Semana de Pedagogia da UEM

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Anais da
Semana de Pedagogia da UEM
ISSN Online: 2316-9435
XXI Semana de Pedagogia
IX Encontro de Pesquisa em Educação
20 a 23 de Maio de 2014
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA
BARROSO, Maria Lucia
[email protected]
MENDONCA, Camila Tecla Mortean
[email protected]
LOZANO, Taissa Vieira
[email protected]
COSTA, Maria Luisa Furlan (orientadora)
[email protected]
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Introdução
Essa pesquisa surgiu dos estudos realizados pelas autoras sobre a educação a
distância, na linha de História e Historiografia, do Programa de Pós-Graduação em
Educação, da Universidade Estadual de Maringá, em nível de Mestrado.
A modalidade a distância tem se fortalecido no campo educacional brasileiro nos
últimos anos e se tornou objeto de muitas pesquisas, pois compreender todos os
aspectos dessa modalidade é uma forma de reconhecer sua importância em uma
sociedade que vive sob a influência constante das novas tecnologias de informação
(TICs) e necessita de novas possibilidades de ensino.
Um aspecto muito importante nessa modalidade é o processo de mediação, que
acontece de forma diferente em um curso que tem, como principal característica, a
distância de lugar e tempo entre alunos e professores. Normalmente, as pessoas pensam
em mediação dentro da sala de aula, ao lado do aluno, no caso da EaD esse processo é
diferente e traz consigo a discussão e a análise do perfil do aluno e do professor
necessário a ela.
A mediação, em todos os campos educacionais, tem como base os mesmos
princípios, mas com objetivos diferentes, e na modalidade a distância esse aspecto não
se distorce.
Universidade Estadual de Maringá, 20 a 23 de maio de 2014.
Desta forma, pretende-se, por meio deste artigo, investigar a mediação
pedagógica na Educação a Distância. Os resultados serão apresentados em dois
momentos. No primeiro, realizam-se apontamentos sobre o processo histórico da
Educação a Distância. No segundo, reflete-se sobre a mediação pedagógica na
Educação a Distância. Não pretendemos esgotar o assunto com este estudo, mas sim
contribuir para a discussão a cerca do processo e da importância da mediação na
Educação a Distância.
Objetivos
Apresentar os aspectos que envolvem todo o processo de mediação na
modalidade a distância, pontuando os meios para que essa mediação aconteça, as
exigências estabelecidas e o perfil do estudante que se busca formar.
Metodologia
A pesquisa apresentada se constitui em uma revisão bibliográfica a respeito da
mediação na educação a distância. A mesma está organizada em duas partes, uma está
voltada para o processo histórico da educação a distância no Brasil, a fim de
compreender as principais características e avanços que essa nova modalidade de ensino
teve no campo educacional brasileiro.
A segunda parte apresenta como a mediação acontece na educação a distância,
levando em consideração o uso das novas tecnologias de comunicação e informação
(NTICs) que são as principais ferramentas para o desenvolvimento dessa modalidade,
juntamente com o papel do professor e do aluno que possuem caráter diferente da EaD e
que estão em lugares e tempos diferentes.
Estes pontos serão apresentados a seguir.
Processo histórico da educação a distância
A educação é destaque entre as muitas carências que existem no Brasil. Há uma
gama de oportunidades para o mercado educacional brasileiro para promover a sua
evolução. Muitos investidores e educadores compromissados com a situação de carência
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na educação criaram o Sistema Educacional - EADCON, uma grande rede de ponta, via
satélite e internet em todo o país.
Diante disso, há bem pouco tempo, o Brasil veio a investir na Educação a
Distância – EaD, como opção para suprir a sua necessidade na formação superior do
país. A Universidade Aberta do Brasil, criada em 2005, tem como princípio a formação
de professores da Educação Básica pública, bem como favorecer aos graduados
formação continuada buscando a sua melhoria na sua qualificação.
Nos termos da Lei de Diretrizes e Bases - LDB, Lei nº 9.394/96, a EaD no
Brasil, é considerada uma forma de ensino que proporciona a autoaprendizagem, como
a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em
diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados
pelos diversos meios de comunicação. Vale destacar que o conceito de EaD, como a
própria EaD, vem sofrendo alterações à medida que novas teorias, novas mídias, novas
práticas educacionais vão se desenvolvendo. A
EaD vem sendo considerada na
literatura como:
Uma atividade de ensino e aprendizado sem que haja proximidade
entre professor e alunos, em que a comunicação biodirecional entre os
vários sujeitos do processo (professor, alunos, monitores,
administração) seja realizada por meio de algum recurso tecnológico
intermediário, como cartas, textos impressos, televisão, radiodifusão
ou ambientes computacionais. (ALVES; ZAMBALDE &
FIGUEIREDO, 2004, p.6)
Merecem destaques outros aspectos da EaD. O primeiro é que essa prática ou
atividade de ensino combina com políticas que vem sendo executadas, no Brasil e no
mundo, visando a universalização da educação. E o segundo aspecto é a possibilidade
de aquisição de computadores promovendo a sua expansão, que vem contribuindo para
seu uso como ferramenta didático-pedagógica e, assim, contribuindo para que a EaD
atenda, cada vez mais, a um número maior de pessoas.
As primeiras experiências no que se referem à EaD, no Brasil, como forma de
ensino, tem suas origens registradas no fim do século XIX, na década de 1850, quando,
segundo Marques (2004), “agricultores e pecuaristas europeus aprendiam, por
correspondência, como plantar ou qual a melhor forma de cuidar do rebanho”.
De acordo com Alves; Zambalde e Figueiredo (2004), um professor de
taquigrafia anunciou, em Boston, no século XVIII num jornal, o qual se propunha a
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ensinar a matéria por correspondência. Segundo os autores, Pitman iniciou o primeiro
curso regular de taquigrafia por correspondência em 1840.
A EaD aparece, no Brasil, no ano de 1904. Naquela época eram oferecidos
cursos pagos por meio das instituições internacionais por correspondência. No entanto,
o marco histórico da fundação da EaD, no Brasil, foi a fundação da Rádio Sociedade do
Rio de Janeiro, em 1923, por um grupo liderado por Henrique Morize e Edgar
Roquette-Pinto, segundo Alves (2002), tendo como objetivo difundir a educação à toda
população, por meio de um moderno sistema de rádio difusão, que já estava em uso no
Brasil e no mundo. A partir de então, passou-se a transmitir os programas educativos
que foram recebidos de forma positiva.
Em 1934, precisamente o Instituto Monitor iniciou suas atividades e cinco anos
mais tarde, em 1939, na cidade de São Paulo, foi a vez de o Instituto Universal
Brasileiro iniciar suas atividades. (MARQUES, 2004)
Atualmente, quando a internet é vista como principal ferramenta da EaD, as duas
entidades ainda optam por transmitir suas aulas por apostilas enviadas pelo correio.
(MARQUES, 2004)
Eram repassadas as emissoras os programas, gravados em discos de vinil que
transmitiam as aulas nos radiopostos, três vezes por semana. Nos dias alternados, com o
auxílio dos monitores, os alunos estudavam nas apostilas e promoviam a correção dos
exercícios. (MARQUES, 2004)
O Movimento de Educação de Base - MEB surgiu por iniciativa da Igreja
Católica e do Governo Federal, por meio da Diocese de Natal no rio Grande do Norte,
em 1959, objetivando, de acordo com Nunes (1994), a promoção da educação, da
conscientização, da politização e a da educação sindicalista, fizeram uso do sistema
rádio educativo. Segundo o autor, este movimento tinha a preocupação de alfabetizar as
classes que não tinham acesso à educação, no entanto, este projeto foi abandonado
devido à repressão política e ao Golpe de 1964.
Na década de 1970, surgiu o projeto Minerva (convênio entre Fundação Padre
Landell de Moura e Fundação Padre Anchieta), com objetivo de produzir textos e
programas de um convênio entre o Governo Federal e a Inglaterra. Como parte das
ações compartilhadas, o Brasil enviou, em 1972, para a Inglaterra, o conselheiro
Newton Sucupira para liderar um grupo de educadores. Na conclusão dos trabalhos
desenvolvidos, foi elaborado um relatório que marcou uma posição reacionária às
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mudanças no sistema educacional brasileiro, dificultando a implantação da
Universidade Aberta e a Distância no Brasil.
Foi criado o Sistema Nacional de Teleducação, em 1976. De acordo com
Marques (2004), “o programa operava principalmente por meio de ensino por
correspondência” e foi realizadas experiências no período de 1977/1979 com rádio e
TV. Durante doze anos, o Sistema acumulou 1.403.105 matrículas, em cerca de 40
cursos diferentes.
Os cursos ofertados pela Fundação Roberto Marinho são bons exemplos da EaD
via televisiva, ou também chamada de Teleducação ou Telecursos. Fundações privadas
e não-governamentais começaram a oferecer nessa modalidade de EaD supletivo a
distância, na década de 70, no modelo de teleducação (telecurso), com aulas, via
satélite, completadas por kits de materiais impressos. Naquela época, o Brasil era
considerado um dos líderes da modalidade, com destaque no Projeto SACI e Projeto
Minerva, capacitando professores com formação, apenas, em magistério. (MARQUES,
2004)
Processou-se a informatização e a reestruturação do Sistema de Teleducação por
meio do avanço dos meios de comunicação e a ampliação do acesso à internet, entre
1988 e 1991. Diretrizes foram estabelecidas até hoje, e foi, nesse contexto, que, em
1995, ressalta Marques (2004), o Departamento Nacional de Educação criou um setor
destinado exclusivamente à EaD, o Centro Nacional de Educação a Distância - CEAD.
Vale ressaltar que, na década de 1990, foi criada a Universidade Aberta de
Brasília, Lei 403/92, passo gigantesco que atingiu três campos distintos. Ampliação do
conhecimento cultural: organização de cursos específicos de acesso a todos; Educação
continuada: reciclagem profissional às diversas categorias de trabalhadores e àqueles
que já passaram pela universidade; Ensino superior: abrangendo tanto a graduação
como a pós-graduação.
Na década de 1990, houve transformações significativas referentes à educação
no Brasil, que culminou com a aprovação da nova Lei e Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Lei nº 9.394, de 20/12/1996, aprovando a Educação a Distância como uma
modalidade para o sistema de ensino, que muito contribui na formação de profissional.
O acesso às universidades foi ampliado com a aprovação da nova LDB que
incluiu novos paradigmas educacionais democratizando-o.
O ano de 1996 ficou marcado pela Lei nº 9.394/96 enfatizando a normalização
da EaD, “oficializa a era normativa da educação a distância no Brasil pela primeira vez,
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como modalidade válida e equivalente para todos os níveis de ensino. Pela primeira vez,
na história da legislação ordinária, o tema da EAD se converte em objeto formal”.
(MARQUES,2004)
Mediação pedagógica na modalidade a distância
Do latim mediátor, óris (mediador, medianeiro), mediação, de acordo com
Ferreira (2010, p. 495) significa “ato ou efeito de mediar, intermediação”.
Podemos considerar que a mediação é elemento essencial no processo educativo,
funciona como um estímulo para a aprendizagem. Tomando-a por uma visão
“interacionista – construtivista – sistêmica, a ‘mediação pedagógica’”, a mediação é
“compreendida como movimento construído na relação dialógica que se estabelece a
partir da interação constante entre educadores, educandos e diferentes meios utilizados
para desenvolver os processos de ensino e de aprendizagem” (SACCOL, 2011, p. 76).
Moraes (2003, p. 2010) afirma ainda que:
[...] é um processo comunicacional, conversacional, de coconstrução
de significados, cujo objetivo é abrir e facilitar o diálogo e
desenvolver a negociação significativa de processos e conteúdos a
serem trabalhados nos ambientes educacionais; bem como incentivar a
construção de um saber relacional, contextualizado, gerando na
interação professor/aluno.
O processo educacional como um todo tem experiências e práticas pedagógicas
que estão ligadas ao processo de mediação que os professores exercem com os alunos.
A mediação acontece em qualquer idade e está presente em qualquer curso, basta ser
aluno ou professor para se deparar com ela.
A mediação acontece com o auxílio de signos que são responsáveis pela relação
do real com o pensamento (MEIER e GARCIA, 2007). Os pensamentos estão em
constantes elaborações e reelaborações de conceitos e ideias, no momento da mediação
alguns elementos podem ser facilmente compreendidos ou ilustrados de forma que essas
elaborações e reelaborações sejam cada vez mais significativas para a postura do
indivíduo enquanto ser pensante e ativo na sociedade.
Na EaD a mediação acontece, mas com características um pouco diferentes das
encontradas no ensino presencial. Nessa modalidade o curso tem como base
fundamental para seu desempenho a postura do aluno. O que se difere é que na EaD o
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aluno necessita desenvolver uma postura de autonomia. Mas em ambas as modalidades,
presencial ou a distância, a postura que se espera do aluno é a mesma. “A postura que se
espera de um aluno do ensino superior é que ele seja um sujeito ativo na construção de
seu próprio conhecimento” (PEREIRA, 2009, p.41).
Na EaD, a mediação adquiriu papel de suma importância uma vez que
o distanciamento físico sempre esteve a exigir recursos, estratégias,
habilidades, competências e atitudes diferentes dos convencionais –
pautados na exposição oral e no contato face a face. Com a inserção
das tecnologias digitais de comunicação na EaD e o desenvolvimento
de ambientes virtuais de aprendizagem, a função mediadora do
professor tomou um forte impulso, pelas possibilidades e também
pelas exigências da configuração desse novo “espaço”. (SOUZA,
SARTORI, ROESLER, 2008, p. 331)
Vygotsky trabalha com a ideia que mediação é essencial para os alunos
aprenderem e que deve se levar em consideração as especificidades de cada aluno. Pois
se entende que os alunos aprendem de formas diferentes, não existe um padrão de
prática de ensino que atinge todos os alunos de forma igualitária, mas existe uma prática
de ensino que precisa na maioria das vezes ser adequada e pautada na mediação a partir
das necessidades de cada aluno para assim acontecer a aprendizagem.
Para o professor, a mediação é um desafio, uma vez que quando há dúvida por
parte do aluno é necessário dar significado ao objeto estudado. Para Machado e Teruya,
(2009, p. 1730):
[...] conceito de mediação pedagógica atrela-se ao pensamento de uma
ação concretizada pela ajuda do outro. No contexto escolar, teremos a
figura do professor, sujeito essencial capaz de fazer um elo entre
aquilo que o aprendiz traz (conhecimento do senso comum) e o
conhecimento científico, historicamente sistematizado. Nesse sentido,
compreendemos a mediação pedagógica como a ação de intervenção
no aprendizado do sujeito, seja presencial ou online. Essa ação de
mediação é concretizada essencialmente pelo professor, por meio de
signos e de instrumentos auxiliares, que conduzirão alunos e
professores na prática educativa.
O processo de mediação fica claro, também, na fala de Freire (2002, p. 134) que
destaca qual é a postura do professor como mediador do conhecimento:
[...] ensinar não é transferir conteúdo a ninguém, assim como aprender
não é memorizar o perfil do conteúdo transferido no discurso vertical
do professor. Ensinar e aprender têm que ser com o esforço
metodicamente crítico do professor de desvelar a compreensão de algo
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e com o empenho igualmente crítico do aluno de ir entrando, como
sujeito de aprendizagem, no processo de desvelamento que o professor
ou professora deve deflagrar.
Mallman e Catapan (2010) trabalham com o pressuposto de duas mediações, a
mediação com caráter humano e a de caráter não-humano. A primeira tem a intervenção
do ser humano enquanto professor e a segunda são as ferramentas e recursos utilizados
para desenvolver o conhecimento. Dessa forma, na EaD esses dois tipos de mediação
necessitam estar embasando o processo educacional dos alunos.
Nesta pesquisa, quando se fala no professor da EaD remete a todos os
profissionais (professores, tutores a distância e presencial) que estão diretamente se
relacionando com os alunos nesse processo de aprendizagem e que, de forma ampla,
trabalham por meio da mediação. O tutor é o profissional dentro da modalidade a
distância que tem mais proximidade com o aluno, mas pensando na medição que leva
em consideração os materiais disponibilizados pelo professor e a ação do tutor junto ao
aluno entende-se que a mediação acontece a partir de um trabalho amplo e conjunto, em
que todos estão interligados, assim a ação pedagógica e o desenvolvimento do
conhecimento científico seguem o mesmo caminho.
O professor mediador tem como papel orientar o aluno no seu desenvolvimento
intelectual. Na EaD, a mediação acontece com o auxílio das tecnologias de
comunicação e informação (TICs). De acordo com Losso (2002, p.14), na EaD:
[...] a aprendizagem é mais evidentemente mediada, na sua maior
parte, pelos materiais instrucionais, em conformidade com a
metodologia de sua elaboração. Mas, essa mediação complementa-se
com o sistema de apoio tutorial. Com isso, o trabalho em conjunto,
cooperativo, de aprender a aprender, fundamental nesse século de
avanços tecnológicos, até então inimagináveis, vem de encontro com
as necessidades dos alunos, na busca da construção do conhecimento a
partir da autoaprendizagem. Neste ambiente, o tutor é, e continuará
sendo, professor, mas um professor cada vez mais potencializador e
articulador de mediações.
A mediação, na EaD, acontece, mas diferentemente do ensino presencial que os
alunos esperam a postura e/ou posicionamento do professor em conduzir a aula, é
necessário uma dedicação maior por parte do aluno, pois a busca pelo conhecimento
deve ser constante. Nessa modalidade, as discussões são objetivas, dessa forma o aluno
precisa ter o mínimo de embasamento teórico para desenvolver melhor suas discussões
via ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs).
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Pensando na mediação que depende do papel do aluno pode-se pensar nesse
papel a partir de Cardoso e Pereira (2010, p. 87): “Como um dos objetivos da EAD é a
busca da autonomia, o estimulo deve centrar na mudança de comportamento de um
aluno leitor, muito mais ativo e independente no seu processo de aprendizagem”.
A mediação acontece na EaD, mas de uma forma mais elaborada, pois o
embasamento teórico dos alunos é mais rico, quando leva-se em consideração a postura
de estudante que muda em relação a modalidade presencial. Essa última tem seus
méritos, mas em termos de mediação pedagógico é perceptível que ambas as
modalidades trabalham com características de estrutura e alunados diferentes e, na
presente pesquisa, a ênfase dada é na mediação pedagógica, na educação a distância.
No AVA, a quantidade de recursos que se usa para trabalhar com os alunos é
grande, de acordo com Mallman e Catapan (2010, p.361):
[...] é possível perceber a diversidade tecnológica para administração e
monitoramento (edição, configurações, backup, relatórios, notas,
perfil, tutorial de perguntas e arquivos), coordenação (participantes e
calendário), comunicação (mensagens), recursos (vídeo) e atividades
(fóruns, glossários, lições, pesquisas de avaliação, tarefas e wikis)
numa disciplina.
Desta forma, o AVA se torna um ambiente mediador, pois disponibiliza
diferentes ferramentas que auxiliam no processo educacional. Nos polos, existe a
possibilidade de encontros presenciais entre alunos e tutores fortalecendo ainda mais
esse processo de mediação.
Machado e Teruya (2009, p.1728) discorrem que:
Já na EaD, em que o ensino e a aprendizagem, em grande parte,
ocorrem em AVAs, os recursos didáticos encontram-se dispostos em
contextos diferentes, permeados pela dinâmica do virtual,
caracterizados principalmente pela separação (espaço e tempo) entre
aquele que ensina e aquele que aprende.
Desta forma, pensando na característica dos cursos da modalidade a distância e
no processo de mediação que virá de encontro com o perfil de aluno que forma pode-se
pensar na fala de Losso (2002, p.12) sobre o tutor:
Nesse sentido, o professor tutor é um estimulador, não é motivador,
pois a motivação sai do sujeito. Se não levar o aluno a assumir a
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condição de sujeito, ele não potencializa as mediações. Desse modo, a
mediação pedagógica é concebida como uma ação intencional de
desenvolvimento, no sentido de promover a pessoa, desenvolvê-la,
estimulá-la a se assumir como sujeito, do processo de aprendizagem.
É pedagógica, quando o outro se torna sujeito na relação. Por isso, é
preciso ter claro que a mediação não é qualquer atividade, é uma
“práxis” desenvolvida com finalidade – uma postura frente ao mundo.
A mediação, tanto em ambiente virtuais de aprendizagem quanto presencial,
oferecem ferramentas e estratégias que ajudam o aluno ampliar seus conhecimentos,
sanando suas dúvidas e fortalecendo suas bases teóricas e práticas sobre o objeto
estudado.
O trabalho desenvolvido, na EaD, tem, como princípio, nortear o processo
educacional dos mais diferentes alunos, no mais diferentes cursos. Assim, a mediação
está presente em toda modalidade a distância, visando a formação de um acadêmico
com uma postura diferente em relação aos estudos e pesquisa, por consequência
mudando a postura enquanto profissional.
Considerações finais
Utilizando-se das tecnologias digitais de comunicação e o desenvolvimento de
ambientes virtuais de aprendizagem, o professor, em sua função mediadora, tomou um
forte impulso, pelas possibilidades e também pelas exigências da configuração deste no
“espaço”.
Segundo Masetto (2000), mediação pedagógica é a atitude, o comportamento do
professor que se insere como um incentivador ou motivador da aprendizagem, como um
elo entre o aprendiz e a aprendizagem, valorizando o diálogo, a troca de experiências, o
debate e a interação.
A prática docente mediadora tem um movimento de coordenação e, ao mesmo
tempo, de descentralização. Segundo Veiga (2004), o professor é responsável em
produzir e orientar as atividades didáticas, fundamentais para que os alunos
desenvolvam seu processo de aprender, auxiliando-os a sistematizar os processos de
produção e assimilação de conhecimentos, coordenando, problematizando e
estabelecendo o diálogo.
Além do papel do professor, a mediação pedagógica por meio dos recursos
disponíveis na modalidade a distância necessita de um aluno com perfil de autonomia,
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no sentido de ser capaz de contribuir para seu próprio processo de aprendizagem com
dedicação aos estudos. Na EaD, o aluno participa das discussões pautado em
embasamento teórico, mudando a postura de esperar o professor explicitar o texto para
depois fazer as leituras necessárias.
É de suma importância o papel da mediação na EaD, uma vez que o
distanciamento físico exige recursos, estratégias, habilidades, competências e atitudes
diferentes das aulas presenciais, exigindo tanto do professor, quanto do aluno postura
diferenciada com relação à formação e ao conhecimento.
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