O que é o Setembro amarelo? Setembro amarelo é uma campanha do Centro de Valorização da Vida que busca trazer o diálogo sobre o suicídio para a sociedade. Desde 2015 o mês busca a conscientização e a prevenção do suicídio. No mundo todo, aproximadamente uma pessoa se mata a cada 40 segundos. Só no Brasil, o suicídio é a quarta causa mais comum de morte de jovens. O assunto é um tabu. Não falamos dele. A mídia evita por medo de aumentar os números, as pessoas evitam por medo do assunto em si e com isso, acabamos cortando o diálogo necessário. Por que o Setembro amarelo é importante? O Setembro Amarelo é uma campanha que busca trazer o diálogo e prevenir o suicídio. 90% dos suicídios poderia ser evitado com ajuda psicológica. A maioria deles é causada por doenças mentais que não são tratadas porque muita gente nem sabe que precisa de tratamento. Aproximadamente 60% das pessoas que morrem por suicídio não buscam ajuda. Já pensou se isso se aplicasse a outras doenças? Imagine se 60% das pessoas com fraturas não fosse ao médico ou se 60% dos pacientes com apendicite não se tratasse e você vai perceber que é estranho que tanta gente não busque ajuda. Isso porque nós, como sociedade, não falamos do assunto, não informamos as pessoas. Cerca de 17% dos brasileiros já pensou seriamente em suicídio. 4,8% deles já elaboraram um plano para isso. Objetivo do Setembro Amarelo O objetivo do mês de prevenção do suicídio é conscientizar as pessoas deste problema tão grave, que tira tantas vidas todos os anos. O setembro amarelo é um mês de diálogo. É um mês que busca criar conversas sobre o assunto, deixar as pessoas que sofrem com pensamentos suicidas saberem que elas não estão sozinhas e que a morte não é solução. O Setembro Amarelo busca salvar vidas através da informação e da conversa sobre este assunto sério que ainda é um tabu. Como surgiu o Setembro Amarelo? A cor amarela é usada para representar o mês da prevenção do suicídio por causa de Dale Emme e Darlene Emme. O casal foi o início do programa de prevenção de suicídio “fita amarela”, ou “Yellow Ribbon” em inglês. Em 1994, Mike Emme, filho do casal, com apenas 17, se matou. Mike era conhecido por sua personalidade caridosa e por sua habilidade mecânica. Restaurou um Mustang 68 e o pintou de amarelo. Mike amava aquele carro e por causa dele começou a ser conhecido como “Mustang Mike”. Entretanto, infelizmente, aqueles próximos de Mike não viram os sinais e o fim da vida do garoto chegou. No dia do funeral dele, uma cesta de cartões com fitas amarelas presas a eles estava disponível para quem quisesse pegá-los. Os 500 cartões e fitas foram feitos pelos amigos de Mike e possuíam uma mensagem: Se você precisar, peça ajuda. Os cartões se espalharam pelos Estados Unidos. Em poucas semanas começaram a aparecer ligações. Um professor de outro estado havia recebido um dos cartões de uma aluna, pedindo por ajuda. Diversas cartas chegavam de adolescentes buscando ajuda. A fita amarela foi escolhida como símbolo do programa que incentiva aqueles que têm pensamentos suicidas a buscar ajuda. Em 2003 a OMS instituiu o dia 10 de setembro para ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, e o amarelo do mustang de Mike é a cor escolhida para representar este sentimento. Diálogo e mídia Suicídio não é notícia. Isso está em livros de jornalismo. O motivo é o medo de causar o chamado “Efeito Werther”. Este fenômeno ganhou seu nome do livro “Os sofrimentos do jovem Werther”, livro do autor alemão Johan Wolfgang von Goethe, publicado em 1774. No final do livro, que possui um tom depressivo, o jovem Werther se suicida, o que levou a uma suposta onda de suicídios nos jovens europeus da época. O efeito Werther foi comprovado cientificamente e é chamado de “suicídio por imitação”. Suicídios se tornam mais comuns quando divulgados pela mídia. Por exemplo, após as mortes por suicídio de Marilyn Monroe, em 1962, e de Kurt Cobain, em 1994, as taxas de suicídio americanas tiveram aumentos notáveis. É por isso que a Organização Mundial da Saúde desaconselha que a mídia exponha métodos ou processos de suicídio: para evitar que esta exposição incentive outras mortes. Entretanto, os suicídios não são causados pela notícia ou pelo vídeo. As pessoas que se mataram ao ver esse tipo de coisa já tinham tendências antes de assistir e se encontravam no grupo de risco. Pessoas com depressão, pensamentos suicidas, esquizofrenia ou diversas outras doenças mentais não tratadas são vulneráveis ao efeito Werther. Falar sobre o assunto é extremamente importante justamente para que possamos reduzir o número de pessoas vulneráveis. Para que possamos evitar suicídios, o diálogo é o primeiro passo. Conversar, trazer o assunto à tona e fazer com que essas pessoas saibam que não estão sozinhas e que existem meios de tratar estas doenças. Centro de Valorização da Vida (CVV) O centro de valorização da vida é reconhecido como Utilidade Pública Federal desde a década de 70. É uma organização sem fins lucrativos e filantrópica que busca dar apoio emocional e prevenção do suicídio para quem precisa. Desde 2015, é possível entrar em contato com eles através do telefone, de maneira gratuíta. Basta ligar para o número 188 ou 141 (no caso dos estados do Maranhão, Paraná, Pará e Bahia). O atendimento é anônimo e realizado por voluntários que guardam sigilo. Também é possível acessar o chat online, enviar um e-mail ou ir a um dos postos de atendimento físico. O Setembro Amarelo foi idealizado pelo CVV em 2015 e o mês escolhido é setembro pois é o mesmo mês do Dia Mundial para Prevenção do Suicídio, realizado no dia 10 de setembro. O que é o suicídio? O suicídio é o ato de acabar com a própria vida. Ele sempre é um acontecimento complexo. A pessoa não tem como objetivo a morte, mas sim o fim do sofrimento pelo qual está passando e o único jeito que enxerga no momento para chegar nisso é através da morte. Este sofrimento pode ter várias naturezas: culpa, remorso, depressão, ansiedade, medo, humilhação, entre outros. Se você estiver pensando em tirar sua própria vida, saiba que você não está sozinho e que existem formas de superar o sofrimento. Em geral, suicídios são planejados e as pessoas dão sinais. Elas avisam e pedem por ajuda de maneiras conscientes e inconscientes. Reconhecer estes sinais e ofertar apoio pode prevenir uma tentativa e começar um caminho de superação do sofrimento. Fatores de risco Existem certos fatores de risco que aumentam as chances de alguém apresentar pensamentos e tentativas suicidas. São eles: Tentativas anteriores; Abuso de substâncias; Ter entre 15 e 35 anos ou mais de 75 anos; Histórico de suicídio familiar; Falta de vínculos sociais e familiares; Doenças terminais ou incapacitantes; Desemprego; Declínio social; Divórcio; Estresse continuado. Além disso, são fatores de risco: Extremos monetários Estudos apontam que pessoas com muitos problemas monetários ou com dinheiro demais apresentam maiores chances de tentar o suicídio. No caso daqueles que possuem sérios problemas financeiros, o problema é óbvio, a falta de dinheiro causa estresse. Para aqueles que possuem muito dinheiro, a sensação de que existe muito a perder também pode ser um fator de estresse. Transtornos mentais Naturalmente, transtornos mentais como depressão e esquizofrenia são fatores de risco para o suicídio. O transtorno mental que mais apresenta suicídios é o transtorno de personalidade bipolar. Homens se matam mais, mas mulheres tentam mais O gênero do suicídio é um assunto delicado. A morte por suicídio é 2 vezes mais frequentes em homens do que em mulheres, mas as mulheres tentam 2 vezes mais do que os homens. Isso quer dizer que mulheres são mais afetadas pelo suicídio do que homens, mas os métodos escolhidos pelo sexo masculino são mais letais, o que faz com que eles morram com mais frequência em decorrência das tentativas apesar de mulheres tentarem mais. Como pedir ajuda? Se você está com pensamentos suicidas, é importante pedir ajuda. Fale com alguém próximo, conte para as pessoas o que passa pela sua cabeça. Ter alguém para conversar faz toda a diferença. Se você não tem ninguém próximo com quem conversar, não hesite em ligar para o 141 ou 188 e conversar com um dos voluntários do Centro de Valorização da Vida. Eles estão lá para você e podem entender pelo que você está passando. O que não fazer se alguém próximo tem pensamentos suicidas? Nem sempre é fácil saber o que fazer quando alguém próximo revela ter pensamentos suicida, mas saiba que, se isso acontece, esta pessoa está se abrindo para você e isso é um passo importante para a melhora. Caso isso aconteça, ou caso perceba sinais de alerta em alguém próximo, existem algumas coisas que não se deve fazer. Condenar Não julgue a pessoa. Você não sabe pelo que ela está passando e ela está pedindo ajuda, portanto busque não decepcioná-la. Dizer que o suicídio é covardia ou fraqueza não é nem verdade, nem ajuda. Banalizar Lembre-se de que a maneira como sentimos as coisas é diferente para todo mundo. Aquilo que a pessoa com pensamentos suicidas está sentindo é só dela e se está levandoa a sentir-se daquela maneira, é porque é sério. Lembre-se também de que o suicídio é extremamente complexo e não pode ser atribuído exclusivamente a um evento, mas sim a vários fatores. Não banalize nenhum deles. Dar opinião Pensamentos suicidas não são questão de opinião. Dizer que é “falta de Deus” ou que a pessoa “quer chamar atenção” não ajuda, só piora. Brigar Os pensamentos suicidas são um sintoma e não uma escolha. Fazer a pessoa sentirse culpada só piora a situação. Frases de incentivo Dizer para a pessoa “pensar positivo” ou que “a vida é boa” não ajuda. A pessoa com pensamentos suicidas pode sentir-se ainda pior por não conseguir sentir-se melhor, achando que a culpa disso é dela, quando não é. Como ajudar? Caso perceba sinais de alerta de suicídio ou alguém próximo entre em contato para pedir ajuda, algumas coisas podem ajudar. Escute Encontre lugar apropriado e particular e escute o que a pessoa tem para falar. Deixe ela saber que você está lá para ouvir e apoiar e escute. Este não é o momento para oferecer soluções práticas, mas sim para escutar e estar lá pela pessoa, dando à ela a certeza de que ela não está sozinha. Incentive-a a busca ajuda profissional Abrir-se com alguém próximo é um primeiro passo importante, mas a ajuda profissional faz grande diferença e é onde é possível iniciar um tratamento. Ofereça-se para acompanhar a pessoa em uma consulta. Mantenha o contato Acompanhe a pessoa, mantenha o contato e fique por perto. Esteja lá para a pessoa e a apoie em sua doença e tratamento. Em caso de crises Se você acha que a pessoa está em perigo de se machucar no momento, entre em contato com profissionais de emergência e busque atendimento, ou consulte um familiar da pessoa para que ela fique segura. Sinais de alerta Existe o mito de que a pessoa com pensamentos suicidas não dá sinais, mas isso não é verdade e aqueles próximos podem perceber. É extremamente raro que um suicídio ocorra sem sinais. Esta lista mostra alguns destes avisos, mas eles não devem ser considerados isoladamente. Não existe uma maneira certeira de se identificar alguém em uma crise suicida, mas detectar estes avisos pode ser a diferença entre a vida e a morte. Lembre-se de que, especialmente se muitos deles aparecerem ao mesmo tempo, você pode conversar com a pessoa sobre suicídio, o que pode ajudar. Seja compreensivo. Estes indicadores não são ameaças ou chantagens, mas sim avisos. Converse com a pessoa e incentive a busca de ajuda profissional. Preocupação com a própria morte Quando uma preocupação com a própria morte surge de maneira repentina, pode ser um sinal. Visões negativas, ideias expressas em escrita, por fala ou desenhos, podem significar que a pessoa está pensando em suicídio. Comentários e intenções suicidas Comentários como os seguintes podem ser sinais de pensamentos suicidas: “Vou desaparecer”; “Queria nunca mais acordar”; “Vou deixar vocês em paz”; “É inútil tentar mudar, só quero me matar”. Preste atenção se qualquer um destes comentários aparecer, especialmente se a frequência deles aumenta. Isolamento Pessoas com pensamentos suicidas tendem a se isolar, não atendendo telefonemas ou cancelando eventos e atividades, mesmo as que costumavam gostar de fazer. Preste atenção especialmente se algum isolamento surge de maneira repentina. Mesmo pessoas naturalmente mais introvertidas podem demonstrar este sinal. Desfazer-se de objetos Um sinal que costuma aparecer quando a pessoa está próxima de se suicidar é dar de presente diversos objetos pessoais e importantes. Se algum amigo com depressão ou outros sinais de repente resolver te dar uma coleção de livros, um videogame, algo de valor, desfazendo-se de objetos pessoais, fale com esta pessoa, ofereça ajuda, incentive o contato com profissionais e, se necessário, entre em contato com a família ou profissionais você mesmo. Tranquilidade repentina Outro sinal emergencial é a tranquilidade e aparente felicidade repentina. Se alguém com depressão severa de repente parece muito feliz, aqueles a seu redor podem pensar que a pessoa está melhorando quando na verdade este é um sinal alarmante. Quando alguém com pensamentos suicidas decide que vai seguir com um plano de suicídio, a sensação de que seus problemas irão se resolver pode tirar um grande peso das costas dela, o que aparece como tranquilidade e felicidade. Esta pessoa precisa de atendimento urgente. Mitos sobre suicídio Existem alguns mitos sobre o tema que atrapalham os profissionais de saúde e aumentam os riscos de pessoas com pensamentos suicidas ficarem sem ajuda. Ter estas coisas em mente pode ajudar você a saber quais mitos sobre o suicídio podem ser prejudiciais. Quem ameaça não faz Normalmente as pessoas não se suicidam sem aviso. Elas comunicam sua intenção antes do ato, às vezes em tom de brincadeira, às vezes falando sério, mas raramente sem aviso. Portanto é importante perceber que ameaças de suicídio podem ser sérias. Suicidas não procuram ajuda Pessoas com pensamentos suicidas procuram sim por ajuda. Acabar com a própria vida é uma medida desesperada, quando a pessoa acredita estar sem opção para acabar com seu sofrimento. Sobreviventes de suicídio estão a salvo Pelo contrário, as chances de alguém tentar suicídio depois de uma tentativa frustrada são maiores do que antes. A recuperação de uma tentativa de suicídio é um momento em que se deve prestar atenção no paciente. Não se deve falar de suicídio Pelo contrário, falar de suicídio é o ideal. Conversar com alguém que tem pensamentos suicidas sobre o ato não irá fazer com que a pessoa se mate, mas abrir espaço para diálogo e informações que podem fazer toda a diferença e salvar uma vida. Não há como impedir Há como impedir, em qualquer momento. Mesmo que a decisão já tenha sido tomada pela pessoa que sofre. Sempre há como impedir e sempre existe tratamento possível para aliviar o sofrimento psicológico. Quem planeja se matar quer se matar Quem planeja um suicídio não quer acabar com a própria vida, mas sim com a dor e o sofrimento que faz com que estes pensamentos surjam. Ninguém deseja acabar com a vida simplesmente porque não quer mais ela. Melhora de humor significa desistência de suicídio Como já falamos em sinais de alerta, uma melhora significativa e repentina de humor pode ser um sinal de que a pessoa tomou a decisão de acabar com a própria vida. O conflito parece resolvido e isso dá sensação de alívio para a pessoa, portanto é importante buscar ajuda. Quem se suicida é fraco Este é um dos mitos sobre suicídio mais problemáticos, especialmente porque ajuda a alimentar a ideia de que doenças psicológicas não são doenças. O suicida é alguém que sofre muito e não consegue enxergar esperanças. Não tem nada a ver com força ou fraqueza e dizer isso só piora. A grande maioria das mortes por suicídios podem ser evitadas e o diálogo sobre o assunto é o melhor jeito de fazer isso. Se você ou alguém que você conhece possui pensamentos suicidas, peça ajuda. Compartilhe este texto com seus amigos para que o diálogo sobre o suicídio se espalhe ainda mais e possamos evitar estas mortes de pessoas que merecem viver! O que é Ansiedade? A ansiedade é a expectativa de uma ameaça futura caracterizada pelo sentimento de desconforto, em conjunto com a preocupação excessiva e também do medo. Ela pode ser leve ou grave e é bem difícil de controlar, pois atinge um alto grau de intensidade em poucos minutos. Além disso, pode durar muito tempo e, geralmente, está acompanhada de sintomas físicos. Todas as pessoas, sejam elas crianças ou adultas, já se sentiram ansiosos em algum momento da vida. Isso é normal, entretanto, para algumas pessoas, esse sentimento é mais frequente e intenso, prejudicando suas atividades diárias. O que é estresse? O estresse é uma resposta do organismo (física ou mental) a um evento de esforço extremo ou importante, geralmente quando se sente ameaçado ou sob pressão. Essa resposta libera uma série de reações químicas no seu organismo, o que provoca reações fisiológicas. O organismo passa por diversos tipos de alterações durante nosso dia a dia; isso acontece sempre que o cérebro entende alguma atividade como ameaçadora ou que cause pressão, denominada Síndrome Geral de Adaptação ao Estresse. Essas alterações no organismos podem ser muito positivas, como por exemplo: se alguém está passando por períodos de pressão no trabalho, o cérebro percebe e responde com alterações que ajudarão o indivíduo a concluir suas atividades com eficiência. Porém, se a pressão persistir por um longo tempo, as alterações benéficas passam a ser prejudiciais, manifestando-se no organismo de formas patológicas e com sintomas como dores de cabeça e dores de estômago. Sintomas da depressão (físicos, psicológicos, pós-parto): quais são? Podemos dizer que a depressão é um dos maiores males da atualidade. Além de afetar uma parcela significativa da população, as estimativas são de que, no futuro, a doença vai se tornar cada vez mais comum. Isso pode ser comprovado através de dados da Organização Mundial da Saúde, a OMS, que, em 2017, em seu relatório global sobre a doença, constatou que o número de casos de depressão aumentou em 18% entre os anos de 2005 e 2015. Esses números representam aproximadamente 322 milhões de pessoas em todo mundo, sendo que a maioria são mulheres. No Brasil, aproximadamente 5% da população, ou 11,5 milhões de pessoas, têm de conviver com essa doença. Os números assustam. Entretanto, apesar de não haver uma cura constatada para a depressão, ela tem tratamento. Por essa razão, é muito importante estar atento aos sintomas, pois quanto antes o paciente começar o tratamento, maiores são suas chances de recuperação. Buscando atender a demanda de uma maneira mais científica, vamos listar abaixo os principais sintomas da depressão, usando como parâmetro para confecção da lista o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM-5. Como saber se é depressão? De acordo com o DSM-5, para que um paciente seja considerado ou não com a doença, é necessário que ele apresente ao menos 5 dos sintomas principais (listados a seguir), sendo que é obrigatória a presença de humor deprimido ou perda de interesse e prazer. Com isso, os sintomas podem ser divididos entre físicos e emocionais (psicológicos). Entenda: Sintomas físicos da depressão Os sintomas físicos são aqueles que são sentidos pelo corpo, como: Fadiga Não é nada incomum que o paciente depressivo se sinta cansado na maior parte do dia. Esse estado em que parece que a pessoa não tem forças sequer para levantar da cama é conhecido como fadiga. Com a fadiga, alguns outros sintomas podem se fazer presentes, como o surgimento de dores em diversas partes do corpo. As costas, o pescoço e até mesmo os membros (braços e pernas) podem ficar doloridos, o que impede que o paciente sequer sinta vontade de se levantar da cama. Parece que a falta de energia paralisa a pessoa, que com o tempo não quer sair, nem mesmo para ver os amigos ou comer a comida favorita. Em casos extremos, o paciente deixa de ter os cuidados básicos de higiene, como tomar banho ou escovar os dentes. Perda ou ganho de peso Esse sintoma costuma variar de pessoa para pessoa. Algumas apresentam perda de peso, enquanto outras apresentam ganho de peso. Segundo o DSM-5, para que este sintoma seja considerado relevante no diagnóstico, é necessário que exista uma alteração de pelo menos 5% do peso corporal dentro de um período igual ou inferior a 1 mês, sem que o paciente esteja praticando uma dieta. As alterações de peso podem acontecer por aumento ou diminuição do apetite. Ou seja: o paciente sente mais fome e come mais, ou sente menos fome e não se alimenta corretamente. Alterações no sono É muito comum que pessoas depressivas apresentem alterações de sono que, assim como as alterações de peso, variam de paciente para paciente. Enquanto alguns não conseguem dormir, isto é, apresentam insônia terminal (quando a pessoa pega no sono, mas acorda de madrugada e não consegue mais dormir), outros dormem por um período longo de tempo, um sintoma conhecido como hipersonia. Essas alterações do sono são muito prejudiciais para a saúde e podem agravar o quadro dos sintomas depressivos, pois o sono é extremamente importante na regulação de diversas funções do nosso organismo, bem como na manutenção do humor. Não à toa muita gente acorda rabugenta depois de despertar cedo tendo dormido tarde no dia anterior. O ciclo do sono completo, de 6 a 8 horas — mas que pode variar de pessoa para pessoa —, ajuda na regulação da insulina, previne os riscos de osteoporose, melhora o humor e a memória, além de ajudar a prevenir os sintomas de depressão. Mas isso vale para dormir dentro dos padrões, ou seja, nem mais nem menos. Ambos, o excesso e a falta, podem trazer consequências ruins para o organismo. Agitação ou retardo psicomotor Segundo o DSM-5, nos casos graves de depressão, é comum que o paciente apresente agitação psicomotora ou retardo psicomotor quase todos os dias. No caso do retardo psicomotor, o paciente aparenta estar abatido e pouco responsivo ou tem respostas mais lentas a estímulos externos. O pensamento e fala parecem ficar mais lentos e é comum que o paciente fique sentado ou deitado por longos períodos de tempo, mesmo sem fazer nada. Já no caso da agitação, é o contrário, ele fica enérgico, mas não num sentido positivo, pois parece estressado, ansioso e apreensivo. É comum andar de um lado para o outro por conta do nervosismo, roer unhas, ter dificuldade de se manter parado ou de encontrar uma posição confortável. Em casos extremos, a agitação psicomotora acontece quando o paciente apresenta uma série de movimentos involuntários e sem propósito. Já no retardo psicomotor, o paciente, muitas vezes, por mais que queira, tem dificuldade na realização de movimentos simples, como levantar os braços ou fechar as mãos. Esse excesso e diminuição de movimentos são resultados de tensão mental e ansiedade causados pela depressão. Esses sintomas podem trazer consequências mais sérias, como rasgar ou mastigar a pele em torno das unhas ou de um lápis (no caso da agitação psicomotora), além de poder deixar o paciente prostrado na cama (no caso do retardo psicomotor). Sintomas psicológicos da depressão Os sintomas psicológicos são aqueles que afetam mais o estado emocional do paciente. Entenda: Humor deprimido Segundo o DSM-5, este sintoma acontece quando o paciente apresenta “humor depressivo na maior parte do dia, quase todos os dias”. No início, pode ser que o paciente negue estar sentindo tristeza, porém, após algum tempo, é possível notar a presença desse sentimento através das atitudes da pessoa. Contudo, a característica essencial é que esse humor deprimido, aliado ao desinteresse, se estendam por um período superior ao de duas semanas. Esse humor mais deprimido pode ter ou não uma causa específica, como a perda de um familiar ou o fim de um relacionamento. Em crianças e adolescentes, o humor deprimido pode se apresentar como irritabilidade em vez de tristeza e, como dito anteriormente, o paciente deve apresentar pelo menos mais quatro sintomas aliados a este. Nesses casos, é comum que o paciente manifeste o sintoma através de um semblante triste, olhos caídos e sem brilho e uma postura curvada. Além disso, crises de choro, pessimismo, falta de autocuidado e diminuição da autoestima são frequentes. Pode ser que esse humor depressivo se apresente aliado a altos graus de ansiedade, que podem aparecer com outros sintomas como tremores e suor excessivo. O paciente normalmente costuma se queixar de sentir um vazio. O mundo fica cinza, em preto e branco e nada mais parece ser interessante, o que nos leva ao segundo sintoma da lista. Apatia ou desinteresse É muito comum que os pacientes depressivos comecem a perder o interesse em atividades cotidianas e até mesmo em coisas que costumavam gostar. Como muitos relatos costumam mostrar, é como se o pai deixasse de ver o brilho no olhar dos filhos. O DSM-5 caracteriza esse sintoma como a “diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias”. Nada mais tem graça para o paciente com depressão. Um dia ensolarado não tem mais o mesmo apelo e é tedioso. Nesses casos, ficar na cama parece mais interessante do que ter de se levantar e curtir um dia de sol no parque. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva Quando os sintomas da depressão aparecem, é comum que o paciente acabe tendo pensamentos “viciados”. Pensamentos autoindulgentes e autodepreciativos aparecem com constância e fora do controle do indivíduo. Com isso, é comum que as pessoas se queixem de serem inúteis e sintam remorso e culpa por conta disso. Em casos mais graves, tais pensamentos podem até mesmo ser delirantes, ou seja, não representam a realidade. Pode ser que um artista extremamente talentoso, por exemplo, deixe de ver o valor que ele e sua arte têm, ou que uma mãe ou pai se sintam inúteis, mesmo desempenhando a maternidade e paternidade da melhor forma que podem. Diminuição da concentração Pacientes depressivos apresentam uma dificuldade de concentração, seja com falta ou excesso de sono. Segundo o DSM-5, esse sintoma se caracteriza por “capacidade diminuída de pensar ou se concentrar, ou indecisão”. Tal qual os outros sintomas, esse deve ser recorrente e se apresentar quase todos os dias e pode ser facilmente observado pelo próprio paciente ou pelos outros ao seu redor. A pessoa com depressão tem dificuldade para escolher um sabor de pizza, por exemplo, mesmo tendo aquele que é seu favorito. Esse sintoma pode muito se confundir com a apatia e o desinteresse e, de fato, os dois estão, de certa forma, relacionados. Pensamentos recorrentes de morte Por pensamentos de morte não nos referimos somente às ideações suicidas ou o medo de morrer. Na verdade, o paciente depressivo pensa na própria morte de diversas formas, sendo elas acidentais ou não. Uma hora passa na mente do paciente ser atingido por um raio, ou atropelado por um ônibus. Em outro momento, pode ter ideação suicida, mesmo que não haja um plano específico para cometer o ato. O fato é que os pensamentos de morte aliados ao humor deprimido e à falta de interesse são os sinais mais característicos de um transtorno depressivo. Ao sinal de qualquer comportamento como estes, um médico deve ser consultado imediatamente. Depressão na gravidez A depressão atinge mais ou menos 10% a 20% das mulheres grávidas e, em alguns destes casos, pode ser necessário o uso de medicação. Não existe nenhum antidepressivo que seja completamente seguro para o bebê, mas, em casos graves, é fundamental que a mãe e o médico avaliem o risco-benefício do tratamento. Os sintomas da depressão na gravidez são os mesmos da depressão normal e é por isso que não devem ser ignorados. Ao não se alimentar corretamente, por exemplo, a gestante pode afetar a saúde do feto. Por outro lado, alterações do sono podem afetar a gravidez, isso sem falar nos pensamentos recorrentes de morte, que podem ocasionar uma tragédia. Depressão pós-parto Depois do parto ocorrem uma série de mudanças drásticas na produção de hormônios. Isso pode ter como resultado a depressão pós-parto, em que a mulher é inundada por sentimentos de melancolia intensos, aliados à irritabilidade excessiva, choro frequente, sentimentos de desamparo, diminuição da energia, do interesse sexual e outros. Tratam-se, novamente, de sintomas muito semelhantes aos da depressão normal. Vale lembrar que não há nada de errado com a depressão pós-parto. Na verdade, ela é até relativamente comum. Segundo um estudo da Fundação Oswaldo Cruz, aproximadamente 1 em cada 4 mulheres sofrem com os sintomas da depressão pós-parto. Entretanto, com o tratamento adequado, essas mães podem voltar a ter o ânimo e o humor normais e até mesmos necessários para esse momento da vida. Ou seja, o quadro pode ser passageiro. Depressão maior ou distimia: qual a diferença? É importante fazer uma distinção entre a depressão maior e a distimia. Apesar de muito parecidas, as duas coisas são diferentes. A depressão maior, ou Transtorno de Depressão Maior (TDM), se diferencia da distimia, também conhecida como Transtorno Depressivo Persistente, na duração dos sintomas. Eles são os mesmos nos dois casos, com a diferença de que, na distimia, os sintomas são persistentes e costumam permanecer por um período superior a 2 anos sendo que o paciente não consegue ficar mais de 2 meses sem apresentar nenhum sintoma. Além disso, na distimia, nem sempre a pessoa aparenta estar triste, ou seja, os estados depressivos e “normais” se alternam. Por essa razão, a distimia é considerada uma forma de depressão leve ou moderada crônica, enquanto a depressão maior é considerada aguda, ou seja, apresenta os sintomas com maior intensidade. É por isso que a depressão maior é considerada mais grave que a distimia. Na depressão maior, as ideações e o risco de suicídio são geralmente maiores. Os sintomas da depressão são variados e, normalmente, é preciso que pelo menos 5 deles se apresentem em conjunto para que o médico faça um diagnóstico correto da doença, já que outras doenças, como hipotireoidismo, por exemplo, podem causar sintomas semelhantes. Se você apresenta esses sintomas, não hesite em buscar um psiquiatra e evite ao máximo se automedicar. Compartilhe este texto para que mais pessoas saibam dos sintomas da doença e possam se prevenir!