DISLEXIA A etiologia da doença é genética, e também vem sendo estudada a exposição do feto a doses exageradas de testosterona, hormônio masculino, durante a sua formação in-útero no ramo de estudos da teratologia; nesse caso a maior incidência da dislexia em pessoas do sexo masculino seria explicada por abortos naturais de fetos do sexo feminino durante a gestação. Contudo, a causa da doença é física - química. Não há cura para os disléxicos, no entanto existem tratamentos, um deles é o medicamentoso que auxilia na aprendizagem. A pessoa pode ter qualidade de vida fazendo tratamento adequado (medicamentoso / Psicoterapia). Quais são os sintomas que indicam que uma pessoa tem dificuldades na área de aprendizado? Com que idade eles aparecem? Desde muito cedo a criança pode apresentar sinais relacionados com dificuldades na alfabetização, aos quais os pais e profissionais devem ficar atentos. São eles: demora em começar a falar; continuar falando como bebê até mais tarde; não compreender direito o que os outros estão conversando; no jardim de infância e pré-Fundamental não consegue pronunciar corretamente determinados sons de palavras e não reconhece a forma escrita que corresponda à primeira letra do seu próprio nome; e a partir do primeiro ano do Ensino Fundamental ficam evidenciadas as dificuldades para aprender a ler e escrever. As aptidões e os impedimentos são os mesmos para todos os disléxicos? A dislexia é uma dificuldade localizada e especifica com características que trazem obstáculos na linguagem expressiva e receptiva, na leitura e na escrita e, às vezes, em matemática ao portador. Por isso, ele não desenvolve de maneira eficiente sua consciência fonológica - a percepção de que determinada letra, sílaba e palavra escritas representam sons específicos da fala. Esta dificuldade se apresenta de forma individualizada em níveis de gravidade - leve, médio e grave - e com relação a específicas habilidades e níveis de inteligência (Q.I.). Há comorbidades - coexistência de transtornos - que também podem estar associadas à dislexia, como, por exemplo, certas dificuldades visuais que interferem no processo de aprendizagem. De que modo o aspecto emocional de uma criança disléxica pode ser afetado? Ela se sente frustrada ao ver que está ficando para trás na escola? Como o aspecto emocional permeia a aprendizagem, quando o disléxico não é diagnosticado apropriadamente e assistido através de metodologias que não o tornem capaz de aprender, ele pode ter frustrações. A desaprovação constante em casa, na escola e na sociedade, as notas baixas, as advertências e reprovações, levam o portador, muitas vezes, ao abandono escolar. Essas atitudes comprometem sua auto-imagem e auto-estima, podendo guiá-lo a descaminhos sociais, a contestação das leis e ao risco de inserção nas drogas e na criminalidade. O disléxico tende a se afastar do convívio social? Os que não são devidamente atendidos e tratados, sim. O indivíduo disléxico cresce pensando ser o que os outros dizem que ele é e devido à ignorância e ao preconceito ele acaba sendo taxado de preguiçoso, desinteressado ou ‘burro’. Com isso, ele passa a desacreditar Nele mesmo, ficando vulnerável e predisposto aos desvios de conduta. Quais atitudes devem ser tomadas quando a dislexia é evidenciada? Primeiramente, as dificuldades do disléxico precisam ser analisadas por um profissional capacitado em avaliação e reeducação das dificuldades de aprendizado. Em seguida, o portador deve ser encaminhado para uma complementação diagnóstica com um neurologista, e com especialistas que cada caso específico possa requerer. Por Karla Figueiredo Grangeiro * CRP 05 – 37691 www.karlaneuropsi.com.br / [email protected] * Graduada em Psicologia com especialização em Neuropsicologia, pós graduanda em Neuropsiquiatria Infantil e da Adolescência. Trabalhou no Hospital Municipal Lourenço Jorge, Instituto Fernandes Figueira / FioCruz, Hospital São Lucas e Clínica Perinatal. Implantou a Psicologia e Neuropsicologia do Hospital Rio Mar.