Andre Tonin Ferrari - TEDE2 da UNIVERSIDADE METODISTA

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
ESCOLA DE GESTÃO E DIREITO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ADMINISTRAÇÃO
ANDRE TONIN FERRARI
DESVALORIZAÇÃO POR ATRASO: UM ESTUDO SOBRE O
COMPORTAMENTO IMPULSIVO E PROCRASTINADOR NA
TOMADA DE DECISÃO FINANCEIRA
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2016
DESVALORIZAÇÃO POR ATRASO: ESTUDO SOBRE O
COMPORTAMENTO IMPULSIVO E PROCRASTINADOR NA
TOMADA DE DECISÃO FINANCEIRA
ANDRE TONIN FERRARI
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação
em
Administração
da
Universidade
Metodista de São Paulo como requisito parcial para
obtenção do título de mestre em administração.
Área de
Concentração:
Gestão
Econômico
Financeira de Organizações.
Orientador: Prof. Dr. Alexandre Cappellozza
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2016
FICHA CATALOGRÁFICA
F412d Ferrari, André Tonin
Desvalorização por atraso: estudo sobre o comportamento impulsivo e
procrastinador na tomada de decisão financeira / André Tonin Ferrari. 2016.
105 p.
Dissertação (Mestrado em Administração) --Escola de Gestão e Direito da
Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2016.
Orientação: Alexandre Cappellozza
1. Desvalorização por atraso 2. Impulsividade 3. Procrastinação 4. Tomada
de decisão 5. Administração financeira I. Título.
CDD 658
A Dissertação de mestrado intitulada “DESVALORIZAÇÃO POR ATRASO:
UM
ESTUDO
SOBRE
O
COMPORTAMENTO
IMPULSIVO
E
PROCRASTINADOR NA TOMADA DE DECISÃO FINANCEIRA.”, elaborado
por ANDRÉ TONIN FERRARI, foi apresentada e aprovada em 22 de junho de
2016, perante a banca examinadora composta pelo Prof. Dr. Alexandre
Cappellozza
(Presidente/UMESP),
Prof.
Dr.
Elmo
Tambosi
Filho
(Titular/UMESP) e Prof. Dr. Joelson Oliveira Sampaio (Titular/FECAP).
__________________________________________
Prof. Dr. Alexandre Cappellozza
Orientador e Presidente da Banca Examinadora
__________________________________________
Prof. Dr. Almir Martins Vieira
Coordenador de Programa de Pós - Graduação
Programa: Pós-Graduação em Administração da Universidade Metodista de São Paulo
Área de Concentração: Gestão de Organizações
Linha de Pesquisa: Gestão Econômico- Financeira de Organizações
Dedico este trabalho a meu grande amor
Angela, sua presença me fortalece.
As minhas filhas Vitória e Beatriz pela pureza e amor
incondicional.
E aos meus pais, Conceição e Antonio José
pela educação e ensinamentos de que a humildade
é a ponte para a felicidade.
E aos meus sogros, Regina e Donald,
por demonstrar que a generosidade é um dos
maiores sentimentos do ser humano.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço ao Criador por ter me dado a vida e força para
persistir, que assim como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre
ramos muitos leves, sentem-nos ceder, mas cantam, pois eles sabem que
possuem asas.
Agradeço a todos os professores do Programa de Pós Graduação em
Administração Stricto Sensu da Universidade Metodista que foram essenciais
durante o processo de aprendizagem.
Ao professor Dr Alexandre Cappelloza que ao longo do processo, foi
líder, educador e incentivador, mostrando que a educação e o trabalho árduo é
um seguro para a vida e um passaporte para a eternidade.
Ao Prof Dr Elmo Tambosi Filho, pelos seus ensinamentos e por
desmitificar a área financeira, e nos ensinar que a verdadeira humildade se
estabelece nas ações que expressam a identidade de quem se mantem em
benefício do aprender e ao Prof Dr Joelson Oliveira Sampaio, que contribuiu de
forma significativa para o desenvolvimento deste trabalho, sempre disponível e
demonstrando que o segredo do sucesso é a constância de propósitos.
Aos meus pais Conceição e Antonio José, cujo ensinamentos sobre
integridade, perseverança e humildade levarei eternamente comigo. Apesar da
distância vocês sempre me visitam no coração e pensamento.
A minha esposa Angela, que sempre me apoiou e nos momentos de
dificuldade fez com que enxergasse que há luz no fim do túnel. As coisas que
realizamos, nunca serão tão belas quanto a que sonhamos. Mas as vezes, nos
acontecem coisas tão belas que nunca pensamos em sonhá-las. Para mim
aconteceu você.
As minhas princesas Vitória e Beatriz, sua presença me traz força, e
tenho a infinita certeza que não existe maior e mais verdadeiro que o amor de
vocês.
Mateus e Bruna, meus irmãos, amigos, vocês sempre estão comigo em
meus pensamentos.
RESUMO
Estudos tem sido realizados sobre a desvalorização por atraso que buscam
demonstrar a existência de fatores que influenciam a tomada de decisão
financeira considerando um cenário aversivo. Alguns destes fatores como o
comportamento impulsivo e o comportamento procrastinador, podem ser
fundamentais para que o indivíduo aceite ou não desvalorizar determinado
valor. Este estudo analisou os comportamentos impulsivo e procrastinador que
podem influenciar na tomada de decisão financeira. Através de uma
abordagem de investigação quantitativa, os dados foram coletados por meio de
um instrumento de pesquisa com obtenção da resposta de 410 questionários.
Os resultados obtidos por esta pesquisa confirmam a influência da
procrastinação no processo de tomada da decisão financeira individual.
Conclui-se que o comportamento procrastinador afeta a tomada de decisão,
conduzindo o indivíduo a não desvalorizar o atraso. Porém constatou-se que o
comportamento
impulsivo
não
ficou
evidenciado
neste
estudo
como
componente que possa impactar na decisão financeira do indivíduo em
cenários aversivos.
Palavras-chaves – Desvalorização por Atraso, Impulsividade, Procrastinação,
Tomada de Decisão Financeira.
ABSTRACT
Studies have been conducted on the delay discouting, which seek to
demonstrate the existence of factors that influence financial decision making
considering an aversive scenario. Some of these factors with impulsive
behavior and the procrastinator behavior, can be critical for the individual to
accept or not to devalue certain value. This study analyzed the impulsive
behavior and procrastinator that may influence financial decision making.
Through a quantitative research approach, data were collected through a
survey tool to obtain 410 questionnaires response. The results of this research
confirm the influence of procrastination in making the individual financial
decision. It concludes that the procrastinator behavior affects decision making,
leading the individual to not devalue the delay. But it was found that impulsive
behavior was not observed in this study as a component that can impact the
financial decision of the individual aversive scenarios.
Keywords – Delay Discounting , Impulsivity , Procrastination , Financial
Decision Making .
LISTA DE QUADROS
Sumário
Quadro 1 – Estudos realizados sobre Procrastinação .................................... 25
Quadro 2 – Fatores que definem a procrastinação ativa ................................ 31
Quadro 3 – Questões Demográficas .............................................................. 37
Quadro 4 – Tipos de Impulsividade Escala BIS11 .......................................... 38
Quadro 5 – Estudos de Impulsividade com a escala BIS 11 .......................... 39
Quadro 6 – Construto Impulsividade Atencional ............................................. 40
Quadro 7 – Construto Falta de Planejamento ................................................ 41
Quadro 8 – Construto Impulsividade Motora .................................................. 41
Quadro 9 – Itens do Construto Preferência por Pressão ................................ 42
Quadro 10 – Itens do Construto Satisfação com o Resultado ........................ 43
Quadro 11 – Itens do Construto Habilidade em Cumprir Prazos .................... 43
Quadro 12 – Itens do Construto Decisão Intencional ..................................... 44
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
Sumário
Tabela 1 – Pontuação da Escala BIS 11 – Classificação do Grau de
Impulsividade ................................................................................................... 40
Tabela 2 – Ofertas do Experimento ................................................................. 44
Tabela 3 – Desvalorização por Atraso – Situação de Escolha......................... 45
Tabela 4 - Teste de Normalidade aplicados aos respondentes ....................... 48
Tabela 5 - Teste de comparação entre grupos ................................................ 49
Tabela 6 – Teste de oferta experimental e oferta real ..................................... 51
Tabela 7 – Dados descritivos da idade dos respondentes ............................... 52
Tabela 8 – Teste Qui Quadrado – Pagantes Mensalidade .............................. 56
Tabela 9 – Teste qui quadrado – Responsabilidade pela decisão financeira .. 57
Tabela 10 – Frequência média de respostas por construto ............................. 60
Tabela 11 – Frequência de respostas dos itens da escala .............................. 60
Tabela 12 – Comparativo entre desconto (oferta) e retorno de investimento .. 71
Tabela 13 – Resultado Regressão Logística – Prazo um mês ........................ 73
Tabela 14 – Resultado Regressão Logística – Prazo dois meses ................... 74
Tabela 15 – Resultado Regressão Logística – Prazo seis meses .................. 75
Tabela 16 – Resultado Regressão Logística – Prazo doze meses ................. 76
Tabela 17– Resultado Regressão Logística – Prazo trinta e seis meses ....... 77
Tabela 18– Síntese dos Testes de Hipóteses.................................................. 78
LISTA DE FIGURAS
Sumário
Figura 1 – Modelo Conceitual de Pesquisa ..................................................... 35
Figura 2 – Gênero dos respondentes .............................................................. 49
Figura 3 – Histograma da idade dos participantes .......................................... 52
Figura 4 – Situação profissional dos respondentes ......................................... 53
Figura 5 – Tempo de Empresa ........................................................................ 54
Figura 6 – Renda do Respondente.................................................................. 54
Figura 7 – Pagantes Mensalidade ................................................................... 55
Figura 8 – Responsabilidade pela decisão financeira ..................................... 57
Figura 9 – Percentual de respondentes que aceitaram o desconto – 1 Mês ... 65
Figura 10 – Percentual de respondentes que aceitaram o desconto – 6 Meses
......................................................................................................................... 67
Figura 11 - Percentual de respondentes que aceitaram o desconto – 12 Meses
......................................................................................................................... 68
Figura 12 - Percentual de respondentes que aceitaram o desconto – 36 Meses
......................................................................................................................... 69
Figura 13 - Comparativo entre períodos valor da oferta – R$100,00
......................................................................................................................... 70
Figura 14 - Comparativo entre períodos valor da oferta – R$125,00
......................................................................................................................... 70
SUMÁRIOário
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 8
1.2 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO .................................................................. 9
1.3 OBJETIVO DA PESQUISA ..................................................................... 10
1.3.1 Objetivo Geral ...................................................................................... 10
1.3.2 Objetivos Específicos ........................................................................... 10
1.4. ESTRUTURAÇÃO DO ESTUDO ........................................................... 11
2. REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................... 11
2.1 TOMADA DE DECISÃO .......................................................................... 11
2.2 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS ........................................................ 12
2.2.1. Efeito Framing ..................................................................................... 16
2.3 DESVALORIZAÇÃO POR ATRASO ....................................................... 17
2.4 IMPULSIVIDADE .................................................................................... 21
2.5 PROCRASTINAÇÃO............................................................................... 25
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.................................................... 35
3.1 INFORMAÇÃO DA AMOSTRA ............................................................... 36
3.2 INSTRUMENTOS DE MEDIDA ............................................................... 36
3.2.1 Dados Demográficos ............................................................................ 37
3.2.2 Escala de Impulsividade BIS 11 ........................................................... 38
3.2.3 Escala de Procrastinação..................................................................... 42
3.2.4 Questões de Desvalorização por Atraso .............................................. 44
3.2.5 Operacionalização do Experimento ..................................................... 45
3.3. Coleta de Dados ................................................................................... 47
3.4 TÉCNICAS ESTATÍSTICAS .................................................................... 47
3.4.1. Regressão Logística ............................................................................ 47
3.4.2. Teste do Qui Quadrado x² ................................................................... 47
3.4.3. Teste de Mann Whitney....................................................................... 48
4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................ 49
4.1. Teste de Normalidade .......................................................................... 49
4.2. Teste de Comparação entre Grupos ................................................... 50
4.3. Teste de Comparação Experimento e Cenário Real ........................... 51
4.4. Descrição Dados Demográficos .......................................................... 51
4.5. Análise Descritiva das Variáveis das Escala ........................................ 59
4.6. Resultado das decisões das ofertas por período ................................. 66
4.7. Resultado das decisões das ofertas entre períodos ............................. 70
4.8. Análise das Hipóteses .......................................................................... 73
5. CONCLUSÕES ........................................................................................... 80
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 84
APÊNDICE ....................................................................................................... 95
8
1. INTRODUÇÃO
Decidir é o processo de escolha de uma opção dentre outras alternativas
e pode ser considerada como recorrente a quase todo momento. Tal processo
envolvem situações cotidianas como decidir qual roupa vestir, ou decisões de
outra magnitude como, por exemplo, investir ou não em educação, ou realizar
investimentos em outras possibilidades.
A tomada de decisão é algo frequente no âmbito empresarial e gestores
que não possuem habilidades e conhecimento suficiente podem se
comprometer tomando decisões inadequadas em cenários complexos e
comprometer os resultados empresariais. Além disto, sabe-se que há uma
tendência nos indivíduos em procurar atalhos mentais durante o processo
decisório (KAHNEMAN & TVERSKY, 1979).
Desta forma diferentes aspectos podem influenciar a tomada de decisão
individual levando o indivíduo racional a tomar decisões carregadas por um
viés cognitivo, ou seja, em uma situação racional o processo decisório do
indivíduo ocorre de forma diferente de uma situação em que os atalhos mentais
são ativados, tendo suas decisões influenciadas por emoções (KAHNEMAN &
TVERSKY, 1979).
Por outro lado, a impulsividade também pode afetar a decisão,
considerando que a impulsividade trata-se de uma tendência a resposta de
forma rápida e sem reflexão. A impulsividade tem sido relacionada com
consequências negativas como inadimplência, arrependimento pós compra e
comprometimento da autoestima. A compra por impulso pode adquirir
proporções excessivas e levar o indivíduo a adquirir dívidas financeiras ou a
enfrentar distúrbios psicológicos (DITTMAR, 1996).
No entanto indivíduos tendem a apresentar um comportamento
procrastinador, pois acabam prorrogando suas decisões, desta forma perdendo
oportunidades que possam ser vantajosas ao indivíduo (HAMASAKI &
KERBAUY, 2001).
9
Outro aspecto que pode influenciar as decisões se refere ao
comportamento procrastinador que pode ser percebido durante a vida
estudantil. Onde estudos demonstram que aproximadamente 80% dos
estudantes procrastinam, e destes, 50% apresentam prejuízos significativos
durante sua vida acadêmica por conta deste comportamento (DRYDEN &
SABELUS, 2012; ENUMO & KERBAUY, 1999).
Os adultos por sua vez procrastinam em tarefas rotineiras como, por
exemplo, marcar exames médicos (HAMASAKI & KERBAUY, 2001), e
pesquisadores apontam aumento desse comportamento na população em
geral, indicando que a procrastinação afeta cronicamente 15 a 20% da
população de indivíduos adultos (HARRIOT & FERRARI,1996; KACHGAL,
HANSEN & NUTLER, 2001).
No contexto empresarial, profissionais que procrastinam tendem a
apresentar resultados abaixo do esperado, gerando inclusive desconforto junto
aos liderados, pois deixam o cumprimento das atividades para a última hora,
correndo o risco de não entregar o trabalho. No entanto a procrastinação tem
sido pouco explorada pelas pesquisas em comportamento organizacional
apesar de seus impactos negativos na produtividade empresarial (WEYMANN,
1988).
A partir desta possibilidade de investigação científica, este estudo
analisou possíveis efeitos da procrastinação e da impulsividade na tomada de
decisões monetárias.
1.2 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
No ambiente corporativo, os gestores estão sujeitos a tomarem decisões
frequentemente, abrangendo os diversos níveis empresariais. Decisões
tomadas de forma incorreta podem levar a perda de receitas financeiras e
produtividade, e também gerando insatisfações junto aos liderados.
Profissionais que tomam decisões de forma impulsiva tendem a
comprometer
os
resultados
empresarias.
Problemas
originados
da
10
impulsividade também podem ser presenciado em consumidores que
apresentam comportamento impulsivo. A compra por impulso gera vários tipos
de consequências negativas, pois no momento em que o consumidor avaliar a
realização destes gastos, gera-se emoções negativas, sendo a culpa ou
irritação pela aquisição de produtos ou serviços, entre outras consequências
(COSTA & LARAN, 2003).
Além disto a procrastinação pode levar o profissional a altos níveis de
estresse por conta da ansiedade sobre a entrega de seus resultados. Além de
levar o indivíduo ao sofrimento físico e emocional, é possível que haja impacto
nos relacionamentos empresariais e pessoais (KERBAUY,1997).
Sabe-se que indivíduos que procrastinam geralmente tomam decisões
que poderiam trazer melhor resultado se fossem decididas anteriormente.
Neste sentido, o ato de procrastinar, pode afetar o desempenho do indivíduo no
trabalho e levando-o a tomar decisões que podem acarretar em prejuízos ou na
perda de oportunidades.
1.3 OBJETIVO DA PESQUISA
1.3.1 Objetivo Geral
Analisar influências de aspectos individuais a decisões financeiras
apresentadas em condições distintas de prazo e valor.
1.3.2 Objetivos Específicos
1. Analisar o impacto da impulsividade sobre o processo decisório;
2. Analisar o impacto da procrastinação sobre o processo decisório;
3. Comparar e discutir os resultados de experimento vinculado a diferentes
cenários decisórios especificados em valor e prazos distintos com os
resultados de um cenário decisório real.
11
1.4 ESTRUTURAÇÃO DO ESTUDO
O presente trabalho apresenta-se organizado em capítulos com as
informações importantes para o entendimento do assunto, além da introdução,
justificativa, objetivos e contribuições previstas com o estudo contidas nessa
primeira parte, o projeto de pesquisa apresenta mais cinco capítulos.
No capítulo dois é apresentando o referencial teórico, onde são tratados
temas como: tomada de decisão; finanças comportamentais; desvalorização
por atraso; impulsividade e procrastinação. No capítulo três trataremos dos
procedimentos metodológicos, no capítulo quatro são apresentados e
discutidos os resultados e no capítulo cinco são apresentadas as conclusões
da pesquisa.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 TOMADA DE DECISÃO
A tomada de decisão consiste em um processo individual de ponderar e
prever consequências positivas e negativas de determinadas alternativas
(REIMANN & BECHARA, 2010).
Configura-se como uma situação em que é necessário optar entre uma
série de alternativas, especialmente em situações nos quais há certo grau de
incerteza a respeito dos resultados dessa escolha. Dado relevante papel das
decisões na vida cotidiana, o processo por meio da qual elas são realizadas,
tornou um dos principais objetos de estudo em áreas como matemática,
economia, filosofia e psicologia (REIMANN & BECHARA, 2010).
No contexto das teorias cognitivas que começaram a se consolidar de
maneira sistemática na década de 1970, a interpretação de processos de
tomada de decisão, eram feitas a partir de teorias normativas, derivadas de
estudos oriundos da matemática e economia. Estas teorias, tal como a da
12
utilidade esperada (Von Neumann e Morgenstern, 1947) afirmavam que o ser
humano era perfeitamente racional, em situações de incerteza, agiria de acordo
com estimativas matemáticas dos ganhos relacionados a cada alternativa
disponível.
Contudo, Simon (1957) chamou a atenção para o fato de que a escolha
racional pode ser impactada, pois, faltam aos indivíduos informações
completas. Tal processo segundo autor, ocorrendo apenas de forma limitada.
Portanto a ideia central do Conceito de Racionalidade Limitada é que o
indivíduo possui intenção de agir racionalmente, porém em função de suas
limitações cognitivas e computacionais, não conseguem escolher a melhor
alternativa, mas opta por uma suficientemente aceitável (FERNANDES, 2000).
Segundo Macedo Junior (2003), a psicologia cognitiva considera a
decisão como um processo interativo, onde fatores não triviais apresentam
influência, como percepções, convicções e modelos mentais do próprio decisor
e acabavam por interferir na ação ou decisão escolhida. Além disso, motivos
intrínsecos como emoções, estados da mente, tendências e atitudes
psicológicas podem influenciar nas decisões, inclusive financeiras.
2.2 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS
Nos inicios dos anos de 1950, a psicologia julgava os homens como
seres perfeitamente racionais e seus comportamentos eram explicados pela
relação estímulo resposta (SKINNER, 1957). Nem todo o comportamento
poderia ser explicado pela relação estímulo e resposta, considerando que, os
seres
humanos
preferem
abreviar
situações
que
são
consideradas
desagradáveis, assim postergando ao máximo a tarefa de ter que tomar
decisões. (TOLMAN, 1932).
De acordo com o modelo clássico de escolha racional que envolvam
processos de tomada de decisão, espera-se que indivíduos, quando
submetidos a uma determinada escolha dentro de um universo com várias
alternativas, opte por aquela que lhe proporcione a maior satisfação possível,
13
ou a combinação que se traduza no melhor resultado (GILOVICH; GRIFFIN,
2002).
Da mesma forma, ainda considerando este modelo, que enfatiza o
processo racional de tomada de decisão, “os consumidores maximizam
satisfação ou utilidade derivada do consumo de um bem, ou seja, os agentes
agem racionalmente” (VASCONCELLOS, 2001).
A Teoria da Utilidade Esperada é baseada na tomada de decisão por
meio de um processo ancorado estritamente em aspectos racionais. Esta teoria
fundamenta-se “sobre as preferências reais das pessoas ou entidades quanto
aos resultados oriundos de sua decisão, desta forma, abrigando a explicação
do comportamento dos agentes de decisão” (BEKMAN; COSTA, 1995).
Considerando esta teoria, os tomadores de decisão associam valores de
uma quantidade abstrata, chamada de utilidade, aos fatores ou valores
monetários envolvidos no processo. Na década de 70, os psicólogos Daniel
Kahneman e Amos Tversky (1979) testaram os princípios da Teoria da
Utilidade Esperada, aplicando um questionário a estudantes que envolviam
decisões arriscadas. Os resultados da pesquisa evidenciaram padrões de
comportamento divergentes da Teoria da Utilidade Esperada, demonstrando
que a tomada de decisão era influenciada por diversos fatores de natureza
emocional, social e física e não somente dominada pela razão.
As finanças comportamentais representam uma nova perspectiva, que
busca incorporar aspectos psicológicos dos indivíduos durante o processo de
avaliação e tomada de decisão. Apresenta um aspecto multidisciplinar,
envolvendo modelos financeiros tradicionais, métodos quantitativos, economia
e psicologia (KIMURA, 2003).
Os trabalhos de Kahneman, Slovic e Tverski (1979, 1994) comprovam uma
aproximação entre as disciplinas de sociologia e psicologia, convergindo desta
forma
com
a
área
denominada
psicologia
econômica.
A
Economia
Comportamental estuda impactos de políticas macroeconômicas na população
apoiada pela psicologia, sociologia, antropologia, história e biologia e as
Finanças Comportamentais que estuda o comportamento do mercado com
14
base em teorias econômicas tradicionais, economia comportamental e
psicologia econômica (FERREIRA, 2007).
Carneiro (2006), afirma que as finanças comportamentais são o estudo da
ação humana com suas fragilidades e falhas dentro do mercado financeiro.
Tais fragilidades, apontam para um processo de tomada de decisão enviesado,
demonstrando que boa parte dos investidores tomam decisões parcialmente
racionais.
O surgimento das finanças comportamentais no meio acadêmico remete
ao final da década de 70, com a publicação dos trabalhos de Kahneman e
Tversky (1979), sobre o comportamento e o processo de tomada de decisão do
ser humano em situações aversivas. Sobre o paradigma da Teoria Moderna de
Finanças,
os
tomadores
de
decisão
são
considerados
racionais
e
maximizadores de utilidades. A psicologia cognitiva sugere que o processo
humano de decisão está sujeito a diversas ilusões cognitivas, podendo ser
classificadas de duas formas: ilusões derivadas de processos de decisão
heurísticos, chamados também de atalhos mentais, e ilusões causadas pela
adoção de crenças ou práticas que levam os indivíduos a cometerem erros. Os
processos heurísticos referem-se a modelos criados pelo homem para tomar
decisões complexas, por exemplo, em ambientes econômicos de incertezas,
onde
todas
as
informações
relevantes
são
coletadas
e
avaliadas
objetivamente, ao invés disto, os tomadores de decisão usam “atalhos mentais”
no sentido de facilitar o processo de decisão (KAHNEMAN E TVERSKY, 1979).
Para Shleifer (2000), as finanças comportamentais apresentam-se como
uma alternativa para avaliar o movimento do mercado financeiro. Portanto é de
se esperar a existência de anomalias no processo decisório, que são
chamados de atalhos mentais, ou heurística definidos por Kahneman e Tversky
(1979), desta forma os seres humanos simplificam o processo de decisão na
tentativa de tornarem a tarefa mais simples e rápida, fazendo uso de atalhos
mentais.
Kahneman e Tversky (1979) apresentam três heurísticas, que significam
atalhos mentais, e que, são caminhos utilizados pelo cérebro no intuito de
15
facilitar a tomada de decisão. As heurísticas são: a representatividade,
disponibilidade e ancoragem.
A representatividade ocorre quando os indivíduos tentam prever de
forma intuitiva um determinado fato baseado modelo existentes e préconcebidos. A heurística da disponibilidade, está ligada a determinação da
probabilidade através da facilidade de lembrar acontecimentos parecidos. E por
fim a heurística de ancoragem que ocorre quando as pessoas tentam prever
probabilidades baseadas em uma informação inicial ou ponto de vista
(KAHNEMAN E TVERSKY, 1979).
Souza et.al (2011), afirma que a finalidade das heurísticas é identificar e
compreender as ilusões cognitivas que fazem com que pessoas cometam erros
de avaliação na hora de tomarem decisões. Desta forma, o indivíduo nem
sempre apresenta um comportamento racional, estando sujeito aos vieses
cognitivos. Portanto as finanças comportamentais surgem no cenário
econômico como um modelo de estudos sobre o comportamento humano e a
irracionalidade do homem, no que diz respeito a tomada de decisão (HALFELD
& TORRES, 2001).
Desta forma a psicologia cognitiva complementou os princípios das
finanças modernas que apresentavam como pressuposto a racionalidade do
investidor na tomada de decisão, que em determinadas situações é necessário
aceitar a hipótese de que os agentes econômicos não ajam de maneira
plenamente racional (THALER,1993).
Para Thaler e Barberis (2003), desvios no comportamento racional são
intrínsecos a natureza humana e devem ser incorporados a análise econômica
como uma extensão dos modelos tradicionais.
No entanto os modelos comportamentais precisam especificar a forma
da irracionalidade dos agentes. A psicologia neste aspecto desempenha um
papel importante, ao fornecer o embasamento teórico que explica os vieses
cognitivos que influenciam as preferências, comportamento e decisões das
pessoas (SHEFRIN, 2000).
16
Segundo Possas (2009), o ser humano apresenta dois métodos, ou
maneira, de pensar que acabam influenciando o comportamento, isto de forma
intuitiva, ou automática, no qual agimos na maioria das vezes, em que
adotamos processos automáticos sem ter a necessidade de um pensamento
que exija maior complexidade de ação. Porém também, considera-se o
pensamento reflexivo, em que se adotam os processos controlados, exigindose maior complexidade na execução, por exemplo, aprender um novo idioma.
Nossa concepção tradicional de tomada de decisão considera apenas
um dos quadrantes de nosso cérebro, ou seja, pensamos de forma cognitiva e
agimos de acordo com os processos controlados, porém o campo de estudo
das finanças comportamentais critica justamente este ponto, pois nosso
cérebro também é composto pela parte afetiva, na qual as emoções exercem
grande influência nos pensamentos e tomadas de decisão (POSSAS, 2009).
Portanto os vieses provenientes das heurísticas de decisão, afetam a
relação que possa existir entre a tomada de decisão do indivíduo de acordo
com a forma em que determinado assunto é exposto a ele. A postura do ser
humano muda de acordo com as alterações na forma de apresentação dos
problemas, e que dessa forma os indivíduos procuram simplicar o problema
para a tomada de decisão. A este conceito é dado o nome de efeito framing
(KAHNEMAN E TVERSKY, 1979).
2.2.1 Efeito Framing
Como forma de simplificação dos processos de decisão, os indivíduos
geralmente não consideram boa parte das características de cada uma das
opções de escolha e centralizam sua análise sobre os componentes que
distinguem as opções de escolha. Neste contexto, por exemplo, dois problemas
são apresentados de formas idênticas, porém a forma como a descrição das
alternativas é apresentada, faz com que o indivíduo mude sua escolha
(BAZERMAN & MOORE, 2009).
17
As pessoas utilizam-se de estratégias baseadas em suas crenças, para
o processo decisório, característica da racionalidade limitada. Portanto o
processo de tomada de decisão não é restritamente racional, principalmente
quando o tempo disponível é limitado. Adiciona-se ainda o fato de que os
indivíduos utilizam informações baseadas em suas preferências, que podem
mudar dependendo do caminho em que o problema de decisão é apresentado
as pessoas, e como buscam caminhos mais simples, denominadas heurísticas,
para a tomada de decisão (TVERSKY & KAHNEMAN, 1986).
O Efeito Framing é a possibilidade de se influenciar a decisão de um
indivíduo apresentando as informações de forma verídica, sem distorções,
porém com alterações sutis na apresentação e estruturação das informações
de um mesmo problema (MAYER & AVILA, 2010).
Desta forma o Efeito
Framing, estabelece a noção de que o ser humano responde de forma
diferente a um mesmo problema decisório a partir de alterações na forma de
apresentação do problema (CARVALHO JUNIOR, ROCHA & BRUNI, 2010).
O desenvolvimento da Teoria do Prospecto foi embasada por uma série
de estudos que forneceram evidências de que era possível a reversão de uma
preferência entre alternativas de uma decisão em função da forma como o
problema era apresentado. Os pesquisadores denominaram esse fenômeno
criando a expressão chamada Efeito Framing (KAHNEMAN & TVERSKY,
1979).
Além do efeito framing estudado pelas finanças comportamentais, outro
fenômeno pode afetar a tomada de decisão, chamado de desvalorização por
atraso.
2.3 DESVALORIZAÇÃO PELO ATRASO
Desvalorização pelo Atraso ou Delay discounting, representa um
comportamento no qual as pessoas aceitam receber valores de forma imediata
na medida em que o prazo para este recebimento se torna distante, ou seja,
pode ser definido como a depreciação do valor de uma recompensa
18
relacionada com o tempo com que o indivíduo leva para aceitar a recompensa.
Assim considerando a definição de Desvalorização pelo Atraso, indivíduos que
tendem a recusar o recebimento de recompensas mais adiante, apresentam
um comportamento imediatista, mesmo que esperar para receber esta
recompensa mais a frente seja mais vantajosa (MAR & ROBBINS, 2007).
Outras definições apresentam a Desvalorização por Atraso, como a
tendência a preferir recompensas menores de forma imediata a valores
maiores, mais vantajosos, no qual o indivíduo aceita receber mais tarde (MAR
& ROBBINS, 2007).
A Desvalorização pelo Atraso apresenta várias suposições, que de
acordo com a racionalidade, os indivíduos, planejam seus atos, mensurando as
consequências futuras, e que há um enfraquecimento dos efeitos das
consequências, em caso da desvalorização por atraso ocorrer, ou seja, o
indivíduo
aceita
de
forma
imediata
o
recebimento
da
recompensa
(CRITCHFIELD & KOLLINS, 2001).
Portanto, uma pessoa pode escolher em receber de forma instantânea
um valor, acreditando em que sua riqueza aumentará ao longo do tempo, e que
tomadas em um momento mais cedo proporcione maior utilidade do que
tomadas de decisão em um momento mais tarde (FREDERICK,2003).
A arbitragem intertemporal também evidencia que as pessoas preferem
receber o valor de forma antecipada e na medida em que investem este valor
poderão obter ganhos maiores no futuro, ao invés de aguardar para receber um
valor maior descontado considerando o tempo entre receber agora ou mais a
frente (Frederick,2003). No entanto, participantes que tomaram decisões sobre
gastos e aplicações em poupança em determinadas economias, demonstraram
que a taxa de juros da economia simulada afeta diretamente os participantes,
no momento em que a desvalorização pelo atraso é aplicada (KAWASHIMA,
2006).
Mischel, Grusec e Master (1969) descrevem quatro experimentos que
procuravam avaliar o efeito do atraso sobre estímulos apetitivos e aversivos,
em que a amostra estudada, composta por crianças e estudantes
19
universitários, foram expostos a estímulos apetitivos, sendo a obtenção de
créditos acadêmicos e aversivos sendo o recebimento de um choque, com
atrasos variando entre um dia a três semanas.
Os resultados deste experimento demonstram que 80% da amostra
indicou a preferência pelo choque imediato, considerando o estímulo aversivo
durante a aplicação do experimento, o que implicaria que eventos aversivos
imediatos seriam considerados menos aversivos do que se fossem atrasados,
contrariando o efeito de procrastinação (MISCHEL & COLS, 1969).
Mischel (1969) afirma que o tempo de espera, ou seja, o atraso por um
estímulo aversivo, favorece a escolha do estímulo aversivo de forma imediata e
de menor magnitude. No entanto, Yates e Watts (1975) realizaram um
experimento em que a situação de escolha, envolvia o atraso de estímulos
aversivos, foram aplicados choques elétricos, mas também o atraso de
estímulos apetitivos. Desta maneira ao escolher o choque imediato, os
participantes tinham a oportunidade também de receber imediatamente o
estímulo apetitivo, no caso, créditos acadêmicos. Assim, a escolha final era
entre receber um pequeno choque e os créditos imediatamente ou receber um
choque maior e os créditos com um atraso maior (YATES & WATTS, 1975).
Yates e Watts (1975), com o objetivo de eliminar o suposto efeito do
estímulo apetitivo sobre a escolha utilizaram um procedimento em que os
participantes foram divididos em dois grupos recebendo instruções diferentes.
Os indivíduos do grupo experimental receberam antecipadamente uma quantia
específica (US$3,00), e teriam que escolher entre a opção de devolução
imediata US$1,00 ou a devolução de US$2,00 com atraso.
Os resultados indicaram que a maioria dos participantes do grupo
preferiu as alternativas imediatas, tal como no estudo de Mischel (1969) e
(Yates & Watts, 1975). No grupo experimental a preferência dos participantes
mostrou-se dividida: metade deles mostrou preferência pelas alternativas
imediatas, e a outra metade preferiu as alternativas atrasadas. Os dados deste
experimento indicam que em situações envolvendo estímulos aversivos e
atraso pode haver preferência pelo estímulo atrasado de maior magnitude, ao
contrário do sugerido por Mischel.
20
Thaler (1981), afim de investigar o efeito de diferentes atrasos e de
diferentes magnitudes sobre a taxa de desvalorização de estímulos apetitivos e
aversivos realizou também um experimento com universitários. Nesse
experimento o autor comparou situações em que os participantes deveriam
relatar que quantia de dinheiro recebida ou paga após um determinado período
de tempo seria equivalente a uma quantia fixa a ser recebida ou paga
imediatamente.
O
resultado
este
experimento
apontou
para
uma
Desvalorização pelo Atraso tanto na situação apetitiva quanto na situação
aversiva. No entanto, a desvalorização na situação aversiva se mostrou muito
menor do que na situação apetitiva, identificando o fenômeno que mais tarde
ficou conhecimento assimetria ganho-perda, (LOEWESTEIN & PRELEC, 1992;
THALER, 1981).
Tal
conclusão
é
importante
para
resultados
dos
outros
dois
experimentos descritos acima, uma vez que a taxa de desvalorização é muito
menor na situação aversiva, o uso de atrasos pequenos pode não resultar em
uma desvalorização importante (THALER,1981).
Nos experimentos propostos por Loewenstein (1988) envolvendo a
Desvalorização por Atraso, as escolhas também são feitas a partir de um ponto
de referência, no entanto a situação de Desvalorização pelo Atraso o ponto de
referência não é dado pela probabilidade de ganho ou perda, mas pelas
mudanças temporais provocadas pelas instruções.
O nível observado que os indivíduos desvalorizam consequências
atrasadas sugeriria o comportamento impulsivo como componente que pode
afetar a tomada de decisão financeira (AISNLIE, 1975; LOGUE, 1988;
RACHLIN & GREEN, 1972; RICHARDS, ZHANG, MITCHELLl & WIT, 1999).
21
2.4 IMPULSIVIDADE
Impulso é considerado uma necessidade forte, e as vezes irresistível, com a
inclinação de agir sem deliberação ou planejamento (McCown & DeSimone,
1993), sendo gerado a partir da exposição de um certo estímulo (WOLMAN,
1989).
A impulsividade pode ser conceituada como “uma tendência a responder
rapidamente a um dado estímulo, sem deliberação ou avaliação das
consequências” ou como escolhas comportamentais que não teriam sido feitas
caso elas fossem consideradas em termos de suas consequências de longo
prazo (ROOK & FISCHER, 1995).
Na Universidade de Harvard foi realizado um estudo sobre impulsividade na
década de 60, baseando-se nos conceitos de Skinner e aplicada na teoria
econômica social (LOGUE, 2002). No entanto, as pessoas apresentam
tendência a considerar o valor de um resultado pela quantidade de tempo que
levam para obter o referido resultado, sendo que impulsividade desconsidera o
valor futuro, desta forma preferindo o resultado presente. O valor da
consequência, seja ela desejável ou não tipicamente diminui com o passar do
tempo. Ao mesmo tempo, a recompensa, ou punição, que está disponível
imediatamente tem impacto maior no desempenho que aquele que é atrasada
(GREEN & MYERSON, 1995).
De acordo com Moeller, Barrant, Doughert, Schimitz e Swann (2001) a
impulsividade pode ser definida como a propensão a reações rápidas e não
planejadas a partir de estímulos externos ou internos, sem que sejam levadas
em consideração as consequências negativas que podem decorrer das ações
para o indivíduo ou outras pessoas. Barrat (1959), definiu a impulsividade como
um traço de personalidade, complexo, relacionado a tendência em realizar
ações motoras rápidas, de forma não planejada, com frequência, ineficientes e
incorretas.
Contudo Buss e Plomin (1975) apontaram quatro fatores para o
comportamento impulsivo, sendo o principal deles o controle inibitório. Os
22
demais considerados são: considerar as consequências das ações antes da
tomada de decisão; a habilidade para persistir nas atividades a despeito de
outros fatores, chamado de “busca de sensações” e por fim a inclinação ao
tédio, com a necessidade de busca por novos estímulos, fator denominado
como “persistência”.
A impulsividade está relacionada a um padrão comportamental no qual, o
indivíduo, manifesta suas respostas, cognitivas e motoras, rápidas porem sem
uma reflexão adequada, condicionando a um maior número de erros devido ao
baixo foco atencional e perceptivo na tarefa. Desta forma os indivíduos
impulsivos tendem a demonstrar falta de previsão das consequências de seus
atos (MOLLER, 2011).
Normalmente a maioria dos indivíduos apresentam certo grau de
impulsividade, que pode ser considerada um traço de personalidade,
englobando algumas características como criatividade, espontaneidade,
rapidez de resposta, e desorganização (TAVARES,2009).
Para tanto a análise do comportamento utiliza medidas de desconto para
descrever comportamentos de autocontrole e impulsividade (RACHLIN &
COLS, 1991).
Mitchell (1999), realizou um estudo com objetivo de estimar se fumantes de
cigarro eram mais impulsivos que os não fumantes, por meio da aplicação de
questionários de personalidade e uma tarefa de escolha.
Os resultados desta pesquisa realizada por Mitchell demonstraram que os
grupos de fumantes regulares, foi significantemente mais impulsivo que os não
fumantes em 19 das 28 escalas de personalidade. Já considerando a tarefa de
escolha, a taxa de desconto é substancialmente mais alta para os fumantes
regulares quando a recompensa era atrasada. Considerando as outras duas
tarefas a taxa de desconto foi similar para os dois grupos.
No entanto o conceito de tomada de decisão foi desenvolvido pela
Psicologia Comportamental envolvendo o chamado continuum autocontrole
impulsividade. Desta forma há pessoas que apresentam um maior número de
23
comportamentos impulsivos, e pessoas que apresentam um maior número de
comportamentos de autocontrole (GONÇALVES, 2005).
Autocontrole está relacionado ao controle que o indivíduo exerce sobre
parte de seu comportamento quando uma resposta tem consequências que
apresentam conflitos, ou seja, quanto esta leva a reforçar o comportamento
como punição.
De acordo com Skinner (2000), autocontrole seria qualquer comportamento
que tornasse a resposta punida menos provável, alterando as variáveis das
quais é função. A impulsividade, desta forma caracteriza-se pela ausência ou
diminuição de autocontrole, tornado a resposta punitiva mais provável.
Considerando a tomada de decisão, indivíduos autocontrolados apresentam
maior probabilidade na escolha de alternativa atrasada, ou seja, quanto maior o
tempo de escolha a que o indivíduo é exposto, maior a chance de escolher esta
opção. Considerando também a possibilidade de receber um valor maior em
detrimento de uma alternativa imediata de menor valor, em uma situação
apetitiva.
Por sua vez um indivíduo impulsivo na mesma situação, tenderia a escolher
a alternativa imediata, mesmo de menor valor, em detrimento da alternativa
atrasada de maior valor.
Em uma situação aversiva, um indivíduo autocontrolado apresentaria maior
probabilidade em escolher alternativa imediata de menor magnitude em
detrimento de uma alternativa aversiva atrasada de maior magnitude. O
indivíduo impulsivo tenderia a procrastinar, apresentando maior probabilidade
na escolha da alternativa aversiva atrasada de maior magnitude, em detrimento
da alternativa aversiva imediata de menor magnitude (AINSLIE, 1974).
Além disso, a definição de autocontrole foi baseada na perspectiva
cognitivista, como a proposição voluntária de gratificação imediata para
obtenção de uma recompensa mais valiosa, embora mais atrasada (Mischel et
al.,1989).
24
A desvalorização pelo atraso pode ser considerada uma definição
operacional de impulsividade, que representa a perda do valor que uma
recompensa sofre com o aumento o atraso para sua obtenção (YOON et al.,
2007).
A impulsividade é a preferência pelos resultados a curto prazo ao invés de
recompensas futuras, mesmo estas recompensas podendo ser mais valiosas,
no entanto, na procrastinação, a recompensa a longo prazo está associada a
execução de uma ação pouco atrativa, portanto, assim como acontece no
comportamento
impulsivo,
o
indivíduo
escolhe
uma
atividade
menos
importante, porém mais prazerosa a curto prazo (VAN EERDE, 2000).
Portanto, entende-se que a desvalorização por atraso pode estar
relacionada a impulsividade, e elabora-se a seguinte hipótese:
Hipótese (H1) – a impulsividade influencia positivamente a desvalorização
por atraso.
Segundo Barrat (1959), a impulsividade pode se desdobrar na
impulsividade motora a ação em que o indivíduo age sem premeditação, a
impulsividade atencional que está relacionada a tomada de decisão rápida e a
impulsividade por falta de planejamento que engloba comportamentos
orientados para o presente. Desta forma formulam-se as seguintes hipóteses:
Hipótese (H1a) – A impulsividade atencional influencia positivamente a
desvalorização por atraso.
Hipótese (H1b) – A impulsividade motora influencia positivamente a
desvalorização por atraso.
Hipótese (H1c) – A impulsividade por falta de planejamento influencia
negativamente a desvalorização por atraso.
No entanto, comportamentos com baixo grau de impulsividade podem levar
o indivíduo a apresentar um comportamento de adiamento de tarefas que são
importantes e que pode podem impactar na tomada de decisão (FERRARI &
EMMONS, 1994).
25
2.5 PROCRASTINAÇÃO
A procrastinação é definida como um comportamento de se adiar tarefas,
de se transferir atividades para “outro dia” que não o atual; deixar de fazer algo
ou, ainda, interromper o que deveria ser concluído dentro de um prazo
determinado (KERBAUY, 1997).
Procrastinar também se refere a atrasar uma tarefa importante que tem um
reforçador atrasado, em benefício de alguma coisa mais rápida e fácil que traga
menor ansiedade. (BOICE, 1996).
Significa atrasar ações vitais até que o desempenho e os resultados sejam
maiores do que os as atividades realizadas no tempo adequado. A
procrastinação é temporária ou permanente, podendo também ser definida
como uma função ao nível comportamental, adiamento do planejado, ao nível
cognitivo, no qual há um adiamento da tomada de decisão (DEWITTE & LENS,
2000).
A procrastinação é uma tendência comportamental, que traz consequências
negativas para o indivíduo. Sendo o sintoma mais típico o fraco desempenho,
pois
devido
ao
comportamento
de
iniciarem
tudo
mais
tarde,
os
procrastinadores acabam não tendo tempo suficiente para realizar a tarefa,
considerando suas capacidades (FERRARI, JOHNSON & MCCOWN, 1995).
Segue no quadro 1 alguns estudos relevantes sobre procrastinação.
Quadro 1 - Estudos realizados sobre Procrastinação
ASSUNTOS
ESTUDOS
REFERÊNCIAS
Referente aos trabalhos ou obrigações
Hábito de
Estudo
acadêmicas que não concluídas dentro do
(GREEN,
prazo, por exemplo, deixar de estudar para
1982).
avaliações. Nesta categoria, procura-se
manipular tempo e técnicas para estudar.
Hábito de
Estudo
Investigação sobre a frequência da
(SOLOMON &
procrastinação acadêmica em estudantes.
ROTHBLUM,
26
1984).
Aplicado a estudantes de psicologia, analisando
Hábito de
Estudo
Hábito de
Estudo
(BESWICK,
três explicações psicológicas para a
ROTHBLUM E
procrastinação.
MANN, 1988).
Investigação se alunos motivados intrinsicamente
em aprender tendem a procrastinar menos do que
alunos externamente motivados.
(ORPEN,
1998).
Realização de um experimento para testar se a
Hábito de
Estudo
adição de recursos para aumentar a motivação
reflete positivamente no desempenho e
aprendizado dos estudantes de um curso a
(TUCKMAN,
2007).
distância.
Na qual se procura estudar como a procrastinação
impacta na tomada de decisão importantes na vida
Pesquisas
Clínicas
do indivíduo como por exemplo, trabalho,
casamento, família, etc... Nestas categorias as
variáveis levadas em consideração são medo do
(ELLIS E
KNAUS, 1975).
fracasso, baixa estima, dificuldade em lidar com
tarefas não prazerosas.
Desenvolvido que inclui nos aspectos pessoais dos
Pesquisas
Clínicas
procrastinadores fatores relacionados a auto
eficácia, autoestima e auto regulação.
Vida
Cotidiana
(KLASSEN;
KUZUKU,
2009).
Estudo sobre o efeito do controle familiar sobre a
(FERRARI &
indecisão dos estudantes.
OLIVETTE,
1993).
Pesquisas
Clínicas
Vida
Cotidiana
Sobre procrastinação e gênero sobre os efeitos do
(STEWART &
álcool, associado ao desvio de comportamento.
GETZ, 2007).
Procrastinação da vida cotidiana na qual se
(MILGRAM,
procura trata de questões que envolvem
SCOLOFF e
pontualidade de determinação de prioridades.
ROSEMBAUM,
1988).
Fonte: Elaborado pelo autor
27
A ansiedade da avaliação, dificuldades na tomada de decisão, falta de
controle, o medo das consequências do sucesso, a aversão a tarefas e os
padrões excessivamente perfeccionistas são apontadas como algumas das
razões para o comportamento procrastinador (SOLOMON & ROTHBLUM,
1984).
Desta forma, existem dois tipos de procrastinadores, os passivos e ativos.
Os procrastinadores passivos são aqueles no sentido tradicional. Em termos
cognitivos os procrastinadores passivos não apresentam a intenção de
procrastinar, mais o fazem por conta de sua incapacidade de tomar decisões
de forma rápida. Já os procrastinadores ativos, são capazes de agirem sobre
suas decisões em tempo útil, no entanto acabam suspendem suas ações de
forma deliberada, focando sua atenção em outras tarefas de maior relevância
(CHU & CHOI, 2005).
Existe uma diferença entre os procrastinadores ativos, considerando as
dimensões cognitivas, afetivas e comportamentais. Considerando a questão
afetiva, quando um prazo se aproxima, os procrastinadores tendem a sentir a
pressão tornando-se pessimistas, principalmente sobre sua capacidade em
alcançar resultados satisfatórios (FERRARI, PARKER & WARE, 1992). Por sua
vez os procrastinadores passivos são propensos a desistir e não terminar as
tarefas.
A procrastinação ativa trata-se de um fenômeno que inclui componentes
cognitivos, como a decisão de adiar, afetivos que preferem a pressão do tempo
e comportamentais, que concluem uma tarefa dentro do prazo (CHU E CHOI,
2005).
Se o indivíduo considerar que há a possibilidade de ser punido pelo seu
comportamento procrastinador e não acontecer (Van Eerde, 2000), ou até
mesmo se este comportamento procrastinador for recompensado por bons
resultados no trabalho ou provas, torna-se evidente que o sucesso obtido após
deixar a realização de uma tarefa para a última hora, reforça a crença de que a
procrastinação pode se tornar uma estratégia praticável, sugerindo a existência
de uma ligação entre o comportamento e suas consequências (TUCKMAN E
SCHOUWENBURG, 2004).
28
A procrastinação envolve uma escolha voluntária de um comportamento ou
tarefa sobre outras opções, desta maneira não se pode atrasar de forma
irracional todas as tarefas, mas pode-se simplesmente favorecer algumas em
detrimento de outras. A menos que o indivíduo procrastine de forma aleatória, a
natureza da própria tarefa pode ter algum efeito sobre as decisões (STEEL,
2007).
Tanto o castigo como as recompensas são incentivos ao comportamento.
Desta maneira, a procrastinação deveria ocorrer com maior frequência nos
indivíduos que foram recompensados pelo seu comportamento, e que optaram
por atividades mais reforçadoras, ou que não foram punidos de forma suficiente
por procrastinarem (SKINNER,1975).
O tempo é considerado como componente central do conceito, é proposto
que procrastinar não implica somente em evitar tarefas, mas estaria também
relacionado a habilidade do indivíduo em estimar o tempo necessário para
cumprimento com sucesso de uma tarefa (SILVER, 1974).
Neste sentido, a procrastinação seria considerada um resultado da
análise do custo benefício das escolhas comportamentais. Um estudo realizado
em 1994 por McCows e Roberts, com 1.543 estudantes universitários, segundo
Ferrari, Johnson e McCown (1995), o trabalho confirmou que procrastinar é
uma fonte significativa de estresse pessoal, que afeta o desempenho
acadêmico, relacionando-se ao desconforto emocional e a desajustamentos.
Ellis e Knaus (1977), concluíram que a procrastinação depende da tarefa, e
que o medo de errar e a aversão a tarefa são algumas causas percebidas.
Como meio de salvar sua autoestima, esses alunos podem encontrar uma
desculpa irracional para a procrastinação, como um programa especial na
televisão ou uma festa. Hermans (1976) constatou que apenas altos níveis de
procrastinação somados ao alto receio de um fracasso foram correlacionados
fortemente. Rothblum (1990) estima que 6% a 14% dos estudantes
procrastinadores tem um elevado receio do fracasso, mais para a maioria dos
procrastinadores esse medo não é a principal motivação para o seu
comportamento.
29
Ferrari, Johnson e McCown (1995) identificaram duas categorias de
procrastinadores, aqueles que apresentam receio do fracasso e aqueles com
atividades desagradáveis. Além disso, a procrastinação foi associada a baixa
estima, maior ansiedade e depressão (BESWICK, et al., 1988).
Estudos apontam para fatores de ordem ambiental, como por exemplo,
influências parentais, normas sociais, aversão ou dificuldade na realização da
tarefa, aspectos pessoais, orientação a metas, atribuição de causalidades,
autocontrole, crenças irreais, questões envolvendo a baixa aprovação social,
dificuldades de gestão de tempo e o planejamento para estudar e disciplina
para o trabalho (FERRARI, 2004).
Beswick, Rothblum e Mann (1988), realizaram um estudo aplicado a uma
amostra de 245 indivíduos na Austrália, no qual procurou obter três explicações
de ordem psicológica para a procrastinação, sendo: indecisão, crenças
irracionais sobre autoestima e baixa autoestima. No entanto vale a pena
ressaltar que os pesquisadores não encontraram relação significativa entre a
procrastinação e as crenças irracionais, apresentando inclusive correlação
negativa e significativa entre procrastinação e a autoestima. No entanto
descobriu-se que os indivíduos que adiavam a realização ou a conclusão de
seus trabalhos acadêmicos apresentavam uma tendência a ter uma baixa
autoestima.
Day, Mensik e O’Sullivan (2000), realizaram um estudo com 242
canadenses com o objetivo de identificar os tipos de tarefas com maior índice
de procrastinação. Os resultados demonstram que as atividades mais adiadas
pelos indivíduos estudados foram a leitura acadêmica, redação de textos, a
realização de trabalhos acadêmicos e o estudo para a realização de
avaliações.
Já Tuckman (2007) realizou tal experimento para testar se a adição de
recursos com o intuito de aumentar a motivação reflete positivamente no
desempenho e aprendizado dos estudos de cursos a distância. Participaram do
experimento 98 estudantes, sendo 56 homens e 42 mulheres. O resultado
demonstra que alunos com comportamento procrastinador que foram expostos
30
ao método com recursos motivacionais apresentaram melhor desempenho do
que os estudantes expostos ao método tradicional.
Balkis e Duru (2009), realizaram um estudo com 329 mulheres e 251
homens, indicando que a tendência a procrastinar apresenta maior incidência
entre os homens. Já Iskender (2011) examinou a relação entre a
procrastinação acadêmica e os seguintes fatores: gênero, autocompaixão, e
atitudes disfuncionais. A pesquisa foi aplicada para 251 homens residentes na
Turquia. Os resultados demonstraram que não há diferenças estatisticamente
significativas quando se analisam as variáveis: procrastinação, autocompaixão
e atitudes disfuncionais. No entanto descobriu-se correlação positiva e
significativa entre autocompaixão e procrastinação acadêmica e correlação
negativa não significativa entre autocompaixão e atitudes disfuncionais.
Sampaio e Bariani (2011), também realizaram um estudo exploratório
com o objetivo de descrever o comportamento de procrastinador entre
indivíduos residentes no Brasil, além de identificar as atividades com maior
índice de procrastinação e o sentimento relatado pelos pesquisados ao
procrastinar. Os resultados revelam que 82% da amostra pesquisa apresentam
comportamento procrastinador, deste universo 53% pertenciam ao curso de
Ciências Biológicas.
Para tanto vale destacar dois posicionamentos que direcionam a
investigações sobre o tema, uma que compreende a procrastinação com um
traço de personalidade e outra com um comportamento (WOLTERS, 2003;
SCHOUWENBURG, 2004; STEEL, 2007).
Alguns elementos geradores da procrastinação foram identificados por
exemplo como aversão a tarefa, atraso a execução da tarefa, baixa auto
eficácia e impulsividade, assim como distração, autocontrole, falta de
informação e organização (AKERLOF, 1991; BOICE, 1996; ELLIS & KNAUS,
1977; FERRARI, JOHNSON & MCCOWN, 1995; HAMASAKI & KERBAUY,
2001; KNAUS, 2000; MILGRAN & ROSENBAUM, 1988. STRONGMAN &
BURT, 2000).
31
Nesse sentido são diferenciados dois tipos de procrastinadores, os
ativos e passivos. Dentro deste contexto os procrastinadores passivos são
considerados procrastinadores tradicionais, congelando suas decisões em
virtude de indecisões, deixando de executar as tarefas em tempo hábil. Por
outro
lado,
os procrastinadores
ativos apresentam
características de
comportamento desejáveis e atitudes, preferindo trabalhar sobre pressão,
tomando decisões, controlando o tempo e auto eficácia com objetivo de
executarem de forma melhor as tarefas. Nesse contexto a procrastinação não
se apresenta apenas como componente de gestão do tempo, pois também
envolve fatores que estão relacionados com fenômenos comportamentais,
afetivos e cognitivos, assim como se destaca a noção de que uma tarefa pode
ser adiada até sua data limite e mesmo assim ser bem executada, gerando
resultados positivos, despertando nos indivíduos sensações agradáveis de
capacidade de realização e auto eficácia (BUI, 2007; FEE & TANGNEY, 2000).
Em 2005 a partir de estudos realizados com estudantes universitários no
Canadá, provenientes de diferentes culturas, foram definidas quatro variáveis
que fundamentam a procrastinação: estresse, depressão, satisfação com a
vida e nível de desempenho (CHU E CHOI, 2005).
Como resultado, foi mapeada uma estrutura multifuncional, reunindo
estes quatro fatores que definem a procrastinação ativa: preferência por
pressão (PPP), decisão intencional (DI), habilidade em cumprir prazos (HCP) e
satisfação com os resultados (SCR) (CHU E CHOI, 2005).
Portanto optaram por uma estrutura tetrafatorial, conforme o quadro 2:
Quadro 2 – Fatores que definem a procrastinação ativa
Fatores de Procrastinação
Definição
Este fator considera o stresse como elemento, que
é motivado pela necessidade de lidar com desafios
Preferência por Pressão (PPP)
e por demandas externas para completar a tarefa
no tempo determinado. De acordo com Freedman e
Edwards (1988), essa pressão pode desenvolver
sentimentos de desafio. Os seguintes itens ilustram
32
a questão: “É realmente difícil para mim trabalhar
sabendo que os prazos estão próximos” e “Fico
chateado e relutante para agir quando sou forçado
a trabalhar sob pressão”.
Os indivíduos que procrastinam tendem a se
motivar, quando, sob pressão conseguem executar
as tarefas em tempo hábil, obtendo resultados
satisfatórios. Desta forma, procrastinadores ativos
decidem de forma intencional adiar suas tarefas,
Satisfação com os Resultados
postergando para o último momento a execução de
(SCR)
tarefas com o objetivo de utilizar de forma eficaz
seu tempo para obter um resultado gratificante.
Dois dos itens que representam este fator são:
“Meu desempenho tende a piorar quando tenho que
correr para cumpri prazos” e “Não me saio bem se
tenho que fazer minhas atividades às pressas”.
Procrastinadores ativos são capazes de determinar
corretamente um tempo mínimo e necessário para
a conclusão de uma tarefa, por meio da utilização
Habilidade em cumprir prazos
(HCP)
de estratégia de enfrentamento sob estresse para
atingir seu objetivo com sucesso. Os fatores que
descrevem esta questão são: “Quando começo
alguma atividade, tenho dificuldade em termina-la”
e com “Com frequência não consigo cumprir metas
que estabeleço para mim mesmo”.
Procrastinadores
tendem
a
alternar
de
uma
atividade para a outra sem se preocupar com o
planejamento ou organização do tempo. Estão
Decisão intencional (DI)
dispostos a adiar tarefas que planejam executar,
alterando sua programação mesmo a curto prazo.
Os fatores que permitem representar este fator são:
“Adio de propósito minhas atividades para usar meu
tempo
mais
eficientemente”
e
“Adio
33
intencionalmente o meu trabalho para aumentar
minha motivação”.
Fonte: Adaptado de CHU e CHOI (2005).
Os estudos sobre procrastinação refletem a condição passiva,
evidenciando características que são consideradas frequentes entre os
brasileiros, tais como adiar tarefas e decisões (ENUMO E KERBAUY,1999).
Portanto
refere-se
a
aspectos
psicológicos
inatos,
sendo
o
comportamento de adiamento de tarefas, decisões ou atitudes comuns as
pessoas do mundo todo. O hábito de atrasar/adiar e comum a jovens, adultos,
homens
e
mulheres,
independentemente
da
sua
condição
social
(DOMINGUEZ, 1999).
Considera-se a procrastinação um problema frequente (Ferrari, Johnson
&
McCown,
1995).
Cerca
de
25%
das
pessoas
adultas,
relatam
comportamentos procrastinatórios em tarefas consideradas rotineiras como
pagar contas, impostos, marcar exames médicos (SCHOUWEMBURG, 2004).
Para cerca de 25% das pessoas adultas não estudantes, o ato de
procrastinar parece ser um problema significativo e, em 40% dos casos,
originou perdas financeiras no ano precedente a investigação (McCown &
Johnson, 1989). Estima-se ainda que seja um fenômeno comum a cerca de
70% dos estudantes universitários e tarefas relacionadas com a vida
acadêmica (FERRARI, O’CALLAGHAN & NEWBEGIN, 2005).
Pesquisas mostram que os procrastinadores crônicos em geral
apresentam
características
comportamentais:
como
baixa
estima,
alto
perfeccionismo, ansiedade elevada, baixa tolerância a frustração, alta
necessidade por autonomia e uma perspectiva temporal inadequada (Aitken,
1982; Burkas & Yuen, 1983), utilizado posteriormente como desculpa para
possíveis críticas. Por exemplo, os procrastinadores muitas vezes evitam usar
informações relevantes para completar facilmente a tarefa (FERRARI & TICE,
2000).
34
No entanto estudos realizados por Chu e Choi (2005), apontam para os
chamados procrastinadores ativos, que procrastinam suas decisões de forma
consciente, utilizando o fato de deixarem a realização de tarefas para a última
hora como fator motivador, podendo afetar a tomada de decisão. Portanto,
formula-se a seguinte hipótese:
Hipótese
(H2)
–
A
procrastinação
ativa
afeta
negativamente
a
desvalorização por atraso.
A procrastinação ativa também pode levar o indivíduo a perder
oportunidades devido a tomada de decisão encima da hora. Podem ser
definidos como quatro os fatores que definem a procrastinação ativa, sendo a
preferência por pressão, satisfação com os resultados, habilidade em cumprir
prazos e decisão intencional (CHOI & MORAN, 2009).
Desta forma formulam-se as seguintes hipóteses:
Hipótese
(H2a)
–
A opção
por
pressão
afeta
negativamente
a
desvalorização por atraso.
Hipótese (H2b) – A satisfação com o resultado afeta negativamente a
desvalorização por atraso.
Hipótese (H2c) – A habilidade em cumprir prazos afeta negativamente a
desvalorização por atraso.
Hipótese
(H2d)
–
A
decisão
desvalorização por atraso.
intencional
afeta
negativamente
a
35
Na figura 1 temos o modelo conceitual da pesquisa.
Figura 1. Modelo Conceitual de Pesquisa
IMPULSIVIDADE
PROCRASTINAÇÃO
Fonte: Elaborado pelo autor
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo é de corte transversal, pois os dados serão coletados em
um só ponto no tempo e sintetizados (HAIR et., al 1999).
O estudo utilizou técnicas quantitativas para análises dos resultados que
buscam identificar os indivíduos que apresentam comportamento impulsivo e
procrastinador e que afetam a tomada de decisão financeira e procura
generalizar os resultados da amostra para a população-alvo (MALHOTRA,
2001).
36
O estudo se trata de uma pesquisa exploratória, onde o objetivo é
evidenciar variáveis importantes para o estudo do tema e para levantar
possibilidades de futuras pesquisas. Malhotra (2001, pg. 105) afirma que a
pesquisa exploratória serve para “definir o problema com maior precisão,
identificar cursos relevantes de ação ou obter dados adicionais, antes que se
possa desenvolver uma abordagem do problema”.
3.1 INFORMAÇÕES DA AMOSTRA
A população ou universo é um conjunto de elementos que possuem as
caraterísticas que serão objeto de estudo (VERGARA, 1998). A população do
presente estudo é constituída por alunos do curso de administração com
duração de oito semestres abordando duas Instituições de Ensino Superior de
Caráter Privado, localizadas na cidade de São Paulo.
Para este estudo foi utilizada uma amostra de 410 respondentes, sendo
350 respondentes pertencentes a Universidade A e 60 respondentes
pertencentes a Universidade B de ambos os sexos, acima de 18 anos, em
situação de adimplência e que sejam responsáveis por lidar com decisões
financeiras no seu cotidiano.
Os dados quantitativos foram analisados por meio do SPSS – Statistical
Package for the Social Sciences na versão 24.
3.2 INSTRUMENTOS DE MEDIDA
Como instrumento de coleta de dados, foi utilizado um questionário
estruturado contendo perguntas fechadas, em ordem pré-estabelecida. Com a
aplicação de uma survey com o objetivo de identificar se os fatores
impulsividade e procrastinação afetam a desvalorização por atraso em um
processo decisório.
37
O experimento foi realizado com estudantes de duas Instituições de
Ensino Superior de caráter privado, localizada na cidade de São Paulo, onde
foram aplicados cinco cenários de ofertas monetárias para que o respondente
faça a opção entre aceitar o pagamento de um determinado valor de forma
imediata ou aceitar um valor maior em um prazo maior. O resultado do
experimento foi comparado com a decisão real de oferta de desconto aplicado
sobre a matrícula dos estudantes das cinco unidades que compõem a
Instituição de Ensino Superior, considerando apenas os respondentes da
Universidade A denominada neste estudo.
Foi aplicado um questionário auto preenchível, de forma presencial aos
participantes envolvendo cincos Unidades da Instituição de Ensino Superior
pertencentes a Universidade A e mais uma unidade pertencente a
Universidade B, objeto deste estudo, todas localizadas na Zona Sul da Cidade
de São Paulo.
O questionário é composto por uma parte introdutória explicando o
objetivo da pesquisa, a garantia de sigilo e o uso dos resultados apenas como
base dados para uma investigação científica, caso o participante autorize. Foi
apresentado o nome da Instituição, o nome do autor da pesquisa e os seus
contatos. O questionário completo consta no apêndice desta dissertação.
3.2.1 Dados Demográficos
Foram incluídas questões para coleta dos dados demográficos conforme
o quadro 3:
Quadro 3 – Questões Demográficas
1. Gênero
2. Idade
3. Renda – apresentado valores múltiplos do salário mínimo
4. Número de Matrícula
38
5. Você é quem paga sua faculdade?
6. Você trabalha atualmente?
7. Caso trabalhe atualmente, há quanto tempo atua na mesma empresa?
8. E você quem toma as decisões financeiras na sua residência?
Fonte: Elaborado pelo Autor
3.2.2 Escala de Impulsividade BIS 11
Para medir o grau de impulsividade do indivíduo parte da amostra, foi
utilizada a Escala Barrat de Impulsividade BIS 11 (Barrat, 1995), composta por
três construtos distintos denominados abaixo:
Quadro 4 - Tipos de Impulsividade Escala BIS11
Dimensões
Definição do Construto
Está relacionada a não inibição de respostas
Motora
incoerentes com o contexto, ou seja, agir
sem premeditação.
Atencional
Relacionada a tomada de decisão rápida.
Falta de Planejamento
Engloba comportamentos orientados para o
presente.
Fonte: BARRAT, ES. Factor analysis of some psychometric measures of impulsiveness
and anxiety. Psychological Reports. 1965
A Escala BIS 11 foi adaptada e validada para o Brasil, por Diemen et al.,
(2006) e traduzida e adaptada para o Brasil, por Malloy-Diniz et al., (2010),
tendo os índices de consistência interna variando entre 0,79 e 0,82, que de
acordo com Hair Jr (2009), valores superiores a 0,60, são considerados
aceitáveis.
Dentre as escalas de auto relato desenvolvidas com o objetivo de avaliar a
impulsividade, a Escala de Impulsividade de Barrat BIS-11 é um dos
39
instrumentos mais utilizados mundialmente desde seu desenvolvimento a mais
de 50 anos. (MILLER, JOSEPH & TUDWAY, 2004; STANFORD, MATHIAS,
DOUGHERTY, LAKE, ANDERSON& PATTON, 2009).
Alguns estudos ao longo dos anos foram realizados utilizando a BIS-11
conforme o Quadro 7, o que corroboram com a aceitabilidade da escala na
mensuração do grau de impulsividade:
Quadro 5 – Estudos de Impulsividade utilizando a escala BIS 11
Aplicação
Referências
Pacientes forenses
(HADEN & SHIVA, 2008)
internados.
(SOMEYA SAKADO, SEKI, KOJIMA, TANG &
Trabalhadores japoneses.
TAKAYASHI, 2001)
Adolescentes chineses.
(YANG, YAO & ZHU, 2007)
Estudantes, adultos e
pacientes psiquiátricos dos
(PATTON et al., 1995; SPINELLA, 2007)
Estados Unidos.
Indivíduos estonianos.
(PAAVER, NORDQUIST, PARIK, HARRO,
ORELAND & HARRO, 2007)
Adultos franceses.
(BAYLE et al., 2000)
Alemães saudáveis e
(PREUSS, RUJESCU, GIEGLING, WATZK,
pacientes psiquiátricos.
KOLLER & ZETZSCHE, 2007)
(FOSSATI, DI CEGLIE, ACQUARINI &
Estudantes italianos.
BARRATT, 2001; FOSSATI, BARRATT,
ACQUARINI & CEGLIE, 2002)
Adolescentes brasileiros.
(VON DIEMEN, SZOBOT, KESSLER &
PECHANSKY, 2007)
Fonte: Adaptado pelo autor
A escala BIS 11 é uma escala de autopreenchimento composta por 30 itens
relacionados às manifestações da impulsividade. O indivíduo deve analisar
40
cada um dos itens considerando seu comportamento e classificá-los de acordo
com uma escala do tipo Likert de sete pontos, sendo: 1 = discordo totalmente e
7 = concordo totalmente.
A pontuação da escala varia de 30 a 120 pontos, e altas pontuações
indicam presença de comportamentos impulsivos.
Tabela 1: Pontuação da Escala BIS11 – Classificação do Grau de
Impulsividade
Muito Controlados
<52 pontos
Limites normais de
Impulsividade
Altamente Impulsivos
Entre 52 e 71 pontos
>72 pontos
Fonte: BARRAT, ES. Factor analysis of some psychometric measures of impulsiveness
and anxiety. Psychological Reports. 1965.
Desta forma, além de uma pontuação global, considerando o somatório
obtido nos 3 construtos, a Escala BIS 11, permite o cálculo parcial, aplicando
somente um dos construtos se necessário.
Neste estudo serão utilizados os construtos Impulsividade Atencional – IA,
Falta de Planejamento– FP e Impulsividade Motora - IM compostos pelos itens
abaixo:
Quadro 6 – Construto Impulsividade Atencional
Impulsividade Atencional
IA5 – Eu não presto atenção.
IA6 – Eu tenho pensamentos que se atropelam.
IA9* - Eu me concentro facilmente.
IA11 – Eu fico me contorcendo na cadeira em peças de teatro e palestras.
IA20* – Eu mantenho a linha de raciocínio.
IA24 – Eu troco de interesses e passatempos.
IA26 - Enquanto estou pensando em uma coisa, é comum que outras ideias me
venham a cabeça ao mesmo tempo.
41
IA28 - Eu me sinto inquieto em palestras e aulas.
Fonte: MALLOY-DINIZ, Leandro Fernandes et al. (2010).
Quadro 7 – Construto Falta de Planejamento
Falta de Planejamento
FP1* – Eu planejo tarefas cuidadosamente.
FP7* – Eu planejo viagens com antecedência.
FP8* – Eu tenho autocontrole.
FP10* – Eu economizo (poupo) regularmente.
FP12* – Eu penso nas coisas com cuidado.
FP13* – Eu faço planos para me manter no emprego.
FP14 – Eu falo coisas sem pensar.
FP15* – Eu gosto de pensar em problemas complexos.
FP18 – Eu fico entediado com facilidade quando estou resolvendo problemas
mentalmente.
FP27 – Eu tenho mais interesse no presente do que no futuro.
FP29* – Eu gosto de jogos e desafios mentais.
Fonte: MALLOY-DINIZ, Leandro Fernandes et al. (2010).
Quadro 8 – Construto Impulsividade Motora
Impulsividade Motora
IM2 – Eu faço coisas sem pensar.
IM3 – Eu tomo decisões rapidamente.
IM4 – Eu sou despreocupado.
IM16 – Eu troco de emprego.
IM17 – Eu ajo por impulso.
IM19 – Eu ajo no calor do momento.
42
IM21 – Eu troco de casa.
IM22 – Eu compro coisas por impulso.
IM23 – Eu só consigo pensar em uma coisa de cada vez.
IM25 - Eu gasto ou compro a prestação mais do que ganho.
IM30* – Eu me preparo para o futuro.
Fonte: MALLOY-DINIZ, Leandro Fernandes et al. (2010).
Os itens indicados pelo sinal de asterisco recebem escore inverso para o
cálculo dos escores parciais, de acordo com o estudo original (PATTON;
STANFORD & BARRAT, 1995).
3.2.3 Escala de Procrastinação
A Escala de Procrastinação é utilizada para avaliar a procrastinação ativa.
(CHU & CHOI, 2005). Esta escala está distribuída em 4 construtos, composta
por 16 itens, utilizando uma estrutura tetrafatorial avaliando o comportamento
procrastinador. As respostas dos itens são fornecidas em uma escala tipo likert
de 7 pontos, variando entre 1 – Concordo Totalmente a 7 – Discordo
Totalmente.
Por se tratar de uma escala originalmente construída no idioma inglês, será
utilizada a versão adaptada para o português (GOUVEIA, 2014).
Para este estudo foram utilizados os quatro construtos sendo
Preferência por Pressão PPP; Satisfação com os Resultados SCR Habilidade
em cumprir prazos HCP e Decisão Intencional (DI), descritos pelos itens
abaixo:
Quadro 9 – Itens do Construto Preferência por Pressão
Preferência por Pressão
PP1* - É realmente difícil para eu trabalhar sabendo que os prazos estão próximos.
43
PP2* – Eu me sinto chateado e relutante quando sou forçado a agir sobre pressão.
PP3* – Eu me sinto tenso e não consigo me concentrar quando estou sob pressão.
PP4* – Me sinto frustrado quando tenho que correr para atingir os prazos.
Fonte: CHOI, J.N. & MORAN, S.V. (2009)
Quadro 10 – Itens do Construto Satisfação com os Resultados
Satisfação com os Resultados
SCR1* – Meu desempenho tende a diminuir quando tenho que correr para cumprir
prazos.
SCR2* – Eu não executo bem uma tarefa quando tenho que correr para finalizá-la.
SCR3* – Se eu deixo as coisas para a última hora, não me sinto satisfeito com os
resultados.
SCR4* – Eu atinjo melhores resultados se executar uma tarefa a um ritmo mais lento,
sem me preocupar com prazo.
Fonte: CHOI, J.N. & MORAN, S.V. (2009)
Quadro 11 – Itens do Construto Habilidade em cumprir prazos
Habilidade em Cumprir Prazos
HCP1* – Eu geralmente inicio tarefas na última hora e encontro dificuldades em
cumpri-las no prazo.
HCP2* – Eu geralmente fracasso em cumprir objetivos pessoais.
HCP3* – Eu geralmente me atraso para realizar as tarefas.
HCP4* – Eu tenho dificuldade em finalizar atividades uma vez que comecei.
Fonte: CHOI, J.N. & MORAN, S.V. (2009)
44
Quadro 12 – Itens do Construto Decisão Intencional
Decisão Intencional
DI1 – Para utilizar meu tempo da melhor forma, eu conscientemente prorrogo
algumas tarefas.
DI2 – Eu intencionalmente prorrogo a realização de alguns trabalhos para melhorar
minha motivação.
DI3 – Para utilizar melhor meu tempo, eu intencionalmente adio algumas tarefas.
DI4 – Eu finalizo muitos dos meus trabalhos antes dos prazos, porque eu escolho
fazer desta forma.
Fonte: CHOI, J.N. & MORAN, S.V. (2009)
3.2.4 Questões de Desvalorização por Atraso
As questões de desvalorização por atraso que fazem parte deste estudo,
foram baseadas no experimento realizado por Rachlin, Rainieri e Cross (1991).
Foi analisado o fenômeno da desvalorização por atraso por meio de
cinco cenários decisórios com diferentes prazos, sendo 1 mês, 2 meses, 6
meses, 12 meses e 36 meses, conforme a tabela 2.
Tabela 2 – Ofertas do Experimento – Desvalorização por Atraso
Cenário 1
Cenário 2
Cenário 3
Cenário 4
Cenário 5
Ofertas
Ofertas
Ofertas
Ofertas
Ofertas
Agora
Em
1
Agora
Mês
R$
497,50
R$
500,00
R$
495,00
R$
475,00
Em
2
Agora
Meses
R$
425,00
R$
500,00
Em
6
Agora
Meses
Em
12
Agora
Meses
Em
36
Meses
R$
450,00
R$
500,00
R$
425,00
R$
500,00
R$
400,00
R$
500,00
R$
500,00
R$
425,00
R$
500,00
R$
400,00
R$
500,00
R$
375,00
R$
500,00
R$
500,00
R$
400,00
R$
500,00
R$
375,00
R$
500,00
R$
350,00
R$
500,00
45
R$
450,00
R$
500,00
R$
375,00
R$
500,00
R$
350,00
R$
500,00
R$
325,00
R$
500,00
R$
425,00
R$
500,00
R$
350,00
R$
500,00
R$
325,00
R$
500,00
R$
300,00
R$
500,00
R$
400,00
R$
500,00
R$
325,00
R$
500,00
R$
300,00
R$
500,00
R$
275,00
R$
500,00
R$
375,00
R$
500,00
R$
300,00
R$
500,00
R$
275,00
R$
500,00
R$
250,00
R$
500,00
Fonte: Elaborado pelo Autor
3.2.5 Operacionalização do Experimento
Foram apresentadas a cada respondente cinco ofertas aleatórias e que
que foram extraídas por meio da combinação dos cenários apresentados na
tabela 2.
Cada cenário foi apresentado por meio de uma única questão
apresentada aos respondentes conforme abaixo, considerando um cenário
aversivo.
Você parcelou a compra de um televisor para pagamento em 6 meses. O
vendedor ofereceu duas opções para pagamento da primeira parcela
sendo:
Os participantes do experimento escolheram entre duas respostas, conforme
tabela 3.
Tabela 3 – Desvalorização por Atraso – Situação de Escolha
 pagar R$425,00 agora
 pagar R$500,00 daqui dois meses
46
Fonte: Elaborado pelo autor
Após a aplicação do experimento, os resultados foram comparados com
os resultados de ofertas de renovação de matrícula de uma Instituição de
Ensino Superior Privada localizada na cidade de São Paulo.
O processo de renovação de matrícula inicia-se com quatro meses de
antecedência ao início do próximo semestre, no qual é apresentado ao aluno
uma proposta de renovação antecipada da matrícula no valor de 15% de
desconto sobre o valor da mensalidade.
Esta promoção fica vigente até dois meses antes do término das aulas, e
o aluno pode optar em aceitar a oferta de 15% forma imediata ou decidir por
postergar a tomada de decisão.
Foi utilizada a base de dados da Instituição de Ensino Superior com as
informações dos alunos que aceitaram a oferta de forma imediata ou
postergaram a decisão. Estes dados resultantes das decisões de ofertas reais
foram cruzados com os dados obtidos por meio do experimento, com o objetivo
de comparação de possíveis diferenças nas decisões sobre as ofertas
hipotéticas e reais, cujos resultados estão apresentados nos tópicos
posteriores.
3.3 Coleta de Dados
A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de questionário
impresso in loco e abrangeu as cinco unidades da Instituição de Ensino
Superior denominada A.
Foram respondidos 350 questionários por alunos matriculados no curso
bacharelado de Administração de Empresas composto por alunos matriculados
entre o terceiro e sétimo semestre do respectivo curso. Considerou-se também
se o respondente apresentava situação financeira regular com a Instituição.
47
Os questionários foram aplicados presencialmente e acompanhados
pelo pesquisador com duração média de 15 minutos para seu preenchimento,
no qual instruções prévias referentes ao preenchimento foram fornecidas aos
respondentes.
O questionário também foi aplicado para outra Instituição de Ensino de
Superior denominada B e localizada na zona sul da cidade de São Paulo,
totalizando 60 respondentes do curso de bacharelado em Administração de
Empresas.
O período de coleta foi entre 15 de fevereiro a 25 de março de 2016.
Finalizada a coleta e tabulação dos dados, iniciou-se a tratativa da base
de dados para verificação de discrepâncias nas respostas e foram
considerados os 410 questionários como elegíveis a pesquisa.
3.4 Técnicas Estatísticas
3.4.1 Regressão Logística
Para este estudo aplicou-se a técnica estatística de regressão logística.
A regressão logística prediz a probabilidade de um evento ocorrer, adequada
para analisar os efeitos de uma variável dependente dicotômica. Além disto,
não exige a suposição da normalidade das variáveis independentes (HAIR JR,
2005).
3.4.2 Teste do Qui Quadrado (x²)
Este teste proporciona uma medida à decisão se duas variáveis de
escala nominal são estatisticamente independentes, por meio de um algoritmo
que calcula se os valores observados das frequências contidas nas tabelas dos
resultados são diferentes do valor esperados destas frequências. Caso a
48
diferenças destas frequências sejam pequenas e não significantes, pode não
existir relação entre duas variáveis, e vice-versa (REYNOLDS, 1984;
AGRESTI, 1990).
3.4.3 Teste de Mann-Whitney
Este teste é aplicado quando se dispõe de uma amostra pequena e a
variável numérica não apresenta variação normal, ou ainda quando não
homogeneidade das variâncias. O teste de Mann-Whitney é não paramétrico
aplicado a amostras independentes, e testa a igualdade das medianas, sendo
utilizado para testar se dois grupos independentes foram extraídos da mesma
população (SIEGEL & CASTELLANI JR, 2006).
4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Teste de Normalidade
Para verificar a normalidade de distribuição de dados, foi aplicado o
teste diagnóstico de normalidade Kolmogorov-Smirnov, no qual se analisa se
os dados da amostra foram extraídos de uma população com uma distribuição
peculiar de frequências, como a distribuição normal.
Tabela 4 - Teste de Normalidade aplicado aos respondentes
Construtos
Valor K-S
p-valor
Impulsividade Atencional
0,43
0,07
Falta de Planejamento
0,76
0
Impulsividade Motora
0,71
0
Pressão por Preferência
0,82
0
Satisfação com o Resultado
0,47
0,03
49
Habilidade em Cumprir Prazos
0,47
0,03
Decisão Atencional
0,5
0,02
Fonte: Elaborado pelo Autor
Após os resultados dos testes de normalidade, constata-se que as
distribuições dos dados são normais para o construto Impulsividade Atencional.
Os
demais
construtos
Falta
de
Planejamento,
Impulsividade
Motora,
Preferência por Pressão, Satisfação com os Resultados, Habilidade em
Cumprir Prazos e Decisão Intencional não apresentaram normalidade na
distribuição dos dados.
Dados os resultados obtidos do teste de normalidade KolmogorovSmironov, aplicou-se o teste de Mann-Whitney com o objetivo de verificar se
existe diferença significante entre as medianas em relações aos indicadores
dos construtos respondidos, desta forma, trata-se de um teste cujo resultado
demonstra se há a possibilidade de unificarmos as amostras de diferentes
fontes de coletas de dados.
4.2 Teste de Comparação entre Grupos de respondentes por Instituição
Na tabela seguinte apresentam-se a mediana dos escores médios dos
indicadores de cada construto, desvio padrão e a significância do teste de
Mann- Whitney para cada construto considerando os respondentes dos Grupos
Universidade A e Universidade B.
Tabela 5 - Teste de comparação entre grupos (Universidade A e Universidade B)
Variável
IA*
FP*
IM*
PP*
Universidade
N
Mediana
A
B
A
B
A
B
A
350
60
350
60
350
60
350
3,7
4,3
4,5
4,7
3,1
3,2
4
Desvio
Padrão
0,79
0,88
0,71
0,74
0,87
0,81
1,39
Teste W
p-valor
68088
0,00
71255
0,42
71405
0,54
70246
0,04
50
SCR*
HCP*
DI*
B
A
B
A
B
A
B
60
350
60
350
60
350
60
4,3
3,8
4
2,3
2,3
4
3,5
1,35
1,34
1,42
1,25
1,32
1,15
1,15
70787
0,17
71712
0,80
10682
0,51
Legenda: IA: Impulsividade Atencional; FP: Falta de Planejamento; IM: Impulsividade Motora;
PP: Preferência por Pressão; SCR: Satisfação com os Resultados; HCP: Habilidade em
Cumprir Prazos; DI: Decisão Intencional
Fonte: Elaborado pelo autor
Somente dois construtos obtiveram diferenças significantes entre as
medianas, portanto optou-se por considerar a Universidade A e Universidade B
como um único grupo para efeitos de análises posteriores dos construtos.
4.3 Teste de Comparação entre Ofertas Experimentais e Oferta Real
Com o objetivo de compararmos os resultados obtidos entre os grupos
que tomam a decisão financeira e aqueles que não tomam a decisão financeira
foi aplicado o teste de qui quadrado.
De acordo com os resultados apresentados na tabela 6, não há
diferença significante entre o resultado da questão experimental (oferta 2)
comparado com a oferta real.
Portanto os resultados obtidos no cenário experimental quanto no
cenário real, demonstram que as decisões nos cenários com valores
financeiros são semelhantes entre a oferta do experimento e a oferta real e não
podem ser consideradas como resultados significantemente distintos.
51
Tabela 6 – Teste de oferta experimental e oferta real
Valor
P-valor
Qui- quadrado de
Pearson
0,73
0,39
N de casos válidos
350
Fonte: Elaborado pelo autor
4.4 Descrição dos Dados Demográficos
O perfil da amostra, composta por 410 respondentes possui em sua
maioria mulheres, sendo 63,2 % do sexo feminino e 36,8% do sexo masculino
conforme figura 2:
36,80%
63,2%
Masculino
Feminino
Figura 2 – Gênero dos respondentes
Fonte: elaborado pelo autor
Em relação a idade dos respondentes a média encontrada foi de 27
anos com desvio padrão de 7,33. A idade do menor respondente é de 17 anos,
enquanto a maior apresentada é de 54 anos.
52
Tabela 7 – Dados descritivos da idade dos respondentes
Idade (anos)
Idade Mínima
Idade Máxima
Média
Desvio
Padrão
17
54
27,48
7,332
Fonte: Elaborado pelo autor
Pelo histograma da idade dos respondentes nota-se que há uma
concentração maior de respondentes entre as faixas dos 19 anos aos 38 anos
de idade. O histograma pode ser visualizado na figura 3.
Figura 3 – Histograma da idade dos participantes
Fonte: Elaborado pelo autor
53
A maior parte dos respondentes trabalham, sendo o equivalente a 90,7%
da amostra, seguido por 9,3% dos respondentes que estão desempregados.
Os resultados são apresentados na figura 4.
Figura 4 – Situação profissional dos respondentes
Fonte: Elaborado pelo autor
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a
taxa de desemprego no país atingiu 9,5% no primeiro trimestre de 2016 em
pesquisa divulgada em março deste ano (IBGE,2016). Este valor da taxa de
desemprego populacional número demostra que a amostra da pesquisa
apresenta situação ocupacional similar a população brasileira no que se refere
a este indicador.
Quanto ao tempo de atuação na empresa 43 % dos respondentes, estão
entre 1 e 3 anos na empresa e 20,3% estão há mais de 5 anos na empresa,
conforme resultado apresentado na figura 5.
54
Figura 5 – Tempo de Empresa
Fonte: Elaborado pelo autor
Quanto a renda do indivíduo dos 410 respondentes, 9,3% não
declararam renda por estarem desempregados. Para este estudo foi
considerado o valor do salário mínimo de R$788,00 referente ao ano base de
2015, conforme o decreto de número 8.381 de 29 de dezembro de 2014 (Diário
Oficial, 2014).
Na figura 6 são apresentados os resultados em percentual da renda dos
respondentes.
Figura 6 – Renda por Respondente
Fonte: Elaborado pelo autor
55
Do total de respondentes 40,0% apresentam renda na faixa entre 1 a 2
salários mínimos e 26,6% apresentam renda variando entre 2 a 3 salários
mínimos. A média de renda dos respondentes apresentada neste estudo é de
R$1527,95.
De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD), divulgada pelo IBGE, em fevereiro de 2016, o estado de São Paulo
apresenta a maior renda per capita do país na ordem de R$1482,00
(PNAD,2016). Portanto os respondentes apresentam renda média próxima a
renda per capita do Estado de São Paulo, desta forma permitindo a
generalização dos resultados, pois a amostra pesquisada se aproxima da
maioria da população.
Quanto ao pagamento da mensalidade 78% declararam que pagam e
22% declararam que não pagam. É importante ressaltar que antes do início da
aplicação da pesquisa, os respondentes com algum tipo de bolsa concedida
pela própria Instituição de Ensino de Superior ou Órgão Público, foram
orientados a marcarem a opção do questionário que afirma não serem os
responsáveis pelo pagamento da mensalidade.
Figura 7 – Pagantes Mensalidade
Fonte: Elaborado pelo autor
56
Foi aplicado o teste de qui quadrado com o objetivo de verificar se há
diferença significativa entre os respondentes que pagam a mensalidade da e os
que não pagam. Os resultados apresentados indicam que não há diferença
significante entre os grupos de respondentes que pagam a mensalidade sobre
aqueles que não pagam, fortalecendo a percepção de que não há diferenças
significantes entre os grupos quanto a decisão das ofertas.
Tabela 8 – Teste Qui Quadrado – Pagantes Mensalidade
Valor Qui - Quadrado
Qui – quadrado de Pearson
0,54
N de casos válidos
410
p-valor
0,46
Fonte: Elaborado pelo Autor
Foi também aplicado o teste de qui quadrado entre os grupos que
tomam decisão financeira sobre o pagamento da mensalidade e o grupo
composto por aqueles que não tomam a decisão financeira sobre este custo.
Os resultados são apresentados na figura 8.
A elevada porcentagem de respondentes que afirmaram tomar decisões
financeiras é importante para este estudo, na medida em que estamos
analisando os impactos da impulsividade e da procrastinação sobre a tomada
de decisão financeira.
57
Figura 8 – Responsabilidade pela decisão financeira
Fonte: Elaborado pelo autor
Foi realizado o teste de qui quadrado para avaliar se há diferença de
decisão entre grupos que sob o aspecto da tomada de decisão financeira do
pagamento da mensalidade. Os resultados do teste de qui quadrado aplicados
aos grupos são apresentados na tabela 9, indicando também que não há
diferença significante entre os grupos e podem ser analisados de forma
unificada nas análises.
Tabela 9 – Teste qui quadrado – Responsabilidade pela decisão financeira
Valor Qui - Quadrado
Qui – quadrado de Pearson
2,06
N de casos válidos
410
Fonte: Elaborado pelo Autor
p-valor
0,15
58
4.5 Análise Descritiva das Variáveis da Escala
Os sete construtos do estudo formaram 45 itens do instrumento de
coleta de dados. Foi realizada uma análise referente a cada construto por meio
das médias dos itens e seus respectivos desvios padrões considerando a
média mais alta e a média mais baixa. O objetivo desta análise é caracterizar
as respostas e suas variações em relação a cada item, mostrando a
homogeneidade das respostas do questionário.
O construto Impulsividade Atencional foi avaliado a partir de 8 itens com
média geral de respostas de 4,02 e desvio padrão de 1,68. O item deste
construto que teve maior média de respostas foi o IA26 “Enquanto estou
pensando em uma coisa, é comum que outras ideias me venham a cabeça ao
mesmo tempo” com média de 5,16 e desvio padrão de 1,65. O item com menor
média de resposta foi o IA5 “Eu não presto atenção “ com média de 2,9 e
desvio padrão de 1,68.
O construto Falta de Planejamento foi avaliado a partir de 11 itens com
média geral de respostas de 4,53 e desvio padrão de 1,70. O item deste
construto que teve maior média de respostas foi FP12 “ Eu penso nas coisas
com cuidado “ com média de 5,51 e desvio padrão de 1,64. O item com menor
média de respostas foi o FP13 “ Eu faço planos para me manter no emprego “
com média de 3,57 e desvio padrão de 1,90.
O construto Impulsividade Motora foi avaliado a partir de 11 itens com
média geral de respostas de 3,22 e desvio padrão de 1,83. O item deste
construto que teve maior média de respostas foi o IM30 “ Eu me preparo para o
futuro “ com média de 5,25 e desvio padrão de 1,60. O item com menor média
de respostas foi o IM21 “ Eu troco de casa “ com média de 2,36 e desvio
padrão de 1,77.
O construto Preferência por Pressão foi avaliado a partir de 4 itens com
média geral de respostas de 3,81 e desvio padrão de 1,77. O item deste
construto que teve maior média de respostas foi o PP2 “ Eu me sinto chateado
e relutante quando sou forçado a agir sob pressão “ com média de 4,14 e
59
desvio padrão de 1,81. O item com menor média de respostas foi o PP1 “ É
realmente difícil para eu trabalhar sabendo que os prazos estão próximos “ com
média de 3,34 e desvio padrão de 1,68.
O construto Satisfação com os resultados foi avaliado a partir de 4 itens
com média geral de respostas de 3,79 e desvio padrão de 1,88. O item deste
construto que apresentou maior média de respostas foi o SCR3 “ Se eu deixo
as coisas para última hora, não me sinto satisfeito com os resultados “ com
média de 4,51 e desvio padrão de 1,96. O item com menor média de respostas
foi o SCR1 “ Meu desempenho tende a diminuir quando tenho que correr para
cumprir prazos “ com média de 3,31 e desvio padrão de 1,76.
O construto Habilidade em Cumprir Prazos foi avaliado a partir de 4 itens
com média geral de respostas de 2,52 e desvio padrão de 1,66. O item deste
construto que apresentou maior média de respostas foi o HCP1 “ Eu
geralmente inicio tarefas na última hora e encontro dificuldades em cumpri-las
no prazo “ com média de 2,68 e desvio padrão de 1,71. O item com menor
média de respostas foi o HCP2 “ Eu geralmente fracasso em cumprir objetivos
pessoais “ com média de 2,40 e desvio padrão de ,158.
E por fim o último construto Decisão Intencional foi avaliado a partir de 4
itens com média geral de respostas de 3,77 e desvio padrão de 1,75. O item
deste construto que apresentou maior média de respostas foi o DI4 “ Para
utilizar meu tempo da melhor forma, eu conscientemente prorrogo algumas
tarefas “ com média de 4,69 e desvio padrão de 1,74. O item com menor média
de respostas foi o DI2 “ Eu intencionalmente prorrogo a realização de alguns
trabalhos para melhorar minha motivação “ com média de 3,41 e desvio padrão
de 1,73.
A tabela 10 reúne as médias dos itens de cada construto e apresenta as
médias gerais das frequências das respostas por construto com suas
respectivas médias e desvios padrão.
60
Tabela 10 – Frequência média de respostas por construto
Construto
Média
Desvio Padrão
Impulsividade Atencional
4,02
1,68
Falta de Planejamento
4,53
1,70
Impulsividade Motora
3,22
1,83
Preferência por Pressão
3,81
1,77
Satisfação com os resultados
3,79
1,88
Habilidade em Cumprir Prazos
2,52
1,66
Decisão Intencional
3,77
1,75
Fonte: Elaborado pelo autor
A tabela 11 apresenta os resultados em percentuais de forma detalhada
as análises descritas neste tópico, referentes aos construtos analisados neste
estudo.
Tabela 11 – Frequência de respostas dos itens da escala
Itens
1
2
3
4
5
6
7
2,4%
3,7%
11,2%
9,0%
31,2%
22,2%
20,2%
3,2%
5,9%
9,0%
9,8%
19,3%
23,2%
29,8%
2,2%
3,2%
10,5%
9,5%
29,8%
25,9%
19,0%
4,6%
8,0%
9,8%
9,5%
27,8%
21,0%
19,3%
4,4%
3,2%
4,4%
10,5%
16,8%
24,4%
36,3%
20,0%
15,10%
15,4%
10,0%
23,0%
9,0%
7,1%
Falta de Planejamento
FP1
FP7
FP8
FP10
FP12
FP13
Eu planejo tarefas
cuidadosamente
Eu planejo viagens com
antecedência
Eu tenho autocontrole
Eu economizo (poupo)
regularmente
Eu penso nas coisas com
cuidado
Eu faço planos para me
61
manter no emprego
FP14
FP15
Eu falo coisas sem
pensar
Eu gosto de pensar em
problemas complexos
2,2%
3,2%
10,5%
9,5%
29,8%
25,9%
19,0%
11,7%
9,3%
14,4%
18,3%
23,4%
15,1%
7,8%
15,9%
17,1%
17,1%
13,7%
21,%
9,5%
5,8%
16,8%
14,4%
19,8%
12,0%
17,8%
9,3%
10,0%
6,8%
5,9%
14,9%
17,1%
23,2%
19,8%
12,4%
1
2
3
4
5
6
7
29,0%
15,9%
23,9%
7,10%
16,1%
7,10%
1,0%
13,9%
15,9%
21,0%
11,5%
25,9%
6,6%
5,4%
2,9%
6,1%
17,8%
9,0%
30,0%
21,0%
13,2%
31,2%
12,7%
13,4%
12,7%
15,4%
9,5%
5,1%
1,7%
2,7%
9,8%
8,5%
36,8%
27,8%
12,7%
12,9%
11,5%
18,8%
16,6%
20,2%
14,6%
5,4%
4,9%
4,4%
9,3%
5,6%
23,9%
31,2%
20,7%
Eu fico entendiado com
FP18
facilidade quando estou
resolvendo problemas
mentalmente
Eu tenho mais interesse
FP27
no presente do que no
futuro
FP29
Eu gosto de jogos e
desafios mentais
Impulsividade Atencional
IA5
IA6
IA9
Eu presto atenção
Eu tenho pensamentos
que se atropelam
Eu me concentro
facilmente
Eu fico me contorcendo
IA11
na cadeira em peças de
teatro e palestras
IA20
IA24
Eu mantenho a linha de
raciocínio
Eu troco de interesses e
passatempos
Enquanto estou
IA26
pensando em um coisa é
comum é comum que
62
outras ideias me venham
a cabeça ao mesmo
tempo
IA28
Eu me sinto inquieto em
palestras e aulas
Impulsividade Motora
IM2
IM3
Eu faço as coisas sem
pensar
Eu tomo decisões
rapidamente
18,%
12,2%
18,5%
10,5%
21,5%
13,2%
6,1%
1
2
3
4
5
6
7
25,6%
19,5%
16,8%
8,5%
20,0%
6,3%
3,2%
6,6%
12,0%
23,2%
10,2%
12,4%
15,6%
9,0%
IM4
Eu sou despreocupado
36,8%
20,7%
15,9%
8,3%
10,0%
3,4%
4,9%
IM16
Eu troco de emprego
41,0%
17,6%
15,1%
10,0%
10,7%
4,9%
1,7%
IM17
Eu ajo por impulso
28,8%
17,6%
17,6%
9,3%
16,3%
5,9%
6,1%
30,2%
15,4%
17,8%
9,5%
15,1%
5,9%
6,1%
50,7%
14,4%
10,5%
9,0%
7,3%
4,1%
3,9%
30,2%
12,4%
16,8%
6,6%
17,6%
6,3%
10,0%
30,5%
16,8%
14,6%
10,5%
10,7%
10,0%
6,8%
38,5%
13,2%
13,4%
8,3%
10,7%
5,4%
10,5%
4,10%
3,7%
8,0%
7,6%
24,1%
29,0%
23,4%
IM19
IM21
IM22
IM23
Eu ajo no calor do
momento
Eu troco de casa
Eu compro coisas por
impulso
Eu só consigo pensar em
uma coisa de cada vez
Eu gasto e compro a
IM25
prestação mais do que
ganho
IM30
Eu me preparo para o
futuro
63
Preferência por Pressão
1
2
3
4
5
6
7
19,8%
14,1%
18,8%
19,5%
19,0%
4,9%
3,9%
11,2%
10,5%
16,1%
11,7%
25,9%
15,1%
9,5%
10,5%
16,1%
14,9%
12,7%
24,9%
11,7%
9,3%
13,2%
13,2%
19,8%
15,1%
20,5%
9,3%
9,0%
1
2
3
4
5
6
7
33,7%
20,2%
8,5%
9,3%
3,9%
4,1%
5,5%
37,3%
28,5%
12,7%
7,3%
8,0%
4,1%
2,0%
37,8%
26,1%
12,7%
8,0%
9,8%
2,0%
3,7%
35,6%
24,6%
17,1%
6,6%
8,5%
2,9%
4,4%
É realmente difícil para
PP1
eu trabalhar sabendo que
os prazos estão próximos
Eu me sinto chateado e
PP2
relutante quando sou
forçado a agir sob
pressão
Eu me sinto tenso e não
PP3
consigo me concentrar
quando estou sob
pressão
Me sinto frustrado
PP4
quando tenho que correr
para atingir os prazos
Habilidade em Cumprir
Prazos
Eu geralmente inicio
HCP1
tarefas na última hora e
encontro dificuldades
em cumpri-las no prazo
Eu geralmente fracasso
HCP2
em cumprir objetivos
pessoais
Eu geralmente me
HCP3
atraso para realizar
tarefas
Eu tenho dificuldades
HCP4
em finalizar atividades
uma vez que comecei
64
Satisfação com os
Resultados
1
2
3
4
5
6
7
19,8%
19,8%
15,6%
16,3%
16,3%
7,8%
4,4%
19,5%
18,5%
16,1%
15,9%
14,9%
6,6%
8,3%
11,7%
7,1%
14,9%
7,8%
20,2%
20,2%
18,0%
14,9%
13,2%
14,6%
14,9%
17,8%
12,7%
12,0%
1
2
3
4
5
6
7
17,30%
13,7%
16,3%
19,0%
20,0%
7,1%
6,6%
19,5%
14,9%
16,3%
17,6%
21,7%
5,6%
4,4%
18,3%
16,8%
18,5%
15,4%
17,8%
7,1%
6,1%
Me desempenho tende
SCR1
a diminuir quando tenho
que correr para cumprir
prazos
Eu não executo bem
SCR2
uma tarefa quando
tenho que correr para
finalizá-la
Se eu deixo as coisas
SCR3
para última hora não me
sinto satisfeito com os
resultados
Eu atinjo melhores
resultados se executar
SCR4
uma tarefa a um ritmo
mais lento, sem me
preocupar com o prazo
Decisão Intencional
Para utilizar meu tempo
da melhor forma, eu
DI1
conscientemente
prorrogo algumas
tarefas
Eu intencionalmente
prorrogo a realização de
DI2
alguns trabalhos para
melhorar minha
motivação
Para utilizar melhor meu
DI3
tempo, eu
intencionalmente adio
65
algumas tarefas
Eu finalizo muitos dos
meus trabalhos antes
dos prazos, pois eu
DI4
6,1%
4,6%
16,8%
14,1%
22,2%
16,8%
19,3%
escolho fazer desta
forma
Fonte: Elaborado pelo Autor
4.6. Resultado das decisões das ofertas por período
A
figura
9
apresenta
os percentuais de
respostas fornecidas
considerando os valores dos descontos aplicados as ofertas monetárias em
cada cenário, no qual o respondente foi submetido a duas situações, aceitando
de forma imediata ou não o valor proposto.
Figura 9 – Percentual de respondentes que aceitaram o desconto – 1 Mês de
prazo
5%
10%
15%
20%
25%
30%
Percentual de desconto aplicado as ofertas
Fonte: Elaborado pelo Autor
35%
66
Podemos pressupor que em valores de desconto abaixo de 15% o
percentual de indivíduos que aceitam o valor de forma imediata é similar ao
percentual dos indivíduos que decidiram não aceitar o valor de forma imediata,
portanto corroboram com o experimento de Mischel (1969), no qual o tempo
favorece a escolha do estímulo aversivo de forma imediata e menor magnitude,
considerando as ofertas para o prazo de um mês.
Os resultados do experimento para um cenário de um mês de prazo de
pagamento convergem com os experimentos realizados por Thaler (1981), que
afirma que a taxa de desvalorização por atraso é menor na situação aversiva
aplicada a valores de desconto menores, não resultando em altos percentuais
de aceitação do valor de forma imediata por parte dos indivíduos que tomam a
decisão financeira.
Considerando o valor de R$25,00 até o valor de R$125,00, a diferença
de percentual de respondentes que aceitam o valor de forma imediata aumenta
consideravelmente. Portanto o resultado demonstra que os respondentes são
sensíveis a valores de desconto maiores considerando a influência de um mês
na tomada de decisão monetária.
Ressalta-se que para os valores a partir de R$25,00 de desconto
a variação entre os percentuais aplicados as ofertas, entre 15% a 20%
potencializaram o número de indivíduos que aceitaram o valor de forma
imediata conforme apresentado na figura 9. Os resultados corroboram com os
estudos realizados por Rachlin, Rainieri e Cross (1991), que demonstram que o
efeito da desvalorização por atraso chamado de ponto de inferência ocorre
após a diferença percentual de desconto entre ofertas atingir o valor entre 15%
a 20%.
O resultado apresentado na figura 10 demonstra que o primeiro valor
aplicado de desconto de R$50,00 sensibilizou parcialmente os respondentes no
qual 50% optou por aceitar o valor de forma imediata e os outro 50% aceitaram
desvalorizar o valor oferecido. Mischel (1969) afirma que o tempo de espera,
ou seja, o atraso por um estímulo aversivo, favorece a escolha do estímulo
aversivo de forma imediata e de menor magnitude.
67
Já para ofertas com prazo de seis meses cujos resultados podem ser
visualizados na figura 10 nota-se o mesmo comportamento do prazo de um
mês, onde entre 15% a 20% de desconto se percebe maior quantidade de
respondentes que optam por desvaloriza o atraso, ou seja, aceitam o valor
oferecido de forma imediata.
Figura 10 - Percentual de respondentes que aceitaram o desconto – 6 Meses
de prazo
15%
10%
10%
5%
20%
15%
25%
20%
30%
25%
35%
30%
40%
35%
Percentual de desconto aplicado as ofertas
Fonte: Elaborado pelo Autor
O percentual de variação entre os descontos considerando o valor de
R$75,00 até o valor de R$200,00 é igual ou superior a 15%, portanto nota-se
que o percentual dos indivíduos que desvalorizam é potencializado, onde
podemos pressupor que o fator tempo considerando um mês e seis meses,
pode sugerir a presença do comportamento impulsivo e afetar a tomada de
decisão financeira.
Já para ofertas com prazo de doze meses cujos resultados pode ser
visualizados na figura 11 demonstram uma tendência no qual a frequência de
indivíduos que aceitam o valor de forma imediata apresentam em média um
percentual de aceitação menor, ou seja, podemos pressupor que o fator tempo,
68
após doze meses pode influenciar a decisão financeira do indivíduo,
conduzindo-o a um comportamento procrastinador.
No entanto, as pessoas apresentam tendência a considerar o ganho de
um valor pela quantidade de tempo que podem levam para obter tal valor
(FREDERICK, 2003). Os resultados do experimento para doze meses,
corroboram com os estudos de Green e Myerson (1995), em que afirmam que
o valor da recompensa ou punição que está disponível imediatamente tem
impacto menor no desempenho sobre o valor atrasado. Portanto para prazos
superiores a seis meses, o efeito da desvalorização por atraso é atenuado, ou
seja, há uma diminuição na frequência de indivíduos que aceitam o valor de
forma imediata.
Figura 11 - Percentual de respondentes que aceitaram o desconto – 12 Meses
de prazo
15%
20%
25%
30%
35%
5%
10%
15%
20%
25%
40%
30%
45%
35%
Percentual de desconto aplicado as ofertas
Fonte: Elaborado pelo Autor
Na figura 12 os resultados apresentados para o cenário de trinta e seis
meses demonstram que o tempo, pode influenciar a tomada de decisão de
69
financeira, pois houve diminuição na percentual de indivíduos que aceitaram os
descontos de forma imediata.
Figura 12 - Percentual de respondentes que aceitaram o desconto – 36 Meses
de prazo
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Percentual de desconto aplicado as ofertas
Fonte: Elaborado pelo Autor
4.7 Resultados das decisões das ofertas entre períodos
Na figura 13 considerando o valor de R$100,00 aplicado a todos os
cenários de tempo evidencia-se que o fator tempo é uma variável que pode
afetar diretamente a tomada de decisão financeira em um cenário aversivo.
Para os períodos aplicados, percebe-se uma diminuição na aceitação da
desvalorização do atraso em uma relação inversamente proporcional ao tempo,
ou seja, quanto maior o tempo aplicado ao cenário do experimento menor o
percentual de indivíduos que aceitam o desconto.
70
Figura 13 – Comparativo entre períodos valor da oferta – R$100,00
Fonte: Elaborado pelo Autor
Também foi considerado o valor de R$125,00 aplicado a todos os
cenários conforme a figura 14, nota-se que o percentual de respondentes que
aceitam o valor de forma imediata entre um mês e seis meses apresenta
frequência similar, porém para os prazos de doze e trinta e seis meses o para
os indivíduos que aceitam o valor de forma imediata os percentuais são
menores.
Figura 14 – Comparativo entre períodos valor da oferta – R$125,00
Fonte: Elaborado pelo Autor
71
Torna-se relevante no contexto do estudo o fato de que a racionalidade
pode impactar na tomada de decisão, conforme os resultados apresentados.
Von Neumann e Morgenstern (1947) apontam para o fato que o ser humano é
perfeitamente racional em situações de incerteza e que agiria de acordo com
estimativas matemáticas dos ganhos relacionados a cada alternativa
disponível.
Contudo Simon (1957) chamou a atenção para o fato de que a escolha
racional pode ser impactada, pois faltam aos indivíduos informações
completas.
A forma como a questão do experimento foi apresentada configura-se
em um cenário aversivo, onde o indivíduo independente de aceitar o valor de
forma imediata ou não, a condição imposta é para pagamento. Desta forma a
capacidade de análise e tomada de decisão pode ser influenciada por variáveis
externas como cenário econômico ou por exemplo, decidir se vale a pena
pagar agora com desconto ou investir este dinheiro objetivando algum ganho
financeiro futuro e que possa ser mais vantajoso a curto ou longo prazo.
Utilizando como exemplo a aplicação do valor do desconto na poupança
cujo rendimento médio mensal é de 0,62% de acordo com a Febraban
(Febraban,2016) temos o seguinte cenário apresentando na tabela 12.
Tabela 12 – Comparativo entre desconto (oferta) e retorno de investimento
(poupança)
Tempo
1 Mês
1 Mês
1 Mês
1 Mês
6 Meses
6 Meses
12 Meses
12 Meses
36 Meses
36 Meses
Valor do Desconto Retorno Investimento % Aceita Desconto
R$ 2,50
R$ 0,02
54
R$ 5,00
R$ 0,03
56
R$ 25,00
R$ 0,15
86
R$ 50,00
R$ 0,31
74
R$ 75,00
R$ 2,79
80
R$ 150,00
R$ 5,58
78
R$ 100,00
R$ 7,44
65
R$ 150,00
R$ 11,16
53
R$ 100,00
R$ 22,32
51
R$ 150,00
R$ 33,48
73
Fonte: Elaborado pelo Autor
72
Os resultados demonstram que os valores obtidos como retorno pelo
investimento são inferiores ao valor da economia gerada pelo valor do
desconto oferecido. Portanto nota-se que não é possível afirmar neste estudo
que o individuo considerou o retorno do investimento como um indicador que
possa ter influenciado sua decisão financeira.
O valor do desconto apresentando demonstra que o percentual médio de
indivíduos que aceitaram o desconto decresce com o passar do tempo, mesmo
em um cenário no qual a desvalorização é vantajosa em termos monetários.
4.8 Análise das Hipóteses
A técnica de Regressão Logística foi aplicada aos sete construtos, sendo
três construtos que integram a de Impulsividade e mais quatro construtores
aplicados a escala de Procrastinação.
Na tabela 13 temos os resultados da regressão logística aplicada aos
construtos de Impulsividade e Procrastinação para a oferta de um mês.
73
Tabela 13 – Resultado Regressão Logística – Prazo um Mês
Impulsividade Falta de Impulsividade Preferência
Atencional Planejamento Motora por Pressão
Satisfação
com o
Resultado
Habilidade
em Cumprir
Prazo
Decisão
Intencional
N B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) Desconto
R²
H&L*
50 0,67(0,12)
0,40(0,35)
0,29(0,38)
0,72(0,18)
0,87(0,11)
0,71(0,17)
0,66(0,17) R$
2,50
0,15
0,29
50 0,44(0,36)
0,32(0,48)
0,11(0,78)
0,31(0,43)
0,15(0,71)
0,56(0,83)
0,57(0,98) R$
5,00
0,20
0,93
80 0,46(0,89)
0,34(0,42)
0,82(0,03)
0.36(0,12)
0,05(0,80)
0,25(0,30)
0,12(0,64) R$ 25,00
0,09
0,67
50 0,36(0,48)
0,97(0,25)
0,78(0,16)
0,26(0,60)
0,21(0,74)
0,56(0,28)
0,26(0,04) R$ 50,00
0,11
0,32
50 0,31(0,51)
1,17(0,11)
0,11(0,85)
0,38(0,34)
0,56(0,32)
0,68(0,13)
0,47(0,34) R$ 75,00
0,13
0,48
50 0,06(0,90)
0,34(0,74)
0,67(0,25)
0,68(0,15)
1,00(0,07)
0,05(0,90)
0,14(0,76) R$ 100,00
0,13
0,07
80 0,10(0,80)
0,59(0,18)
0,43(0,35) 0,04(0,901) 0,02(0,96)
0,24(0,58)
0,06(0,06) R$ 125,00
0,06
0,29
* Teste de Hosmer & Lemeshow
Fonte: Elaborado pelo Autor
Os resultados apresentados na tabela 13 demostram que apesar da
impulsividade estar presente no comportamento do indivíduo, os índices de
significância dos construtos de impulsividade representados em parênteses
demonstram valor superior a 0,05, portanto neste estudo não se pode afirmar
que a impulsividade possa afetar a tomada de decisão financeira sob o cenário
aversivo.
74
Tabela 14 – Resultado Regressão Logística – Prazo dois meses
N
B (p-valor)
Desconto
Impulsividade Atencional
50
0,24 (0,86)
R$75,00
Falta de Planejamento
50
0,11 (0,51)
R$75,00
Impulsividade Motora
50
0,05 (0,75)
R$75,00
Preferência por Pressão
50
0,01 (0,92)
R$75,00
Satisfação com o Resultado
50
0,21 (0,10)
R$75,00
Habilidade em Cumprir Prazos
50
0,01 (0,96)
R$75,00
Decisão Intencional
50
0,14 (0,22)
R$75,00
Nota: valor de R² 0,27 e valor do Teste de Hosmer e Lemeshow 0,58
Fonte: Elaborado pelo Autor
Na tabela 14 os construtos de impulsividade e procrastinação não
demonstraram valores significantes para o experimento com o prazo de dois
meses, portanto os resultados apresentados não podem ser considerados
conclusivos sobre a influência da impulsividade e da procrastinação
considerando o valor da oferta para dois meses.
Na tabela 15 no qual o prazo de desconto é igual a seis meses, os
resultados dos construtos de impulsividade não apresentaram valores
significantes, portanto não se pode que a impulsividade possa afetar a tomada
de decisão financeira. Os construtos de procrastinação apresentaram
resultados significantes para a oferta de 6 meses, portanto indicando que o
comportamento procrastinador influencia a tomada de decisão financeira.
75
Tabela 15 – Resultado Regressão Logística – Prazo seis meses
Impulsividade Falta de Impulsividade Preferência
Atencional Planejamento Motora por Pressão
Satisfação
com o
Resultado
Habilidade
Decisão
em Cumprir
Intencional
Prazo
N B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) Desconto
R²
H&L*
80 0,67(0,82)
1,04(0,13)
0,38(0,91)
0,12(0,65)
0,34(0,16)
0,22(0,37)
0,01(0,97) R$ 50,00
0,15
0,06
50 0,52(0,25)
0,32(0,97)
0,28(0,55)
0,20(0,62)
0,14(0,74)
0,11(0,05)
0,63(0,12) R$ 75,00
0,10
0,17
50 0,87(0,85)
0,47(0,92)
0,15(0,71)
0,01(0,98)
0,15(0,73)
0,40(0,27)
0,38(0,25) R$ 100,00
0,06
0,29
80 0,28(0,67)
0,57(0,50)
0,59(0,31)
0,69(0,21)
1,26(0,05)
0,35(0,04)
0,36(0,41) R$ 125,00
0,13
0,70
50 0,26(0,63)
0,23(0,74)
0,31(0,57)
0,04(0,05)
0,09(0,84)
0,36(0,45)
0,43(0,23) R$ 150,00
0,06
0,20
50 0,47(0,31)
0,21(0,81)
0,19(0,72)
0,52(0,29)
0,85(0,05)
0,23(0,62)
0,22(0,66) R$ 175,00
0,09
0,25
50
0,52(0,59)
0,29(0,57)
0,02(0,05)
0,09(0,84)
0,24(0,57)
0,97(0,82) R$ 200,00
0,02
0,45
0,1(0,78)
* Teste de Hosmer & Lemeshow
Fonte: Elaborado pelo Autor
Na tabela 16 os resultados apresentam significância para os construtos
de procrastinação entre os valores aplicados que variam entre R$75,00 a
R$200,00.
Desta forma pressupõem-se que o comportamento procrastinador está
presente, e afeta a tomada de decisão financeira. Esta condição indica que em
um cenário aversivo onde ocorre a perda, o tomador de decisão que apresenta
comportamento procrastinador, pode considerar o tempo como fator de
influência em sua decisão.
76
Tabela 16 – Resultado Regressão Logística – Prazo doze meses
Impulsividade Falta de Impulsividade Preferência
Atencional Planejamento Motora por Pressão
Satisfação
com o
Resultado
Habilidade
em Cumprir
Prazo
Decisão
Intencional
N B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) Desconto
R²
H&L*
50 0,86(0,40)
0,30(0,95)
0,89(0,20)
1,42(0,25)
1,42(0,25)
1,19(0,47)
1,30(0,21) R$ 75,00
0,20
0,19
80 0,87(0,77)
0,79(0,04)
0,65(0,85)
0,68(0,79)
0,30(0,20)
0,30(0,25)
0,25(0,06) R$ 100,00
0,11
0,96
50 0,55(0,32)
0,69(0,31)
0,95(0,05)
2,27(0,00)
2,27(0,00)
2,29(0,01)
2,03(0,00) R$ 125,00
0,20
0,57
50 0,72(0,26)
0,52(0,42)
0,74(0,20)
0,17(0,77)
0,08(0,05)
0,39(0,40)
0,92(0,05) R$ 150,00
0,20
0,57
80 0,96(0,16)
2,10(0,12)
0,95(0,11)
0,09(0,81)
0,57(0,02)
0,82(0,02)
0,34(0,05) R$ 175,00
0,12
0,19
50 0,84(0,32)
0,05(0,95)
1,37(0,12)
0,53(0,33)
0,04(0,03)
0,48(0,51)
0,65(0,16) R$ 200,00
0,14
0,53
50 0,16(0,73)
0,39(0,69)
0,06(0,91)
0,56(0,37)
0,94(0,18)
0,08(0,01)
0,87(0,05) R$ 225,00
0,09
0,61
* Teste de Hosmer & Lemeshow
Fonte: Elaborado pelo Autor
Observa-se na tabela 17 que para os construtos de impulsividade não
são apresentados resultados significantes e observa-se que o comportamento
impulsivo neste estudo pode não afetar a tomada de decisão financeira. Porém
nota-se que os construtos vinculados a procrastinação indicam que o
comportamento procrastinador pode estar presente no individuo afetando a
tomada de decisão financeira, principalmente o construto de Decisão
Intencional, no qual o individuo decide procrastinar de maneira deliberada.
77
Tabela 17 - Resultado Regressão Logística – Prazo trinta e seis meses
Impulsividade Falta de Impulsividade Preferência
Atencional Planejamento Motora por Pressão
Satisfação
com o
Resultado
Habilidade
em Cumprir
Prazo
Decisão
Intencional
N B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) B (P-valor) B(P-valor) B (P-valor) Desconto
R²
H&L*
50 0,21(0,65)
0,71(0,36)
0,20(0,69)
0,67(0,18)
0,58(0,01)
0,53(0,20)
0,26(0,61) R$ 100,00
0,13
0,94
50 0,30(0,96)
1,09(0,35)
0,24(0,67)
0,27(0,53)
0,12(0,98)
0,26(0,05)
0,45(0,02) R$ 125,00
0,06
0,41
80 0,27(0,58)
0,68(0,16)
0,97(0,05)
0,44(0,23)
0,10(0,05)
0,23(0,53)
0,20(0,57) R$ 150,00
0,11
0,15
50 0,85(0,58)
0,28(0,13)
1,19(0,05)
2,27(0,04)
2,27(0,04)
2,29(0,05)
2,03(0,00) R$ 175,00
0,20
0,57
50 0,29(0,63)
0,38(0,60)
0,94(0,05)
0,71(0,14)
0,46(0,00)
0,73(0,05)
0,07(0,05) R$ 200,00
0,21
0,31
80 1,12(0,18)
0,08(0,92)
0,48(0,51)
0,02(0,96)
0,81(0,19)
0,63(0,24)
0,90(0,12) R$ 225,00
0,15
0,84
95,1(0,98) 109,2(0,98) 46,16(0,98) 0,98(0,04)
0,19(0,02) R$ 250,00
0,29
1,00
50 29,46(0,99) 0,36(0,99)
* Teste de Hosmer & Lemeshow
Fonte: Elaborado pelo Autor
78
A tabela 18 apresenta uma síntese dos testes de hipótese do estudo.
Tabela 18 – Síntese dos testes de hipótese
HIPÓTESE
H1
H1a
H1b
DESCRIÇÃO
A impulsividade influencia positivamente a
desvalorização por atraso.
A impulsividade atencional influencia
positivamente a desvalorização por atraso.
A impulsividade atencional influencia
positivamente a desvalorização por atraso.
RESULTADO
Não Confirmada
Não Confirmada
Não Confirmada
A impulsividade por falta de planejamento
H1c
influencia negativamente a desvalorização
Não Confirmada
por atraso.
H2
H2a
H2b
H2c
H2d
A procrastinação ativa afeta negativamente a
desvalorização por atraso.
A opção por pressão afeta negativamente a
desvalorização por atraso.
A satisfação com o resultado afeta
negativamente a desvalorização por atraso.
A habilidade em cumprir prazos afeta
Confirmada
Parcialmente
Confirmada
Parcialmente
Confirmada
Parcialmente
Confirmada
negativamente a desvalorização por atraso.
Parcialmente
A decisão intencional afeta negativamente a
Confirmada
desvalorização por atraso.
Fonte: Elaborado pelo Autor
Parcialmente
79
5. CONCLUSÕES
Para analisarmos o comportamento impulsivo e procrastinador na
tomada de decisão financeira, considera-se que tomada de decisão consiste
em um processo individual de ponderar e prever consequências positivas ou
negativas de determinadas alternativas. (REIMANN & BECHARA, 2010).
Este estudo baseou-se na tomada de decisão individual financeira sob a
ótica da desvalorização por atraso, no qual buscou-se mensurar a interferência
do comportamento impulsivo por meio da concepção do modelo de pesquisa
baseado na escala de impulsividade e procrastinação propostas por Barrat
(1995) e Chu & Choi (2005), respectivamente, e também pela adaptação do
experimento proposto por Rachlin, Rainieri e Cross (1991).
Os resultados apresentados demonstram que a maior parte dos
respondentes, estão empregados e são responsáveis pela tomada de decisão
financeira, sendo tais resultados, representativos para este estudo, pois estas
condições podem influenciar diretamente a tomada de decisão financeira.
Considera-se também o fato que os números obtidos se assemelham com o
perfil médio da população brasileira, no que diz respeito a renda e nível de
emprego e estão próximos aos percentuais da população brasileira.
A desvalorização por atraso aplicado ao estudo foi realizada por meio de
um experimento baseado nos estudos de Rachlin, Rainieri e Cross (1991), em
que foram coletados 410 questionários, aplicados a duas Instituições de Ensino
Superior localizadas na cidade de São Paulo.
Em um primeiro momento os resultados do experimento foram
comparados com os resultados de uma oferta monetária real aplicada a
amostra. Os resultados evidenciam que não há diferença entre os resultados
do experimento e os resultados da oferta real, possibilitando a validação de que
cenários experimentais podem ser utilizados em pesquisas que tratam de
temas associados com decisões financeiras.
Os resultados apresentados neste estudo corroboram com os estudos
de Loewestein e Prelec (1992) e Thaler (1987) no qual afirma que a
80
desvalorização por atraso na situação aversiva é reduzida, identificando o
fenômeno que mais ficou conhecido como assimetria-perda.
Esta condição de tomada de decisão em um cenário aversivo ficou
evidenciada pelos resultados apresentados nesta pesquisa, no qual o tempo
igual ou superior a doze meses, associado ao valor do desconto aplicado
sendo igual ou superior a 15% do valor da oferta total conduzem o indivíduo ao
comportamento de procrastinação.
No
entanto
os resultados desta pesquisa
demonstram que
a
impulsividade apesar de possivelmente estar presente nos indivíduos, não foi
possível evidenciá-lo como um comportamento que possa afetar a tomada de
decisão em cenários aversivos.
Para os gestores, o estudo amplia o espectro de entendimento sobre
dois componentes comportamentais: impulsividade e procrastinação, como
fatores que podem anteceder a tomada de decisão financeira. Neste estudo
ressalta-se que o comportamento impulsivo não foi detectado após análise dos
resultados.
Os resultados deste estudo podem contribuir para o planejamento de
ações comerciais, na medida em que procura-se compreender em que
momento a desvalorização ocorre, considerando o valor do desconto aplicado
e o tempo. Desta forma este estudo pode auxiliar os gestores a planejarem
melhor suas ofertas junto ao público alvo, principalmente considerando um
cenário aversivo.
Do ponto de vista acadêmico, o estudo das finanças comportamentais
sobre a desvalorização por atraso, e a possível influência dos comportamentos
de impulsividade e procrastinação, apresenta relevância, considerando que os
estudos antes realizados tratam os temas de forma isolada, como os estudos
sobre
o
comportamento
impulsivo
considerando
uma
população
de
Universitários (PARCIAS, SOMBRIO, FLUGLE, DO ROSARIO, SOUZA &
GUIMARÃES, 2013). A impulsividade e acidentes de trânsito (ARAUJO,
MALLOY-DINIZ
&
ROCHA,
2008)
e
o
tratamento
impulsividade e do comportamento agressivo. (LIMA, 2009)
farmacológico
da
81
Considerando os estudos sobre procrastinação, podemos ressaltar os
estudos sobre a procrastinação como um comportamento causador de
problemas a saúde (HAMASAKI & KERBAUY, 2001), a procrastinação aplicada
ao comportamento de estudantes e transeuntes de uma capital brasileira
(ENUMO & KERBAUY, 1999) e o estudo sobre gênero e outras variáveis que
influenciam a procrastinação acadêmica.
Portanto este estudo contribui com a associação de dois construtos
comportamentais. Além de que, os estudos realizados associados a
impulsividade e procrastinação são específicos da área clínica (GONÇALVES,
F.L, 2005; BARBOSA, A.S, 2010; BERNARDES, L.S; 2013, MATTA, A;
GONÇALVES, F.L. & BIZARRO, L, 2014).
Entende-se como limitação desta pesquisa, o local de obtenção da
amostra do estudo, pois a coleta de dados restringiu-se a dois grupos
pertencentes a duas Instituições de Ensino Superior localizadas na cidade de
São Paulo. Portanto para estudos futuros sugere-se aplicar a pesquisa com
outros grupos de outros segmentos, possibilitando uma ampliação da amostra
da pesquisa, com o objetivo de apresentar novas perspectivas sobre o tema.
Pode-se considerar a quantidade de respondentes da pesquisa como possível
fator limitante, pois foram aplicados sete tipos de questionários divididos em
cinco grupos com cinquenta respondentes e dois questionários com oitenta
respondentes, desta forma amostras maiores podem evidenciar alguns efeitos
cuja significância não foi detectada neste estudo.
Outro fato a ser considerado é o estabelecimento dos valores que foram
considerados para a realização do experimento deste estudo. Os valores
estabelecidos pelo experimento aplicado por Rachlin, Ranieri e Cross (1991),
foram adaptados para a aplicação nesta pesquisa.
A ausência de significância por meio do resultado obtido pela aplicação
da regressão logística para o comportamento impulsivo, exige cautela em sua
análise, pois apesar do fenômeno de impulsividade estar presente, não foram
conclusivos os resultados desta pesquisa que associavam tal comportamento a
tomada de decisão financeira, mesmo tal comportamento sendo ilustrado por
meio da representação gráfica da aplicação do experimento.
82
.
E por fim, sugere-se que outras variáveis de ordem macroeconômica,
como cenário econômico, condição econômica entre países, processo
inflacionário, renda, e fatores comportamentais como ansiedade, por exemplo,
sejam incorporadas na análise de estudos futuros, buscando uma ampliação no
espectro de variáveis que possam afetar a tomada de decisão financeira.
83
REFERÊNCIAS
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94
APÊNDICE
Pesquisa sobre a influência do comportamento impulsivo e
procrastinador na tomada de decisão financeira.
Você foi convidado(a) a participar de uma pesquisa acadêmica sobre a
influência do comportamento impulsivo e procrastinador na tomada de decisão
que faz parte de uma Dissertação de Mestrado Acadêmico da Universidade
Metodista de São Paulo (UMESP)., informando voluntariamente suas opiniões.
A sua participação na pesquisa, respondendo a este questionário, não
acarretará nenhum desconforto ou riscos a você. A segurança e sigilo de suas
respostas contidas no questionário pode ser observada pela forma de
aplicação. Estamos interessados nos resultados gerais de todos os
respondentes que farão parte de um relatório final.
Este questionário foi dimensionado para levar cerca de 10 minutos para
ser respondido. Para prosseguir no questionário responda todas as perguntas
de acordo com o seu grau de concordância. Sendo o final proposto um cenário
onde você deverá assinalar sua preferência entre aceitar ou não a condição
apresentada.
Como forma de agradecimento pela sua participação no mês de março
de 2016, será realizado um sorteio entre aqueles que responderem e deixarem
seus contatos no campo abaixo, de 4 (quatro) vale-compras no valor de
R$50,00 cada para ser utilizado na Livraria Saraiva, deixe seu contato abaixo:
Email ou Telefone do Respondente: _____________________________
Qual o seu número de matrícula: _________________________
Sua contribuição é muito importante para este estudo!
Pesquisador: André Tonin Ferrari
Telefone para Contato: (11) 94233-6643 ou 98177-7185
E-mail: [email protected]
95
Pesquisa sobre a influência do comportamento impulsivo e
procrastinador na toma de decisão.
Análise as situações abaixo e marque apenas uma alternativa.
SITUAÇÃO 1:
Você parcelou a compra de um televisor para
pagamento em 6 meses. O vendedor te ofereceu duas
opções para pagamento da primeira parcela sendo:
 pagar R$475,00 agora
 pagar R$500,00 daqui um mês
96
SITUAÇÃO 2:
Você parcelou a compra de um televisor para
pagamento em 6 meses. O vendedor te ofereceu duas
opções para pagamento da primeira parcela sendo:
 pagar R$425,00 agora
 pagar R$500,00 daqui dois meses
97
SITUAÇÃO 3:
Você parcelou a compra de um televisor para
pagamento em 6 meses. O vendedor te ofereceu duas
opções para pagamento da primeira parcela sendo:
 pagar R$400,00 agora
 pagar R$500,00 daqui seis meses
98
SITUAÇÃO 4:
Você parcelou a compra de um televisor para
pagamento em 6 meses. O vendedor te ofereceu duas
opções para pagamento da primeira parcela sendo:
 pagar R$350,00 agora
 pagar R$500,00 daqui doze meses
99
SITUAÇÃO 5:
Você parcelou a compra de um televisor para
pagamento em 6 meses. O vendedor te ofereceu duas
opções para pagamento da primeira parcela sendo:
 pagar R$275,00 agora
 pagar R$500,00 daqui trinta e seis meses
100
Responda, por gentileza, a cada questão abaixo com apenas uma resposta marcando um
“X” sobre o quadrado que indica qual é o nível que mais representa a sua realidade.
Legenda:
1.Discordo
Totalmente
2.Discordo Muito
3.Discordo
Parcialmente
4.Indiferente
5.Concordo
Parcialmente
6.Concordo
Muito
Discordo
Totalmente
7.Concordo
Totalmente
Concordo
Totalmente
1.
Eu não presto atenção.
1
2
3
4
5
6
7
2.
Eu tenho pensamentos que se atropelam.
1
2
3
4
5
6
7
3.
Eu me concentro facilmente
1
2
3
4
5
6
7
4.
Eu fico me contorcendo na cadeira em
peças de teatro e palestras.
1
2
3
4
5
6
7
5.
Eu mantenho a linha de raciocínio.
1
2
3
4
5
6
7
6.
Eu troco de interesses e passatempos.
1
2
3
4
5
6
7
7.
Enquanto estou pensando em uma coisa,
é comum que outras ideias me venham a
cabeça ao mesmo tempo.
1
2
3
4
5
6
7
8.
Eu me sinto inquieto em palestras e aulas.
1
2
3
4
5
6
7
9.
Eu planejo tarefas cuidadosamente.
1
2
3
4
5
6
7
10. Eu planejo viagens com antecedência.
1
2
3
4
5
6
7
11. Eu tenho autocontrole.
1
2
3
4
5
6
7
12. Eu economizo (poupo) regularmente.
1
2
3
4
5
6
7
13. Eu faço planos para me manter no
emprego.
1
2
3
4
5
6
7
14. Eu falo coisas sem pensar.
1
2
3
4
5
6
7
15. Eu gosto de pensar em problemas
complexos.
1
2
3
4
5
6
7
16. Eu fico entediado com facilidade quando
estou resolvendo problemas mentalmente.
1
2
3
4
5
6
7
17. Eu tenho mais interesse no presente do
que no futuro.
1
2
3
4
5
6
7
18. Eu gosto de jogos e desafios mentais.
1
2
3
4
5
6
7
19. Eu faço coisas sem pensar.
1
2
3
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6
7
101
20. Eu tomo decisões rapidamente.
1
2
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4
5
6
7
21. Eu sou despreocupado.
1
2
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4
5
6
7
22. Eu troco de emprego.
1
2
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5
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7
23. Eu ajo por impulso.
1
2
3
4
5
6
7
24. Eu ajo no calor do momento.
1
2
3
4
5
6
7
25. Eu troco de casa.
1
2
3
4
5
6
7
26. Eu compro coisas por impulso.
1
2
3
4
5
6
7
27. Eu só consigo pensar em uma coisa de
cada vez.
1
2
3
4
5
6
7
28. Eu gasto ou compro a prestação mais do
que ganho.
1
2
3
4
5
6
7
29. Eu me preparo para o futuro.
1
2
3
4
5
6
7
30. É realmente difícil para mim trabalhar
sabendo que os prazos estão próximos
1
2
3
4
5
6
7
31. E me sinto chateado e relutante quando
sou forçado a agir sobre pressão.
1
2
3
4
5
6
7
32. Eu me sinto tenso e não consigo me
concentrar quando estou sob pressão.
1
2
3
4
5
6
7
33. Me sinto frustrado quando tenho que
correr para atingir os prazos.
1
2
3
4
5
6
7
34. Meu desempenho tende a diminuir quando
tenho que correr para cumprir prazos.
1
2
3
4
5
6
7
35. Eu não executo bem uma tarefa quando
tenho que correr para finalizá-la.
1
2
3
4
5
6
7
36. Se eu deixo as coisas para a última hora,
não me sinto satisfeito com os resultados.
1
2
3
4
5
6
7
1
2
3
4
5
6
7
1
2
3
4
5
6
7
39. Eu geralmente fracasso em cumprir
objetivos pessoais.
1
2
3
4
5
6
7
40. Eu geralmente me atraso para realizar as
tarefas.
1
2
3
4
5
6
7
41. Eu tenho dificuldade em finalizar
atividades uma vez que comecei.
1
2
3
4
5
6
7
42. Para utilizar meu tempo da melhor forma,
eu conscientemente prorrogo algumas
tarefas.
1
2
3
4
5
6
7
37. Eu atinjo melhores resultados se executar
uma tarefa a um ritmo mais lento, sem me
preocupar com prazo.
38. Eu geralmente início tarefas na última
hora e encontro dificuldades em cumprilas no prazo.
102
43. Eu intencionalmente prorrogo a realização
de alguns trabalhos para melhorar minha
motivação.
1
2
3
4
5
6
7
44. Para utilizar melhor meu tempo, eu
intencionalmente adio algumas tarefas.
1
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3
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5
6
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45. Eu finalizo muitos dos meus trabalhos
antes dos prazos, por eu escolho fazer
desta forma.
1
2
3
4
5
6
7
1.
Qual o seu gênero?  Feminino
 Masculino
2.
Qual a sua idade? _________________ Anos.
3.
Assinale sua renda aproximada:
 Entre R$788,00 a R$1.576,00
 Entre R$1.576,00 a R$2.364,00
 Entre R$2.364,00 a R$3152,00
 Entre R$3152,00 a R$3940,00
 Entre R$3940,00 a R$4728,00
 Entre R$4728,00 a R$5516,00
 Acima de R$5516,00
4.
É você quem paga sua faculdade?  Sim
 Não
5.
Você trabalha atualmente?  Sim
6.
Caso trabalhe atualmente, há quanto tempo atua na mesma empresa?
 Não
 Menos de 6 meses
 Entre 6 meses e 1 ano
 Entre 1 e 2 anos
 Entre 2 e 3 anos
 Entre 3 e 5 anos
 Acima de 5 anos
7.
E você quem toma as decisões financeiras em sua residência?
 Sim
 Não
Obrigado por participar!
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