Clipping 29/10/2016 30/10/2016 31/10/2016 O ESTADO DE SÃO PAULO Página A4- Política )(J I~Srr·\IJ_\() 29 I 10 I 2016 ------~~-=~~-- :~MATAIS .... ~ {f' : MARCELO DE MORAES : [email protected] : POUID\.ESTADAOlXlM.BR/1llOOS/COl.lJNA{X)fSTAOAO/ Voto conservador deve se consolidar no 2º turno >> .Disputa. Ao desembarcar a primeira eleição pós impeachment da petista Dilma Rousseff e sob a sombra da Lava Jato, candidatos com perfil político conservador terão desempenho expressivo. Em São Paulo, o tucarto João Doriajá levou no primeiro turno. No Rio, apenas uma reviravolta impedirá o senador Marcelo Crivella (PRB), ligado à Igreja Universal, de bater Marcelo Freixo, do PSOL, e se eleger. Em Belo Horizonte, a esquerda passou longe e a disputa será entre Alexandre Kalil (PHS) e João Leite (PSDB). Nas capitais, o PT está no segundo turno só no Recife. N » Dobradinha. Com o Zelador. Escolhido como secretário de Prefeituras Regionais, o vice-prefeito eleito Bruno Covas acha que a pasta tem tudo para resgatar a "zeladoria urbana" da cidade. 1 )) PSDB podendo levar dez capitais e o PMDB tendo chance de vencer em sete, os dois maiores partidos de sustentação política do presidente Michel Temer saem fortalecidos d~s urnas. >> Buraqueira. Para Bruno, "a cidade está muito largada e abandonada". "O que não falta por aqui é pichação e rua esburacada", reclama o futuro secretário. >> Muleta. Na reunião de segurança pública com os três Poderes, militares se queixaram do uso continuado das tropas do Exército pel9s Estados. Querem que as tropas apenas colaborem e se retirem logo depois. 1 em Brasília, na próxima quinta, o deputado Rogério Rosso (PSD) vai se reunir com Jovair Arantes (PTB) para tentar consenso n a corrida à presidência da Câmara. Rosso acompanha Rodrigo Maia numa viagem oficial ao Azerbaijão. .. - - -- .. >> Carona. O charteeier-José Serra embarcou para a Colômbia, onde representa Michel Temer em missão oficial. Na volta, trará no avião da FAB o primeiro-ministro de Portugal, Antonio Costa, e o novo secretáriogeral da ONU, Antonio Guterres, para o evento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. >> Tô fora. Michel Temer avisou pessoalmente a deputados que vai deixar para o Congresso a discussão sobre a Reforma Política. >> Briga de foice. Temer quer evitar tocar nos pongociações para levar a presi- tos polêmicos, como a defidência da Câmara, está um nição de lista fechada, para acordo pelo cargo de vice- , não melindrar seus aliados presidente da Mesa, posto e complicar vot ações. que ganhou protagonismo polêmico com o ex-deputa- COM NAIRA TRINDADE E MARIANA do André Vargas (PT-PR) e DIEGAS. COLABORARAM ELIANE agora com Waldir MaraCANTANHEDE, ERICH DECAT E nhão LUÍSA MARTINS. >> Cadeira elétrica. Nas ne- 1 >> Alto preço. O Exército calculou em R$ 1 milhão por dia o custo da ocupação dos militares na favela da Maré, no Rio de Janeiro. >> CllCK. O governador >> Cenário confuso. Um con- senso na reunião era de que é preciso atualizar os dados de segurança J!Úblicª' em geral, para fazer diagnóstic~ mais preciso da situação do País. Reclamam"'qlle os dados estaduais não batem com dados federais'. do Acre, Tião Viana (PT), encontrou-se nos EUA com Jerry Brown, governador da yalifórnia, para discutir políticas de conservação ambiental. » SfHAIS PARTICULARES.• Marcelo Freixo e Marcelo Crivella, candidatos a prefeito do Rio de Janeiro ...........t ..... ................................ . PRONTO, FALEI! >> Juizeco. A presidente do Supremo, Cármen Lúcia, sugeriu na reunião que, em algumas situações, se faça um colegiado de juízes para assinar decisões. Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) ' Prefeito reeleito de Santos (SP) Sobre as contas públicas das cidades, falidas: "Não há município que sobreviva diante do quadro que estamos vivendo". O ESTADO DE SÃO PAULO Página B9- Economia 29/ 10 /2016 Dólar volta a subir e se aproxima dos R$ 3,20 O dólar fechou ontem em alta de 1,2% em relação ao real, cotado a R$ 3,1944. Foi a terceira elevação seguida, provocada principalmente pelas tensões em tomo do futuro político e eco\nômico dos Estados Unidos. \ As cotações máximas do dia a recusa do lraque e do Irã em congelar suas produções de petróleo, levand0 os preços das commodities a perdas de quase 2%. O patamar de R$ 3,1944 é o mais alto desde 17 de outubro (R$ 3,2109). Na semana, a alta do dólar foi de 1,11%. vieram durante a tarde, quando o mercado foi surpreendido pela informação de que o FBI reabriu a investigação sobre os emails de Hillary Clinton no período que era Secretária de Estado do governo de Barack Obama.Faltandondiasparaaselei- Bolsa. A Bolsa de Valores de São Paulo fechou praticamente estável - alta de 0,09% -, refletindo mais o mercado externo que o interno. A sexta-feira foi predominantemente de alta, ções presidenciais no país, ocaso deixou os investidores em alerta diante de um possível enfraquecimento da democrata na disputa contra o candidato republicano, Donald Trump. O gestor de câmbio Marcos Jamelli, da Gradual Investimentos, lembrou ainda que, além da questão americana, a tensão foi alimentada no meio datarde pelo relato de que a reunião técnica da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (0pep) chegou a um impasse, com pautada por balanços e pelo resultado do Produto Int~o Bruto (PIB) dos Estados Unidos, que animou investidores e aumentou o apetite por risco. À tarde, no entanto, a notícia da reabertura das investigações em relação a Hillary Clinton, surpreendeu os mercados e pesou sobre as bolsas americanas. A Bovespa, que já dava sinais de falta de fôlego, acompanhou os mercados em Wall Street e passou a cair. Mas o movimento foi absorvido no final nos últi- mos minutos de negociação. "O fato é que a Bolsa resiste a cair. Embora o fluxo de estrangeiros tenha diminuído nos últimos dias, ele ainda está presente e sustenta ações de peso", disse um operador de renda variável. Em cinco pregões na semana, a Bovespa caiu em três deles. Mesmo assim, a semana teve ganho de 0,31%, levando o acumulado do mês para 10,18%, uma variação exaltada nas mesas de operaçõeS. /LUCASHIRATA E PAULA DIAS _L 29 I lO I 20 16 O ESTADO DE SÃO PAULO Página C2 - Caderno 2 1)11~~:"1~0 I)A ~~ONTE SONIARACY ·aRa E d lnstagram· @colunadiretodafonte o Blog: estadão.com.br{diretodafonte Fa cebook: facebook.com{Soru cy sta ao • -~ Sucessão Já foi escolhido o nome para suceder Luiz Terepins na Bienal-eleterminaseumandato com boa avaliação. Trata-se de João Carlos Figueiredo Ferraz, do Instituto Figueiredo Ferraz, mu~eude Ribeirão Preto que abnga obras do colecionador e usineiro. Sob pressão Apressão da RF ontem, sobre políticos e paren~es - para que mesmo impedidos de realizar a operação, paga~ se~ as multas e taxas sobre dinherro no e}.'terior - ,foi consideffi:da absurda. "Eles vão se auto mcri~inar?", pondera outro executivo de banco. - ---- Razoabilidade Voltando de um "mergulho" no texto do projeto de lei 280 do Senado - o que procura enquadrar os chamados abusos de autoridade - , Nelson Jobim conclui que ele faz todo sentido. O filho do ex-prefeito de São Paulo, de mesmo nome, será submetido oficialmente ao conselho da Bienal no dia 13 de dezembro. Por essas e outras, o mercado tem certeza de que o governo Temer abrirá outra oportunidade mais à frente, dando chance a quem ficou de fora agora. Para o ex-STF "a razoabilidade e a necessidade das novas hip6* teses confÍ.itam com as afi.nnações do sr. juiz e do sr. procurador"- referindo-se, no caso, ao juiz Sérgio Moro e ao procu:ador Delt an Dallagnol, que tem combatido o PL. Vacas gordas... Todo ouvidos Razoabilidade 2 Os bancos que fizeram operações - e vão co~tinuarfazend? atésegunda-feira-de regulanzação de recursos externos de brasileiros dividirão algo como R$ 1 bilhão de ganhos sobre as operações para clientes. 0 Palácio do Planalto éstáouvindo grandes publicitári~s do mercado. Quer colher opiniões diversas sobre Brasil. E também convencê-los a disputar as contas de ministérios.Buscamacabarcomo"domínio" das chamadas pequenas agências na Esplanada. O projeto, diz Jobim, atualiza uma lei que é de 1965 e define m elhor o que e' " au t on· d a de"_. Emvários parágrafos, detalha SItuações em que os abusos da autoridade podem ocorrer. Como "constranger o preso a exibirse à curiosidade pública" ou "executar mandado de busca e apreensão com excesso ou de forma vexatória". A média da taxa cobrada, segundo apurou esta colun~ junto às instituições financeiras, chega a 1,5% do valor do DARF pago à Receita. E como a RF estima que receberá RS$ 6o bilhões ... No show Consta, entre meios musicais, que o cancelamento do show de Mariah Carey esta · semana teve motivo maisr~a­ lista do que o tratamento mdevido dado aos ras pelos co~­ tratantes. Simplesmente nao houve demanda em várias cidades. O evento do Allianz Park, em SP, por exemplo, \ vendeu só 7 mil ingressos. ...para os bancos Entretanto, a vida nos bancos permanece perto do inferno até dia 31. Vão trabalhar hoje e amanhã, ficarão abertos até 22horas na segunda e muitos acreditam que ainda assim ficará gente de fora. "Essa mania do brasileiro de deixar tudo para última h ora", reclama um banqueiro. Ao que outro tenta justificar: "A lei foi feita com viés financeiro, e não com viés penal, e isso amedrontou". ' E ainda "dar publicidade, antes de instaurada ação penal, a relatórios ou papéis obtidos com resultado de interceptações tele: fônicas". Jobim conclui: juízes e promotores "não podem ficar à margem das regras". FOLHA DE SÃO PAULO Página 29 I 1O I 2016 A4 - Poder PAINEL NATUZANERY Repartindo o pão A equipe econômica deve se reunir entre domingo e segunda-feira para definir o destino do dinheiro arrecadado com a repatriação de recursos do exterior. A previsão é que algo superior a R$ 60 bilhões entre no caixa federal- um fôlego e tanto. Além de honrar parcela dos restos a pagar- despesas que o governo deixa para o ano seguinte-, outra parte do dinheiro recolhido, cerca de R$ 20 bilhões, seria usada para ajudar a abater o deficit fiscal deste ano, de R$ 170,5 bilhões. ( ( tiroteio já perderam a briga de galo, afarra do boi e, agora, a vaquejada. Se continuarem assim, vão conseguir acabar com o rodeio no Brasil. Eu banco Se, ao final da divisão do bolo, ainda sobrar dinheiro, a União poderá compensar o que os Estados deixarão de cumprir de suas metas fiscais- o volume total desses recursos pode chegar ao montante de R$ 6 bilhões. Rescisão Michel Temer conversou com a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES). Pediu o cargo de líder do governo no Congresso para dá-lo a Romero Jucá (PMDBRR). A nomeação deve ocorrer já na semana que vem. Bandeira branca Em meio às turbulências entre os Poderes Legislativo e Judiciário, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quer mandar um sinal de paz. Fica na paz Uma autoridade do governo diz que "citações, investigações ou mesmo denúncias que transformem integrantes da Esplanada em réus" uão serão capazes de derrubar ministros. Menos é mais A pedido de ministros do STJ, como a presidente Laurita Vaze Luis Felipe Salomão, Maia pretende retomar em novembro os debates sobre a proposta de emenda à Constituição que cria um filtro para o tribunal receber recursos especiais, o que deve desafogar a corte. Dona da festa Não foi só Renan Calheiros: Michel Temer também era todo elogios a Carmen Lúcia (STF) na saída da reunião do Itamaraty. DE RICARDO TRIPOU (PSDB), da Frente Parlamentar Ambientalista, sobre o Congresso tentar reverter decisão do STF de tornar a vaquejada inconstitucional. ( contraponto \ Eu existo Presidente da UGT, Ricardo Patah pediu encontro com Temer. A central está incomodada com o protagonismo de Paulinho da Força (SD-SP) na relação do Planalto com os sindicalistas. No fio do bigode Patah dirá que a UGT é hoje a segunda maior central do país, com 1,4 milhão de filiados. A Força Sindical, diz, tem pouco menos, 1,3 milhão. De perto Fábio Lepique, que já foi assessor especial de Geraldo Alckmin, será o adjunto de Bruno Covas na Secretaria das Prefeituras Regionais de João Daria em SP. Não conta para ninguém Em reunião com investidores e executivos de bancos na última segunda-feira (24), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dava prognósticos animadores sobre a votação da PEC do teto de gastos marcada para o dia seguinte. Em dado momento, um dos presentes saca o celular e logo começa a recitar indicadores positivos do mercado financeiro. - A Bolsa está subindo e o dólar, caindo - contou um empresário. Mas Maia achou por bem conter o otimismo: - Melhor não mostrar isso para os deputados, ou ninguém vai votar a PEC do teto! Mas nem tanto Por essa nota de corte, apenas uma condenação poderia ejetar alguém do primeiro escalão. Pirlimpimpim A tentativa de evitar o "climão" entre os três Poderes foi tamanha que, durante a reunião, a magistrada chegou a ser chamada de "Fada Madrinha" por um ministro de Michel Temer. Vai que cola Líderes comunitários de São Miguel Paulista, extremo leste da capital, pretendem entregar a Daria lista tríplice com nomes sugeridos por moradores à subprefeitura da região. Amigos? Depois das rusgas com Renan, Alexandre de Moraes usou parceria do Ministério da Justiça com o governo de Alagoas- comandado pelo filho do senadorcomo exemplo de boa prática para redução da violência. Ideia fixa O governo de SP busca não só um representante do Estado em Brasília. Quer também um assessor de imprensa para facilitar a comunicação com Geraldo Alckmin. Otucano tenta conquistar projeção nacional de olho nas eleições de 2018. Aparências enganam Apesar dos acenos públicos, Barricada Para tentar ministros dizem que as ares- manter o controle de Santo tas continuam - e que vão André, o PT escalou 2.000 demorar mais um tanto para militantes para fiscalizar loserem totalmente ap~adas_:__ __5ais de_yotação no <!_omingo. O GLOBO Página 29 I 10 / 2016 16 - Rio ANCELMO GOlS ANA CI.AuniA GUIMAilÃEs, DANIEL BRUNET E TIAGO ROGERO O fardão de Geraldinho 100 anos da Revolução Russa O festivo empresário Ornar Peres, 56 anos, o Catito, dono dos resta urantes "La Fiore ntina" e "Bar Lagoa'; se ofereceu para pagar o fardão do poeta, compositor e roteirista Geraldo Carneiro, 64 anos, i"ecém-eleito para a ABL. Se isto ocorrer, será uma novidade. Pela praxe, quem arca com os custos do uniforme de gala, cerca de R$ 67 mil, é o governo do estado em que o acadêmico desenvolveu sua obra. No caso do mineiro Geraldinho, seria o Rio, que está falido. As editoras já estão de olho no centenário da Revolução Russa de 1917, um dos mais importantes acontecimentos do século XX. que implantou o regime comunista por lá A Cia. das Letras vem com um livro do historiador Daniel Aarão Reis: uma antologia de textos históricos. E mais ou;ra ob~, , esta sobre as controvérsias suscitadas por aqueles Dez dias que abal~ o mundo, para usar o título do famoso livro do jornalista americano John Reed (1887-1920), que cobriu a tomada do poder pelos bolcheviques. Só que••• Nos últimos anos, essa regra de estadualizaçãojávinhasendo maleável. No caso de FH, que nasceu no Rio e fez carreira em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin se fingiu de morto. A conta terminou sendo paga por Eduardo Paes, mesmo sofrendo restrições de gente do MP. Números de guerra A pesquisadora Cecília Minayo, da ENSP /Fiocruz, cruzou os dados de Ministério da Saúde e Rede Sarah de hospitais, sobre vítimas de armas de fogo. Segundo a p esquisa, 83% das pessoas que são internadas após terem sido atingidas... morrem. Viva o samba! Reabertura do Laura Alvim Marisa Monte, a talentosa cantora e compositora, 49 anos, vai participar do especial de fim de ano de Roberto Carlos. O programa do Rei será em homenagem aos cem anos do samba. Fechado para obras por mais de ano, o Teatro Laura Alvim será reaberto dia 17, com "A paixão segundo Adélia Prado'; com Elisa Lucinda e direção de Geovana Pires. O espetáculo faz parte do projeto Vivo EnCena. Por falar em centenário... Fafá de Belém vai cantar o "Hino Nacional" - cuja interpretação ficou famosa nas manifestações pelas "Diretas, Já'; nos anos 1980 - na cerimônia d e entrega da Ordem do Mérito Cultural, que celebra também os cem anos do samba, dia 7, no Palácio do Planalto. A grande homenageada da festa, como se sabe, será Dona Ivone Lara, conhecida como a matriarca do samba, de 95 anos. E mais••• Dos que sobrevivem, 80% acabam paraplégicos. A violência é, hoje, a terceira causa de morte no Brasil entre pessoas de i o a 49 anos, atrás só de doenças cardiovasculares e câncer. A tocha de Vanderlei O Comitê Rio-2016 pode até estar mal das pernas, m as seu leilão rende uma boa grana Até agora, o item mais caro foi a tocha com que Vanderlei de Lima - o ex-maratonista que, em Aten as (2004), só n ão ganhou o ouro porque foi agarrado por um padre irlandês- acendeu a Pira Olímpica, no Maracanã. Foi arrematada por módicos... R$ 216 mil. Zona Franca A Scuoladi Cultura, de FabrizioSassi, abre hoje o seu Festival Literário lnfantojuvenil. Às 17h, Karla Faria lança o livro "Dando um jeito no jeitinho", pela Nitpress. A Taco lança projeto LAB de c ustomização gratuita de jeans, em cinco lojas do Rio. O La Vie en Rose, no Shopping da Gávea, festeja hoje 37 anos com coquetel às 14h. Felippe Mattoso faz exames que pesquisam a mutação dos genes BRCAl e BRCA2. Nonato França festeja seis meses no Ha ir Blond, do lpanema Tower. Golden Goal e ICONvão patrocinar a 1~edição do FestJazz in Rio, que abre no dia 4, na Hípica. CON abriu unidade na Torre do Rio Sul. Carlos Thiago CesárioAivim foi reeleito na presidência do Polo Novo Rio Antigo. um Dia de Finados O cemitério Jardim da Saudade de Paciência vai trazer de Assunção, no Paraguai, a orquestra Reciclados Cateura, no dia 2. É formada por adolescentes da periferia que utilizam instrumentos musicais feitos 100% d e sucata. No progra ma: Bee thoven, Mozart, Vivaldi e Bach. Dia dos Namorados A 27DCâmara Cível do Rio condenou a Delta, dos EUA, a indenizar em R$ 15 mil um brasileiro. É que, por causa de atraso no embarque e de uma escala não programada, ele acabou perdendo o... ,_ almoço romântico de Dia dos Namorados. A moça, també m brasileira, estava em Nova York. Cena carioca um: Ao perceber, quinta passada, que homem, veja que horror!, olhava para os seios de uma jovem mãe que amamentava, dentro do vagão feminino' do metrô e no horário da exclu sividade · delas, um grupo de mulheres expulsou · o sujeito da composição. O homem ainda tentou se explicar dizendo que estava olhando "p!fl<l o rosto" da criança. Aos gritos de "vaza~ ele teve de sair correndo. Há testemunhas! O GLOBO 29 I 10 / 2016 Página 23 - Economia Bovespa registra a primeira aber:!ura_de capital após 16 meses de 'seca' Ritmo de oferta de ações deve crescer se a economia retomar o crescimento ANA PAULA RIBEIRO [email protected] -sAo PAliLO- A Bolsa brasileira pôs fim ontem a um período de 16 meses de seca com a abertura do capital da empresa de medicina diagnóstica Alliar Médicos à Frente, cujas ações começaram a ser negociadas no pregão. A operação, que rendeu R$ 766,4 milhões à companhia, sinaliza que investidores e empresas veem um ambiente de negócios no país mais promissor. Mas a retomada será gradual, antecipa a maioria dos analistas. - Se houver uma recuperação da economia, aí sim teremos mais ofertas. Há um grande número de empresas que se prepararam e, como ~mbi~nte econômico estava rurm, tiveram que adiar os planos. Elas devem retomar o processo, e novos nomes devem aparec~r - avaliou Carlos Lobo, s~ct.o da área de mercado de capitais do Veirano Advogados. EM 2011, ESTRElA DE 25 FIRMAS o presidente da BM&F~ove~­ pa Edemir Pinto, é mats otimista. Ele acredita que 2017 vai ser "o grande ano" do ~er­ cado de capitais, com o n~e­ ro de novas ofertas de aço:s podendo chegar a 25, mé~h~ registrada a partir de 2005, Imcio da ascensão dos estreantes na Bolsa brasileira. - O ano que vem vai ser o grande ano dos IPOs (sigla em inglês para oferta inicial pública de ações) no mercado de capitais. Em 2005, já tivemo~ um ótimo ano, mas 2017 Vai ser o grande ano - disse Pinto, após a cerimônia de _início das negociações das açoes da Alliar, que caíram 4% , a R$ 19,20, na estreia. Em 2005, a Bolsa registrou 19 operações de oferta de açõe~, que movimentaram R$13,9 btlhões. Desse total, nove ofertas foram iniciais (IPOs), nos moldes da operação da Alliar. A Log, empresa de imóveis comerciais da incorporadora MRV, é uma das que se preparam para abrir capital. A companhia já está com registro em análise pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Também é esperada a retomada, pelo governo federal, do processo de abertura da Caixa Seguridade, parado desde qu,e a crise econômica se acentuou. Além disso, ofertas de empresas que já estão na Bolsa, os chamados follow-on, também devem movimentar o mercado. Foram seis ofertas dessa modalidade este ano, até agora, o que é considerado um número pequeno. Marcos Ribeiro, responsável pelas áreas bancária e de mercado de capitais do Stocche Forbes, diz que há uma demanda reprimida tanto das empresas quanto dos investidores: -Essas ofertas devem acontecer no primeiro trimestre de 2017. O apetite por elas vai depender das expectativas em relação ao Brasil, por isso, !S re- formas são importantes e a conjuntura política (também). Mas é um mercado mais criterioso. Tivemos alguns traumas, como as empresas do Grupo X, os investidores estão mais seletivos. VALORIZAÇAo DA BOLSA É CHAVE E, embora a Bolsa acumule alta de 28,5% no ano, parte dos empresários pode esperar por uma recuperação de preços maior antes de colocar um pedaço de sua empresa à venda. -O mercado ainda deve ficar um pouco parado e só fica bom quando há várias emissões de menor porte. Os preços ainda estão depreciados, e nenhum empresário quer vender assim. Só se estiver precisando - afirmou Guilherme Dantas, advogado da área &ocietária do Si~~ira Castro. • ..... Números R$766,4 MILHÕES Foi o valor levantado pela empresa de medicina díagnóstica Allíarem sua oferta inicial de ações 25 EMPRESAS Éo potencial de estreantes no pregão de ações em 201 7, segundo a Bovespa · 28,5 PORCENTO Éa valorização acumulada da Bolsa brasileira desde janeiro deste ano O GLOBO Página 29 I 10 ~/:Af:LÇQBQ 12016 26 - Economia Dólar sobe a R$ 3,197, em meio a temor com eleições americanas Investigações do FBI sobre candidata democrata afetam mercado RENNAN SETII [email protected] ALTOS EBAIXOS O dólar comercial fechou ontem em alta de 1,26% contra o real, cotado a R$ 3,197, seguindo a tendência global para moedas emergentes com a desvalorização de commodities e com o FBI (a policia federal americana) abrindo nova investigação sobre os e-mails da candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton. A notícia fez com que os investidores passassem a enxergar aumento de risco de uma derrota da democrata para o republicano Donald Trump, de quem o mercado financeiro vem sendo crítico. Por causa disso, mesmo tendo caído ao m enor valor desde julho de 2015, R$ 3,106, na terça-feira, o dólar encerrou a semana com valorização de 1,04%. No mercado de ações, a notícia sobre a Hillary Clinton tirou força da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), mas o índice Ibovespa conseguiu encerrarestável (alta de apenas 0,09%), aos 64.307 pontos. O giro financeiro foi de R$ 8,3 bilhões. O noticiário eleitoral americano foi compensado pelos resultados corporativos de empresas como AMOEDA Usiminas e BRF. AMERICANA A divisa americana VAI CAIR MAIS? já subia pela manhã por causa do cresciSaiba como se mento mais forte que o proteger de esperado na economia oscilações dos EUA, que reforçou glo.bo/2ffehtK as apostas de que os juros devem voltar a subir este ano no país. O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu à taxa anual de 2,9% no trimestre passado- o maior avanço da economia americana em dois anos. COTAÇÃO DO DÓLAR EM REAIS PETRÓLEO RECUA E AFETA EMERGENTES Com isso, os juros futuros dos EUA passaram a antecipar chances de 83% de o Federal Reserve (Fed, banco central do país) elevar juros na reunião de dezembro, contra 78% na véspera. A notícia do FBI surgiu no meio da tarde, fortalecendo a tendência.' 3,164 Menor valor da moeda americana em relação ao real desde julho de 2015 3.0 21/10 24/10 25/10 Fonte: CMA -Quando saiu a notícia sobre a Hillary, por volta das 15h, o dólar "esticou'; e a Bolsa brasileira perdeu força, seguindo o comportamento do mercado lá fora - disse Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença. Agora, os investidores vão ficar atentos às repercussões disso no fim de semana. Isso vai definir o comportamento dos mercados na semana que vem. A queda de 1,53% do petróleo do tipo Brent, a US$ 49,70, também influenciou na desvalorização de moedas de emergentes. Os investidores estão avaliando as chances de os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de implementar um congelamento na produção em um encontro que será realizado em novembro. Mesmo não sendo membro, o Brasil participará de uma reunião do grupo hoje em Viena. Também contribuiu para a alta do dólar a briga pela formação da Ptax, taxa de câmbio mensal que serve de referência para diversos contratos cambiais no fim de todo mês. Além disso, com a proximidade do prazo fmal para 26/10 ONTEM 27/10 Editoria de Arte repatriação de recursos, na segundafeira, os investidores entenderam que a entrada de dólares por conta dessa lei já está praticamente esgotada. CENÁRIO MELHOR PARA USIMINAS Após o fechamento do mercado, o Banco Central (BC) anunciou que fará, na segunda-feira, operação conhecida como leilão de linha - que equivale à venda de dólares com o compromisso de recompra no futuro. Serão dois leilões com a possibilidade de chegar a US$ 3 bilhões. O leilão de linha tende a desvalorizar o dólar. Entre as ações, a maior pressão positiva veio da BRF, que subiu 3,07% após ter registrado lucro de R$ 18,1 milhões no terceiro trimestre. Já a Usiminas disparou 11,3%, depois de divulgar seu balanço. Embora a empresa tenha registrado o nono prejuízo trimestral consecutivo, de R$ 107 milhões, as perdas estão diminuindo. Já os papéis da Petrobras ON (com direito a voto) caíram 0,62%, enquanto a PN (sem voto) ficaram estáveis. As ações da Vale PNA (sem voto) avançaram 0,29%. • Com agências internacionais O ESTADO DE SÃ O PAULO ---=3:....::0--=-/---=1:...::.. 0__:./...:::2~ 0 1=.6 . ::.___ Página A4 - Política \ () ES~r-\Il \ () : -EZAMATAIS : MARCELO DE MORAES , >> Podia ser melhor. É que : COl.UNA!XlfSTADAO@ESTADAOCOM : POUTICAESTADAOCOM.BRIBLOOS/COlliNAOOESTAOAO; eles perderam a quebra de braço com a Receita Federal, que conseguiu que Temer vetasse o artigo que garantia empréstinlo de pessoas físicas. >> Expect ativa. O PMDB Na corrida por 2018, só Alckmin se fortaleceu uma eleição marcada pela grande incidência devotos nulos e brancos e de abstenções do eleitorado, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é um dos raros políticos que têm o que comemorar. Alckmin bancou com sucesso a candidatura de João Doria, prefeito eleito no primeiro turno em São Paulo e se fortaleceu na corrida sucessória de 2018 . Foi b em melhor que eventuais rivais. O senador Aécio Neves ainda t enta salvar a eleição de seu aliado, João Leit e, em Belo Horizonte. J ~o chanceler José Serra passou ao largo da eleição. N » Pauliceia. Candidatos e » Plano. O ministro dos aliados de Geraldo Alckmin podem vencer em 13 dos 20 maiores colégios eleitorais do Estado de São Paulo. Filiados do partido se elegeram em 10 cidades e aliados do PSB e PV administrarão outros 3 municípios do interior de São Paulo. Transportes, Maurício Quintella, apresentou para a Casa Civil os principais pontos do Programa de Aviação Regional. » Calma l á. Aliados de Aé- cio Neves, entretanto, lembram que a política nacional do partido, conduzida pelo senador mineiro, pode garantir aos tucanos o controle de nada menos do que dez prefeituras de capitais. » Adversários. Fora do ni- nho tucano, o PT de Luiz Inácio Lula da Silva sofreu derrota pesada, reduzindo suas prefeituras no País a menos da metade. A Rede, de Marina Silva, não fez nem 4% dos votos na soma de seus candidatos às prefeituras de São Paulo e Rio. » Procura-se. Os deputa- dos cariocas já estão de olho no eleitorado do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Terceiro mais bem votado no Rio de Janeiro em 2014, Cunha deixou 232 mil eleitores órfãos. planeja aumentar seu reduto eleitoral. No primeiro turno, Alagoas, terra natal de Renan Calheiros, comemorou ao conquistar 39 prefeituras, crescimento de s6% em relação a 2012. » Torcendo. Reeleito em Santos, o tucano Paulo Alexandre Barbosa está de olho na recuperação da Petrobrás para aquecer a economia da cidade em 20 17 . » Mas... Enquanto não se define a questão da liderança do governo no Congresso, Romero Jucá discute um plano digital para melhorar a imagem do PMD B. >> Desgaste. Existe preocupação com a rejeição de parte da opinião pública em relação ao partido. >> Apostas. O prefeito espe- ra que a empresa instale em Santos um centro de pesquisas e a nova sede de exploração. COM NAIRA TRINDADE E MARIANA DIEGAS. COLABOROU SARA ABDO 1 (ESPECIAL PARA O ESTADO). » Pacote. O programa será lançado nas próximas semanas com investimentos em pelo menos so aeroportos. REPROO\JÇÃO FACEBOOK I » CLlCK. O governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB-AL), aplica a vacina contra febre aftosa num boi na segunda etapa da campanha de vacinação no Estado. » Mais ou menos. Empresá- rios comemoraram apenas de formà parcial a sanção da Lei do Supersimples, assinada ontem no Palácio do Planalto por Michel Temer. » SINAIS PARTICULARES. Geraldo Alckmin, govern ad or de São Paulo (PSDB) AGENDA Segunda, 31 Quinta, 3 de novembro Reunião de Michel Temer com o secretário-geral da ONU Presidente da Câmara volta a Brasília após missão oficial O presidente receb e Ant ônio Guterres e participa da reunião da Comunidade dos Países de Lín- Em sua primeira viagem oficial como pr esident e da Câmara, Rodrigo Maia visita a ex-república soviética d o Azerbaijão. gua Portuguesa. / O ESTADO DE SÃO PAULO Página A6 - Política 30/ 10 /2016 llORA KRA1\1ER O E-mail: [email protected] Twitter: @DoraKramer O silêncio das urnas N _ ,_ o primeiro turno das eleições municipais havia dois polos de atenção: o desempenho do PT e o resultado em São Paulo. Ambos surpreendentes. O primeiro pela escassez e o segundo pela abundância de votos obtidos pelo candidato que da maneira mais completa encarnou o repúdio ao petismo. Hoje, dia de escolha em cidades com mais de 200 mil habitantes, entre as quais 18 capitais, a estrela da companhia é a ~leição ·no Rio, onde concorrem dois candidatos cuja rejeição é assunto em qualquer roda que reúna mais de dois cariocas. As pesquisas apontam um aumen~o substanc~al de intenções pelos vo- to.s em branco e nulos, confirmando o que se ouve em toda parte: estamos numa sinuca de bico. Sim, nós, porque estou entre aqueles cujo título de eleitor obriga o comparecimento à uma para escolher entre Marcelo Crivella e Marcelo Freixo, dois opostos extremos que subtraem de boa parte do eleitorado a motivação positiva ao voto. De onde a expectativa é a de que o Rio seja a cidade campeã no quesito ausência de escolha, aí incluídos os que votarem em branco, nulo ou simplesmente ignorarem a obrigatoriedade formal. Porto Alegre apresenta si. tuação semelhante no que tange à indisposição eleitoral. O exercício dademocracianãoacon- 1 I [ selha à abstenção. O ideal seria que cadaumfizesseumaopçãoeseresponsabilizasse por ela. Melhor ainda se isso não fosse uma imposição legal e o direito ao voto um gesto de vontade, como de resto ocorre na ampla maioria das - - -- Reza o mito, mas não é verdade, que votos nulos e I brancos anulem eleições 1 dias. Ocorre que a nulidade aí tem outro sentido. Refere-se aos votos anulados pela Justiça Eleitoral caso somem mais da metade dos válidos. ···········································'·•········· ··········· ·· democracias ocidentais. Mas, nem I A lei prevê as situações em que isso possa ocorrer. As de maior arosempre é possível e a recusa, notada- 1 plitude dizem respeito a fraudes gemente quando em quantidade muito j neralizadaseàeventualperdadoreacima do habitual, requer uma leitura · d d'd d d acurada. Mas essa é outra história que I giStro a can 1 atura o vence or, por exemplo, por abuso de poder fica para ser analisada e contad~a p_a r_-_ econômico (compra de votos). Há outras: violação do sigilo do tir de amanhã. voto, fechamento das umas antes Razões para indiferença, desgosto do horário previsto em lei (17 hoou revolta com a conduta de determi- · 1 ras), fraude na uma eletrônica, uso nados políticos não faltam e provavel- 1 de identidade falsa por parte do eleimente elas serão o tema da discussão tor, voto em seção diferente daquepós-eleitoral. Efica por aí aconsequênla indicada no título, restrição ao dicia. Não há outra, não obstante o mito reito de fiscalização, realização das de que votos em branco e nulos em eleições em dia, hora ou local que quantidade superior àvotação do vennão os legalmente estabelecidos: cedor tomem inválida uma eleição ou Portanto, não há resultado prátique sirvam para beneficiar esse ou co decorrente da manifestação de aquele candidato. Pura lenda urbana. protesto ou de indiferença, embora A contagem da Justiça Eleitoral leva a depender do volume haja um recaem consideração apenas os votos válido claro a ser compreendido pelo dos. Ou seja, descontados os votos em I mundo político. Inclusive em relabranco e nulos que vão literalmente ção à obrigatoriedade do voto. para o lixo. Portanto, quem se ausenta, vota em branco ou anula protesta de DORA KRAMER ESCREVE ÀS forma inútil do ponto de vista do venceQUARTAS·F'EIRAS E AOS DOMINGOS dor, eleito com qualquer quantidade. Á Uma hipótese absurda, mas real: ainda que haja 90% de votos inválidos numa eleição, o resultado será computado leI vando em conta o universo de 10% de I votos válidos. O mito da nulidade tem origem numa interpretação equivocada do Código Eleitoral, que no artigo 244 diz o seguinte: "Se a nulidade atingir mais 1 da metade dos votos" será convocado um novo pleito no prazo de 20 a 40 1 l O ESTADO DE SÃO PAULO ----=3~0_!_/_:.1~0_:_1-=.2=01=--=6:...____.._ Página A8 - Política ~l~IAl\TE A CANTANHEDE $ E-mail: [email protected] Twitter: @ecantanhede Cadê os 'outsiders'? A PT perde, PSDB ganha, PMDB estabiliza e 'outsiders' continuam fora ocontráriodoalardeado de~­ de o primeiro turno, esta eletção que termina hoje não consagrou nem privilegiou os "outs~­ ders" da política. Os novos prefeitos de Norte a Sul serão políticos de carreira e a rejeição do eleitorado à política e aos partidos não se dá pelo voto a arrivistas, mas pelo não voto: abstenção, nulos e brancos. A exceção que confirma a regra no segundo turno é Alexandre Kalil, empreiteiro que se fez à sombr~ do Estado, apresenta-se como antlpolítico, xinga a política e concorre pelo inexpressivo PHS contra ? tucano João Leite em Belo Honzonte, \_ uma d~s três principais capitais do_ País e a grande indefinição de ~?je. Mas, em vez de prejudicar a pobttca, ele a ajuda. . Por quê? Porque se aprove1ta ~o ar_nbiente da Lava Jato e da corrupçao SlS1 têmica para fazer campanha contra a política, mas não é nenh~ exe~plo de pureza. Kalil, o n_ão po~t1c~,.f01 co?-denado porapropnaçao mdeb:ta ~ ~ls­ temática do INSS de seus funcwn~os e deve 1 6 anos de IPTU. Como vrrar 1 I prefeito se suas dívidas com o setor público somam muitos milhões de reais? Pretende cobrar de si me~mo? Sua campanha tem traços ffilStllrados de Trump, Collor e PSTU: "Nã? ~os · 1ítlCOS, · Kali1 31, > "Chega de pohtlca, po alil Kalil 31 ", "Fora PSDB, Fora PT, K 31". Ou seja, ele quer entrar 71<: jogo (metáfora bem adequada à eletçao de ~H), mas finge que não e condena o Jogo. Isso é deseducativo, ajuda a mass~car a ideia de que a política e ~s políucos são sujos. Logo, a democracia e um mal. E por que Kalil é o antipolítico e João Daria não pode ser classificado assim? Daria como Dilma e Haddad, nunca tevem~dato antes, mas disputou prévias no PSDB de São Paulo, reafirmou uma identidade partidária, fez campanha -- - sob o patrocínio do governador Geraldo Alclanin e ao lado de deputados e vereadores... Entrou no jogo sem disfarces. Não negou a política, não deseducou. Olhando-se para as 18 capitais onde há segundo turno, a eleição é en?"e r:olíticos. Rio, o máximo da polanzaçao, com Crivella (PRB) e Freixo (PSOL); Porto Alegre, Marchezan (PSD B) e Sebastião Melo (PMD B); Recife, Geraldo Júlio (PSB) e João Paulo (PT): Mac~ió, Rui Palmeira (PSDB) e CíceroAlme1da (PMDB) ... Cadê os "outsiders"? t~ve Nessa visão panorâmica, o uma derrota acachapante no pnme1ro turno (só venceu em Ri_? Branco, n~ Acre) e? ex-pref~ito ,J~ao Pa~o esta bem atras no Rec1fe, umca cap1tal onde o partido concorre. Na outra ponta, o PSDB teve a vitória espetacular de Doria e levou Teresina no primeiro turno, concorrendo em oito capitais no segundo, com boas chances em P?rt? Alegre, Maceió, Manaus (Arthur~rrgt­ lio) e Porto Velho (Dr. Hildon). Ha e~­ pate técnico em BH e os tuca?-os estao atrás em Campo Grande, Cmabá e Belém, apesar dos três governadores seremdoPSDB. Dos maiores partidos, PMDB disputa Porto Alegre, Florianópolis, Ma- P! I I ceió, Macapá, Goiânia e Cuiabá e o PSB está na disputa no Recife, em Aracaju e em Goiânia, mas outra característica desta eleição é a pulverização partidária, com PSD (Curitiba e Campo Grande), PSOL (Rio e Belém), PMN (Curitiba e São Luís), PDT (São Luis), PRB (Rio), PP (Florianópolis), PPS e Solidariedade (ambos em Vitória) , Rede (Maca1 pá), PCdoB (Aracaju) , PTB (Porto Velho) e PR (Manaus). Conclusão: PTvai mal, PSDB tende a ser o grande vitorioso, PMDB mantém uma força disseminada, uma profusão de partidos pinga pelo mapa brasileiro, mas a eleição não é um jogo de "outsiders", mas de profissionais.A política continua sendo dos políticos e o protesto crescente do eleitor no mundo contemporâneo é mais pela abstenção, voto nulo ou em branco do que pelo 1 voto em arrivistas. O eleitor irritado prefere meter o sarrafo nos candidatos pelo Facebook e pelo Twitter do que votar. Mas quem vota tenta fugir do perigo maior. ELIANE CANTANHÊDE ESCREVE ÀS TERÇAS E SEXTAS-FEIRAS E AOS DOMINGOS 30 / 10 / 2016 O ESTADO DE SÃO PAULO Página B 1 - Economia & Negócios ~!:YJ(QBQ Tribunal. Segundo lvcs (randra Martins Filho, desde que assumiu o posto ele ouve de empresários e parlamentares a o·ítica de que a Justiça trabalhista 'superprotegc' os empregados; c, se há tanta reclamação, diz, 'é porque alguma coisa está acontecendo' Presidente do TST vê 'desbalanceamento' da Justiça em favor dos trabalhadores Murüo Rod•igues Alves BRASÍLIA O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra da Silva Martins Filho, disse ao Estado que a Justiça do Trabalho precisa analisar se não há um "desbalanceamento" nas decisões a favor dos empregados, protegendo demais o trabalhador. "Será que a balança não está pesando demais para um lado?", questiona. O TST é a última instância em processos relacionados à legislação trabalhista. Desde que assumiu a presidência do órgão, no início deste ano, Ives Gandra ouve de empresários e parlamentaresacríticade queaJustiça trabalhista superprotege o empregado em detrimento das empresas. "Se há tanta reclamação no setor patronal, alguma coisa está acontecendo." A última cen sura, p orém , veio de um colega do Judiciário. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou que o TST tem "má vontade com o capital" e adota uma jurisprudência no sentido de "hiperproteção'' do trabalhador. "Esse tribunal é formado por pessoas que poderiam integrar até um tribunal da antiga União Soviética. Salvo que lá não tinha tribunal", ironizou Mendes, fazendo rir a plateia de empresários presentes em um seminário sobre infraestrutura, em São Paulo, no dia 21 deste mês. No mesmo dia, o presidente do TST lamentou, em nota, a forma "infeliz" como se expressou Mendes. No entanto, ele não assinou ofício encaminhado esta semana à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),Cármen Lúcia,porl8 ministros do TST que lastimaram as declarações de Mendes. 'Misturadamente'. Para Ives Gandra, o papel do TST é conciliar os interesses de trabalhadores e empregados. Ele recorre ao autor Guimarães Rosa e diz que as partes do processo precisam reduzir as expectativas para que haja acordo. Em vez do "felizes para sempre", comum n os contos de fadas, é mais apropriado para ele usar ''viveram felizes e infelizes misturadamente", parafraseando o autor do livro Grande Sertão Veredas. O presidente do TST estima que o número de processos recebidos nas varas trabalhist as deve bater recorde este an o e chegar à marca de 3 milhões, o maiorvolume já registrado desde 1941, quando com eçou a série histórica do tribunal. No ano passado, foram 2,66 milhões. A tendência acompanha o aumento do número de demissões em razão da crise econômica e do clima de incerteza n o País. A taxa de desem prego está em n,8% no trimestre móvel encerrado em setembro, com 12 milhões de p essoas em busca de um trabalho no País, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) . 30/ 10 /2016 O ESTADO DE SÃO PAULO Página C2 - Caderno 2 DIRETO DA FO~VfE SONIARACY O j Blog: estadão.com.br/diretodafonte F-booJc facebook.comfSoniaRacyEstadao tnstagram: @colunadiretodafonte Timing eleitoral :\"o fio da navalha · Passado o segundo turno hoje, GilmarMendes quer uma reunião com Rod.rigo Maia e Renan Calheiros para falar de ... reforma eleitoral. E o ministro tem pressa: para as mudanças valerem em 2018, o prazo disporúvel é de um ano. Wagner Moura quer (Wmeçar a filmar seu Marig1i.e1la no primeiro semestre de 2017. O filme está em fase de captação e finalização de roteiro. "Neste momento de retração econômica: e polarização política, a captação ficou complicada", diz o ator. Sobre o roteiro, Moura afirmou que está nos detalhes finais: "Trabalhamos nele desde 2013". Mas enfrenta "as implicações éticas das pessoas que viveram a história - mas ao mesmo tempo o filme não é um documentário. Vivemos no fio da navalha". Para o presidente do TSE, "não adianta discutir modelo de financiamento sem se definir o modelo eleitoral" -leia~ se, o total de panidos. Guerra fiscal A guerra fiscal entre os Estados aumentou o trabalho no STF,quetambémfuncionano _ papel de corte da federação. Dias Toffoli já contou mais de 100 ações diretas apresentadas sobre o assunto. "Temos mais de 5mil municípios. Já pensou se a gente receber ação de todos?", comentou. Samba no Planalto O centenário do samba será o tema central da festa na entrega da Ordem do Mérito Cultural, dia 7 de novembro. E a principal homenageada, Dona Ivone Lara. Aquisição de peso Amos Genish, o superexecutivo do setor de telecomunicações, foi convidado para atuar com o conselheiro do board de administraçãodoBTG. Rildo Hora, produtor, e o diretor Cesar Augusto vão organizar a noite para o MinC, no Palácio do Planalto. j J l FOLHA DE SÃO PAULO Página 30 I 1O I 2016 A4 - Poder PAINEL NATUZANERY [email protected] Laços de família Acompra pelo Grupo Petrópolis de parte de uma mineradora que tem Leonardo Picciani (Esporte) como sócio entrou na mira de relatório de inteligência financeira feito por órgão de controle da Fazenda para a Lava Jato. Ogrupo pagou R$ 5,5 milhões aos Picciani logo após ter recebido R$ 36 milhões de uma empresa com capital de R$ 1.000. "A movimentação foi caracterizada pelo recebimento com imediato pagamento ou de transferência a terceiros sem justificativa", diz o documento. ' ' tiroteio Oclima não éde velório, Çde efervescência do regime democrático. Eno tranco da carroça que as abóboras se ajeitam. DE CARLOS AYRES BRITIO, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, sobre a semana de turbulências entre os Poderes Legislativo e Judiciário. ' ' contraponto Boca fechada não entra mosquito Durante jantar de João Doria com os 25 vereadores eleitos por sua coligação, na segunda-feira (24), no Terraço Itália, Zé Turin (PHS) disse a Julio Semeghini (PSDB) que o próximo encontro deveria ser em uma churrascaria. Pudera: ele é dono de um açougue. Quando Doria terminou seu discurso, chegou a vez de Turin falar. Semeghini logo interrompeu: - Fala o que você me disse ali no canto - encorajou o tucano. - O quê? - questionou o futuro vereador. - O que estava me dizendo lá fora, ora! - Ah! Que eu quero a subprefeitura de Santo Amaro? Outro lado Procurado, Enquanto é tempo Às Jorge Picciani, pai do ministro vésperas da decisão do Cone responsável pela empresa, gresso sobre cortar recursos diz que a compra de parte da públicos para partidos nanimineradora pelo Petrópolis cos, multiplicam-se pedidos foi legal e que ele não tem res- de registro de siglas na Justiponsabilidade sobre a origem ça Eleitoral. São 52 novos grudos recursos que o pagaram_ pos tentando se oficializar_ Sem mais OGrupo Petrópolis sustenta que se trata de compra e venda de ações. Gregos e troianos Na lista, há os ligados a causas ambientais, corno o Animais; os religiosos, como a UDC do Errou o alvo Passado o B(União da Democracia Crisprimeiro turno das eleições, tã do Brasil); e os esportistas, ministérios começaram a re- corno o já notório PNC (Parceber romaria de deputados tido Nacional Corinthiano). pedindo algo inusitado: que as pastas cancelassem recurMangas de fora Deputasos liberados a pedido deles dos que votaram contra o irnpara municípios em que os peachment- mas agora inaliados foram derrotados. tegram a base de Michel Temer - começam a se acotoMeu umbigo Corno parte velar por espaço no governo. das obras só era esperada para 2017, os parlamentares não Mudei de lado Eles tiquerem ver adversários triun- nham ficado fora da partifando com o esforço alheio. lha inicial, mas, como votaram com o Planalto no teto de Desinteresse públicQ-Q gastos, já se acham nietécecaso mais emblemático ê dores de um cargo ou outro. o de urna cidade em que a mãe de um deputado nãofez Casei.,pl'imeiro A&.bano sucessor, e ele correu ao go- cadas que estão com Temer verno para pedir o bloqueio. desde o início - principalmente as do Nordeste - coDo barulho Em uma das meçam a se movimentar para visitas ao marido, lsabela barrar a concorrência. Odebrecht ouviu de Marcelo: "Nossa, foram presos uns CarnêdabúellddadeO caras barras-pesadas aqui". comando do PR paulista discutiu com Geraldo Alckmin Ato falho? A mulher do apoio ao tucano na disputa empreiteiro pareceu respon- presidencial de 2018. Com a der sem pensar, segundo pes- derrota do PT em SP, dirigensoas com acesso à carcera- tes dizem que a "última pargem da PF: "E você acha que cela com o petismo já foi paé o que para estar aqui?". ga" e que, agora, estão livres. Papel passado Um dos caciques afirma que o PR não quer deixar para selar o casamento com Alckmin na véspera da eleição. Pretende definir a sinecura em São Paulo logo depois do segundo turno das disputas municipais. Dureza Oprefeito Fernando Haddad está angustiado Há vagas O restaurante corn suadívidadecampanha Tia Zélia, reduto de petistas e - R$ 8 milhões, segundo o o preferido de Lula em Brasí- TSE- Os jantares de arrecadalia, está em crise desde o irn- ção não estão rendendo muipeachrnent. Olocal, que che- to e, para atrapalhar, amigos gava a ter 40 minutos de espe- dizem que o PT está ajudan_o de mesas vazJ. _ ·a _s_. _ d_o_ rn_enos do que deveria. ra,_es_tá_fart FOLHA DE SÃO PAULO Página 30 I 10 / 2016 3 - Mercado ENTREVISTA HENRIQUE MEIRELLES 0f\~\ A -·. .... . ,NCORO . . . '· ., ., , _,_ ,_, , ..,._, ., Retomada da economia não será algo esfuziante MINISTRO DA FAZENDA DIZ QUE RECUPERAÇÃO DA ATIVIDADE SERÁ LENTA E QUE A VOLTA DA SENSAÇÃO DE BEM-ESTAR DAS PESSOAS PODERÁ NÃO COINCIDIR COM O CALENDÁRIO ELEITORAL NATUZANERY EDITORA DO " PAINEL" RICARDO BALTHAZAR EDITOR DE *MERCADO" O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não arreda o pé do prazo mínimo de dez anos para rever o teto dos gastos do governo. E concorda que seria um equívoco alterar. as regras antes disso. Em entrevista na sexta-feira (28) em São Paulo, a Folha indagou se o abandono do teto antes da hora seria "suicídio". O chefe da equipe econômica consentiu: "Ah, sim". A proposta de emenda constitucional que cria.o teto de gastos foi aprovada pela Câmara dos Deputados e agora será examinada pelo Senado. Ela congela os gastos do governo, l4nitando sua correção à inflação do ano anterior. Numa entrevista recente, o presidente Michel Temer sugeriu que o mecanismo poderia ser revisto em quatro ou cinco anos se a economia melhorar; mas Meirelles não polemiza com o presidente. "Se a· situação melhorar muito, o país voltar a crescer muito, o PIB crescer muito, o Congresso é soberano para mudar a Constituição", disse o ministro, enfatizando a palavra "muito". "Nossa previsão é que o tempo necessário são dez anos", acrescentou. Ele afirma que o êxito do teto depende de uma reforma profunda para frear a despesa com a Previdência Social, a que mais cresce no OrçaNossa expectativa é q4e semento. "[Sem a reforma], o ja aprovada ainda neste ano. efeito seria um aumento de tributação, porque tem de pa- Embora o governo garanta um gar a conta", disse o ministro. piso para os gastos com saúde, Sempre apontado como hâ preocupação porque os cusvirtual candidato ao Palácio tos do sistema tendem acresdo Planalto em 2018, Meirel' cer com o envelhecimento da les diz não fazer concessões população e o teto limitarâ as em nome de pretensões polí- despesas daqui para a frente. ticas. "Se vou ser candidato, Nada impede que o Connão vou ser candidato, isso é 1 gresso aloque mais recursos conversa de político", disse. na saúde, mantendo o teto. Essa justificativa não deveria ser usada como razão Folha - O que mudou na opi- para que se mantivesse um nião dos investidores com aumento insustentável das quem o sr. falou desde que as- despesas públicas, que não é sumiu o ministério, em maio? financiável no médio prazo e Henrique Meirelles - Há muito menos no curto prazo. uma grande confiança de que nosso plano deve ser bem-su- Se a economia reagir, haverâ cedido, um grande otimismo tentação de rever o teto? em relação às possibilidades Um limite constitucional de investimento no Brasil. Inão se muda com facilidade. * Nenhuma preocupação? A primeira preocupação é com a implementação completa do ajuste fiscal. A PEC do Teto, a Previdência e outras medidas que possam ser necessárias. Outra preocupação é com a produtividade, a taxa decrescimento potencial do país e a criação de oportunidades de investimento. A PEC do Teto serâ aprovada com facilidade no Senádo? ' ' [Sem refonna da Previdência], o efeito vai ser um aumento da tributação. Tem que pagar a conta. Mais importante do que se aposentar alguns anos antes, mais cedo, é você ter a certeza de que vai receber sua aposentadoria. Na Grécia, a Previdência quebrou Além disso, está claro que o que levou o Brasil à crise foi justamente o crescimento das despesas públicas. Entre 2008 e 2015, elas cresceram três vezes mais do que o PIB (Produto Interno Bruto). Em 2008, o sr. estava no governo Luiz Inâcio Lula da Silva, de onde só saiu em 2010. Certo, mas a inflação estava na meta [perseguida pelo Banco Central, que Meirelles presidiu]. Não temos condições de continuar gastando recursos como se fossem produzidos de forma mágica. Tivemos essa ilusão antes, e isso gerou a hiperinflação. Como estarâ o humor dobrasileiro em 2018, na próxima eleição presidencial? _Difícil prever, mas o importante é que ternos feito o dever de casa. Com a PEC e areforma da Previdência, o país estará caminhando melhor. O bem-estar do cidadão virá, não necessariamente dentro do calendário eleitoral. E se o Congresso não aprovar a reforma da Previdência? O efeito vai ser um aumento de tributação, porque tem que pagar a conta. Se olharmos 40 anos à frente, apenas para financiar o aumento dó deficit da Previdência, impostos e contribuições teriam de aumentar dez pontos percentuais do PlB. Não é factível. Mais importante do que se aposentar alguns anos antes, mais cedo, é você ter a cer- , FOLHADESÃOPAULO Página 30 / 10 / 2016 3 - Mercado teza de que vai receber sua aposentadoria. Na Grécia, por exemplo, a Previdência social quebrou. Isso é o que nós estamos evitando agora. O Congresso será sensível a isso, num momento em que o desemprego é tão elevado? A crise e o desemprego são os argumentos para a necessidade do ajuste. Acredito no contrário. Se o país estivesse muito bem, seria mais difícil aprovar a reforma. O fato de que isso levou o Brasil à crise dá força para a mudança. Opresidente Michel Temer se aposentou aos 55 anos, antes da idade mínima que propõe agora, 65 anos. Isso prejudica a capacidade do governo de conquistar apoio à reforma? Acho que não. A Constituição preserva direitos adquiridos, não só daqueles que já se aposentaram. Não se está discutindo tirar as aposentadorias dos aposentados. Quem se aposentou aposentou. Como o sr. vai convencer a cúpula do governo de que é preciso fazer uma reforma profunda na Previdência? Todos concordam que o país tem que sair da crise, e que o teto de gastos é fundamental. O que importa agora é o país crescer e criar empregos. Houve um alinhamento completo do governo, principalmente da área política. Temer disse que o teto pode- Ele constatou um fato. Se a situação melhorar muito, o país voltar a crescer muito, o PIB crescer muito, o Congresso Nacional é soberano para mudar a Constituição. Agora, nossa previsão é que o tempo necessário são dez anos. Dez anos não é um período muito longo de arrocho? A nossa previsão é que, em dez anos, as despesas do governo deverão cair de 19,5o/o do PIB para 15,5o/o do PIB. Estamos possivelmente na maior recessão da história do país. Não é hora de aumentar impostos. Todo dia, algum setor pede redução de impostos para voltar a crescer. Não estamos fazendo nenhum. O momento é de voltar a crescer. A tributação brasileira já é muito elevada, e a despesa pública também é muito elevada. Temos que controlar as duas coisas. Conseguirâfechar as contas de Ou seja, seria suicídio rever a 2017 sem aumentar imposto? medida em três anos? Sim. A arrecadação neste Ah sim. ano com o programa de repa' triação [de recursos mantidos Porquenãoaumentarimpos- 1 il~g.al_mente no exterior] p~~­ tos, taxando heranças e gran- ~tira ~segura~ ~ equilídes fortunas, por exemplo, bno mator no prmamo ano. para compensar os sacrificios A recessão acaba neste ano? impostos pelas reformas? Temos previsão de crescimento no ano que vem. Não há dúvida de que a retomada do crescimento será um RAIO-X processo mais lento do que HENRIQUE em crises anteriores. Pela MEJRELLES, 71 dimensão do deficit público, pelo tamanho da recessão, e Nascimento: Anápolis (GO), porque a crise demorou muiem 31 de agosto de 1945 to. As empresas precisam se reestruturar, as pessoas têm Formação: engenharia civil que pagar dívidas. Não será na Escola Politécnica da USP uma retomada esfuziante. Cargo: ministro da Fazenda desde 12 de maio Carreira: presidiu o conselho de administração da J&F, presidiu o Banco Central de 2003 a 2010 e foi presidente mundial do BankBoston O sr. é candidato a presidente? Sou candidato a fazer um bom trabalho no Ministério da Fazenda e botar a economia para crescer. Qualquer discussão sobre isso, principalmente minha, é negativa. Deixando a porta aberta para uma possível candidatura, osr. não alimenta desconfianças? Estou no mercado há 40 anos. Conheço o mercado. A preocupação do mercado é saber que meu foco é lOOo/o na economia, no ajuste fiscal, em botar o Brasil para crescer. E que não há concessão política. Não há dúvida a essa altura. Se vou ser candidato, não vou ser candidato, isso é conversa de político. Os políticos estão assustados com a Operação Lava Jato. A instabilidade pode prejudicar o andamento das reformas? Não vejo políticos adotarem posição contrária às reformas porque se sentiram desestabilizados ou estão preocupados. Não vejo o Congresso parando de cumprir suas funções por causa dessas questões. Pelo contrário. É o momento de o Congresso cumprir sua missão. Não há risco com a Lava Jato? Pode ser risco para algumas pessoas. É normal. É para isso que temos instituições, tem aí o Supremo Tribunal tomando decisões, o Congresso discutindo, a imprensa atuando. As instituições do país estão num processo de amadurecimento. ria ser revisto antes da hora. I O GLOBO 30 I 10 /2016 Página 40 - Rio b\~fYÇ.QBQ ·-.- ........._ ANCELMO GOlS ANA CLAUDIA GVIMARÃts, DANIEL BRUNET E TIAGO ROGERO R$ 1.400.000.000,00 'Sic transit gloria mundi' Veja como este retorno do filho pródigo à casa paterna, a tal repatriação de bens e ativos mantidos por brasileiros no exterior, envolve uma grana alta. O advogado de um repatriador foi, sexta passada, a um banco em São Paulo para pagar, veja só, R$ 1,4 bilhão à Receita Federal. O Japonês da Federal sentiu o baque. Após a repentina fama do Hipster da Federal, que já contratou até assessor de imprensa, seu colega Newton Ishii deixou de lado o jeito afável com os presos e passou a tratá-los com menos carinho. É como dizià o centenário Dr. Ulysses Guimarães sobre quem depende da fama: "Tantos são assassinados, crucificados, frustrados. Foi trágico o fim de Cristo, Kennedy, Garrincha, Marilyn Monroe, Elvis. Os Asilos dos Artistas testemunham as terríveis palavras: 'Sic transit gloria mundi": Só que••. Na hora de preencher o Darf, descobriu que, na versão impressa deste boleto usado para pagar o Leão, não caberia o total de dígitos da quantia devida. A solução, então, foi fazer, para o mesmo pagamento, dois Darfs: um de R$ 900 milhões e outro de R$ 500 milhões. O prazo para a regularização termina amanhã, e a Receita pode embolsar uns R$ 60 bilhões. Ouem se habilita? A companhia aérea Azul deve anunciar esta semana a realização de um sonho acalentado desde que foi criada, em 2008. O de efetuar um IPO, sigla em inglês de Initial Public Offering, que significa que a empresa fará a primeira oferta de ações, abrindo o seu capital. A vez da tunna da bufunfa A força-tarefa da Operação Lava-Jato prepara uma investigação sobre corretoras e bancos que teriam ajudado políticos e empresas a lavar dinheiro de propina da Petro bras. Mexa-se, Sarney Filho! O aumento de 25% do desmatamento da Amazônia (segundo o INPE) é atribuído ao lhama, que está sem recursos e sem equipes no campo. O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, parece acomodado. Tomara que não! Nas asas da Panair Rio não passou na Portela A mansão na Gávea, no Rio, que abriga a atual edição do Casa Cor, onde morou o casal Celso e Malu da Rocha Miranda, está à venda por R$27 milhões. Celso (1917-1965) foi sócio da Panair e da Internacional de Seguros. Por causa d e sua amizade com Juscelino Kubitschek, ele foi perseguido pela ditadura. Mudou o nome do emedo da Portela. Agora, é "Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar?" O anterior, "Foi um rio que passou em minha vida, e meu coração se deixou levar..:; era um verso da música famosa de Paulinho da Viola, e teve de ser mudado por questões de direito autoral da gravadora. Os outros detalhes do Rei Será lançada em abril de 2017 uma nova biografia de Roberto Carlos, assinada por... Paulo César de Araújo, autor do polêmico "Roberto Carlos em detalhes': censurado pelo próprio Rei, em2007. A nova obra- que deve se chamar "Roberto Carlos e outros detalhes"demorou um pouco para ser feita. É porque o autor r~solveu incluir o período entre 2006 e 2016, posterior à proibição do primeiro livro. Não 'tá' fácil para ninguém A querida rede Livraria Cultura tem , pedido um pouco de paciência a seus credores. Pérolas do Tonico Postagem de Tonico Pereira, o querido ator, no Facebook: "A classe média politizada, inclusive, defende as pu!as, mas é incapaz de casar com uma mulher que transe de forma livre e prazerosa!!!" Isto em Frei Paulo.. : ELEIÇÕES2016 Jagger apoia Crivella Lei Luiz Gonzaga Uma turma gaiata que detesta o Crivella espalha esta arte por aí. Nela, Mick Jagger, cuja fama de pé-frio é planetária, surge apoiando o 10. O • • • mau agouro pode não funcionar, mas um pouco de humor é tudo o que o Brasil precisa. Uma conhecida entidade ligada ao meio artístico estuda recorrer ao STF contra a lei que proíbe o showrnício. Alega que isso afeta o mercado de trabalho de cantores e músicos, que tinham nas eleições em 5,5 mil cidades uma boa fonte de renaa Aliás, durante anos, Luiz Gonzaga (1912-1989), o Rei do Baião, viveu de shows em comícios. .l O GLOBO 30 I 10 /2016 Página 45 -Economia Tarifas, indexação, alimentos e dólar freiam queda da inflação Mesmo com recuo do PIB de 6,8% desde 2015, IPCA está em 8,48% CÁSSIAALMEIDA [email protected] O Brasil está vivendo o segundo ano seguido de recessão, com a economia encolhendo 6,8% desde o início de 2015. Mesmo assim, o lndice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de base para as metas de inflação, acumula 8,48% nos últimos 12 meses. Como é possível a inflação ainda estar num patamar tão alto com o país passando pela recessão mais longa desde o início do século passado? Medidas econômicas, indexação (recomposição de preços .com base na inflação passada), subida do dólar, tarifaço de energia e choque de alimentos explicam a situação. José Márcio Camargo, economista-chefe da Opus Gestão de Recursos, afirma que o tarifaço de 2015 (alta de 50% na conta de luz, 20% na gasolina e de 9,15% no transporte público) respondeu por quase um quarto da inflação daquele ano, que chegou a 10,67%. Mas o tarifaço ainda contamina o índice este ano, por meio do repasse desse auinento de custos para a produção e os serviços: - Somente agora os índices de inflação começam a mostrar os efeitos da recessão. Economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas afirma que as tentativas do governo de manter a inflação sob controle causaram assimetrias. E os reajustes represados em anos anteriores explodiram em 2015, quando a recessão chegou a 3,8%. Intervenções na cotação do dólar, para mantê-lo artificialmente baixo, preço da gasolina contido e queda no preço de energia por decreto causaram as distorções. Assim, a demanda contraída não conseguiu impedir a alta da inflação quando essas travas aos preços foram retiradas. - As distorções foram corrigidas em 2015, e os preços subiram muito fortemente - diz. Nessa conta, entra a indexação, ainda comum num país que chegou a ter 5.000% de inflação ao ano, num passado não muito distante, há 23 anos. A população se protege e embute a inflação passada nos preços, principalmente nos serviços, que já deveriam estar recuando com mais força diante da massa de 12 milhões de desempregados: - As mensalidades escolares devem subir 10% depois do segundo ano seguido de recessão (espera-se contração do PIB de 3,22% este ano) - diz Freitas. Sérgio Vale, economistachefe da MB Associados, afirma que a prestação de serviços é ligada diretamente aos reajustes do salário mínimo, que este ano subiu 11,6%: -Os trabalhadores nos serviços têm um nível salarial menor que o da indústria, e o setor é muito afetado pelo reajuste do mínimo. Esse é um dos motivos para a inflação de serviços resistir mais a cair. Essa preocupação aparece nas atas e relatórios de inflação do Banco Central (BC), ao explicar os motivos de a taxa básica Selic estar em 14% ao ano, ·o que representa um juro real (descontada a inflação) de 8,5%, mesmo com país em recessão. Na opinião de Vale, a preocupação é jus- tificada, mesmo com as críticas de excesso de cautela do BC boa parte do mercado esperava que o Comitê de Política Monetária (Copom) da autarquia reduzisse os juros para 13,75%, e não para 14%, na última reunião, dia 19. Para Vale, a queda gradual dos juros não é só para trazer a inflação para meta de 4,5% a qualquer custo em 2017: - A queda de juros me dá a impressão de que o BC quer que a meta caia para 3%, num "Somente agora os índices de inflação começam a mostrar os efeitos da recessão" Jos6 Márcio Camargo Professor da PUC horizonte mais longo, trazendo os juros para patamares mais baixos também. E vencer a indexação dos serviços é um passo importante. A política fiscal tem papel fundamental nessa equação. O Brasil tem um déficit nominal (incluindo o pagamento de juros da dívida pública) de R$ 587,038 bilhões, o que corresponde a 9,64% do PIB. Os gastos do governo aumentam a demanda na economia, o que dificulta a redução dos preços. Como a União deve ter um déficit primário de cerca de R$ 170 bilhões este ano e de R$ 140 bilhões no ano que vem, sem contar o pagamento de juros, a política fiscal pouco vai ajudar no combate à inflação. Por isso, Vale e Freitas defendem a proposta de emenda constitucional (PEC) que limita o crescim ento dos gastos públicos à inflação do ano anterior e a reforma da Previdência. Na opinião dos economistas, o Banco Centrai tem sido mais cauteloso para compensar o papel da política fiscal. Mas há riscos nessa cautela, diz Luiz Roberto Cunha, professor da PUC: - Os riscos podem ser crescentes nos próximos meses, especialmente para a reforma da Previdência, se o ambiente político piorar. Mas aí teremos um problema maior para este Copom cauteloso, pois sem redução mais intensa da Selic, a atividade econômica não se recupera e a popularidade do governo pode cair, dificultando ainda mais as negociações no Congresso. _O economista diz que a crise nos estados pode também comprometer a política fiscal. Mesmo com todos os obstáculos no caminho, a inflação está cedendo. As projeções são de que fiquem abaixo de 7% este ano e possa chegar ao centro da meta, de 4,5%, no fim do ano que vem, como espera o BC. Além dos juros altos, está prevista uma supersafra em 2017, deixando para trás a inflação de alimentos que chegou a 16,15% nos últimos 12 meses. O tarifaço já passou, o dólar, que chegou a custar R$ 4,15 no início do ano, está perto de R$ 3,20, e os preços dos serviços devem subir cada vez mais devagaij prevê~ • , O ESTADO DE SÃO PAULO Página A4 - Política t '<)I J.-.\.\ >< ) I~S'li\ J))\<) 31 I 10 I 2016 : ANDREZAMATAIS e Venezuela ; MARCELO DE MORAES ; COLLI'IAOOESTAOAO@ESTAOAOCOM ; POUTICAESTAOAO.COM SR/8LOOS/CQ UNA-lXH.STAUW/ ENTREVISTA ···· ··· ··· ······························· ·········································· ············· ··· ······ Teresa Surita, prefeita reeleita de Boa Vista (PMDB-RR) 1 'No Brasil, o mundo da política é machista' e Machismo O eleitor não é machista. Mas o mundo da política é. Tem lugares e partidos aonde a política é feita por pessoas de idade, homens e machistas, que predominam. • Preconceito no Congresso om quase So% dos votos dos eleitores de Boa Vista, em Roraima, Teresa Surita foi a única mulher a se eleger no primeiro turno como prefeita numa capi' tal. No momento em que o empoderamento feminino ganh~ cada vez mais força, essa mudança de cenário continua passando longe da política. Apenas outras duas mulheres chegaram ao segundo turno em capitais: Rose Modesto (PSDB), em Campo Grande, e AngelaAmin (PP), em Florianópolis. Teresa chega à prefeitura pela quinta vez e avisa: "a política é machista, mas isso não me pata". C Fui duas vezes deputada federal. Senti muito isso dentro do Congresso. Você não tem espaço. As pessoas só tratam com você sobre assuntos sociais. Só te ofe1 r:cem parti~ip~ção de atuaçao em com1ssoes menores. A luta da mulher dentro da política, principalmente a I nível nacional, é uma coisa onde você tem de provar sempre a sua capacidade. e Obstáculos O que é muito claro na política, para mim, é que realmente é um espaço machista. Mas isso não me para. Porque, para mim, tanto faz. Porque faço política. Mas minha relação é maior com as pessoas, com a comunidade, com a cidade. Teresa Surita prefeita reeleita em Boavista (PMDB-RR) e Acho que a política hoje não é atrativa para as mulheres. Porque é um espaço muito machista. Acredito que as mulheres foram perdendo o interesse. Sinceramente, acho que foram perdendo o interesse nessa luta muito bruta, muito masculina. E o que aconteceu com o impeachment de Dilma Rousseff, que é mulher, também teve influência. Temos 63% da população do Estado. É uma cidade complexa. Você tem 90% da frota de veículos. O único hospital infantil é da prefeitura. Tem de atender o Estado todo, as fronteiras. 1 Cidade-Estado e Doenças O maior problema é Saúde. Estão entrando com malária, difteria. Não temos estrutura para atendê-los, nem vacinas suficientes. • Preconceito A mão de obra deles é mais barata. Às vezes, trocam trabalho por comida. E isso está desempregando brasileiros na região. Já está tendo preconceito contra eles. • Prostituição Tenho mais facilidade de fazer parceria com o exterior do que no Brasil. Tudo aqui fica no eixo São Paulo, Rio, Minas Gerais. É cultural do nosso País. E não chegam lá em Roraima. Nunca tivemos problema de prostituição dessa maneira. Agora, está bem visível. Tanto que a gente sempre leva para a fronteira e deixa em Santa Helena, junto com a Polícia Federal. Mas, em duas semanas, voltam. O Bolívar está muito desvalorizado. Então, se vier para o Brasll e ganhar R$ 10, volta para a Venezuela e alimenta a família. • Busca de recursos e Boa Vista é uma cidade que está crescendo muito. Crescemos mais de 12% ao ano. E é uma cidade isolada. Nossa relação é maior com o exterior, com Venezuela e Guiana, do que com Manaus ou outra cidade mais para baixo. E temos poucos recursos. Fazemos tudo com muito planejamento. A situação da Venezuela está muito difícil. Estão desabastecidos. Não tem comida. Compram tudo em Pacaraima. Estou esperando mais vinda de venezuelanos. Só que não estou preparada para isso. e e Poucas mulheres A entrada maciça de venezuelanos, fugindo da crise de lá, me preocupa muito. Pacaraima não tem estrutura. É uma cidade pequenininha, de 3 mil pessoas. Então, estamos recebendo todos em Boa Vista, porque não ficam em Pacaraima. E você tem um comportamento dos venezuelanos diferente dos haitianos. Porque os haitianos vieram para o Brasil para ficar. Os venezuelanos estão perto de seu país para voltar assim que puderem. Então, param ali. Dificuldades Drama ENTREVISTA A MARCELO DE MORAES b\ijt:!(QBQ O ESTADO DE SÃO PAULO --=3~1_:.._/_!1~0_:...1..=2_::_ 0 1::. . :6Página B5 - Economia Repatriação deve bater expectativa do governo Montante já arrecadado está próximo da meta de R$ 50 bilhões; rit~o das adesões teria sido prejudicado por tentativas de_mudanças na lei -- Adriana Fernandes Eduardo Rodrigues I BRASÍLIA --- No último dia do prazo final para a regularização de at_i: vos no exterior, o governo Ja chegou próximo da m~ta_de arrecadação de R$ so bdhoes com a chamada Lei da Repatriação. Os con~ribuint~s têm até a meia-n01te de hoje para declararem seu~ bens no exterior mantidos ate ~ezem­ bro de 2014 pagando 0 rmposto devido e mais uma multa que, somados, equivalem a 30% da riqueza sonegada. Com os valores arrecadados chegando a quase R~ so bilhões, o total ~e Declaraçoes ~e Re~­ larização Cambial ~ Tnb~tana (Dercat) entregues a Receita Federalaté ontem à noite ultrapassava o volume de R$ 160 bilhões de ativos regularizados, informou ao Estado uma fonte da equipe econômica. Na avaliação da fonte, o grande volume demonstra que, ao contrário de outros países que não tiveram tanto sucesso, o modelo adotado pelo Brasil funcionou por ter alíquotas em ní- -- veis próximos das alíquotas normais do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF). Pelo programa, os contribuint es que enviaram dinheiro ao exteriorsem declarar à Receita podem trazer os recursos de volta ao País pagando alíquota de IR de 15%, mais multa de 15%. A lei prevê anistia às pessoas que aderirem ao programa dos crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e falsificação de dados. "Tal adesão só foi possível porque os contribuintes que tinham recursos sonegados têm alta percepção do risco de que, se não regularizarem, serão identificamos e autuados pela fiscalização da Receita", disse a fonte. "Isso mostra um Fisco forte, com instrumentos para identificar recursos no exterior a partir de 2017", completou. dos, por meio de um projeto que, entre outras medidas, adiavaoprazofmaldoprogramapara novembro. "Várias notícias sobre prorrogação e alteração do modelo criaram expectativas indevidas", acrescentou a fonte. Na última sexta-feira, a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, adiantou que o dinheiro extra da Lei de Repatriação será usado para quitar os chamados "restos a pagar" em aberto de obras e programas que deveriam ter sido pagos em anos anteriores. No mesmo dia, a juíza federal substituta Diana Maria Wanderlei da Silva, do Tribunal Regional Federal da La Região, negou pedido da mulher do deputado cassado Eduardo Cunha, Cláudia Cruz, para participar do programa. Ritmo. Na avaliação do gover- no, o ritmo de declarações no início de outubro foi prejudkado pelas tentativas de alteração na lei pela Câmara dos Deputa- • Balanço R$ 50 bi é a expectativa de arrecadação do governo federal com a repatriação de recursos mantidos ilegalmente no exterior por pessoas físicas e jurídicas R$160 bi é volume de ativos regularizados por meio das Declarações de Regularização Cambial entregues à Receita Federal até ontem à noite, segundo fontes da equipe econômica O ESTADO DE SÃO PAULO ----=3~1_!_/~1:. .: :.0. . . /-= :. 2:.0'-'--' : . . 1 6_ Página B5 - Economia PARA ENTENDER ·············-·································· ······· 4. Termina prazo Qual seri1â consggt~ência para as Jle$soas gúe não fizerem a declaração? de adesão 1. Quem não teve condições de aderir ao programa será autuado. Para não ser autuado, deve retificar a âeclaração e, de forma esp.entânea, pagar o imposto e 0s encargos moratórios. O que acontece com quem não repatriar e a_ Receita tiver informaçoes de que tem dinheiro lá fora não declarado? Será aberto um processo de fiscalização. 2. 5. Quais são os passos a serem seguidos pela Receita nesses casos? Qual a garantia ele que a lista dos contribuintes que aderirem ao programa não será divulgada? Intimar o contribuinte para que apresente alguma justificativa e documentos que demonstrem que aqueles valores identificados no exJ terior já foram tributados. A divu1gação está vedada pela lei. Além do mais, tratase de sigilo fiscal. A Receita lembra que clad0s das declarações dos contribuintes não são divu1gados. 3. 6. Quem não declarou esperando uma decisão do Supremo Tribunal Federal para permitir a adesão de parentes de políticos no programa de repatriação poderáfazerdeP<Hs? Não. Poderá sim retificar suas declarações de irnpo~to ; de renda e pagar o ~~1..\to normal com mu1ta e JUros. Quem terá acesso à lista? Somente a Receita Federal e ' o Banco Central. 7. Políticos serão Investigados? , Não existe nenhuma atividade, nem eontribuinte, imune à fiscalização. ········-············································· O ESTADO DE SÃO PAULO Página B 11 - Economia 31/ 10 /2016 FINANÇAS PESSOAIS Investidor pessoê) física passa a apostar mais na Bovespa · Busca pela renda variável aum ent a com voltado otimismo sobre ret om ada da economia Jéssica Alves Malena Oliveira A Bovespa deve encerrar 2016 com um retomo positivo depois de três anos no vermelho e essa perspectiva já começou a atrair pessoas fisicas para a renda variável. Até o fechamento da última sext a-feira, o Índice Bovespa acumulava ganhos de 48,35% em2016. · Assim, em um ano, a participação de investidores individuais no volume total de recursos negociados na Bolsa passou de 12,8% para 19%, segundo dados de setembro. Porém, no mesmo período o número de contas cadastradas nessa categoria teve um comportamento inverso e recuouo,32%. Esse movimento é interpretado como o início de uma discreta migração para a renda variável. "Desde maio o investidor moderado está optando por alocar um pouco mais de seus recursos na Bolsa", afirma o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido. Ele explica que o afastamento e odesfecho do processo de impeachment de Dilma Rousseff motivaram essa busca. O corte nos juros -o primeiro em quat ro anos -, as reformas fiscais em discussão no Congresso e o otimismo quanto à melhora da eco- norríia influenciam o apetite maior pela aplicação. No entanto, para o sócio-diretor da Easyinvest, Márcio Cardoso, a renda fixa continua atraente. "Ainda temos uma Selic de 14% ao ano", destaca. "O perfil desse investidor é o de quem está !}a casa dos 30 anos e busca complementar sua renda", diz Raphael Figueredo, analista da corretora Clear. A simplificação do acesso às plataformas de negociação e o volu. me de informações divulgadas sobre investimentos t ambém favorecem a busca por aplicações além do Tesoure Direto, completa Figueredo. Meta. A estratégia de antecipar os movimentos do mercado fez com que o servidor público Daniel Pontoni vendesse boa parte de suas ações este mês. Ele, que se cadastrou em uma consultoria de investimentos e ~efiniu metas _p~a seus que acompanham o rendiganhos, vinha adquirindo papéis de empresas de vários seto- 1 ment:o do Ibovespa, como o Exch ânge Traded Fund res desde o fim do ano passado (ETF), que reproduz o come aproveitou boa parte da alta portamento da carteira de do Ibovespa este ano. "Estácio ações do índice. e Kroton foram uma novela. In"A Bolsa ainda est á muito vesti em ambas as empresas de barata em termos histórieducação antes da fusão e vendi as ações depois, na alta", cos", diz o administrádor de investimentos Fábio Colomexemplifica. Esse comportamento está bo. Mais ganhos, porém, delonge do usual, pois o público pendem dos cenários político e econômico. costuma ser atraído nos movime:ntos de alta. "Uma perda de s% representa pouco para PARA LEMBRAR quem já ganhou quase so% no ano. Mas para quem acabou de entrar, é significativa", dizMarCom incentivo da Bolsa, al_cos N~o, planejador certifigumas corretoras passaram a oferecer taxa zero a quem cado pelo Instituto Brasileimigra pçrra o Tesouro Direto rode Certificação de Planejae, assim, ampliaram o númedores Financeiros (IBCPF). ro de clientes. A melhora no Para quem deseja investir na cenário político, a aposta de Bolsa, ele recomenda comum novo corte nos juros e a prar aos poucos pro_dutos - - -inflação dando sinais de que deve ceder abriram novas possibilidades de investimentos para o público, o que também geraria ganhos para essas empresas. ~- MAIS EMOÇÃO 556.989 .... ei'll o número ~ e Investidor i ndividual coloca mais fichas na renda variavel cadastros de pessoas físicas na faM&FBove-spa •m setembro/18 Participação da pessoa física no volume financeiro EM PORCENTAGEM 19,6 18 16,1 1 11 1I 11,9 SET 2015 OUT NOV DEZ 1114 11 JAN 2018 FEV MAR ABR JUL =.:..:.:." !."'""''" '-'W ' "' ""'"' C:."'"" ' " ' " '" '-' ' ' '-''-"-' "'"'"" ''''~:.: •••"•'•·•::.;. • • • • • :.:_ •: ••• • •• •• .. •.:._••• ·• ~· -- ·--- ~ -- ' FOLHADESÃOPAULO Página 31 I 10 / 2016 A4 -Poder PAINEL NATUZANERY [email protected] Via de mão dupla A área técnica do Tribunal Superior Eleitoral viu indícios de irregularidades nas prestações de contas dos diretórios nacionais de PT, PMDB e outros quatro partidos nanicos nas campanhas municipais deste ano. As siglas foram cobradas a dar explicações sobre as contribuições que caíram na "malha fina" da Justiça, depois do cruzamento de informações dos doadores com o de outras bases de dados do governo. Os casos mais comuns são o de renda incompatível com o valor doado. ( ' · tiroteio Ogoverno colecionou vitórias no Congresso porque, diferentemente da gestão anterio~; apostou no diálogo como palavra-chave. D~ DE~UTADO ANDRÉ MOURA (PSC-SE), líder do governo na Câmara, sobre os pnme~ros ~!leses da relação do presidente Michel Temer com os parlamentares. ' ' contraponto Tem desconto? Convidado pela Fundação FHC, o diretor global de infraestrutura da KPMG, o inglês James Stewart, havia feito um resumo sobre as tendências no mundo para investime~tos em infraestrutura e sobre o programa de concessoes do governo. Após sua fala, o secretário de articulação para investimentos do PPI, Marcelo Allain foi convidado a falar. ' ~ Gostaria de convidar o Stewart a trabalhar no PPI. Já sabe tudo o que temos de fazer. - Terão de pagar em libras! -gritou um convidado. , - Aí é um problema, um risco cambial que não gostanamos de tomar... -retrucou Allain. Invasões bárbaras Partidos nanicos foram à desforra. O PRB ganhou no Rio, o PHS em BH e o PMN em Curitiba. Ficará mais difícil fazer avançar no Congresso achamada cláusula de barreira mecanismo que tira as pequenas siglas do jogo eleitoral. Rumo ao ostracismo o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), elegeu prefeito da capital São Luís o aliado Edivaldo Holanda Jr (PDT) e selou a hegemonia de seu campo político. Baniu a família Sarney do controle de 154 das 217 cidades. Faça o qué eu faço Oministro da Fazenda, Henrique Meirelles, aposentou-se pelo INSS em 2012, aos 66 anos um ano acima da idade mínimafixada em sua proposta de reforma da Previdência. Seu benefício é de R$ 5.004,38. Ocasião A decisão do STF de permitir corte de salário de servidores em greve levou o Planalto a estimular a tramitação de um projeto de lei do líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP). Sobrou a panela No projeto, o senador tucano propõe regulamentar regras Ecumênico "O resulta- mais duras para paralisações do geral desta eleição mos- de funcionários públicos. tra que, para a esquerda, só Lenha na fogueira O é possível vencer nas urnas se ampliarmos em direção texto está na Comissão de ao centro", afirma Dino, que Constituição e Justiça e enadministra o Estado com o frentava fortíssima resistência do governo Dilma Rousapoio do PT e do PSDB. eff...P.a.lacianos avaliam que Lavoura ar~aicaA'S'bm~ _ s:"'" ,_ --~ go.,.,. . . ... .~sr um b~Jllo­ cas e ._apreensões feitas pela mento para desenterrá-lo. PFna~aÇâoLavaJaton.e "' ., endereçoSdoex-rninistroAnQuem anda A pedido tônio Palocci não renderam de Romero Jucá (PMDB-RR) e muitos frutos à investigação. da prefeita de Boa Vista, Teresa Surita, o governo fedeNa vanguarda A escassez ral enviou emissários à capide dados relevantes no mate- tal de Roraima para levantar rial coletado, incluindo o ce- casos de entrada irregular de lular adquirido pelo petista venezuelanos no Brasil. no ano passado, pode indicar que Palocci já se preparaS.O.S Após a solicitàção, va para não deixar rastros po- a Casa Civil reuniu os ministencialmente compromete- térios da Defesa, Justiça, Redores, dizem investigadores. lações Exteriores e da Saúde para decidir como agir. Há relatos de multiplicação de mão de obra barata, prostituição e tráfico de drogas. Sem machado A Federação Nacional dos Policiais Federais, preocupada com retaliações ao agente Lucas Valença, o "lenhador da Federal", acionou sua área jurídica para defendê-lo. Entreguei pra Deus Resignado com o listão da OdeDistância Candidata à. brecht- rankíng de políticos vaga da Câmara no CNJ, Ana citados na delação- um mi- Luísa Marcondes, que trabanistro de Michel Temer assim lhou com Renan Calheiros, definiu seu humor com a pro- foi exonerada de um cargo de messa de colaboração bom- confiança no Conselho Nabástica da empreiteira: "Vai cional do Ministério Públiser do tipo todo mundo dan- co depois de aparecer na TV ça. Já nã~ me estresso rp.ais". conversando com o ex-chefe. FP::o:_s~~::~~ 31110 /2016 b\/YYf..QBQ Ha~cos estimulam aplicação na poupança Institmçoes finan ceiras apostam em sorteios e novas versões do investimento para tentar evitar resgate do dinheiro gastarR$14,95 em uma com.com isso, o banco espera Caderneta rende 6,17% pra no débito, saem R$15 da . cnar um apelo emocional que conta-corrente, e os R$ 0,05 e~timule o hábito de poupar, mais TR ao ano, menos de diferença vão para essa 1 ~ Edson Pasc~al Cardozo, do que outros produtos poupança alternativa. diretor de emprestimos e fide renda fixa e abaixo Frederico Ferrari de Lima, nanciamentos do BB. superin tendente-executivo A modalidade tem 20 mil _ ~o índice de inflação de investimentos do Bradesclientes e saldo próximo de co, afirma que o objetivo é a TÁSSIA KASTNER R$ 50 milhões - o banco tieducação financeira e o estíDE SÃO PAULO nha quase R$ 150 bilhões em mulo ao hábito de _QQ_upar. depósitos de poupança em juInvestidores e bancos ennho, dado mais recente. "Qual outro produto que traram em uma espécie de "O produto está ajudando eu poderia aplicar apenas queda de braço ao redor da na retenção da carteira", diz R$ 1, que fosse simples de poupança. Enquanto o pouCardozo. Ele argumenta que, contratar e de entender?", arpador resgata o dinheiro enquanto a caderneta encogumenta, sobre o estímulo a guardado -para pagar as lheu lo/o em 12 meses no sisaplicações em um produto contas ou aplicar em produtema, o BB perdeu 0,3o/o. com rentabilidade baixa. tos mais rentáveis-, as insti"Depois de juntar mais diA instituição ainda oferetuições financeiras investem nheiro, o poupador pode dice prêmios em sorteios para em sorteios e novas modalipara outro produto." recionar quem faz novas aplicações de dades para que os valores siO Santander é outro banco R$ 300 por mês. gam na caderneta. que aposta em sorteios para Os saques da poupança sorecompensar clientes que auHÁBITO mam R$ 50 bilhões de janeimentarem os depósitos na Michael Viriato, professor ro a setembro deste ano. poupança. de finanças do Insper, consiPara os bancos, a poupanA promoção começou em dera positiva a possibilidade ça é uma fonte barata de reoutubro de 2015, tinha prazo de estabelecer objetivos para cursos. Boa parte do dinheimas foi prorrogamais curto, guardar dinheiro. "Fazer uma ro aplicado nela vai para o fida até o final deste ano. Todo poupança é uma coisa terrínanciamento da casa própria, banco sorteia prêmios mês, o vel para a pessoa, porque siglinha que segue sendo explode até R$ 50 mil para quem rada pelos bancos mesmo na aumenta o saldo aplicado na nifica abdicar de consumir crise -apesar do aperto nas poupança em R$ 200. O banhoje para usar o dinheiro deanálises de crédito-, porque co não comentou por que inpois. Quando se atribui um o risco de calote é menor. veste nessa promoção. objetivo, fica mais palpável, e Na caderneta, o correntisViriato diz que o fato de o as pessoas acabam criando o ta ganha um estímulo para banco pagar um prêmio, que hábito", afirma. juntar dinheiro, mas está lontem um custo, indica que o "Mas o banco estimula ecoge de ser um bom negócio. produto é muito interessante nomia no produto que ele A poupança rende,_ao mês, para ele. "Se é tão interessan-quer que as pessoas guarte para quem distribuiu, será 0,5o/o mais a TR -ou 6,17o/o dem", avalia o professor. que é interessante para mais a TR ao ano, menos que Para ele, aplicações em tímim?", questiona. outros investimentos e abaitulos públicos via Tesouro DiL--xo da inflação. Nos 12 meses reto são simples e mais renencerrados em setembro, o ' Fazeruma táveis do que a poupança, IPCA esteve em 8,48o/o. mesmo para o pequeno invespoupança é uma -Há pouco mais de um mês, tidor. A aplicação mínima coisatenivelpara o Banco do Brasil lançou a nesses papéis é de R$ 30. a pessoa, porque Poupança dos Sonhos, que O Bradesco passou a oferepermite ao cliente atribuir obcer o Poupa Troco, poupansignifica abdicar de jetivos (como viajar e se apoça que é alimentada pelo "troconsumir hoje para sentar) para a reserva financo" das operações feitas em ceira e acompanhar o cresciusar o dinheiro conta-corrente. Se o cliente mento do dinheiro acumuladepois. Quando se do p~ra alcanÇ?f cada_me!a. l --- atribui um objetivo, as pessoas acabam criando o hábito MICtiAEl VIRIATO ~ofessor de finanças do Insper _ FOLHA DE SÃO PAULO Página 31 I 10 I 2016 4 - Folhainvest POR DENTRO DA POUPANÇA Poupador tem opções de investimentos mais rentáveis Diferença entre aplicações e resgates, em R$ bilhões ~ 6,17%+TR ~ é o rendimento anual da poupança 4,8 - > Esse percentual é baixo comparado a outras aplicações igualmente conservadoras jul Tesouro Selic R$1.068 R$1.112 ·12 --- =--=~= - - Os bancos estimulam as aplicações na poupança por dois motivos: <D É um dinheiro barato para eles, que podem ganhar mais com a diferença entre quanto gastam para captar e os juros cobrados nos empréstimos @ Éuma das principais fontes de dinheiro para o financia~ mento imobiliário. Essa linha é importante pro banco no período de crise, porque o imóvel em garantia reduz o risco de calote Fontes: Banco Central e Tesouro Nacional ~ set 11 -2,4 -1,1 aplicação de R$ 1.000 feita em 30.dez.15 e resgatada em 28.out.16 > Exemplo: Poupança ago -4,5 VALOR ECONÔMICO 29. 30 e 31 I 1OI 2016 Página C1- Finanças Câmbio Fluxo proveniente da repatriação, que deu força ao real recentemente, está perto do fim Dólar tende a oscilar próximo a R$ 3,20 José de Castro De São Paulo Após cair 20% no ano, o dólar pode já ter atingido o fundo dopoço frente ao real, devendo se acomodar em tomo de R$ 3,20. Os fluxos ligados à repatriação de recursos anistiados, que ajudaram na queda da moeda neste mês, são vistos como temporários e- não levaram a revisões das projeções. Estimativas das instituições consultadas para o dólar no fim de ZO 16 variam de R$ 3,10 a R$ 3,30 e, para o fim de 2017, de R$ 3,00 a R$ 3,60. O dólar rondava na sexta-feira os R$ 3,20, apenas três dias depois de ter ameaçado romper o suporte psicológico de R$ 3,1 O, nos menores níveis em 16 meses. Analistas não descartam que a moeda possa atingir novas Inínirnas no curtissimo prazo, mas veem esse cenário como cada vez mais improvável. O Morgan Stanley decidiu remover posição comprada em real do portfólio para emergentes, argumentando que a moeda pode estar em uma posição mais "vulnerável" em momentos de pressão sobre divisas emergentes. Se o dólar tende a fechar o ano "de lado", tudo indica que em 2017 voltará a se fortalecer, embora em ritmo moderado. Ainda assim, há quem acredite que o cj.ólar pode alGançar a marca de R$ ~60 - 13% aGima dos R$3,20 da üitima·sexta. Há urna série de motivos para a leitura de que o real pode já ter tido seu melhor momento. Os fluxos da repatriação deram sinais de esgotamento nos últimos dias da semana, fator que explica a alta do dólar na sexta. Conforme o fim do ano se aproxima, tende a aumentar a procura por "hedge", em meio à saída de recursos sazonais. Uma alta de juros nos EUA, embora esperada, não está totalmente considerada nos preços, 0 que gera potencial de alta global do dólar. Para o ano que vem, a expectativa de fluxo para renda fixa continua medesta, com urna volta apenas gradual sendo o cenário-base da maior parte do mercado. Somam-se a isso chances de o déficit em conta corrente oseilar em níveis mais altos que os atuitis, o que reduz o espaço pcu:a mais apreciação cambial. Devido ã necessidade de manutenção de ganhos de competitividade, espera-se que o câmbio nominal se de_precie para anular a inflação e, portanto, garantir que a taxa real de câmbio se mantenha pelo menos estável. A especialista em câmbio do Bradesce, Andréa Damico, calcula que o preço "justo" para o dólares- táentreR$3,15eR$3,20.Essevalor consid~a o comportamento global da moeda, a dinâmica de preço das commodities, além do riscoBrasil medido pelo CDS. "Mesmo depois do impeachment e da PEC dos gastos não vimos fluxo mais duradouro ao Brasil e isso, de certa forma, é uma surpresa", afirma. Nesse contexto, os fluxos relacionados à repatriação tendem a cessar, deixando de oferecer suporte ao real num momento em que remessas de lucros e dividendos e pagamento de juros devem se acelerar, levando a fluxo negativo. VALOR ECONÔMICO Página C3 -Finanças Entrevista~Para 29. 30 e 31 I 10 I 2016 j\_,A NCQ BQ president d BC d - J!/\ '" '"'"·· ...... d 4 S% e o , metas e tnflaçao Valor: Como assim? Ilan: O essencial que é: "Estae ' o para 2017 e 2018 são "desafiadoras e críveis" m os saindo da recessão?" Voltando a confiança, volta tudo, no final. Para voltar a confiança, temos que fazer reformas. À medida que vamos saindo da recessão, você tem que pensar em ou·tras questões fundamentais, que são a produtividade, a eficiência. Reformas que fazem produzir mais com os recursos que temos. Isso, ao mesmo tempo, gera crescimento e facilita o combate à inflação. Valor. Nesse caso, não estamos muito focados só na área .fiscal? Ilan: Não. A prioridade fiscal é - --~ o principal no momento porque, Ilan: A discussão obviamente sem equilibrar o fiscal, coloca-se n ão vai se restringir ao Banco dúvida sobre a dinâmica da díviCentral, no final das contas. Ela da. Uma economia não pode funenvolve o custo de manutenção cionar com dúvidas sobre a dinâdas reservas. Mas primeiro você mica da dívida. Então, começar tem que fazer a conta do benefípor essas reformas - a do teto do cio e depois tem que fazer a do gasto e a da Previdência- parece custo. Em algum momento, terá adequado. O que não pode é paque envolver pelo menos a área rar aí. Tem toda a agenda microefiscal [do governo]. Para deixar conômica que é muito relevante clara a resposta sobre a valorizae que vai determinar o crescição do câmbio: eu posso acumumento e o quanto a inflação conlar reservas, posso acumular segue cair. swaps de volta e posso não fazer Valor. A desindexação, por nada. Vai depender de como for a exemplo? situação. Essa é a solução de um Ilan: Ajudaria, exatamente. Às bom problema. vezes, não é urna agenda regulaValor. Mas o BC não pretende tória ou legislativa. As pessoas nadar contra a maré, não é? reajustam os aluguéis, reajustam Ilan: O câmbio é flutuante. A as mensalidades escolares. Não tendência vai ser respeitada. tem nada que obriga ou desobriValor. Há ma taxa de câmbio que ga a escola a aumentar, de acor- Banco Central está focado nos dados e não nas datas, diz-llan Claudia Safatle De BrasOia Para o presidente do Banco c:ntral (BC),~llan Goldfajn, "não ha nenhum obice no momento" para a inflação convergir para a meta em 2017 e em 2018. Em entrevista ao Valor, ele enfatizou que o BC está focado nos dados e não nas datas. "O que isso significa? Que se os dados me mostrarem que a coisa está indo m elhor do que . o esperado, nós vamos reagrr; se fie~ de um outro jeito, vamos reagrr de outra forma" disse. Ilan quer usar a comunica~ ção para levar o mercado a entender ~elhor a "função reação" da auto~1.d_:1de monetária. "A função reaçao e: dado o que aconteceu o ' que voce~ t:Laz? Se você estiver ali~ada .sobre como a gente reage, Isso vatlhe dar uma melhor figura do que se eu dissesse um código com o q ual me comprometi mas, depois, tive que mudar porque.a realidade mudou." . Os avanços colhidos até aqui, seJa na condução das reformas e do aju~te fiscal no Congresso, seja na desinflação, ainda não permitem sonhar com a recuperação do "grau de investimento" atribuído pelas agên~ias de rating. Mas, talvez, permitam vislumbrar uma mudança da perspectiva hoje "negativa" para "neutra", avalia. llan falou também sobre os quatro pi~ares .da nova agenda do BC, que mclmredução do custo do crédito ~arco legal do BC, eficiência d~ si.Stema financeiro e inclusão. Valor. Para além do evento darepatriação, a tendência da taxa de câmbio, se tudo der certo e tiver mais confiança, mais investimento externo, é de apreciação? Ilan Goldfajn: Não sabemos porque se tudo der certo com~ vo~ê falou_, v_ai ter mais corillança, vai ter mais mvestimento de fora mas também a inflação vai cair ~ a taxa de juros vai acompanhar. Valor. Os juros caem mas não pa- ra zero ou negativo como no resto do mundo... Ilan: tl•. não vamos chegar lá, mas, obVIamente, vai equilibrar um pouquinho mais. Tudo é diferencial. Valor. Em caso de valorização do real, oBCpode intervir? Ilan: Não temos nenhum preconceito sobre o que fazer no futuro. A gente pode intervir com swaps de um lado ou de outro comprar dólar n o mercado ã vis~ ta, acumular reservas cambiais ou mesmo não fazer nada. Valor. O custo fiscal preocupa? llan: Custo fiscal, todos os instrumentos têm. Sobre isso eu seJ?pre disse: "Olha, isso é uma coisa a ser colocada". Mas vamos primeiro sair da situação em que estamos, com a economia se recuperando. Está muito cedo para declarar vitória, e então vamos discutir o montante de reservas. ~alor: Discutir em um fórum mms amplo? Por exemplo, no Conselho Monetário Nacional? 1 toma-se danosa para as contas extemas? ~lan: O câmbio sempre tem dois lados. Tem gente que defende um lado, tem gente que defende un: outro lado. Por exemplo: a questao do câmbio é muito importante para a exportação, importante para a competitividade de que~ está substituindo as importaçoes. Essa parte é relevante para o crescimento e para o balanço de pagam entos. Por outro la?o, 0 ~resc~ento também é f:Ito de mvestimentos, importaçoes. Se os bens intermediários ficam mais baratos, o investimento fica mais barato por causa dos bens de capital importados Temos que deixar o câmbio flu~ Ni!I. Efoca!'_no essencial. do com a inflação do ano passado, mas fazem isso. Não se trata de ter uma lei proibindo. · Valor. A inflação é que tem que se tomar irrelevante? Ilan: É. As pessoas têm que avaliar e decidir que é melhor olhar para a frente e não para trás. Quando estimamos os modelos para saber quando que se foi para frente e para trás, o coeficiente de inflação futura aumentou. Quando voltamos a ter inflação alta, ele estacionou. As pessoas não entendem que congelar preços para depois descongelar não fica elas por elas depois: aqui eu congelei, ganhei um pouco de inflação; ali descongelei e paguei. O que ·vem depois é o pagamento de um prêmio muito maior. I VALOR ECONÔMICO 29. 30 e 31 / 1OI 2016 Página C3 - Finanças Valor. Os 50% de aumento das tarifas de energia elétrica em 2015 repercutem na inflação até hoje? Ilan: Até hoje, até hoje... Gera filhinhos ao longo do tempo. Como se fosse um choque de oferta. O custo aumentou. Quando há choque de oferta, a inflação aumenta ao mesmo tempo. As pessoas raciocinam como se fosse um choque de demanda. A atividade caiu, a inflação caiu. Tem choque de oferta onde a atividade cai e a inflação sobe porque o custo subiu. Agora, o custo parou de subir e ternos que batalhar conh·a a propagação, que é a inércia, a indexação. Por isso temos que ver se a inflação está caindo na velocidade adequada. Ela tem caído. Era da ordem de 10%e caiu para 7%. Valor. O comunicado do Copom se refere a uma pausa na queda da inflação de serviços. Essa é uma inflação mais resistente. Por que? Ilan: Porque os custos subiram e, depois, tem a inércia, a indexação normal da economia. Serviço é típico. Valor: Fazer a ref-orma da Previdêtzcia sem atacar a indexação de alguns beneficios ao salário mínimo tomaria a reforma manca? Ilan: Faz parte das discussões do govémo porque ela tem um componente fiscal e tem um componente inercial. Valor. O Copom mencionou, na ata, dois fatores que vão influenciar na velocidade e na intensidade da queda da taxa Selic... Ilan: Eram três, mas um caiu porque a inflação corrente se reduziu com a ajuda da desinflação dos alimentos, e ficaram dois. Valor. Ficaram as refmmas, com a aprovação do ajuste pelo Congresso, e a inflação de serviços. Esta não tem a ver com a mudança de metodoTogia do IBGE? Ilan: Não. São coisas separadas. No serviço tem coisas que são voláteis. Por exemplo, durante as Olimpíadas os preços dos hotéis e demais serviços no Rio dispararam. Se você olhar só a inflação de serviços, sem expurgar nada, o índice cheio, vai ver que ela subiu e no mês seguinte caiu. Se você tira os itens mais voláteis, consegue ver a tendência que teve queda mas, nos últimos meses, deu uma pausa. Queremos ver se ela retoma a tendência de queda. Acredito que sim. Tudo moderado, mas que seja declinante. Metade das pessoas acha que está c;~indo, outra metade acha que está subindo. E eu vou julgar, com diferentes indicadores, qual acredito que é. Valor. Serviço é a parte da inflação que mais se ressente da indexação, não? Ilan: Certamente. Por isso que estamos focando nisso. f: o que vai nos permitir ter confiança nas nossas projeções. Quando se olha as projeções-não são só as nossas, mas também a dos analistas - , elas indicam uma desinflação relevante. Caiu de quase 11%pra 7%, de 7% para 4,5%. Nós estamos falando aí de expectativa de 5%. É uma desinflação relevante. Agente pode intervir com swaps, comprar dólar, acumular reservas cambiais ou mesmo não fazer nada" Valor. !f relevante, mas o espaço para reduzir os juros ainda não é tão relevante, ou é? · Ifan: É, tenho que ter confiança, antes de tudo, na desinflação. E esses fatores me ajudam a ter confiança de que ela está vindo. Temos que olhar a floresta. A floresta é: está vindo uma desinflação. Depois, a gente tem que ver o espaço exatamente. Valor. Em que situação o senhor consideraria que a batalha foi vencida? llan: Quando tivem1os confiança nas projeções de inflação na meta e, depois, confiança nos dois fatores citados na ata. Valor: Nas suas projeções ou nas projeções do mercado? Ilan: Nas duas. Uma influencia a outra. As expectativas entram nas nossa~ projeções. Os meus modelos perguntam sobre as expectativas para poder definir a trajetória. O número não precisa ser exato, mas um influencia o outro. Valor. O que seria uma situação confortável em relação d aprovação das reformas no Congresso? já tem a PEC 241 aprovada em dois turnos na Câmara. Ilan: Vamos pensar no passado e no futuro. Acho que [as reformas] têm avançado acima das expectativas até agora. Indo pra frente, temos que avaliar como é a I continuidade desse processo. Isso ajuda na desinflação e vamos levar em consideração. Valor. No cenário de referência, mantendo o juro constante e tomando o câmbio de R$ 3,20, chegase a uma inflação de 3,9% em 2018. Isso significa que em algum momento do ano que vem, mesmo reduzindo juros, j á se poderá vislumbrar a inflação na meta? Ilan: Temos as metas de 4,5% para 2017 e 2018, que são desafiadoras e críveis. Achamos que não há, no momento, nenhum óbice para atingi-las nos dois anos. Nós também falamos que, ã medida que o tempo passa, o horizonte do que você controla vai se deslocando de forma contínua. Valor: Hoje, o horizonte já é 2017e2018,não? Ilan: É. O impacto para 2016 acabou. À medida que o tempo passa, períodos mais distantes vão ganhando mais peso do que períodos mais próximos. E é importante passar a ideia de que a gente vai fazendo isso de uma forma contínua. Valor: Quando seu nomefoi escolhido para o BC, havia a percepção . do mercado de que se7ia uma diretoria "dovish". Era um momento de perda de credibiliàade da instituição. A confiança no BC está restabelecida? Ilan: Eu não dei muita bola para esse negócio de "dovish'' ou "não dovish". Isso é o entendi-· mento de qual o seu papel como alguém que está [no setor privado) projetando o que o Banco Central faz. E outro papel é o que você vai fazer [no BC]. São distintos. Reconheço que está havendo um processo de reconstrução de confi~ça, de credibilidade, e não é só do BC, mas do governo. Também não acho que começou comigo. Acho que foi ao longo do ano. Quando se olha os índices de risco, por exemplo, eles... Valor: O CDS ("credit default swap", uma espécie de seguro contra calote)? Ilan: É. O CDS caiu pela metade. E, se caiu pela metade, algo mudou. Outra questão que eu queria ressaltar é que os juros mais longos estão embutindo alguma confiança que o futuro pode indicar uma melhora. Eles nos dão uma indicação de que estamos reconstruindo a credibilidade. São mudanças que vêm ocorrendo nos últimos seis meses. Valor: O quanto a taxa de juros elevada, de 14% ao a no, retarda a ampliação do investimento? Ilan: Eu acho que é um processo. Se você olhar o juro de dois anos, está em 11 %. É um processo de distensão. Um dado da nota de crédito mostrou uma queda, muito pequena ainda, mas já wna queda nas taxas cobradas das empresas. Valor. O BC tem uma agenda de trabalho que transcende o Copom? Ilan: Estamos definindo uma agenda com quatro pilares básicos. Primeiro, que faz parte do trabalho de qualquer banco cen- l VALOR ECONÔMICO 29 30 e 31 I 10 I 2016 Página C3 - Finanças tral do mundo, é a inclusão financeira. Quantas pessoas têm acesso e de que forma elas têm acesso [ao sistema financeiro]. Elas são educadas financeiramente? Entramos de vez nas redes soáais. Isso tem implicações sociais e pode ter uma transparência maior. O segundo pilar é o marco legal do Banco Central, onde entra a questão da autonomia, do relacionamento entre o BC e o Tesouro Nacional, que é uma agenda para 2017. A autonomia é uma das reformas. Valor. O terceiro? Dan: É a redução de custo de crédito. Não é apenas a questão do spread bancário, mas o custo geral do crédito que envolve várias medidas, várias questões. Não vou detalhar nesse momento porque não é uma pauta só do Banco Central. E vamos fazer um anúncio mais à frente. Valor. E o quarto pilar, qual é? Ilan: É a eficiência do sistema. É excesso de regra, excesso de alíquotas, coisas que complicam a vida de todo mundo. Valor. A política fiscal este ano é bem expansionista. Isso não atrapalha a tarefa do BC de trazer a inflação para a meta? · Ilan: Nenhum país do mundo consegue recobrar a confiança, reduzir o clima de risco, se há dúvida sobre a dinâmica da dívida [bruta]. Essa é uma questão relevante para entender que a gente saiu de um modelo onde o dado anual basta para se construir o impacto. Passamos desse ponto. O ponto agora não é esse ano, o ano que vem. É o ano que vem e as reformas. Houve um esforço enorme do Joaquim Levy [ex-ministro da Fazenda], muito bem feito, mas como teve todo um ambiente mais difícil no Congresso, não se conseguiu atacar o longo prazo. Valor. A preocupação é muito mais com a dinâmica do que com o Valor. E como o BC se preparou? Ilan: Toda essa ideia de reduzir o dado fiscal do ano? Ilan: Isso não significa que vou abandonar a meta do ano, também. Não posso dizer que ela não importa, porque afeta a demanda. Sem abandonar o curto prazo, o foco tem que ser nas reformas e na dinâmica Ida dívi~a]. Valor. Voltando para a inflação, nessa guerra a vitória ainda está distante? Ilan: Eu diria da seguinte forma: isso é um processo e é um processo que teve seus avanços. Estamos satisfeitos com os avanços, mas é um processo que continua e não vai terminar, não terminou hoje. Valor. O senhor disse que, se as condições objetivas melhorarem, o Copom pode acelerar a queda da taxa dejuro. Ilan: Perfeito. Valor. Essas condições objetivas são: inflação .na meta... Ilan: As projeções estarem adequadas e os fatores [inflação de serviços e os processos das reformas e do ajuste] me darem conforto com essas projeções. Valor. Quanto que o setor externo o preocupa? juros nos EUA? Situação dos bancos europeus? Ilan: Hoje em dia, quando se olha o ambiente, por pior qu!! esteja o mundo em termos de seus fundamentos, é um ambiente que p ermite que nossos ativos estejam valorizados, que o fluxo de capital venha, que não se tenha nenhum solavanco mundial que me dificulte a vida. E chamamos isso de "interregno benigno". Benigno porque o juro zero lá está levando os investidores a buscar risco. Valor. Nos países emergentes? Ilan: Nos emergentes. É interregno porque não vai ficar assim para sempre. Os juros americanos vão subir e isso já está no preço. Mas, nós como reguladores, como Banco Central, não podemos achar que vai ser calmo. Eu tenho a impressão de que o banco central americano [Fed] vai ter cautela para subir a taxa de juro e, portanto, pode ser calmo. Mas, se tiver solavanco, estamos aqui atentos. 1 1 estoque de swap cambial foi uma ideia de cautela. Uma ideia que eu queria passar, e não sei se ficou elara, é que estamos focados nos dados, e não nas datas. O que significa isso? Que se os dados me mostrarem que a coisa está indo melhor do que o esperado, nós vamos reagir; se ficar de um certo jeito, vamos reagir de outra forma. Em inglês seria "data-dependent, not date-dependent". Acho que agora estamos conseguindo passar bem a comunicação. Antes era uma comunicação, setembro, outubro, novembro, dezembro. "O que vocês acham que ele falou? Mudou uma palavra aqui, outra lá. Isso sinalizou que ele está( ... )". Olhar c;> todo é: olha a inflação caindo. En pretendo que ele [o mercado]leia a frase e entenda. Em economês, que entenda nossa função reação, nossa cabeça. A função reação é: dado o que aconteceu, o que você faz? Se estiver alinhada sobre como a gente reage, isso vai lhe dar uma melhor figura do que se eu dissesse um código, que eu me comprometi, mas, depois, tive que mudar porque a realidade mudou. Vou tentar focar nos dados, porque as datas vão mudar, de acordo com os dados. Valor. O Banco Central está dis- cutindo mecanismos de proteção do risco cambial nas privatizações? Ilan: Esse assunto não chegou aqui. Valor. A demanda dos investido- res procede ou eles devem resolver isso no mercado mesmo? Ilan: Eles não conseguem f~­ zer um hedge cambial no me~­ cado com o tamanho necesSário e o prazo longo. Os investidores estrangeiros vêm investindo nb Peru, na Colômbia, na Argenqna, em dólar. A nossa economia não é dolarizada, ainda bem. E~­ sa é uma discussão que não ê para agora e não chegou aqui. , VALOR ECONÔMICO 29,30 e 31 I 10 I 2016 Página C 12 - Finanças Investimentos Instituições buscam captação mais pulverizada em CDB Banco médio flerta com o varejo e paga até 120% do CDI Adriana Cotias e Felipe Marques De São Paulo Um grupo de b an cos de médio e pequeno porte decidiu pagar retornos de encher os olhos para conquistar a preferência do público de varejo. Uma consulta às plataformas on-line de investimentos mostra os bancos Modal, BMG, Fibra e Pine como os enússores de certificados de depósitos bancários (CDB) com as taxas mais vitaminadas para captar por prazos de até cinco anos. Para o investidor, a iniciativa representa uma oportunidade de maior remuneração numa modalidáde em que o risco fica nútigado pela garantia do Fun do Garantidor de Créditos (FGC), que cobre investimentos de até R$ 250 mil por CPF, por instituição financeira. Já para os bancos médios, a estratégia marca a mudança de captações mais concentradas no atacado para o varejo. Mesmo com as altas taxas oferecidas, executivos dessas instituições argumentam que o custo final é menor do que captar via letra financeira ou cessão de carteiras de crédito para fundos de recebíveis- instrumentos tradicionalmente voltados para investidores institucionais. O Modal é um dos que chamam mais atenção. Para quem pode abrir mão de liquidez por cinco anos, por exemplo, o banco assegura até 120%do CDI, o juro interbancário, cuja trajetória se aproxima à da taxa básica da economia, a Selic. Já o BMG oferece retomo de 118% do CDI pãra uma aplicação de quatro anos. Para se ter uma ideia, entre os grandes, nomes como o Santander captam a 75,7% do CDI por dois anos. Mesmo com o início do processo de relaxamento monetário iniciado pelo Banco Central (BC), que neste mês cortou o juro básico para 14% ao ano, os títulos ban cários pós-fixados ainda podem assegurar um bom retomo para o aplicador e com o risco relativamente sob controle. "Sempre vale a pena", diz a consultora financeira da Órama Investimentos, Sandra Blanco. "E numa operação pós-fixada, mesmo qu e não tenhamos a Selic em dois dígitos em dois anos, os retornos ainda vão compensar porque o Brasil seguirá, comparativamente, entre os países com as taxas mais altas do m undo". Conforme exemplifi.ca, se a Selic estiver em I 0%ao ano em 2018, o título que paga 120% do CDI vai trazer uma rentabilidade próxima de 12%. Ela ressalva que esse racional vale principalmente para a parcela mais conservadora da carteira e que a tese da diversificação vale para todos os perfis de risco. A atratividade oferecida pelos bancos m édios não é sem razão. "Eu preciso pagar mais parajustificar a falta de liquidez ao investidor", diz Clive Botelho, diretor financeiro do BMG. Segundo ele, mesmo a essas taxas, a captação é um bom negócio para o banco. Primeiro, por deixar o prazo médio do passivo da instituição mais próximo do de seu ativo composto, basicamente, de operações de crédito consignado, com algo entre 6 e 8 anos deduração. Segundo, por permitir ao banco trocar suas captações de atacado por instrumentos d e varejo. "Hoje, se eu fizesse uma captação externa ou uma enússão de letra finan ceira pública, pagaria mais que 118% do CDI", diz. O BMG tem hoje cerca de 40% de sua captação no varejo - ante men os de 10%h á três anos. "Nossa ambição é chegar próximo de 100%em três anos", conta. Rodrigo Puga, sócio da plataforma Modalmais, ligada ao Banco Modal, diz que com a oferta dentro da própria estrutura, a instituição consegue garantir ao público de varejo, com aplicações a partir de R$ 1 mil, as mesmas taxas pactuadas com o cliente de alta renda, de 120%do CDI. Ele ressalva que, se o investidor acredita na continuidade do ciclo de queda da Selic, a opção prefixada, com remuneração próxima de 12% ao ano por cinco anos, pode ser mais frutífera. Se passado esse prazo e a taxa básica estiver a 8%, 9%, haveria diferencial de rentabilidade considerável. A corretora ainda distribui CDB de outros 14 emissores, para valores acima de R$1 00 mil. Nenhuma das alternativas disponíveis supera, porém, as taxas do próprio Modal. Entre os agentes que distribuem esses ativos, a recomendação é limitar o investimento nesses CDBs à cobertura de R$ 250 mil por CPF do FGC, porque as melhores ofertas de taxas estão concentradas em bancos considerados de maior risco que os gigantes de varejo. Roberto Indech, da Rico Corretora, sugere que a aplicação fique um pouco abaixo disso, em até R$ 200 mil. No caso de intervenção ou liquidação do banco enússor, o investidor conseguiria reaver inclusive os rendimentos das operação com esse cuidado. Alguns bancos aumentaram o prazo de captação e por isso as taxas mais altas para o investidor, cita André Lassance, chefe de renda fixa da XP Investimentos. Em alguns casos, mesmo títulos isentos de hnposto de Renda (IR) não batem o retomo dos CDBs. Conforme exemplifica, uma emissão a 116% do CDI por três anos, considerando a alíquota de IR de 15%, equivale a um retomo líquido de 98,6%, taxa que não se observa correntemente nos títulos com benefício fiscal, como a LCI. Lassance lembra ainda que os bancos não garantem liquidez às SU.ilS emissões. "O investidor tem que dispor dos recursos, tem que fazer a gestão do fluxo de caixa para não precisar do dinheiro". Bruno Saads, responsável pela área de produtos de renda fixa da XP, vê uma correlação entre o aumento da oferta de CDBs desse grupo e a escassez dos títulos isentos, como LCI e LCA "Os bancos médios não têm conseguido crescer no crédito rural e imobiliário e ficaram sem lastro para esses títulos. O CDB não tem essas amarras". I VALOR ECONÔMICO 29,30 e 31 I 10 I 2016 Página C12 - Finanças CDB Vltaminado Simulação de investimento de R$10 mil na BMG BMG 117 BMG 116,5 Banco Fibra ll7 Banco Pine ll6 Banco Fibra 115.5 Ajliplan 113 Banco Modal 120 BancoModal~ Ü3--- Banco Arbi ll8 Fonto: XP. Órama, Modalmais 28/10/2-º---.... XP 1~66.~-10/04/20 XP 15.419.48 16/04/19 XP 14.556,10 - - - XP 28/10/20 ~ -10/04/20 XP 15.362,53 16/04/19 XP - - - _ 13.580,70 _ _ XP 12.796,31 28/10/18 em 5anos M~at~óiãma 19.584,92 em 2 anos Modalmais _12.8~9.17 · - - 15.813,27 31/10/19 Óram-;- - - - - -- - - -- - ~ O GLOBO _ll_/ 10 / 2016 Página 30 -Rio '"nv.oglobo.rom.br am"t'lmo ANCELMO GOlS ANA CLÁUDIA GUIMARÃES, DANIELBRUNETE TIAGO ROGERO Crivella presidente Halloween é o cacete Na conversa com outros partidos para apoiar Marcelo Crivella no segundo turno, o bispo licenciado Marcos Pereira, presidente nacional do PRB e ministro da Indústria e Comércio, usou um argumento forte para dizer que a Prefeitura do Rio não será um braço da Igreja Universal: - O aparelhamento da prefeitura seria uma vitrine negativa para 2018, quando o partido vai disputar tudo, inclusive a Presidência da República. Hoje, na festa de Halloween nos EUA, muita gente, insatisfeita em ter que votar em Trump ou m esmo Hillary, pretende assustar os outros usando máscaras dos dois candidatos à Presidência do país. Já aqui, segundo Nelson Motta, o Halloween deveria ter sido antecipado para ontem, o dia da eleição: - Tem prefeito eleito assustador. Parece que bebe Sírio chega ao Rio Aliás.•• Jaguar, 84 anos, estava jantando semana passada em Roma, quando ocorreu este último terremoto. Ao ouvir o comentário de sua mulher, Célia, de que a mesa estava balançando, o nosso querido cartunista não perdeu o rebolado: - Bem que lhe avisei para não tomar vinho depois de três doses de Dry Martini. O Sírio-Libanês, de São Paulo, fechou parceria com a PUC-Rio. A ideia é juntos erguerem um h ospital-escola, acoplado à nova faculdade de Medicina da universidade carioca. Marcelo Crivella, 59 anos, não esconde que sua m eta é chegar à Presidência da República. Dois governadores Pezão, de licença médica para tratamento de um câncer desde 28 de março, reassume amanhã, dia 1º. Mas o vire, Dornelles, não vai ter férias: "Vai ficar ao meu lado o tempo todo. Preciso muito dele!'; diz o governador. Os dois, sexta, dia 4, vão anunciar juntos o pacote de medidas amargas para tentar tirar o Rio da crise. Segue••• Este pacote que vai, na prática, reduzir salários, deve enfrentar uma grande batalha na Alerj. Além disso, o PSOL de Freixo, que comanda o Sindicato do Funcionalismo, pretende oferecer resistência. Também na Justiça Para a OAB, o Tribunal de Justiça do Rio, assim como o estado, está com duplo comando. O presidente da entidade regional, Felipe Santa Cruz, diz que a licença médica do presidente Luiz Fernando de Carvalho, do n, "aumenta ainda mais a crise gerada pela falta de salários e pela greve dos serventuários": - Isso em um tribunal que já é o quinto pior em congestionamento de processos - diz ele, convocando os advogados para um ato, dia 21, sobre o "colapso do Judiciário~ R-10 O ex-jogador Rivaldo, um dos maiores craques do futebol brasileiro, está morando em Orlando. Agora, comprou um terreno em Clermon t, também na Flórida. Quer fazer lá uma grande escolinha de futebol, a R-lO. Boletim médico Carmen Mayrink Veiga, 87 anos, deixou o Hospital Samaritano na sexta passada. Calma, gente! O clima anda tenso no país. Sábado, alunos de 12 a 14 anos da Escola Suíça, no Rio, foram convidados para um torneio de futebol na Escola Corcovado. No fim do jogo, os estudantes da Suíça saíram escoltados por inspetores da Corcovado para não serem agredidos. Afasta de mim esse cálice Dois deputados estaduais do PMDB fluminense estão de malas prontas para saltar do partido. Pedirão asilo numa sigla mais palatável ao eleitorado em 2018. Preto e branco ZOna Franca Paula Acioli participa do lO Seminário Internacional de Direito da Moda da CDMD, que começa no dia 8. Odesigner de joias Leo Sodré mostra coleção inspirada em folhas na Blooks, de Elisa Ventura, noCine Reserva Cultural de Niterói. Odesembargador Aloysio Maria Teixeira recebe homenagem in memoríam dos amigos no Copa Praia Hotel. O Dellz, em Copacabana, lançou combos de café da manhã. Jorge Jaber abre filial em Lisboa. Abril o espaço Femme Richet no BarraShopping. SCA lpanema faz coquetel amanhã na Casa Cor. Um belo e raro álbum de Marc Ferrez, o mestre da fotografia do século XIX, com 22 fotos do Rio será vendido no dia 22 de novembro por Evandro Carneiro, em leilão organizado por Soraia Cals. O lance inicial é de R$ 44 mil. O GLOBO Página 31 I 10 / 2016 34- Economia Só 10% das empresas listadas em Bolsa têm 80% do lucro global Faturamento da rede varejista Walmart é igual ao PIB da Polônia DoELPAis -MADRI- Nunca tão poucas empre- sas foram tão grandes. Segundo levantamento do instituto de pesquisas econômicas McKinsey, 10% das empresas listadas em bolsas de valores do mundo geram 80% de todos os lucros obtidos no planeta. O faturamento da gigante varejista Walmart, de US$ 482 bilhões, já supera o valor de todos os bens e serviços (PIB) que a Polônia é capaz de gerar em run ano. - A vantagem competitiva dos grandes frente aos pequenos não é um processo novo. Mas agora o tamanho de urna empresa se mede em escala planetária - analisa Esteban García-Canal, professor da Universidade de Oviedo. Nas últimas décadas, segundo o estudo da McKinsey, o lucro das empresas se multiplicou por quatro. Em 1980, somava US$ 2 bilhões, ou 7,6% do PIB global. Em 2013, alcançou US$ 9,8 bilhões, ou 9,8% do PIB mundial. As empresas chinesas, muitas delas com participação ou controle estatal, obtêm 14% de todos os lucros gerados no mundo, segundo a McKinsey. -Muitas empresas estão em setores no qual o tamanho garante uma série de vantagens competitivas: capacidade de negociar com os fo.mecedores, retenção de talentos, acesso aos mercados de capitais e redução de riscos ao depender menos de urna única área geo- gráfica ou de apenas um p roduto - afirma Jorge Riopérez, sócio responsável de Corporate Finance da KPMG. Mas, para os consumidores, nem sempre há vantagens, alertam os especialistas. - Os cidadãos acabam pagando mais caro pelo que poderiam comprar a preços mais competitivos. A concentração nos conduz a um capitalismo em seu grau mais extremo - avalia Robert Tomabell, professor da Escola Superior de Administração e Direção de Empresas (Esade), com sede em Barcelona A recente onda de fusões e aquisições globais não tem precedentes na História. Este ano, já foram anunciados 33.252 acordos, que juntos somaram US$ 3,9 trilhões, segundo dados da agência Bloomberg. A mais · recente megafusão foi a propos-•! ta de compra da Time Warner .-~ pela AT&T, anunciada no últi- ' mo dia 22, um negócio de US$ ' 85,4 bilhões. E o perfil das gigantes mundiais, incluindo suas áreas de atuação, mudou radicalmente. Em 1990, as três maiores fabricantes• de automóveis do mundo ti-'; nham vendas deUS$ 250 bilhões somadas, valor de mercado combinado de US$ 36 bilhões e empregavam 1,2 milhão de pessoas. Hoje, as três grandes do setor de tecnologia (Apple, Google e Microsoft) faturam US$ 357 bilhões, têm um valor em Bolsa de US$ · 1,64 trilhão e empregam apenas 296 mil trabalhadores. • .-- .i O GLOBO -31 -- I 10 b\~tJC.QBQ / 20 16 Página 3 5 - Economia Na reta final, aderir à repatriação fica difícil Prazo termina hoje. BB e cotTetoras ainda aceitam interessados, mas dinheiro do imposto tem de estar no Brasil JoAo SoruMA NETo [email protected] -s.lo PAULO- Termina hoje o prazo dado pelo governo para a regularização de recursos mantidos no exterior, tanto por pessoas físicas quanto por empresas, que n ão haviam sido declarados ao Fisco. Na reta final, o movimento nos escritórios de advocacia se intensificou, já que a data limite não foi prorrogada, como muitos esperavam. Segundo advogados tributaristas cons ultado s pelo GLOBO, aqueles que não aproveitaram essa oportunida de para regularizar o capital que está fora do pcús "podem ficar em apuros" com o cerco global aos sonegadores. Mas, mesmo com o prazo terminando hoje, ainda é possível fazer a adesão. O Banco do Brasil é o único dos grandes bancos que se manteve aceitando propostas até hoje. Muitas corretoras de valores também se mantêm abertas ao recebimento de propostas. Mas, segundo advogados, só vai conseguir aderir ao programa quem tem dinheiro no Brasil para pagar a multa e o imposto. Trazer uma parte do dinheiro do exterior para fazer esses pagamentos se tornou impossível, porque a operação leva cerca de cinco dias úteis. - E os valores da multa e imposto que temos visto não são baixos. São pagamentos de R$ lO milhões, R$ 20 milhões - informa um advogado que viu o movimento de interessados em repatriar recursos crescer até 30% na semana passada. Os demais bancos orientaram seus clientes a aderir ao programa até a primeira quinzena de outubro. A alegação foi que o processo para receber as informações de bancos no exterior é demorado e a checagem das informações, exigidas pelos departamentos de compliance (conformidade às regras), é rigorosa. Na sexta passada, o Banco Central ampliou das l8h30m para 23h o horário para pagamento do imposto e da multa de regularização de recursos. -Se uma instituição faz a repatriação de recursos de um político, por exemplo, grupo que não estava incluído nesse programa, pode ser acusada de fraude, além de colocar em risco a imagem da instituição. Por isso, os bancos maiores estabeleceram prazos, já que seus departamentos de compliance são muito rigorosos - -explica o advogado Ronaldo Rayes, sócio do Rayes & FaguiJ.des Advogados Associados. Quem perder o prazo, tem ainda a opção de fazer uma declaração voluntária. Mas vai pagar o imposto mais alto (multa de 150% sobre o valor do impos::_ to devido), além de IR de 27,5% e também poderá ser processado por saneI gação fiscal e evasão de divisas. - Certamente, esse cidadão vai ter 1 que usar boa parte de seu patrimônio para pagar multas, impostos e para se defender dos processos - diz o advogado Gil Vicente Gama, do Nelson Wilians e Advogados Associados. Um advogado conta que muita gente · ainda tinha dúvidas sobre as regras de repatriação e esperava que o prazo para pagamento desses valores fosse esten1 dido até o fim do ano. Mas isso não aconteceu. O governo adiou para 31 de dezembro apenas a entrega da Declaração de Ajuste Anual (DAA) retificadora referente ao ano de 2014. Também deu prazo até 31 de dezembro para a obtenção e envio das informações disponíveis em bancos estrangeiros sobre os ativos não repatriados de valor ma ior que US$ 100 mil. Nesse caso, o contribuinte precisa solicitar as informações à instituição no exterior até hoje (31 de outubro), podendo enviar ao banco onde estiver fazendo a repatriação no Brasil até 31 de dezembro. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse na semana passada que não cogita abir um novo programa de repatriação em 2017. Alguns advogados, entretanto, avaliam que isso pode acontecer se a arrecadação do governo não crescer no ano que vem, o que colocaria em risco a meta fiscal. Mas o imposto e a multa, que somaram 30%, certamente seriam mais elevados, dizem os especialistas. - O Brasil aderiu a uma série de acordos que visam à identificação de recursos irregulares no exterior. A vida de quem não aproveitou para declarar agora vai ficar mais c0mplicada- explica Rayes. Isso porque, até 2018, estarão valendo todos os acordos internacionais que visam à identificação de recursos irregulares no exterior e o Brasil é signat~­ rio de v'drios desses tratados. Na prática, significa que vai ficar mais fácil para o Fisco identificar brasileiros que mantêm patrimônio irregular fora do p aís. O Brasil assinou, em 2015, o Progra- "O Brasil aderiu a uma série de acordos que visam à identificação de recursos irregulares no exterior. A vida de quem não aproveitou para declarar agora vai fiGar mais complicada" Ronaldo Rayes Advogado CERCO AOS SONEGADORES Até sexta-feira passada, o p agamento de impostos e multas já havia somado R$ 45,7 bilhões. Entre pessoas físicas, 21,6 mil haviam aderido ao programa, além de 70 empresas, totalizando R$ 152,6 bilhões de ativos regularizados. Nas estimativas do mercado e do próprio governo, a cifra pode ficar entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões, o que equivaleria a um montante regularizado _Eó_E.mo de R$ 200 bilhões. I O GLOBO Página 31 I lO /2016 35- Economia ma Foreign Account Tax Compliance Act (Fatca) com os Estados Unidos. Com isso, podem ser enviadas dos EUA, de forma espontânea e automática, informações sobre contas correntes e situação patrimonial de brasileiros disponíveis no sistema financeiro americano. O Brasil já mantinha, desde 2013, um acordo com os EUA para intercâmbio de informações tributárias (o chamado Tiea), mas o Fatca é ainda mais abrangente. No âmbito da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do G-20, grupo de 20 países mais ricos do mundo, o Brasil também aderiu a outros dois acordos para troca de informações fiscais. Através desses tratados, será possível o intercâmbio com mais de 80 países, o que insere o Brasil no chamado "sistema de Fisco global'; segundo os advogados. Por meio desses acordos, dizem os advogados, até mesmo gestores de recursos de instituições financeiras se veem obrigados a comunicar ao Fisco de seus países recursos em aplicações financeiras que n ão estejam regularizados. O advogado Eduardo Diamantino, do escritório Diamantino Advogados Associados, explica que, uma vez localizado o recurso irregular, a Receita poderá cobrar os 27,5% de imposto, e uma multa que pode chegar a 150% do valor do imposto devido. Além disso, o sonegador é processado por crimes de evasão de divisas e sonegação fiscal, com penas que variam de dois a seis anos de reclusão. - A pessoa vai perder uma boa parte do seu patrimônio para fazer a regularização, isso sem falar no aborrecimento que terá com o processo. Seria muito melhor ter aderido ao programa de repatriação - diz o advogado Diamantino. Segundo os advogados, o perfil de interessados em regularizar seus recursos foi bastante variado: gente que herdou propriedades no exterior e não havia declarado, empresas que fizeram operações sem nota, profissionais liberais, como médicos e dentistas, que receberam recursos sem declarar e mandaram para fora, e até gente com idade entre 60 e 70 anos que havia mandado dinheiro para fora do país ainda no governo do ex-presidente Fernando Collor, com medo de um novo confisco. A maior parte - cerca de 75% dos clientes - está regularizando os recursos, mas mantendo os ativos no exterior, dizem os advogados. CENTENAS DE BILHÕES NÃO DECLARADOS O valor mantido pelos brasileiros no exterior sem declaração ao Fisco varia de acordo com a fonte de informação. Segundo a Global Financiai Integrity, uma ONG com sede em Washington, que monitora o fluxo de recursos no planeta, a partir de um cruzamento de dados de 151 economias, os brasileiros mandaram para fora do país nos últimos anos, até 2012, US$ 590 bilhões, sendo US$ 401 bilhões em recursos não declarados. Já o documento "The Price of Offshore Revisited'; escrito por James Heruy, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, e encomendado pela Tax Justice Network, mostra que os brasileiros tinham até 2010 cerca de US$ 520 bilhões em paraísos fiscais. • OS NÚMEROS DO PROGRAMA RECURSOS ARRECADADOS VÃO AJUDAR NO AJUSTE FISCAL Ativos que devem ser regul~rizados ARRECADAÇÃO EXPECTATIVA DO GOVERNO --------~~~--, 21.600 ~ I R$200 pessoas físicas bilhões .• ... até R$60 bilhões Já aderiram ~ JÁ REGULARIZADOS ! 70 empresas 1 I Fonte: Receita Federal e governo Editoria de Arte