TERAPIAS CONTEXTUAIS: CARACTERÍSTICAS E EVIDÊNCIAS DAS TERAPIAS DE TERCEIRA GERAÇÃO TERAPIAS DE TERCEIRA GERAÇÃO: UM OUTRO MODELO DE INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA Patricia Ariane Guedes** (Grupo de Pesquisa Avaliação e Atendimento em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental – GAAPCC, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, RS) A busca pela adoção de intervenções baseadas em evidências demonstra o maior cuidado do profissional com o paciente em procurar de forma criteriosa a melhor maneira de auxiliá-lo. É sabido que há diferentes terapias que se baseiam em um mesmo constructo epistemológico, mas diferem nas técnicas e processos. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivos: diferenciar as três gerações da Terapia Comportamental, apresentar as características e apontar a efetividade das Terapias de Terceira Geração, ou seja, as Terapias Contextuais. Para tanto, o método utilizado é a busca bibliográfica em periódicos e livros com os descritores Third wave; ACT; DBT, FAP, Mindfulness, Efficacy of the third wave. A chamada Primeira Geração da Terapia Comportamental caracteriza-se pela abordagem prática e psicoterápica do condicionamento clássico e a aprendizagem operante. A Segunda Geração emprega tanto técnicas comportamentais quanto cognitivas através da reestruturação cognitiva (crenças). Na Terceira Geração, a ênfase está no contexto e na função do comportamento e não na sua forma e conteúdo. No presente trabalho, se busca caracterizar as seguintes abordagens: Terapia Comportamental-Dialética (que foca no contexto ambiental: validação e análise comportamental), Terapia de Aceitação e Compromisso (contexto verbal: flexibilidade psicológica) e Psicoterapia Analítica-Funcional (contexto relacional: relação terapêutica). As características que agrupam essas terapias são: o trabalho com valores dos pacientes, a exposição ao próprio processamento emocional, aceitação, análise de contingências a fim de analisar e intervir na mudança de comportamentos e utilização da prática de Mindfulness. Essas terapias são reconhecidas e validadas cientificamente sendo, inclusive, recomendadas como psicoterapias baseadas em evidências no tratamento de inúmeros transtornos mentais pela American Psychological Association (APA), National Registry of Evidence-Based Programs and Practices (NREPP), National Institute for Health and Care Excellence (NICE) entre outros. Apoio Financeiro: Sem apoio financeiro. Palavras-chave: Terceira Geração; Terapias Comportamentais Contextuais; Mindfulness Área temática: Intervenções na área da saúde. TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSSO Igor da Rosa Finger (Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, São Leopoldo, RS; Instituto de Terapias Cognitivo-Comportamentais – InTCC, Porto Alegre, RS; Grupo de Pesquisa Avaliação e Atendimento em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental – GAAPCC, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, RS) A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT, em inglês) é uma terapia contextual que utiliza estratégias de aceitação e mindfulness para aplicar os conceitos da análise funcional do comportamento, desenvolvendo, assim, a Flexibilidade Psicológica. O objetivo desse trabalho é apresentar as principais características da ACT, seus processos de trabalho terapêutico e resultados de pesquisas atuais. Para o resultado de estudos, pesquisou-se trabalhos dos últimos 5 anos nas bases de dados PubMed, Medline, Scielo, Lilacs, BVS-Psi e Web of Science, com o descritor Acceptance and Commitment Therapy (Terapia de Aceitação e Compromisso). O modelo teórico fundamental de psicopatologia da ACT preconiza que umas das principais causas do desenvolvimento dos transtornos mentais são os esforços em ignorar e evitar as experiências/vivências internas do indivíduo, tais como emoções e pensamentos desagradáveis, desenvolvendo a Rigidez Psicológica (ou Inflexibilidade Psicológica). Essa teoria se embasa no aspecto que, ao direcionar esforço para o controle do sofrimento, diminuindo-o momentaneamente, (reforço negativo – controle aversivo), o indivíduo não se encoraja a dedicar-se em C749 Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas (10. : 2015 : Porto de Galinhas) Programa e resumo do X Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas / Carmem Beatriz Neufeld, Aline Sardinha e Priscila de Camargo Palma (organizadoras). – Porto de Galinhas: Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, 2015. ISBN 978-85-66867-01-5 comportamentos que o levam aos seus valores pessoais, aquilo que é importante para ele (reforço positivo). A ACT auxilia na discriminação se os comportamentos do cliente o afastam de experiências/vivências internas indesejadas (reforço negativo) ou se o aproximam ao que é importante/valioso para ele (reforço positivo). O foco da ACT, bem com das demais terapias contextuais, é no contexto e na funcionalidade dos fenômenos psicológicos, não somente na forma e conteúdo. Há evidências de resposta terapêutica em dores crônicas, depressão, transtorno obsessivocompulsivo, sintomas psicóticos e uso de tabaco. Já há, nos últimos anos, a realização de ensaios clínicos randomizados demonstrando eficácia do tratamento. Ainda assim, há a necessidade de mais estudos e controles metodológicos para tornar ACT primeira escolha no tratamento de patologias específicas. Apoio Financeiro: Bolsa de doutorado Pro-bolsa (PUCRS). Palavras-Chave: Terapia de Aceitação e Compromisso, Eficácia, Tratamento Área temática: Intervenções na área da saúde TERAPIA COMPORTAMENTAL DIALÉTICA Cristina Würdig Sayago (Instituto de Terapias Cognitivo-Comportamentais – Porto Alegre/RS) A Terapia Comportamental Dialética (DBT) foi desenvolvida na década de 1980 por Marsha Linehan. É uma intervenção direcionada para pacientes com Transtorno da Personalidade Borderline (TPB) cronicamente suicidas e com auto-mutilações não letais (AMNL). É uma abordagem de tratamento que integra elementos comportamentais, cognitivo-comportamentais, psicodinâmicos, da gestalt terapia, da abordagem centrada na pessoa, das abordagens de psicoterapia paradoxais, da abordagem dialética e dos elementos budistas. O objetivo deste trabalho é prover uma visão geral da DBT e de sua aplicação prática. A DBT possui uma organização baseada em princípios que orientam o terapeuta em como lidar e no que focar durante as mais diversas situações clínicas, em especial as de crises. A principal balança dialética do tratamento é: mudança X aceitação. Para garantir que terapeuta e paciente estejam sempre dentro dos princípios da DBT, a abordagem é modular. Os módulos obrigatórios de tratamento são: psicoterapia individual, grupo de habilidades, consultoria por telefone, reunião de consultoria para os terapeutas e tratamentos auxiliares. Existe, também, um módulo de tratamento não obrigatório, o grupo de familiares. Para Linehan, os comportamentos característicos do TPB são entendidos como métodos de solução de problemas para lidar com a desregulação emocional, então ela desenvolveu um modelo de entendimento do desenvolvimento e da manutenção da desregulação emocional, a Teoria Biossocial (TB). Esse modelo hoje é utilizado como fundamento teórico central para o entendimento da desregulação emocional em diversos transtornos mentais. O modelo proposto pela TB defende que a desregulação emocional seria desenvolvida e mantida por uma interação entre fatores biológicos (vulnerabilidade emocional) e ambientais (ambientes invalidantes). A DBT possui uma hierarquia das metas fundamentais: Reduzir comportamentos de risco à vida; Reduzir comportamentos que interferem na terapia; Reduzir comportamentos que interferem na qualidade de vida; Promover Habilidades; Reduzir Transtorno de Estresse Pós Traumático; Aumentar Respeito Pelo Self. O tratamento da DBT possui 5 estágios: Pré-Tratamento – Orientação e comprometimento; 1º Estágio – Adquirir capacidades básicas; 2º Estágio – Exposição e processamento emocional do passado; 3º Estágio – Promover o autorrespeito e alcançar objetivos individuais; 4º Estágio – Transcendência. Sendo a DBT uma abordagem estruturada e com validade de eficácia, torna-se de extrema importância que ela possa ser difundida em nossos meios profissionais garantindo que esses pacientes recebam tratamento adequado para suas complexas demandas. Apoio Financeiro: Sem apoio financeiro. Palavras-chave: Terapia Comportamental Contextual; Terapia Comportamental Dialética; Desregulação Emocional; Área temática: Intervenções na área da saúde C749 Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas (10. : 2015 : Porto de Galinhas) Programa e resumo do X Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas / Carmem Beatriz Neufeld, Aline Sardinha e Priscila de Camargo Palma (organizadoras). – Porto de Galinhas: Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, 2015. ISBN 978-85-66867-01-5 MINDFULNESS Vinícius Guimarães Dornelles (Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo/RS e Instituto de Terapias Cognitivo-Comportamentais, Porto Alegre/RS) Mindfulness é um termo que pode ser um estado mental, um conjunto de técnicas ou até programas estruturados de treinamento baseados em Mindfulness. Mindfulness é uma estratégica terapêutica baseada em três grandes premissas, aceitação radical do momento presente, atenção plena, intencionalmente, e a prática de uma consciência não julgadora. Assim, Mindfulness pode ser definido, conforme um dos pioneiros em seu estudo, Jon Kabat-Zinn, é uma forma de atenção plena: “Prestar atenção de uma forma particular: intencionalmente, no momento presente de forma não julgadora”. Existem outras definições que apontam características importantes do Mindulness, como a questão de tornar-se consciente do que está acontecendo ao seu redor ou dentro de você agora, estar e/ou ficar focado no momento presente e estar no aqui e agora, ou seja, não estar focado em lembranças do passado ou em problemas do futuro. Este trabalho visa apresentar o conceito e a prática de mindfulness dentro das abordagens comportamentais contextuais. Mindfulness é um método independe da cultura ou religião da pessoa. A eficácia e a efetividade do Mindfulness tem sido amplamente estudadas em uma variedade de populações. É exatamente a simplicidade da técnica que a torna útil como técnica de redução do stress. A prática de mindfulness significa atenção plena para a ação no momento atual, onde o praticante faz a escolha de estar plenamente atento, por isso é intencional, e livres de classificações como bons ou maus, caracterizado pelo não julgar. O foco do Mindfulness é a aceitação da nossa experiência tal como ela é. Além disso, Mindfulness é a estratégia central unificadora das terapias contextuais (as quais popularmente são denominadas de terapias de terceira geração). Assim, o objetivo dessa mesa é demonstrar como utiliza-se os procedimentos de mindfulness dentro das abordagens de terapias contextuais e quais são os seus benefícios e as suas principais indicações. Apoio Financeiro: Sem apoio financeiro Palavras-chave: Mindfulness; Atenção Plena; Terapias Comportamentais Contextuais; Área temática: Intervenções na área da saúde C749 Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas (10. : 2015 : Porto de Galinhas) Programa e resumo do X Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas / Carmem Beatriz Neufeld, Aline Sardinha e Priscila de Camargo Palma (organizadoras). – Porto de Galinhas: Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, 2015. ISBN 978-85-66867-01-5