Entre Setembro de 2008 e Março de 2009, o índice de ações da bolsa americana S&P 500 presenciou 9 de suas 20 maiores quedas diárias. Também no mesmo período, ele presenciou 10 das 20 maiores altas em um único dia, sendo que a maior alta diária já vista até hoje foi em 10/out/08 (+11.58%). A história tem repetidas vezes nos mostrado que nenhum bom investimento é feito em momentos de pânico e, não importa quão louco o mercado fique, ele sempre acha uma forma de voltar à normalidade. Em 2016, os mercados voltaram à normalidade de forma rápida após cada choque. Quem apostou que os mercados mexeriam bastante ou vendeu ações nos momentos de pânico perdeu dinheiro, mesmo com tantas surpresas. O índice que mede a volatilidade da bolsa americana começou o ano em 18.21 e está terminando em 11.5. Para os investidores brasileiros, 2016 foi essencialmente um ano de desafios e surpresas: somando-se ao noticiário externo de China (Janeiro), Brexit (Junho) e Eleições Americanas (Novembro), o noticiário político local não deu tréguas. O único aspecto do Brasil que não trouxe grandes surpresas foi o econômico. Embora os mercados já tenham precificado uma melhora da economia brasileira, as expectativas ainda não se confirmaram. Olhando para alguns investimentos em 2016, podemos resumir suas performances ao seguinte: CDI – Vencedor: A 1ª queda de juros ocorreu apenas nos dois últimos meses do ano. O investidor termina o ano com 7.5% de ganho acima da inflação; Bolsa Brasileira – Vencedor: O mercado já antecipou uma melhora na economia brasileira que ainda não chegou; Juros Pré-Fixados – Vencedor: O Brasil saiu de um cenário de caos completo em Janeiro para uma aposta de que os juros serão cortados para reanimar a economia (taxa Pré-Fixada de 3 anos saiu de 16.60% para 11.50%); Dólar – Perdedor: Um dos poucos investimentos que não deu retorno esse ano. Investidores estrangeiros voltaram a se interessar pelo Brasil, trazendo dinheiro; Títulos do governo Americano – Perdedor: Com a eleição de Donald Trump, o mercado espera que a inflação americana suba e que o Banco Central americano suba juros mais rápido. As taxas subiram e quem aplicou cedo perdeu dinheiro; Índice de ações americano – Vencedor: A aposta óbvia de que a eleição de Trump fosse causar um crash no mercado de ações americanas foi surpreendida pela política expansionista e a desregulação que ele tem anunciado, puxando as ações para mais um ano de ganhos. Depois de um ano repleto de incertezas, o que o investidor brasileiro pode esperar para 2017? Brasil Bolsa – Foi o ativo que mais precificou a recuperação da economia brasileira (desde o começo de 2016, teve um retorno 7x maior que os mercados emergentes de forma geral), e ainda parece embutir estimativas excessivamente otimistas para o próximo ano. Dólar – Acreditamos que o fluxo de dinheiro chegando para investimentos no Brasil (compra de empresas e infraestrutura) deve ser neutralizado (i) por condições financeiras globais mais apertadas (Juros nos EUA e Dólar mais altos) e (ii) pela consequente saída do capital que está hoje aplicado em taxa de juros no Brasil. Por isso, acreditamos que deve permanecer próximo dos patamares atuais. Juros pré-fixados – Já precificam a Selic caindo 3.25 pontos percentuais para o ano que vem, terminando em 10.50% a.a.. Acreditamos que existe uma pequena possibilidade de os juros terminarem 2017 abaixo de 10%, o que não está refletido no mercado. Cenário Externo: Populismo e Inflação Depois dos EUA, o populismo será testado nas eleições que ocorrerão na Franca, Alemanha e Espanha, bem como nos próximos capítulos do Brexit. Neste momento os países da Europa e o Japão tem buscado estimular suas economias com instrumentos de política monetária. Nos Estados Unidos, se confirmada a política fiscal expansionista de Trump, também poderemos ter uma alta da inflação por lá. As implicações disso: na Europa, fim das taxas de juros próximas de zero e redução dos programas de estímulo pelo banco central europeu; nos EUA, maior ritmo de aumento das taxas de juros. Na China, temos notado um fluxo de notícias negativas vindas do mercado de títulos do governo Chinês. Na última semana, por exemplo, o mercado foi interrompido devido à queda significativa no valor dos títulos de 10 anos do governo e foi necessária uma grande injeção de capital para estabilização. Acreditamos que 2016 termina com ativos bem precificados. Diferentemente desse ano, onde poucos investimentos não renderam, tantos riscos e incertezas em 2017 devem proporcionar boas oportunidades de investimento e, para isso, liquidez e timing são essenciais.