Resumo

RESUMO
A cavidade oral é, certamente, a localização mais freqüente para os tumores
malignos primários da cabeça e do pescoço. O carcinoma da boca representa 6% de
todos os tumores diagnosticados anualmente nos Estados Unidos. No Brasil, no
Hospital AC Camargo em São Paulo e no Hospital Aristides Maltez em Salvador, o
câncer de boca está entre os cincos mais comuns. A doença é mais incidente em homens
do que em mulheres. Os principais fatores de risco são o tabagismo e o uso do álcool. O
câncer da boca é uma doença que apresenta uma fase pré-clínica detectável e lesões prémalignas, tais como as leucoplasias e as eritroplasias. Noventa e cinco por cento dos
cânceres de boca são carcinomas escamocelulares, inicialmente assintomáticos e que
podem ser detectados em exames de rotina da cavidade oral. O prognóstico da doença é
melhor quando o seu tratamento é feito em uma fase inicial. O objetivo deste trabalho é
esclarecer o problema do atraso diagnóstico do câncer da cavidade oral, através da
revisão sistemática de 17 estudos publicados na literatura mundial, identificando os
aspectos associados a este atraso e determinando suas inter-relações, e assim propor
medidas visando o diagnóstico precoce. Os resultados mostraram que existem fatores,
que acentuam este atraso diagnóstico, relacionados com os pacientes e com
profissionais de saúde. Os pacientes podem ser responsabilizados apenas naqueles casos
em que percebem uma lesão indolor e não a valorizam, retardando, assim, o diagnóstico
e a terapêutica. Os profissionais são responsáveis pelo atraso na medida em que não
valorizam ou não reconhecem os sinais e ou sintomas apresentados pelos pacientes no
momento da consulta médica ou odontológica. Devemos investir em medidas
educacionais esclarecedoras do risco do tabagismo e da importância do diagnóstico e do
tratamento precoce do câncer oral tanto para a população em geral como para os
profissionais de saúde sobre o, estimular o auto-exame da boca e o exame de rotina por
profissionais de saúde, com rastreamento do tipo "case-finding". É necessária a
realização de pesquisas locais, pois o acesso aos serviços de saúde é um problema da
nossa realidade, que não está contemplado nos estudos internacionais.