Desperdício no País da Fome

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Centro de Ensino Fundamental 05 de Brasília – SQS 408 – fone 3901.1521
Ciências Naturais - Projeto Interdisciplinar 2 – Prof. Carlos Eduardo Castro
Doenças Emergentes *
O surgimento de doenças emergentes com grande impacto para a saúde coletiva está
preocupando as autoridades sanitárias de todo o mundo. Elas sentem o despreparo dos serviços de
saúde para enfrentar esses novos inimigos, na maioria das vezes desconhecidos. Vivemos, portanto,
um momento em que novas doenças estão emergindo, enquanto outras que se julgava controladas,
estão ressurgindo com forte impacto na saúde pública.
Algumas décadas atrás, doenças como a varíola estavam sendo erradicadas e o mundo passava
a acreditar que estavas vencendo a luta contra as doenças infecciosas. Que grande engano! Não só
novas doenças estão surgindo como outras que se tinham sido controladas ressurgem.
É difícil apontar uma única causa para explicar o aparecimento dessas doenças. Vários fatores
podem estar envolvidos. Um deles, sem dúvida é o aumento incontrolável da população nas grandes
cidades, o que dificulta o suprimento de água tratada e a implantação de rede de esgotos; acarreta a
falta de alimentação e diminui o número de residências adequadas ao habitat humano. Isso força
milhões de pessoas a viverem em condições subumanas, com total falta de higiene básica.
A rápida urbanização é um fator sócio-econômico que coloca o homem em contato com
vetores e patógenos desconhecidos, que aliado ao aumento incontrolável das viagens internacionais,
torna possível uma pessoa se infectar em um país, ficar doente em outro a centenas de quilômetros
de distância, iniciando uma epidemia nesse novo país. Da mesma forma, o acesso do ser humano a
regiões distantes do planeta, desconhecidas e remotas, ainda não habitadas favorecendo a exposição
do ser humano a potenciais agentes patogênicos, contra os quais ele ainda não tem resistência, até
então transmitidos somente entre a fauna local.
Deve-se considerar ainda as mudanças que vem ocorrendo na complexa interação de fatores
climáticos, meio ambiente social e econômico aumentando o contato do homem com animais
silvestres. Também o desenvolvimento de novos hábitos de vida, com a devastação das florestas,
permitindo que vírus e bactérias raros se tornem abundantes e entrem em contato com as pessoas.
Incluem-se neste contexto a mudança no manuseio e processamento de alimentos, que podem vir de
longas distâncias e serem preparados de partes diferentes animais.
Outro fator é a falta de investimentos em centros de alta tecnologia e infra-estrutura especial
para a criação de “laboratórios de alto risco”, com modernos meios de diagnóstico. Tais laboratórios
poderiam rapidamente identificar a doença ou seu agente etiológico, o que na maioria dos acasos é
vital para se evitar ou controlar, uma epidemia, salvando centenas ou milhares de vidas. Não se
pode deixar de levar em conta a continuidade da evolução da vida, por meio de mutações genéticas
que servem para a sobrevivência de microorganismos patogênicos que podem adquirir a habilidade
para infectar o homem. Há, ainda, a possibilidade sempre presente, embora ainda não tenha
ocorrido ou sido provada a ocorrência de organismos “engenheirados”, frutos de experimentos da
biotecnologia,, possam “escapar” do controle das pesquisas a contribuir para novas infecções no
futuro.
Durante as últimas décadas, numerosas doenças infecciosas emergiram ou reemergiram. Além
da AIDS, podem-se citar exemplos como a tuberculose, o cólera, diarréias sanguinolentas causadas
por variantes da Escherichia coli, a peste, o dengue e sua complicação hemorrágica. Recentemente
soube-se que no Brasil já tinham sido encontrados agentes que causam patologias gravíssimas como
o Vírus Rocio, causador da encefalite: o Hantavírus, responsável por febre hemorrágica com
síndrome renal e/ou síndrome respiratória aguda; o Vírus Sabiá, que também provoca grave febre
hemorrágica. Os dois últimos aumentam quando cresce a população de rastos, usam como meio
transmissor as fezes, urina e saliva dos mesmos. Causaram, recentemente, centenas de casos com
inúmeros óbitos, no Vale do Ribeira, em São Paulo, onde foram isolados.
A possibilidade do Ebola e de outro vírus, tais com o Marburg, HTLV, Junin, Lassa,
Oroupuche, Mapucho, entre outros já citados na imprensa científica e nos meios de comunicação
em geral, chegarem ao Brasil é uma realidade que não podemos ignorar. O despreparo dos serviços
de saúde e dos serviços de vigilância sanitária, especificamente, nos países em desenvolvimento,
para enfrentar esses novos e antigos inimigos é flagrante.
Não estamos suficientemente aparelhados para combater esses novos desafios. Há necessidade
de investimentos nas áreas de vigilância epidemiológica e sanitária, como também para o
reaparelhamento e reestruturação dos serviços de saúde e laboratoriais para que o diagnóstico seja o
mais breve possível e as medidas de prevenção possam ser rápidas e eficazes.
Neste contexto defendemos a necessidade de construção imediata de um laboratório de alto
risco, nos moldes das instituições desse tipo existentes em países mais desenvolvidos, com
modernos métodos de diagnóstico, com a mais moderna tecnologia e com cuidados de extrema
segurança necessários para a identificação de doenças e dos seus agentes etiológicos, bem como a
possibilidade de prevenção, controle e terapêutica.
Defendemos também que seja cumprida, imediatamente, a Lei de Biossegurança recentemente
sancionada pelo Presidente da República, que tratas de mecanismos de proteção da sociedade diante
da liberação no meio ambiente de organismos vivos, frutos de manipulação genética.
Nos parece claro que esses fatores não serão mudados em um futuro próximo e que tais
doenças continuarão a aparecer. O que temos que fazer para diminuir os agravos a danos é
identificar a doença mais rapidamente possível, compreender a sua biologia e epidemiologia,
estarmos sempre preparados para uma intervenção racional, efetiva e científica na evolução da
doença. Para isto, a saúde tem que deixar de ser prioridade nos discursos governamentais para ser
prioritária na realidade. [* Sérgio Arouca, médico sanitarista, Deputado Federal, PPS-RJ – O Globo, 30/7/1995]
Centro de Ensino Fundamental 05 de Brasília – SQS 408 – fone 3901.1521
Desperdício no País da Fome *
No Brasil, 30% da comida estraga no caminho entre a produção e a mesa dos consumidores. Cidades como Santo
André, SP, criam programas contra as perdas de alimentos para a população carente. Lula usará essas experiências em
seu governo.
Na hora de produzir:
O desperdício começa pela opção sobre quando colher a plantação. Dependendo do preço alcançado pelo produto
no mercado, por exemplo, alguns agricultores preferem deixar os alimentos estragando no pé;
As máquinas sem regulagem adequada causam muitas perda à colheita. A boa manutenção dos equipamentos é
essencial;
Os grãos exigem um processo de secagem para se conservarem por mais tempo. Os pequenos agricultores, em
geral, não tem equipamentos para retirar a umidade dos alimentos e dependem do sol para isso. Um método nem sempre
eficiente;
A embalagem adequada ao produto é fundamental para evitar o desperdício de frutas e hortaliças. Os pacotes com
tecnologia de design, porém, têm preços muito superiores à capacidade de investimento dos pequenos agricultores;
As estradas esburacadas e o calor também levam a perdas dos produtos, em especial de frutas e verduras.
Caminhões refrigerados ou o transporte de frutas durante a noite poderiam melhorar a situação.
Na hora de comprar:
O ideal é não apalpar frutas e verduras, pois isso gera perdas enormes nos mercados e feiras. Os ovos, por sua vez,
devem estar limpos, sem sujeiras ou manchas aderidas à casca;
Os hortifrutigranjeiros vendidos em embalagens fechadas já picados, fatiados ou cortados devem ter aparência
limpa, coloração normal e nenhum respingo de água dentro do pacote. Os balcões refrigerados do mercado devem Ter
temperatura máxima de 10°C, nem mais e nem menos.
Existem dois grupos de frutas. Umas amadurecem após colhidas. São o caso do abacate, da ameixa, do mamão, da
maçã, do maracujá, do caju, da melancia a da pêra. Essas frutas podem ser compradas mais verdes e, em casa, depois de
enroladas em jornal, chegarão ao ponto exato para o consumo. Outras, param de amadurecer depois de colhidas. Neste
grupo estão o abacaxi, o melão, a uva, o morango a tangerina, a laranja, o limão e a mexerica. No caso dessas frutas não
adianta comprar produtos verdes porque eles não completarão o prazo de maturação.
O produto congelado não pode ter placas de gelo na embalagem e o resfriado não deve ter gotas de água. A
presença desses sinais indica que o alimento sofreu queda de temperatura, o que diminui sua vida útil.
Os balcões de açougues e peixarias não podem ser de madeira, que retém a umidade e o sangue da carne.
Na hora de cozinhar:
A alface se conserva por mais tempo embrulhada em pano úmido e guardada na geladeira. Para que as frutas
durem mais e também parta evitar aqueles indesejáveis “mosquitinhos” (hidrosófilas) basta espalhar alguns dentes de
alho, com casca, na fruteira.
O ovo está estragado se boiar em um recipiente com água fria e sal. Se afundar, continua próprio para o consumo.
A gema do ovo., quando passa do tempo de utilização, se enche de ar fazendo com que o produto bóie.
A cabeça e o espinhaço do peixe podem ser usados para fazer pirão, sopas, moquecas e bolinhos. Antes de guardar
o peixe, para que ele se conserve por mais tempo no freezer ou na geladeira, é importante retirar as vísceras e temperálo com um pouco de limão e sal.
A sopa e o feijão, se salgados, podem ser “salvos” colocando-se uma ou duas batatas descascadas e cortadas em
quatro partes dentro da comida.
A água usada para cozinhar legumes pode ser reaproveitada no cozimento de feijão, arroz e sopas. Dessa forma,
os pratos ganham maior valor nutritivo.
Os miúdos não consumidos de imediato podem ser guardados, se fervidos e colocados na geladeira.
Os talos de verduras como a couve, a taioba, o espinafre, o agrião e o brócolis têm grande valor nutritivo e podem
ser usados em ensopados, refogados, bolinhos, patês, no arroz e na farofa.
O pão de ontem pode ficar com cara de hoje se for molhado com um pouco de leite ou água filtrada e levado ao
forno por alguns minutos, pouco antes de ser consumido.
Algumas gotas de limão pingadas sobre a banana, já descascada, evita que elas escureça, no caso de não ser
consumida imediatamente.
A mandioca, de difícil cozimento, deve ter adição de um copo de água gelada assim que estiver fervendo. Isso
amaciará o alimento.
[ Marina Oliveira, Correio Braziliense, 2/12/2002]
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