UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM CULPADOS: FAMÍLIA, ALUNO OU ESCOLA? POR: PATRÍCIA PIMENTA DE SOUZA ORIENTADOR: PROF. MARCO A. LAROSA NITERÓI 2005 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM CULPADOS: FAMÍLIA, ALUNO OU ESCOLA? APRESENTAÇÃO DE MONOGRAFIA A UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES COM CONDIÇÃO PRÉVIA CONCLUSÃO DO GRADUAÇÃO CURSO “LATO PSICOPEDAGOGIA. PIMENTA DE SOUZA. PARA DE SENSU” POR: A PÓSEM PATRÍCIA 3 AGRADECIMENTOS: A Deus, meus pais, meus irmãos, minha família e ao meu esposo Rafael. 4 RESUMO Dificuldade de aprendizagem específica significa uma perturbação em um ou mais processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou utilização da linguagem falada ou escrita, que pode manifestar-se por uma aptidão imperfeita de escutar, pensar, ler, escrever, soletrar ou fazer cálculos matemáticos. Com isso, precisamos estar atentos como profissionais na área de educação, a todos os alunos, seu comportamento, sua vivência familiar, seu contexto sócio-econômico..., para que haja uma melhor intervenção. 5 METODOLOGIA Os métodos utilizados nesta pesquisa serão através de livros, internet, vídeos, pesquisa de campo e palestras que facilitarão o desenvolvimento deste trabalho. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 7 CAPÍTULO I 9 ESCOLA, FAMÍLIA E ALUNO: UMA PARCERIA SAUDÁVEL CAPÍTULO II 11 DISLEXIA: UM PROBLEMA REAL NA APRENDIZAGEM. COMO LIDAR COM ESSA PROBLEMÁTICA? CAPÍTULO III 20 TDAH COM DISLEXIA CAPÍTULO IV 25 EDUCAÇÃO, FAMÍLIA E AUTO ESTIMA CONCLUSÃO 29 BIBLIOGRAFIA 30 7 INTRODUÇÃO Atualmente, estamos nos deparando com sérios problemas relacionados à dificuldade de aprendizagem. O baixo rendimento escolar tem trazido conflitos para a escola, a família e a criança. Não devemos tratar as dificuldades de aprendizagem como se fossem problemas insolúveis, e sim, como desafios que fazem parte do próprio processo da aprendizagem. Precisamos entender que a identificação e prevenção precocemente possível da dificuldade de aprendizagem, tem que ser feita principalmente a partir da pré-escola. É muito importante a avaliação global da criança, para que o tratamento seja o mais específico e objetivo possível. E nesta avaliação tem que estar inserido o contexto escolar, sócio-econômico e familiar. Não podemos culpar somente a criança, rotulando a mesma como a única culpada.Precisamos sempre estar atentos, pois se as dificuldades de aprendizagem estão presentes no ambiente escolar e ausentes nos outros lugares, o problema deve estar no ambiente de aprendizado e não em algum “distúrbio neurológico” misterioso e não detectável. Pode-se destacar algumas das principais causas das dificuldades de aprendizagem, como causas físicas, sensoriais, neurológicas, intelectuais ou cognitivas, sócio econômicas e emocionais, sendo esta última uma das principais causas que podem dificultar a aprendizagem, e é nesse ponto que este trabalho irá se deter. Crianças com dificuldades de aprendizagem têm, muitas vezes, baixos níveis de auto-estima e de autoconfiança, o que pode conduzir à falta de motivação, afastamento, crises de ansiedades e estresse e até mesmo depressão. Este trabalho abordará algumas causas, no âmbito emocional, das dificuldades de aprendizagem como: déficit de atenção, hiperatividade e baixa auto-estima, que tem sido diagnosticado, pela grande maioria dos profissionais da área de saúde. 8 CAPÍTULO I 1. ESCOLA, FAMÍLIA E ALUNO: UMA PARCERIA SAUDÁVEL Os estudiosos do desenvolvimento infantil dividiram a socialização em três etapas: 1) socialização elementar: até os dois anos, quando a criança aprendia a reconhecer e a educar as necessidades fisiológicas (fome, sede, xixi...) 2) Socialização familiar: até cinco ou seis anos, quando aprendia a conviver com pai, mãe, irmão e demais membros da família. 3) Socialização comunitária: a partir dos seis anos, quando começava a vida escolar. Hoje em dia, o contato social é muito precoce, pois pai e mãe trabalham, e com isso as crianças vão para a escola cada vez mais cedo. Não se obedece mais à ordem: primeiro o indivíduo, depois a família, por último a sociedade. A partir deste ponto, percebemos que as crianças têm dificuldades de estabelecer limites claros entre família e a escola, principalmente quando os próprios pais delegam à escola, a educação dos filhos. Esse fator tem ocorrido freqüentemente e prejudicado bastante as crianças, pois cabe aos pais, a educação dos filhos, são eles os principais responsáveis. Pais e escola precisam formar uma bela parceria para que juntos formem o caráter, a auto-estima e a personalidade da criança, não se esquecendo que na maior parte, essa responsabilidade são dos pais. Porém, ambos precisam entender a possibilidade de ajuda um do outro, ganhando, com isso, resoluções de problemas a tempo. A escola e a família se estiverem unidas desde os primeiros passos da criança, todos terão muito a lucrar, e a mesma aprenderá sem grandes conflitos e irá interagir melhor. Para que haja uma parceria entre família e 9 escola, é fundamental que a mãe e pai, juntos, escolham uma instituição alinhada com os valores familiares. Porém, para que isso ocorra, é necessário estarem atentos a alguns aspectos como: - Instalações físicas: espaço interno e externo (sala de aula, banheirinhos, bebedouros, pátio, brinquedos adequados...) - Recursos como biblioteca e computadores, proporcionando um melhor aprendizado com recursos necessários. - Corpo de funcionários: desde o diretor até professores... - Alunos: pesquisar se eles estão satisfeitos com a escola e o seu comportamento, pois eles serão os companheiros de seus filhos. - Localização geográfica: a proximidade é um fator importante, porém não pode ser determinante. Os pais precisam estimular, desde pequenos, seus filhos a sentirem vontade de ir à escola. Esse estímulo pode ser feito através de observações como: “Você vai brincar, fazer coisas que não faz em casa, ter amiguinhos, pintar, ir ao parquinho..., depois você conta tudo pra mamãe (ou papai)”?. Com isso, os pais estarão passando segurança para os filhos de que sempre estarão bem e os pais também, pois muita das vezes, os mesmos passam insegurança e dificuldade de deixar seu filho na escola, dificultando a adaptação do mesmo. A criança quando sabe que pode contar tudo aos pais, ela se sente mais forte e participativa, criando um vínculo de confiança e vontade de estar na escola, porém, os pais precisam sempre ouvir o que a criança tem a contar, fazendo com que a mesma se sinta importante, tendo os pais presentes em sua vida, mesmo quando não estão fisicamente com elas. Durante a fase escolar, os pais precisam começar a delegar responsabilidades, respeitando sempre o limite de cada fase e idade. 10 A criança precisa, desde pequena, ser ensinada nas pequenas coisas, a ser responsável pelos seus pertences, pelos seus estudos..., a mãe, por exemplo, não deve levar tudo para a criança, como mochila, pasta, lancheira, brinquedo, enquanto a criança corre na frente com as mãos livres, pois os pais não devem confundir o desejo de ajudar com o de fazer pelo filho. Essa atitude, de carregar tudo para o filho, de fazer os trabalhos e deveres que compete ao mesmo, deseduca a criança, pois o filho acaba acreditando que carregar as mochilas da vida é obrigação da mãe. E com isso ele usufrui uma liberdade que depende do esforço de outra pessoa. 2. Repetência na escola, um problema real. Como evitar? Se os pais acompanharem o rendimento escolar do filho desde o começo do ano, conseguirão identificar precocemente as “deficiências”, e com o apoio dos professores, reativar os interesses pela disciplina em que vai mal. Os pais precisam entender que a tarefa de estudar é do filho e que o mesmo pode escolher o horário e o método de estudo, porém só poderão se dedicar a outra atividade, depois que demonstrarem aos pais os seus conhecimentos estudados. É de extrema importância os pais se dedicarem completamente a vida escolar do filho, não apenas levá-lo e buscá-lo na escola e sim estar atento a tudo que se passa dentro da escola, como no recreio, na sala de aula, nas provas, nos exercícios, nas amizades..., é importante os pais saberem se os filhos chegaram em casa bem ou não, e procurar saber, através da criança e do contato com a escola o que ocorreu durante aquele dia. 11 CAPÍTULO II 1. DISLEXIA: UM APRENDIZAGEM. PROBLEMA COMO LIDAR REAL COM NA ESSA PROBLEMÁTICA? Dis = Distúrbio, dificuldade Lexia = leitura (do latim) e / ou linguagem (do grego) Dislexia = distúrbio de linguagem Esse termo foi adotado para denominar um distúrbio específico na aquisição da leitura e escrita, porém, isso não implica que, ao menor sinal de dificuldade nessa área, possamos identificar um indivíduo disléxico, tornando-se importante um diagnóstico preciso realizado por uma equipe multidisciplinar e de exclusão. Dentro da escola, seria muito importante que todos os professores soubessem o que é dislexia. Com a devida orientação, o aluno conseguiria ser bem sucedido em classe. 1.1 O aluno disléxico precisa de alguns cuidados especiais como: - Um resumo do curso; - Detalhar no início do curso, todas as exigências, inclusive a matéria a ser dada; - Usar vários materiais de apoio para apresentar a lição à classe, como lousa, projetores de slides, retroprojetores, filmes educativos, demonstrações práticas e outros recursos multimídia; - Evitar confusões, isto é, dando instruções orais e escritas ao mesmo tempo. 1.1.1 Quanto à leitura: - Anunciar os trabalhos com antecedência, para que a criança disléxica tenha tempo de se organizar; - Propor dinâmicas de grupo, entrevistas e trabalho de campo; 12 - Diversificar a avaliação com métodos alternativos; - Dá exemplos de perguntas e respostas para o estudo de provas; - Ler a prova em voz alta e certificar-se que todos entenderam... A partir daí, a escola estará contribuindo para amenizar as dificuldades do disléxico. A dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência, ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico. Por esses múltiplos fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar. Para começarmos a observar se uma criança está apresentando um comportamento disléxico, devemos nos atentar aos seguintes sintomas: 1.1.2 Na pré-escola: - Imaturidade no trato com outras crianças; - Fraco desenvolvimento da atenção; - Atraso no desenvolvimento visual; - Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem; - Dificuldade em aprender rimas e canções; - Fraco desenvolvimento da coordenação motora; - Dificuldade com quebra-cabeças. 1.1.3 Na idade escolar: - Dificuldade na aquisição e automação da leitura e escrita; - Desatenção e dispersão; - Dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pintura, etc.) e / ou grossa ( ginástica, dança, etc.); - Dificuldade em copiar de livros ou da lousa; - Desorganização geral, podemos citar os constantes atrasos na entrega de trabalhos escolares; - Dificuldades visuais, como por exemplo, podemos perceber a desordem dos trabalhos no papel e a própria postura da cabeça ao escrever; - Confusão entre direita e esquerda (lateralidade); 13 - Vocabulário pobre; - Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas, etc...; - Dificuldade na matemática; - Dificuldade em decorar seqüências, como meses do ano, alfabeto, etc...; - Problemas de conduta como : retração, timidez excessiva, depressão, e menos comum, mas também possível, tornar-se o palhaço da turma; - Grande desempenho em provas orais. O fato de apresentar alguns desses sintomas não indica necessariamente que a criança seja disléxica, há outros fatores a serem observados! Uma equipe multidisciplinar, formada por psicóloga, fonoaudióloga e psicopedagoga clínica deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como neurologista, oftalmologista e outros. A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É o que chamamos de avaliação multidisciplinar e de exclusão. O disléxico sempre contorna suas dificuldades, ele responde muito bem a tudo que passa para o concreto, tudo que envolve os sentidos é mais facilmente absorvido. Ele também tem sua própria lógica, sendo muito importante o bom entrosamento entre profissional e paciente. O olhar psicopedagogo não deve refletir uma visão reducionista que rotularia o disléxico como um déficit em si mesmo,pois desta forma estaria alimentando sua caracterização como o sujeito identificado de sua família ou mesmo de sua classe. A atuação do psicopedagogo busca embasamentos constantes nos diversos teóricos, visando maior capacitação e compreensão da criança disléxica que o procura. Busca, sobretudo, técnicas e estratégias de trabalho e de conduta que fazem mais sentido para o indivíduo, ele objetiva em suas sessões 14 conhecer, entender e esclarecer o mecanismo manifesto junto com seu cliente, seja através de jogos, de vivências e de discussões de temas pertinentes, buscando e permitindo o conhecimento. Se o tratamento psicopedagógico desempenhar a solução dos sintomas básicos de forma que o disléxico vivencie realizações concretas, estará fortalecendo seu ego e possibilitando o desenvolvimento de seus recursos cognitivos. Tecnicamente a abordagem de trabalho associa o estímulo de suas inclinações naturais com o resgate das deficiências instrumentais, através de métodos multisensoriais, que partem da linguagem oral à estruturação do pensamento, da leitura espontânea à discussão temática, da elaboração crítica e gerativa das idéias à expressão escrita. Desta forma um sentido efetivo do aprender e do processo de aprendizagem começa a ser incorporado. 2. Mudando para incluir É na escola que a dislexia, de fato, aparece. Há disléxicos que revelam suas dificuldades em outros ambientes e situações, mas nenhum deles se compara à escola, local onde a leitura e a escrita são predominantemente utilizados, valorizadas e avaliadas. Sabemos que a escola não foi pensada para o disléxico, nos seus objetivos, conteúdos, metodologias, organização, funcionamento e avaliação, porém para incluir esses alunos é preciso mudança em toda a estruturação da escola. Os professores precisam de capacitação nesta área, participando de cursos, simpósios, reuniões..., sendo instruídos pelos serviços de orientação educacional e pedagógica e mantendo contato com uma equipe multidisciplinar. A escola precisa repensar quanto à avaliação, mudando alguns conceitos tradicionais da “velha escola”, dando oportunidade do aluno disléxico se desenvolver melhor nessas avaliações: 15 - Provas escritas, de caráter operatório, contendo questões objetivas e / ou dissertativas, realizadas individualmente e / ou em grupo, sem ou com consulta a qualquer fonte; - Provas orais, através de discurso, realizadas individualmente ou em grupo, sem ou com consulta a qualquer fonte; - Atividades práticas, tais como trabalhos variados, produzidos e apresentados através de diferentes expressões e linguagens, envolvendo estudo, pesquisa, criatividade e experiências práticas, realizados individualmente ou em grupo, intra ou extra–classe; - Observação de comportamentos, tendo por base os valores e as atividades identificados nos objetivos da escola (solidariedade, participação, responsabilidade, disciplina e ética) 3. Procedimentos básicos a serem utilizados: 1- Trate o aluno disléxico com naturalidade; 2- Use linguagem direta, clara e objetiva quando falar com ele; 3- Traga-o para perto da lousa e da mesa do professor; 4- Verifique sempre e discretamente se ele demonstra estar entendendo a sua exposição; 5- Certifique-se de que está utilizando o livro ou o caderno correto no momento; 6- Observe discretamente se ele fez as anotações da lousa e de maneira correta antes de apagá-la; 7- Observe se ele está se integrando com os colegas; 8- Estimule-o, incentive-o, faça-o acreditar em si, a sentir-se forte, capaz e seguro; 9- Sugira-lhe “dicas”, “atalhos”, “jeitos de fazer”, “associações” ..., que ajudam a lembrar-se de, executar atividades ou a resolver problemas; 10- Não lhe peça para fazer coisas na frente dos colegas, que possam constrangê-lo: principalmente ler em voz alta. 16 11- Permita, sugira e estimule o uso de gravador, tabuada, máquina de calcular, recursos da informática... 4. Legislação de apoio para atendimento ao disléxico Nacional “(LDB 9.394/96)”- Artigos 12 (I e V), 23 e 24 (va) Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA)- artigo 53, incisos I, II e III. Lei 10.172 de 9 de Janeiro de 2001- Plano Nacional de Educação Especial 8.2 – Diretrizes. Parecer CNE/CEB N 17/2001 // ResoluçãoCNE/ CEB N 2, de 11 de Setembro de setembro de 2001. O quadro das dificuldades de aprendizagem absorve uma divesidade de necessidades educacionais, destacadamente aquelas associadas a: dificuldades específicas de aprendizagem como a dislexia e disfunções correlatas, problemas de atenção, perceptivos, emocionais, motores, de de memória,.cognitivos, comportamento, e psicolingüísticos, ainda há fatores psicomotores, ecológicos e socioeconômicos, como as privações de caráter sociocultural e nutricional. Estado de São Paulo Deliberação CEE 11/96, artigo 1º Indicação CEE n.º5/98, de 15/4/98, D.O.E em 23/9/98. Parecer CEE 451/98-30/7/98, D.O.E. de 01/08/98, páginas 18,19, seção I 5. Estratégias e mudanças para com o disléxico em sala de aula. Pesquisas comprovam que de 10% a 15% da população possui dislexia. Se o professor não estiver bem informado, em que ele pode ter auxiliado estes alunos? Ou os teria prejudicado para sempre em suas vidas acadêmicas? Várias são as conseqüências da dislexia em sala de aula: 17 - O aluno vive levando broncas pelas notas baixas, tanto do professor como da própria família; - Também leva bronca dos colegas, pois necessita fazer tudo no concreto e demora mais que os outros; - Muitas vezes torna-se o ‘’palhaço’’ da classe, fazendo bagunça para fugir das situações de leitura e escrita; - Pode também se tornar o ‘’fantasma’ da turma, pois a professora e os colegas só o percebem quando este diz ‘’até amanhã’’! Desta forma também está fugindo das situações de leitura e escrita. Assim, este aluno disléxico, normalmente, tenta, esforçar-se ao máximo, mas, os resultados não aparecem e assim, muitas vezes é acometido de dores de cabeça e mal estar pelo excesso de esforço em vão! É importante que todos saibam, tanto a escola quanto os professores, que existem leis facilitadoras para que certas providências sejam tomadas, tais como ler a prova em voz alta, corrigir de forma a priorizar o que realmente importa para o aprendizado deste aluno, uso de gravador em sala de aula, consultas a tabuada etc... Algumas dessas leis estão dentro da própria LDB, em seus artigos 12.º, 23.º e 24.º, os quais a escola pode usar em seu favor para agir corretamente com alunos disléxicos. As diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica, em seu relatório já se refere a dislexia e, em seus artigos 5.º e 7.º deixa ainda mais clara a posição das escolas, estar atendendo todos os alunos em suas necessidades. 5.1 Algumas propostas aos professores: Em 1º lugar, informem-se sobre o assunto; Respeitem o ritmo de cada aluno; Sejam aquela pessoa que fez a diferença na vida de seus alunos; O professor necessita do apoio da direção, pois não pode e não consegue agir sozinho. 18 5.2 Algumas propostas para os diretores: Construir uma nova proposta pedagógica; Ser persistente e envolver todos os professores e funcionários da escola; Rever todas as leis que favorecem o processo acreditando que é possível. Agindo desta forma estaremos produzindo um ensino de maior qualidade para todos, atendendo assim a lei da inclusão, formando indivíduos mais felizes e compromissados com o aprendizado e, tornandonos mais profissionais e comprometidos com o nosso trabalho, já que a categoria de professores, possui uma fama tão desacreditada e pouco valorizada. Que tal sermos nós, aquela pessoa que fez a diferença, que acreditou no indivíduo e que fez com que este realmente visse sentido na vida? Esse deve ser uns dos principais objetivos do professor, o de deixar uma marca de esperança e de amor, proporcionando momentos de reflexão que irão servir de base para um futuro melhor. 19 CAPÍTULO III 1. TDAH COM DISLEXIA TDAH acomete cerca de 5% de crianças e adolescentes e é a causa mais comum de encaminhamento a serviços especializados. Estudos com amostras clínicas (na epidemiológicas) indicam que 20% 30% das crianças com TDAH apresentam ao menos um tipo de transtorno do aprendizado, sendo o sexo masculino mais representado ( ‘a semelhança do que ocorre com os transtornos do aprendizado isoladamente) A avaliação do indivíduo suspeito de TDAH pode exigir uma abordagem multidisciplinar. Os exames complementares (tais como eletroencefalograma, o exame de processamento auditivo central e a ressonância nuclear magnética) não são necessários para o diagnóstico, sendo indicados apenas em casos muito específicos. O objetivo da avaliação de linguagem no TDAH é evidenciar e discriminar as dificuldades específicas de linguagem que se apresentam em comorbidade com TDAH possibilitando a realização de um planejamento terapêutico adequado. Pelo fato de haver com maior frequência comorbidade entre transtorno de leitura (dislexia) e TDAH, a avaliação da leitura é realizada sob vários ângulos de modo a evidenciar com clareza a existência de problemas. No TDAH isoladamente, inexistem déficits de consciência fonológica, isto é, a capacidade de manipular os segmentos de sons da linguagem percebidos de forma auditiva permanecem intactos. Nos portadores de TDAH, pode existir “leitura automática” e dificuldades de apreensão do significado global do texto, mas não há dificuldades de codificação fonológica. A leitura em voz alta é nitidamente superior a leitura silenciosa e a releitura, com calma, permite fixar melhor o que foi lido, aspectos não observados habitualmente em disléxicos.O diagnóstico de transtorno de leitura (dislexia) em portadores de TDAH deve ser realizado o mais precocemente possível, de modo a minimizar o impacto 20 das dificuldades acadêmicas, sociais e profissionais, através do tratamento especializado. 1.1 Transtorno de déficit da atenção e hiperatividade. TDAH á a condição crônica de saúde de maior prevalência em crianças em idade escolar e é o distúrbio neurocomportamental mais comum na infância. Estima-se que 4 0 6% da população em idade escolar pode ter TDAH e aproximadamente 2% dos adultos podem sofrer da mesma. 1.2 Principais sintomas do TDAH-desatenção - Dificuldade em prestar atenção a detalhes ou errar por descuido em atividades escolares e profissionais; - Dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; - Parecer não escutar quando lhe dirigem a palavra; - Não seguir instruções e não terminar tarefas escolares, domésticas ou deveres profissionais; - Dificuldade em organizar tarefas e atividades; - Evitar, ou relutar, em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante; - Perder coisas necessárias para tarefas ou atividades; - Ser facilmente distraído por estímulos alheios a tarefa; - Apresentar esquecimentos em atividades diárias. 1.3 Hiperatividade: - Agitar as mãos, os pés ou se mexer na cadeira; - Abandonar a cadeira em sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado; - Correr ou escalar em demasia em situação nas quais isto é inapropriado; - Dificuldade em brincar ou envolver-se silenciosamente em atividades de lazer. - Estar freqüentemente “a mil ou muitas” vezes agir como se estivesse “a todo vapor”; 21 - Falar em demasia. 1.4 Impulsividade: -Freqüentemente dar respostar precipitadas antes das perguntas terem sido concluídas; -Apresentar constante dificuldade em esperar sua vez; -Freqüentemente interromper ou se meter em assuntos de outros; 1.5 Tipos de TDAH: - TDAH com predomínio de sintomas de desatenção (elevada taxa de prejuízo acadêmico). - TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsidade (altas taxas de rejeição e de impopularidade frente aos colegas). - TDAH combinado (elevada taxa de prejuízo acadêmico e maior presença de sintomas de conduta, de oposição e desafio) 1.5.1 Diagnóstico do TDAH: Pelo menos seis dos sintomas de desatenção e/ou hiperatividade devem estar presentes. É importante considerar a duração dos sintomas e a frequência e intensidade dos mesmos considerar o grau de prejuízo dos sintomas. A avaliação diagnóstica deve envolver os pais, a criança e a escola (professores). 1.5.2 Principais conseqüências do TDAH: - Baixo desempenho escolar; - Dificuldades de relacionamento; - Baixa auto-estima; - Interferência no desenvolvimento educacional e social; - Predisposição a distúrbios psiquiátricos. 1.5.3 TDAH e comorbidades: - TDAH e transtornos disruptivos (transtorno de conduta e transtorno opositor desafiante) entre 30 e 50%; - TDAH e depressão entre 15 e 20%; 22 - TDAH e transtornos de ansiedade aproximadamente 25%; - TDAH e abuso e/ou dependência de drogas entre 9 e 40%. 1.5.4 Como lidar com portadores de TDAH ? - Sente-se com a criança/ adolescente a sós e peça soa opinião sobre qual o melhor método para seu aprendizado. Ele freqüentemente terá sugestões valiosas; - Lance mão de estratégias e recursos de ensino mais flexíveis até perceber o estilo de aprendizado do aluno. Isso irá ajuda-lo a atingir um nível de desempenho escolar mais satisfatório; - Desenvolva um método para auto-informação e monitoração. Ao final de cada semana, reserve alguns minutos para uma conversa coma acriança/adolescente, a fim de saber como ela está se saindo em sala de aula. Ouça sua opinião sobre progressos e dificuldades. É necessário que a criança/ adolescente seja um agente ativo no processo de aprendizado. - Crie um caderno “casa-escola-casa”. Isso é fundamental para a melhora da comunicação entre pais e professores. - Sinalize ao aluno, sempre que possível, sobre sua evolução e sucesso. A criança/adolescente já convive com tantos obstáculos que precisa de todo estímulo positivo que puder obter. - Procure afixar, em lugar visível, as regras de funcionamento em sala de aula. Os alunos sentem-se mais seguros sabendo o que é esperado deles. - Lembrem-se de que as regras devem ser breves e claras. Use uma linguagem adequada para o nível de desenvolvimento dos alunos. Evite sentenças muito longas. - Sempre que possível, transforme as tarefas em jogos. A motivação para o aprendizado certamente aumentará. 23 - Estimule a criança/adolescente a tomar nota dos pontos mais importantes de cada conteúdo e do que está pensando a respeito. Isso o ajudará a organizar-se melhor. - Escrever a mão é uma tarefa difícil para muitas destas crianças. Considere possibilidades alternadas, como digitação em computador. - Elimine ou reduza a freqüência de testes cronometrados. Dificilmente, na vida real, a criança terá que tomar decisões tão rápidas. Estes testes apenas estimulam a impulsividade desses alunos. - Avalie as tarefas executadas mais pela qualidade e menos pela quantidade. O importante é que os conceitos estejam sendo aprendidos. 24 CAPÍTULO IV 1. EDUCAÇÃO, FAMÍLIA E AUTO ESTIMA A família, hoje em dia, por motivo da correria do dia-a-dia, ou da desestruturação familiar, tem cometido erros que na maioria das vezes são fatais a educação dos filhos. Muitos homens têm se omitido do seu verdadeiro papel e tem deixado tudo nas mãos da mulher, principalmente a educação dos filhos. Educar dá trabalho, é preciso prestar atenção em seus pedidos de socorro (nem sempre claros) para ajuda-lo a tempo; ensina-lo a assumir as conseqüências em lugar de simplesmente castiga-lo, por mais fácil que seja; não resolver pelo filho um problema que ele mesmo tenha capacidade de solucionar; não assumir sozinho a responsabilidade pelo que o filho fez, por exemplo, ressarcir prejuízos provocados por ele ou pedir notas aos professores. O interesse e o empenho em educar o filho devem ir além da informação e entrar na rotina familiar. A maior dificuldade surge quando conflitos internos dos pais interferem nas ações educativas, causando vários problemas emocionais ao filho, interferindo, negativamente, na aprendizagem dele. A omissão, que permite a criança fazer tudo o que tem vontade, ou a explosão diante de qualquer deslize do filho, além de não educar, distorcem a personalidade infantil, tornando a criança folgada (sem limites) ou sufocada (reprimida, tímida). A boa educação não se deve pautar pelos conflitos ou problemas que os pais tiveram na infância, mas pelas necessidades de cada filho. Mesmo que o casal tenha três filhos, cada um deve ser tratado como se fosse único, pois embora os três tenham a mesma genética, o que impera é a individualidade. 25 1.1 A importância da auto-estima no rendimento escolar. O ”sim” só tem valor para quem conhece o “não”. Nessa geração, tudo é permitido, causando uma baixa auto-estima porque foram regidos pela educação pelo prazer. Muitos pais acham que dar boa educação é deixar o filho fazer o que tiver vontade, isto é, dar-lhe alegria e prazer, e não é isso que cria a auto-estima. A auto-estima começa a se desenvolver numa pessoa quando ela é ainda um bebê. Os cuidados e o carinho vão mostrando a criança que ela é amada e cuidada. Nesse começo de vida, ela está aprendendo como é o mundo a sua volta, e conforme se desenvolve, vai descobrindo seu valor a partir do valor que os outros lhe dão. É quando se forma a auto-estima essencial. A auto-estima continua a se desenvolver conforme a pessoa se sente segura e capaz de realizar seus desejos e, futuramente, suas tarefas. Essa é a auto-estima fundamental. Para a criança, o sorriso de aprovação dos pais é amor, e a reprovação com um olhar sério ou uma bronca é não amor. Porém, é importante que fique claro para a criança que, mesmo que a mãe e o pai reprovem determinadas atitudes dela, o amor que sentem por ela não está em jogo. Para que a criança se sinta amada incondicionalmente, é necessário, acima de tudo, que seja respeitada. 1.2 Respeitar o filho significa: - Dar espaço para que tenham seus próprios sentimentos, sem por isso serem julgados, ajudando a expressá-los de maneira socialmente aceitável. Não é errado nem feio sentir raiva, o que pode ser reprovado é a expressão inadequada da raiva, como bater em alguém. - Aceita-los como são, mesmo que não correspondam as expectativas dos pais. Precisam ter os próprios sonhos, pois não nasceram para realizar os dos pais. 26 - Não os julgar por sus atitudes. Crianças erram muito, pois é assim que aprendem. Mãe e pai podem e devem julgar as atitudes, mas não os filhos. Se a atitude for egoísta, o que deve ser mostrado é o egoísmo, mas não consagra-lo dizendo “ você é muito egoísta”. Frases do tipo “você é terrível” e “você não tem jeito mesmo” ensinam a criança que ela é egoísta, terrível e não tem jeito mesmo. Portanto, essas “qualificações” passam a ser sua identidade. O respeito a criança lhe ensina que ela é amada não pelo que faz ou tem, mas pelo simples fato de existir.Sentindo-se amada, ela se sentirá segura para realizar sés desejos. Deixar a criança tentar, ter seu próprio ritmo, errar sem ser julgada, descobrir coisas novas, permite a criança perceber que consegue realizar algumas conquistas. Assim, a criança vai desenvolvendo a auto-estima, grande responsável por seu crescimento interno, e fortalecendo-se para ser feliz, mesmo que tenha de enfrentar contrariedades. O que alimenta a auto-estima é sentir-se amado incondicionalmente e também o prazer que a criança sente de ser capaz de fazer alguma coisa que dependa só dela. A auto-estima é a fonte interior da felicidade. A educação é mobilizar a criatividade para o bem comum. 1.3 Dicas para cultivar a auto-estima: - Cuidados adequados a idade, carinhos, respeito e afeto ao lidar com o bebê alimentam sua auto-estima essencial. - Reconhecer e festejar as realizações e conquistas, reforça-las alegremente e estimular, sem pressionar, a mais uma descoberta alimentam a auto-estima fundamental. - A criança sente satisfação em fazer a lição de casa. A satisfação da realização alimenta a auto-estima. Portanto, os pais que fazem a lição pelos filhos estão ceifando sua auto-estima. - O afetivo clima de ajuda mútua que reforça a sensação de pertencimento a uma família/equipe nutre a auto-estima familiar. 27 - Os pais podem dar alegria, conforto, satisfação e roupas da moda para os filhos, mas não podem lhes dar felicidade. O que os pais podem fazer é alimentar a auto-estima dos filhos, que é a base da felicidade. - A alegria de ter pode ser trocada rapidamente pela depressão de não ter, mas nada nem ninguém consegue se apossar da felicidade de ser. A auto-estima é um fator fundamental na vida de qualquer pessoa, e principalmente na da criança, pois “cria” uma fortaleza interior, ajudando a passar por problemas e situações, que se não fosse a auto-estima cultivada, regrediria a vida da mesma, trazendo sérios problemas na vida adulta. Precisamos nos atentar a esse importante e necessário fator, cultivando desde pequeno a auto-estima, fortalecendo, com isso o ego da criança, pois ao contrário do que muitos dizem, a mesma é sensível e precisa ser tratada com dignidade e seriedade, e que a vida adulta sadia depende de uma infância saudável e bem cuidada. 28 CONCLUSÃO A educação é um desafio que precisa ser “encarado” com muito seriedade pelos Pais e pela escola. Ambos precisam se unir para que haja sucesso na educação, pois as crianças necessitam de apoio, acompanhamento e dedicação tanto da família quanto da escola. Mas para que todo esse processo tenha sucesso, é preciso mostrar para as crianças, os caminhos a serem percorridos, estimulando a serem vencedores e lutarem pelos seus desejos. Neste caso, a criança precisa de uma família “saudável”, onde os pais se preocupam com a sua educação, ajudando a criar a auto-estima tão necessária para a vida num todo, mostrando a importância da responsabilidade, dos deveres a serem cumpridos e de que o amor não é deixar o “amado” fazer tudo o que quer sem ser questionado e sim mostrar onde estão os erros, e muitas vezes “puni-los” pelo mesmo. Quando os filhos não respeitam os pais e estes nada fazem, ele se sente autorizado a desrespeita-lo e a fazer o mesmo com outras autoridades importantes no processo educativo, e esse poder dado ao filho, desencadeia a inversão de valores. Os pais precisam entender que quando fazem os deveres dos filhos, arrumam sua bagunça, guardam seus brinquedos..., mesmo por amor, estão contribuindo para o fracasso dos mesmos, prejudicando-os e criando uma criança folgada , sem limites e sem iniciativas. Pai, mãe e escola são de extrema importância nesse processo de aprendizagem, pois cada um sabendo o seu papel e unindo-se, conseguirá perceber e detectar possíveis problemas na aprendizagem e recorrer a profissionais qualificados, como Psicopedagogo, Psicólogo, Médicos... As dificuldades de aprendizagem podem ser de fundo emocional (família desestruturada, pais separados, traumas psicológicos, medos, 29 ,ansiedades...) ou é estar atento a tudo isso, observando o comportamento e o rendimento dessa criança para que a prevenção e intervenção seja feita de forma correta e sadia. 30 BIBLIOGRAFIA CARVALHO, Vilson Sérgio de (org.). Pedagogia levada a sério. Série Educação Consciente. WAK. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Paz e Terra MORAES, Antônio Manoel Pamplona. Distúrbios na aprendizagem – uma nova abordagem psicopedagógica. SP: Edicon, 1997. MORAES, Maria Cândida. Educar na biologia do amor e da solidariedade. Vozes. RAPAPFORT, Clara Regina. Psicologia do desenvolvimento. Vol I. EPU. SOLÉ, Isabel. Orientação educacional e intervenção psicopedagógica. Artmed, 2001 TIBA, Içambi. Quem ama educa; Gente. . Limite na medida certa; Gente.