Clipping

Propaganda
Clipping
29/10/2016
30/10/2016
31/10/2016
O ESTADO DE SÃO PAULO
Página A4- Política
)(J
I~Srr·\IJ_\()
29 I 10 I 2016
------~~-=~~--
:~MATAIS
.... ~ {f'
: MARCELO DE MORAES
: [email protected]
: POUID\.ESTADAOlXlM.BR/1llOOS/COl.lJNA{X)fSTAOAO/
Voto conservador deve
se consolidar no 2º turno
>> .Disputa. Ao desembarcar
a primeira eleição pós impeachment da petista Dilma Rousseff e sob a sombra da Lava Jato, candidatos com perfil político conservador terão desempenho expressivo. Em São Paulo, o tucarto João Doriajá levou no primeiro turno. No Rio, apenas uma reviravolta
impedirá o senador Marcelo Crivella (PRB), ligado à Igreja Universal, de bater Marcelo Freixo, do PSOL, e se eleger. Em Belo Horizonte, a esquerda passou longe e a disputa será entre Alexandre Kalil (PHS) e João Leite (PSDB).
Nas capitais, o PT está no segundo turno só no Recife.
N
» Dobradinha. Com o
Zelador. Escolhido como
secretário de Prefeituras
Regionais, o vice-prefeito
eleito Bruno Covas acha
que a pasta tem tudo para
resgatar a "zeladoria urbana" da cidade.
1 ))
PSDB podendo levar dez
capitais e o PMDB tendo
chance de vencer em sete,
os dois maiores partidos de
sustentação política do presidente Michel Temer saem
fortalecidos d~s urnas.
>> Buraqueira. Para Bruno,
"a cidade está muito largada e abandonada". "O que
não falta por aqui é pichação e rua esburacada", reclama o futuro secretário.
>> Muleta. Na reunião de
segurança pública com os
três Poderes, militares se
queixaram do uso continuado das tropas do Exército
pel9s Estados. Querem que
as tropas apenas colaborem
e se retirem logo depois.
1
em Brasília, na próxima
quinta, o deputado Rogério
Rosso (PSD) vai se reunir
com Jovair Arantes (PTB)
para tentar consenso n a corrida à presidência da Câmara. Rosso acompanha Rodrigo Maia numa viagem oficial ao Azerbaijão.
.. - - -- ..
>> Carona. O charteeier-José
Serra embarcou para a Colômbia, onde representa
Michel Temer em missão
oficial. Na volta, trará no
avião da FAB o primeiro-ministro de Portugal, Antonio
Costa, e o novo secretáriogeral da ONU, Antonio Guterres, para o evento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
>> Tô fora. Michel Temer
avisou pessoalmente a deputados que vai deixar para
o Congresso a discussão
sobre a Reforma Política.
>> Briga de foice. Temer
quer evitar tocar nos pongociações para levar a presi- tos polêmicos, como a defidência da Câmara, está um
nição de lista fechada, para
acordo pelo cargo de vice- , não melindrar seus aliados
presidente da Mesa, posto
e complicar vot ações.
que ganhou protagonismo
polêmico com o ex-deputa- COM NAIRA TRINDADE E MARIANA
do André Vargas (PT-PR) e
DIEGAS. COLABORARAM ELIANE
agora com Waldir MaraCANTANHEDE, ERICH DECAT E
nhão
LUÍSA MARTINS.
>> Cadeira elétrica. Nas ne-
1
>> Alto preço. O Exército
calculou em R$ 1 milhão
por dia o custo da ocupação dos militares na favela
da Maré, no Rio de Janeiro.
>> CllCK. O governador
>> Cenário confuso. Um con-
senso na reunião era de que
é preciso atualizar os dados
de segurança J!Úblicª' em
geral, para fazer diagnóstic~ mais preciso da situação
do País. Reclamam"'qlle os
dados estaduais não batem
com dados federais'.
do Acre, Tião Viana (PT),
encontrou-se nos EUA
com Jerry Brown, governador da yalifórnia, para
discutir políticas de conservação ambiental.
» SfHAIS PARTICULARES.• Marcelo Freixo e Marcelo
Crivella, candidatos a prefeito do Rio de Janeiro
...........t ..... ................................ .
PRONTO, FALEI!
>> Juizeco. A presidente do
Supremo, Cármen Lúcia,
sugeriu na reunião que, em
algumas situações, se faça
um colegiado de juízes para
assinar decisões.
Paulo Alexandre Barbosa (PSDB)
' Prefeito reeleito de Santos (SP)
Sobre as contas públicas das cidades, falidas: "Não há
município que sobreviva diante do quadro que
estamos vivendo".
O ESTADO DE SÃO PAULO
Página B9- Economia
29/ 10 /2016
Dólar volta a subir e se
aproxima dos R$ 3,20
O dólar fechou ontem em alta
de 1,2% em relação ao real, cotado a R$ 3,1944. Foi a terceira elevação seguida, provocada principalmente pelas tensões em
tomo do futuro político e eco\nômico dos Estados Unidos.
\ As cotações máximas do dia
a recusa do lraque e do Irã em
congelar suas produções de petróleo, levand0 os preços das
commodities a perdas de quase
2%. O patamar de R$ 3,1944 é o
mais alto desde 17 de outubro
(R$ 3,2109). Na semana, a alta
do dólar foi de 1,11%.
vieram durante a tarde, quando
o mercado foi surpreendido pela informação de que o FBI reabriu a investigação sobre os emails de Hillary Clinton no período que era Secretária de Estado do governo de Barack Obama.Faltandondiasparaaselei-
Bolsa. A Bolsa de Valores de
São Paulo fechou praticamente
estável - alta de 0,09% -, refletindo mais o mercado externo
que o interno. A sexta-feira foi
predominantemente de alta,
ções presidenciais no país, ocaso deixou os investidores em
alerta diante de um possível enfraquecimento da democrata
na disputa contra o candidato
republicano, Donald Trump.
O gestor de câmbio Marcos
Jamelli, da Gradual Investimentos, lembrou ainda que, além da
questão americana, a tensão foi
alimentada no meio datarde pelo relato de que a reunião técnica da Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (0pep) chegou a um impasse, com
pautada por balanços e pelo resultado do Produto Int~o Bruto (PIB) dos Estados Unidos,
que animou investidores e aumentou o apetite por risco. À
tarde, no entanto, a notícia da
reabertura das investigações
em relação a Hillary Clinton,
surpreendeu os mercados e pesou sobre as bolsas americanas.
A Bovespa, que já dava sinais
de falta de fôlego, acompanhou
os mercados em Wall Street e
passou a cair. Mas o movimento
foi absorvido no final nos últi-
mos minutos de negociação.
"O fato é que a Bolsa resiste a
cair. Embora o fluxo de estrangeiros tenha diminuído nos últimos dias, ele ainda está presente e sustenta ações de peso", disse um operador de renda variável. Em cinco pregões na semana, a Bovespa caiu em três deles. Mesmo assim, a semana teve ganho de 0,31%, levando o
acumulado do mês para 10,18%,
uma variação exaltada nas mesas de operaçõeS. /LUCASHIRATA
E PAULA DIAS
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29 I lO I 20 16
O ESTADO DE SÃO PAULO
Página C2 - Caderno 2
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Sucessão
Já foi escolhido o nome para
suceder Luiz Terepins na
Bienal-eleterminaseumandato com boa avaliação. Trata-se de João Carlos Figueiredo Ferraz, do Instituto Figueiredo Ferraz, mu~eude Ribeirão Preto que abnga obras
do colecionador e usineiro.
Sob pressão
Apressão da RF ontem, sobre
políticos e paren~es - para
que mesmo impedidos de realizar a operação, paga~ se~ as
multas e taxas sobre dinherro
no e}.'terior - ,foi consideffi:da
absurda. "Eles vão se auto mcri~inar?", pondera outro
executivo de banco.
- ----
Razoabilidade
Voltando de um "mergulho" no
texto do projeto de lei 280 do
Senado - o que procura enquadrar os chamados abusos de autoridade - , Nelson Jobim conclui que ele faz todo sentido.
O filho do ex-prefeito de São
Paulo, de mesmo nome, será
submetido oficialmente ao
conselho da Bienal no dia 13
de dezembro.
Por essas e outras, o mercado tem certeza de que o governo Temer abrirá outra
oportunidade mais à frente,
dando chance a quem ficou
de fora agora.
Para o ex-STF "a razoabilidade
e a necessidade das novas hip6*
teses confÍ.itam com as afi.nnações do sr. juiz e do sr. procurador"- referindo-se, no caso, ao
juiz Sérgio Moro e ao procu:ador Delt an Dallagnol, que tem
combatido o PL.
Vacas gordas...
Todo ouvidos
Razoabilidade 2
Os bancos que fizeram operações - e vão co~tinuarfazend?
atésegunda-feira-de regulanzação de recursos externos de
brasileiros dividirão algo como R$ 1 bilhão de ganhos sobre as operações para clientes.
0 Palácio do Planalto éstáouvindo grandes publicitári~s
do mercado. Quer colher opiniões diversas sobre Brasil.
E também convencê-los a disputar as contas de ministérios.Buscamacabarcomo"domínio" das chamadas pequenas agências na Esplanada.
O projeto, diz Jobim, atualiza
uma lei que é de 1965 e define
m elhor o que e' " au t on· d a de"_.
Emvários parágrafos, detalha SItuações em que os abusos da autoridade podem ocorrer. Como
"constranger o preso a exibirse à curiosidade pública" ou
"executar mandado de busca e
apreensão com excesso ou de
forma vexatória".
A média da taxa cobrada, segundo apurou esta colun~
junto às instituições financeiras, chega a 1,5% do valor do
DARF pago à Receita. E como a RF estima que receberá
RS$ 6o bilhões ...
No show
Consta, entre meios musicais, que o cancelamento do
show de Mariah Carey esta ·
semana teve motivo maisr~a­
lista do que o tratamento mdevido dado aos ras pelos co~­
tratantes. Simplesmente nao
houve demanda em várias cidades. O evento do Allianz
Park, em SP, por exemplo, \
vendeu só 7 mil ingressos.
...para os bancos
Entretanto, a vida nos bancos permanece perto do inferno até dia 31. Vão trabalhar hoje e amanhã, ficarão
abertos até 22horas na segunda e muitos acreditam que
ainda assim ficará gente de
fora. "Essa mania do brasileiro de deixar tudo para última
h ora", reclama um banqueiro. Ao que outro tenta justificar: "A lei foi feita com viés
financeiro, e não com viés penal, e isso amedrontou".
'
E ainda "dar publicidade, antes
de instaurada ação penal, a relatórios ou papéis obtidos com resultado de interceptações tele:
fônicas". Jobim conclui: juízes
e promotores "não podem ficar
à margem das regras".
FOLHA DE SÃO PAULO
Página
29 I 1O I 2016
A4 - Poder
PAINEL
NATUZANERY
Repartindo o pão
A equipe econômica deve se reunir entre domingo
e segunda-feira para definir o destino do dinheiro arrecadado com a repatriação de recursos do exterior. A
previsão é que algo superior a R$ 60 bilhões entre no
caixa federal- um fôlego e tanto. Além de honrar parcela dos restos a pagar- despesas que o governo deixa para o ano seguinte-, outra parte do dinheiro recolhido, cerca de R$ 20 bilhões, seria usada para ajudar
a abater o deficit fiscal deste ano, de R$ 170,5 bilhões.
( (
tiroteio
já perderam a briga de galo, afarra do boi e,
agora, a vaquejada. Se continuarem assim,
vão conseguir acabar com o rodeio no Brasil.
Eu banco Se, ao final da
divisão do bolo, ainda sobrar dinheiro, a União poderá
compensar o que os Estados
deixarão de cumprir de suas
metas fiscais- o volume total
desses recursos pode chegar
ao montante de R$ 6 bilhões.
Rescisão Michel Temer
conversou com a senadora
Rose de Freitas (PMDB-ES).
Pediu o cargo de líder do
governo no Congresso para
dá-lo a Romero Jucá (PMDBRR). A nomeação deve ocorrer já na semana que vem.
Bandeira branca Em
meio às turbulências entre os
Poderes Legislativo e Judiciário, o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), quer
mandar um sinal de paz.
Fica na paz Uma autoridade do governo diz que "citações, investigações ou mesmo denúncias que transformem integrantes da Esplanada em réus" uão serão capazes de derrubar ministros.
Menos é mais A pedido
de ministros do STJ, como a
presidente Laurita Vaze Luis
Felipe Salomão, Maia pretende retomar em novembro os
debates sobre a proposta de
emenda à Constituição que
cria um filtro para o tribunal
receber recursos especiais, o
que deve desafogar a corte.
Dona da festa Não foi só
Renan Calheiros: Michel Temer também era todo elogios
a Carmen Lúcia (STF) na saída da reunião do Itamaraty.
DE RICARDO TRIPOU (PSDB), da Frente Parlamentar Ambientalista, sobre o
Congresso tentar reverter decisão do STF de tornar a vaquejada inconstitucional.
(
contraponto
\
Eu existo Presidente da
UGT, Ricardo Patah pediu encontro com Temer. A central
está incomodada com o protagonismo de Paulinho da
Força (SD-SP) na relação do
Planalto com os sindicalistas.
No fio do bigode Patah
dirá que a UGT é hoje a segunda maior central do país,
com 1,4 milhão de filiados.
A Força Sindical, diz, tem
pouco menos, 1,3 milhão.
De perto Fábio Lepique,
que já foi assessor especial de
Geraldo Alckmin, será o adjunto de Bruno Covas na Secretaria das Prefeituras Regionais de João Daria em SP.
Não conta para ninguém
Em reunião com investidores e executivos de bancos na
última segunda-feira (24), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dava prognósticos animadores sobre a
votação da PEC do teto de gastos marcada para o dia seguinte. Em dado momento, um dos presentes saca o celular e logo começa a recitar indicadores positivos do mercado financeiro.
- A Bolsa está subindo e o dólar, caindo - contou um
empresário.
Mas Maia achou por bem conter o otimismo:
- Melhor não mostrar isso para os deputados, ou ninguém vai votar a PEC do teto!
Mas nem tanto Por essa nota de corte, apenas uma
condenação poderia ejetar
alguém do primeiro escalão.
Pirlimpimpim A tentativa de evitar o "climão" entre
os três Poderes foi tamanha
que, durante a reunião, a magistrada chegou a ser chamada de "Fada Madrinha" por
um ministro de Michel Temer.
Vai que cola Líderes comunitários de São Miguel
Paulista, extremo leste da
capital, pretendem entregar
a Daria lista tríplice com nomes sugeridos por moradores à subprefeitura da região.
Amigos? Depois das rusgas com Renan, Alexandre de
Moraes usou parceria do Ministério da Justiça com o governo de Alagoas- comandado pelo filho do senadorcomo exemplo de boa prática para redução da violência.
Ideia fixa O governo de
SP busca não só um representante do Estado em Brasília. Quer também um assessor de imprensa para facilitar
a comunicação com Geraldo
Alckmin. Otucano tenta conquistar projeção nacional de
olho nas eleições de 2018.
Aparências enganam Apesar dos acenos públicos,
Barricada Para tentar
ministros dizem que as ares- manter o controle de Santo
tas continuam - e que vão André, o PT escalou 2.000
demorar mais um tanto para militantes para fiscalizar loserem totalmente ap~adas_:__ __5ais de_yotação no <!_omingo.
O GLOBO
Página
29 I 10
/ 2016
16 - Rio
ANCELMO
GOlS
ANA CI.AuniA GUIMAilÃEs,
DANIEL BRUNET E TIAGO ROGERO
O fardão de Geraldinho
100 anos da Revolução Russa
O festivo empresário Ornar Peres,
56 anos, o Catito, dono dos
resta urantes "La Fiore ntina" e "Bar
Lagoa'; se ofereceu para pagar o
fardão do poeta, compositor e
roteirista Geraldo Carneiro, 64 anos,
i"ecém-eleito para a ABL.
Se isto ocorrer, será uma novidade.
Pela praxe, quem arca com os custos
do uniforme de gala, cerca de R$ 67
mil, é o governo do estado em que o
acadêmico desenvolveu sua obra.
No caso do mineiro Geraldinho,
seria o Rio, que está falido.
As editoras já estão de olho no centenário da Revolução
Russa de 1917, um dos mais importantes acontecimentos do
século XX. que implantou o regime comunista por lá A Cia.
das Letras vem com um livro do historiador Daniel Aarão
Reis: uma antologia de textos históricos. E mais ou;ra ob~,
,
esta sobre as controvérsias suscitadas por aqueles Dez dias que abal~ o mundo,
para usar o título do famoso livro do jornalista americano John Reed (1887-1920), que
cobriu a tomada do poder pelos bolcheviques.
Só que•••
Nos últimos anos, essa regra de
estadualizaçãojávinhasendo
maleável. No caso de FH, que nasceu
no Rio e fez carreira em São Paulo, o
governador Geraldo Alckmin se fingiu
de morto. A conta terminou sendo
paga por Eduardo Paes, mesmo
sofrendo restrições de gente do MP.
Números de guerra
A pesquisadora Cecília Minayo, da
ENSP /Fiocruz, cruzou os dados de
Ministério da Saúde e Rede Sarah de
hospitais, sobre vítimas de armas de
fogo. Segundo a p esquisa, 83% das
pessoas que são internadas após
terem sido atingidas... morrem.
Viva o samba!
Reabertura do Laura Alvim
Marisa Monte, a talentosa cantora e
compositora, 49 anos, vai participar do
especial de fim de ano de Roberto
Carlos.
O programa do Rei será em
homenagem aos cem anos do samba.
Fechado para obras por mais de
ano, o Teatro Laura Alvim será
reaberto dia 17, com "A paixão
segundo Adélia Prado'; com Elisa
Lucinda e direção de Geovana Pires.
O espetáculo faz parte do projeto
Vivo EnCena.
Por falar em centenário...
Fafá de Belém vai cantar o "Hino
Nacional" - cuja interpretação ficou
famosa nas manifestações pelas
"Diretas, Já'; nos anos 1980 - na
cerimônia d e entrega da Ordem do
Mérito Cultural, que celebra também
os cem anos do samba, dia 7, no
Palácio do Planalto.
A grande homenageada da festa,
como se sabe, será Dona Ivone Lara,
conhecida como a matriarca do
samba, de 95 anos.
E mais•••
Dos que sobrevivem, 80% acabam
paraplégicos. A violência é, hoje, a
terceira causa de morte no Brasil entre
pessoas de i o a 49 anos, atrás só de
doenças cardiovasculares e câncer.
A tocha de Vanderlei
O Comitê Rio-2016 pode até estar
mal das pernas, m as seu leilão rende
uma boa grana Até agora, o item mais
caro foi a tocha com que Vanderlei de
Lima - o ex-maratonista que, em
Aten as (2004), só n ão ganhou o ouro
porque foi agarrado por um padre
irlandês- acendeu a Pira Olímpica,
no Maracanã. Foi arrematada por
módicos... R$ 216 mil.
Zona Franca
A Scuoladi Cultura, de FabrizioSassi, abre
hoje o seu Festival Literário lnfantojuvenil. Às
17h, Karla Faria lança o livro "Dando um jeito
no jeitinho", pela Nitpress.
A Taco lança projeto LAB de c ustomização
gratuita de jeans, em cinco lojas do Rio.
O La Vie en Rose, no Shopping da Gávea,
festeja hoje 37 anos com coquetel às 14h.
Felippe Mattoso faz exames que pesquisam a
mutação dos genes BRCAl e BRCA2.
Nonato França festeja seis meses no Ha ir
Blond, do lpanema Tower.
Golden Goal e ICONvão patrocinar a 1~edição
do FestJazz in Rio, que abre no dia 4, na Hípica.
CON abriu unidade na Torre do Rio Sul.
Carlos Thiago CesárioAivim foi reeleito na
presidência do Polo Novo Rio Antigo.
um
Dia de Finados
O cemitério Jardim da Saudade de
Paciência vai trazer de Assunção, no
Paraguai, a orquestra Reciclados
Cateura, no dia 2. É formada por
adolescentes da periferia que utilizam
instrumentos musicais feitos 100% d e
sucata. No progra ma: Bee thoven,
Mozart, Vivaldi e Bach.
Dia dos Namorados
A 27DCâmara Cível do Rio condenou a
Delta, dos EUA, a indenizar em R$ 15 mil
um brasileiro. É que, por causa de atraso
no embarque e de uma escala não
programada, ele acabou perdendo o... ,_
almoço romântico de Dia dos
Namorados. A moça, també m
brasileira, estava em Nova York.
Cena carioca
um:
Ao perceber, quinta passada, que
homem, veja que horror!, olhava para
os seios de uma jovem mãe que
amamentava, dentro do vagão feminino'
do metrô e no horário da exclu sividade ·
delas, um grupo de mulheres expulsou ·
o sujeito da composição.
O homem ainda tentou se explicar
dizendo que estava olhando "p!fl<l o
rosto" da criança. Aos gritos de "vaza~ ele
teve de sair correndo. Há testemunhas!
O GLOBO
29 I 10
/ 2016
Página 23 - Economia
Bovespa registra a primeira aber:!ura_de capital após 16 meses de 'seca'
Ritmo de oferta de
ações deve crescer se
a economia retomar
o crescimento
ANA PAULA RIBEIRO
[email protected]
-sAo PAliLO- A Bolsa brasileira pôs
fim ontem a um período de 16
meses de seca com a abertura
do capital da empresa de medicina diagnóstica Alliar Médicos à Frente, cujas ações começaram a ser negociadas no
pregão. A operação, que rendeu R$ 766,4 milhões à companhia, sinaliza que investidores
e empresas veem um ambiente
de negócios no país mais promissor. Mas a retomada será
gradual, antecipa a maioria
dos analistas.
- Se houver uma recuperação da economia, aí sim teremos mais ofertas. Há um grande número de empresas que se
prepararam e, como ~mbi~nte
econômico estava rurm, tiveram que adiar os planos. Elas
devem retomar o processo, e
novos nomes devem aparec~r
- avaliou Carlos Lobo, s~ct.o
da área de mercado de capitais
do Veirano Advogados.
EM 2011, ESTRElA DE 25 FIRMAS
o presidente da BM&F~ove~­
pa Edemir Pinto, é mats otimista. Ele acredita que 2017
vai ser "o grande ano" do ~er­
cado de capitais, com o n~e­
ro de novas ofertas de aço:s
podendo chegar a 25, mé~h~
registrada a partir de 2005, Imcio da ascensão dos estreantes
na Bolsa brasileira.
- O ano que vem vai ser o
grande ano dos IPOs (sigla em
inglês para oferta inicial pública de ações) no mercado de
capitais. Em 2005, já tivemo~
um ótimo ano, mas 2017 Vai
ser o grande ano - disse Pinto, após a cerimônia de _início
das negociações das açoes da
Alliar, que caíram 4% , a R$
19,20, na estreia.
Em 2005, a Bolsa registrou 19
operações de oferta de açõe~,
que movimentaram R$13,9 btlhões. Desse total, nove ofertas
foram iniciais (IPOs), nos moldes da operação da Alliar.
A Log, empresa de imóveis
comerciais da incorporadora
MRV, é uma das que se preparam para abrir capital. A companhia já está com registro em
análise pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Também é esperada a retomada,
pelo governo federal, do processo de abertura da Caixa Seguridade, parado desde qu,e a
crise econômica se acentuou.
Além disso, ofertas de empresas que já estão na Bolsa, os
chamados follow-on, também
devem movimentar o mercado.
Foram seis ofertas dessa modalidade este ano, até agora, o que
é considerado um número pequeno. Marcos Ribeiro, responsável pelas áreas bancária e de
mercado de capitais do Stocche
Forbes, diz que há uma demanda reprimida tanto das empresas quanto dos investidores:
-Essas ofertas devem acontecer no primeiro trimestre de
2017. O apetite por elas vai depender das expectativas em relação ao Brasil, por isso, !S re-
formas são importantes e a conjuntura política (também). Mas
é um mercado mais criterioso.
Tivemos alguns traumas, como
as empresas do Grupo X, os investidores estão mais seletivos.
VALORIZAÇAo DA BOLSA É CHAVE
E, embora a Bolsa acumule alta de 28,5% no ano, parte dos
empresários pode esperar por
uma recuperação de preços
maior antes de colocar um pedaço de sua empresa à venda.
-O mercado ainda deve ficar
um pouco parado e só fica bom
quando há várias emissões de
menor porte. Os preços ainda
estão depreciados, e nenhum
empresário quer vender assim.
Só se estiver precisando - afirmou Guilherme Dantas, advogado da área &ocietária do Si~~ira Castro. •
.....
Números
R$766,4
MILHÕES
Foi o valor levantado pela
empresa de medicina
díagnóstica Allíarem sua
oferta inicial de ações
25
EMPRESAS
Éo potencial de estreantes no
pregão de ações em 201 7,
segundo a Bovespa ·
28,5
PORCENTO
Éa valorização acumulada da
Bolsa brasileira desde janeiro
deste ano
O GLOBO
Página
29 I 10
~/:Af:LÇQBQ
12016
26 - Economia
Dólar sobe a R$ 3,197, em meio a
temor com eleições americanas
Investigações do FBI sobre candidata democrata afetam mercado
RENNAN SETII
[email protected]
ALTOS EBAIXOS
O dólar comercial fechou ontem em alta de 1,26% contra o real, cotado a R$
3,197, seguindo a tendência global para
moedas emergentes com a desvalorização de commodities e com o FBI (a policia federal americana) abrindo nova investigação sobre os e-mails da candidata democrata à presidência dos Estados
Unidos, Hillary Clinton. A notícia fez
com que os investidores passassem a
enxergar aumento de risco de uma derrota da democrata para o republicano
Donald Trump, de quem o mercado financeiro vem sendo crítico. Por causa
disso, mesmo tendo caído ao m enor
valor desde julho de 2015, R$ 3,106, na
terça-feira, o dólar encerrou a semana
com valorização de 1,04%.
No mercado de ações, a notícia sobre
a Hillary Clinton tirou força da Bolsa de
Valores de São Paulo (Bovespa), mas o
índice Ibovespa conseguiu encerrarestável (alta de apenas 0,09%), aos 64.307
pontos. O giro financeiro foi de R$ 8,3 bilhões. O noticiário
eleitoral americano foi
compensado pelos resultados corporativos
de empresas como
AMOEDA
Usiminas e BRF.
AMERICANA
A divisa americana
VAI CAIR MAIS? já subia pela manhã
por causa do cresciSaiba como se
mento mais forte que o
proteger de
esperado na economia
oscilações
dos EUA, que reforçou
glo.bo/2ffehtK
as apostas de que os
juros devem voltar a subir este ano no
país. O Produto Interno Bruto (PIB) dos
EUA cresceu à taxa anual de 2,9% no
trimestre passado- o maior avanço da
economia americana em dois anos.
COTAÇÃO DO DÓLAR EM REAIS
PETRÓLEO RECUA E AFETA EMERGENTES
Com isso, os juros futuros dos EUA passaram a antecipar chances de 83% de o
Federal Reserve (Fed, banco central do
país) elevar juros na reunião de dezembro, contra 78% na véspera. A notícia do
FBI surgiu no meio da tarde, fortalecendo a tendência.'
3,164
Menor valor da
moeda americana
em relação ao real
desde julho de 2015
3.0
21/10
24/10
25/10
Fonte: CMA
-Quando saiu a notícia sobre a Hillary, por volta das 15h, o dólar "esticou';
e a Bolsa brasileira perdeu força, seguindo o comportamento do mercado
lá fora - disse Luiz Roberto Monteiro,
operador da corretora Renascença. Agora, os investidores vão ficar atentos
às repercussões disso no fim de semana. Isso vai definir o comportamento
dos mercados na semana que vem.
A queda de 1,53% do petróleo do tipo Brent, a US$ 49,70, também influenciou na desvalorização de moedas
de emergentes. Os investidores estão
avaliando as chances de os membros
da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de implementar um congelamento na produção em um encontro que será realizado em novembro. Mesmo não sendo
membro, o Brasil participará de uma
reunião do grupo hoje em Viena.
Também contribuiu para a alta do
dólar a briga pela formação da Ptax, taxa de câmbio mensal que serve de referência para diversos contratos cambiais no fim de todo mês. Além disso,
com a proximidade do prazo fmal para
26/10
ONTEM
27/10
Editoria de Arte
repatriação de recursos, na segundafeira, os investidores entenderam que a
entrada de dólares por conta dessa lei
já está praticamente esgotada.
CENÁRIO MELHOR PARA USIMINAS
Após o fechamento do mercado, o Banco
Central (BC) anunciou que fará, na segunda-feira, operação conhecida como
leilão de linha - que equivale à venda de
dólares com o compromisso de recompra
no futuro. Serão dois leilões com a possibilidade de chegar a US$ 3 bilhões. O leilão de linha tende a desvalorizar o dólar.
Entre as ações, a maior pressão positiva
veio da BRF, que subiu 3,07% após ter registrado lucro de R$ 18,1 milhões no terceiro trimestre. Já a Usiminas disparou
11,3%, depois de divulgar seu balanço.
Embora a empresa tenha registrado o nono prejuízo trimestral consecutivo, de R$
107 milhões, as perdas estão diminuindo.
Já os papéis da Petrobras ON (com direito
a voto) caíram 0,62%, enquanto a PN
(sem voto) ficaram estáveis. As ações da
Vale PNA (sem voto) avançaram 0,29%. •
Com agências internacionais
O ESTADO DE SÃ O PAULO ---=3:....::0--=-/---=1:...::..
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0 1=.6
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Página A4 - Política
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ES~r-\Il \ ()
: -EZAMATAIS
: MARCELO DE MORAES
, >> Podia ser melhor. É que
: COl.UNA!XlfSTADAO@ESTADAOCOM
: POUTICAESTADAOCOM.BRIBLOOS/COlliNAOOESTAOAO;
eles perderam a quebra de
braço com a Receita Federal, que conseguiu que Temer vetasse o artigo que
garantia empréstinlo de pessoas físicas.
>> Expect ativa. O PMDB
Na corrida por 2018, só
Alckmin se fortaleceu
uma eleição marcada pela grande incidência devotos nulos e brancos e de abstenções do eleitorado,
o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é um
dos raros políticos que têm o que comemorar. Alckmin
bancou com sucesso a candidatura de João Doria, prefeito eleito no primeiro turno em São Paulo e se fortaleceu
na corrida sucessória de 2018 . Foi b em melhor que eventuais rivais. O senador Aécio Neves ainda t enta salvar a
eleição de seu aliado, João Leit e, em Belo Horizonte. J ~o
chanceler José Serra passou ao largo da eleição.
N
» Pauliceia. Candidatos e
» Plano. O ministro dos
aliados de Geraldo Alckmin
podem vencer em 13 dos 20
maiores colégios eleitorais
do Estado de São Paulo. Filiados do partido se elegeram em 10 cidades e aliados do PSB e PV administrarão outros 3 municípios do
interior de São Paulo.
Transportes, Maurício
Quintella, apresentou para
a Casa Civil os principais
pontos do Programa de
Aviação Regional.
» Calma l á. Aliados de Aé-
cio Neves, entretanto, lembram que a política nacional do partido, conduzida
pelo senador mineiro, pode
garantir aos tucanos o controle de nada menos do que
dez prefeituras de capitais.
» Adversários. Fora do ni-
nho tucano, o PT de Luiz
Inácio Lula da Silva sofreu
derrota pesada, reduzindo
suas prefeituras no País a
menos da metade. A Rede,
de Marina Silva, não fez
nem 4% dos votos na soma
de seus candidatos às prefeituras de São Paulo e Rio.
» Procura-se. Os deputa-
dos cariocas já estão de
olho no eleitorado do ex-deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ). Terceiro mais
bem votado no Rio de Janeiro em 2014, Cunha deixou
232 mil eleitores órfãos.
planeja aumentar seu reduto eleitoral. No primeiro
turno, Alagoas, terra natal
de Renan Calheiros, comemorou ao conquistar 39 prefeituras, crescimento de
s6% em relação a 2012.
» Torcendo. Reeleito em
Santos, o tucano Paulo Alexandre Barbosa está de
olho na recuperação da Petrobrás para aquecer a economia da cidade em 20 17 .
» Mas... Enquanto não se
define a questão da liderança do governo no Congresso, Romero Jucá discute
um plano digital para melhorar a imagem do PMD B.
>> Desgaste. Existe preocupação com a rejeição de parte da opinião pública em
relação ao partido.
>> Apostas. O prefeito espe-
ra que a empresa instale
em Santos um centro de
pesquisas e a nova sede de
exploração.
COM NAIRA TRINDADE E MARIANA
DIEGAS. COLABOROU SARA ABDO
1
(ESPECIAL PARA O ESTADO).
» Pacote. O programa será
lançado nas próximas semanas com investimentos em
pelo menos so aeroportos.
REPROO\JÇÃO FACEBOOK
I
» CLlCK. O governador
de Alagoas, Renan Filho
(PMDB-AL), aplica a vacina contra febre aftosa
num boi na segunda etapa da campanha de vacinação no Estado.
» Mais ou menos. Empresá-
rios comemoraram apenas
de formà parcial a sanção
da Lei do Supersimples, assinada ontem no Palácio do
Planalto por Michel Temer.
» SINAIS PARTICULARES. Geraldo Alckmin,
govern ad or de São Paulo (PSDB)
AGENDA
Segunda, 31
Quinta, 3 de novembro
Reunião de Michel Temer com
o secretário-geral da ONU
Presidente da Câmara volta a
Brasília após missão oficial
O presidente receb e Ant ônio Guterres e participa da reunião da Comunidade dos Países de Lín-
Em sua primeira viagem
oficial como pr esident e
da Câmara, Rodrigo Maia
visita a ex-república soviética d o Azerbaijão.
gua Portuguesa.
/
O ESTADO DE SÃO PAULO
Página A6 - Política
30/ 10 /2016
llORA
KRA1\1ER
O E-mail: [email protected] Twitter: @DoraKramer
O silêncio das urnas
N
_
,_
o primeiro turno das eleições
municipais havia dois polos
de atenção: o desempenho
do PT e o resultado em São Paulo.
Ambos surpreendentes. O primeiro
pela escassez e o segundo pela abundância de votos obtidos pelo candidato que da maneira mais completa
encarnou o repúdio ao petismo.
Hoje, dia de escolha em cidades
com mais de 200 mil habitantes, entre as quais 18 capitais, a estrela da
companhia é a ~leição ·no Rio, onde
concorrem dois candidatos cuja rejeição é assunto em qualquer roda
que reúna mais de dois cariocas.
As pesquisas apontam um aumen~o substanc~al de intenções pelos vo-
to.s em branco e nulos, confirmando o
que se ouve em toda parte: estamos
numa sinuca de bico. Sim, nós, porque
estou entre aqueles cujo título de eleitor obriga o comparecimento à uma
para escolher entre Marcelo Crivella e
Marcelo Freixo, dois opostos extremos que subtraem de boa parte do eleitorado a motivação positiva ao voto.
De onde a expectativa é a de que o
Rio seja a cidade campeã no quesito
ausência de escolha, aí incluídos os
que votarem em branco, nulo ou simplesmente ignorarem a obrigatoriedade formal. Porto Alegre apresenta si. tuação semelhante no que tange à indisposição eleitoral.
O exercício dademocracianãoacon-
1
I
[
selha à abstenção. O ideal seria que cadaumfizesseumaopçãoeseresponsabilizasse por ela. Melhor ainda se isso
não fosse uma imposição legal e o direito ao voto um gesto de vontade, como
de resto ocorre na ampla maioria das
-
-
--
Reza o mito, mas não é
verdade, que votos nulos e
I brancos anulem eleições
1
dias. Ocorre que a nulidade aí tem
outro sentido. Refere-se aos votos
anulados pela Justiça Eleitoral caso
somem
mais da metade dos válidos.
···········································'·•········· ··········· ··
democracias ocidentais. Mas, nem I A lei prevê as situações em que
isso possa ocorrer. As de maior arosempre é possível e a recusa, notada- 1 plitude dizem respeito a fraudes gemente quando em quantidade muito j neralizadaseàeventualperdadoreacima do habitual, requer uma leitura
·
d
d'd
d
d
acurada. Mas essa é outra história que I giStro a can 1 atura o vence or,
por exemplo, por abuso de poder
fica para ser analisada e contad~a p_a r_-_ econômico (compra de votos).
Há outras: violação do sigilo do
tir de amanhã.
voto, fechamento das umas antes
Razões para indiferença, desgosto
do horário previsto em lei (17 hoou revolta com a conduta de determi- · 1 ras), fraude na uma eletrônica, uso
nados políticos não faltam e provavel- 1 de identidade falsa por parte do eleimente elas serão o tema da discussão
tor, voto em seção diferente daquepós-eleitoral. Efica por aí aconsequênla indicada no título, restrição ao dicia. Não há outra, não obstante o mito
reito de fiscalização, realização das
de que votos em branco e nulos em
eleições em dia, hora ou local que
quantidade superior àvotação do vennão os legalmente estabelecidos:
cedor tomem inválida uma eleição ou
Portanto, não há resultado prátique sirvam para beneficiar esse ou
co decorrente da manifestação de
aquele candidato. Pura lenda urbana.
protesto ou de indiferença, embora
A contagem da Justiça Eleitoral leva
a depender do volume haja um recaem consideração apenas os votos válido claro a ser compreendido pelo
dos. Ou seja, descontados os votos em I mundo político. Inclusive em relabranco e nulos que vão literalmente
ção à obrigatoriedade do voto.
para o lixo. Portanto, quem se ausenta,
vota em branco ou anula protesta de
DORA KRAMER ESCREVE ÀS
forma inútil do ponto de vista do venceQUARTAS·F'EIRAS E AOS DOMINGOS
dor, eleito com qualquer quantidade.
Á
Uma hipótese absurda, mas real: ainda
que haja 90% de votos inválidos numa
eleição, o resultado será computado leI vando em conta o universo de 10% de
I votos válidos.
O mito da nulidade tem origem numa interpretação equivocada do Código Eleitoral, que no artigo 244 diz o
seguinte: "Se a nulidade atingir mais
1 da metade dos votos" será convocado
um novo pleito no prazo de 20 a 40 1
l
O ESTADO DE SÃO PAULO ----=3~0_!_/_:.1~0_:_1-=.2=01=--=6:...____.._
Página A8 - Política
~l~IAl\TE
A
CANTANHEDE
$ E-mail: [email protected] Twitter: @ecantanhede
Cadê os 'outsiders'?
A
PT perde, PSDB ganha,
PMDB estabiliza e
'outsiders' continuam fora
ocontráriodoalardeado de~­
de o primeiro turno, esta eletção que termina hoje não consagrou nem privilegiou os "outs~­
ders" da política. Os novos prefeitos de Norte a Sul serão políticos de
carreira e a rejeição do eleitorado à
política e aos partidos não se dá pelo
voto a arrivistas, mas pelo não voto:
abstenção, nulos e brancos.
A exceção que confirma a regra no
segundo turno é Alexandre Kalil,
empreiteiro que se fez à sombr~ do
Estado, apresenta-se como antlpolítico, xinga a política e concorre pelo inexpressivo PHS contra ? tucano João Leite em Belo Honzonte,
\_ uma d~s três principais capitais do_
País e a grande indefinição de ~?je.
Mas, em vez de prejudicar a pobttca,
ele a ajuda.
.
Por quê? Porque se aprove1ta ~o ar_nbiente da Lava Jato e da corrupçao SlS1 têmica para fazer campanha contra a
política, mas não é nenh~ exe~plo
de pureza. Kalil, o n_ão po~t1c~,.f01 co?-denado porapropnaçao mdeb:ta ~ ~ls­
temática do INSS de seus funcwn~os
e
deve 1 6 anos de IPTU. Como vrrar
1
I prefeito se suas dívidas com o setor
público somam muitos milhões de
reais? Pretende cobrar de si me~mo?
Sua campanha tem traços ffilStllrados de Trump, Collor e PSTU: "Nã? ~os
· 1ítlCOS,
·
Kali1 31, > "Chega de pohtlca,
po
alil
Kalil 31 ", "Fora PSDB, Fora PT, K
31". Ou seja, ele quer entrar 71<: jogo (metáfora bem adequada à eletçao de ~H),
mas finge que não e condena o Jogo.
Isso é deseducativo, ajuda a mass~car
a ideia de que a política e ~s políucos
são sujos. Logo, a democracia e um mal.
E por que Kalil é o antipolítico e João
Daria não pode ser classificado assim?
Daria como Dilma e Haddad, nunca tevem~dato antes, mas disputou prévias
no PSDB de São Paulo, reafirmou uma
identidade partidária, fez campanha
-- -
sob o patrocínio do governador Geraldo
Alclanin e ao lado de deputados e vereadores... Entrou no jogo sem disfarces.
Não negou a política, não deseducou.
Olhando-se para as 18 capitais onde
há segundo turno, a eleição é en?"e r:olíticos. Rio, o máximo da polanzaçao,
com Crivella (PRB) e Freixo (PSOL);
Porto Alegre, Marchezan (PSD B) e Sebastião Melo (PMD B); Recife, Geraldo
Júlio (PSB) e João Paulo (PT): Mac~ió,
Rui Palmeira (PSDB) e CíceroAlme1da
(PMDB) ... Cadê os "outsiders"?
t~ve
Nessa visão panorâmica, o
uma derrota acachapante no pnme1ro
turno (só venceu em Ri_? Branco, n~
Acre) e? ex-pref~ito ,J~ao Pa~o esta
bem atras no Rec1fe, umca cap1tal onde o partido concorre. Na outra ponta,
o PSDB teve a vitória espetacular de
Doria e levou Teresina no primeiro turno, concorrendo em oito capitais no
segundo, com boas chances em P?rt?
Alegre, Maceió, Manaus (Arthur~rrgt­
lio) e Porto Velho (Dr. Hildon). Ha e~­
pate técnico em BH e os tuca?-os estao
atrás em Campo Grande, Cmabá e Belém, apesar dos três governadores seremdoPSDB.
Dos maiores partidos, PMDB disputa Porto Alegre, Florianópolis, Ma-
P!
I
I
ceió, Macapá, Goiânia e Cuiabá e o
PSB está na disputa no Recife, em
Aracaju e em Goiânia, mas outra característica desta eleição é a pulverização partidária, com PSD (Curitiba e Campo Grande), PSOL (Rio e
Belém), PMN (Curitiba e São Luís),
PDT (São Luis), PRB (Rio), PP (Florianópolis), PPS e Solidariedade
(ambos em Vitória) , Rede (Maca1
pá), PCdoB (Aracaju) , PTB (Porto
Velho) e PR (Manaus).
Conclusão: PTvai mal, PSDB tende a ser o grande vitorioso, PMDB
mantém uma força disseminada,
uma profusão de partidos pinga pelo mapa brasileiro, mas a eleição
não é um jogo de "outsiders", mas
de profissionais.A política continua
sendo dos políticos e o protesto
crescente do eleitor no mundo contemporâneo é mais pela abstenção,
voto nulo ou em branco do que pelo
1 voto em arrivistas. O eleitor irritado
prefere meter o sarrafo nos candidatos pelo Facebook e pelo Twitter do
que votar. Mas quem vota tenta fugir do perigo maior.
ELIANE CANTANHÊDE ESCREVE
ÀS TERÇAS E SEXTAS-FEIRAS E AOS DOMINGOS
30 / 10 / 2016
O ESTADO DE SÃO PAULO
Página B 1 - Economia & Negócios
~!:YJ(QBQ
Tribunal. Segundo lvcs (randra Martins Filho, desde que assumiu o posto ele ouve de empresários e parlamentares a o·ítica de
que a Justiça trabalhista 'superprotegc' os empregados; c, se há tanta reclamação, diz, 'é porque alguma coisa está acontecendo'
Presidente do TST vê 'desbalanceamento'
da Justiça em favor dos trabalhadores
Murüo Rod•igues Alves
BRASÍLIA
O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST),
Ives Gandra da Silva Martins
Filho, disse ao Estado que a
Justiça do Trabalho precisa
analisar se não há um "desbalanceamento" nas decisões a
favor dos empregados, protegendo demais o trabalhador.
"Será que a balança não está
pesando demais para um lado?", questiona.
O TST é a última instância em
processos relacionados à legislação trabalhista. Desde que assumiu a presidência do órgão,
no início deste ano, Ives Gandra ouve de empresários e parlamentaresacríticade queaJustiça trabalhista superprotege o
empregado em detrimento das
empresas. "Se há tanta reclamação no setor patronal, alguma
coisa está acontecendo."
A última cen sura, p orém ,
veio de um colega do Judiciário.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou que o TST tem
"má vontade com o capital" e
adota uma jurisprudência no
sentido de "hiperproteção'' do
trabalhador.
"Esse tribunal é formado por
pessoas que poderiam integrar
até um tribunal da antiga União
Soviética. Salvo que lá não tinha
tribunal", ironizou Mendes, fazendo rir a plateia de empresários presentes em um seminário sobre infraestrutura, em
São Paulo, no dia 21 deste mês.
No mesmo dia, o presidente
do TST lamentou, em nota, a
forma "infeliz" como se expressou Mendes. No entanto, ele
não assinou ofício encaminhado esta semana à presidente do
Supremo Tribunal Federal
(STF),Cármen Lúcia,porl8 ministros do TST que lastimaram
as declarações de Mendes.
'Misturadamente'. Para Ives
Gandra, o papel do TST é conciliar os interesses de trabalhadores e empregados. Ele recorre ao autor Guimarães Rosa e
diz que as partes do processo
precisam reduzir as expectativas para que haja acordo. Em
vez do "felizes para sempre",
comum n os contos de fadas, é
mais apropriado para ele usar
''viveram felizes e infelizes misturadamente", parafraseando
o autor do livro Grande Sertão
Veredas.
O presidente do TST estima
que o número de processos recebidos nas varas trabalhist as
deve bater recorde este an o e
chegar à marca de 3 milhões, o
maiorvolume já registrado desde 1941, quando com eçou a
série histórica do tribunal.
No ano passado, foram 2,66
milhões. A tendência acompanha o aumento do número de
demissões em razão da crise
econômica e do clima de incerteza n o País. A taxa de desem prego está em n,8% no trimestre móvel encerrado em setembro, com 12 milhões de p essoas
em busca de um trabalho no
País, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua (Pnad Contínua) do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) .
30/ 10 /2016
O ESTADO DE SÃO PAULO
Página
C2 - Caderno 2
DIRETO DA FO~VfE
SONIARACY
O
j
Blog: estadão.com.br/diretodafonte F-booJc facebook.comfSoniaRacyEstadao tnstagram: @colunadiretodafonte
Timing eleitoral
:\"o fio da navalha ·
Passado o segundo turno hoje,
GilmarMendes quer uma reunião com Rod.rigo Maia e Renan Calheiros para falar de ...
reforma eleitoral. E o ministro tem pressa: para as mudanças valerem em 2018, o
prazo disporúvel é de um ano.
Wagner Moura quer (Wmeçar a filmar seu Marig1i.e1la no
primeiro semestre de 2017. O
filme está em fase de captação e finalização de roteiro.
"Neste momento de retração
econômica: e polarização política, a captação ficou complicada", diz o ator. Sobre o
roteiro, Moura afirmou que
está nos detalhes finais: "Trabalhamos nele desde 2013".
Mas enfrenta "as implicações éticas das pessoas que
viveram a história - mas ao
mesmo tempo o filme não é
um documentário. Vivemos
no fio da navalha".
Para o presidente do TSE,
"não adianta discutir modelo de financiamento sem se
definir o modelo eleitoral"
-leia~ se, o total de panidos.
Guerra fiscal
A guerra fiscal entre os Estados aumentou o trabalho no
STF,quetambémfuncionano
_ papel de corte da federação.
Dias Toffoli já contou mais
de 100 ações diretas apresentadas sobre o assunto. "Temos mais de 5mil municípios.
Já pensou se a gente receber
ação de todos?", comentou.
Samba no Planalto
O centenário do samba será
o tema central da festa na entrega da Ordem do Mérito
Cultural, dia 7 de novembro.
E a principal homenageada,
Dona Ivone Lara.
Aquisição de peso
Amos Genish, o superexecutivo do setor de telecomunicações, foi convidado
para atuar com o conselheiro do board de administraçãodoBTG.
Rildo Hora, produtor, e o diretor Cesar Augusto vão organizar a noite para o MinC,
no Palácio do Planalto.
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J
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FOLHA DE SÃO PAULO
Página
30 I 1O I 2016
A4 - Poder
PAINEL
NATUZANERY
[email protected]
Laços de família
Acompra pelo Grupo Petrópolis de parte de uma mineradora que tem Leonardo Picciani (Esporte) como sócio entrou na mira de relatório de inteligência financeira feito por órgão de controle da Fazenda para a Lava Jato. Ogrupo pagou R$ 5,5 milhões aos Picciani logo após
ter recebido R$ 36 milhões de uma empresa com capital
de R$ 1.000. "A movimentação foi caracterizada pelo
recebimento com imediato pagamento ou de transferência a terceiros sem justificativa", diz o documento.
' ' tiroteio
Oclima não éde velório, Çde efervescência
do regime democrático. Eno tranco
da carroça que as abóboras se ajeitam.
DE CARLOS AYRES BRITIO, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal,
sobre a semana de turbulências entre os Poderes Legislativo e Judiciário.
' ' contraponto
Boca fechada não entra mosquito
Durante jantar de João Doria com os 25 vereadores
eleitos por sua coligação, na segunda-feira (24), no
Terraço Itália, Zé Turin (PHS) disse a Julio Semeghini
(PSDB) que o próximo encontro deveria ser em uma
churrascaria. Pudera: ele é dono de um açougue.
Quando Doria terminou seu discurso, chegou a
vez de Turin falar. Semeghini logo interrompeu:
- Fala o que você me disse ali no canto - encorajou
o tucano.
- O quê? - questionou o futuro vereador.
- O que estava me dizendo lá fora, ora!
- Ah! Que eu quero a subprefeitura de Santo Amaro?
Outro lado Procurado,
Enquanto é tempo Às
Jorge Picciani, pai do ministro vésperas da decisão do Cone responsável pela empresa, gresso sobre cortar recursos
diz que a compra de parte da públicos para partidos nanimineradora pelo Petrópolis cos, multiplicam-se pedidos
foi legal e que ele não tem res- de registro de siglas na Justiponsabilidade sobre a origem ça Eleitoral. São 52 novos grudos recursos que o pagaram_ pos tentando se oficializar_
Sem mais OGrupo Petrópolis sustenta que se trata de
compra e venda de ações.
Gregos e troianos Na
lista, há os ligados a causas
ambientais, corno o Animais;
os religiosos, como a UDC do
Errou o alvo Passado o B(União da Democracia Crisprimeiro turno das eleições, tã do Brasil); e os esportistas,
ministérios começaram a re- corno o já notório PNC (Parceber romaria de deputados tido Nacional Corinthiano).
pedindo algo inusitado: que
as pastas cancelassem recurMangas de fora Deputasos liberados a pedido deles dos que votaram contra o irnpara municípios em que os peachment- mas agora inaliados foram derrotados.
tegram a base de Michel Temer - começam a se acotoMeu umbigo Corno parte velar por espaço no governo.
das obras só era esperada para 2017, os parlamentares não
Mudei de lado Eles tiquerem ver adversários triun- nham ficado fora da partifando com o esforço alheio. lha inicial, mas, como votaram com o Planalto no teto de
Desinteresse públicQ-Q gastos, já se acham nietécecaso mais emblemático ê dores de um cargo ou outro.
o de urna cidade em que a
mãe de um deputado nãofez
Casei.,pl'imeiro A&.bano sucessor, e ele correu ao go- cadas que estão com Temer
verno para pedir o bloqueio. desde o início - principalmente as do Nordeste - coDo barulho Em uma das meçam a se movimentar para
visitas ao marido, lsabela barrar a concorrência.
Odebrecht ouviu de Marcelo: "Nossa, foram presos uns
CarnêdabúellddadeO
caras barras-pesadas aqui". comando do PR paulista discutiu com Geraldo Alckmin
Ato falho? A mulher do apoio ao tucano na disputa
empreiteiro pareceu respon- presidencial de 2018. Com a
der sem pensar, segundo pes- derrota do PT em SP, dirigensoas com acesso à carcera- tes dizem que a "última pargem da PF: "E você acha que cela com o petismo já foi paé o que para estar aqui?".
ga" e que, agora, estão livres.
Papel passado Um dos
caciques afirma que o PR não
quer deixar para selar o casamento com Alckmin na véspera da eleição. Pretende definir a sinecura em São Paulo
logo depois do segundo turno das disputas municipais.
Dureza Oprefeito Fernando Haddad está angustiado
Há vagas O restaurante corn suadívidadecampanha
Tia Zélia, reduto de petistas e - R$ 8 milhões, segundo o
o preferido de Lula em Brasí- TSE- Os jantares de arrecadalia, está em crise desde o irn- ção não estão rendendo muipeachrnent. Olocal, que che- to e, para atrapalhar, amigos
gava a ter 40 minutos de espe- dizem que o PT está ajudan_o de mesas vazJ.
_ ·a
_s_. _ d_o_ rn_enos do que deveria.
ra,_es_tá_fart
FOLHA DE SÃO PAULO
Página
30 I 10 / 2016
3 - Mercado
ENTREVISTA HENRIQUE MEIRELLES
0f\~\ A
-·. .... . ,NCORO
. . . '· ., ., , _,_ ,_, , ..,._, .,
Retomada da economia
não será algo esfuziante
MINISTRO DA FAZENDA DIZ QUE RECUPERAÇÃO DA ATIVIDADE
SERÁ LENTA E QUE A VOLTA DA SENSAÇÃO DE BEM-ESTAR DAS
PESSOAS PODERÁ NÃO COINCIDIR COM O CALENDÁRIO ELEITORAL
NATUZANERY
EDITORA DO " PAINEL"
RICARDO BALTHAZAR
EDITOR DE *MERCADO"
O ministro da Fazenda,
Henrique Meirelles, não arreda o pé do prazo mínimo de
dez anos para rever o teto dos
gastos do governo. E concorda que seria um equívoco alterar. as regras antes disso.
Em entrevista na sexta-feira (28) em São Paulo, a Folha
indagou se o abandono do teto antes da hora seria "suicídio". O chefe da equipe econômica consentiu: "Ah, sim".
A proposta de emenda
constitucional que cria.o teto
de gastos foi aprovada pela
Câmara dos Deputados e agora será examinada pelo Senado. Ela congela os gastos do
governo, l4nitando sua correção à inflação do ano anterior.
Numa entrevista recente, o
presidente Michel Temer sugeriu que o mecanismo poderia ser revisto em quatro ou
cinco anos se a economia melhorar; mas Meirelles não
polemiza com o presidente.
"Se a· situação melhorar
muito, o país voltar a crescer
muito, o PIB crescer muito, o
Congresso é soberano para
mudar a Constituição", disse
o ministro, enfatizando a palavra "muito". "Nossa previsão é que o tempo necessário
são dez anos", acrescentou.
Ele afirma que o êxito do
teto depende de uma reforma
profunda para frear a despesa com a Previdência Social,
a que mais cresce no OrçaNossa expectativa é q4e semento. "[Sem a reforma], o ja aprovada ainda neste ano.
efeito seria um aumento de
tributação, porque tem de pa- Embora o governo garanta um
gar a conta", disse o ministro.
piso para os gastos com saúde,
Sempre apontado como hâ preocupação porque os cusvirtual candidato ao Palácio tos do sistema tendem acresdo Planalto em 2018, Meirel' cer com o envelhecimento da
les diz não fazer concessões população e o teto limitarâ as
em nome de pretensões polí- despesas daqui para a frente.
ticas. "Se vou ser candidato,
Nada impede que o Connão vou ser candidato, isso é
1 gresso aloque mais recursos
conversa de político", disse. na saúde, mantendo o teto.
Essa justificativa não deveria ser usada como razão
Folha - O que mudou na opi- para que se mantivesse um
nião dos investidores com aumento insustentável das
quem o sr. falou desde que as- despesas públicas, que não é
sumiu o ministério, em maio? financiável no médio prazo e
Henrique Meirelles - Há muito menos no curto prazo.
uma grande confiança de que
nosso plano deve ser bem-su- Se a economia reagir, haverâ
cedido, um grande otimismo tentação de rever o teto?
em relação às possibilidades
Um limite constitucional
de investimento no Brasil.
Inão se muda com facilidade.
*
Nenhuma preocupação?
A primeira preocupação é
com a implementação completa do ajuste fiscal. A PEC
do Teto, a Previdência e outras medidas que possam ser
necessárias. Outra preocupação é com a produtividade, a
taxa decrescimento potencial
do país e a criação de oportunidades de investimento.
A PEC do Teto serâ aprovada
com facilidade no Senádo?
' ' [Sem refonna
da Previdência],
o efeito vai ser
um aumento da
tributação. Tem
que pagar a conta.
Mais importante
do que se aposentar
alguns anos antes,
mais cedo, é você
ter a certeza de
que vai receber
sua aposentadoria.
Na Grécia, a
Previdência quebrou
Além disso, está claro que o
que levou o Brasil à crise foi
justamente o crescimento
das despesas públicas. Entre
2008 e 2015, elas cresceram
três vezes mais do que o PIB
(Produto Interno Bruto).
Em 2008, o sr. estava no governo Luiz Inâcio Lula da Silva, de onde só saiu em 2010.
Certo, mas a inflação estava na meta [perseguida pelo
Banco Central, que Meirelles
presidiu]. Não temos condições de continuar gastando
recursos como se fossem produzidos de forma mágica.
Tivemos essa ilusão antes, e
isso gerou a hiperinflação.
Como estarâ o humor dobrasileiro em 2018, na próxima
eleição presidencial?
_Difícil prever, mas o importante é que ternos feito o dever de casa. Com a PEC e areforma da Previdência, o país
estará caminhando melhor.
O bem-estar do cidadão virá,
não necessariamente dentro do calendário eleitoral.
E se o Congresso não aprovar a
reforma da Previdência?
O efeito vai ser um aumento de tributação, porque tem
que pagar a conta. Se olharmos 40 anos à frente, apenas
para financiar o aumento dó
deficit da Previdência, impostos e contribuições teriam de
aumentar dez pontos percentuais do PlB. Não é factível.
Mais importante do que se
aposentar alguns anos antes,
mais cedo, é você ter a cer-
,
FOLHADESÃOPAULO
Página
30 / 10 / 2016
3 - Mercado
teza de que vai receber sua
aposentadoria. Na Grécia,
por exemplo, a Previdência
social quebrou. Isso é o que
nós estamos evitando agora.
O Congresso será sensível a
isso, num momento em que
o desemprego é tão elevado?
A crise e o desemprego são
os argumentos para a necessidade do ajuste. Acredito no
contrário. Se o país estivesse
muito bem, seria mais difícil
aprovar a reforma. O fato de
que isso levou o Brasil à crise
dá força para a mudança.
Opresidente Michel Temer se
aposentou aos 55 anos, antes
da idade mínima que propõe
agora, 65 anos. Isso prejudica
a capacidade do governo de
conquistar apoio à reforma?
Acho que não. A Constituição preserva direitos adquiridos, não só daqueles que já se
aposentaram. Não se está discutindo tirar as aposentadorias dos aposentados. Quem
se aposentou aposentou.
Como o sr. vai convencer a
cúpula do governo de que é
preciso fazer uma reforma
profunda na Previdência?
Todos concordam que o
país tem que sair da crise, e
que o teto de gastos é fundamental. O que importa agora
é o país crescer e criar empregos. Houve um alinhamento
completo do governo, principalmente da área política.
Temer disse que o teto pode-
Ele constatou um fato. Se
a situação melhorar muito, o
país voltar a crescer muito, o
PIB crescer muito, o Congresso Nacional é soberano para
mudar a Constituição. Agora,
nossa previsão é que o tempo
necessário são dez anos.
Dez anos não é um período
muito longo de arrocho?
A nossa previsão é que, em
dez anos, as despesas do governo deverão cair de 19,5o/o
do PIB para 15,5o/o do PIB.
Estamos possivelmente na
maior recessão da história do
país. Não é hora de aumentar
impostos. Todo dia, algum
setor pede redução de impostos para voltar a crescer. Não
estamos fazendo nenhum.
O momento é de voltar a
crescer. A tributação brasileira já é muito elevada, e a
despesa pública também é
muito elevada. Temos que
controlar as duas coisas.
Conseguirâfechar as contas de
Ou seja, seria suicídio rever a 2017 sem aumentar imposto?
medida em três anos?
Sim. A arrecadação neste
Ah sim.
ano com o programa de repa'
triação [de recursos mantidos
Porquenãoaumentarimpos- 1 il~g.al_mente no exterior] p~~­
tos, taxando heranças e gran- ~tira ~segura~ ~ equilídes fortunas, por exemplo, bno mator no prmamo ano.
para compensar os sacrificios
A recessão acaba neste ano?
impostos pelas reformas?
Temos previsão de crescimento no ano que vem. Não
há dúvida de que a retomada do crescimento será um
RAIO-X
processo mais lento do que
HENRIQUE
em crises anteriores. Pela
MEJRELLES, 71
dimensão do deficit público,
pelo
tamanho da recessão, e
Nascimento: Anápolis (GO),
porque
a crise demorou muiem 31 de agosto de 1945
to. As empresas precisam se
reestruturar, as pessoas têm
Formação: engenharia civil
que
pagar dívidas. Não será
na Escola Politécnica da USP
uma retomada esfuziante.
Cargo: ministro da
Fazenda desde 12 de maio
Carreira: presidiu o conselho
de administração da J&F,
presidiu o Banco Central de
2003 a 2010 e foi presidente
mundial do BankBoston
O sr. é candidato a presidente?
Sou candidato a fazer um
bom trabalho no Ministério
da Fazenda e botar a economia para crescer. Qualquer
discussão sobre isso, principalmente minha, é negativa.
Deixando a porta aberta para
uma possível candidatura, osr.
não alimenta desconfianças?
Estou no mercado há 40
anos. Conheço o mercado. A
preocupação do mercado é
saber que meu foco é lOOo/o
na economia, no ajuste fiscal,
em botar o Brasil para crescer. E que não há concessão
política. Não há dúvida a essa
altura. Se vou ser candidato,
não vou ser candidato, isso é
conversa de político.
Os políticos estão assustados
com a Operação Lava Jato. A
instabilidade pode prejudicar
o andamento das reformas?
Não vejo políticos adotarem posição contrária às reformas porque se sentiram
desestabilizados ou estão
preocupados. Não vejo o
Congresso parando de cumprir suas funções por causa
dessas questões. Pelo contrário. É o momento de o Congresso cumprir sua missão.
Não há risco com a Lava Jato?
Pode ser risco para algumas pessoas. É normal. É
para isso que temos instituições, tem aí o Supremo Tribunal tomando decisões, o
Congresso discutindo, a imprensa atuando. As instituições do país estão num processo de amadurecimento.
ria ser revisto antes da hora.
I
O GLOBO
30 I 10
/2016
Página 40 - Rio
b\~fYÇ.QBQ
·-.- ........._
ANCELMO
GOlS
ANA CLAUDIA GVIMARÃts,
DANIEL BRUNET E TIAGO ROGERO
R$ 1.400.000.000,00
'Sic transit gloria mundi'
Veja como este retorno do filho
pródigo à casa paterna, a tal
repatriação de bens e ativos
mantidos por brasileiros no
exterior, envolve uma grana alta.
O advogado de um repatriador
foi, sexta passada, a um banco em
São Paulo para pagar, veja só, R$ 1,4
bilhão à Receita Federal.
O Japonês da Federal sentiu o baque. Após a repentina
fama do Hipster da Federal, que já contratou até assessor
de imprensa, seu colega Newton Ishii deixou de lado o
jeito afável com os presos e passou a tratá-los com menos
carinho. É como dizià o centenário Dr. Ulysses Guimarães
sobre quem depende da fama: "Tantos são assassinados, crucificados, frustrados. Foi
trágico o fim de Cristo, Kennedy, Garrincha, Marilyn Monroe, Elvis. Os Asilos dos
Artistas testemunham as terríveis palavras: 'Sic transit gloria mundi":
Só que••.
Na hora de preencher o Darf,
descobriu que, na versão
impressa deste boleto usado para
pagar o Leão, não caberia o total
de dígitos da quantia devida.
A solução, então, foi fazer, para o
mesmo pagamento, dois Darfs: um
de R$ 900 milhões e outro de R$
500 milhões.
O prazo para a regularização
termina amanhã, e a Receita pode
embolsar uns R$ 60 bilhões.
Ouem se habilita?
A companhia aérea Azul deve
anunciar esta semana a realização
de um sonho acalentado desde que
foi criada, em 2008.
O de efetuar um IPO, sigla em
inglês de Initial Public Offering, que
significa que a empresa fará a
primeira oferta de ações, abrindo o
seu capital.
A vez da tunna da bufunfa
A força-tarefa da Operação
Lava-Jato prepara uma investigação
sobre corretoras e bancos que
teriam ajudado políticos e
empresas a lavar dinheiro de
propina da Petro bras.
Mexa-se, Sarney Filho!
O aumento de 25% do
desmatamento da Amazônia
(segundo o INPE) é atribuído ao
lhama, que está sem recursos e sem
equipes no campo.
O ministro do Meio Ambiente,
Sarney Filho, parece acomodado.
Tomara que não!
Nas asas da Panair
Rio não passou na Portela
A mansão na Gávea, no Rio, que
abriga a atual edição do Casa Cor,
onde morou o casal Celso e Malu da
Rocha Miranda, está à venda por R$27
milhões.
Celso (1917-1965) foi sócio da Panair
e da Internacional de Seguros. Por
causa d e sua amizade com Juscelino
Kubitschek, ele foi perseguido pela
ditadura.
Mudou o nome do emedo da Portela.
Agora, é "Quem nunca sentiu o corpo
arrepiar ao ver esse rio passar?"
O anterior, "Foi um rio que passou
em minha vida, e meu coração se
deixou levar..:; era um verso da música
famosa de Paulinho da Viola, e teve de
ser mudado por questões de direito
autoral da gravadora.
Os outros detalhes do Rei
Será lançada em abril de 2017 uma
nova biografia de Roberto Carlos,
assinada por... Paulo César de Araújo,
autor do polêmico "Roberto Carlos em
detalhes': censurado pelo próprio Rei,
em2007.
A nova obra- que deve se chamar
"Roberto Carlos e outros detalhes"demorou um pouco para ser feita. É
porque o autor r~solveu incluir o
período entre 2006 e 2016, posterior à
proibição do primeiro livro.
Não 'tá' fácil para ninguém
A querida rede Livraria Cultura tem ,
pedido um pouco de paciência a seus
credores.
Pérolas do Tonico
Postagem de Tonico Pereira, o
querido ator, no Facebook:
"A classe média politizada, inclusive,
defende as pu!as, mas é incapaz de
casar com uma mulher que transe de
forma livre e prazerosa!!!"
Isto em Frei Paulo.. :
ELEIÇÕES2016
Jagger apoia Crivella
Lei Luiz Gonzaga
Uma turma
gaiata que
detesta o Crivella
espalha esta arte
por aí. Nela, Mick
Jagger, cuja fama
de pé-frio é
planetária, surge
apoiando o 10. O • • •
mau agouro
pode não funcionar, mas um pouco de
humor é tudo o que o Brasil precisa.
Uma conhecida
entidade ligada ao meio
artístico estuda recorrer
ao STF contra a lei que
proíbe o showrnício.
Alega que isso afeta o
mercado de trabalho de cantores e
músicos, que tinham nas eleições em 5,5
mil cidades uma boa fonte de renaa
Aliás, durante anos, Luiz Gonzaga
(1912-1989), o Rei do Baião, viveu de
shows em comícios.
.l
O GLOBO
30 I 10
/2016
Página 45 -Economia
Tarifas, indexação, alimentos e
dólar freiam queda da inflação
Mesmo com recuo do PIB de 6,8% desde 2015, IPCA está em 8,48%
CÁSSIAALMEIDA
[email protected]
O Brasil está vivendo o segundo
ano seguido de recessão, com a
economia encolhendo 6,8%
desde o início de 2015. Mesmo
assim, o lndice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA),
que serve de base para as metas
de inflação, acumula 8,48% nos
últimos 12 meses. Como é possível a inflação ainda estar num
patamar tão alto com o país
passando pela recessão mais
longa desde o início do século
passado? Medidas econômicas,
indexação (recomposição de
preços .com base na inflação
passada), subida do dólar, tarifaço de energia e choque de alimentos explicam a situação.
José Márcio Camargo, economista-chefe da Opus Gestão de
Recursos, afirma que o tarifaço
de 2015 (alta de 50% na conta
de luz, 20% na gasolina e de
9,15% no transporte público)
respondeu por quase um quarto da inflação daquele ano, que
chegou a 10,67%. Mas o tarifaço
ainda contamina o índice este
ano, por meio do repasse desse
auinento de custos para a produção e os serviços:
- Somente agora os índices
de inflação começam a mostrar os efeitos da recessão.
Economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio
(CNC) e ex-diretor do Banco
Central, Carlos Thadeu de Freitas afirma que as tentativas do
governo de manter a inflação
sob controle causaram assimetrias. E os reajustes represados
em anos anteriores explodiram
em 2015, quando a recessão
chegou a 3,8%. Intervenções na
cotação do dólar, para mantê-lo
artificialmente baixo, preço da
gasolina contido e queda no
preço de energia por decreto
causaram as distorções. Assim,
a demanda contraída não conseguiu impedir a alta da inflação quando essas travas aos
preços foram retiradas.
- As distorções foram corrigidas em 2015, e os preços subiram muito fortemente - diz.
Nessa conta, entra a indexação, ainda comum num país
que chegou a ter 5.000% de inflação ao ano, num passado
não muito distante, há 23 anos.
A população se protege e embute a inflação passada nos
preços, principalmente nos
serviços, que já deveriam estar
recuando com mais força diante da massa de 12 milhões
de desempregados:
- As mensalidades escolares
devem subir 10% depois do segundo ano seguido de recessão
(espera-se contração do PIB de
3,22% este ano) - diz Freitas.
Sérgio Vale, economistachefe da MB Associados, afirma que a prestação de serviços
é ligada diretamente aos reajustes do salário mínimo, que
este ano subiu 11,6%:
-Os trabalhadores nos serviços têm um nível salarial menor que o da indústria, e o setor é muito afetado pelo reajuste do mínimo. Esse é um
dos motivos para a inflação de
serviços resistir mais a cair.
Essa preocupação aparece nas
atas e relatórios de inflação do
Banco Central (BC), ao explicar
os motivos de a taxa básica Selic
estar em 14% ao ano, ·o que representa um juro real (descontada a inflação) de 8,5%, mesmo
com país em recessão. Na opinião de Vale, a preocupação é jus-
tificada, mesmo com as críticas
de excesso de cautela do BC boa parte do mercado esperava
que o Comitê de Política Monetária (Copom) da autarquia reduzisse os juros para 13,75%, e
não para 14%, na última reunião, dia 19. Para Vale, a queda
gradual dos juros não é só para
trazer a inflação para meta de
4,5% a qualquer custo em 2017:
- A queda de juros me dá a
impressão de que o BC quer
que a meta caia para 3%, num
"Somente agora os
índices de inflação
começam a
mostrar os efeitos
da recessão"
Jos6 Márcio Camargo
Professor da PUC
horizonte mais longo, trazendo os juros para patamares
mais baixos também. E vencer
a indexação dos serviços é um
passo importante.
A política fiscal tem papel
fundamental nessa equação. O
Brasil tem um déficit nominal
(incluindo o pagamento de juros da dívida pública) de R$
587,038 bilhões, o que corresponde a 9,64% do PIB. Os gastos
do governo aumentam a demanda na economia, o que dificulta a redução dos preços. Como a União deve ter um déficit
primário de cerca de R$ 170 bilhões este ano e de R$ 140 bilhões no ano que vem, sem
contar o pagamento de juros, a
política fiscal pouco vai ajudar
no combate à inflação. Por isso,
Vale e Freitas defendem a proposta de emenda constitucional (PEC) que limita o crescim ento dos gastos públicos à inflação do ano anterior e a reforma da Previdência. Na opinião
dos economistas, o Banco Centrai tem sido mais cauteloso para compensar o papel da política fiscal. Mas há riscos nessa
cautela, diz Luiz Roberto Cunha, professor da PUC:
- Os riscos podem ser crescentes nos próximos meses, especialmente para a reforma da
Previdência, se o ambiente político piorar. Mas aí teremos um
problema maior para este Copom cauteloso, pois sem redução
mais intensa da Selic, a atividade
econômica não se recupera e a
popularidade do governo pode
cair, dificultando ainda mais as
negociações no Congresso.
_O economista diz que a crise
nos estados pode também
comprometer a política fiscal.
Mesmo com todos os obstáculos no caminho, a inflação está
cedendo. As projeções são de
que fiquem abaixo de 7% este
ano e possa chegar ao centro da
meta, de 4,5%, no fim do ano que
vem, como espera o BC. Além
dos juros altos, está prevista uma
supersafra em 2017, deixando
para trás a inflação de alimentos
que chegou a 16,15% nos últimos
12 meses. O tarifaço já passou, o
dólar, que chegou a custar R$
4,15 no início do ano, está perto
de R$ 3,20, e os preços dos serviços devem subir cada vez mais
devagaij prevê~ •
,
O ESTADO DE SÃO PAULO
Página A4 - Política
t '<)I J.-.\.\ >< )
I~S'li\ J))\<)
31 I 10 I 2016
: ANDREZAMATAIS
e Venezuela
; MARCELO DE MORAES
; COLLI'IAOOESTAOAO@ESTAOAOCOM
; POUTICAESTAOAO.COM SR/8LOOS/CQ UNA-lXH.STAUW/
ENTREVISTA
···· ··· ··· ······························· ·········································· ············· ··· ······
Teresa Surita, prefeita reeleita de Boa Vista (PMDB-RR)
1
'No Brasil, o mundo da
política é machista'
e Machismo
O eleitor não é machista.
Mas o mundo da política é.
Tem lugares e partidos aonde a política é feita por pessoas de idade, homens e machistas, que predominam.
• Preconceito no Congresso
om quase So% dos votos dos eleitores de Boa Vista,
em Roraima, Teresa Surita foi a única mulher a se
eleger no primeiro turno como prefeita numa capi' tal. No momento em que o empoderamento feminino ganh~ cada vez mais força, essa mudança de cenário continua passando longe da política. Apenas outras duas mulheres chegaram ao segundo turno em capitais: Rose Modesto (PSDB), em Campo Grande, e AngelaAmin (PP),
em Florianópolis. Teresa chega à prefeitura pela quinta
vez e avisa: "a política é machista, mas isso não me pata".
C
Fui duas vezes deputada
federal. Senti muito isso
dentro do Congresso. Você
não tem espaço. As pessoas
só tratam com você sobre
assuntos sociais. Só te ofe1 r:cem parti~ip~ção de atuaçao em com1ssoes menores.
A luta da mulher dentro da
política, principalmente a
I nível nacional, é uma coisa
onde você tem de provar
sempre a sua capacidade.
e Obstáculos
O que é muito claro na política, para mim, é que realmente é um espaço machista. Mas isso não me para.
Porque, para mim, tanto
faz. Porque faço política.
Mas minha relação é maior
com as pessoas, com a comunidade, com a cidade.
Teresa
Surita
prefeita
reeleita em
Boavista
(PMDB-RR)
e
Acho que a política hoje
não é atrativa para as mulheres. Porque é um espaço
muito machista. Acredito
que as mulheres foram perdendo o interesse. Sinceramente, acho que foram perdendo o interesse nessa luta muito bruta, muito masculina. E o que aconteceu
com o impeachment de Dilma Rousseff, que é mulher,
também teve influência.
Temos 63% da população
do Estado. É uma cidade
complexa. Você tem 90%
da frota de veículos. O único hospital infantil é da prefeitura. Tem de atender o
Estado todo, as fronteiras.
1
Cidade-Estado
e Doenças
O maior problema é Saúde.
Estão entrando com malária, difteria. Não temos estrutura para atendê-los,
nem vacinas suficientes.
• Preconceito
A mão de obra deles é mais
barata. Às vezes, trocam trabalho por comida. E isso
está desempregando brasileiros na região. Já está tendo preconceito contra eles.
• Prostituição
Tenho mais facilidade de
fazer parceria com o exterior do que no Brasil. Tudo
aqui fica no eixo São Paulo,
Rio, Minas Gerais. É cultural do nosso País. E não chegam lá em Roraima.
Nunca tivemos problema
de prostituição dessa maneira. Agora, está bem visível.
Tanto que a gente sempre
leva para a fronteira e deixa
em Santa Helena, junto
com a Polícia Federal. Mas,
em duas semanas, voltam.
O Bolívar está muito desvalorizado. Então, se vier para
o Brasll e ganhar R$ 10, volta para a Venezuela e alimenta a família.
• Busca de recursos
e
Boa Vista é uma cidade que
está crescendo muito. Crescemos mais de 12% ao ano.
E é uma cidade isolada.
Nossa relação é maior com
o exterior, com Venezuela e
Guiana, do que com Manaus ou outra cidade mais
para baixo. E temos poucos
recursos. Fazemos tudo
com muito planejamento.
A situação da Venezuela está muito difícil. Estão desabastecidos. Não tem comida. Compram tudo em Pacaraima. Estou esperando
mais vinda de venezuelanos. Só que não estou preparada para isso.
e
e Poucas mulheres
A entrada maciça de venezuelanos, fugindo da crise
de lá, me preocupa muito.
Pacaraima não tem estrutura. É uma cidade pequenininha, de 3 mil pessoas. Então, estamos recebendo todos em Boa Vista, porque
não ficam em Pacaraima. E
você tem um comportamento dos venezuelanos diferente dos haitianos. Porque
os haitianos vieram para o
Brasil para ficar. Os venezuelanos estão perto de seu
país para voltar assim que
puderem. Então, param ali.
Dificuldades
Drama
ENTREVISTA A MARCELO DE
MORAES
b\ijt:!(QBQ
O ESTADO DE SÃO PAULO --=3~1_:.._/_!1~0_:...1..=2_::_
0 1::. . :6Página
B5 - Economia
Repatriação deve bater
expectativa do governo
Montante já arrecadado está próximo da meta de R$ 50 bilhões; rit~o
das adesões teria sido prejudicado por tentativas de_mudanças na lei
--
Adriana Fernandes
Eduardo Rodrigues I BRASÍLIA
---
No último dia do prazo final
para a regularização de at_i:
vos no exterior, o governo Ja
chegou próximo da m~ta_de
arrecadação de R$ so bdhoes
com a chamada Lei da Repatriação. Os con~ribuint~s
têm até a meia-n01te de hoje
para declararem seu~ bens no
exterior mantidos ate ~ezem­
bro de 2014 pagando 0 rmposto devido e mais uma multa
que, somados, equivalem a
30% da riqueza sonegada.
Com os valores arrecadados
chegando a quase R~ so bilhões,
o total ~e Declaraçoes ~e Re~­
larização Cambial ~ Tnb~tana
(Dercat) entregues a Receita Federalaté ontem à noite ultrapassava o volume de R$ 160 bilhões
de ativos regularizados, informou ao Estado uma fonte da
equipe econômica.
Na avaliação da fonte, o grande volume demonstra que, ao
contrário de outros países que
não tiveram tanto sucesso, o
modelo adotado pelo Brasil funcionou por ter alíquotas em ní-
--
veis próximos das alíquotas normais do Imposto de Renda de
Pessoa Física (IRPF).
Pelo programa, os contribuint es que enviaram dinheiro ao exteriorsem declarar à Receita podem trazer os recursos de volta
ao País pagando alíquota de IR
de 15%, mais multa de 15%. A lei
prevê anistia às pessoas que aderirem ao programa dos crimes
de evasão de divisas, lavagem
de dinheiro, sonegação fiscal e
falsificação de dados.
"Tal adesão só foi possível
porque os contribuintes que tinham recursos sonegados têm
alta percepção do risco de que,
se não regularizarem, serão
identificamos e autuados pela
fiscalização da Receita", disse a
fonte. "Isso mostra um Fisco
forte, com instrumentos para
identificar recursos no exterior
a partir de 2017", completou.
dos, por meio de um projeto
que, entre outras medidas, adiavaoprazofmaldoprogramapara novembro. "Várias notícias
sobre prorrogação e alteração
do modelo criaram expectativas indevidas", acrescentou a
fonte.
Na última sexta-feira, a secretária do Tesouro Nacional, Ana
Paula Vescovi, adiantou que o
dinheiro extra da Lei de Repatriação será usado para quitar
os chamados "restos a pagar"
em aberto de obras e programas que deveriam ter sido pagos em anos anteriores. No
mesmo dia, a juíza federal substituta Diana Maria Wanderlei
da Silva, do Tribunal Regional
Federal da La Região, negou pedido da mulher do deputado
cassado Eduardo Cunha, Cláudia Cruz, para participar do programa.
Ritmo. Na avaliação do gover-
no, o ritmo de declarações no
início de outubro foi prejudkado pelas tentativas de alteração
na lei pela Câmara dos Deputa-
• Balanço
R$ 50 bi
é a expectativa de arrecadação
do governo federal com a repatriação de recursos mantidos ilegalmente no exterior por pessoas físicas e jurídicas
R$160 bi
é volume de ativos regularizados
por meio das Declarações de Regularização Cambial entregues à
Receita Federal até ontem à noite, segundo fontes da equipe econômica
O ESTADO DE SÃO PAULO ----=3~1_!_/~1:. .: :.0. . . /-=
:. 2:.0'-'--'
: . . 1 6_
Página B5 - Economia
PARA ENTENDER
·············-·································· ·······
4.
Termina prazo
Qual seri1â consggt~ência
para as Jle$soas gúe não
fizerem a declaração?
de adesão
1.
Quem não teve condições
de aderir ao programa será
autuado. Para não ser autuado, deve retificar a âeclaração e, de forma esp.entânea,
pagar o imposto e 0s encargos moratórios.
O que acontece com
quem não repatriar e a_
Receita tiver informaçoes
de que tem dinheiro lá fora não declarado?
Será aberto um processo de
fiscalização.
2.
5.
Quais são os passos a serem seguidos pela Receita nesses casos?
Qual a garantia ele que a
lista dos contribuintes
que aderirem ao programa não será divulgada?
Intimar o contribuinte para
que apresente alguma justificativa e documentos que
demonstrem que aqueles
valores identificados no exJ
terior já foram tributados.
A divu1gação está vedada
pela lei. Além do mais, tratase de sigilo fiscal. A Receita
lembra que clad0s das declarações dos contribuintes
não são divu1gados.
3.
6.
Quem não declarou esperando uma decisão do Supremo Tribunal Federal
para permitir a adesão de
parentes de políticos no
programa de repatriação
poderáfazerdeP<Hs?
Não. Poderá sim retificar
suas declarações de irnpo~to
; de renda e pagar o ~~1..\to
normal com mu1ta e JUros.
Quem terá acesso à lista?
Somente a Receita Federal e
' o Banco Central.
7.
Políticos serão Investigados? ,
Não existe nenhuma atividade, nem eontribuinte, imune à fiscalização.
········-·············································
O ESTADO DE SÃO PAULO
Página B 11 - Economia
31/ 10 /2016
FINANÇAS PESSOAIS
Investidor pessoê) física passa
a apostar mais na Bovespa ·
Busca pela renda
variável aum ent a
com voltado
otimismo sobre
ret om ada da economia
Jéssica Alves
Malena Oliveira
A Bovespa deve encerrar
2016 com um retomo positivo depois de três anos no vermelho e essa perspectiva já
começou a atrair pessoas fisicas para a renda variável. Até
o fechamento da última sext a-feira, o Índice Bovespa
acumulava ganhos de 48,35%
em2016. ·
Assim, em um ano, a participação de investidores individuais no volume total de recursos negociados na Bolsa
passou de 12,8% para 19%, segundo dados de setembro.
Porém, no mesmo período o
número de contas cadastradas nessa categoria teve um
comportamento inverso e recuouo,32%.
Esse movimento é interpretado como o início de
uma discreta migração para
a renda variável. "Desde
maio o investidor moderado
está optando por alocar um
pouco mais de seus recursos
na Bolsa", afirma o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido. Ele explica que o afastamento e odesfecho do processo de impeachment de Dilma Rousseff
motivaram essa busca.
O corte nos juros -o primeiro em quat ro anos -, as
reformas fiscais em discussão no Congresso e o otimismo quanto à melhora da eco-
norríia influenciam o apetite maior pela aplicação. No
entanto, para o sócio-diretor da Easyinvest, Márcio
Cardoso, a renda fixa continua atraente. "Ainda temos
uma Selic de 14% ao ano",
destaca.
"O perfil desse investidor
é o de quem está !}a casa dos
30 anos e busca complementar
sua renda", diz Raphael Figueredo, analista da corretora Clear.
A simplificação do acesso às plataformas de negociação e o volu. me de informações divulgadas
sobre investimentos t ambém
favorecem a busca por aplicações além do Tesoure Direto,
completa Figueredo.
Meta. A estratégia de antecipar os movimentos do mercado fez com que o servidor público Daniel Pontoni vendesse
boa parte de suas ações este
mês. Ele, que se cadastrou em
uma consultoria de investimentos e ~efiniu metas _p~a seus
que acompanham o rendiganhos, vinha adquirindo papéis de empresas de vários seto- 1 ment:o do Ibovespa, como o
Exch ânge Traded Fund
res desde o fim do ano passado
(ETF), que reproduz o come aproveitou boa parte da alta
portamento da carteira de
do Ibovespa este ano. "Estácio
ações do índice.
e Kroton foram uma novela. In"A Bolsa ainda est á muito
vesti em ambas as empresas de
barata
em termos histórieducação antes da fusão e vendi as ações depois, na alta", cos", diz o administrádor de
investimentos Fábio Colomexemplifica.
Esse comportamento está bo. Mais ganhos, porém, delonge do usual, pois o público pendem dos cenários político e econômico.
costuma ser atraído nos movime:ntos de alta. "Uma perda de
s% representa pouco para
PARA LEMBRAR
quem já ganhou quase so% no
ano. Mas para quem acabou de
entrar, é significativa", dizMarCom incentivo da Bolsa, al_cos N~o, planejador certifigumas corretoras passaram
a oferecer taxa zero a quem
cado pelo Instituto Brasileimigra pçrra o Tesouro Direto
rode Certificação de Planejae, assim, ampliaram o númedores Financeiros (IBCPF).
ro de clientes. A melhora no
Para quem deseja investir na
cenário político, a aposta de
Bolsa, ele recomenda comum novo corte nos juros e a
prar aos poucos pro_dutos
- - -inflação dando sinais de que
deve ceder abriram novas
possibilidades de investimentos para o público, o
que também geraria ganhos
para essas empresas.
~-
MAIS EMOÇÃO
556.989 ....
ei'll o número ~
e Investidor i ndividual coloca mais fichas na renda variavel
cadastros de
pessoas físicas na
faM&FBove-spa •m
setembro/18
Participação da pessoa física no volume financeiro
EM PORCENTAGEM
19,6
18
16,1
1
11 1I
11,9
SET
2015
OUT
NOV
DEZ
1114 11
JAN
2018
FEV
MAR
ABR
JUL
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'
FOLHADESÃOPAULO
Página
31 I 10 / 2016
A4 -Poder
PAINEL
NATUZANERY
[email protected]
Via de mão dupla
A área técnica do Tribunal Superior Eleitoral viu indícios de irregularidades nas prestações de contas dos
diretórios nacionais de PT, PMDB e outros quatro partidos nanicos nas campanhas municipais deste ano. As
siglas foram cobradas a dar explicações sobre as contribuições que caíram na "malha fina" da Justiça, depois
do cruzamento de informações dos doadores com o de
outras bases de dados do governo. Os casos mais comuns são o de renda incompatível com o valor doado.
( ' · tiroteio
Ogoverno colecionou vitórias no Congresso
porque, diferentemente da gestão anterio~;
apostou no diálogo como palavra-chave.
D~ DE~UTADO ANDRÉ MOURA (PSC-SE), líder do governo na Câmara, sobre os
pnme~ros ~!leses
da relação do presidente Michel Temer com os parlamentares.
' ' contraponto
Tem desconto?
Convidado pela Fundação FHC, o diretor global de infraestrutura da KPMG, o inglês James Stewart, havia feito um resumo sobre as tendências no mundo para investime~tos em infraestrutura e sobre o programa de concessoes do governo. Após sua fala, o secretário de articulação para investimentos do PPI, Marcelo Allain foi convidado a falar.
'
~ Gostaria de convidar o Stewart a trabalhar no PPI. Já
sabe tudo o que temos de fazer.
- Terão de pagar em libras! -gritou um convidado.
, - Aí é um problema, um risco cambial que não gostanamos de tomar... -retrucou Allain.
Invasões bárbaras Partidos nanicos foram à desforra. O PRB ganhou no Rio, o
PHS em BH e o PMN em Curitiba. Ficará mais difícil fazer
avançar no Congresso achamada cláusula de barreira mecanismo que tira as pequenas siglas do jogo eleitoral.
Rumo ao ostracismo o
governador do Maranhão,
Flávio Dino (PC do B), elegeu
prefeito da capital São Luís o
aliado Edivaldo Holanda Jr
(PDT) e selou a hegemonia
de seu campo político. Baniu a família Sarney do controle de 154 das 217 cidades.
Faça o qué eu faço Oministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, aposentou-se pelo
INSS em 2012, aos 66 anos um ano acima da idade mínimafixada em sua proposta de
reforma da Previdência. Seu
benefício é de R$ 5.004,38.
Ocasião A decisão do STF
de permitir corte de salário
de servidores em greve levou
o Planalto a estimular a tramitação de um projeto de lei
do líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP).
Sobrou a panela No projeto, o senador tucano propõe regulamentar regras
Ecumênico "O resulta- mais duras para paralisações
do geral desta eleição mos- de funcionários públicos.
tra que, para a esquerda, só
Lenha na fogueira O
é possível vencer nas urnas
se ampliarmos em direção texto está na Comissão de
ao centro", afirma Dino, que Constituição e Justiça e enadministra o Estado com o frentava fortíssima resistência do governo Dilma Rousapoio do PT e do PSDB.
eff...P.a.lacianos avaliam que
Lavoura ar~aicaA'S'bm~
_ s:"'"
,_ --~
go.,.,.
. . ... .~sr um b~Jllo­
cas e ._apreensões feitas pela mento para desenterrá-lo.
PFna~aÇâoLavaJaton.e
"'
.,
endereçoSdoex-rninistroAnQuem anda A pedido
tônio Palocci não renderam de Romero Jucá (PMDB-RR) e
muitos frutos à investigação. da prefeita de Boa Vista, Teresa Surita, o governo fedeNa vanguarda A escassez ral enviou emissários à capide dados relevantes no mate- tal de Roraima para levantar
rial coletado, incluindo o ce- casos de entrada irregular de
lular adquirido pelo petista venezuelanos no Brasil.
no ano passado, pode indicar que Palocci já se preparaS.O.S Após a solicitàção,
va para não deixar rastros po- a Casa Civil reuniu os ministencialmente compromete- térios da Defesa, Justiça, Redores, dizem investigadores. lações Exteriores e da Saúde
para decidir como agir. Há
relatos de multiplicação de
mão de obra barata, prostituição e tráfico de drogas.
Sem machado A Federação Nacional dos Policiais
Federais, preocupada com
retaliações ao agente Lucas
Valença, o "lenhador da Federal", acionou sua área jurídica para defendê-lo.
Entreguei pra Deus Resignado com o listão da OdeDistância Candidata à.
brecht- rankíng de políticos vaga da Câmara no CNJ, Ana
citados na delação- um mi- Luísa Marcondes, que trabanistro de Michel Temer assim lhou com Renan Calheiros,
definiu seu humor com a pro- foi exonerada de um cargo de
messa de colaboração bom- confiança no Conselho Nabástica da empreiteira: "Vai cional do Ministério Públiser do tipo todo mundo dan- co depois de aparecer na TV
ça. Já nã~ me estresso rp.ais". conversando com o ex-chefe.
FP::o:_s~~::~~
31110 /2016
b\/YYf..QBQ
Ha~cos estimulam aplicação na poupança
Institmçoes finan ceiras apostam em sorteios e novas versões do investimento para tentar evitar resgate do dinheiro
gastarR$14,95 em uma com.com isso, o banco espera
Caderneta rende 6,17%
pra no débito, saem R$15 da
. cnar um apelo emocional que
conta-corrente,
e os R$ 0,05
e~timule o hábito de poupar,
mais TR ao ano, menos
de
diferença
vão
para essa
1 ~ Edson Pasc~al Cardozo,
do que outros produtos
poupança alternativa.
diretor de emprestimos e fide renda fixa e abaixo
Frederico Ferrari de Lima,
nanciamentos do BB.
superin tendente-executivo
A modalidade tem 20 mil
_ ~o índice de inflação
de investimentos do Bradesclientes e saldo próximo de
co,
afirma que o objetivo é a
TÁSSIA KASTNER
R$ 50 milhões - o banco tieducação
financeira e o estíDE SÃO PAULO
nha quase R$ 150 bilhões em
mulo ao hábito de _QQ_upar.
depósitos de poupança em juInvestidores e bancos ennho, dado mais recente.
"Qual outro produto que
traram em uma espécie de
"O produto está ajudando
eu poderia aplicar apenas
queda de braço ao redor da
na retenção da carteira", diz
R$ 1, que fosse simples de
poupança. Enquanto o pouCardozo. Ele argumenta que,
contratar e de entender?", arpador resgata o dinheiro
enquanto a caderneta encogumenta, sobre o estímulo a
guardado -para pagar as
lheu lo/o em 12 meses no sisaplicações em um produto
contas ou aplicar em produtema, o BB perdeu 0,3o/o.
com rentabilidade baixa.
tos mais rentáveis-, as insti"Depois de juntar mais diA instituição ainda oferetuições financeiras investem
nheiro,
o poupador pode dice prêmios em sorteios para
em sorteios e novas modalipara outro produto."
recionar
quem faz novas aplicações de
dades para que os valores siO
Santander
é outro banco
R$ 300 por mês.
gam na caderneta.
que aposta em sorteios para
Os saques da poupança sorecompensar clientes que auHÁBITO
mam R$ 50 bilhões de janeimentarem os depósitos na
Michael Viriato, professor
ro a setembro deste ano.
poupança.
de finanças do Insper, consiPara os bancos, a poupanA promoção começou em
dera positiva a possibilidade
ça é uma fonte barata de reoutubro
de 2015, tinha prazo
de estabelecer objetivos para
cursos. Boa parte do dinheimas foi prorrogamais
curto,
guardar dinheiro. "Fazer uma
ro aplicado nela vai para o fida
até
o
final
deste ano. Todo
poupança é uma coisa terrínanciamento da casa própria,
banco
sorteia prêmios
mês,
o
vel para a pessoa, porque siglinha que segue sendo explode até R$ 50 mil para quem
rada pelos bancos mesmo na
aumenta o saldo aplicado na
nifica abdicar de consumir
crise -apesar do aperto nas
poupança em R$ 200. O banhoje para usar o dinheiro deanálises de crédito-, porque
co não comentou por que inpois. Quando se atribui um
o risco de calote é menor.
veste nessa promoção.
objetivo, fica mais palpável, e
Na caderneta, o correntisViriato diz que o fato de o
as pessoas acabam criando o
ta ganha um estímulo para
banco pagar um prêmio, que
hábito", afirma.
juntar dinheiro, mas está lontem um custo, indica que o
"Mas o banco estimula ecoge de ser um bom negócio.
produto é muito interessante
nomia no produto que ele
A poupança rende,_ao mês,
para ele. "Se é tão interessan-quer que as pessoas guarte para quem distribuiu, será
0,5o/o mais a TR -ou 6,17o/o
dem", avalia o professor.
que é interessante para
mais a TR ao ano, menos que
Para ele, aplicações em tímim?", questiona.
outros investimentos e abaitulos públicos via Tesouro DiL--xo da inflação. Nos 12 meses
reto são simples e mais renencerrados em setembro, o
' Fazeruma
táveis do que a poupança,
IPCA esteve em 8,48o/o.
mesmo para o pequeno invespoupança é uma
-Há pouco mais de um mês,
tidor. A aplicação mínima
coisatenivelpara
o Banco do Brasil lançou a
nesses papéis é de R$ 30.
a pessoa, porque
Poupança dos Sonhos, que
O Bradesco passou a oferepermite ao cliente atribuir obcer o Poupa Troco, poupansignifica abdicar de
jetivos (como viajar e se apoça que é alimentada pelo "troconsumir hoje para
sentar) para a reserva financo" das operações feitas em
ceira e acompanhar o cresciusar o dinheiro
conta-corrente. Se o cliente
mento do dinheiro acumuladepois. Quando se
do p~ra alcanÇ?f cada_me!a.
l
---
atribui um objetivo,
as pessoas acabam
criando o hábito
MICtiAEl VIRIATO
~ofessor de finanças do Insper _
FOLHA DE SÃO PAULO
Página
31 I 10 I 2016
4 - Folhainvest
POR DENTRO DA POUPANÇA
Poupador tem opções de investimentos mais rentáveis
Diferença entre aplicações e resgates, em R$ bilhões
~ 6,17%+TR
~ é o rendimento anual da poupança
4,8
-
> Esse percentual é baixo comparado a
outras aplicações igualmente conservadoras
jul
Tesouro Selic
R$1.068
R$1.112
·12
---
=--=~=
- -
Os bancos estimulam as aplicações
na poupança por dois motivos:
<D
É um dinheiro barato
para eles, que podem
ganhar mais com a
diferença entre quanto
gastam para captar e os
juros cobrados nos
empréstimos
@
Éuma das principais fontes
de dinheiro para o financia~
mento imobiliário. Essa
linha é importante pro
banco no período de crise,
porque o imóvel em garantia
reduz o risco de calote
Fontes: Banco Central e Tesouro Nacional
~
set
11
-2,4
-1,1
aplicação de R$ 1.000 feita
em 30.dez.15 e resgatada em 28.out.16
> Exemplo:
Poupança
ago
-4,5
VALOR ECONÔMICO
29. 30 e 31 I 1OI 2016
Página C1- Finanças
Câmbio Fluxo proveniente da repatriação, que deu força ao real recentemente, está perto do fim
Dólar tende a oscilar próximo a R$ 3,20
José de Castro
De São Paulo
Após cair 20% no ano, o dólar
pode já ter atingido o fundo dopoço frente ao real, devendo se acomodar em tomo de R$ 3,20. Os fluxos ligados à repatriação de recursos anistiados, que ajudaram na
queda da moeda neste mês, são
vistos como temporários e- não levaram a revisões das projeções. Estimativas das instituições consultadas para o dólar no fim de ZO 16
variam de R$ 3,10 a R$ 3,30 e, para
o fim de 2017, de R$ 3,00 a R$ 3,60.
O dólar rondava na sexta-feira
os R$ 3,20, apenas três dias depois
de ter ameaçado romper o suporte
psicológico de R$ 3,1 O, nos menores níveis em 16 meses. Analistas
não descartam que a moeda possa
atingir novas Inínirnas no curtissimo prazo, mas veem esse cenário
como cada vez mais improvável.
O Morgan Stanley decidiu remover posição comprada em real
do portfólio para emergentes, argumentando que a moeda pode
estar em uma posição mais "vulnerável" em momentos de pressão
sobre divisas emergentes. Se o dólar tende a fechar o ano "de lado",
tudo indica que em 2017 voltará a
se fortalecer, embora em ritmo
moderado. Ainda assim, há quem
acredite que o cj.ólar pode alGançar
a marca de R$ ~60 - 13% aGima
dos R$3,20 da üitima·sexta.
Há urna série de motivos para a
leitura de que o real pode já ter tido seu melhor momento. Os fluxos
da repatriação deram sinais de esgotamento nos últimos dias da semana, fator que explica a alta do
dólar na sexta. Conforme o fim do
ano se aproxima, tende a aumentar a procura por "hedge", em meio
à saída de recursos sazonais. Uma
alta de juros nos EUA, embora esperada, não está totalmente considerada nos preços, 0 que gera potencial de alta global do dólar.
Para o ano que vem, a expectativa de fluxo para renda fixa continua medesta, com urna volta apenas gradual sendo o cenário-base
da maior parte do mercado. Somam-se a isso chances de o déficit
em conta corrente oseilar em níveis mais altos que os atuitis, o que
reduz o espaço pcu:a mais apreciação cambial. Devido ã necessidade
de manutenção de ganhos de
competitividade, espera-se que o
câmbio nominal se de_precie para
anular a inflação e, portanto, garantir que a taxa real de câmbio se
mantenha pelo menos estável.
A especialista em câmbio do
Bradesce, Andréa Damico, calcula
que o preço "justo" para o dólares-
táentreR$3,15eR$3,20.Essevalor
consid~a o comportamento global da moeda, a dinâmica de preço
das commodities, além do riscoBrasil medido pelo CDS. "Mesmo
depois do impeachment e da PEC
dos gastos não vimos fluxo mais
duradouro ao Brasil e isso, de certa
forma, é uma surpresa", afirma.
Nesse contexto, os fluxos relacionados à repatriação tendem a
cessar, deixando de oferecer suporte ao real num momento em que
remessas de lucros e dividendos e
pagamento de juros devem se acelerar, levando a fluxo negativo.
VALOR ECONÔMICO
Página C3 -Finanças
Entrevista~Para
29. 30 e 31 I 10 I 2016
j\_,A NCQ
BQ
president d BC
d - J!/\ '" '"'"·· ......
d 4 S%
e o , metas e tnflaçao
Valor: Como assim?
Ilan: O essencial que é: "Estae ' o para 2017 e 2018 são "desafiadoras e críveis"
m os saindo da recessão?" Voltando a confiança, volta tudo,
no final. Para voltar a confiança,
temos que fazer reformas. À medida que vamos saindo da recessão, você tem que pensar em ou·tras questões fundamentais, que
são a produtividade, a eficiência.
Reformas que fazem produzir
mais com os recursos que temos.
Isso, ao mesmo tempo, gera
crescimento e facilita o combate
à inflação.
Valor. Nesse caso, não estamos
muito focados só na área .fiscal?
Ilan: Não. A prioridade fiscal é
- --~
o principal no momento porque,
Ilan: A discussão obviamente
sem equilibrar o fiscal, coloca-se
n ão vai se restringir ao Banco
dúvida sobre a dinâmica da díviCentral, no final das contas. Ela
da. Uma economia não pode funenvolve o custo de manutenção
cionar com dúvidas sobre a dinâdas reservas. Mas primeiro você
mica da dívida. Então, começar
tem que fazer a conta do benefípor essas reformas - a do teto do
cio e depois tem que fazer a do
gasto e a da Previdência- parece
custo. Em algum momento, terá
adequado. O que não pode é paque envolver pelo menos a área
rar aí. Tem toda a agenda microefiscal [do governo]. Para deixar
conômica que é muito relevante
clara a resposta sobre a valorizae que vai determinar o crescição do câmbio: eu posso acumumento e o quanto a inflação conlar reservas, posso acumular
segue cair.
swaps de volta e posso não fazer
Valor. A desindexação, por
nada. Vai depender de como for a
exemplo?
situação. Essa é a solução de um
Ilan: Ajudaria, exatamente. Às
bom problema.
vezes, não é urna agenda regulaValor. Mas o BC não pretende
tória ou legislativa. As pessoas
nadar contra a maré, não é?
reajustam os aluguéis, reajustam
Ilan: O câmbio é flutuante. A
as mensalidades escolares. Não
tendência vai ser respeitada.
tem nada que obriga ou desobriValor. Há ma taxa de câmbio que
ga a escola a aumentar, de acor-
Banco Central está
focado nos dados e
não nas datas, diz-llan
Claudia Safatle
De BrasOia
Para o presidente do Banco
c:ntral (BC),~llan Goldfajn, "não
ha nenhum obice no momento"
para a inflação convergir para a
meta em 2017 e em 2018. Em entrevista ao Valor, ele enfatizou
que o BC está focado nos dados e
não nas datas. "O que isso significa? Que se os dados me mostrarem que a coisa está indo m elhor
do que . o esperado, nós vamos
reagrr; se fie~ de um outro jeito,
vamos reagrr de outra forma"
disse. Ilan quer usar a comunica~
ção para levar o mercado a entender ~elhor a "função reação" da
auto~1.d_:1de monetária. "A função
reaçao e: dado o que aconteceu o
'
que voce~ t:Laz? Se você estiver ali~ada .sobre como a gente reage,
Isso vatlhe dar uma melhor figura do que se eu dissesse um código com o q ual me comprometi
mas, depois, tive que mudar porque.a realidade mudou."
. Os avanços colhidos até aqui, seJa na condução das reformas e do
aju~te fiscal no Congresso, seja na
desinflação, ainda não permitem
sonhar com a recuperação do
"grau de investimento" atribuído
pelas agên~ias de rating. Mas, talvez, permitam vislumbrar uma
mudança da perspectiva hoje "negativa" para "neutra", avalia. llan
falou também sobre os quatro pi~ares .da nova agenda do BC, que
mclmredução do custo do crédito
~arco legal do BC, eficiência d~
si.Stema financeiro e inclusão.
Valor. Para além do evento darepatriação, a tendência da taxa de
câmbio, se tudo der certo e tiver
mais confiança, mais investimento
externo, é de apreciação?
Ilan Goldfajn: Não sabemos
porque se tudo der certo com~
vo~ê falou_, v_ai ter mais corillança,
vai ter mais mvestimento de fora
mas também a inflação vai cair ~
a taxa de juros vai acompanhar.
Valor. Os juros caem mas não pa-
ra zero ou negativo como no resto
do mundo...
Ilan: tl•. não vamos chegar lá,
mas, obVIamente, vai equilibrar
um pouquinho mais. Tudo é
diferencial.
Valor. Em caso de valorização do
real, oBCpode intervir?
Ilan: Não temos nenhum preconceito sobre o que fazer no futuro. A gente pode intervir com
swaps de um lado ou de outro
comprar dólar n o mercado ã vis~
ta, acumular reservas cambiais
ou mesmo não fazer nada.
Valor. O custo fiscal preocupa?
llan: Custo fiscal, todos os instrumentos têm. Sobre isso eu
seJ?pre disse: "Olha, isso é uma
coisa a ser colocada". Mas vamos
primeiro sair da situação em que
estamos, com a economia se recuperando. Está muito cedo para
declarar vitória, e então vamos
discutir o montante de reservas.
~alor: Discutir em um fórum
mms amplo? Por exemplo, no Conselho Monetário Nacional?
1
toma-se danosa para as contas extemas?
~lan: O câmbio sempre tem
dois lados. Tem gente que defende um lado, tem gente que defende un: outro lado. Por exemplo: a
questao do câmbio é muito importante para a exportação, importante para a competitividade
de que~ está substituindo as importaçoes. Essa parte é relevante
para o crescimento e para o balanço de pagam entos. Por outro
la?o, 0 ~resc~ento também é
f:Ito de mvestimentos, importaçoes. Se os bens intermediários
ficam mais baratos, o investimento fica mais barato por causa
dos bens de capital importados
Temos que deixar o câmbio flu~
Ni!I. Efoca!'_no essencial.
do com a inflação do ano passado, mas fazem isso. Não se trata
de ter uma lei proibindo.
· Valor. A inflação é que tem que se
tomar irrelevante?
Ilan: É. As pessoas têm que avaliar e decidir que é melhor olhar
para a frente e não para trás.
Quando estimamos os modelos
para saber quando que se foi para
frente e para trás, o coeficiente de
inflação futura aumentou. Quando voltamos a ter inflação alta, ele
estacionou. As pessoas não entendem que congelar preços para depois descongelar não fica elas por
elas depois: aqui eu congelei, ganhei um pouco de inflação; ali
descongelei e paguei. O que ·vem
depois é o pagamento de um prêmio muito maior.
I
VALOR ECONÔMICO
29. 30 e 31 / 1OI 2016
Página C3 - Finanças
Valor. Os 50% de aumento das
tarifas de energia elétrica em 2015
repercutem na inflação até hoje?
Ilan: Até hoje, até hoje... Gera filhinhos ao longo do tempo. Como
se fosse um choque de oferta. O
custo aumentou. Quando há choque de oferta, a inflação aumenta
ao mesmo tempo. As pessoas raciocinam como se fosse um choque de demanda. A atividade caiu,
a inflação caiu. Tem choque de
oferta onde a atividade cai e a inflação sobe porque o custo subiu.
Agora, o custo parou de subir e ternos que batalhar conh·a a propagação, que é a inércia, a indexação.
Por isso temos que ver se a inflação
está caindo na velocidade adequada. Ela tem caído. Era da ordem de
10%e caiu para 7%.
Valor. O comunicado do Copom
se refere a uma pausa na queda da
inflação de serviços. Essa é uma inflação mais resistente. Por que?
Ilan: Porque os custos subiram e, depois, tem a inércia, a indexação normal da economia.
Serviço é típico.
Valor: Fazer a ref-orma da Previdêtzcia sem atacar a indexação de
alguns beneficios ao salário mínimo tomaria a reforma manca?
Ilan: Faz parte das discussões
do govémo porque ela tem um
componente fiscal e tem um
componente inercial.
Valor. O Copom mencionou, na
ata, dois fatores que vão influenciar
na velocidade e na intensidade da
queda da taxa Selic...
Ilan: Eram três, mas um caiu
porque a inflação corrente se reduziu com a ajuda da desinflação
dos alimentos, e ficaram dois.
Valor. Ficaram as refmmas, com
a aprovação do ajuste pelo Congresso, e a inflação de serviços. Esta não
tem a ver com a mudança de metodoTogia do IBGE?
Ilan: Não. São coisas separadas.
No serviço tem coisas que são voláteis. Por exemplo, durante as Olimpíadas os preços dos hotéis e demais serviços no Rio dispararam.
Se você olhar só a inflação de serviços, sem expurgar nada, o índice
cheio, vai ver que ela subiu e no
mês seguinte caiu. Se você tira os
itens mais voláteis, consegue ver a
tendência que teve queda mas, nos
últimos meses, deu uma pausa.
Queremos ver se ela retoma a tendência de queda. Acredito que sim.
Tudo moderado, mas que seja declinante. Metade das pessoas acha
que está c;~indo, outra metade
acha que está subindo. E eu vou
julgar, com diferentes indicadores,
qual acredito que é.
Valor. Serviço é a parte da inflação que mais se ressente da indexação, não?
Ilan: Certamente. Por isso que
estamos focando nisso. f: o que
vai nos permitir ter confiança nas
nossas projeções. Quando se olha
as projeções-não são só as nossas, mas também a dos analistas
- , elas indicam uma desinflação
relevante. Caiu de quase 11%pra
7%, de 7% para 4,5%. Nós estamos
falando aí de expectativa de 5%. É
uma desinflação relevante.
Agente pode
intervir com
swaps, comprar
dólar, acumular
reservas
cambiais ou
mesmo não
fazer nada"
Valor. !f relevante, mas o espaço
para reduzir os juros ainda não é
tão relevante, ou é? ·
Ifan: É, tenho que ter confiança, antes de tudo, na desinflação.
E esses fatores me ajudam a ter
confiança de que ela está vindo.
Temos que olhar a floresta. A floresta é: está vindo uma desinflação. Depois, a gente tem que ver o
espaço exatamente.
Valor. Em que situação o senhor
consideraria que a batalha foi vencida?
llan: Quando tivem1os confiança nas projeções de inflação
na meta e, depois, confiança nos
dois fatores citados na ata.
Valor: Nas suas projeções ou nas
projeções do mercado?
Ilan: Nas duas. Uma influencia a
outra. As expectativas entram nas
nossa~ projeções. Os meus modelos perguntam sobre as expectativas para poder definir a trajetória.
O número não precisa ser exato,
mas um influencia o outro.
Valor. O que seria uma situação
confortável em relação d aprovação
das reformas no Congresso? já tem
a PEC 241 aprovada em dois turnos
na Câmara.
Ilan: Vamos pensar no passado
e no futuro. Acho que [as reformas] têm avançado acima das expectativas até agora. Indo pra
frente, temos que avaliar como é a
I
continuidade desse processo. Isso
ajuda na desinflação e vamos levar em consideração.
Valor. No cenário de referência,
mantendo o juro constante e tomando o câmbio de R$ 3,20, chegase a uma inflação de 3,9% em 2018.
Isso significa que em algum momento do ano que vem, mesmo reduzindo juros, j á se poderá vislumbrar a inflação na meta?
Ilan: Temos as metas de 4,5%
para 2017 e 2018, que são desafiadoras e críveis. Achamos que
não há, no momento, nenhum
óbice para atingi-las nos dois
anos. Nós também falamos que, ã
medida que o tempo passa, o horizonte do que você controla vai
se deslocando de forma contínua.
Valor: Hoje, o horizonte já é
2017e2018,não?
Ilan: É. O impacto para 2016
acabou. À medida que o tempo
passa, períodos mais distantes
vão ganhando mais peso do que
períodos mais próximos. E é importante passar a ideia de que a
gente vai fazendo isso de uma
forma contínua.
Valor: Quando seu nomefoi escolhido para o BC, havia a percepção .
do mercado de que se7ia uma diretoria "dovish". Era um momento de
perda de credibiliàade da instituição. A confiança no BC está restabelecida?
Ilan: Eu não dei muita bola para esse negócio de "dovish'' ou
"não dovish". Isso é o entendi-·
mento de qual o seu papel como
alguém que está [no setor privado) projetando o que o Banco
Central faz. E outro papel é o que
você vai fazer [no BC]. São distintos. Reconheço que está havendo
um processo de reconstrução de
confi~ça, de credibilidade, e
não é só do BC, mas do governo.
Também não acho que começou
comigo. Acho que foi ao longo
do ano. Quando se olha os índices de risco, por exemplo, eles...
Valor: O CDS ("credit default
swap", uma espécie de seguro contra calote)?
Ilan: É. O CDS caiu pela metade. E, se caiu pela metade, algo
mudou. Outra questão que eu
queria ressaltar é que os juros
mais longos estão embutindo alguma confiança que o futuro pode indicar uma melhora. Eles nos
dão uma indicação de que estamos reconstruindo a credibilidade. São mudanças que vêm ocorrendo nos últimos seis meses.
Valor: O quanto a taxa de juros
elevada, de 14% ao a no, retarda a
ampliação do investimento?
Ilan: Eu acho que é um processo.
Se você olhar o juro de dois anos,
está em 11 %. É um processo de distensão. Um dado da nota de crédito mostrou uma queda, muito pequena ainda, mas já wna queda
nas taxas cobradas das empresas.
Valor. O BC tem uma agenda de
trabalho que transcende o Copom?
Ilan: Estamos definindo uma
agenda com quatro pilares básicos. Primeiro, que faz parte do
trabalho de qualquer banco cen-
l
VALOR ECONÔMICO
29 30 e 31 I 10 I 2016
Página C3 - Finanças
tral do mundo, é a inclusão financeira. Quantas pessoas têm
acesso e de que forma elas têm
acesso [ao sistema financeiro].
Elas são educadas financeiramente? Entramos de vez nas redes soáais. Isso tem implicações
sociais e pode ter uma transparência maior. O segundo pilar é o
marco legal do Banco Central,
onde entra a questão da autonomia, do relacionamento entre o
BC e o Tesouro Nacional, que é
uma agenda para 2017. A autonomia é uma das reformas.
Valor. O terceiro?
Dan: É a redução de custo de
crédito. Não é apenas a questão
do spread bancário, mas o custo
geral do crédito que envolve várias medidas, várias questões.
Não vou detalhar nesse momento porque não é uma pauta só
do Banco Central. E vamos fazer
um anúncio mais à frente.
Valor. E o quarto pilar, qual é?
Ilan: É a eficiência do sistema.
É excesso de regra, excesso de
alíquotas, coisas que complicam
a vida de todo mundo.
Valor. A política fiscal este ano é
bem expansionista. Isso não atrapalha a tarefa do BC de trazer a inflação para a meta?
· Ilan: Nenhum país do mundo
consegue recobrar a confiança,
reduzir o clima de risco, se há dúvida sobre a dinâmica da dívida
[bruta]. Essa é uma questão relevante para entender que a gente
saiu de um modelo onde o dado
anual basta para se construir o
impacto. Passamos desse ponto.
O ponto agora não é esse ano, o
ano que vem. É o ano que vem e
as reformas. Houve um esforço
enorme do Joaquim Levy [ex-ministro da Fazenda], muito bem
feito, mas como teve todo um
ambiente mais difícil no Congresso, não se conseguiu atacar o
longo prazo.
Valor. A preocupação é muito
mais com a dinâmica do que com o
Valor. E como o BC se preparou?
Ilan: Toda essa ideia de reduzir o
dado fiscal do ano?
Ilan: Isso não significa que vou
abandonar a meta do ano, também. Não posso dizer que ela não
importa, porque afeta a demanda. Sem abandonar o curto prazo, o foco tem que ser nas reformas e na dinâmica Ida dívi~a].
Valor. Voltando para a inflação,
nessa guerra a vitória ainda está
distante?
Ilan: Eu diria da seguinte forma: isso é um processo e é um
processo que teve seus avanços.
Estamos satisfeitos com os avanços, mas é um processo que continua e não vai terminar, não
terminou hoje.
Valor. O senhor disse que, se
as condições objetivas melhorarem,
o Copom pode acelerar a queda da
taxa dejuro.
Ilan: Perfeito.
Valor. Essas condições objetivas
são: inflação .na meta...
Ilan: As projeções estarem
adequadas e os fatores [inflação
de serviços e os processos das reformas e do ajuste] me darem
conforto com essas projeções.
Valor. Quanto que o setor externo o preocupa? juros nos EUA? Situação dos bancos europeus?
Ilan: Hoje em dia, quando se
olha o ambiente, por pior qu!!
esteja o mundo em termos de
seus fundamentos, é um ambiente que p ermite que nossos
ativos estejam valorizados, que
o fluxo de capital venha, que
não se tenha nenhum solavanco
mundial que me dificulte a vida.
E chamamos isso de "interregno
benigno". Benigno porque o juro zero lá está levando os investidores a buscar risco.
Valor. Nos países emergentes?
Ilan: Nos emergentes. É interregno porque não vai ficar assim
para sempre. Os juros americanos vão subir e isso já está no
preço. Mas, nós como reguladores, como Banco Central, não
podemos achar que vai ser calmo. Eu tenho a impressão de
que o banco central americano
[Fed] vai ter cautela para subir a
taxa de juro e, portanto, pode
ser calmo. Mas, se tiver solavanco, estamos aqui atentos.
1
1
estoque de swap cambial foi uma
ideia de cautela. Uma ideia que eu
queria passar, e não sei se ficou elara, é que estamos focados nos dados, e não nas datas. O que significa isso? Que se os dados me mostrarem que a coisa está indo melhor do que o esperado, nós vamos
reagir; se ficar de um certo jeito, vamos reagir de outra forma. Em inglês seria "data-dependent, not date-dependent". Acho que agora estamos conseguindo passar bem a
comunicação. Antes era uma comunicação, setembro, outubro,
novembro, dezembro. "O que vocês acham que ele falou? Mudou
uma palavra aqui, outra lá. Isso sinalizou que ele está( ... )". Olhar c;>
todo é: olha a inflação caindo. En
pretendo que ele [o mercado]leia
a frase e entenda. Em economês,
que entenda nossa função reação,
nossa cabeça. A função reação é:
dado o que aconteceu, o que você
faz? Se estiver alinhada sobre como a gente reage, isso vai lhe dar
uma melhor figura do que se eu
dissesse um código, que eu me
comprometi, mas, depois, tive que
mudar porque a realidade mudou.
Vou tentar focar nos dados, porque as datas vão mudar, de acordo
com os dados.
Valor. O Banco Central está dis-
cutindo mecanismos de proteção do
risco cambial nas privatizações?
Ilan: Esse assunto não chegou
aqui.
Valor. A demanda dos investido-
res procede ou eles devem resolver
isso no mercado mesmo?
Ilan: Eles não conseguem f~­
zer um hedge cambial no me~­
cado com o tamanho necesSário
e o prazo longo. Os investidores
estrangeiros vêm investindo nb
Peru, na Colômbia, na Argenqna, em dólar. A nossa economia
não é dolarizada, ainda bem. E~­
sa é uma discussão que não ê para agora e não chegou aqui.
,
VALOR ECONÔMICO
29,30 e 31 I 10 I 2016
Página C 12 - Finanças
Investimentos Instituições buscam captação mais pulverizada em CDB
Banco médio flerta com o
varejo e paga até 120% do CDI
Adriana Cotias e Felipe Marques
De São Paulo
Um grupo de b an cos de médio
e pequeno porte decidiu pagar
retornos de encher os olhos para
conquistar a preferência do público de varejo. Uma consulta às
plataformas on-line de investimentos mostra os bancos Modal,
BMG, Fibra e Pine como os enússores de certificados de depósitos bancários (CDB) com as taxas
mais vitaminadas para captar
por prazos de até cinco anos.
Para o investidor, a iniciativa
representa uma oportunidade
de maior remuneração numa
modalidáde em que o risco fica
nútigado pela garantia do Fun do Garantidor de Créditos
(FGC), que cobre investimentos
de até R$ 250 mil por CPF, por
instituição financeira.
Já para os bancos médios, a estratégia marca a mudança de captações mais concentradas no atacado para o varejo. Mesmo com as
altas taxas oferecidas, executivos
dessas instituições argumentam
que o custo final é menor do que
captar via letra financeira ou cessão de carteiras de crédito para
fundos de recebíveis- instrumentos tradicionalmente voltados para investidores institucionais.
O Modal é um dos que chamam
mais atenção. Para quem pode
abrir mão de liquidez por cinco
anos, por exemplo, o banco assegura até 120%do CDI, o juro interbancário, cuja trajetória se aproxima à da taxa básica da economia, a
Selic. Já o BMG oferece retomo de
118% do CDI pãra uma aplicação
de quatro anos. Para se ter uma
ideia, entre os grandes, nomes como o Santander captam a 75,7% do
CDI por dois anos.
Mesmo com o início do processo de relaxamento monetário
iniciado pelo Banco Central (BC),
que neste mês cortou o juro básico para 14% ao ano, os títulos
ban cários pós-fixados ainda podem assegurar um bom retomo
para o aplicador e com o risco relativamente sob controle.
"Sempre vale a pena", diz a
consultora financeira da Órama
Investimentos, Sandra Blanco. "E
numa operação pós-fixada, mesmo qu e não tenhamos a Selic em
dois dígitos em dois anos, os retornos ainda vão compensar porque o Brasil seguirá, comparativamente, entre os países com as
taxas mais altas do m undo".
Conforme exemplifi.ca, se a Selic
estiver em I 0%ao ano em 2018, o
título que paga 120% do CDI vai
trazer uma rentabilidade próxima
de 12%. Ela ressalva que esse racional vale principalmente para a
parcela mais conservadora da carteira e que a tese da diversificação
vale para todos os perfis de risco.
A atratividade oferecida pelos
bancos m édios não é sem razão.
"Eu preciso pagar mais parajustificar a falta de liquidez ao investidor", diz Clive Botelho, diretor financeiro do BMG. Segundo ele,
mesmo a essas taxas, a captação é
um bom negócio para o banco.
Primeiro, por deixar o prazo
médio do passivo da instituição
mais próximo do de seu ativo composto, basicamente, de operações de crédito consignado,
com algo entre 6 e 8 anos deduração. Segundo, por permitir ao
banco trocar suas captações de
atacado por instrumentos d e varejo. "Hoje, se eu fizesse uma captação externa ou uma enússão de
letra finan ceira pública, pagaria
mais que 118% do CDI", diz. O
BMG tem hoje cerca de 40% de
sua captação no varejo - ante
men os de 10%h á três anos. "Nossa ambição é chegar próximo de
100%em três anos", conta.
Rodrigo Puga, sócio da plataforma Modalmais, ligada ao Banco
Modal, diz que com a oferta dentro
da própria estrutura, a instituição
consegue garantir ao público de
varejo, com aplicações a partir de
R$ 1 mil, as mesmas taxas pactuadas com o cliente de alta renda, de
120%do CDI. Ele ressalva que, se o
investidor acredita na continuidade do ciclo de queda da Selic, a opção prefixada, com remuneração
próxima de 12% ao ano por cinco
anos, pode ser mais frutífera. Se
passado esse prazo e a taxa básica
estiver a 8%, 9%, haveria diferencial
de rentabilidade considerável. A
corretora ainda distribui CDB de
outros 14 emissores, para valores
acima de R$1 00 mil. Nenhuma das
alternativas disponíveis supera,
porém, as taxas do próprio Modal.
Entre os agentes que distribuem
esses ativos, a recomendação é limitar o investimento nesses CDBs
à cobertura de R$ 250 mil por CPF
do FGC, porque as melhores ofertas de taxas estão concentradas em
bancos considerados de maior risco que os gigantes de varejo.
Roberto Indech, da Rico Corretora, sugere que a aplicação fique
um pouco abaixo disso, em até
R$ 200 mil. No caso de intervenção ou liquidação do banco
enússor, o investidor conseguiria
reaver inclusive os rendimentos
das operação com esse cuidado.
Alguns bancos aumentaram o
prazo de captação e por isso as taxas mais altas para o investidor, cita André Lassance, chefe de renda
fixa da XP Investimentos. Em alguns casos, mesmo títulos isentos
de hnposto de Renda (IR) não batem o retomo dos CDBs. Conforme
exemplifica, uma emissão a 116%
do CDI por três anos, considerando a alíquota de IR de 15%, equivale a um retomo líquido de 98,6%,
taxa que não se observa correntemente nos títulos com benefício
fiscal, como a LCI.
Lassance lembra ainda que os
bancos não garantem liquidez às
SU.ilS emissões. "O investidor tem
que dispor dos recursos, tem que
fazer a gestão do fluxo de caixa para não precisar do dinheiro".
Bruno Saads, responsável pela
área de produtos de renda fixa da
XP, vê uma correlação entre o aumento da oferta de CDBs desse
grupo e a escassez dos títulos isentos, como LCI e LCA "Os bancos
médios não têm conseguido crescer no crédito rural e imobiliário e
ficaram sem lastro para esses títulos. O CDB não tem essas amarras".
I
VALOR ECONÔMICO
29,30 e 31 I 10 I 2016
Página C12 - Finanças
CDB Vltaminado
Simulação de investimento de R$10 mil
na
BMG
BMG
117
BMG
116,5
Banco Fibra
ll7
Banco Pine
ll6
Banco Fibra
115.5
Ajliplan
113
Banco Modal
120
BancoModal~ Ü3--- Banco Arbi
ll8
Fonto: XP. Órama, Modalmais
28/10/2-º---.... XP
1~66.~-10/04/20
XP
15.419.48
16/04/19
XP
14.556,10
- - - XP
28/10/20
~ -10/04/20
XP
15.362,53
16/04/19
XP
- - - _ 13.580,70 _ _
XP
12.796,31
28/10/18
em 5anos M~at~óiãma 19.584,92
em 2 anos Modalmais
_12.8~9.17 ·
- - 15.813,27
31/10/19 Óram-;- - -
- - --
-
-
-- -
~
O GLOBO _ll_/ 10
/ 2016
Página 30 -Rio
'"nv.oglobo.rom.br am"t'lmo
ANCELMO
GOlS
ANA CLÁUDIA GUIMARÃES,
DANIELBRUNETE TIAGO ROGERO
Crivella presidente
Halloween é o cacete
Na conversa com outros partidos
para apoiar Marcelo Crivella no
segundo turno, o bispo licenciado
Marcos Pereira, presidente nacional
do PRB e ministro da Indústria e
Comércio, usou um argumento forte
para dizer que a Prefeitura do Rio não
será um braço da Igreja Universal:
- O aparelhamento da prefeitura
seria uma vitrine negativa para 2018,
quando o partido vai disputar tudo,
inclusive a Presidência da República.
Hoje, na festa de Halloween nos EUA, muita
gente, insatisfeita em ter que votar em Trump
ou m esmo Hillary, pretende assustar os
outros usando máscaras dos dois candidatos
à Presidência do país. Já aqui, segundo
Nelson Motta, o Halloween deveria ter sido
antecipado para ontem, o dia da eleição:
- Tem prefeito eleito assustador.
Parece que bebe
Sírio chega ao Rio
Aliás.••
Jaguar, 84 anos, estava jantando
semana passada em Roma, quando
ocorreu este último terremoto.
Ao ouvir o comentário de sua
mulher, Célia, de que a mesa estava
balançando, o nosso querido
cartunista não perdeu o rebolado:
- Bem que lhe avisei para não
tomar vinho depois de três doses de
Dry Martini.
O Sírio-Libanês, de São Paulo, fechou
parceria com a PUC-Rio. A ideia é
juntos erguerem um h ospital-escola,
acoplado à nova faculdade de Medicina
da universidade carioca.
Marcelo Crivella, 59 anos, não
esconde que sua m eta é chegar à
Presidência da República.
Dois governadores
Pezão, de licença médica para
tratamento de um câncer desde 28 de
março, reassume amanhã, dia 1º. Mas
o vire, Dornelles, não vai ter férias:
"Vai ficar ao meu lado o tempo todo.
Preciso muito dele!'; diz o governador.
Os dois, sexta, dia 4, vão anunciar
juntos o pacote de medidas amargas
para tentar tirar o Rio da crise.
Segue•••
Este pacote que vai, na prática,
reduzir salários, deve enfrentar uma
grande batalha na Alerj. Além disso,
o PSOL de Freixo, que comanda o
Sindicato do Funcionalismo,
pretende oferecer resistência.
Também na Justiça
Para a OAB, o Tribunal de Justiça do
Rio, assim como o estado, está com
duplo comando. O presidente da
entidade regional, Felipe Santa Cruz,
diz que a licença médica do
presidente Luiz Fernando de Carvalho,
do n, "aumenta ainda mais a crise
gerada pela falta de salários e pela
greve dos serventuários":
- Isso em um tribunal que já é o
quinto pior em congestionamento de
processos - diz ele, convocando os
advogados para um ato, dia 21,
sobre o "colapso do Judiciário~
R-10
O ex-jogador Rivaldo, um dos
maiores craques do futebol brasileiro,
está morando em Orlando. Agora,
comprou um terreno em Clermon t,
também na Flórida. Quer fazer lá uma
grande escolinha de futebol, a R-lO.
Boletim médico
Carmen Mayrink Veiga, 87 anos,
deixou o Hospital Samaritano na sexta
passada.
Calma, gente!
O clima anda tenso no país. Sábado,
alunos de 12 a 14 anos da Escola Suíça,
no Rio, foram convidados para um
torneio de futebol na Escola Corcovado.
No fim do jogo, os estudantes da Suíça
saíram escoltados por inspetores da
Corcovado para não serem agredidos.
Afasta de mim esse cálice
Dois deputados estaduais do PMDB
fluminense estão de malas prontas para
saltar do partido. Pedirão asilo numa sigla
mais palatável ao eleitorado em 2018.
Preto e branco
ZOna Franca
Paula Acioli participa do lO Seminário Internacional de Direito da Moda da CDMD, que
começa no dia 8.
Odesigner de joias Leo Sodré mostra coleção
inspirada em folhas na Blooks, de Elisa Ventura, noCine Reserva Cultural de Niterói.
Odesembargador Aloysio Maria Teixeira
recebe homenagem in memoríam dos amigos
no Copa Praia Hotel.
O Dellz, em Copacabana, lançou combos de
café da manhã.
Jorge Jaber abre filial em Lisboa.
Abril o espaço Femme Richet no BarraShopping.
SCA lpanema faz coquetel amanhã na Casa Cor.
Um belo e raro álbum de Marc Ferrez,
o mestre da fotografia do século XIX,
com 22 fotos do Rio será vendido no dia
22 de novembro por Evandro Carneiro,
em leilão organizado por Soraia Cals. O
lance inicial é de R$ 44 mil.
O GLOBO
Página
31 I 10
/ 2016
34- Economia
Só 10% das empresas listadas
em Bolsa têm 80% do lucro global
Faturamento da rede varejista Walmart é igual ao PIB da Polônia
DoELPAis
-MADRI- Nunca tão poucas empre-
sas foram tão grandes. Segundo
levantamento do instituto de
pesquisas econômicas McKinsey, 10% das empresas listadas
em bolsas de valores do mundo
geram 80% de todos os lucros
obtidos no planeta. O faturamento da gigante varejista Walmart, de US$ 482 bilhões, já supera o valor de todos os bens e
serviços (PIB) que a Polônia é
capaz de gerar em run ano.
- A vantagem competitiva
dos grandes frente aos pequenos não é um processo novo.
Mas agora o tamanho de urna
empresa se mede em escala
planetária - analisa Esteban
García-Canal, professor da
Universidade de Oviedo.
Nas últimas décadas, segundo o estudo da McKinsey, o lucro das empresas se multiplicou
por quatro. Em 1980, somava
US$ 2 bilhões, ou 7,6% do PIB
global. Em 2013, alcançou US$
9,8 bilhões, ou 9,8% do PIB
mundial. As empresas chinesas,
muitas delas com participação
ou controle estatal, obtêm 14%
de todos os lucros gerados no
mundo, segundo a McKinsey.
-Muitas empresas estão em
setores no qual o tamanho garante uma série de vantagens
competitivas: capacidade de
negociar com os fo.mecedores,
retenção de talentos, acesso
aos mercados de capitais e redução de riscos ao depender
menos de urna única área geo-
gráfica ou de apenas um p roduto - afirma Jorge Riopérez,
sócio responsável de Corporate Finance da KPMG.
Mas, para os consumidores,
nem sempre há vantagens,
alertam os especialistas.
- Os cidadãos acabam pagando mais caro pelo que poderiam
comprar a preços mais competitivos. A concentração nos conduz a um capitalismo em seu
grau mais extremo - avalia Robert Tomabell, professor da Escola Superior de Administração e
Direção de Empresas (Esade),
com sede em Barcelona
A recente onda de fusões e
aquisições globais não tem precedentes na História. Este ano,
já foram anunciados 33.252
acordos, que juntos somaram
US$ 3,9 trilhões, segundo dados
da agência Bloomberg. A mais ·
recente megafusão foi a propos-•!
ta de compra da Time Warner .-~
pela AT&T, anunciada no últi- '
mo dia 22, um negócio de US$ '
85,4 bilhões.
E o perfil das gigantes mundiais, incluindo suas áreas de atuação, mudou radicalmente. Em
1990, as três maiores fabricantes•
de automóveis do mundo ti-';
nham vendas deUS$ 250 bilhões
somadas, valor de mercado combinado de US$ 36 bilhões e empregavam 1,2 milhão de pessoas.
Hoje, as três grandes do setor de
tecnologia (Apple, Google e Microsoft) faturam US$ 357 bilhões,
têm um valor em Bolsa de US$ ·
1,64 trilhão e empregam apenas
296 mil trabalhadores. •
.-- .i
O GLOBO
-31
--
I 10
b\~tJC.QBQ
/ 20 16
Página 3 5 - Economia
Na reta final, aderir à repatriação fica difícil
Prazo termina hoje. BB e cotTetoras ainda aceitam interessados, mas dinheiro do imposto tem de estar no Brasil
JoAo SoruMA NETo
[email protected]
-s.lo PAULO- Termina hoje o prazo dado
pelo governo para a regularização de
recursos mantidos no exterior, tanto
por pessoas físicas quanto por empresas, que n ão haviam sido declarados
ao Fisco. Na reta final, o movimento
nos escritórios de advocacia se intensificou, já que a data limite não foi
prorrogada, como muitos esperavam.
Segundo advogados tributaristas cons ultado s pelo GLOBO, aqueles que
não aproveitaram essa oportunida de
para regularizar o capital que está fora
do pcús "podem ficar em apuros" com
o cerco global aos sonegadores. Mas,
mesmo com o prazo terminando hoje,
ainda é possível fazer a adesão.
O Banco do Brasil é o único dos grandes bancos que se manteve aceitando
propostas até hoje. Muitas corretoras
de valores também se mantêm abertas
ao recebimento de propostas. Mas, segundo advogados, só vai conseguir
aderir ao programa quem tem dinheiro
no Brasil para pagar a multa e o imposto. Trazer uma parte do dinheiro do exterior para fazer esses pagamentos se
tornou impossível, porque a operação
leva cerca de cinco dias úteis.
- E os valores da multa e imposto
que temos visto não são baixos. São
pagamentos de R$ lO milhões, R$ 20
milhões - informa um advogado que
viu o movimento de interessados em
repatriar recursos crescer até 30% na
semana passada.
Os demais bancos orientaram seus
clientes a aderir ao programa até a primeira quinzena de outubro. A alegação
foi que o processo para receber as informações de bancos no exterior é demorado e a checagem das informações,
exigidas pelos departamentos de compliance (conformidade às regras), é rigorosa. Na sexta passada, o Banco Central ampliou das l8h30m para 23h o
horário para pagamento do imposto e
da multa de regularização de recursos.
-Se uma instituição faz a repatriação de recursos de um político, por
exemplo, grupo que não estava incluído nesse programa, pode ser acusada
de fraude, além de colocar em risco a
imagem da instituição. Por isso, os bancos maiores estabeleceram prazos, já
que seus departamentos de compliance
são muito rigorosos - -explica o advogado Ronaldo Rayes, sócio do Rayes &
FaguiJ.des Advogados Associados.
Quem perder o prazo, tem ainda a
opção de fazer uma declaração voluntária. Mas vai pagar o imposto mais alto
(multa de 150% sobre o valor do impos::_
to devido), além de IR de 27,5% e também poderá ser processado por saneI gação fiscal e evasão de divisas.
- Certamente, esse cidadão vai ter
1
que usar boa parte de seu patrimônio
para pagar multas, impostos e para se
defender dos processos - diz o advogado Gil Vicente Gama, do Nelson Wilians e Advogados Associados.
Um advogado conta que muita gente
· ainda tinha dúvidas sobre as regras de
repatriação e esperava que o prazo para
pagamento desses valores fosse esten1 dido até o fim do ano. Mas isso não
aconteceu. O governo adiou para 31 de
dezembro apenas a entrega da Declaração de Ajuste Anual (DAA) retificadora
referente ao ano de 2014. Também deu
prazo até 31 de dezembro para a obtenção e envio das informações disponíveis em bancos estrangeiros sobre os
ativos não repatriados de valor ma ior
que US$ 100 mil. Nesse caso, o contribuinte precisa solicitar as informações
à instituição no exterior até hoje (31 de
outubro), podendo enviar ao banco onde estiver fazendo a repatriação no Brasil até 31 de dezembro.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse na semana passada que não
cogita abir um novo programa de repatriação em 2017. Alguns advogados, entretanto, avaliam que isso pode acontecer se
a arrecadação do governo não crescer no
ano que vem, o que colocaria em risco a
meta fiscal. Mas o imposto e a multa, que
somaram 30%, certamente seriam mais
elevados, dizem os especialistas.
- O Brasil aderiu a uma série de
acordos que visam à identificação de
recursos irregulares no exterior. A vida
de quem não aproveitou para declarar
agora vai ficar mais c0mplicada- explica Rayes.
Isso porque, até 2018, estarão valendo todos os acordos internacionais que
visam à identificação de recursos irregulares no exterior e o Brasil é signat~­
rio de v'drios desses tratados. Na prática, significa que vai ficar mais fácil para
o Fisco identificar brasileiros que mantêm patrimônio irregular fora do p aís.
O Brasil assinou, em 2015, o Progra-
"O Brasil aderiu a
uma série de
acordos que visam
à identificação de
recursos irregulares
no exterior. A vida
de quem não
aproveitou para
declarar agora vai
fiGar mais
complicada"
Ronaldo Rayes
Advogado
CERCO AOS SONEGADORES
Até sexta-feira passada, o p agamento
de impostos e multas já havia somado
R$ 45,7 bilhões. Entre pessoas físicas,
21,6 mil haviam aderido ao programa,
além de 70 empresas, totalizando R$
152,6 bilhões de ativos regularizados.
Nas estimativas do mercado e do próprio governo, a cifra pode ficar entre R$
50 bilhões e R$ 60 bilhões, o que equivaleria a um montante regularizado
_Eó_E.mo de R$ 200 bilhões.
I
O GLOBO
Página
31 I lO
/2016
35- Economia
ma Foreign Account Tax Compliance
Act (Fatca) com os Estados Unidos.
Com isso, podem ser enviadas dos
EUA, de forma espontânea e automática, informações sobre contas correntes
e situação patrimonial de brasileiros
disponíveis no sistema financeiro americano. O Brasil já mantinha, desde
2013, um acordo com os EUA para intercâmbio de informações tributárias
(o chamado Tiea), mas o Fatca é ainda
mais abrangente.
No âmbito da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) e do G-20, grupo de 20 países
mais ricos do mundo, o Brasil também
aderiu a outros dois acordos para troca
de informações fiscais. Através desses
tratados, será possível o intercâmbio
com mais de 80 países, o que insere o
Brasil no chamado "sistema de Fisco global'; segundo os advogados.
Por meio desses acordos, dizem os
advogados, até mesmo gestores de recursos de instituições financeiras se veem obrigados a comunicar ao Fisco de
seus países recursos em aplicações financeiras que n ão estejam regularizados.
O advogado Eduardo Diamantino,
do escritório Diamantino Advogados
Associados, explica que, uma vez localizado o recurso irregular, a Receita
poderá cobrar os 27,5% de imposto, e
uma multa que pode chegar a 150%
do valor do imposto devido. Além
disso, o sonegador é processado por
crimes de evasão de divisas e sonegação fiscal, com penas que variam de
dois a seis anos de reclusão.
- A pessoa vai perder uma boa parte
do seu patrimônio para fazer a regularização, isso sem falar no aborrecimento
que terá com o processo. Seria muito
melhor ter aderido ao programa de repatriação - diz o advogado Diamantino.
Segundo os advogados, o perfil de interessados em regularizar seus recursos foi bastante variado: gente que herdou propriedades no exterior e não havia declarado, empresas que fizeram
operações sem nota, profissionais liberais, como médicos e dentistas, que receberam recursos sem declarar e mandaram para fora, e até gente com idade
entre 60 e 70 anos que havia mandado
dinheiro para fora do país ainda no governo do ex-presidente Fernando Collor, com medo de um novo confisco. A
maior parte - cerca de 75% dos clientes - está regularizando os recursos,
mas mantendo os ativos no exterior, dizem os advogados.
CENTENAS DE BILHÕES NÃO DECLARADOS
O valor mantido pelos brasileiros no exterior sem declaração ao Fisco varia de acordo com a fonte de informação. Segundo a
Global Financiai Integrity, uma ONG com
sede em Washington, que monitora o fluxo de recursos no planeta, a partir de um
cruzamento de dados de 151 economias,
os brasileiros mandaram para fora do país
nos últimos anos, até 2012, US$ 590 bilhões, sendo US$ 401 bilhões em recursos
não declarados. Já o documento "The Price of Offshore Revisited'; escrito por James
Heruy, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, e encomendado pela Tax
Justice Network, mostra que os brasileiros
tinham até 2010 cerca de US$ 520 bilhões
em paraísos fiscais. •
OS NÚMEROS DO PROGRAMA
RECURSOS ARRECADADOS VÃO AJUDAR NO AJUSTE FISCAL
Ativos que devem
ser regul~rizados
ARRECADAÇÃO
EXPECTATIVA
DO GOVERNO
--------~~~--,
21.600
~ I
R$200
pessoas físicas
bilhões
.•
...
até
R$60
bilhões
Já aderiram
~
JÁ REGULARIZADOS
! 70
empresas
1
I
Fonte: Receita Federal e governo
Editoria de Arte
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