PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VIGILÂNCIA SANITÁRIA IMPORTÂNCIA DO CONTROLE SANITÁRIO DE ALIMENTOS NO BRASIL Janaína Tenório Trancoso Tavares da Silva¹ Carina Rau² ¹ Bióloga. Aluna da Pós-Graduação em Vigilância Sanitária, pela Universidade Católica de Goiás/IFAR. ²Orientadora. Farmacêutica Industrial graduada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFPR. Orientadora de TCC da Pós-Graduação em Vigilância Sanitária da Universidade Católica de Goiás- PUC/GO/IFAR. E-mail: [email protected] Resumo A segurança dos alimentos se refere à prática de medidas que permitam o controle da entrada de qualquer agente que promova risco à saúde ou integridade física do consumidor. Portanto, ela é consequência do controle de todas as etapas da cadeia produtiva, desde o campo até a mesa do consumidor. Este artigo tem como objetivo discorrer sobre a importância do controle sanitário para a obtenção de alimentos seguros discutindo a respeito da legislação, a importância do controle higiênico-sanitário e os cuidados adotados para que se obtenha a garantia de alimentos seguros, evitando assim as doenças transmitidas por alimentos. A partir de um levantamento bibliográfico e abordando a legislação e os conceitos de controle sanitário, pode-se concluir que, para conferir a qualidade do alimento se faz necessário adotar programas de educação em saúde e boas práticas, pois elas garantem a saúde e satisfação do consumidor. Palavras chave:Controle sanitário. Alimentos. Segurança dos alimentos. Saúde Pública. Abstract Food safety refers to the practice of measures to control the entry of any agent that promotes risk to health or physical integrity of the consumer. Therefore, it’s a consequence of the control of all stages of the production chain, from the field to the consumer's table. This article aims to discuss the importance of sanitary control to obtain safe foods in terms of legislation, the importance of hygienic and sanitary control and care adopted to obtain a guarantee of safe foods, thus avoiding food diseases. From a literature survey and addressing legislation and sanitary control concepts, we can conclude that, to have a food quality is necessary to adopt health educational programs and good manufacturing practices, because they ensure the health and satisfaction consumer. Key-words: Sanitary control. Food. Food safety. Public Health. 1. INTRODUÇÃO Segundo Augusto (2006), o termo vigilância sanitária tem sua origem na denominação “polícia sanitária”, que a partir do século XVIII foi responsável, entre outras atividades, pelo saneamento, com o objetivo principal de evitar propagação de doenças. Na realidade, naquela época, a preocupação maior dizia respeito ao crescimento acentuado e desordenado de grandes grupos populacionais, aglomerados em cidades cuja expansão provocou o surgimento de novos problemas de saúde. No inicio, a fiscalização limitava-se aos cemitérios, embarcações, ao comércio de alimentos e ao combate ao charlatanismo ignorando e, entre outros aspectos de suma importância, a fiscalização das indústrias de medicamentos e de produtos alimentícios (AUGUSTO, 2006). Não obstante os avanços pontuais, foi somente a partir do reconhecimento do novo papel do Estado no contexto da saúde, consagrado pela constituição de 1988, que se elaborou a Lei n. 8.080 de 19 de setembro de 1990, também chamada de LeiOrgânica de Saúde que regula em todo o território nacional as ações e serviços de saúde, executados isolados ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito publico ou privado (BRASIL, 1990). Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos a saúde e intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde abrangendo: I- o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionam com a saúde, compreendidas todas as etapas e processo, da produção ao consumo; e II- controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde (BRASIL, 1990). A justificativa do governo federal para criar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da Lei Federal n. 9.782/99 apoiou-se em exigências sociais e políticas. Esse fato provocou a diluição do papel da administração pública como fornecedor exclusivo ou principal de serviços públicos, com o objetivo de incentivar o processo regulador das atividades produtivas de interesse público mediante o estímulo à competição e a inovação, atuando o Estado, preferencialmente, no gerenciamento de recursos e na função de controle (BRASIL, 1999). De acordo com Madeira e Ferrão (2002), uma das preocupações da vigilância sanitária são os alimentos. Mais do que nunca é necessário manter a fiscalização sobre os estabelecimentos que comercializam alimentos industrializados e in natura, bem como aqueles que servem refeições comerciais ou industriais. Supermercados, açougues, mercearias, peixarias, avícolas, frutarias e feiras livres, entre outros, devem obedecer as regras e padrões previstos em leis e decretos no âmbito dos três níveis da administração publica. O mesmo se aplica para refeitórios de indústrias, creches e escolas, restaurantes, bares, lanchonetes, fast-food, padarias e sorveterias, etc. A adequação, a conservação e a higiene das instalações e dos equipamentos, os técnicos responsáveis pelos estabelecimentos, a origem e a qualidade das matérias primas e o grau de conhecimento e preparo dos manipuladores são imprescindíveis para garantir a segurança dos alimentos. Silva Junior (apud CAMARGO, 2008) afirma que o controle higiênico serefere a toda e qualquer ação que visa melhorar a higiene como um todo. São boas práticas emprocedimentos de higiene e na preparação dos alimentos, que envolvam um controle dacontaminação. Já o controle sanitário é definido como qualquer tipo de ação que visamelhorar os processos e atribuir segurança na preparação dos alimentos. Implica,necessariamente, no controle da sobrevivência e na redução dos perigos biológicos. A qualidade é um sistema de melhoria contínua que precisa de mecanismos de controleefetivos que a garanta. Já a qualidade higiênico-sanitária do alimento é um fator de segurançaalimentar e tem sido amplamente estudada e discutida, uma vez que as doenças veiculadas poralimentos são um dos principais fatores que contribuem para os índices de morbidade nospaíses da América Latina e Caribe. Portanto, para conferi-la, faz necessário adotar medidas decontrole a fim de prevenir, reduzir a um nível aceitável ou eliminar um agente físico, químicoou biológico (VIALTA; MORENO; VALLE, 2002; BRASIL, 2004; AKUTSU et al., 2005). O presente trabalho propõe-se a discorrer sobre a importância do controle sanitário para a obtenção de alimentos seguros discutindo a respeito da legislação vigente sobre controle de alimentos, a importância davigilância sanitária e os cuidados adotados para que se possa garantir alimentos seguros, evitando assim as doenças transmitidas por alimentos. 2. METODOLOGIA Para a construção deste trabalho foi realizada uma revisão do acervo de documentos bibliográficos, baseados em artigos científicos, teses e normas regulatórias. A consulta foi realizada em base de dados da Bireme, por meio dos serviços da Medline, Scielo e Lilacs, utilizando-se controle sanitário e segurança de alimentos como descritores de busca. Utilizouse também consultas à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e ao Ministério da Saúde pelos respectivos sítios eletrônicos, onde foram encontradas as políticas e regulamentações brasileiras mais recentes. A revisão foi realizada com obraspublicadas a partir do ano de 2002 ao ano de 2013.Este recorte temporal foi escolhido em função da maior disponibilidade de bibliografia disponível, bem como, da atualidade das políticas e normas vigentes no Brasil. 3. DISCUSSÃO De acordo com Adams eMotarjemi (2002), oprofissional da saúde possui essencialmente três funções que são fundamentais para as boas práticas de fabricação e manutenção de alimentos saudáveis e seguros: tratamento, prevenção e vigilância. 3.1.Tratamento Madeira e Ferrão (2002) afirmam que em muitos casos, o problema imediato encarado pelo profissional da saúde é lidar com um paciente doente. A origem alimentar de uma doença pode não aparecer imediatamente, pois, apesar de muitas doenças de origem alimentar terem a diarreia como sintoma principal, as outras podem se manifestar de diversas maneiras. A confiança no tratamento, apesar do seu êxito, tem suas limitações. O tratamento de um indivíduo infectado não remove a causa da doença no ambiente ou elimina comportamentos que levam a doença de origem alimentar. Ele não impede que outras pessoas fiquem doentes pela mesma via. Nem a infecção confere, necessariamente, proteção e reduz o perigo de um paciente sucumbir a outro episódio logo após sua recuperação. Portanto, enquanto o tratamento é uma tarefa essencial para o profissional de saúde, o reconhecimento de suas limitações levam a maior ênfase nas medidas preventivas, para reduzir a incidência da doença alimentar. 3.2.Prevenção e controle Segundo Silva Junior (2005), o profissional pode intervir para reduzir a incidência da doença de origem alimentar por meio dos programas de educação em segurança dos alimentos. Os casos de diarreia, por exemplo, devem incitar o profissional a considerar se o alimento está ou não sendo preparado corretamente. Desse modo, o profissional desempenha não apenas um papel reativo (no tratamento), mas também um pró-ativo (na prevenção). A situação varia de um país para outro e não é possível indicar uma abordagem de prevenção que irá ter bons resultados em todo lugar. Adams e Motarjemi (2002) demonstram que o programa de educação em segurança dos alimentos tem por objetivo melhorar o conhecimento e a prática de uma população toda (inclusive responsáveis pela política, produtores, processadores e manipuladores de alimento, profissionais e consumidores), pois todos exercem um papel na segurança dos alimentos. Entretanto, certos grupos, devido ao seu envolvimento direto na preparação dos alimentos e/ou maior vulnerabilidade para doenças de origem alimentar, precisam receber um programa com maior ênfase. A higiene dos alimentos se caracteriza, essencialmente, pelos processos pelos quais os alimentos se tornam higienicamente e sanitariamente adequados para o consumo, incluindo a utilização de técnicas de limpeza e desinfecção, além de técnicas de processamento, utilizando o calor ou frio, a fim de garantir os gêneros alimentícios (SILVA JÚNIOR, 2005). Boas práticas de fabricação e manipulação são procedimentos de higiene quedevem ser obedecidas pelos manipuladores, desde a escolha e compra dos produtos a seremutilizados no preparo do alimento, até a venda para o consumidor, e tem como objetivo evitar aocorrência de doenças provocadas pelo consumo de alimentos contaminados (ANVISA, 2005). ARDC nº 216, de 15 de setembro de 2004, estabeleceu procedimentos de boas práticas para serviços de alimentação a fim de garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado. Para evitar a contaminação do alimento deve-se evitar o contato dos alimentos prontos com alimentos crus; preparar os alimentos em quantidade suficiente para o consumo imediato; descartar sobras, nunca reutiliza-las; manter refrigerados os legumes e verduras cozidos, e cobertos os alimentos e bebidas; tirar o excesso de calor de todos os alimentos antes de levá-los à geladeira, dividindo-os em pequenas porções, colocando-os em recipientes com gelo, abrindo-os somente no momento de servir as refeições (BRASIL, 2004). 3.3. Vigilância Sanitária de Alimentos Todos devem participar ativamente da vigilância de doenças de origem alimentar. Os dados epidemiológicos são necessários para que as autoridades da saúde pública possam estar cientes do tipo de doença que está ocorrendo, identificar quais subgrupos populacionais estão em maior perigo, planejar programas apropriados de segurança dos alimentos e ter como meta intervenções educacionais corretas. A vigilância das doenças envolve cinco métodos: registro de mortes e diagnósticos de alta hospitalar, notificação da doença, vigilância por sentinela, vigilância do laboratório e investigação do episódio (AUGUSTO, 2006). Na maioria dos países, médicos fazem um registro de morte quando morre uma pessoa sob seus cuidados. Em muitos hospitais, os registros incluem dados sobre o diagnóstico de todos os pacientes que recebem alta. Adams eMotarjemi (2002) e Augusto (2006) descrevem também que notificação da doença é uma rotina legalmente necessária para médicos ou outros profissionais da saúde, apesar dessa notificação poder se aplicar apenas a certas condições. Essa informação é normalmente analisada de forma central para identificar tendências na saúde e na doença, e também, detectar surtos.Na vigilância por sentinela, os profissionais ou as clínicas monitoram eventos selecionados. Por exemplo, para doenças alimentares, os eventos relevantes de saúde podem incluir diarreia, desidratação ou síndrome urêmicahemolítica.A vigilância por laboratório envolve a investigação de espécimes (normalmente amostras fecais) obtidas de pacientes. O laboratório pode fazer o teste para uma variedade de agentes patogênicos.A detecção do caso toma várias formas. Os profissionais devem-se manter alerta sobre a possibilidade de uma exposição compartilhada entre pacientes com a mesma condição ou podem, rotineiramente, relatar condições selecionadas voluntariamente ou conforme exigido por lei. No Brasil, o Ministério da Saúde realiza a vigilância epidemiológica de surtos de doenças transmitidas por alimentos (DTA) desde 1999 e há registro médio de 665 surtos por ano, com 13 mil doentes. Surto de DTA é o episódio em que duas ou mais pessoas apresentam doença semelhante após ingerirem os mesmos alimentos (ANVISA, 2009). Apesar da obrigatoriedade da notificação de surtos de toxinfecção alimentar, prevista nos códigos sanitários municipais da maioria das cidades brasileiras, observa-se um certo grau de negligência por parte dos serviços médicos assistenciais ao não notificar à vigilância sanitária a ocorrência de episódios dessa natureza. Consequentemente não é possível determinar com que frequência esses problemas ocorrem. Esporadicamente vem a tona alguns surtos de toxinfecções alimentares, apenas em razão da sua magnitude ou gravidade (FONTES, 2005). Segundo Fontes (2005), as toxinfecções alimentares, de modo geral, podem ser satisfatoriamente prevenidas a partir de campanhas educativas como já descrito anteriormente,que esclareçam aos consumidores sobre os riscos de adquirir alimentos de origem incerta. Nesses programas, deve-se contemplar as informações que possibilitem ao consumidor identificar os alimentos suspeitos e os de má qualidade. Gemano e Germano (2011) afirmam que nos últimos anos, vislumbrou-se uma real oportunidade para o aprimoramento do controle dos alimentos, em razão do processo de reformulação do sistema de saúde do país, por meio da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS). Um novo sistema que valoriza a participação comunitária e a educação em saúde, respaldado por legislação especifica e estrutura organizacional, coerente com o interesse local e fundamental para a saúde pública como um todo. No âmbito municipal, e em particular em cidades de pequeno e médio porte, o SUS pode desempenhar papel essencial para a melhoria do nível de qualidade higiênico- sanitária dos alimentos. Ainda de acordo com a mesma fonte, no que concerne à qualidade dos alimentos consumidos pela população brasileira, podem-se destacar dois fatos relevantes: a edição, pelo Ministério da Justiça, da Lei n. 8.078/90- Código de Defesa do Consumidor, que se transformou, nos últimos anos, em valioso instrumento para a proteção dos alimentos e vem tornando os consumidores mais exigentes e mais conscientes de seus direitos como cidadãos; e a criação da ANVISA, mediante a Lei n. 9.782/99. Esta última, baseada no FoodandDrugAdministration (FDA), órgão regulamentador norte-americano, tem a finalidade de promover a proteção da saúde da população por intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços. Particularmente no que diz respeito a área de alimentos, a Câmara Técnica de Alimentos vem assumindo uma participação importante, inclusive nas reuniões do CodexAlimentarius. Segundo o Ministério da Agricultura, oCodexAlimentarius é um fórum internacional de normatização do comércio de alimentos estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), por ato da Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) e Organização Mundial de Saúde (OMS). Tem a finalidade de proteger a saúde dos consumidores e assegurar práticas equitativas no comércio regional e internacional de alimentos (MAPA, 2013). As normas Codex abrangem os principais alimentos, sejam estes processados, semiprocessados ou crus. Também tratam de substâncias e produtos usados na elaboração de alimentos. Suas diretrizes referem-se aos aspectos de higiene e propriedades nutricionais dos alimentos, abrangendo código de prática e normas de aditivos alimentares, pesticidas, resíduos de medicamentos veterinários, substâncias contaminantes, rotulagem, classificação, métodos de amostragem e análise de riscos. O Comitê do CodexAlimentarius do Brasil (CCAB) tem como principal atividade a participação e a defesa dos interesses nacionais nos comitês internacionais do CodexAlimentarius. Tem ainda, a responsabilidade de observar as normas Codex como referência para a elaboração e atualização da legislação e regulamentação nacional de alimentos (MAPA, 2013). Naturalmente, essa problemática deve permear as resoluções e metas dos governos, todavia, todo cidadão precisa estar atento para não se tornar uma vítima das doenças alimentares e, mais que as pessoas em geral, aqueles que trabalham nas áreas de saúde e alimentos. Urge que pesquisadores e técnicos tornem-se mais efetivos na busca de tecnologias que proporcionem alimentos de qualidade e em grande quantidade. 3.4. Principais Legislações na área de Alimentos A Lei federal n. 8.080/90, conhecida também como lei Orgânica do SUS, afirma que compete, além de outras atribuições, ao SUS fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano (BRASIL, 1990). Em 1997, a Portaria nº 326, de 30 de junho de 1997 do SVS/MS, Ministério de Saúde aprova o Regulamento Técnico “Condições Higiênico- Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação (BPF) para Estabelecimentos Produtores industrializadores de Alimentos”, sendo a primeira legislação de âmbito federal a tratar das boas práticas e das condições de higiene que devem ser adotadas pelos locais produtores de alimentos (BRASIL, 1997). Um pouco mais tarde, a Lei Federal n. 9.782/99,lei de criação da ANVISA, no art. 8º diz que incumbe a Agência, regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública. No parágrafo 1º, consideram-se bens e produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitária pela Agência: alimentos, inclusive bebidas, águas envasadas, seus insumos, suas embalagens, aditivos alimentares, limites de contaminantes orgânicos, resíduos de agrotóxicos e de medicamentos veterinários. Portanto passa a responsabilidade de controle sanitário de alimentos do SUS para a ANVISA (BRASIL, 1999). A Resolução - RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002 foi desenvolvida com o propósito de atualizar a legislação geral, introduzindo o controle contínuo das BPF e os Procedimentos Operacionais Padronizados, além de promover a harmonização das ações de inspeção sanitária por meio de instrumento genérico de verificação das BPF. Portanto, é ato normativo complementar à Portaria SVS/MS nº 326/97 (BRASIL, 2002). A instrução mais recente, aRDC nº 216/2004 aprova o Regulamento Técnico e estabelece procedimentos de Boas Práticas para serviços de alimentação a fim de garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado, conforme já comentado anteriormente (BRASIL, 2004). É a resolução vigente e mais atual para o controle sanitário de alimentos no Brasil. 4. CONCLUSÃO A qualidade dos alimentos é uma das maiores preocupações dos consumidores em todo o mundo. No Brasil, ainda existem problemas básicos em relação à qualidade e a sanidade dos alimentos, como contaminações químicas, microbiológicas, fraudes e informação deficiente nos rótulos, embora disponha-se de algumas legislações bastante avançadas e rigorosas. Entretanto, sabe-se que não é só a legislação que garante segurança. A informação, a conscientização e amadurecimento do consumidor são fatores relevantes para que a população exerça seu o seu papel: o controle social. O conceito de qualidade de alimentos é complexo. No mercado significa um apelo de vendas ou de economia para o consumidor. Para os consumidores, significa um apelo à boa saúde e para os toxicologistas qualidade quer dizer segurança, já que os alimentos devem ser inofensivos. A segurança de alimentos tem sido definida como sendo uma prova razoável de certeza de que os alimentos são sanitariamente adequados. Assim, pode-se dizer que o produto alimentício que põe em risco a saúde não tem qualidade. A ANVISA reconhece que a qualificação profissional, o trabalho de cooperação técnica e a produção de conhecimentos em vigilância sanitária são componentes estratégicos para o fortalecimento da Vigilância Sanitária e do controle sanitário. Para garantir a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos tem sido utilizadas ferramentas como as boas práticas de fabricação e manipulação dos alimentos. A implementação desse programa deve contar com o auxílio de programas de educação em saúde envolvendo todos os elos da cadeia de produção de alimentos, visando a capacitação e conscientização dos mesmos para a promoção da higiene, da saúde e da segurança alimentar. Pelo muito que tem sido feito, as perspectivas continuam sendo promissoras, pois ao aumentar a massa crítica e ao divulgar as ações da vigilância sanitária propicia-se a formação de uma consciência coletiva, na qual o exercício da cidadania é fundamental. Na área de alimentos, particularmente, ela representa uma verdadeira estratégia de segurança nacional, afinal um povo com alimentação de má qualidade, é um povo sem saúde. REFERÊNCIAS ADAMS, M.; MOTARJEMI, Y. Segurança básica dos alimentos para profissionais de saúde. São Paulo: Roca, 2002. AKUTSU, R. C. et al. Adequação das boas práticas de fabricação em serviços de alimentação. Rev. Nutr.v.18, n.3, p.419-427, 2005. ANVISA. 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