentes (68 sujeitos). Compondo os grupos mais representativos, aparecem os respondentes que cursam também o ensino médio, mas no primeiro e segundo anos, correspondendo a, respectivamente, 19,60% e 14,40%), ou 49 e 36 sujeitos, conforme pode ser visto na Tabela 16. Tabela 16 - Escolaridade Ensino Fundamental Total: 63 Ensino Médio Total: 172 Ensino Superior Total: 15 6 14 5,60% 7 8 18 19 7,20% 7,60% 9 12 4,80% 1 2 49 36 19,60% 14,40% 3 Outro 19 68 7,60% 27,20% 1 2 3 8 6 1 3,20% 2,40% 0,40% 250 100,00% TOTAL Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Com relação à classe econômica, os respondentes concentraram-se nas classes A2 (principalmente) e B1 e B2, conforme pode ser visto na Tabela 17. Tabela 17 - Classificação segundo o critério Brasil Média (R$) Total de respondentes por classe econômica TOTAL 5.135,11 Mínima (R$) 403,00 Máxima (R$) 14.366,00 % A1 11 4,40% A2 93 37,20% B1 44 17,60% B2 45 18,00% C1 34 13,60% C2 19 7,60% D 3 1,20% E 1 0,40% 250 100,00% Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa O número de produtos adquiridos foi mais significativo na classe A2, com 44,05%, conforme pode ser visto na Tabela 18. Esse valor, contudo, não pode ser tomado como vantagem, visto que a classe A2 é a classe mais numerosa presente 121 na pesquisa, com 37,20% dos respondentes (Tabela 17). Em seguida, em termos de número de produtos adquiridos, aparecem as classes B1 com 20,63% e B2 com 16,36%. Tabela 18 - Aquisição de produtos por classe econômica A1 28 5,20% A2 237 44,05% B1 111 20,63% B2 88 16,36% C1 41 7,62% C2 28 5,20% D 5 0,93% E 0 0,00% 538 100,00% TOTAL Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Os respondentes mantiveram praticamente a mesma proporção com relação à aquisição de produtos se comparados os gêneros, conforme pode ser visto na Tabela 19, derrubando uma suposição feita durante a tabulação dos dados de que o gênero masculino apresentaria uma tendência superior de compra. Tabela 19 - Aquisição de produtos por gênero Masculino 135 Feminino 175 43,55% 56,45% TOTAL 310 100,00% Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa O total correspondente a 310 justifica-se pela possibilidade de compra de mais de um produto. 4.2.2 Análise descritiva Conforme pode ser visto na Tabela 20, a análise das respostas apresentadas às variáveis relacionadas ao estágio de Reconhecimento da necessidade – associadas à pergunta Quais razões levariam você a comprar um produto eletrônico? – demonstra que uma grande parcela dos respondentes afirmou não realizar suas compras motivados pela moda (35,60%). Esse percentual torna-se 122 ainda mais significativo (60,80%) se forem analisadas em conjunto as respostas discordo totalmente e discordo parcialmente. Ao contrário, apenas 2% demonstraram ser totalmente influenciados pela moda (concordo totalmente). Existiu um equilíbrio entre as respostas daqueles que, de alguma forma, sentem-se motivados a realizar uma compra por haver encontrado uma opção interessante de produto nas vitrines (38,80%) e os que demonstram, da mesma forma, não se sentirem influenciados (32,80%). Foi elevado o percentual dos respondentes que demonstraram discordar totalmente do fato de que realizam suas compras apenas pelo fato de que outras pessoas dos seus grupos de referência os têm (63,20%). Ao considerar as respostas discordo totalmente e discordo parcialmente, esse percentual chega a aproximadamente 75%. Aqueles que demonstraram receber alguma influência dessa variável (considerando as respostas concordo totalmente e concordo parcialmente) correspondem a 11,20%. Tabela 20 - Frequência das respostas: Reconhecimento da necessidade RECONHECIMENTO DA NECESSIDADE 1 2 3 4 5 TOTAL F % F % F % F % F % Desejo de ter o produto da moda Opção interessante na vitrine 89 54 35,60 21,60 63 28 25,20 11,20 39 71 15,60 28,40 54 59 21,60 23,60 5 38 2,00 15,20 250 250 100,00 100,00 Para fazer parte de um grupo Situação de trabalho/necessidade Comunicação/Informação 158 8 8 63,20 3,20 3,20 29 8 9 11,60 3,20 3,60 35 7 29 14,00 2,80 11,60 15 47 66 6,00 18,80 26,40 13 180 138 5,20 72,00 55,20 250 250 250 100,00 100,00 100,00 Inovação/novas tecnologias Status/elemento diferencial 20 145 8,00 58,00 27 60 10,80 24,00 59 27 23,60 10,80 80 10 32,00 4,00 64 8 25,60 3,20 250 250 100,00 100,00 8 3,20 18 7,20 57 22,80 96 38,40 71 28,40 1=Discordo totalmente 2=Discordo parcialmente 3=Nem concordo nem discordo 4=Concordo parcialmente 5=Concordo totalmente 250 100,00 Entretenimento Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa A motivação de atender a uma situação de trabalho ou necessidade de uso influenciam pouco mais de 90% dos respondentes. Desse percentual, 72% apresentaram a resposta concordo totalmente. Apenas 3,2% foi o percentual de respostas discordo totalmente, mesmo percentual encontrado para a resposta discordo parcialmente. Mais da metade das respostas obtidas para a variável correspondente à possibilidade de comunicação e troca informações está associada à opção concordo totalmente. Esse percentual alcança mais de 80%, se consideradas as respostas concordo totalmente e concordo parcialmente. Aproximadamente 60% dos 123 respondentes (considerando as respostas concordo totalmente e concordo parcialmente) se disseram influenciados pela inovação e tecnologias associadas aos produtos eletrônicos, havendo uma prevalência (32%) das respostas concordo parcialmente. Do total de respondentes, 58% demonstraram não efetuar suas compras motivados pela busca de um diferencial ou com a intenção de usar o produto como símbolo de status, sendo que, ao considerar as respostas discordo totalmente e discordo parcialmente, esse percentual chega a 82%, enquanto menos de 10% demonstraram considerar essas opções sendo que, destes, 3,2% concordaram totalmente com essa possibilidade. Considerando a variável entretenimento, aproximadamente 70% dos respondentes demonstraram ser esse um fator de motivação, dos quais 28,4% demonstraram concordar totalmente com a afirmação. Conforme pode ser visto na Tabela 21, com relação às variáveis relacionadas ao estágio de Busca de informações – associadas à pergunta De que forma você buscaria informações sobre um produto eletrônico que pretendesse comprar? –, percebe-se, pelos dados apresentados, que os respondentes consideram como fontes mais efetivas de informações sobre produtos eletrônicos, pela ordem e considerando as respostas concordo totalmente e concordo parcialmente, a internet (88,60%), a indicação de amigos e familiares (73,20%) e aquelas conseguidas na própria loja (68,40%). As experiências adquiridas em compras anteriores influenciam 82,40% dos respondentes, sendo que, destes, pouco mais de 35% demonstraram concordar totalmente que as suas experiências são importantes fontes de informação. Tabela 21 - Frequência das respostas: Busca de informações BUSCA DE INFORMAÇÕES 1 2 3 4 5 TOTAL F % F % F % F % F % Consultando as próprias lojas Propaganda na TV Propaganda nas rádios 2 32 101 0,80 12,80 40,40 51 67 68 20,40 26,80 27,20 26 64 54 10,40 25,60 21,60 100 67 19 40,00 26,80 7,60 71 20 8 28,40 8,00 3,20 250 250 250 100,00 100,00 100,00 Propaganda em jornais Propaganda em revistas Outdoors 90 51 36,00 20,40 71 63 28,40 25,20 59 58 23,60 23,20 27 66 10,80 26,40 3 12 1,20 4,80 250 250 100,00 100,00 46 7 10 18,40 2,80 4,00 76 10 19 30,40 4,00 7,60 55 14 38 22,00 5,60 15,20 52 90 123 20,80 36,00 49,20 21 129 60 8,40 51,60 24,00 250 250 250 100,00 100,00 100,00 89 9 35,60 3,60 250 250 100,00 100,00 Buscas na Internet Indicação de amigos e familiares Experiências pessoais anteriores SAC 8 3,20 14 5,60 22 8,80 117 46,80 151 60,40 55 22,00 23 9,20 12 4,80 1=Nunca utilizada 2=Pouco utilizada 3=Indiferente 4=Muito utilizada 5=Sempre utilizada Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa 124 Considerando as demais fontes de informação apresentadas como alternativa para este estudo e considerando as respostas concordo totalmente, os respondentes demonstram pouca atenção às propagandas veiculadas através da TV (8,00%), das rádios (3,20%), dos jornais (1,20%), das revistas (4,80%) e dos outdoors (8,40%) e apenas 3,60% dos respondentes consideraram totalmente a possibilidade de buscar informações sobre produtos eletrônicos através do SAC. Esse resultado, no caso de algumas mídias, sofre uma considerável alteração se consideradas as respostas concordo totalmente e concordo parcialmente. Nesse caso, sobem para 34,80%, 31,20% e 28,40% as indicações para TV, revista e outdoor, respectivamente. Conforme pode ser visto na Tabela 22, com relação às variáveis associadas ao estágio de Avaliação de alternativas pré-compra – associadas à pergunta Quais fatores você levaria em consideração para a escolha de um produto eletrônico que pretendesse comprar? –, os dados podem ser agrupados em três categorias. A primeira, relacionada com as características ligadas ao produto em si, demonstra que a qualidade dos produtos é considerada como totalmente importante por 78,80% dos respondentes, percentual que atinge 98,00% se consideradas as respostas concordo totalmente e concordo parcialmente. Tabela 22 - Frequência das respostas: Avaliação de alternativas pré-compra AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS PRÉ-COMPRA 1 2 3 4 5 TOTAL F % F % F % F % F % Qualidade dos produtos Disposição/apresentação 3 18 1,20 7,20 0 39 0,00 15,60 2 86 0,80 34,40 48 79 19,20 31,60 197 28 78,80 11,20 250 250 100,00 100,00 Facilidade de acesso à loja Qualidade do atendimento Garantia 32 14 6 12,80 5,60 2,40 29 15 14 11,60 6,00 5,60 55 46 21 22,00 18,40 8,40 104 112 101 41,60 44,80 40,40 30 63 108 12,00 25,20 43,20 250 250 250 100,00 100,00 100,00 Variedade de modelos oferecida Grau de inovação do produto 6 4 2,40 1,60 22 14 8,80 5,60 65 39 26,00 15,60 100 105 40,00 42,00 57 88 22,80 35,20 250 250 100,00 100,00 Assistência técnica na localidade Diferentes formas de pagamento Design dos produtos 7 13 6 2,80 5,20 2,40 22 18 23 8,80 7,20 9,20 41 45 39 16,40 18,00 15,60 111 103 115 44,40 41,20 46,00 69 71 67 27,60 28,40 26,80 250 250 250 100,00 100,00 100,00 Os preços praticados Funções e a funcionalidade A marca dos produtos 4 3 7 1,60 1,20 2,80 4 0 25 1,60 0,00 10,00 24 11 51 9,60 4,40 20,40 87 76 114 34,80 30,40 45,60 131 160 53 52,40 64,00 21,20 250 250 250 100,00 100,00 100,00 0 0,00 6 2,40 9 3,60 72 28,80 14 5,60 24 9,60 66 26,40 92 36,80 1=Sem importância 2=Pouca importância 3=Indiferente 4=Muita importância 5=Total importância 163 54 65,20 21,60 250 250 100,00 100,00 Utilidade/vantagens do produto Confiança na loja/vendedor Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa 125 Ainda nesta categoria, e considerando as respostas concordo e concordo totalmente, os percentuais obtidos para as demais variáveis ligadas diretamente ao produto demonstram que o grau de inovação apresentado responde por 77,20%; o design, por 72,80%; as funções e a funcionalidade, por 94,40%; a marca, por 66,80% e as vantagens de uso que o produto possa oferecer, por 94,00%. Fechando essa categoria, com relação às variáveis associadas ao preço, quase 70% dos respondentes demonstraram ser influenciados pela oferta de diferentes formas de pagamento, sendo que aproximadamente 30% deste total indicaram a resposta concordo totalmente e, também, pelo próprio preço praticado, considerando que mais da metade indicou como resposta concordo totalmente e, somando-se a elas as respostas e concordo parcialmente, esse patamar sobe para quase 90% dos respondentes. Na segunda categoria, com variáveis associadas ao fornecedor (ponto de venda), a análise dos dados demonstra, considerando-se as respostas concordo totalmente e concordo parcialmente, que são capazes de influenciar os respondentes, a forma como os produtos são expostos na loja (42,80%); a facilidade de acesso à loja (53,60%); a qualidade do atendimento prestado (70,00%); a variedade de modelos colocados à sua disposição (62,80%) e o grau de confiança, seja na loja ou no vendedor, (58,40%). Por fim, a terceira categoria indica a importância tanto da garantia oferecida ao produto, com 83,60% das indicações, quanto da existência de assistência técnica local, com 72,00%. Convém observar que as resposta discordo parcialmente, aplicada às variáveis qualidade dos produtos oferecidos e funções e funcionalidades do produto, bem como a resposta discordo totalmente, associada à variável utilidades e vantagens que o produto possa oferecer, não receberam nenhuma indicação. Conforme pode ser visto na Tabela 23, com relação às variáveis relacionadas ao estágio de Compra – associadas à pergunta Quais fatores você consideraria determinantes no momento de definir a compra de um produto eletrônico que tivesse escolhido? – é possível perceber, assim como ocorreu no estágio de Reconhecimento da necessidade, que a variável ligada ao sentimento de status tem pouca influência na decisão de compra, pois mais da metade dos respondentes indicou as respostas discordo totalmente e discordo parcialmente, ao contrário de apenas 12% que responderam concordo totalmente e concordo parcialmente. 126 Agrupando as variáveis em categorias, como no estágio anterior, aquelas relacionadas de alguma forma ao produto em si reforçam os resultados encontrados ao analisar a tabela anterior. Para este estágio, considerando-se as respostas concordo totalmente e concordo parcialmente obtidas, houve uma quase unanimidade em relação às variáveis qualidade do produto (97,60%), preço (86,80%), durabilidade (96,40%), funções e funcionalidades (94,00%). Buscar uma boa relação custo-benefício apresentou um resultado de 92,00% entre as respostas concordo totalmente e concordo parcialmente, assim como a capacidade percebida de o produto atender às necessidades dos respondentes resultou em um índice de 94,40%. Tabela 23 - Frequência das respostas: Compra COMPRA 1 2 3 4 5 TOTAL F % F % F % F % F % 3 10 1,20 4,00 3 9 1,20 3,60 0 14 0,00 5,60 46 87 18,40 34,80 198 130 79,20 52,00 250 250 100,00 100,00 Durabilidade do produto 78 3 31,20 1,20 68 1 27,20 0,40 74 5 29,60 2,00 18 96 7,20 38,40 12 145 4,80 58,00 250 250 100,00 100,00 Relação custo/benefício Confirmação das informações Desejo de ter o produto 3 6 14 1,20 2,40 5,60 4 17 41 1,60 6,80 16,40 13 30 33 5,20 12,00 13,20 96 114 112 38,40 45,60 44,80 134 83 50 53,60 33,20 20,00 250 250 250 100,00 100,00 100,00 Percepção de uma boa compra Design do produto Funções e a funcionalidade 18 8 0 7,20 3,20 0,00 15 35 8 6,00 14,00 3,20 48 47 7 19,20 18,80 2,80 102 102 82 40,80 40,80 32,80 67 58 153 26,80 23,20 61,20 250 250 250 100,00 100,00 100,00 Satisfação das necessidades Atendimento do vendedor 0 13 0,00 5,20 4 28 1,60 11,20 10 68 4,00 27,20 89 99 35,60 39,60 147 42 58,80 16,80 250 250 100,00 100,00 47 69 96 18,80 27,60 38,40 250 250 250 100,00 100,00 100,00 A qualidade do produto O preço do produto Status Confiança na loja/vendedor Forma de pagamento Garantia estendia 13 5,20 45 18,00 45 18,00 100 40,00 8 3,20 12 4,80 41 16,40 120 48,00 0 0,00 22 8,80 33 13,20 99 39,60 1=Sem importância 2=Pouca importância 3=Indiferente 4=Muita importância 5=Total importância Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Índices entre 75% e 80% foram encontrados para as variáveis forma de pagamento, garantia estendida e confirmação das informações colhidas sobre o produto no estágio de Busca de informações. Esse índice representa a soma das repostas concordo totalmente e concordo parcialmente. As variáveis relacionadas ao fornecedor, atendimento realizado e confiança no vendedor resultaram, respectivamente, em índices de 56,40% e 58,80% considerando as respostas concordo totalmente e concordo parcialmente. Esses valores foram puxados para cima em virtude das respostas concordo parcialmente (39,60% para atendimento e 40,00% para confiança no vendedor). 127 Resultaram também em índices elevados as respostas concordo totalmente e concordo parcialmente aplicadas às variáveis relacionadas ao desejo expresso de ter o produto (64,80%) e a percepção do respondente em relação à compra que está executando (67,60%). Deve-se salientar que a resposta discordo totalmente não foi aplicada a nenhuma das variáveis funcionalidade do produto, capacidade percebida de o produtor atender às necessidades e existência de garantia estendida. Conforme pode ser visto na Tabela 24, analisando as variáveis relacionadas ao estágio de Consumo – associadas à pergunta Quais fatores você consideraria como importantes para a avaliação da sua experiência de uso em relação a um produto eletrônico que tivesse comprado? –, fica mais uma vez evidente o peso dado às respostas concordo totalmente e concordo parcialmente, pelos respondentes. Dessa forma, observa-se que a variável correspondente à confirmação das expectativas alcançou um índice de 82,80%, próximo ao índice de 84,80%, aplicado à facilidade de uso do produto. Tabela 24 - Frequência das respostas: Consumo CONSUMO Confirmação das expectativas Atendimento das necessidades Facilidade de uso Qualidade geral do produto 1 2 3 4 5 TOTAL F % F % F % F % F % 1 0,40 15 6,00 27 10,80 94 37,60 113 45,20 250 100,00 1 0,40 0 0,00 7 2,80 57 22,80 2 0,80 12 4,80 24 9,60 111 44,40 1 0,40 4 1,60 1 0,40 53 21,20 1=Sem importância 2=Pouca importância 3=Indiferente 4=Muita importância 5=Total importância 185 101 191 74,00 40,40 76,40 250 250 250 100,00 100,00 100,00 Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Outra quase unanimidade ocorreu com as respostas associadas ao atendimento das necessidades, com índice de 96,80% e com a qualidade geral do produto adquirido, que chegou a 97,60% das respostas. Conforme pode ser visto na Tabela 25, com relação às variáveis relacionadas ao estágio de Avaliação pós-consumo – associadas à pergunta Quais fatores você levaria em consideração no momento de avaliar o desempenho de um produto eletrônico que tivesse comprado? – os respondentes demonstraram que a confirmação das informações a eles fornecidas é relevante, considerando-se que mais da metade indicou a resposta concordo totalmente, índice que ultrapassa os 128 85% se forem associadas as respostas concordo totalmente e concordo parcialmente. A variável qualidade geral do produto também foi apontada por mais de 50% dos respondentes como importante, assim como o reconhecimento de ter feito uma boa compra, consideradas as repostas concordo totalmente e concordo parcialmente, atingiu o índice de 82%. Chama a atenção o percentual encontrado para a variável relacionada ao fato de o produto adquirido atender às necessidades dos respondentes: 68% de respostas concordo totalmente, 30% de respostas concordo parcialmente e, os restantes 2%, indicados como nem concordo nem discordo, ou seja, não houve indicações para as resposta discordo totalmente ou discordo parcialmente. Tabela 25 - Frequência das respostas: Avaliação pós-consumo AVALIAÇÃO PÓS-CONSUMO 1 F 2 % F 3 4 5 % F % F % F % TOTAL Informações recebidas 1 0,40 9 3,60 26 10,40 84 33,60 130 52,00 250 100,00 Lançamento de novo produto Qualidade versus expectativa Reconhecimento de boa compra 68 2 2 27,20 0,80 0,80 68 8 6 27,20 3,20 2,40 51 35 37 20,40 14,00 14,80 49 69 81 19,60 27,60 32,40 14 136 124 5,60 54,40 49,60 250 250 250 100,00 100,00 100,00 Valorização das pessoas 126 50,40 40 16,00 47 18,80 22 8,80 15 6,00 Atendimento das necessidades 0 0,00 0 0,00 5 2,00 75 30,00 170 68,00 1=Discordo totalmente 2=Discordo parcialmente 3=Nem concordo nem discordo 4=Concordo parcialmente 5=Concordo totalmente 250 250 100,00 100,00 Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Consideradas as respostas discordo totalmente e discordo parcialmente, chega-se a um índice de quase 55% de respondentes que não consideram a troca do produto simplesmente por haver entrado outro no mercado. Se forem associadas a esse conjunto as respostas nem concordo e nem discordo, esse índice atinge aproximadamente 75%. Conforme pode ser visto na Tabela 26, a análise das variáveis relacionadas ao estágio de Descarte – associadas à pergunta Quais razões motivariam você a pensar em se desfazer de um produto eletrônico que tivesse comprado? – demonstra que quase 75% dos respondentes discordam totalmente do fato de descartar-se de um produto eletrônico caso deixe de sentir-se valorizado pela sua posse, o que pode ser explicado pelos índices de respostas de estágios anteriores que indicam que o status ou a valorização pessoal não são, para esse grupo de respondentes, fatores motivadores para a compra de produtos eletrônicos. 129 O interesse por novos produtos parece não constituir-se em motivação suficiente para o descarte, considerando o índice de apenas 10% de respostas concordo totalmente obtido para essa variável, ao contrário da variável associada à funcionalidade do produto. Para essa variável, considerando-se as respostas concordo totalmente concordo parcialmente, o índice chega a 76,4%. Tabela 26 - Frequência das respostas: Descarte DESCARTE 1 2 3 4 5 TOTAL F % F % F % F % F % Não sentir-se mais valorizado Interesse por novos produtos 184 56 73,60 22,40 27 45 10,80 18,00 32 48 12,80 19,20 5 76 2,00 30,40 2 25 0,80 10,00 250 250 100,00 100,00 Perda de utilidade/funcionalidade Conhecimento sobre descarte Doação 12 33 20 4,80 13,20 8,00 19 30 22 7,60 12,00 8,80 28 75 48 11,20 30,00 19,20 68 51 62 27,20 20,40 24,80 123 61 98 49,20 24,40 39,20 250 250 250 100,00 100,00 100,00 21 8,40 20 8,00 48 19,20 103 41,20 58 23,20 56 22,40 35 14,00 82 32,80 60 24,00 17 6,80 1=Discordo totalmente 2=Discordo parcialmente 3=Nem concordo nem discordo 4=Concordo parcialmente 5=Concordo totalmente 250 250 100,00 100,00 Venda Empréstimo Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa O maior número de respostas nem concordo nem discordo dadas à variável utilizada para verificar se o respondente conhece as maneiras corretas de descarte e o equilíbrio verificado entre as demais respostas pode levar ao entendimento de que a maioria dos respondentes não conhece, verdadeiramente, tais práticas. Por fim, os respondentes demonstraram preferência por opções de descarte propriamente dito, pois, para venda, suas respostas concordo totalmente e concordo parcialmente corresponderam a 64,00% e, para doação, 64,40%, considerando as mesmas respostas. Já para o empréstimo, são indiferentes (32,80%), considerando que o restante das respostas está distribuído entre aproximadamente 30% de respostas discordo totalmente e discordo parcialmente e 30% de respostas concordo totalmente e concordo parcialmente. 4.2.2.1 Análise das médias Para o estágio de Reconhecimento da necessidade, a análise dos valores apresentados Tabela 27 permite o entendimento de que os componentes desta 130 amostra consideram como fatores mais influenciadores do reconhecimento de uma necessidade as situações ligadas ao uso do produto e a possibilidade de comunicação que os produtos eletrônicos podem proporcionar. Outros dados relevantes, considerando-se a média e o desvio padrão estão relacionados à compra de produtos eletrônicos com motivação ligada à inovação e ao entretenimento, dado este que corresponde ao perfil dos jovens da Geração Z. Tabela 27 - Análise das médias: Reconhecimento da Necessidade Comprar pelo desejo de ter o produto da moda Comprar por haver encontrado uma opção interessante na vitrine 2,30 3,00 DESVIO PADRÃO 1,213 1,352 Comprar para fazer parte de um grupo, porque as outras pessoas têm Comprar para atender a uma situação de trabalho ou necessidade de uso Comprar para permitir a comunicação e a troca de informações 1,78 4,53 4,27 1,200 0,940 1,016 Comprar pela busca de inovação e novas tecnologias Comprar para demonstrar status, como elemento diferencial 3,56 1,70 3,82 1,208 1,026 1,029 MÉDIA Comprar na busca por entretenimento AMOSTRA VÁLIDA 250 Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa A variável associada a opções de produtos expostos em uma vitrine também apresenta, considerando o desvio padrão, um resultado, se não tão significativo quanto os anteriores, ao menos representativo e pode estar associado às atuais formas de exposição dos produtos nas lojas, os quais acabam por estimular a curiosidade e o interesse dos consumidores. Contrariando o que indica a literatura, a compra motivada por influência do grupo a que pertence e a demonstração de status a partir da posse desses produtos foram as variáveis que representaram menor importância. Considerando o estágio de Busca de informações, os valores que podem ser vistos na Tabela 28 corroboram o que apresenta a literatura sobre os jovens no que diz respeito ao seu alto envolvimento com a internet, uma vez que este instrumento foi indicado como o de maior significância na busca por informações. Cabe ressaltar também o valor dos desvios padrão associados à média de cada uma dessas variáveis, ambos muito parecidos e pequenos, representando a consistência do valor médio em relação amostra total. Também com base no que diz a literatura, é possível perceber que os consumidores aprendem com seus atos anteriores de compra e os consideram 131 posteriormente. Essas duas variáveis, considerando ainda o seu desvio padrão, chegam muito próximo de estar no limite superior da escala utilizada. Tabela 28 - Análise das médias: Busca de informações Consultando as próprias lojas Através da propaganda na TV 3,75 2,90 DESVIO PADRÃO 1,103 1,168 Através da propaganda nas rádios Através da propaganda em jornais Através da propaganda em revistas Observando outdoors 2,06 2,13 2,70 1,101 1,060 1,200 Fazendo buscas na Internet 2,70 4,30 1,226 0,949 Através da indicação de amigos e familiares Considerando as experiências pessoais de compras anteriores Entrando em contato com o serviço de atendimento ao consumidor 3,82 4,06 1,69 1,013 0,978 1,059 BUSCA DE INFORMAÇÕES AMOSTRA VÁLIDA MÉDIA 250 Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Outros valores que merecem menção estão associados (1) à busca por informação nas próprias lojas o que, de certa forma, pode estar associado ao resultado apresentado no grupo anterior (reconhecimento da necessidade através da visualização do produto em uma vitrine) e (2) à busca de ajuda junto a amigos e familiares. Apesar de haver sido indicada na primeira etapa como uma variável importante (foram quatro indicações entre seis participantes e o grupo a que ficou associada respondeu por aproximadamente 25% das indicações de variáveis para este estágio) a opção de entrar em contato com o SAC não apresenta significância. As demais opções – TV, rádio, jornal, revista e outdoor – praticamente se equivalem, com leve vantagem da TV, o que mais uma vez vem representar o perfil dos jovens da Geração Z, mais voltados para outros tipos de canais de informação, como as redes sociais, reforçando o resultado associado ao uso da internet e à ajuda de amigos e familiares. Durante a análise dos dados, surgiu a suposição de que as médias associadas ao uso de jornais e revistas poderiam estar sendo puxadas para baixo, em função do menor acesso a que tem os alunos das escolas públicas em relação às particulares, conforme aponta a literatura. 132 Tabela 29 - Análise das médias de utilização das mídias jornal e revista JORNAIS Particular 2,16 REVISTAS Pública 2,10 Particular 2,86 Pública 2,59 Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Após a análise das médias individualizadas, conforme pode ser visto na Tabela 29, essa suposição deixou de existir e apenas foi reafirmada a característica da Geração Z de fazer pouco uso desse tipo de mídia. Com valores extremamente significativos conforme pode ser visto na Tabela 30, para o estágio de Avaliação de alternativas pré-compra, o preço dos produtos, a qualidade a eles associada, as suas funções, funcionalidades e a utilidade que os mesmos podem ter aos jovens fazem dessas as variáveis mais representativas do estágio de avaliação das alternativas de que dispõem o consumidor. Tabela 30 - Análise das médias: Avaliação de alternativas pré-compra A qualidade dos produtos oferecidos A disposição e a apresentação dos produtos na loja A facilidade de acesso à loja 4,74 3,24 3,28 DESVIO PADRÃO 0,593 1,075 1,204 A qualidade geral do atendimento prestado A garantia oferecida (tanto pelo fabricante quanto pela loja) 3,78 4,16 1,066 0,966 A variedade de modelos oferecida O grau de inovação apresentado pelo produto A existência de assistência técnica na localidade onde reside 3,72 4,04 3,85 0,991 0,937 1,013 A possibilidade de diferentes formas de pagamento O design dos produtos (cor, formato etc.) Os preços praticados 3,80 3,86 4,35 1,089 0,996 0,842 As funções e a funcionalidade dos produtos A marca dos produtos 4,56 3,72 0,693 0,998 A utilidade e as vantagens que o produto pode oferecer A confiança depositada na loja ou no vendedor 4,57 3,59 0,681 1,098 AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS PRÉ-COMPRA AMOSTRA VÁLIDA MÉDIA 250 Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa A garantia e o grau de inovação também apresentam valores significativos, mas o que acaba por chamar a atenção nos valores apresentados, tem relação com os valores dos desvios padrão associados às médias das variáveis como qualidade dos produtos, garantia, grau de inovação, design, preços praticados, funções e funcionalidades do produto, marca, utilidade e vantagens. Esses valores atestam a representatividade da média em relação à amostra, sendo que o valor associado à qualidade dos produtos apresenta a menor variância. 133 No que diz respeito ao estágio de Compra, conforme pode ser visto na Tabela 31, a média encontrada para a variável status corresponde ao menor valor para esse estágio e confirma valores encontrados anteriormente para o mesmo fator, o que ratifica uma tendência dos participantes, contrária ao que se apresenta na literatura, de que os jovens realizam suas compras motivados por status. Tabela 31 - Análise das médias: Compra A qualidade do produto O preço do produto O status que a posse do produto pode proporcionar 4,73 4,27 2,27 DESVIO PADRÃO 0,643 1,005 1,122 A durabilidade do produto Uma boa relação custo/benefício 4,52 4,42 0,678 0,768 A confirmação das informações obtidas durante a fase de pesquisa O desejo de ter o produto A percepção de haver realizado uma boa compra 4,00 3,57 3,74 0,971 1,146 1,134 O design do produto (cor, formato etc.) As funções e a funcionalidade do produto A capacidade do produto de satisfazer as suas necessidades 3,67 4,52 4,52 1,078 0,707 0,654 O atendimento realizado pelo vendedor A confiança depositada na loja ou no vendedor 3,52 3,49 1,061 1,142 A forma de pagamento A existência de garantia estendida 3,92 4,08 0,958 0,930 COMPRA MÉDIA AMOSTRA VÁLIDA 250 Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Chama a atenção nesse estágio o fato de que quase a metade das variáveis capazes de influenciar os consumidores jovens, e consideradas por eles como determinantes no momento da compra, estão associadas diretamente ao produto como qualidade, preço, durabilidade, relação custo-benefício, funções e funcionalidade do produto e garantia. Associando-se a elas outras duas variáveis de grande relevância, a capacidade do produto de satisfazer as suas necessidades e a confirmação das informações obtidas durante a fase de pesquisa, é possível dar resposta ao que afirma a literatura no sentido que é fundamental para o sucesso das empresas a oferta de produtos capazes de satisfazer as necessidades dos consumidores. Apesar de apresentarem valores significativos, se comparadas com as variáveis analisadas anteriormente, o atendimento recebido e a confiança depositada na loja ou no vendedor apresentam menor significância, o que pode representar o fato de que o consumidor jovem não demonstra a intenção em tornarse fiel a um determinado fornecedor. 134 A Tabela 32 apresenta valores, além de significativos, consistentes em relação à média e, mais uma vez, percebe-se o alto significado que o consumidor jovem dá ao produto em si, evidenciado pelos valores associados às variáveis facilidade de uso e qualidade do produto, considerando-se o estágio de Consumo. Tabela 32 - Análise das médias: Consumo A confirmação das expectativas existentes antes da compra 4,21 DESVIO PADRÃO 0,891 O produto atender às suas necessidades A facilidade de uso do produto 4,70 4,19 0,561 0,855 A qualidade geral do produto 4,72 CONSUMO MÉDIA AMOSTRA VÁLIDA 0,597 250 Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa A variável de maior significância, relacionada à qualidade geral do produto, parece apontar para a tendência demonstrada em estágios anteriores de considerar como importantes atributos ligados ao produto em si. Observa-se, pela terceira vez, no estágio de Avaliação pós-consumo, conforme pode ser visto na Tabela 33, a irrelevância do fator status associado à influência do comportamento de consumo dos jovens, comprovado pelo valor da média obtido para a variável relacionada ao valor pessoal em relação à posse do produto. Tabela 33 - Análise das médias: Avaliação pós-consumo As informações que recebi sobre o produto corresponderam à realidade 4,33 DESVIO PADRÃO 0,835 O produto deixou de ser atraente/útil, pois foi lançado um novo produto A qualidade geral do produto correspondeu à esperada antes da compra 2,49 4,32 1,236 0,887 Reconheci ter feito uma boa compra Eu me senti mais valorizado pelas pessoas após ter comprado o produto O produto comprado realmente atendeu à minhas necessidades 4,28 2,04 4,66 0,860 1,260 0,515 AVALIAÇÃO PÓS-CONSUMO AMOSTRA VÁLIDA MÉDIA 250 Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Um dado que chama a atenção, não apenas por seu valor individual, mas quando da sua comparação com variáveis de outros estágios, está relacionado à questão de o produto deixar de ser útil ou atraente à medida que outro é lançado. De outra forma, o fato pode ser analisado sob a perspectiva de confirmar que as questões relacionadas à usabilidade do produto são preponderantes sobre as 135 demais, bastando para isso observar as variáveis relacionadas nos estágios anteriores. Os valores associados às demais variáveis demonstram o seu grau de relevância como influenciadores do processo, com destaque para a variável relacionada ao atendimento das expectativas do consumidor, mais uma vez corroborando a literatura que trata do assunto. Por fim, conforme pode ser visto na Tabela 34, e considerando-se o estágio de Descarte, são baixos os valores das médias relacionados a este estágio, o que pode significar pouco conhecimento das questões relativas ao descarte ou pouca influência desses fatores sobre o processo de decisão de consumo, fato esse que diverge da literatura que indica a Geração Z como uma geração preocupada com as questões sociais e de sustentabilidade e o descarte, seja de que produto for, nesse sentido, vem apresentando papel cada vez mais importante nesse contexto. Tabela 34 - Análise das médias: Descarte Se não me sentir mais valorizado por ter o produto, eu o descarto 1,46 DESVIO PADRÃO 0,850 Se interessar-me por novos produtos, eu considero o seu descarte Se o produto deixou de ser útil/funcional, eu o descarto Eu conheço as maneiras corretas de descartar um produto eletrônico 2,88 4,08 3,31 1,331 1,157 1,319 Se o produto não me serve mais eu faço uma doação Se o produto não me serve mais eu considero vendê-lo 3,78 3,63 1,271 1,169 Se o produto deixou de ser útil/funcional eu considero emprestá-lo 2,79 DESCARTE AMOSTRA VÁLIDA MÉDIA 1,228 250 Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa A variável associada ao valor pessoal enquanto possuidor do produto revelouse com pouca relevância como fator de influência, acompanhando a tendência já verificada. 4.2.2.2 Agrupamento das variáveis A fim de permitir a identificação dos fatores que mais influenciam e dos fatores que menos têm influência sobre os consumidores da Geração Z na compra de produtos eletrônicos, todas as 65 variáveis foram agrupadas e dispostas por ordem de grandeza da sua média. Na Tabela 35 estão representadas as 13 136 variáveis (20% do total) que apresentam maior grau de influência sobre a amostra considerada. Ao lado da descrição de cada variável está indicado o estágio a que ela pertence em relação ao processo de decisão de consumo. Assim, (E1) corresponde a uma variável do primeiro estágio, Reconhecimento da Necessidade; (E2) a uma variável do segundo estágio, Busca de informações e assim por diante até (E7), que corresponde a uma variável do sétimo estágio, Descarte. Tabela 35 - Variáveis de maior influência A qualidade dos produtos oferecidos (E3) A qualidade do produto (E4) 4,74 4,73 DESVIO PADRÃO 0,593 0,643 A qualidade geral do produto (E5) O produto atender às suas necessidades (E5) 4,72 4,70 0,597 0,561 O produto comprado realmente atendeu à minhas necessidades (E6) A utilidade e as vantagens que o produto pode oferecer (E3) As funções e a funcionalidade dos produtos (E3) 4,66 4,57 4,56 0,515 0,681 0,693 Comprar para atender a uma situação de trabalho ou necessidade de uso (E1) A durabilidade do produto (E4) 4,53 4,52 0,940 0,707 As funções e a funcionalidade do produto (E4) A capacidade do produto de satisfazer as suas necessidades (E4) Uma boa relação custo/benefício (E4) 4,52 4,52 4,42 0,654 0,678 0,768 Os preços praticados (E3) 4,35 VARIÁVEIS MAIS INFLUENTES (20% do total) AMOSTRA VÁLIDA MÉDIA 0,842 250 Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Pela análise da tabela, percebe-se que os fatores capazes de causar maior influência no processo de decisão de consumo estão relacionados, em grande parte, ao produto em si. São características como qualidade, durabilidade, funções e funcionalidades e usabilidade. Outro fator relevante corresponde à capacidade desse produto de satisfazer as necessidades do consumidor. Na Tabela 36 estão representadas as 13 variáveis (20% do total) que têm menos influência sobre a amostra considerada. Percebe-se que praticamente todas as variáveis que se relacionam a status aparecem entre as que menos influência exercem no processo. A predominância do uso da internet como instrumento de busca de informações sobre as outras mídias, como, principalmente jornais e rádios fica evidente, pois estas últimas duas permanecem entre as variáveis de menor influência, abaixo poucas posições das outras mídias consideradas, TV, revistas e outdoors. 137 Tabela 36 - Variáveis de menor influência VARIÁVEIS MENOS INFLUENTES (20% do total) 2,79 2,70 DESVIO PADRÃO 1,228 1,226 2,70 2,49 2,30 1,200 1,236 1,213 2,27 2,13 1,122 1,060 2,06 2,04 1,78 1,101 1,260 1,200 1,70 1,69 1,46 1,026 1,059 0,850 MÉDIA Se o produto deixou de ser útil/funcional eu considero emprestá-lo (E7) Através da propaganda em revistas (E2) Observando outdoors (E2) O produto deixou de ser atraente/útil, pois foi lançado um novo produto (E6) Comprar pelo desejo de ter o produto da moda (E1) O status que a posse do produto pode proporcionar (E4) Através da propaganda em jornais (E2) Através da propaganda nas rádios (E2) Eu me senti mais valorizado pelas pessoas após ter comprado o produto (E6) Comprar para fazer parte de um grupo, porque as outras pessoas têm (E1) Comprar para demonstrar status, como elemento diferencial (E1) Entrando em contato com o serviço de atendimento ao consumidor (E2) Se não me sentir mais valorizado por ter o produto, eu o descarto (E7) AMOSTRA VÁLIDA 250 Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa Convém salientar que o uso da internet como fonte de informações sobre o produto corresponde à 16ª posição na tabela (completa). 4.2.2.3 Grau médio por dimensão Considerando que cada dimensão corresponde ao conjunto de variáveis aplicadas para cada estágio do processo de decisão de consumo, foi calculado o grau médio por dimensão (estágio), a fim de estabelecer uma comparação entre os diversos fatores, agrupados por dimensões, mas apresentando o seu nível de influência em relação ao processo como um todo, conforme pode ser visto na Tabela 37. Tabela 37 - Grau médio por dimensão DIMENSÕES AMPLITUDE MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA Consumo Avaliação de alternativas pré-compra Compra 3,00 2,47 2,40 2,00 2,53 2,47 5,00 5,00 4,87 4,4540 3,9510 3,9487 DESVIO PADRÃO 0,47039 0,41397 0,36075 Avaliação pós-consumo Descarte Reconhecimento da necessidade 2,33 3,29 3,13 2,50 1,14 1,50 4,83 4,43 4,63 3,6861 3,1321 3,1225 0,44597 0,50212 0,53165 Busca de informações 3,10 1,70 4,80 3,0108 0,49682 AMOSTRA VÁLIDA Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados da pesquisa 250 138 Convém salientar que, na referida tabela, a ordenação das dimensões (primeira coluna) foi realizada em função da grandeza das suas médias (quinta coluna) e não pela ordem na qual são apresentadas no modelo PDC estudado. A análise da tabela permite depreender que os fatores presentes nos estágios de Consumo, Avaliação de alternativas pré-compra e Compra fazem com que essas três dimensões correspondam aos estágios que exercem maior influência no processo de decisão de consumo, para a amostra considerada, com predominância do estágio de Consumo, no qual estão as variáveis que se relacionam com a experiência de uso do consumidor. Já os estágios de Busca de informações, Reconhecimento da necessidade e Descarte são os que exercem menor influência no processo. 4.3 ANÁLISE FATORIAL Inicialmente foi realizado o teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) – Measure of Sampling Adequacy (MSA) – que indica a adequação da amostra utilizada e se as variáveis adotadas são capazes de sustentar a utilização da AF de forma satisfatória, ou seja, este índice verifica a proporção da variância que as variáveis utilizadas no instrumento apresentam em comum ou, de outra forma, a proporção destas variáveis que são devidas a fatores comuns. Nesse teste, caso um índice inferior a 0,500 seja encontrado, significa que a AF não é capaz de descrever satisfatoriamente as variações dos dados originais. No caso deste estudo, o índice de 0,622 encontrado, demonstrou a possibilidade de utilização da AF para explicar a variação dos dados. Também no sentido de confirmar a adequação do uso da AF foram considerados os resultados do teste de esfericidade de Bartlett, o qual indica que valores com significância menores do que 0,100 representam dados adequados para o tratamento a partir do método em questão. Os resultados obtidos nos dois testes podem ser observados no Quadro 17. Convém salientar que as tabelas e quadros referentes à AF foram gerados a partir da utilização do software SPSS e a sua apresentação corresponde à saída dos dados oferecida pelo aplicativo. 139 Kaiser-Meyer-Olkin - Measure of Sampling Adequacy (MSA) Bartlett's Test of Sphericity Approx. Chi-Square df Sig. 0,622 4304,163 2080 0,000 Quadro 17 - Teste de Kaiser-Meyer-Olkin Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Conforme Hair et al (1998), os testes KMO/MSA e de Esfericidade de Bartlett indicam o grau ou nível de confiança que se pode esperar dos dados obtidos a partir do seu tratamento através do método multivariado de AF. Em razão dos resultados favoráveis dos dois testes descritos anteriormente, foi dado prosseguimento à AF, entendo-se que não existe apenas um caminho possível para se chegar ao resultado pretendido quando é utilizada esse tipo de análise e, ainda, considerando-se os dois princípios associados à AF, o Princípio de Parcimônia – a partir do qual se busca explicar as correlações entre as variáveis observadas a partir de um menor número de fatores e o Princípio da Interpretabilidade – a partir do qual espera-se que os fatores apresentem um significado dentro do contexto estudado e guardem, em si mesmos, uma coerência lógica. Inicialmente, procurou-se estabelecer os fatores de influência do processo de decisão de consumo considerando-se todos os indicadores (variáveis) ao mesmo tempo no intuito de conhecer as comunalidades , que correspondem à proporção da variância de cada uma das variáveis, explicadas pelos fatores comuns a cada uma delas. O método utilizado foi o de AF com rotação Varimax, método de rotação ortogonal que visa a minimizar o número de variáveis em cada agrupamento de forma a simplificar a interpretação dos fatores, o qual demonstrou ser suficiente para definir uma resposta adequada ao problema da análise dos dados. A partir da análise do quadro de comunalidades obtido (Apêndice D), percebe-se a ocorrência de um grande número de fatores (aproximadamente 70% das variáveis) com índices próximos do valor 1,0. Hair et al (1998) indicam que quanto mais próximos deste valor estiver um índice, mais a AF tem chance de ser o método adequado para a análise dessas variáveis, ou seja, se próximos de 0 (zero) os fatores comuns não explicam a variância da variável a que corresponde esse índice e, quanto mais próximos de 1,0 mais os fatores comuns a explicam. Na tentativa de buscar um melhor índice de explicação para a variância, com um menor número de fatores (Princípio da Parcimônia), um novo cálculo foi 140 realizado, agora forçando o número de fatores para sete, número este que corresponde ao número de estágios do modelo de processo de decisão de consumo adotado para esta pesquisa. A partir da análise do quadro de comunalidades obtido (Apêndice E), percebe-se que, nesse caso, apenas um valor se destaca como próximo do valor 1,0. Como resultado, a AF realizada – inicialmente com todos os fatores (variáveis) considerados e sem forçar o agrupamento/redução dos mesmos – foi capaz de explicar mais de 68% da variância ocorrida, agrupando todas as variáveis em 23 fatores, como pode ser observado no Quadro 18. 1 Initial Eigenvalues(a) % of Cumulative Total Variance % 6,103 9,044 9,044 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 4,346 3,105 2,627 2,496 2,256 2,021 1,989 1,883 1,806 1,683 1,621 1,554 1,530 1,487 1,415 1,305 1,251 1,210 1,205 1,175 1,110 1,094 1,030 Component Raw 6,440 4,602 3,893 3,699 3,343 2,996 2,947 2,790 2,677 2,495 2,402 2,303 2,267 2,203 2,098 1,934 1,854 1,793 1,785 1,742 1,645 1,621 1,526 15,484 20,086 23,979 27,677 31,021 34,016 36,964 39,754 42,431 44,926 47,328 49,631 51,898 54,101 56,199 58,133 59,987 61,779 63,565 65,306 66,951 68,572 70,099 Extraction Sums of Squared Loadings % of Cumulative Total Variance % 6,103 9,044 9,044 4,346 3,105 2,627 2,496 2,256 2,021 1,989 1,883 1,806 1,683 1,621 1,554 1,530 1,487 1,415 1,305 1,251 1,210 1,205 1,175 1,110 1,094 6,440 4,602 3,893 3,699 3,343 2,996 2,947 2,790 2,677 2,495 2,402 2,303 2,267 2,203 2,098 1,934 1,854 1,793 1,785 1,742 1,645 1,621 15,484 20,086 23,979 27,677 31,021 34,016 36,964 39,754 42,431 44,926 47,328 49,631 51,898 54,101 56,199 58,133 59,987 61,779 63,565 65,306 66,951 68,572 Quadro 18 - Cálculo da variância com todos os fatores Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Como pode ser observado no Quadro 19, ao contrário da situação anterior e contrariando o Princípio da Interpretabilidade, ou seja, tendo os fatores perdido seu significado e coerência lógica dentro do contexto estudado, o resultado da AF uma vez forçadas as variáveis a se enquadrar em sete fatores, resultou em um índice de explicação da variância de apenas 34%. 141 Initial Eigenvalues(a) Component Total Raw 1 2 3 4 5 6 7 8 6,103 4,346 3,105 2,627 2,496 2,256 2,021 1,989 % of Variance 9,044 6,440 4,602 3,893 3,699 3,343 2,996 2,947 Cumulative % 9,044 15,484 20,086 23,979 27,677 31,021 34,016 36,964 Extraction Sums of Squared Loadings % of Cumulative Total Variance % 6,103 9,044 9,044 4,346 6,440 15,484 3,105 4,602 20,086 2,627 3,893 23,979 2,496 3,699 27,677 2,256 3,343 31,021 2,021 2,996 34,016 Rotation Sums of Squared Loadings % of Cumulative Total Variance % 4,031 5,974 5,974 4,397 6,516 12,490 3,362 4,982 17,472 3,143 4,658 22,130 3,234 4,793 26,923 2,171 3,218 30,141 2,615 3,876 34,016 Quadro 19 - Cálculo da variância (forçado para 7 fatores) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Como a finalidade do uso da AF era a de confirmar o relacionamento entre as variáveis definidas para esta pesquisa com as suas respectivas dimensões (estágios do modelo de comportamento de consumo), variáveis estas obtidas na primeira etapa deste estudo através tanto da confirmação com o grupo formado para tal fim quanto através da análise do questionário adaptado, entenderam-se os índices de explicação da variância de 68% e 34% anteriormente descritos, como insuficientes para definir a resposta ao problema da análise dos dados. 4.3.1 Análise fatorial confirmatória Considerando-se que o Princípio da Interpretabilidade, no caso da amostra considerada, leva ao entendimento de que a AF realizada com todos os fatores considerados e sem forçar o agrupamento/redução dos mesmos demonstra apenas em parte o relacionamento entre as dimensões (estágios) e o Modelo de Processo de Decisão do Consumidor, procedeu-se à realização de uma AFC a fim de verificar se as variáveis que compõem essas dimensões são capazes de explicá-las, ou seja, para verificar se existe correlação entre elas. Os testes KMO/MSA e de esfericidade de Bartlett, considerados para cada dimensão, indicaram a viabilidade de utilização do método, assim como os determinantes de cada uma das matrizes de correlação – diferentes de zero indicaram a possibilidade de inversão das matrizes permitindo, assim, a utilização dos métodos de extração de análise fatorial. 142 Embora os testes KMO/MSA e de Esfericidade de Bartlett tenham apresentado valores que se aproximam do índice considerado como bom (o teste KMO/MSA apresentou valores acima de 0,600 para todos os estágios, exceto para o estágio de Descarte, que apresentou o índice de 0,500), as matrizes de correlação calculadas para cada uma das dimensões, demonstram haver pouca correlação entre as variáveis utilizadas, fato que pode ser também verificado a partir da análise das comunalidades e das matrizes componentes. Outro fator que atesta a pouca correlação entre as variáveis corresponde à variância total explicada para cada um dos estágios. A análise dos resultados permite o entendimento de que o maior resultado foi encontrado para o estágio de Consumo (42,960%) e, o menor, para o estágio de Compra (16,693%). Os outros resultados foram: estágio de Reconhecimento da necessidade – 23,727%; estágio de Busca de informações – 22,477%, estágio de Avaliação pós-consumo – 30,559%; estágio de Descarte – 19,211%. Nos quadros a seguir são apresentados, por estágio, os seguintes cálculos: matriz de correlação de variáveis; teste KMO/MAS e de esfericidade de Bartlett; comunalidades; variância total explicada e matriz componente. 4.3.1.1 Reconhecimento da necessidade 1 1 1,000 2 0,256 3 0,237 4 -0,033 5 -0,012 6 0,179 7 0,277 8 0,169 Determinante=0,554 2 0,256 1,000 -0,008 0,002 0,170 0,134 0,031 0,106 3 0,237 -0,008 1,000 -0,090 -0,022 0,118 0,297 0,117 4 -0,033 0,002 -0,090 1,000 0,098 -0,004 -0,040 -0,015 5 -0,012 0,170 -0,022 0,098 1,000 0,292 0,042 0,251 6 0,179 0,134 0,118 -0,004 0,292 1,000 0,184 0,168 7 0,277 0,031 0,297 -0,040 0,042 0,184 1,000 0,074 1=Moda 2=Opção na vitrine 3=Influência do grupo 4=Necessidade de uso 5=Comunicação e troca de informações 6=Inovação 7=Status 8=Entretenimento Quadro 20 – Matriz de correlação das variáveis (Reconhecimento da necessidade) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa 8 0,169 0,106 0,117 -0,015 0,251 0,168 0,074 1,000 143 Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy (MSA) Bartlett's Test of Sphericity 0,609 145,072 28 0,000 Approx. Chi-Square df Sig. Quadro 21 - Teste de Kaiser-Meyer-Olkin (Reconhecimento da necessidade) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Moda Opção na vitrine Influência do grupo Necessidade de uso Comunicação e troca de informações Inovação Status Entretenimento Extraction Method: Principal Component Analysis Initial Extraction 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,396 0,177 0,236 0,004 0,170 0,353 0,307 0,255 Quadro 22 - Comunalidades (Reconhecimento da necessidade) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Component Total Initial Eigenvalues % of Variance 1 2 3 4 5 6 7 8 1,898 23,727 1,344 16,796 1,010 12,625 0,971 12,137 0,855 10,685 0,693 8,662 0,679 8,485 0,551 6,884 Extraction Method: Principal Component Analysis Cumulative % 23,727 40,523 53,147 65,284 75,969 84,631 93,116 100,000 Extraction Sums of Squared Loadings Total % of Variance Cumulative % 1,898 23,727 23,727 Quadro 23 - Variância total explicada (Reconhecimento da necessidade) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Component 1 Moda Opção na vitrine Influência do grupo Necessidade de uso Comunicação e troca de informações Inovação Status Entretenimento Extraction Method: Principal Component Analysis 1 components extracted Quadro 24 – Matriz componente (Reconhecimento da necessidade) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa 0,629 0,421 0,486 -0,061 0,413 0,594 0,554 0,505 144 4.3.1.2 Busca de informações 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 1,000 0,156 0,079 0,100 0,082 0,054 -0,040 0,027 0,103 0,074 2 0,156 1,000 0,223 0,192 0,277 0,235 -0,065 -0,029 -0,027 0,038 3 0,079 0,223 1,000 0,392 0,220 0,287 0,037 0,122 0,135 0,026 4 0,100 0,192 0,392 1,000 0,299 0,276 -0,042 0,071 0,086 0,146 5 0,082 0,277 0,220 0,299 1,000 0,354 0,156 0,096 0,063 0,098 6 0,054 0,235 0,287 0,276 0,354 1,000 0,020 0,098 0,055 0,069 7 -0,040 -0,065 0,037 -0,042 0,156 0,020 1,000 0,128 0,132 -0,057 8 0,027 -0,029 0,122 0,071 0,096 0,098 0,128 1,000 0,408 0,041 9 0,103 -0,027 0,135 0,086 0,063 0,055 0,132 0,408 1,000 0,002 10 0,074 0,038 0,026 0,146 0,098 0,069 -0,057 0,041 0,002 1,000 Determinante = 0,378 1=Loja 2=Propaganda na TV 3=Propaganda no Rádio 4=Propaganda em jornal 5=Propaganda em revista 6=Outdoor 7=Pesquisa na internet 8=Amigos/Familiares 9=Experiência pessoal anterior 10=SAC Quadro 25 – Matriz de correlação das variáveis (Busca de informações) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy. Bartlett's Test of Sphericity 0,672 238,425 45 0,000 Approx. Chi-Square df Sig. Quadro 26 - Teste de Kaiser-Meyer-Olkin (Busca de informações) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Loja Propaganda na TV Propaganda no Rádio Propaganda em Jornal Propaganda em Revista Outdoor Pesquisa na Internet Amigos/Familiares Experiência pessoal anterior SAC Extraction Method: Principal Component Analysis Quadro 27 - Comunalidades (Busca de informações) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Initial Extraction 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,072 0,252 0,417 0,433 0,424 0,406 0,012 0,097 0,091 0,046 145 Component Total Initial Eigenvalues % of Variance Cumulative % 1 2,248 22,477 2 1,454 14,540 3 1,095 10,946 4 0,981 9,814 5 0,952 9,518 6 0,811 8,111 7 0,712 7,118 8 0,643 6,434 9 0,576 5,758 10 0,528 5,284 Extraction Method: Principal Component Analysis 22,477 37,017 47,963 57,778 67,296 75,406 82,524 88,959 94,716 100,000 Extraction Sums of Squared Loadings Total % of Variance Cumulative % 2,248 22,477 22,477 Quadro 28 - Variância total explicada (Busca de informações) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Loja Propaganda na TV Propaganda no Rádio Propaganda em Jornal Propaganda em Revista Outdoor Pesquisa na Internet Amigos/Familiares Experiência pessoal anterior SAC Extraction Method: Principal Component Analysis 1 components extracted Quadro 29 – Matriz componente (Busca de informações) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Component 1 0,267 0,502 0,645 0,658 0,651 0,637 0,108 0,311 0,301 0,214 146 4.3.1.3 Avaliação de Alternativas pré-compra 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1,000 0,027 0,063 0,069 0,172 0,035 0,132 0,177 0,090 0,073 0,195 0,047 0,036 0,133 0,141 0,027 1,000 0,375 0,201 0,051 0,135 0,079 0,158 0,102 0,066 0,098 -0,095 0,043 0,049 0,223 0,063 0,375 1,000 0,284 0,188 0,138 0,069 0,186 0,144 0,125 0,219 -0,057 0,092 0,028 0,243 0,069 0,201 0,284 1,000 0,304 0,192 0,060 0,204 0,066 0,038 0,175 -0,012 0,075 -0,082 0,239 0,172 0,051 0,188 0,304 1,000 0,237 0,056 0,275 0,088 0,112 0,137 0,030 0,005 -0,045 0,290 0,035 0,135 0,138 0,192 0,237 1,000 0,253 0,111 0,180 0,305 0,242 0,095 0,133 0,142 0,190 0,132 0,079 0,069 0,060 0,056 0,253 1,000 -0,011 0,062 0,307 0,045 0,198 0,148 0,163 0,147 0,177 0,158 0,186 0,204 0,275 0,111 -0,011 1,000 0,258 0,142 0,094 0,067 0,122 0,029 0,047 0,090 0,102 0,144 0,066 0,088 0,180 0,062 0,258 1,000 0,211 0,206 0,056 0,138 0,135 0,064 0,073 0,066 0,125 0,038 0,112 0,305 0,307 0,142 0,211 1,000 0,041 0,135 0,259 0,145 0,108 0,195 0,098 0,219 0,175 0,137 0,242 0,045 0,094 0,206 0,041 1,000 0,208 0,005 0,186 0,063 0,047 -0,095 -0,057 -0,012 0,030 0,095 0,198 0,067 0,056 0,135 0,208 1,000 0,062 0,302 -0,015 0,036 0,043 0,092 0,075 0,005 0,133 0,148 0,122 0,138 0,259 0,005 0,062 1,000 0,108 0,124 0,133 0,049 0,028 -0,082 -0,045 0,142 0,163 0,029 0,135 0,145 0,186 0,302 0,108 1,000 0,043 0,141 0,223 0,243 0,239 0,290 0,190 0,147 0,047 0,064 0,108 0,063 -0,015 0,124 0,043 1,000 Determinante = 0,164 1=Qualidade do produto 2=Apresentação do produto na loja 3=Acesso à loja 4=Qualidade do atendimento 5=Garantia 6=Variedade disponível 7=Inovação 8=Assistência técnica 9=Formas de pagamento 10=Design 11=Preços 12=Funções/Funcionalidade 13=Marca 14=Utilidade e vantagens 15=Confiança na loja/vendedor Quadro 30 – Matriz de correlação das variáveis (Avaliação de alternativas pré-compra) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy Bartlett's Test of Sphericity 0,694 439,659 105 0,000 Approx. Chi-Square df Sig. Quadro 31 - Teste de Kaiser-Meyer-Olkin (Avaliação de alternativas pré-compra) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Qualidade do produto Apresentação do produto na loja Acesso à loja Qualidade do atendimento Garantia Variedade disponível Inovação Assistência técnica Formas de pagamento Design Preços Funções/Funcionalidade Marca Utilidade e vantagens Confiança na loja/vendedor Extraction Method: Principal Component Analysis Quadro 32 - Comunalidades (Avaliação de alternativas pré-compra) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Initial Extraction 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,112 0,169 0,280 0,232 0,245 0,323 0,155 0,207 0,189 0,230 0,201 0,048 0,109 0,079 0,231 147 Component Total Initial Eigenvalues % of Variance 1 2,810 18,731 2 1,693 11,284 3 1,260 8,397 4 1,133 7,551 5 1,118 7,454 6 0,981 6,542 7 0,869 5,792 8 0,823 5,488 9 0,782 5,212 10 0,695 4,633 11 0,671 4,476 12 0,607 4,047 13 0,574 3,824 14 0,507 3,380 15 0,478 3,189 Extraction Method: Principal Component Analysis Cumulative % 18,731 30,016 38,413 45,964 53,418 59,960 65,752 71,240 76,452 81,085 85,561 89,607 93,431 96,811 100,000 Extraction Sums of Squared Loadings Total % of Variance Cumulative % 2,810 18,731 18,731 Quadro 33 - Variância total explicada (Avaliação de alternativas pré-compra) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Component 1 Qualidade do produto Apresentação do produto na loja Acesso à loja Qualidade do atendimento Garantia Variedade disponível Inovação Assistência técnica Formas de pagamento Design Preços Funções/Funcionalidade Marca Utilidade e vantagens Confiança na loja/vendedor Extraction Method: Principal Component Analysis 1 components extracted Quadro 34 – Matriz componente (Avaliação de alternativas pré-compra) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa 0,334 0,411 0,529 0,482 0,495 0,568 0,393 0,455 0,435 0,480 0,448 0,220 0,330 0,282 0,481 148 4.3.1.4 Compra 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1,000 0,144 -0,060 0,282 0,170 0,175 0,062 0,108 -0,001 0,069 0,025 0,174 0,104 0,200 0,115 1 0,144 1,000 -0,233 0,188 0,217 0,155 -0,028 0,105 -0,061 0,004 0,012 0,135 0,114 0,144 0,081 2 1,000 -0,011 -0,099 -0,030 0,116 0,053 0,194 0,069 -0,011 0,050 0,093 -0,010 -0,004 3 -0,060 -0,233 0,282 0,188 -0,011 1,000 0,257 0,137 -0,030 0,071 0,049 0,058 0,040 0,209 0,024 0,280 0,192 4 0,170 0,217 -0,099 0,257 1,000 0,326 -0,025 0,143 -0,017 0,014 0,075 0,169 0,219 0,215 0,119 5 0,175 0,155 -0,030 0,137 0,326 1,000 -0,067 0,154 -0,087 0,102 -0,003 0,080 0,078 0,039 0,200 6 0,062 -0,028 0,116 -0,030 -0,025 -0,067 1,000 0,238 0,346 0,073 0,114 -0,013 0,054 -0,057 -0,116 7 0,108 0,105 0,053 0,071 0,143 0,154 0,238 1,000 0,159 -0,016 0,171 0,102 0,149 0,044 0,129 8 0,194 0,049 -0,017 -0,087 0,346 0,159 1,000 0,196 0,107 0,031 0,117 0,001 -0,059 9 -0,001 -0,061 0,069 0,004 0,069 0,058 0,014 0,102 0,073 -0,016 0,196 1,000 0,156 0,005 0,045 -0,015 0,019 10 0,025 0,012 -0,011 0,040 0,075 -0,003 0,114 0,171 0,107 0,156 1,000 -0,003 0,014 0,047 -0,012 11 0,174 0,135 0,050 0,209 0,169 0,080 -0,013 0,102 0,031 0,005 -0,003 1,000 0,380 0,211 0,155 12 0,104 0,114 0,093 0,024 0,219 0,078 0,054 0,149 0,117 0,045 0,014 0,380 1,000 0,235 0,161 13 0,200 0,144 -0,010 0,280 0,215 0,039 -0,057 0,044 0,001 -0,015 0,047 0,211 0,235 1,000 0,178 14 0,115 0,081 -0,004 0,192 0,119 0,200 -0,116 0,129 -0,059 0,019 -0,012 0,155 0,161 0,178 1,000 15 Determinante = ,218 1=Qualidade 2=Preço 3=Status 4=Durabilidade 5=Custo/benefício 6=Confirmação das Informações 7=Desejo de ter o produto 8=Percepção de uma boa compra 9=Design 10=Funções/Funcionalidade 11=Satisfação das necessidades 12=Atendimento realizado pelo vendedor 13=Confiança na loja/vendedor 14=Forma de pagamento 15=Garantia estendida Quadro 35 – Matriz de correlação das variáveis (Compra) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Qualidade Preço Status Durabilidade Custo/benefício Confirmação das Informações Desejo de ter o produto Percepção de uma boa compra Design Funções/Funcionalidade Satisfação das necessidades Atendimento realizado pelo vendedor Confiança na loja/vendedor Forma de pagamento Garantia estendida Extraction Method: Principal Component Analysis Quadro 36 - Comunalidades (Compra) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Initial Extraction 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,254 0,200 0,006 0,312 0,364 0,207 -05 5,913 0,125 0,003 0,013 0,017 0,286 0,243 0,280 0,195 149 Component Total Initial Eigenvalues % of Variance 1 2,504 16,693 2 1,761 11,741 3 1,277 8,514 4 1,102 7,344 5 1,081 7,210 6 0,984 6,562 7 0,946 6,306 8 0,852 5,679 9 0,811 5,405 10 0,741 4,941 11 0,691 4,604 12 0,607 4,048 13 0,590 3,931 14 0,565 3,768 15 0,488 3,255 Extraction Method: Principal Component Analysis Cumulative % 16,693 28,434 36,948 44,292 51,501 58,063 64,369 70,048 75,453 80,394 84,998 89,045 92,977 96,745 100,000 Extraction Sums of Squared Loadings Total % of Variance Cumulative % 2,504 16,693 16,693 Quadro 37 - Variância total explicada (Compra) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Component 1 Qualidade do produto Apresentação do produto na loja Acesso à loja Qualidade do atendimento Garantia Variedade disponível Inovação Assistência técnica Formas de pagamento Design Preços Funções/Funcionalidade Marca Utilidade e vantagens Confiança na loja/vendedor Extraction Method: Principal Component Analysis 1 components extracted Quadro 38 – Matriz componente (Compra) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa 0,504 0,447 -0,075 0,559 0,604 0,455 0,008 0,353 0,052 0,112 0,129 0,535 0,493 0,529 0,441 150 4.3.1.5 Consumo 1 2 3 4 1 1,000 0,296 0,079 0,219 2 0,296 1,000 0,176 0,344 3 0,079 0,176 1,000 0,286 4 0,219 0,344 0,286 1,000 Determinante = 0,721 1=Confirmação das expectativas 2=Atendimento das necessidades 3=Facilidade de uso 4=Qualidade geral do produto Quadro 39 – Matriz de correlação das variáveis (Consumo) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy Bartlett's Test of Sphericity 0,637 80,847 6 0,000 Approx. Chi-Square df Sig. Quadro 40 - Teste de Kaiser-Meyer-Olkin (Consumo) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Confirmação das expectativas Atendimento das necessidades Facilidade de uso Qualidade geral do produto Extraction Method: Principal Component Analysis Initial Extraction 1,000 1,000 1,000 1,000 0,344 0,532 0,291 0,551 Quadro 41 - Comunalidades (Consumo) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Component Total Initial Eigenvalues % of Variance 1 1,718 42,960 2 0,951 23,785 3 0,704 17,607 4 0,626 15,648 Extraction Method: Principal Component Analysis Cumulative % 42,960 66,745 84,352 100,000 Extraction Sums of Squared Loadings Total % of Variance Cumulative % 1,718 42,960 42,960 Quadro 42 - Variância total explicada (Consumo) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Confirmação das expectativas Atendimento das necessidades Facilidade de uso Qualidade geral do produto Extraction Method: Principal Component Analysis 1 components extracted Quadro 43 – Matriz componente (Consumo) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Component 1 0,587 0,730 0,539 0,742 151 4.3.1.6 Avaliação pós-consumo 1 2 3 4 5 6 1 1,000 -0,042 0,216 0,185 -0,162 0,105 2 -0,042 1,000 -0,018 -0,060 0,330 -0,134 3 0,216 -0,018 1,000 0,312 -0,054 0,297 4 0,185 -0,060 0,312 1,000 -0,032 0,303 5 -0,162 0,330 -0,054 -0,032 1,000 -0,164 6 0,105 -0,134 0,297 0,303 -0,164 1,000 Determinante = 0,612 1=Informações correspondem a realidade 2=Novo produto no mercado 3=Qualidade do produto 4=Percepção de boa escolha 5=Status 6=Atendimento das necessidades Quadro 44 – Matriz de correlação das variáveis (Avaliação pós-consumo) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy. Bartlett's Test of Sphericity Approx. Chi-Square df 0,623 120,839 15 Sig. 0,000 Quadro 45 - Teste de Kaiser-Meyer-Olkin (Avaliação pós-consumo) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Informações correspondem a realidade Novo produto no mercado Qualidade do produto Percepção de boa escolha Status Atendimento das necessidades Extraction Method: Principal Component Analysis Initial Extraction 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,245 0,134 0,411 0,405 0,193 0,446 Quadro 46 - Comunalidades (Avaliação pós-consumo) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Component Total Initial Eigenvalues % of Variance 1 1,834 30,559 2 1,259 20,988 3 0,925 15,421 4 0,710 11,840 5 0,666 11,094 6 0,606 10,098 Extraction Method: Principal Component Analysis Cumulative % 30,559 51,547 66,968 78,808 89,902 100,000 Quadro 47 - Variância total explicada (Avaliação pós-consumo) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Extraction Sums of Squared Loadings Total % of Variance Cumulative % 1,834 30,559 30,559 152 Component 1 0,495 -0,366 0,641 0,636 -0,439 0,668 Informações correspondem a realidade Novo produto no mercado Qualidade do produto Percepção de boa escolha Status Atendimento das necessidades Extraction Method: Principal Component Analysis 1 components extracted Quadro 48 – Matriz componente (Avaliação pós-consumo) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa 4.3.1.7 Descarte 1 2 3 4 5 6 7 1 1,000 0,260 0,026 -0,029 -0,001 -0,051 -0,003 2 0,260 1,000 0,148 -0,061 0,070 0,037 -0,060 3 0,026 0,148 1,000 0,078 0,034 0,077 -0,098 4 -0,029 -0,061 0,078 1,000 0,100 0,030 -0,098 5 -0,001 0,070 0,034 0,100 1,000 0,184 0,120 6 -0,051 0,037 0,077 0,030 0,184 1,000 0,043 7 -0,003 -0,060 -0,098 -0,098 0,120 0,043 1,000 a Determinant = ,815 1=Diminuição do status 2=Outro produto mais inovador 3=Deixou de ser útil/funcional 4=Forma correta de descarte 5=Doação quando fora de uso mais 6=Venda quando fora de uso 7=Empréstimo quando fora de uso Quadro 49 – Matriz de correlação das variáveis (Descarte) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy. Bartlett's Test of Sphericity Approx. Chi-Square df Sig. 0,500 50,260 21 0,000 Quadro 50 - Teste de Kaiser-Meyer-Olkin (Descarte) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Diminuição do status Outro produto mais inovador Deixou de ser útil/funcional Forma correta de descarte Doação quando fora de uso mais Venda quando fora de uso Empréstimo quando fora de uso Extraction Method: Principal Component Analysis Quadro 51 - Comunalidades (Descarte) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Initial Extraction 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,304 0,553 0,275 0,011 0,100 0,074 0,029 153 Initial Eigenvalues Component Extraction Sums of Squared Loadings Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative % 1 1,345 19,211 19,211 1,345 19,211 19,211 2 1,260 17,993 37,204 3 1,163 16,619 53,824 4 0,946 13,509 67,333 5 0,844 12,053 79,386 6 0,767 10,961 90,346 7 0,676 9,654 100,000 Extraction Method: Principal Component Analysis Quadro 52 - Variância total explicada (Descarte) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa Component 1 Diminuição do status Outro produto mais inovador Deixou de ser útil/funcional Forma correta de descarte Doação quando fora de uso mais Venda quando fora de uso Empréstimo quando fora de uso Extraction Method: Principal Component Analysis 1 components extracted Quadro 53 – Matriz componente (Descarte) Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa 0,551 0,744 0,524 0,105 0,316 0,272 -0,170 154 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em um mundo cada vez mais globalizado e conectado, as organizações, na busca por obter vantagens competitivas, dedicam-se cada vez mais a desenvolver ações que estimulem e viabilizem a troca de valores com os seus consumidores, buscando satisfazer suas necessidades e desejos como forma de garantir a sua própria sobrevivência. Nesse sentido, compreender como eles percebem e reagem a estímulos relacionados ao processo de decisão de compra é fundamental, assim como o estudo constante do mercado e o entendimento das contínuas mudanças no gosto ou interesses desses consumidores. Como afirmam Aaker, Kumar e Day, (2007), pesquisas precisam ser realizadas visando a entender quem são os consumidores, como se comportam e como poderão reagir no futuro. Considerando esta realidade, o objetivo geral deste trabalho foi o de conhecer os fatores que influenciam os consumidores da Geração Z na compra de produtos eletrônicos, entendendo-se como relevante não apenas o fato de que nas últimas décadas o mercado formado por jovens vem aumentando significativamente seu poder de compra, mas, também, que o seu comportamento – enquanto consumidores – vem cada vez mais afetando as relações comerciais, seja executando suas próprias compras seja recebendo a tarefa de executar as compras da família, levando esses indivíduos a uma maior autonomia e aumentando a sua influência nas decisões de consumo. Para o alcance desse objetivo, o Modelo de Processo de Decisão do Consumidor (modelo PDC simplificado) apresentado por Blackwell, Miniard e Engel (2008), demonstrou-se adequado como modelo teórico e, a partir da análise dos dados coletados, foi possível demonstrar que, para os sujeitos pesquisados, o principal fator de influência na decisão de compra de produtos eletrônicos está baseado nos atributos desses produtos, com ênfase na sua qualidade e, de forma contrária ao que foi encontrado na literatura, comprar com a intenção de demonstrar status não se demonstrou relevante para esse grupo. Entre os resultados que merecem destaque por sua relevância, considerandose que encontram amparo na literatura está o fato de que, como afirma Telles (2009), a Geração Z possui uma postura mais crítica e não se deixa influenciar por 155 celebridades mais do que os comentários recebidos de amigos pela internet ou da família, além de não fazer muito uso de mídias tradicionais, como o rádio, os jornais, as revistas etc. ou, como afirma Limeira (2008), a propaganda tradicional já não é tão dominante com relação à sua influência sobre os estilos de vida ou sobre os comportamentos de consumo desses jovens. Como os demais objetivos deste trabalho foram idealizados entendendo-se que as atividades de consumo podem ser classificadas em ações de pré-compra, de compra propriamente dita e de pós-compra, a análise dos dados coletados permitiu demonstrar que a amostra considerada, em relação ao primeiro objetivo específico, identificar como os sujeitos buscam informações e como são influenciados antes da compra, foi influenciada, no estágio de Reconhecimento da necessidade, por fatores associados a uma necessidade de uso ou trabalho e pela possibilidade de troca de informações e comunicação. Já no estágio de Busca de informações, o uso da internet e a consideração das suas experiências de compras anteriores foram os fatores considerados de maior influência e, com relação ao estágio de Avaliação de alternativas pré-compra, a qualidade do produto e as suas funções e funcionalidade estão entre os fatores que mais influenciaram os indivíduos pesquisados. Com relação ao segundo objetivo específico, detectar os fatores determinantes para a efetivação da compra, percebeu-se que a amostra considerada foi sensível, no que diz respeito ao estágio de Compra, a fatores ligados à qualidade do produto (principalmente), à sua durabilidade, funções e funcionalidade e, também, à capacidade dos produtos de atender às suas necessidades de uso. Por fim, foi possível chegar ao entendimento de que, considerando-se o terceiro objetivo específico, analisar o processo de avaliação pós-compra identificando quais atributos do processo são relevantes para esses sujeitos, para a amostra considerada tais fatores corresponderam às características associadas à qualidade dos produtos e ao fato de esses produtos atenderem às suas necessidades, para o estágio de Consumo; para o estágio de Avaliação pósconsumo, os fatores, mais uma vez, relacionaram-se com a qualidade geral do produto e com a sua real capacidade de atender às necessidades dos respondentes. Ainda com relação ao estágio de Avaliação pós-consumo, os indivíduos que participaram da pesquisa demonstraram preocupar-se com duas questões ligadas à sua percepção com relação ao produto: se as informações recebidas nas fases 156 anteriores eram condizentes com a realidade do produto comprado e se a sua qualidade geral correspondia à qualidade esperada antes da compra. Já para o estágio de Descarte, foi demonstrada a possibilidade de descarte do produto uma vez que ele tenha deixado de ser útil. Convém salientar que, apesar de adequado para o presente estudo, o modelo PDC simplificado pode apresentar limitações para pesquisas que pretendam estabelecer relações de influência entre um e outro ou entre os vários estágios do comportamento de compra ou, ainda, que visem a estudar, por exemplo, a satisfação dos consumidores a partir do seu comportamento de compra. Nesse caso, a sugestão é a de que seja considerado o modelo na sua concepção completa (Figura 16, página 91). Ainda que se tenha o entendimento de que os objetivos deste trabalho foram alcançados, ao se considerar os resultados da Análise Fatorial Confirmatória é preciso ponderar que as variáveis utilizadas não foram capazes de explicar o modelo adotado. Infere-se que este fato possa vir a ser creditado a fatores relacionados com o nível de entendimento das questões pelos sujeitos pesquisados; com a falta de comprometimento desses sujeitos na apresentação de suas respostas, o que pode ter sido motivado pelo momento no qual os questionários foram preenchidos e em função do elevado número de variáveis; com a falta de opinião dos sujeitos em relação a algumas das variáveis e, ainda, com os procedimentos adotados para a construção do instrumento de coleta dos dados. Mesmo considerando satisfatórios os resultados alcançados, algumas limitações foram encontradas durante a realização desta pesquisa, as quais podem ser divididas em dois grupos. O primeiro representa as dificuldades relacionadas à literatura pesquisada, no que se refere, muitas vezes, à falta de consenso entre os diversos autores em determinadas questões cruciais; à escassez de estudos relacionados à Geração Z e à diferença na forma de apresentação de dados relacionados à população, considerando os diversos Censos e as PNADs. O segundo grupo, por sua vez, está relacionado com as questões práticas da pesquisa, como o fato de a coleta de dados ter sido realizada imediatamente após o período das festas natalinas, o que pode ter levado os respondentes a um nível diferenciado de compreensão do processo de compra e, mesmo considerando que a amostra obtida atendeu em termos numéricos aos requisitos apontados na literatura, 157 tendo sido a mesma selecionada por conveniência, significa dizer, na visão da maioria dos autores, que os resultados obtidos não podem ser generalizados para o universo da pesquisa, embora também defenda-se essa generalização considerando que o comportamento dos jovens enquanto consumidores tende a variar muito pouco em razão da crescente tendência de universalização de atitudes provocada, em parte, pela globalização dos meios de informação e comunicação e dos mercados em si. A finalização deste estudo leva ao entendimento de que outras pesquisas podem vir a ser realizadas no intuito de buscar novos elementos relacionados ao comportamento de compra dos jovens. Entre eles, (1) compreender se os fatores de um estágio do processo de decisão do consumidor são capazes de interferir nos demais estágios e como isso ocorre; (2) confirmar os resultados encontrados nesta pesquisa, no que se refere à motivação do uso de produtos eletrônicos; (3) buscar a confirmação dos resultados desta pesquisa através da utilização de outros métodos estatísticos; (4) comparar populações de regiões distintas a fim de verificar o seu nível de proximidade em relação ao seu comportamento de compra; (5) verificar o grau de discrepância entre a confirmação de variáveis obtidas através da técnica de brainwriting utilizada neste estudo e através da realização de grupos de foco ou entrevistas em profundidade e (6) estabelecer classes de consumidores entre os indivíduos pertencentes à Geração Z. Os resultados desta pesquisa – que não se pretende conclusiva sobre o assunto – podem vir a auxiliar as organizações no sentido de que trazem importantes constatações a respeito do comportamento dos jovens enquanto consumidores demonstrando que atualmente, e considerando a amostra utilizada, esses consumidores preocupam-se mais com a qualidade e os atributos do produto em si do que com as implicações sociais que a sua propriedade ou o seu uso venham a lhe proporcionar, o que pode implicar diretamente na maneira como essas organizações atuam dentro do seu mercado, de forma a que busquem adaptar a sua cultura e sua capacidade em aproveitar as oportunidades existentes a essa nova realidade, cuja importância se reflete na busca por uma gestão orientada para o longo prazo, criando com seus consumidores laços duradouros capazes de manter seus vínculos com a empresa, entendendo que, como afirmam Valente (2006), os jovens são consumidores em treinamento e levam para a sua vida adulta os hábitos 158 de compra adquiridos, e Solomon (2008), a lealdade dedicada às marcas é normalmente desenvolvida durante a juventude. 159 REFERÊNCIAS AAKER, David A.; KUMAR, V.; DAY, George S. 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Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 170 APÊNDICES 171 APÊNDICE A – Roteiro para confirmação das variáveis influenciadoras do processo de decisão de compra UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO FATORES QUE INFLUENCIAM OS CONSUMIDORES DA GERAÇÃO “Z” NA COMPRA DE PRODUTOS ELETRÔNICOS ETAPA 1: Primeira sessão. Objetivo: elencar possíveis variáveis (roteiro). 1. Distribuir os participantes em mesas previamente dispostas em círculo. 2. Explicar como se dará o processo de coleta de dados como um todo: a. Explicação do método a ser utilizado (brainwriting) – verificar, em seguida, se houve compreensão por parte dos participantes da dinâmica pretendida; b. Explicação de como se desenvolverá o funcionamento do grupo (distribuição dos desenhos do modelo simplificado de decisão do consumidor e dos modelos associados a cada um dos seus estágios, explicação do modelo estágio por estágio, tempo para anotação das ideias e troca das fichas) – verificar, em seguida, se houve compreensão por parte dos participantes da dinâmica pretendida. 3. Distribuir entre os participantes o desenho do modelo simplificado de decisão do consumidor e os desenhos dos modelos associados a cada um dos seus estágios. 4. Explicar o modelo de decisão de consumo em todos os seus sete estágios: a. Explicar cada um dos estágios, em sequência, utilizando tanto o desenho do modelo simplificado quanto o desenho do modelo associado ao estágio em questão; b. Ao final da explicação de cada estágio, confirmar com os participantes se houve entendimento das questões ligadas ao estágio em questão; c. Ao final da explicação de todos os estágios, confirmar com os participantes se houve compreensão do processo de decisão de consumo como um todo. 5. Distribuir a ficha de coleta do Estágio - 1 Reconhecimento da necessidade. 6. Solicitar o preenchimento da ficha de coleta do Estágio 1 - Reconhecimento da necessidade da seguinte forma: a. Cada participante terá 30 segundos para pensar em respostas à pergunta apresentada na ficha na forma de possíveis variáveis ligadas à fase em 172 questão, mas sem anotar nada na ficha de coleta de dados, até que lhe seja solicitado; b. Após esses 30 segundos conceder outros 60 segundos para que cada participante anote na ficha que está sob sua posse as possíveis variáveis imaginadas; caso o participante esteja ainda anotando alguma variável ao final destes 60 segundos, ele deverá acabar de fazer a anotação desta variável e, em seguida, interromper o processo; c. Proceder à troca das fichas entre os participantes, fazendo com que cada um passe a ficha sob sua posse para o participante posicionado imediatamente ao seu lado, cuidando para que o rodízio das fichas aconteça obedecendo sempre a mesma direção; d. Conceder 30 segundos para que cada participante leia as indicações feitas pelo participante que preencheu anteriormente a ficha, sem anotar nada na ficha, até que lhe seja solicitado. e. Após esses 30 segundos conceder outros 60 segundos para que cada participante passe a anotar na ficha as suas sugestões de variáveis, sem repetir as variáveis já indicadas pelo participante que preencheu a ficha anteriormente; caso o participante esteja ainda anotando alguma variável ao final destes 60 segundos, deverá acabar de fazer a anotação desta variável e, em seguida, interromper o processo; Observação: caso o participante não tenha nenhuma variável a indicar, ele deverá permanecer com a posse da ficha de coleta de dados até o término da rodada em andamento, mesmo que não venha a fazer nele nenhuma anotação. f. Este processo deverá ser repetido até que todos os participantes tenham tido sob sua posse cada uma das fichas disponibilizados para esta fase. 7. Recolher a ficha de coleta do Estágio 1 - Reconhecimento da necessidade. 8. Distribuir a ficha de coleta do Estágio 2 - Busca da informação. 9. Solicitar o preenchimento da ficha de coleta do Estágio 2 - Busca da informação de acordo com as instruções contidas no item 6 e em seus subitens. Isto deverá ser feito sucessivamente até que todas as fases tenham sido consideradas e todos os respectivos formulários de coleta de dados preenchidos. 173 APÊNDICE B – Roteiro para análise das variáveis e do instrumento adaptado UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO FATORES QUE INFLUENCIAM OS CONSUMIDORES DA GERAÇÃO “Z” NA COMPRA DE PRODUTOS ELETRÔNICOS ETAPA 1: Segunda sessão. Objetivo: análise das variáveis e instrumento adaptado (roteiro). 1. Distribuir os participantes em mesas previamente dispostas em semicírculo. 2. Explicar como se dará o processo de análise das variáveis definidas anteriormente: a. Separação das variáveis em grupos; b. Adequação, caso seja necessário, dos nomes dados às variáveis durante o processo de coleta dos dados; c. Definição de nomes para os grupos de variáveis levantados; d. Análise e proposição de alterações para o questionário de Ferreira (2009). Observação: é importante esclarecer que os resultados das atividades dessa sessão dependerão do consenso de todos os participantes. 3. Anotar no quadro (flip chart) as variáveis definidas pelo grupo de foco, na sessão anterior, para o Estágio 1 – Reconhecimento da necessidade. 4. Solicitar aos participantes que procedam à separação dessas variáveis em grupos, de acordo com as suas características particulares como, por exemplo, estarem relacionadas ao consumidor – desejo de ter o produto, status etc. – ou de serem características do produto – marca, design etc. –, indicando a possibilidade, caso necessário, da alteração da nomenclatura dada à variável. 5. Feita a divisão das variáveis levantadas para o Estágio 1 – Reconhecimento da necessidade, solicitar aos participantes que dêem nomes a cada um dos grupos formados. Para tanto, deverá haver a intermediação do moderador, no sentido de adequar esses nomes à literatura que trata do tema comportamento do consumidor. 6. Proceder dessa forma até que todos os estágios do processo de decisão de consumo tenham sido contemplados. 174 7. Após a conclusão das atividades relacionadas ao Estágio 7 – Descarte, distribuir uma cópia do questionário – “Compra de Vestuário” – para cada participante e solicitar que seja feita uma leitura do mesmo. 8. Solicitar aos participantes que indiquem a sua concordância ou não em relação à adequação das perguntadas presentes em cada uma das fases do referido questionário, sugerindo, caso entendam como necessário, a adequação da sua redação. Observação: neste caso, especificamente, caso não haja consenso do grupo em relação a alguma pergunta presente no referido questionário, o moderador deverá, a seu critério, encerrar a discussão relativa à pergunta em questão. 175 APÊNDICE C – Questionário utilizado Agradecemos a sua participação nesta pesquisa que tem por objetivo coletar dados que levem a uma melhor compreensão dos fatores que influenciam os consumidores da Geração “Z” na compra de produtos eletrônicos, como parte integrante de Dissertação vinculada ao Mestrado Profissional em Administração do Programa de Pós-Graduação em Administração da PróReitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação da Universidade Potiguar. Para garantir a sua privacidade, este questionário não será identificado e assegura-se que as respostas serão tratadas de forma confidencial, servindo apenas para o fim a que se destinam. QUESTIONÁRIO Bom(a) dia (tarde/noite). Para responder a este questionário não serão necessários mais do que 15 minutos do seu tempo. Parte I – Caracterização do sujeito da pesquisa 1 2 QUAL A SUA IDADE?* * Encerrar se menor de 12 anos ou maior de 20 anos SEXO: Masculino Feminino 3 ESCOLARIDADE: Está matriculado em alguma instituição de ensino? Sim * Encerrar se Não Não A instituição é: Pública Particular Nível que está cursando: 4 Ensino fundamental º ano Ensino médio º ano Ensino superior º ano Considerando o ano de 2010, QUANTAS COMPRAS de produtos eletrônicos você realizou? 176 Para as próximas etapas, deve haver o entendimento de que não existem respostas certas ou erradas; para cada questão indique a opção mais próxima da sua opinião. Quais razões levariam você a comprar um produto eletrônico? Discordo totalmente Discordo parcialmente Nem concordo nem discordo Concordo parcialmente Concordo totalmente Parte II – Reconhecimento da necessidade 1 5 6 7 8 9 10 11 12 2 3 4 5 Comprar pelo desejo de ter o produto da moda Comprar por haver encontrado uma opção interessante na vitrine Comprar para fazer parte de um grupo, porque as outras pessoas têm Comprar para atender a uma situação de trabalho ou necessidade de uso Comprar para permitir a comunicação e a troca de informações Comprar pela busca de inovação e novas tecnologias Comprar para demonstrar status, como elemento diferencial Comprar na busca por entretenimento 1 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 2 3 Muito utilizada Sempre utilizada Indiferente De que forma você buscaria informações sobre um produto eletrônico que pretendesse comprar? Nunca utilizada Pouco utilizada Parte III – Busca de informações 4 5 Consultando as próprias lojas Através da propaganda na TV Através da propaganda nas rádios Através da propaganda em jornais Através da propaganda em revistas Observando outdoors Fazendo buscas na Internet Através da indicação de amigos e familiares Considerando as experiências pessoais de compras anteriores Entrando em contato com o serviço de atendimento ao consumidor 1 23 24 25 26 27 28 29 A qualidade dos produtos oferecidos A disposição e a apresentação dos produtos na loja A facilidade de acesso à loja A qualidade geral do atendimento prestado A garantia oferecida (tanto pelo fabricante quanto pela loja) A variedade de modelos oferecida O grau de inovação apresentado pelo produto 2 3 Muita importância Total importância Indiferente Quais fatores você levaria em consideração para a escolha de um produto eletrônico que pretendesse comprar? Sem importância Pouca importância Parte IV – Avaliação de alternativas pré-compra 4 5 1 30 31 32 33 34 35 36 37 2 3 Muita importância Total importância Indiferente Continuação Sem importância Pouca importância 177 4 5 A existência de assistência técnica na localidade onde reside A possibilidade de diferentes formas de pagamento O design dos produtos (cor, formato etc.) Os preços praticados As funções e a funcionalidade dos produtos A marca dos produtos A utilidade e as vantagens que o produto pode oferecer A confiança depositada na loja ou no vendedor 1 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 2 3 Muita importância Total importância Indiferente Quais fatores você consideraria determinantes no momento de definir a compra de um produto eletrônico que tivesse escolhido? Sem importância Pouca importância Parte V – Compra 4 5 A qualidade do produto O preço do produto O status que a posse do produto pode proporcionar A durabilidade do produto Uma boa relação custo/benefício A confirmação das informações obtidas durante a fase de pesquisa O desejo de ter o produto A percepção de haver realizado uma boa compra O design do produto (cor, formato etc.) As funções e a funcionalidade do produto A capacidade do produto de satisfazer as suas necessidades O atendimento realizado pelo vendedor A confiança depositada na loja ou no vendedor A forma de pagamento A existência de garantia estendida 1 53 54 55 56 2 3 Muita importância Total importância Indiferente Quais fatores você consideraria como importantes para a avaliação da sua experiência de uso em relação a um produto eletrônico que tivesse comprado? Sem importância Pouca importância Parte VI – Consumo 4 5 A confirmação das expectativas existentes antes da compra O produto atender às suas necessidades A facilidade de uso do produto A qualidade geral do produto Na próxima etapa indique o seu grau de concordância ou discordância em relação a cada uma das afirmações feitas, levando em consideração a última compra de produto eletrônico que você tenha realizado. 178 Discordo totalmente Discordo parcialmente Nem concordo nem discordo Concordo parcialmente Concordo totalmente Parte VII – Avaliação pós-consumo Quais fatores você levaria em consideração no momento de avaliar o desempenho de um produto eletrônico que tivesse comprado? 1 57 58 59 60 61 62 2 3 4 5 As informações que recebi sobre o produto corresponderam à realidade O produto deixou de ser atraente/útil, pois foi lançado um novo produto A qualidade geral do produto correspondeu à esperada antes da compra Reconheci ter feito uma boa compra Eu me senti mais valorizado pelas pessoas após ter comprado o produto O produto comprado realmente atendeu à minhas necessidades Na próxima etapa serão apresentadas diversas afirmações. Indique o seu grau de concordância ou discordância em relação a cada uma delas. Considere, para tanto, as suas possíveis motivações para se desfazer de um produto eletrônico que tenha comprado recentemente. Discordo totalmente Discordo parcialmente Nem concordo nem discordo Concordo parcialmente Concordo totalmente Parte VIII – Descarte Quais razões motivariam você a pensar em se desfazer de um produto eletrônico que tivesse comprado? 1 63 64 65 66 67 68 69 2 3 4 5 Se não me sentir mais valorizado por ter o produto, eu o descarto Se interessar-me por novos produtos, eu considero o seu descarte Se o produto deixou de ser útil/funcional, eu o descarto Eu conheço as maneiras corretas de descartar um produto eletrônico Se o produto não me serve mais eu faço uma doação Se o produto não me serve mais eu considero vendê-lo Se o produto deixou de ser útil/funcional eu considero emprestá-lo No quadro abaixo indique, nos respectivos espaços, a quantidade de cada um dos itens listados, disponíveis no seu domicílio. Antes de fazer a anotação, leia as observações apresentadas abaixo de cada item. Parte IX – Classificação econômica (critério CCEB) Quantidade de itens POSSE DE ITENS 70 Televisão em cores Considerar apenas televisores em cores 71 Rádio Não considerar rádios instalados em automóveis 72 Banheiro Considerar somente os banheiros que possuem vaso sanitário 73 Automóvel Não considerar veículos utilizados para atividades profissionais 0 1 2 3 4 ou + 179 Quantidade de itens POSSE DE ITENS (continuação) 0 1 2 3 4 ou + 74 Empregado mensalista Considerar todos os que trabalham pelo menos cinco dias por semana 75 Máquina de lavar Não considerar os tanquinhos 76 Videocassete e/ou DVD Considerar mesmo que fazendo parte de outro aparelho 77 Geladeira Com ou sem freezer incorporado 78 Freezer Aparelho independente ou fazendo parte de geladeira duplex No quadro abaixo indique o grau de instrução do chefe de família. GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA 79 0 1 2 3 4 Analfabeto / Primário incompleto Analfabeto / Até 3ª. Série Fundamental Primário completo / Ginasial incompleto Até 4ª. Série Fundamental Ginasial completo / Colegial incompleto Fundamental completo Colegial completo / Superior incompleto Médio completo Superior completo Superior completo Obrigado por sua colaboração. Dados coletados por: ________________________________ Data: ___ / ___ /2010 180 APÊNDICE D – Comunalidades (livre – sem redução de fatores) FATORES/VARIÁVEIS Moda (E1) (E2) (E3) (E4) Raw (Antes da rotação) Initial Extraction (Inicial) (Extração) 1,470 1,166 Rescaled (Após a rotação) Initial Extraction (Inicial) (Extração) 1,000 0,793 Opção na vitrine 1,827 1,636 1,000 0,895 Influência do grupo 1,439 1,097 1,000 0,762 Necessidade de uso ,885 0,371 1,000 0,420 Comunicação e troca de informações 1,032 0,725 1,000 0,702 Inovação 1,460 1,283 1,000 0,879 Status 1,053 0,667 1,000 0,634 Entretenimento 1,058 0,602 1,000 0,568 Loja 1,217 0,957 1,000 0,786 Propaganda na TV 1,364 1,109 1,000 0,813 Propaganda no Rádio 1,213 0,916 1,000 0,755 Propaganda em Jornal 1,124 0,703 1,000 0,626 Propaganda em Revista 1,440 1,203 1,000 0,836 Outdoor 1,502 1,219 1,000 0,811 Pesquisa na Internet 0,900 0,492 1,000 0,547 Amigos/Familiares 1,026 0,652 1,000 0,636 Experiência pessoal anterior 0,956 0,579 1,000 0,605 SAC 1,122 0,777 1,000 0,693 Qualidade do produto 0,352 0,117 1,000 0,332 Apresentação do produto na loja 1,155 0,745 1,000 0,645 Acesso à loja 1,449 1,197 1,000 0,826 Qualidade do atendimento 1,136 0,747 1,000 0,657 Garantia 0,933 0,514 1,000 0,551 Variedade disponível 0,982 0,642 1,000 0,654 Inovação 0,878 0,535 1,000 0,609 Assistência técnica 1,026 0,675 1,000 0,658 Formas de pagamento 1,186 0,929 1,000 0,783 Design 0,991 0,644 1,000 0,649 Preços 0,710 0,348 1,000 0,491 Funções/funcionalidade 0,480 0,141 1,000 0,294 Marca 0,996 0,632 1,000 0,635 Utilidade e vantagens 0,463 0,156 1,000 0,337 Confiança na loja/vendedor 1,206 0,836 1,000 0,693 Qualidade 0,414 0,153 1,000 0,369 Preço 1,010 0,509 1,000 0,504 Status 1,259 0,901 1,000 0,716 Durabilidade 0,460 0,194 1,000 0,423 Custo/benefício 0,589 0,222 1,000 0,377 Confirmação das informações 0,944 0,566 1,000 0,600 Desejo de ter o produto 1,314 0,870 1,000 0,662 Percepção de uma boa compra 1,286 1,010 1,000 0,785 Design 1,162 0,832 1,000 0,716 Funções/funcionalidade 0,500 0,181 1,000 0,363 Satisfação das necessidades 0,427 0,113 1,000 0,266 Atendimento realizado pelo vendedor 1,126 0,750 1,000 0,666 Confiança na loja/vendedor 1,303 0,957 1,000 0,735 Forma de pagamento 0,917 0,593 1,000 0,647 Garantia estendida 0,866 0,426 1,000 0,492 Continua 181 Continuação Confirmação das expectativas (E5) (E6) (E7) 0,794 0,362 1,000 0,456 Atendimento das necessidades 0,315 0,121 1,000 0,384 Facilidade de uso 0,732 0,415 1,000 0,568 Qualidade geral do produto 0,357 0,127 1,000 0,356 Informações correspondem a realidade 0,697 0,345 1,000 0,495 Novo produto no mercado 1,528 1,300 1,000 0,851 Qualidade do produto 0,787 0,369 1,000 0,468 Percepção de boa escolha 0,739 0,213 1,000 0,289 Status 1,589 1,333 1,000 0,839 Atendimento das necessidades 0,265 0,075 1,000 0,283 Diminuição do status 0,723 0,287 1,000 0,397 Outro produto mais inovador 1,772 1,487 1,000 0,840 Deixou de ser útil/funcional 1,338 1,100 1,000 0,822 Forma correta de descarte 1,740 1,568 1,000 0,901 Doação quando fora de uso 1,616 1,403 1,000 0,868 Venda quando fora de uso 1,367 1,165 1,000 0,852 Empréstimo quando fora de uso 1,509 1,306 1,000 0,865 (E1) Estágio de Reconhecimento da necessidade (E2) Estágio de Busca de informações (E3) Estágio de Avaliação de alternativas pré-compra (E4) Estágio de Compra (E5) Estágio de Consumo (E6) Estágio de Avaliação pós-consumo (E7) Estágio de Descarte 182 APÊNDICE E - Comunalidades (com redução para sete fatores) FATORES/VARIÁVEIS Moda (E1) (E2) (E3) (E4) Raw (Antes da rotação) Initial Extraction (Inicial) (Extração) 1,470 0,495 Rescaled (Após a rotação) Initial Extraction (Inicial) (Extração) 1,000 0,337 Opção na vitrine 1,827 1,268 1,000 0,694 Influência do grupo 1,439 0,516 1,000 0,359 Necessidade de uso 0,885 0,098 1,000 0,111 Comunicação e troca de informações 1,032 0,262 1,000 0,254 Inovação 1,460 0,408 1,000 0,280 Status 1,053 0,438 1,000 0,416 Entretenimento 1,058 0,240 1,000 0,227 Loja 1,217 0,282 1,000 0,232 Propaganda na TV 1,364 0,486 1,000 0,356 Propaganda no Rádio 1,213 0,411 1,000 0,339 Propaganda em Jornal 1,124 0,488 1,000 0,434 Propaganda em Revista 1,440 0,665 1,000 0,462 Outdoor 1,502 0,802 1,000 0,534 Pesquisa na Internet 0,900 0,172 1,000 0,191 Amigos/Familiares 1,026 0,305 1,000 0,297 Experiência pessoal anterior 0,956 0,281 1,000 0,294 SAC 1,122 0,150 1,000 0,134 Qualidade do produto 0,352 0,074 1,000 0,210 Apresentação do produto na loja 1,155 0,371 1,000 0,321 Acesso à loja 1,449 0,712 1,000 0,491 Qualidade do atendimento 1,136 0,456 1,000 0,401 Garantia 0,933 0,333 1,000 0,357 Variedade disponível 0,982 0,255 1,000 0,260 Inovação 0,878 0,170 1,000 0,194 Assistência técnica 1,026 0,368 1,000 0,359 Formas de pagamento 1,186 0,353 1,000 0,298 Design 0,991 0,400 1,000 0,404 Preços 0,710 0,183 1,000 0,258 Funções/funcionalidade 0,480 0,065 1,000 0,135 Marca 0,996 0,256 1,000 0,257 Utilidade e vantagens 0,463 0,078 1,000 0,168 Confiança na loja/vendedor 1,206 0,565 1,000 0,468 Qualidade 0,414 0,092 1,000 ,0222 Preço 1,010 0,273 1,000 0,270 Status 1,259 0,483 1,000 0,383 Durabilidade 0,460 0,111 1,000 0,241 Custo/benefício 0,589 0,120 1,000 0,204 Confirmação das informações 0,944 0,194 1,000 0,205 Desejo de ter o produto 1,314 0,507 1,000 0,386 Percepção de uma boa compra 1,286 0,359 1,000 0,279 Design 1,162 0,467 1,000 0,401 Funções/funcionalidade 0,500 0,082 1,000 0,163 Satisfação das necessidades 0,427 0,051 1,000 0,118 Atendimento realizado pelo vendedor 1,126 0,535 1,000 0,475 Confiança na loja/vendedor 1,303 0,530 1,000 0,407 Forma de pagamento 0,917 0,241 1,000 0,263 Garantia estendida 0,866 0,191 1,000 0,221 Continua 183 Continuação Confirmação das expectativas Atendimento das necessidades (E5) Facilidade de uso (E6) (E7) 0,794 0,315 0,284 0,083 1,000 1,000 0,357 0,262 0,732 0,129 1,000 0,177 Qualidade geral do produto 0,357 0,054 1,000 0,151 Informações correspondem a realidade 0,697 0,093 1,000 0,134 Novo produto no mercado 1,528 0,579 1,000 0,379 Qualidade do produto 0,787 0,163 1,000 0,207 Percepção de boa escolha 0,739 0,083 1,000 0,112 Status 1,589 0,755 1,000 0,475 Atendimento das necessidades 0,265 0,031 1,000 0,118 Diminuição do status 0,723 0,182 1,000 0,252 Outro produto mais inovador 1,772 0,742 1,000 0,419 Deixou de ser útil/funcional 1,338 0,299 1,000 0,223 Forma correta de descarte 1,740 0,885 1,000 0,508 Doação quando fora de uso 1,616 0,958 1,000 0,593 Venda quando fora de uso 1,367 0,329 1,000 0,241 Empréstimo quando fora de uso 1,509 0,664 1,000 0,440 (E1) Estágio de Reconhecimento da necessidade (E2) Estágio de Busca de informações (E3) Estágio de Avaliação de alternativas pré-compra (E4) Estágio de Compra (E5) Estágio de Consumo (E6) Estágio de Avaliação pós-consumo (E7) Estágio de Descarte APÊNDICE F - Matriz componente (redução para 23 fatores) Raw Component 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Confiança na 0,574 0,167 0,039 -0,266 -0,341 0,061 -0,119 -0,088 -0,015 -0,089 -0,122 0,011 0,053 -0,205 -0,142 -0,020 0,185 -0,032 0,065 0,260 -0,252 -0,047 0,047 loja/vendedor (E3) Design (E3) 0,497 -0,088 0,210 0,109 0,264 -0,138 0,029 0,138 -0,044 -0,185 -0,141 -0,038 0,047 0,062 0,219 -0,190 0,056 -0,049 0,158 -0,106 0,140 0,009 -0,123 Design (E4) 0,499 -0,279 0,171 0,145 0,175 -0,240 -0,030 0,031 -0,239 -0,391 -0,058 0,031 -0,044 -0,025 0,251 -0,020 -0,087 -0,023 0,015 -0,083 0,197 0,078 -0,156 Novo produto do mercado (E6) Confiança na loja/vendedor (E4) Atend. realizado pelo vendedor (E4) Variedade disponível (E3) Apresentação do produto na loja (E3) Qualidade do atendimento (E3) Inovação (E3) Confirmação das expectativas (E5) Qualidade do produto (E6) 0,528 -0,431 -0,005 -0,290 0,012 0,171 0,029 -0,059 -0,117 0,306 -0,031 0,175 0,383 0,085 0,306 -0,064 -0,036 -0,050 -0,157 0,130 0,056 -0,476 -0,229 0,474 0,268 -0,006 -0,406 -0,199 0,161 -0,067 -0,151 0,022 -0,329 -0,256 -0,074 0,168 -0,373 -0,043 -0,010 0,009 0,045 -0,147 0,024 0,061 0,156 -0,052 0,429 0,409 -0,076 -0,331 -0,250 0,025 -0,073 0,063 0,149 -0,244 0,008 0,020 0,012 0,010 0,183 -0,047 -0,012 0,033 0,209 -0,029 -0,097 0,041 0,189 0,394 0,140 -0,010 -0,067 -0,017 -0,242 0,130 0,235 0,162 -0,196 -0,199 -0,068 0,132 0,123 0,011 -0,154 0,287 0,102 -0,059 0,101 0,052 0,102 -0,216 0,422 0,074 -0,266 -0,240 -0,074 -0,160 -0,167 -0,133 0,132 0,145 0,110 -0,186 -0,223 -0,158 -0,191 0,058 0,061 -0,048 0,218 -0,201 0,139 -0,165 -0,132 0,405 0,206 -0,273 -0,183 -0,316 0,000 0,204 0,024 0,092 -0,151 0,316 0,056 0,071 -0,050 -0,043 -0,263 -0,211 0,033 -0,133 0,030 -0,098 -0,060 -0,015 0,345 -0,075 0,149 0,053 0,118 -0,084 -0,004 0,164 0,164 -0,321 -0,001 -0,160 0,065 -0,108 0,006 0,163 0,074 0,267 0,033 -0,003 0,164 -0,170 0,072 0,307 0,167 0,298 0,140 -0,091 -0,195 -0,086 -0,046 0,036 0,119 -0,105 0,089 -0,049 -0,029 0,091 0,037 -0,027 -0,156 -0,004 0,012 0,001 -0,009 -0,056 0,229 0,176 0,132 0,145 0,118 0,157 -0,045 0,150 0,102 -0,012 0,159 0,145 -0,195 0,055 -0,076 0,010 -0,068 0,099 0,161 0,154 -0,117 0,013 -0,042 Status (E1) 0,230 -0,523 -0,164 -0,157 0,076 0,020 0,232 0,281 -0,010 -0,040 -0,058 0,157 0,205 0,030 0,029 0,088 0,078 -0,133 0,023 0,080 -0,150 0,121 -0,035 Status (E6) 0,365 -0,546 -0,251 -0,468 0,092 0,040 0,178 -0,212 0,039 0,118 0,488 0,213 0,169 0,081 0,133 0,169 -0,175 0,148 -0,055 -0,204 0,142 0,164 0,097 Status (E4) 0,367 -0,476 -0,157 -0,190 0,186 0,089 -0,135 0,144 0,091 -0,254 0,084 -0,021 0,004 0,152 -0,190 0,141 0,333 -0,225 0,032 0,061 -0,015 0,230 -0,136 Moda (E1) 0,341 -0,498 -0,015 0,136 -0,222 0,124 0,218 0,367 -0,169 0,152 -0,086 0,211 -0,235 -0,026 -0,330 -0,262 0,257 0,347 -0,061 -0,068 0,019 -0,015 0,065 Outro produto mais 0,461 -0,527 0,319 -0,172 0,149 0,080 -0,304 -0,481 0,344 0,239 -0,370 -0,149 -0,044 0,180 -0,313 0,012 0,001 0,099 -0,109 -0,071 -0,039 -0,100 0,095 inovador (E7) Assistência 0,331 0,397 -0,072 0,018 0,263 -0,158 0,036 -0,008 -0,117 0,014 0,174 0,124 -0,089 0,119 -0,039 -0,101 0,036 -0,192 -0,279 -0,093 0,096 0,087 0,269 técnica (E3) 184 Continua Continuação Diminuição do status (E7) Desejo de ter o produto (E4) 0,175 -0,332 -0,164 -0,083 -0,031 0,056 -0,058 -0,049 0,036 0,183 -0,154 0,025 -0,050 0,040 0,126 -0,001 0,004 -0,006 0,101 0,038 0,102 0,039 -0,001 0,384 -0,443 0,334 0,092 -0,065 -0,196 0,027 -0,255 -0,117 -0,015 -0,071 -0,067 -0,221 -0,007 0,240 -0,075 -0,117 0,071 0,067 0,022 -0,080 0,319 0,174 Garantia (E3) 0,283 0,371 0,085 -0,204 -0,132 0,087 0,203 0,050 0,035 -0,018 0,019 0,216 -0,034 -0,047 0,042 -0,320 0,038 -0,008 -0,125 -0,017 0,036 0,004 0,065 Garantia estendida (E4) 0,194 0,341 -0,008 -0,090 0,114 0,125 0,014 -0,085 -0,071 0,041 0,144 0,096 0,181 0,118 -0,060 0,065 0,180 0,070 -0,064 0,098 0,158 0,178 0,170 Durabilidade (E4) 0,145 0,224 0,162 0,021 0,082 0,055 0,056 0,046 0,027 0,003 0,057 -0,015 0,093 0,065 -0,042 0,017 0,031 0,086 0,118 -0,168 0,023 0,087 0,060 Preços (E3) 0,158 0,274 0,049 -0,010 -0,166 -0,215 0,078 0,136 0,045 -0,008 0,077 -0,147 0,022 0,186 0,000 0,097 -0,091 -0,070 0,028 0,109 0,082 0,080 -0,185 Custo/benefício (E4) 0,183 0,248 0,045 -0,065 -0,128 0,035 0,033 0,005 0,099 0,099 -0,106 0,018 0,089 0,017 -0,102 0,167 -0,090 0,085 -0,016 -0,016 -0,020 0,088 -0,015 Preço (E4) Forma de pagamento (E4) Qualidade geral do produto (E5) Propaganda na TV (E2) Propaganda em Jornal (E2) Propaganda no Rádio (E2) Qualidade (E4) 0,104 0,313 0,134 0,124 -0,282 0,035 0,224 -0,032 -0,028 0,240 -0,290 0,111 0,198 -0,054 0,048 -0,021 -0,059 0,097 0,122 0,022 -0,002 0,043 -0,074 0,260 0,261 0,060 -0,208 0,082 0,210 0,090 0,137 -0,069 0,003 -0,171 -0,209 0,220 0,208 -0,184 -0,019 -0,240 0,062 0,092 -0,199 0,120 -0,013 0,071 0,123 0,161 0,161 -0,019 0,048 0,006 0,064 0,022 0,026 0,078 0,087 0,071 -0,014 0,031 -0,038 -0,018 0,099 0,037 0,061 -0,022 -0,011 0,005 0,069 0,265 0,089 -0,538 0,275 -0,029 0,176 -0,105 0,119 -0,009 0,140 0,140 -0,402 -0,063 0,049 0,153 -0,075 -0,152 0,026 -0,104 0,527 0,219 -0,057 0,097 0,246 0,106 -0,460 0,337 0,186 0,123 0,202 -0,197 -0,195 -0,136 -0,015 0,143 -0,012 -0,066 0,020 0,193 0,060 0,155 -0,038 -0,143 0,081 -0,004 0,037 0,285 0,119 -0,386 0,312 0,099 0,243 0,004 -0,206 -0,114 -0,156 0,129 -0,131 -0,022 0,261 0,132 0,161 0,300 0,206 0,194 -0,071 -0,240 -0,207 -0,063 0,123 0,154 0,212 -0,001 -0,028 0,074 0,044 0,010 0,036 0,049 0,127 0,055 0,091 0,029 -0,067 -0,009 0,022 0,031 0,052 -0,100 -0,087 0,028 0,041 Atendimento das 0,066 0,151 0,181 0,118 0,075 -0,037 0,041 -0,050 0,045 -0,016 -0,003 0,061 0,064 0,027 0,052 0,056 0,012 0,120 -0,001 -0,009 -0,003 0,028 0,058 necessidades (E5) Utilidade e 0,079 0,056 0,204 0,035 0,100 -0,109 -0,062 0,090 0,087 -0,009 0,018 -0,093 0,014 0,102 -0,009 0,104 -0,018 0,062 0,066 0,133 -0,053 -0,052 0,011 vantagens (E3) Outdoor (E2) Propaganda em Revista (E2) Doação quando fora de uso (E7) Opção na vitrine (E1) Atendimento das necessidades (E6) 0,494 -0,036 -0,451 0,509 -0,169 0,221 -0,128 -0,039 -0,047 -0,071 -0,202 0,191 0,179 0,231 -0,015 -0,141 -0,161 -0,199 0,252 0,013 -0,305 0,059 -0,016 0,397 -0,080 -0,419 0,456 0,099 0,326 0,026 -0,185 0,368 -0,113 -0,192 -0,106 -0,126 -0,104 0,005 -0,087 -0,203 -0,019 -0,383 -0,173 -0,005 0,233 0,007 0,213 0,332 0,150 -0,158 0,652 0,551 -0,162 -0,039 -0,049 0,294 0,026 0,115 -0,284 -0,189 0,092 -0,194 0,264 0,139 -0,003 0,135 -0,021 0,128 -0,232 0,445 -0,240 0,253 0,289 -0,683 0,402 -0,486 0,292 -0,260 0,009 0,184 -0,029 -0,039 -0,089 0,009 0,113 0,004 -0,035 0,067 -0,236 0,308 -0,035 0,017 0,051 0,065 0,078 0,083 0,104 -0,017 -0,017 0,083 0,039 -0,034 -0,014 0,012 -0,069 -0,016 -0,053 0,066 -0,028 -0,073 0,079 0,059 0,029 0,065 -0,030 185 Continua Continuação Funções/ Funcionalidade (E3) Empréstimo quando fora de uso (E7) Experiência pessoal anterior (E2) Influência do grupo (E2) Amigos/ Familiares (E2) Venda quando fora de uso (E7) Satisfação das necessidades (E4) Forma correta de descarte (E7) Percepção de uma boa compra (E4) Loja (E2) 0,035 0,085 0,092 0,123 0,124 -0,092 0,092 0,054 0,113 -0,058 0,029 -0,015 0,084 -0,039 0,065 0,033 0,045 0,094 -0,054 0,118 0,063 -0,079 -0,068 0,081 0,061 0,165 -0,189 0,025 0,494 0,589 0,058 -0,454 -0,163 -0,186 0,006 -0,374 -0,108 -0,019 0,377 -0,135 -0,148 -0,071 0,028 0,035 -0,171 -0,034 0,212 0,193 0,151 0,204 0,006 -0,102 0,353 -0,318 0,181 -0,140 0,258 0,009 -0,048 0,056 -0,048 -0,049 0,154 0,016 0,109 -0,011 0,107 -0,059 -0,126 0,282 -0,348 -0,294 0,031 -0,049 -0,235 0,412 0,308 0,364 0,273 -0,177 0,147 -0,210 -0,025 -0,154 0,326 -0,035 -0,042 0,172 0,106 0,076 0,026 0,032 0,168 0,121 0,189 0,252 -0,117 -0,045 0,383 -0,467 0,011 0,014 -0,001 -0,056 -0,057 0,036 -0,044 -0,129 0,041 -0,102 0,095 -0,082 -0,062 -0,267 -0,031 0,304 0,255 0,278 -0,031 0,232 0,147 -0,134 0,441 0,338 -0,008 -0,054 0,237 -0,112 0,231 0,295 0,136 -0,057 -0,290 -0,213 -0,176 -0,259 -0,196 0,164 0,086 0,035 0,137 0,102 0,013 -0,105 -0,043 0,141 -0,007 -0,003 -0,026 -0,079 -0,072 0,062 0,060 0,114 0,029 0,073 -0,008 0,042 -0,006 0,017 0,044 0,398 0,368 -0,322 0,149 0,335 -0,493 -0,331 0,101 -0,520 0,247 -0,134 0,216 0,239 -0,278 -0,188 0,196 -0,032 0,133 -0,062 -0,138 -0,164 -0,035 -0,006 0,420 0,075 0,292 -0,063 -0,263 -0,128 -0,050 -0,336 -0,432 0,077 -0,016 -0,062 -0,141 0,329 -0,022 0,243 0,125 -0,174 -0,204 0,203 -0,061 0,134 0,062 0,091 0,380 -0,208 0,162 -0,216 -0,115 0,010 0,030 0,139 0,411 -0,193 -0,019 -0,029 0,100 0,306 0,018 0,380 -0,118 -0,111 -0,105 0,393 0,005 0,087 Entretenimento (E1) 0,251 -0,121 0,224 0,207 -0,086 -0,077 0,237 -0,011 0,032 0,380 0,078 0,109 0,015 -0,159 0,205 -0,168 -0,070 0,082 0,184 -0,040 -0,122 0,200 0,014 Comunic. e troca de 0,251 -0,148 0,273 0,135 0,180 0,215 -0,073 -0,028 0,066 0,214 0,322 -0,219 0,256 -0,285 0,191 0,122 -0,085 -0,045 0,110 0,119 -0,091 0,112 -0,074 informações (E1) Deixou de ser 0,262 -0,087 0,208 0,323 0,170 -0,054 -0,207 -0,130 0,115 -0,188 0,175 0,516 0,037 0,024 -0,420 -0,133 -0,157 -0,143 0,008 0,241 0,301 -0,206 0,077 útil/funcional (E7) Inovação (E1) 0,443 -0,238 0,141 0,234 0,107 -0,138 0,224 0,205 -0,058 0,123 0,268 -0,496 0,065 -0,381 -0,201 -0,141 0,174 -0,362 -0,183 -0,158 -0,214 -0,100 0,104 Forma de pagamento (E4) 0,341 0,280 -0,009 -0,100 0,352 0,015 0,157 0,141 -0,154 0,186 -0,149 -0,374 0,107 0,305 -0,250 -0,110 -0,328 -0,007 0,071 -0,084 0,113 0,056 -0,141 Acesso à loja (E3) 0,526 0,170 -0,297 -0,325 -0,060 -0,416 -0,191 -0,048 0,005 0,060 0,201 0,033 -0,542 0,027 0,108 -0,033 -0,179 0,034 0,017 -0,082 -0,110 -0,086 -0,265 Funções/ 0,111 -0,038 0,156 0,122 0,118 -0,102 0,064 -0,020 0,058 -0,110 0,055 0,028 0,181 -0,124 0,008 0,129 0,009 0,056 0,016 0,012 0,075 -0,067 -0,039 Funcionalidade (E4) SAC (E2) 0,088 0,097 -0,269 -0,111 0,220 -0,007 0,016 -0,221 0,141 -0,059 -0,248 0,081 0,009 -0,427 0,127 0,139 0,022 -0,313 0,296 0,058 0,152 -0,060 0,231 Inform. Corresp. a 0,120 0,223 0,140 0,048 -0,020 0,064 -0,052 0,183 0,152 0,071 -0,027 0,022 -0,153 -0,253 -0,040 0,040 -0,229 0,177 -0,047 0,093 0,018 -0,057 -0,014 realidade (E6) Confirmação das 0,216 0,271 0,006 0,121 -0,195 -0,037 0,141 -0,066 0,169 0,166 0,195 0,059 0,169 0,001 -0,192 0,339 0,065 -0,022 -0,164 0,164 -0,063 0,127 -0,107 Informações (E4) Percepção de boa 0,114 0,117 0,183 0,122 0,026 0,045 -0,068 0,011 -0,018 0,010 0,065 0,079 -0,123 -0,012 -0,031 0,202 -0,146 0,011 0,074 0,090 0,011 0,159 -0,048 escolha (E6) 186 Continua Continuação Necessidade de uso (E1) Pesquisa na internet (E2) Facilidade de uso (E5) Marca (E3) 0,017 0,159 0,168 -0,014 0,032 0,201 0,052 -0,065 -0,011 0,073 0,054 0,066 0,034 0,034 -0,142 -0,086 -0,026 -0,304 0,210 -0,042 0,168 0,140 -0,200 0,169 -0,051 0,267 0,241 -0,069 -0,076 0,016 -0,077 0,199 -0,116 -0,101 0,009 0,028 -0,045 0,125 0,219 -0,078 0,220 -0,296 -0,013 -0,066 -0,058 -0,188 0,278 0,130 0,058 -0,085 0,058 0,141 -0,039 0,062 0,134 0,027 0,119 -0,174 -0,018 0,136 -0,007 0,125 0,044 0,149 0,187 -0,025 -0,063 -0,115 0,327 0,329 -0,207 0,068 -0,062 0,189 -0,215 0,120 0,017 -0,244 -0,042 -0,092 -0,086 -0,051 0,022 0,062 -0,188 -0,071 0,105 0,057 0,329 0,019 -0,063 0,352 Qualidade geral do 0,131 0,111 0,147 -0,005 0,015 -0,019 0,049 -0,012 0,032 0,026 0,025 0,008 0,064 -0,033 0,064 0,076 0,013 0,071 0,056 -0,127 0,035 -0,026 0,170 produto (E5) Extraction Method: Principal Component Analysis 23 components extracted (E1) Estágio de Reconhecimento da necessidade (E2) Estágio de Busca de informações (E3) Estágio de Avaliação de alternativas pré-compra (E4) Estágio de Compra (E5) Estágio de Consumo (E6) Estágio de Avaliação pós-consumo (E7) Estágio de Descarte 187