Carta Econômica

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Carta Econômica
Novembro de 2015
Economista-Chefe
Gustav Gorski
João Fernandes
Economista
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A esperança de que a atividade econômica fosse apresentar algum alento nos últimos meses do ano não
foi, até o final de outubro, confirmada. As informações recebidas até o momento apontam para continuidade
da queda da atividade econômica e, em alguns segmentos, como o mercado de trabalho, há inclusive
aceleração do enfraquecimento. Pelo lado da oferta, houve retração na margem no setor de serviços e na
indústria. Pelo lado da demanda, o comércio também apresentou retração. Os índices de confiança mostram
que a expectativa com a situação atual da economia continuou a mostrar evolução negativa, renovando os
patamares mínimos. A expectativa de crescimento econômico para 2015 é de queda de 3% e para 2016
também é negativa, mas de 1,4%. Ou seja, o mercado espera uma recessão multianual na economia
brasileira ainda pior do que visualizava nos meses anteriores. O mercado de trabalho não está nada imune.
A destruição de postos de trabalho formal ganhou tração em setembro e deve manter este cenário para o
resto do ano, uma vez que as contratações temporárias para as vendas de fim de ano estão bastante tímidas.
Mantemos nossa expectativa para crescimento econômico para 2015 e 2016 em -2,9% e -1%,
respectivamente. No entanto, da maneira com que a conjuntura econômica vem evoluindo, há um viés
bastante negativo para esta projeção, principalmente para 2016.
Crescimento do PIB – acum. 4 trim.
Fonte: Quantitas, IBGE.
IPCA - % 12 meses
A inflação, por sua vez, não mostra sinais de arrefecimento, pelo contrário, a dinâmica da economia
brasileira está tão ineficiente que mesmo com toda esta queda da atividade, não há ‘refresco’ por parte da
alta dos preços. Se tivermos sorte, terminaremos este ano com a inflação abaixo de 10%. Não obstante, as
expectativas para 2016 deterioraram-se sensivelmente nos últimos meses. Já há inclusive desancoragem das
expectativas para 2017 e 2018. O Banco Central afirma que a inflação se encontra alta por dois motivos: alta
dos preços monitorados (energia) e desvalorização cambial. No entanto, quando se observa as aberturas da
inflação no país, nota-se que há efeitos subjacentes muito maiores do que das afirmações do BC. Neste
contexto, os riscos de estarmos sob um contexto de inflação estrutural não pode ser descartado. Em nosso
cenário, esperamos alta dos preços de 10,1% para este ano e de 6,8% para 2016.
Em relação à política monetária, o Copom manteve estável a Selic meta, mas mandou um recado bastante
forte para a economia. A última ata do Copom mostrou uma visão bastante realista da economia, afirmando
que boa parte da incerteza que hoje permeia a atividade econômica está sendo gerada através de uma
política fiscal desequilibrada. O recado estendeu-se, inclusive, a dizer que o destempero fiscal diminui o poder
da política monetária e a consequência é maior inflação. O presidente do BC, Alexandre Tombini, em reunião
na comissão de assuntos econômicos da Câmara, afirmou que se nada for feito para reduzir as incertezas
fiscais, o custo aumentará ainda mais. Neste contexto de elevada incerteza, incorporamos em nosso cenário
o argumento de que, pelos próximos períodos, não há espaço para quedas da taxa básica de juros.
Fonte: Quantitas, IBGE.
Meta para Taxa Selic - % ao ano
Em termos de política fiscal, a agência de risco Fitch rebaixou o rating do Brasil para BBB-, com viés
negativo, deixando nossa economia na beira de perder o grau de investimento por uma segunda grande
agência de rating. Houve também adicional deterioração dos números fiscais para 2015, onde o governo
admitiu um déficit primário de cerca de R$ 50 bi (1,1% do PIB), com possibilidade deste valor chegar a R$
110 bi, com a adição das pedaladas de 2014. Em nossa visão, como já havíamos colocado, os esforços que
estão sendo feitos para ajustar a política fiscal não serão suficientes e há chance substantiva de contínua
deterioração nos indicadores de sustentabilidade da dívida pública.
Após forte desvalorização em setembro, o comportamento cambial entre o real e dólar norte-americano
mostrou menos volatilidade em outubro e apresentou inclusive sensível valorização face ao fechamento do
mês anterior. Neste contexto, o real seguiu o comportamento da maioria das moedas de países emergentes,
uma vez que o dólar norte-americano mostrou queda frente a maioria das moedas. Mesmo com a melhora
cambial, o CDS do Brasil continuou a ser negociado em patamares bastante elevados, sinalizando que a
valorização observada foi realmente um movimento externo ao comportamento da economia. Apesar deste
desempenho, nossa expectativa é que nova desvalorização deva ocorrer nos próximos períodos, onde
projetamos uma taxa de câmbio entre R$4,10/US$ e R$4,30/US$.
Fonte: Quantitas, Banco Central.
Taxa de Câmbio – R$/US$
Fonte: Quantitas, Banco Central.
*Cenários Quantitas para Brasil
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