FACULDADE DE SÃO BERNARDO DO CAMPO JOSÉ RICARDO DOS SANTOS LUCIANA ANDRADE SALES RAFAELLY RIBEIRO SANTANA THABATHA MASCARENHAS MARQUES WILLIAN MARQUES GOMIDE NEUROMARKETING: O estado da arte sobre a sua aplicação na área de marketing São Bernardo do Campo 2014 JOSÉ RICARDO DOS SANTOS LUCIANA ANDRADE SALES RAFAELLY RIBEIRO SANTANA THABATHA MASCARENHAS MARQUES WILLIAN MARQUE GOMIDE NEUROMARKETING: O estado da arte sobre a sua aplicação na área de marketing Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de São Bernardo do Campo no curso de Administração como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientadora: Professora Mestre Gislene Calore da Mota de Oliveira São Bernardo do Campo 2014 JOSÉ RICARDO DOS SANTOS LUCIANA ANDRADE SALES RAFAELLY RIBEIRO SANTANA THABATHA MASCARENHAS MARQUES WILLIAN MARQUES GOMIDE NEUROMARKETING: O estado da arte sobre a sua aplicação na área de marketing Trabalho de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de São Bernardo do Campo no curso de Administração como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração. ____________ em_____ de __________________ de 2014 BANCA EXAMINADORA Professora Mestre Gislene Calore da Mota de Oliveira Faculdade de São Bernardo do Campo Professor Mestre Reginaldo Braga Lucas Faculdade de São Bernardo do Campo Professor Mestre Antonio Aparecido Carvalho Faculdade de São Bernardo do Campo Aos nossos familiares e amigos que nos ajudaram e nos compreenderam nos momentos difíceis desta jornada com destino ao sucesso. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus por nos proporcionar momentos maravilhosos de construção de nosso caminho. Aos familiares e amigos que por diversas vezes precisamos deixar um pouco de lado para que realização deste trabalho se concretizasse. A nossa orientadora Professora Mestre Gislene Calore da Mota de Oliveira que com diretrizes, paciência e carinho nos deu condições de desenvolver e finalizar este trabalho. Aos professores sem os quais não seria possível realizar a pesquisa. A todos que participaram direta e indiretamente para que nos tornássemos pessoas melhores em nossa plenitude. Por fim, ao nosso grupo que soube superar as dificuldades e se aprimorar para o atendimento das necessidades do dia a dia. Seja a mudança que você quer ver no mundo (Mahatma Gandhi) RESUMO Na atualidade, existe uma grande competição para se ganhar espaço no mercado entre as organizações. Com o avanço da tecnologia, tornou-se possível juntar na mesma linha de pensamento, disciplinas como neurociência e marketing. Essa técnica foi denominada neuromarketing, e, através dela, as necessidades dos clientes podem ser vistas com mais clareza pelas organizações, podendo ser usadas como benefício para fidelizar o seu público alvo. Com inúmeras empresas no mercado, destacar-se não é algo tão simples quanto parece. Logo, existe um aumento de competitividade e cada uma das organizações buscam alternativas de manterem-se à frente. O neuromarketing, com sua tecnologia avançada, procura entender questões fundamentais no comportamento humano, como por exemplo, o funcionamento do cérebro e os mecanismos de pensamentos e desejos. Esse Trabalho de Conclusão de Curso apresenta diversas informações sobre o tema abordado e algumas experiências realizadas. O desenvolvimento do tema foi realizado através de pesquisas bibliográficas e o principal objetivo foi identificar a funcionalidade do neuromarketing e sua eficiência. Palavras chaves - Neuromarketing – Marketing - Competitividade – Comportamento do Consumidor - Tecnologia. ABSTRACT Actually, there is a great competition to gain market share between organizations. With the technology improvement, it was possible to join in the same concept disciplines such as neuroscience and marketing. This technique was called neuromarketing, and through it, the customers needs can be seen most clearly by the organizations and may be used as a benefit to retain your public. With numerous companies in the market, stand out is not as simple as it sounds. Thus, there is an increase in competitiveness and each of the organizations seeking alternatives to keep ahead. Neuromarketing, with its advanced technology, seeks to understand fundamental issues in human behavior, such as the functioning of the brain and mechanisms of thinking and desire. This Conclusion Course Work presents a variety of information about the theme and some experiments. The development of the theme was carried through literature searches and the main objective was to identify the functionality of neuromarketing and its efficiency. Keywords - Neuromarketing – Marketing - Competitiveness - Consumer Behavior Technology SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 9 2 A CIÊNCIA A SERVIÇO DO MERCADO ........................................ 15 2.1 O INCONSCIENTE DEFININDO COMPORTAMENTOS ................. 16 2.1.1 Neurônios-espelho ................................................................................. 18 2.2 NEUROCIÊNCIA VS NEUROMARKETING .................................... 20 2.3 EQUIPAMENTOS PARA O ESTUDO DO NEUROMARKETING ... 25 3 INOVANDO AS AÇÕES DO MARKETING .................................... 31 3.1 ESTRATÉGIAS DE MARKETING ...................................................... 32 3.2 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR .......................................... 34 3.3 BRANDING E BRANDSENSE ................................................................ 38 3.4 PUBLICIDADE E PROPAGANDA ....................................................... 43 3.5 AS POTENCIALIDADES E AS LIMITAÇÕES DO NEUROMARKETING PARA AS EMPRESAS .................................... 4 MÉTODO DE PESQUISA E ANÁLISE 53 DOS RESULTADOS........................................................................................ 57 CONCLUSÃO ........................................................................................ 59 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 62 9 1 INTRODUÇÃO Muito falou-se sobre a descoberta do neuromarketing e suas ferramentas. Segundo Lindstrom (2009), o neuromarketing é a chave para desvendar os pensamentos, sentimentos e desejos subconscientes que lideram as decisões de compra. Os profissionais de marketing através de métodos tradicionais utilizavam suas habilidades para inovar seus métodos de pesquisa e desenvolvimento, porém, para mudar ou melhorar seus métodos fez-se necessário que eles mudassem sua maneira de pensar. Mudar o mundo ou mudar um procedimento significava mudar o pensamento, direcioná-lo, sem preconceitos, para novas possibilidades, inclusive tecnológicas. Ainda segundo Lindstrom (2009), os consumidores foram bombardeados por diversas estratégias de publicidades, desde periódicos até sofisticadas mensagens subliminares que foram lançados ininterruptamente no dia-a-dia. Devido a essa avalanche de propagandas o consumidor criou defesas e chegou ao ponto de lembrar-se cada vez menos do que viram na tevê pela manhã. O avanço da tecnologia, mais especificamente da neurociência, tornou possível juntar na mesma linha de pensamento estratégico de marketing disciplinas como neurociência e marketing. Hoje é possível, e caminhando para uma normalidade, ter na mesma frase essas duas palavras. Ainda mais inovador, se não mais surpreendente, é encontrar a fusão dessas duas palavras, neurociência e marketing, o que levou ao objeto desse estudo, o neuromarketing. Para os profissionais das organizações envolvidos no desenvolvimento, divulgação e proteção de suas marcas, produtos e serviços, somente as tradicionais ferramentas do marketing já não alcançavam suas metas para superar os concorrentes, nem mesmo a grande estratégia do oceano azul, divulgada por W. Chan Kim e Renée Mauborgne, que se baseavam no investimento de mercados inexplorados, supriram as necessidades das empresas ou consumidores. Com isso o médico e pesquisador da universidade norteamericana de Harvard, Geraldo Zaltman usou aparelhos de ressonância magnética aplicados na área de Marketing, surgindo assim o termo neuromarketing. Segundo Lee, Broderick e Chamberlain (2007), o neuromarketing pode envolver tanto aspectos internos e externos da organização em suas pesquisas, quanto para 10 fim comercial, apreciando o comportamento do consumidor mediante o que lhe é apresentado. “Hoje o marketing não deve ser entendido no velho sentido de efetuar uma venda, mas no de satisfazer as necessidades dos clientes” (KOTLER e ARMSTRONG, 2003, p. 3). “Os profissionais de marketing devem estudar os compradores para descobrir como eles de fato avaliam as alternativas de marcas. Se puder saber que tipo de processo avaliatório acontece, eles poderão tomar medidas para influenciar a decisão do comprador” (KOTLER e ARMSTRONG, 1997, p. 87), saber o que eles não sabiam, conhecer o cérebro dos consumidores por dentro é uma potencialidade que o neuromarketing traz em favor dos profissionais de marketing através de uma tecnologia que promete amadurecer o marketing. Ainda segundo o autor, o universo dos consumidores é muito diversificado com desejos e necessidades diferentes, o que teria como ideal a criação de programas específicos de marketing para priorizar clientes rentáveis. O neuromarketing pode surpreendeu a todos, preenchendo um espaço, até então, vazio na área de marketing, a tecnologia oferecida pela neurociência para a investigação dos cérebros dos consumidores. Essa nova tecnologia tem como um de seus objetivos, evitar o desperdício com propagandas ineficazes, transformando o trabalho de marketing. A mineração de dados, ferramentas que buscam relações não percebidas do comportamento dos consumidores, de pronto, pelos profissionais de marketing, se associada a mineração neural, isto é, a investigação através de aparelhos específicos de imagens dos cérebros dos consumidores, antecipando resultados que identificarão as necessidades dos consumidores (CAMARGO, 2013). Segundo Gracioso (2012), pode-se definir a marca como a impressão coletiva que as pessoas têm a respeito de um produto ou serviço, para distinguir se ela trata de uma informação positiva ou negativa. Assim como o branding, um novo termo utilizado neste meio, cujo conceito ainda é um processo de desenvolver e manter marcas, táticas e estratégias com o objetivo de criar uma imagem única e positiva para um produto ou serviço. Corroborando com o autor em relação às impressões que os consumidores têm com as marcas, pode-se seguir o pensamento de que os consumidores, seres vivos são e estão vivos para sentir emoções, neste caso, emoções em relação às marcas. Surgiu aí, a potência de uma ideia, o neuromarketing. Uma ferramenta que forneceu relatórios de marketing em uma nova 11 versão, uma versão neural e que permitiu aos profissionais de marketing analisarem respostas fornecidas diretamente dos cérebros dos consumidores. Surgiu então uma questão sobre os limites dos homens e a nova tecnologia apresentada com o nome de neuromarketing, que teve como um dos potenciais permitir aos profissionais de marketing antecipar resultados, separar o que encanta e o que não encanta o consumidor, reprogramar protocolos de pesquisas de marketing, reconstituindo pesquisas anteriores, suprindo a necessidade de separar em etapas as estratégias de marketing focando nos resultados obtidos pelo neuromarketing. A ênfase no cérebro do consumidor caminha para um trabalho interdisciplinar contando com especificidade da neurociência, do marketing e da psicologia, o neuromarketing, palavra que se não comprovada, ainda, sua eficácia, não poderá ser ignorada pelos profissionais de marketing que querem se atualizar perante o mercado (CAMARGO, 2013). Seguindo o exposto acima, o tema foi escolhido por se tratar de uma vertente muito importante do marketing que ainda é pouco conhecida pelos administradores e profissionais que atuam na área de administração e marketing e, que nos dias de hoje pode se tornar uma vantagem competitiva muito importante no planejamento estratégico da organização. Neto, Dias e Alexandre (2010), por meio de pesquisa exploratória, citam o neuromarketing como uma ferramenta pouco conhecida pelas agências de publicidade. Essa afirmação dos autores é fundamentada pela pesquisa através de questionário não estruturado que os mesmos aplicaram aos profissionais de dez empresas de publicidade do Brasil. Os autores ainda afirmam que o conhecimento do constructo neuromarketing nas agências de publicidade brasileira tem apenas um domínio teórico sobre o assunto e que a influência do neuromarketing nas agências não foi sentida pelos autores como uma ferramenta utilizada de forma prática por elas, essa afirmação é percebida conforme exposto em um dos parágrafos da conclusão dos autores do artigo: Dada a complexidade, novidade e exiguidade de abordagens científicas no campo do neuromarketing no país, considera-se tecer algumas considerações em termos de contribuição, tanto para novos estudos, como para sua efetivação em termos de estudo no mercado. Entende-se que deveria dar continuidade ao conhecimento dos conceitos e aplicação do neuromarketing nos institutos de pesquisa terceirizados pelas agências, e nos centros de pesquisa das grandes empresas, pois segundo os publicitários, são os dois segmentos por onde esse novo campo de estudo deve entrar no mercado (NETO, DIAS e ALEXANDRE, 2010, p. 7). 12 Atualmente existem empresas que já utilizam o chamado neurobusiness para alavancar seus negócios, mas ainda não existem resultados empíricos que estas técnicas funcionem e que sejam viáveis. A partir disso surgiu o problema de pesquisa: Em que estágio encontra-se a aplicação do neuromarketing no estado da arte como ferramenta estratégica nas organizações? Definida a questão problema, pode-se estabelecer o principal objetivo que é analisar em que estágio o estudo do neuromarketing se encontra e demonstrar seus avanços e seus impactos no comportamento do consumidor. O projeto também tem como objetivos específicos: Verificar como os consumidores podem ser afetados pelas publicidades e propagandas na visão do neuromarketing; Compreender como a tecnologia empregada ao neuromarketing contribui para as estratégias de marketing e verificar a percepção do consumidor pelas marcas; Identificar a potencialidade da aplicação do neuromarketing no âmbito Verificar quais os benefícios poderão ser adquiridos com essa Analisar como a ferramenta neuromarketing aciona o mecanismo de empresarial; utilização; compra ou repulsa, por determinados produtos ou serviços por parte do consumidor. O método de pesquisa utilizado foi o bibliográfico, com o intuito de analisar a aplicação da neurociência no âmbito de marketing e sua viabilidade, evolução e/ou progresso de 2000 a 2014 como foi desenvolvido o conceito neuromarketing e sua teoria, o estudo foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica na grande São Paulo, podendo aferir suas futuras projeções em um futuro próximo. Acredita-se que o neuromarketing pode ser um dos principais alicerces para a nova modalidade de ferramentas do marketing, para a criação de propagandas e para o esclarecimento de cientistas sobre os motivos que podem levar ou não os consumidores a tomada de decisão em relação à aquisição de produtos ou serviços (CAMARGO, 2013). Como referenciais teóricos para o desenvolvimento do trabalho foram utilizados: Martin Lindstrom, dinamarquês autor das obras Buyology – Verdade e mentira sobre porque comprar e Brandwashed – Os truques que as empresas utilizam para manipular nossas mentes e nos persuadir a comprar. Especialista na criação e fortalecimento 13 das marcas dedicou grande parte de sua vida a decifrar os elementos que envolvem o poder e influência das marcas. Philip Kotler, americano autor de mais de 40 livros, consultor e professor, conhecido como Guru do Marketing, Grande divulgador de quase todo o âmbito do marketing no mundo, suas principais obras são Princípios do Marketing, Kotler Sobre o Marketing: como criar, ganhar e dominar os mercados e Marketing 3.0. Francisco Gracioso, foi presidente da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), durante 26 anos, atualmente é conselheiro da instituição. Antes disso, Gracioso, formou-se em publicidade, foi redator de propaganda em diferentes agências, foi diretor durante mais de 30 anos da Associação Brasileira de Alumni do IMD. É conferencista, consultor de empresas e autor de vários livros nas áreas de planejamento estratégico, marketing e propaganda, dentre suas principais obras estão Marketing estratégico – Planejamento estratégico orientado para o mercado e Marketing: o sucesso em cinco o movimentos. Michael Eugene Porter, atuante nas áreas de administração e economia, professor da Harvard Business School. Licenciado em Engenharia Mecânica e Aeroespacial e obteve um MBA e doutorado em economia empresarial. Grande especialista da área econômica possui papel ativo neste vasto campo da política econômica. Realizou consultoria de estratégia em grandes empresas norte-americanas e internacionais como principais publicações estão: Vantagem Competitiva e What is strategy? Pedro Camargo, especialista em comportamento humano e de consumo. É um consultor, autor e empreendedor que combina o conhecimento dos fenômenos biológicos humanos, com os fatores de consumo e relacionamento interpessoal, para explicar o comportamento das pessoas, com décadas de experiência na prática de marketing. Ele ajuda as empresas e profissionais a compreender as implicações da arquitetura cerebral, das mudanças hormonais e das variações dos neurotransmissores no comportamento das pessoas e na implantação de estratégias práticas para se ajustar a eles. Além de seu papel como difusor do neuromarketing e da biologia do comportamento do consumidor, sua experiência inclui a construção de comunidade on-line, para gerar aprendizado e discussão nestas novas áreas. Camargo aborda estes assuntos, curiosos e intrigantes também como autor de 5 livros publicados no Brasil e na Europa, em matérias para a Revista Supervarejo; Site mundo do marketing; Jornal Meio & mensagem; Revista Nova e Venda Mais e nas palestras regulares para a Multiplan; Boticário; BR Foods ( sadia e perdigão); Unimed; Mindcode, Cidade do 14 México; IPAM Portugal; APAS; Livrarias Curitiba; Rede Leitura e também eventos em universidades pelo País e na Europa. No segundo capítulo é demonstrado através da evolução do pensamento e o desenvolvimento de ferramentas que mensuram a capacidade cerebral do ser humano e suas distinções perante o mercado e o mundo. Também é ilustrada a análise que o cérebro desenvolve em diferentes situações, o que ele reflete no comportamento humano, os equipamentos criados para a avaliação do controle que o ser humano exerce frente as exposições realizadas pelos profissionais e marketing e um comparativo entre a neurociência e o neuromarketing, onde desejam nos atingir e tudo que envolve este novo campo de pesquisa. A partir do terceiro capítulo será demonstrado os demais campos como estratégia, comportamento do consumidor, branding e brandsense e publicidade e propaganda, campos que neuromarketing visa atingir otimizando seus processos e readaptando-os para a nova realidade no âmbito organizacional. Saberemos também quais são as potencialidades dessa utilização e se existem limitações, quais são elas e até onde podem interferir no resultado. Por fim teremos as metodologias utilizadas na pesquisa e suas delimitações para a aquisição das informações e dados utilizados. E também a conclusão do estudo realizado, opiniões e possíveis projeções de um futuro próximo. 15 2 A CIÊNCIA A SERVIÇO DO MERCADO Com a modernidade e competitividade acirrada do mercado na atualidade, temse pensado em diferentes formas de melhorar e evoluir o mundo dos negócios bem como o mercado de maneira geral. A ciência tem dado grande colaboração nesse processo, com estudos voltados para a neurociência que constitui a fusão de disciplinas como neurofisiologia, anatomia, biologia comportamental, neurologia e neuropsicologia cognitiva, um campo de estudos considerado relativamente novo, mas que tem contribuído significadamente para a busca de uma melhor compreensão do âmbito neural que envolve o mundo dos consumidores, o que poderá ajudar as organizações a servir da melhor forma possível seus clientes, mesmo com toda a complexidade envolvida neste aspecto (ZURAWICKI, 2010). Muitas foram as pesquisas em neurociência realizadas nos últimos anos, algumas das técnicas envolve: medição de pupilas, eletroencefalograma, e acompanhamento de batimentos cardíacos, ferramentas da ciência médica, mas que começam a entrar em áreas como varejo, comportamento organizacional, marketing e publicidade por meio de uma nova técnica conhecida como neurobusiness, ou seja, a utilização de recursos da neurociência para identificar reações emocionais dos profissionais e consumidores através de palestras, coaching, mentoring, propagandas e outros métodos de avaliar e desenvolver profissionais e meios de comunicação (CAMARGO, 2013). Para o autor Zurawicki (2010), o responsável pelo controle e manutenção do corpo humano é o sistema nervoso, composto principalmente pelo cérebro, coluna, nervos e gânglios, além de ser um sistema comunicante. Existem três atividades gerais exercidas pelo corpo humano: as funções sensoriais, integrativas e motoras. Sendo assim, o centro de toda a atividade mental, incluindo pensamentos, aprendizado e memória é o sistema nervoso. Partindo deste princípio os profissionais de marketing desde o final do século XX tentam descobrir o que se passa na cabeça dos consumidores, uma forte união entre o marketing e a ciência que resulta no neuromarketing e tem auxiliado de forma inovadora o mercado sendo utilizado como uma nova estratégia de competitividade. Na área de comunicação voltada para a publicidade e propaganda estuda-se o uso do neuromarketing, que é utilizado para entender como os consumidores julgam os produtos e as marcas, não pelo que dizem, e sim pelo que realmente sentem. Esse estudo é feito pela leitura de atividade elétrica cerebral das pessoas no momento em que são 16 apresentadas a uma marca ou produtos, e não depende de depoimento dos consumidores, que podem não dizer realmente a verdade, porém, o mau uso dessa nova técnica preocupa o professor Dílson Gabriel dos Santos, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP). O professor expressou a seguinte preocupação: "Existe uma grande discussão sobre até que ponto os estudos sobre a natureza humana, oriundos de diversas áreas como biologia, sociologia e psicologia, podem ser usados para obtenção de resultados específicos". Ele alerta que essas questões, se não forem discutidas, poderão evoluir para riscos futuros, uma vez que as pesquisas vão aumentar em muito o entendimento sobre o comportamento humano em relação ao mercado. As pesquisas convencionais de marketing identificam que prever o que o cliente pretende adquirir é de suma importância para as empresas, sendo que consumidores que experimentam um produto novo, tendem a ser clientes constantes desse produto, em média por um ano e meio. Dessa forma, se uma loja descobre qual a novidade pode agradar seu cliente e oferece uma amostra grátis, uma promoção ou um cupom de desconto para convencer alguém a experimentar sem compromisso, consegue fidelizar esse cliente pelos próximos dezoito meses (LINDSTROM, 2009). Camargo (2013) relata exatamente a importância desta nova ferramenta que aliada a ciência tem inovado as estratégias de marketing: ...as neurociências, ou melhor, a subciência do neuromarketing, está mais próxima da ‘verdade’ comportamental humana do que a pesquisa qualitativa feita de forma tradicional, que está muito aquém de nos dar respostas reais. Talvez não possamos determinar ao certo as áreas responsáveis por comportamentos, mas, com o desenvolvimento tecnológico e novas descobertas nas neurociências, já podemos entender o processamento e como a informação caminha no sistema nervoso e mais especificamente no cérebro humano (CAMARGO, 2013, p. 101). 2.1 O INCONSCIENTE DEFININDO COMPORTAMENTOS Segundo Costa (2013), analisando a evolução cerebral dos ascendentes do gênero humano, percebe-se uma diferença no peso dos cérebros, enquanto o cérebro dos primeiros seres humanos pesava cerca de 400gr o do homem atual pesa em média 1,4 kg. Ainda segundo o autor, essa análise pode responder algumas questões que existem desde o início da filosofia sobre a consciência humana: a habilidade de linguagem e de construir 17 ferramentas, dentre outras habilidades cognitivas. O autor faz referência sobre o bipedalismo, processo pelo qual o homem abandonou as árvores e ficou sobre duas pernas, fator que foi a causa do aumento do cérebro, da sociedade e outros fatores que caracterizam a cognição humana. Corrobando com o autor pode-se afirmar que a evolução do cérebro humano é uma constante e que sua capacidade cognitiva é cada vez mais autossuficiente, o que leva a uma necessidade maior por parte dos profissionais de marketing em entender e analisar com mais exatidão o cérebro do consumidor, se esses profissionais quiserem estar um passo à frente no mercado de propaganda e publicidade. Ainda segundo o autor, a informação assim como a matéria é alimento dos seres humanos e ela é partilhada entre todos e com o meio ambiente. Analisando alguns dos fatores, citados pelo autor, que levam à evolução do cérebro humano, pode-se afirmar que a necessidade dos profissionais de marketing estudarem e conhecerem esses fatores é indispensável para melhor desempenharem suas habilidades não apenas para garantir melhores estratégias de marketing como para fundamentar as teorias que as constroem. Pradeep (2010) disserta sobre a diferença na evolução do cérebro feminino e masculino, o autor aponta que durante o processo evolutivo do homo sapiens, homens e mulheres desenvolveram diferenças entre os cérebros masculinos e femininos devido a distribuição de tarefas entre eles, enquanto as principais tarefas dos homens eram a caça e a defesa da família, trabalho que poderia ser executado de maneira individual, já as mulheres que cuidavam dos afazeres de responsabilidade do grupo, precisavam desenvolver empatia com o grupo para não correrem o risco de serem expulsas além de que essa habilidade tornava a maternidade e o ato de cuidar das crianças mais fácil. Segundo o autor cérebros empáticos são capazes de antecipar necessidades das crianças que ainda não podiam falar. Ainda segundo o autor, ser expulsa do grupo com seus filhos seria o pior cenário para uma mulher na época, pois, dificilmente eles conseguiriam sobreviver fora do grupo. O autor aponta ainda que esse cenário de ameaça a sobrevivência nos cérebros femininos devido a conflitos funciona até hoje como mecanismo de defesa do cérebro da mulher. Concordando com o autor, pode-se afirmar que a linguagem dirigida para homens e mulheres com o intuito de convencimento propagandista deve acontecer com linguagens diferentes, direcionadas de maneira específica para cada sexo, uma vez que a resposta a certos estímulos e ameaças por parte de homens e mulheres se dá de forma distinta para cada grupo. 18 Esse conceito é fundamentado também por Camargo quando ele afirma que: “os homens preferem (ancestral caçador), mulheres preferem forma e cor (ancestral coletor)” (CAMARGO, 2010, p. 142). Pradeep (2010) discorre sobre o assunto dizendo que os homens são mais imediatistas, querem apenas os resultados enquanto as mulheres aceitam ouvir contos e as maneiras de como se chegaram aos resultados obtidos. Segue mais uma referência de como a linguagem aplicada para homens e mulheres devem ser abordadas de maneira diferente, uma linguagem mais direta e objetiva para os homens e outra mais participativa para as mulheres já que elas trabalham a empatia como sistema de defesa natural. “Consumidores dizem o que pensam, mas fazem o que sentem” (LINDSTROM, 2012, p. 11). Conforme exposto, mesmo que homens e mulheres refutem o conceito de terem cérebros que respondem de maneira diferente a estímulos e ameaças internas ou externas, essa autodefesa natural do cérebro, criada e conquistada através de milênios de evolução humana predomina sobre suas opiniões. A teoria de Darwin sobre a evolução das espécies relata que essa evolução levou milhões de anos até o que hoje conhecemos como homem e sociedade moderna. A evolução da humanidade hoje é mais rápida, na guerra do Vietnam os soldados americanos tinham em média 1,65 metros e pesavam algo em torno de 65 quilos, hoje soldados americanos ultrapassam essa média em valores expressivos, a expectativa de vida do homem também aumentou muito nos últimos trinta ou quarenta anos. A tecnologia existente hoje seria inimaginável a vinte ou trinta anos atrás. Paralelo à evolução humana tem-se a evolução tecnológica que hoje é utilizada também em segmentos como marketing, propagandas e publicidades, com o poder de alcançar os consumidores de qualquer idade, de qualquer classe social de forma muito mais rápida e eficiente. “O que grande parte dos pais provavelmente não percebe é que bebês de até um ano e meio capturam informações sutis (e não tão sutis assim) sobre marcas e produtos no próprio ambiente em que vivem” (LINDSTROM, 2012, p. 35). O autor relata o quanto não só os adultos como crianças estão sujeitas ao bombardeio de propagandas que os atinge. As ferramentas de marketing estão em um nível tão eficiente que bebês já são atingidos por elas. “Uma pesquisa da Nickelodeon concluiu que, aos nove anos, o futuro consumidor já foi exposto a cerca de trezentas a quatrocentas marcas” (LINDSTROM, 2012, p. 37), o cérebro do consumidor já é influenciado desde cedo, de acordo com a pesquisa que o autor apresentou. Tal influência atinge o cérebro do consumidor desde sua infância e, a evolução do cérebro humano caminha para a criação de novas autodefesas para se proteger de 19 influências externas que os bombardeiam durante a vida com o intuito de aumentar as vendas das organizações, cada uma com seus respectivos produtos, sejam eles de consumo ou de serviço. 2.1.1 Neurônios-espelho A princípio os neurônios espelho foram descobertos e analisados na Itália, na Universidade de Parma pelos neurocientistas Giacomo Rizzolatti, Leonardo Fogassi e Vittorio Gallese no ano de 1994, em um macaco Rhesus (TERUYA, et al., 2014). Tais neurônios disparavam a partir de ações específicas realizadas pelo macaco, inicialmente pegando uvas passa, quando outro de sua espécie também o fazia ou até mesmo um dos pesquisadores. A partir da ação dos circuitos fronto-parientais foi possível a compreensão das ações e/ou intenções de outro animal devido a esta ativação subliminar (LAMEIRA, GAWRYSZEWSKY e JÚNIOR, 2006). Desde a sua descoberta os neurônios espelho foram associadas a várias teorias: imitação, teoria da mente, aprendizado de novas habilidades e leitura da intenção em outros humanos, ainda acreditavam que sua disfunção poderia ter ligação com a origem do autismo, mostrando ser uma importante descoberta para compreender a diferença dos humanos em relação a outros animais em termos cognitivos (LAMEIRA, GAWRYSZEWSKY e JUNIOR, 2006). De acordo com Teruya, et al., 2014, cientistas de Groningen e Califórnia afirmaram que os neurônios espelho não eram ativados unicamente através da observação, mas também do som previamente escutado, foram utilizados para o mapeamento do sistema de neurônioespelho: Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET), Ressonância Magnética Funcional (fMRI) e a Tomografia por Emissão de Fóton Único (SPECT), com a utilização destes métodos foi possível identificar que principalmente na área da Broca (área relacionada com o desenvolvimento da linguagem oral e a compressão dos gestos linguísticos) os neurônios espelho estão presentes. Como afirmado por Teruya, et al., 2014, os neurônios espelho são de grande importância para a compreensão da memória, intenção e a empatia. Não se depende necessariamente da memória para captação e entendimento das ações externas pelos neurônios espelhos, mesmo ao ver imagens onde ações nunca vistas anteriormente os neurônios espelhos são ativados, estimulando a área do córtex cerebral responsável por tal 20 mecanismo muscular e provocando o ato do espelhamento. Outra impressionante característica é a de pode assistir um vídeo onde é realizado o ato de pegar uma xícara no cenário de uma mesa arrumada como se pronta para um lanche onde a mão se direciona até a xícara querendo pegá-la para beber. Sendo assim as áreas motoras não só decodificam as ações como também são envolvidas nas intenções. No que diz respeito a empatia, outros estudos indicam que os neurônios espelhos tem a propriedade de simular a perspectiva do outro e mostra que se baseia na ação dos sistemas espelho juntamente com outros grupos neurais. Os neurônios-espelho podem explicar muitas habilidades mentais que permaneciam misteriosas e inacessíveis aos experimentos e os neurocientistas acreditam que o aparecimento e o aprimoramento dessas células propiciaram o desenvolvimento de funções importantes como linguagem, imitação, aprendizado e cultura (LAMEIRA, GAWRYSZEWSKY e JUNIOR, 2006, p. 130). A partir desta descoberta houve grandes avanços não só para a ciência, mas também para o crescimento do mercado como afirma a empresa Forebrain, pioneira no Brasil em neuromarketing, especializada na área de consumo, compras e comunicação em seu artigo “Neurônio espelho e o marketing”, o simples fato de manter um alto nível de atenção em jogos de vídeo game, filmes, novelas e livros, aponta que técnicas da neurociência a maior beneficiada com os neurônios espelho, aplicada em campos empresariais pode servir como diferencial estratégico o que se fundamenta na citação: Desta forma, diferentes marcas e produtos poderiam ser construídos para criar no consumidor uma verdadeira ‘experiência ou sensação’ tornando possível a construção de uma conexão entre produto/marca e cliente, similar à conexão que fazemos uns com os outros através dos neurônios espelho (LAMEIRA, GAWRYSZEWSKY e JUNIOR, 2006, p. 130). 2.2 NEUROCIÊNCIA VS NEUROMARKETING Neurociência Acredita-se que 4.000 a.C o povo sumério, considerado o mais antigo, já registravam alguns fatos sobre os fenômenos do cérebro. As primeiras análises médicas surgiram em 2.500 a.C através dos papiros egípcios. Junto, foram encontradas várias evidências de cirurgias neurológicas em diversas cidades desde 7.000 a.C. Na Grécia, China, 21 Egito, Império Romano, civilizações asteca, maia, inca e entre índios brasileiros uma espécie de cirurgia neurológica, conhecida como trepanação, tinha como objetivo remover uma placa do osso craniano para se ter acesso ao cérebro (CAMARGO, 2013). Segundo Camargo (2013), Alcmaeon de Cronata, discípulo de Pitágoras, foi o primeiro a identificar no cérebro humano sensações e fazer relação das mesmas com fenômenos psíquicos do sistema nervoso central. Ele afirmava que o cérebro recebia informações do mundo através de poros e que o nervo óptico seria um desses poros. Através de suas teorias e de sua visão, diferenciou-se a sensação de percepção e compreensão. Ainda segundo Camargo (2013), o primeiro a fazer investigação cerebral a fundo foi Galeno, famoso médico de sua época e considerado como um dos maiores neurofisiologistas da Antiguidade, que se tornou conhecedor dessa área através de dissecações e estudos de cérebros de animais como carneiros, vacas, porcos, cães, macacos e gatos, através de lesões provocadas no cérebro, no cerebelo e fracionando a medula espinhal em locais diferentes para aferir os efeitos causados por essas lesões. Após o falecimento de Galeno os progressos da anatomia ficaram interrompidos por oito séculos. Na idade média, devido à religião e a igreja católica, as dissecações foram proibidas. Assim surgem procedimentos mutiladores do sistema nervosos, conhecidos como psicocirurgia, com o objetivo de separar estruturas nervosas devido a mudanças de comportamentos e era considerados e aprovados pela igreja como tratamentos milagrosos que eliminavam a loucura. Franz Joseph Gall, neurologista e fisiologista alemão, em 1800, foi o primeiro a se preocupar com localizações de funções mentais. Gall defendia a ideia de determinação preditiva da personalidade e de faculdades mentais pela cranioscopia, um procedimento utilizado para medir as saliências cranianas. Com o decorrer do tempo essa técnica foi chamada de frenologia, que quer dizer “estudo da mente” (CAMARGO, 2013). Um dos fatores marcantes da neurociência foi o acidente ocorrido em 1848 pelo trabalhador americano Phineas Gage em uma construção, quando uma barra de ferro de 1,80 metros atingiu seu crânio, perfurou seu cérebro e alcançou parte de seu lobo frontal. De incrível modo ele se manteve consciente e sobreviveu. Porém apresentou sequelas em sua personalidade logo após o acidente. Phineas que antes era um rapaz equilibrado e sereno, após o acidente se tornou uma pessoa inquieta, impaciente e disperso. Devido a esse acidente, evidenciou-se que os lobos frontais, parte na frente do cérebro (testa), são responsáveis por aspectos como o comportamento e a personalidade humana (CAMARGO, 2013). Também contribuíram com a neurociência através de estudos do sistema nervoso e células cerebrais o médico Santiago Ramón y Cajal e Camilo Golgi, com o estudo 22 individual das estruturas dos neurônios foi possível à criação da neurociência moderna, que ganhou força para se tornar o que é hoje. Sigmund Freud, psicanalista austríaco, também contribuiu em 1900, quando percebeu pensamentos ocultos à consciência do ser humano, assunto que atualmente tem sido discutido por várias ciências. Segundo o psicanalista, a mente inconsciente coordenava a maior parte do comportamento humano, assim a maioria das motivações comportamentais, morais e razão estavam no inconsciente, mesmo que não soubessem, mas a origem de seus pensamentos, desejos e atitudes estavam ocultos e eram ligados a experiências e lembranças antigas. Em 1933, Hans Berger descobriu o encefalograma, permitindo assim um enorme número de pesquisas e diagnósticos de doenças do cérebro, tornando-se um marco para fisiologia do sistema nervoso e do cérebro (CAMARGO, 2013). Com a descoberta de equipamentos de diagnósticos por imagem, diversas pesquisas começaram a surgir no século XX, pois através desses aparelhos seria possível entender a descoberta de Freud. Assim ocorreu a interdisciplinaridade de ciências humanas e biológicas, possibilitando o surgimento de outras áreas de pesquisas cientificas como a neuroeconomia, o neurodireito e o neuromarketing. Miguel Nicolelis, formado pela USP e professor de neurobiologia e engenharia biomédica da Duke University, apontado pela American como um dos mais importantes cientistas em atividade no mundo, afirma que a neurociência é interdisciplinar, ou seja, relaciona-se muito bem com várias outras disciplinas para poder entender a chamada “caixa-preta”, as patologias e o comportamento humano (CAMARGO, 2013). A neurociência bem definida é o estudo interdisciplinar científico do sistema nervoso central e como um todo, com relação ao ambiente e processos mentais a partir de análises fisiológicas e anatômicas do sistema nervoso que busca compreender alguns aspectos do porque se decide algo e de que maneira as experiências e vivencias interferem ou modificam o circuito neural. Estudos mostram que o cérebro humano participa de várias áreas do comportamento, ainda não é possível identificar a área do cérebro que participa de comportamentos específicos, pois várias regiões estão envolvidas. Por fim, graças às descobertas e avanços da ciência, foi possível o surgimento de várias pesquisas como a pesquisa neurocomportamental ou neurociência comportamental, que tenta associar variáveis da biologia anatômica ou fisiológica as variáveis do comportamento. Por isso a neurociência envolve diversas áreas como neurofisiologia, neuroinformática, neurobiologia, neuropsiquiatria, neuropsicobiologia, a psicologia cognitivo-comportamental, que junto com 23 as ciências sociais aumentam a possibilidade do surgimento de subáreas, entre elas estão a neuroantropologia, neurociência social e neurociência afetiva (CAMARGO, 2013). Neuromarketing Atualmente as pesquisas de mercado são realizadas pelas empresas com intuito de encontrar respostas sobre as vontades e desejos de seus clientes, porém essas pesquisas não conseguem demonstrar uma garantia real dos seus resultados, pois os consumidores não sabem ao certo responder os motivos exatos pelos quais são estimulados a comprar algo. Na maioria das vezes, o estímulo para as compras estão ocultos e guardadas no subconsciente humano. Por isso nem sempre as observações no ponto de vendas e as pesquisas através de questionários se mostram eficientes. Torna-se importante o entendimento da influência da genética do consumidor para a tomada de decisão. Vários estudos da neurociência, psicologia, biologia e fisiologia que são capazes de influenciar indiretamente ou diretamente no comportamento ligado ao consumo dos seres humanos. Por esse motivo ciências como o marketing e a economia estão desenvolvendo estudos para entender e desvendar o comportamento das pessoas (CAMARGO, 2013). O neuromarketing surgiu no final dos anos 1990 com testes em aparelhos de ressonância magnética para fins de marketing pelas mãos do médico e pesquisador da universidade norte-americana de Harvard Gerald Zaltman, mas o termo neuromarketing foi cunhado por um professor de Marketing da Erasmus University de Roterdã na Holanda Ale Smidts anos mais tarde. O principal objetivo de Zaltman era identificar os produtos e marcas preferidos dos consumidores, ele afirma que as escolhas deste tipo é de 95% de nossa atividade mental estão ligadas por nosso inconsciente. Anos mais tarde foi também desenvolvida e patenteada pelo médico nos Estados Unidos uma ferramenta de pesquisa de marketing chamada ZMET (Zaltman Metaphor Elicitation Method – Método de Elicitação Metafórica de Zaltman), que combinava vários fundamentos da neurobiologia, da psicanálise e da linguística, além desta, era também utilizada por Zaltman a ressonância magnética funcional (fMRI) através de sinais de radiofrequência mostra as áreas cerebrais que são ativadas pela detecção da mudança de fluxo sanguíneo e de oxigênio, e que não é um método invasivo para os seres humanos, utilizando-se de matérias visuais e auditivos de marketing para avaliação, o eletroencefalograma (EEG) que mensura a atividade elétrica do cérebro tem 24 um custo muito mais baixo, o eye tracking, um método que avalia os locais de anúncio e de visualização através dos olhos do consumidor, através de imagens de marketing sua visualização e rastreada pelo aparelho e é o mais método de pesquisa mais barato dentre todos estes (CAMARGO, 2013). Zaltman (2003) não afirma que o produto pode transformar a pessoa, mas em grandes empresas americanas como clientes: Coca-Cola, Procter and Gamble, Kodak, General Mills, Bank of America, Nestlé, entre outras. E desde que começou a usar esse método Gerald Zaltman fez mais de 200 estudos para diversas companhias de acordo com Camargo (2013). No artigo publicado em 2007 por Lee, Broderick e Chamberlain, “What is Neuromarketing? A discussion and agenda for future research”, eles colaboram com Zaltman dizendo que como campo de estudo o neuromarketing pode ser definido como a aplicação de métodos neurocientíficos para analisar e entender o comportamento humano em relação aos mercados e trocas desempenhados pelo marketing, dentro desta definição eles destacam dois pontos que devem ser levados em consideração: o primeiro que o neuromarketing não é só de interesse e benefício comercial e em segundo que não está centrado unicamente no comportamento do consumidor, mas também na pesquisa inter e intraorganizacional. O neuromarketing é considerado novo no mercado, tendo em vista a quantidade de bibliografias sobre o assunto, o custo das pesquisas e seu tempo de existência. De sua descoberta até hoje, muito se tem falado sobre o tema e suas curiosidades. A essência do neuromarketing busca conhecer a fundo o pensamento do consumidor, através de equipamentos médicos da neurociência para entender a relação entre as suas escolhas, impulsos e fidelidades às marcas. Lindstrom (2009) explica sua visão no neuromarketing e a lógica do consumo: O neuromarketing é um intrigante casamento do marketing com a ciência, era a janela para a mente humana que esperávamos havia tanto tempo. O neuromarketing é a chave para abrir o que chamamos de nossa ‘lógica de consumo’ – os pensamentos, sentimentos e desejos subconscientes que impulsionam as decisões de compra que tomamos em todos os dias de nossas vidas (LINDSTROM, 2009, p. 13). Lindstrom (2008) explica em detalhes o que há por trás desses estudos que revelam que é preciso menos de dois segundos e meio para que um consumidor tome a decisão de compra. A neurociência ligada ao neuromarketing é a ideia de mapear o cérebro para descobrir como ocorre o processo de escolha do consumidor. De acordo com a Revista The Lancet Neurology, 2004, a criação do neuromarketing ou o uso de equipamentos, máquinas e métodos da ciência na área de 25 marketing, tem como objetivo principal verificar os sinais emitidos pela mente para saber se a pessoa irá responder de forma positiva ou não em relação a uma marca ou produto, podendo assim se adiantar em seus interesses e eliminar erros nas estratégias de mercado das empresas. “O fato de a máquina ler emoções está ligado à nossa incapacidade de fazê-lo, pois por sermos humanos interpretamos os fatos como nos é conveniente ou como as nossas crenças nos dirigem ou permitem...”(CAMARGO, 2013, p. 98). Com isso surge o genoma neuromarketing como uma possível grande solução para empresas e consumidores entenderem mais proximamente o que realmente querem ou necessitam. Por isso, através das técnicas de observação comportamental, os estudos da neurociência começam a ser introduzidos às pesquisas de marketing. Dessa forma, busca-se a compreensão dos fatores biológicos que determinam os comportamentos, o processo de escolha e a tomada de decisão do homem pós-moderno, em que um sistema todo resulta em algo muito maior que a soma das suas partes (LINDSTROM, 2009). Sendo assim, as pesquisas de mercado que fazem uso do neuromarketing, estudam o comportamento do consumidor com a utilização de técnicas da neurociência, com equipamentos de diagnóstico por imagem. Porém essa utilização de equipamento não descarta os questionários de marketing tradicional, a observação da reação dos consumidores do ponto de venda e os grupos focais. O neuromarketing oferece uma ferramenta que busca auxiliar os estudos e análises do comportamento do consumidor de forma mais ampla (CAVACO, 2010). 2.3 EQUIPAMENTOS PARA O ESTUDO DO NEUROMARKETING Segundo Camargo (2010), as pesquisas de mercado que são realizadas pelas empresas buscando encontrar respostas a respeito dos desejos dos consumidores, não garantem resultados totalmente verídicos, por que geralmente os consumidores não sabem ao certo os reais motivos que os estimulam a adquirir algo, por isso a aplicação de questionários não são tão efetivas, afirmação endossada na citação do autor a seguir: As pesquisas de mercado tradicional- questionários, levantamentos, grupos focais e assim por diante- desempenhará gradualmente um papel cada vez menor e o neuromarketing se tornará a principal ferramenta que as empresas usarão para prever o sucesso ou o fracasso de seus produtos (LINDSTROM, 2009, p. 152). Tais questões estão trazendo novos estudos e ferramentas para agregar maiores conhecimentos ao comportamento das pessoas. 26 Ferramentas de alta tecnologia são utilizadas para se obter respostas mais precisas, IRMf consegue revelar qual região cerebral é responsável por determinados processamentos, ou tarefa. “Sendo a mais avançada técnica de rastreamento cerebral disponível atualmente, o IRMf mede as propriedades magnéticas da hemoglobina, componente nos glóbulos vermelhos do sangue que transportam oxigênio pelo corpo” (LINDSTROM, 2009, p. 17). Esse equipamento permite descobrir quais regiões do cérebro estão sendo estimuladas, conforme citação do autor: Portanto, durante o exame no IRMf, quando uma parte do cérebro está sendo usada, aquela região se acende em vermelho-fogo. Ao rastrear essa ativação, os neurocientistas podem determinar que áreas específicas que estão trabalhando num determinado momento (LINDSTROM, 2009, p. 17). Um outro equipamento também utilizado é a versão avançada do eletroencefalógrafo (TEE). “...menos caro, tem a vantagem de medir as reações instantaneamente” (LINDSTROM, 2009, p. 38), “Ideal para registrar a atividade cerebral enquanto as pessoas estão assistindo comercial de tevê, ou a qualquer outro tipo de estímulo visual, em tempo real” (LINDSTROM, 2009, p. 38), é um equipamento portátil, uma espécie de laboratório móvel. Outra técnica utilizada pelo neuromarketing é o Eye Tracking, é uma técnica que monitora o movimento dos olhos utilizando câmeras especiais que conseguem registrar pequenos, quase imperceptíveis movimentos oculares. A maior parte desses movimentos são feitos espontaneamente, sem vontade própria, eles são gerados por estímulos externos que chamam a atenção. É utilizada também a técnica de observação da area of interest (AOI) que são áreas determinadas pela publicidade no comercial que estimulam os olhos, para saber o que mais chama a atenção nas imagens apresentadas. Outra ferramenta utilizada é o Face Reading que captura as expressões do expectador, podendo ser 6 delas: felicidade, tristeza, medo, nojo, surpresa e raiva. Também é utilizado o eletroencefalograma (EEG) ele foi criado por Hans Benger na década de 1920, este método tem o custo mais baixo que os demais, ele capta as ondas cerebrais, podendo analisar os estímulos através da experiência, como, engajamento, excitação, frustração e outros sentimentos, e a frequência cardíaca que contabiliza o número de batimentos cardíacos por unidade de tempo (BPM) e monitora alterações no sistema nervoso. Todo esse equipamento tem por finalidade auxiliar as empresas para que elas sempre estejam na frente, descobrir os desejos dos consumidores e satisfazer as suas vontades. 27 Almeida e Arruda (2014) expõem parecer sobre as possibilidades que existem quanto a aplicação do neuromarketing nas práticas de pesquisas de marketing, comentam sobre Zaltman, que relata alguns problemas que podem ocorrer durante as pesquisas convencionais de marketing que de certa forma, dependem um pouco da capacidade analítica do profissional que avalia as pesquisas e também da disposição do respondente em cooperar com a pesquisa. Os autores comentam ainda sobre outras obras bibliográficas que fazem referências a possíveis fatores que podem ser vistos como problemas na avaliação final das pesquisas de marketing como: dependência da habilidade e da vontade do respondente, ciência da importância dos valores da pesquisa por parte do respondente, entre outras, o que pode levar a respostas enganosas no decorrer da pesquisa. Almeida e Arruda (2014) apontam o neuromarketing, como uma ferramenta de alta tecnologia, como uma tecnologia alternativa para implementar respostas mais precisas nas práticas de pesquisas de marketing. Para elucidar como essa ferramenta evolui ao longo dos anos, os autores apresentaram no trabalho uma tabela que de maneira cronológica mostra os estudos, de diversos autores, aplicados a essa nova ciência, a seguir: Autoria Ano Técnica Objetivo do Estudo Análise da variação de atividade elétrica cortical segundo Weinstein et al. 1980 EEG diferenças hemisféricas (médio parietal) em termos de ondas beta para verificação do nível de recall de propagandas de TV e propagandas impressas (revistas). Análise da variação de atividade elétrica cortical segundo Rothschild et al. 1986 EEG diferenças hemisféricas (médio parietal) em termos de ondas beta para verificação do nível de recall de propagandas de TV e propagandas impressas (revistas). Análise de variação de atividade elétrica cortical segundo Rothschild et al. 1988 EEG diferenças hemisféricas (occipitais) em termos de ondas alpha para verificação do nível de recall de propagandas de TV (verbais/não verbais; emocionais/informativas). Análise de variação de atividade elétrica cortical segundo Rothschild et al. 1990 EEG diferenças hemisféricas (occipitais) em termos de variação (voluntária e involuntária) de ondas alpha para verificação do nível de recall de curtos cenas de propagandas de TV. Análise de consumo metabólico de glucose cerebral para Chill et al. 1996 PET investigação de atividade da amígdala e sua relação com a absorção de memória de longo-termo durante filmes de apelo 28 emocional intenso. fMRI e Sobre a multidisciplinaridade e as novas técnicas de pesquisa FDOT de mercado. Zaltman, G. 1997 Blood, A.J. et al. 1999 PET Knuton. et al. 2000 fMRI Ioannides et AL 2000 MEG Ambler et al. 2000 MEG Rossiter et al. 2001 EEG Aharon et al. 2001 fMRI Examinar as mudanças no Fluxo Sanguíneo Cerebral relacionadas às respostas afetivas a música. Análise da atividade cerebral face a recompensas monetárias. Examinar a atividade cerebral em diferentes centros corticais durante exibição de propagandas. Examinar a atividade cerebral em diferentes centros corticais durante a exibição de propagandas. Verificação da influência de comerciais de TV em determinadas cenas na memória de longo-termo. Verificação da ativação das regiões de recompensa por estímulos visuais de beleza facial. Análise da ativação de áreas cerebrais relacionadas com as Braeutigam et al. 2001 MEG diferenças entre escolhas premeditadas e não-premeditadas no processo de decisão do consumidor. Análise de momentos específicos de propagandas como Young, C. 2002 EEG Erk et al. 2002 fMRI Gottfried et al. 2002 fMRI Avaliação de cheiros agradáveis e desagradáveis ao homem. Zaltman, G. 2003 fMRI, Uso de metáforas e propagandas com forma de identificar FDOT emoções, processos de memorização e ativação cerebral. Senior, C. 2003 fMRI O’Doherty et al. 2003 fMRI responsáveis pelo desenvolvimento e conhecimento de marca. Análise das regiões de recompensa moduladas por objetos culturais (carros). Verificação da ativação das regiões de recompensa por estímulos visuais de beleza facial. Verificação da ativação das regiões de recompensa e diferenças de modelos temporais na percepção de beleza. A ativação de áreas cerebrais relacionadas com as diferenças Braeutigam et al. 2004 MEG do processo de decisão de consumidores do sexo masculino e feminino. McClure et al. 2004 fMRI Como a influência cultural pode modificar as preferências primárias no consumo de bebidas (refrigerantes). 29 McClure et al. 2004 fMRI Yoon et al. 2006 fMRI Stallen et al. 2009 fMRI Astolfi et al. 2009 Klucharev et al. 2010 Análise de sistemas cerebrais de valor imediato e as expectativas de atraso nas recompensas financeiras. Verificação de similaridade dos processos de julgamento de pessoas e marcas. Análise do efeito da fama na memória do produto e na itenção de compra. EEG Análise da atividade cerebral através de eletroencefalograma (HR) de alta resolução durante observação de comerciais de TV. fMRI Análise dos mecanismos de persuasão através do “poder dos especialistas”. Verificação da ativação de áreas de recompensa em situações Levy et al. 2011 fMRI de anteriores à escolha para previsão de preferências e tomada de decisão. Venkatraman et 2011 fMRI Bruce et al. 2012 fMRI Murawascki et al. 2012 fMRI Esch et al. 2012 fMRI al. Análise do efeito da privação do sono nos mecanismos neurais de preferência e tomada de decisão econômica. Análise da atividade neural de crianças em resposta a marcas conhecidas de comida. Verificação da atividade neural em reposta ao efeito da preferência de marca durante decisões econômicas casuais. Verificação do efeito de experiências emocionais e informações declarativas na avaliação de marcas. Tabela - Fonte: Ciência & Cognição 2014; Vol. 19(2) 278-297. Almeida e Arruda (2014), após avaliação desses estudos, foram capazes de categorizar essas pesquisas em áreas de estudos como: recompensa, o que inclui recompensas monetárias, por estímulos visuais de beleza facial, moduladas por objetos culturais (carros), por percepção de beleza, financeiras e fatores temporais, moduladas por marcas conhecidas de comida; processo de decisão, diferenças entre escolhas premeditadas e não premeditadas no processo de decisão do consumidor, diferenças do processo de decisão de consumidores do sexo masculino e feminino, influência cultural na modificação das preferências primárias de consumo, similaridade dos processos de julgamento de pessoas e marcas, previsão de preferências e tomada de decisão em momentos anteriores à escolha, preferência de tomada de decisão econômica influenciada por condições de privação de sono, efeito da fama na memória do produto e na intenção de compra; reposta afetivo sensorial, respostas afetivas a música, identificação de cheiros agradáveis e desagradáveis ao homem; memória, verificação 30 do nível de recall de propagandas de TV por EEG, verificação do nível de recall de propagandas de TV e impressas (revistas) por meio de EEG, exibição de propagandas, influência de comerciais de TV na memória de longo-termo, momentos específicos de propagandas com forma de identificar emoções, processos de memorização, observação de comerciais de TV; persuasão, mecanismos de persuasão através do ‘poder dos especialistas’. Ao se avaliar a tabela acima e as deduções dos autores sobre os respectivos estudos apresentados nela, pode-se afirmar que o tempo e os estudos despendidos para os novos métodos tecnológicos de pesquisa através do neuromarketing reforça que essa nova área tecnológica requer total atenção dos profissionais de marketing que pretendem manterse atualizados nessa área. 31 3 INOVANDO AS AÇÕES DO MARKETING “Até hoje a única maneira para que as empresas pudessem entender o que os consumidores queriam era observando-os ou perguntando a eles diretamente. Não é mais assim que acontece” (LINDSTROM, 2009, p. 14). O neuromarketing tem sido a inovação do marketing e tem recebido uma atenção especial. O primeiro motivo pelo qual tem recebido essa atenção é porque estuda o subconsciente e estímulos que podem atrair os consumidores, ato nunca feito por nenhuma outra área. O segundo motivo é que algumas evidências levam os profissionais do marketing a crer que se utilizarem desses resultados poderão desempenhar melhor seu trabalho e entender de forma mais exata o que os consumidores desejam. O interesse em se compreender o consumidor vem do próprio marketing, “atividade humana direcionada a satisfazer necessidades e vontades por meio de processos de troca humanos” (KOTLER e KELLER, 2006, p. 4). Para Lindstrom (2009), havia ficado bastante claro que os métodos tradicionais de pesquisa, tais como pesquisa de mercado e discussões de grupo, não cumpriam mais a tarefa de descobrir o que os consumidores realmente pensavam. Surge então essa nova ferramenta que é o neuromarketing. Através do neuromarketing as empresas conseguem obter uma percepção mais relevante. “Percepção é o processo por meio do qual alguém seleciona, organiza e interpreta as informações recebidas para criar uma imagem significativa do mundo” (KOTLER e KELLER, 2006, p. 184). Os consumidores fornecem grandes informações, essas seriam como bússola para criação de novos produtos, novos projetos, e isso seria um meio de se alcançar o produto ‘ideal’ de acordo com o que cada consumidor deseja, Camargo cita esta afirmação conforme a seguir: Esses processos são exatamente as bases para o comportamento: saber o que o consumidor pensa a respeito de uma marca especifica, de um serviço, ou de uma empresa, qual a sensação de tocar uma embalagem, uma superfície de um produto, as suas lembranças passadas positivas e negativas associadas a determinadas marcas de produtos (...) (CAMARGO, 2009, p. 112). Os estudos de Zaltman (2003), apontam para a necessidade de se entender a mente dos consumidores, os seus sentimentos, as emoções, as motivações e os desejos ainda não descobertos. Como já mencionado, o neuromarketing é um campo inovador do marketing, é uma ferramenta de alto potencial que pode ser utilizada como estratégia nas empresas. 32 3.1 ESTRATÉGIAS DE MARKETING Segundo Aaker (2007), as empresas são afetadas pelas suas escolhas estratégicas ou pela falta delas, o autor cita ainda quatro dimensões que definem uma estratégia empresarial: a estratégia de investimento em produto mercado, a proposição de valor para o cliente, ativos e competências estratégicas e estratégias e programas funcionais, sendo que a primeira especifica onde competir, e as outras três como competir para ganhar. Onde competir é uma das estratégias de marketing que pode definir o sucesso ou não de uma empresa. Definir o produto, o mercado, o público alvo, definir outras estratégias de marketing, todas essas ações, segundo o autor, define o escopo de uma empresa e que muitas empresas têm demonstrado as vantagens de ter um escopo empresarial bem definido. O autor destaca a importância de ter uma dinâmica no escopo da empresa, fazendo referência de como é importante observar se as estratégias das organizações estão também direcionadas a ações futuras a médio e longo prazo que definam as ações necessárias para que a organização continue competitiva no mercado, estabelecendo os mercados que irá atuar e de quais deixará de atuar, quais produtos serão incrementados ou descartados, definindo competências de comunicações, de pessoas, de partes financeiras entre outras. Entre as estratégias que uma organização deve observar e deve ter efetividade é a proposição de valor para o cliente, conforme observamos na citação: “Uma proposição de valor para o cliente é o benefício percebido funcional, emocional, social ou auto-expressivo fornecido pela oferta da organização” (AAKER, 2007, p. 21), que ainda segundo o autor, pode envolver elementos como garantir: Um bom valor; Excelência em um atributo importante do produto ou serviço; A melhor qualidade; Amplitude de linha de produtos; Ofertas inovadoras; Paixão compartilhada por uma atividade ou um produto; Conexões globais e prestígio. Inovações tecnológicas direcionam as empresas a mudarem o escopo de estratégia de marketing: “O planejamento estratégico, cujo surgimento está associado aos anos 1960, 1970 e 1980, está relacionado com as mudanças de opções e capacidades 33 estratégicas” (AAKER, 2007, p. 25), o autor cita a inadequação de extrapolações passadas inadequadas e suas descontinuidades que necessitam de ajustes estratégicos. A efetividade dessas mudanças depende de uma série de novas ações de marketing para trazer para o presente, pensando no futuro, de maneira quase que natural, o uso das novas tecnologias associadas às novas técnicas de pesquisa de mercado. A análise externa é fundamental para que uma organização se posicione de maneira competitiva no mercado tão disputado hoje em dia, essa afirmativa é fundamentada na citação: “A análise externa envolve um exame dos elementos externos relevantes para uma organização; ela deve ter um objetivo, concentrandose na identificação de oportunidades, ameaças, tendências, incertezas estratégicas e escolhas estratégicas” (AAKER, 2007, p. 34), o autor ainda cita os clientes como uma rica fonte de informações, de oportunidades, ameaças e incertezas operacionais, reforça ainda que a segmentação é sempre importante para desenvolver vantagens competitivas sustentáveis. A pesquisa qualitativa é citada pelo autor como uma ferramenta poderosa para entender a motivação do cliente, essa ação é fundamental para entender as mudanças nas prioridades dos clientes, pois, segundo Aaker (2007), os clientes não são mais alvos passivos do desenvolvimento dos produtos, mas, parceiros ativos. As novas tecnologias de pesquisas do neuromarketing caminham para tornar seus resultados cada vez mais assertivos, uma vez que, suas análises não dependem exclusivamente de habilidades unicamente dos profissionais de marketing, mas, contam também com análises empíricas fornecidas por métodos tecnológicos produzidos por máquinas que investigam o cérebro do consumidor, resultados esses analisados não apenas por esses profissionais, mas também, por uma associação de habilidades profissionais de neurocientistas e psicólogos especialistas em comportamento humano. Através das ferramentas do neuromarketing entende-se ser possível estabelecer ou validar estratégias de marketing inovadoras para adquirir vantagens competitivas, avaliando os resultados obtidos pela consulta direta ao cérebro do consumidor através das máquinas utilizadas nesse processo. Essas pesquisas que fornecem como material de análise imagens como as da ressonância magnética, tendem a facilitar a avaliação dos profissionais de marketing que não contarão mais apenas com respostas, conscientes ou inconscientes, dos consumidores, mas sim, com informações precisas fornecidas diretamente dos seus cérebros, seja por mudanças do volume de oxigenação em certas áreas do cérebro, mudanças no padrão de cores que identificam atividade em regiões específicas como de satisfação ou repulsa por determinado produto ou marca (AAKER, 2007). 34 Essas informações obtidas pelo processo do neuromarketing contribuirão para a formação ou reformulação de estratégias de marketing, uma vez que os profissionais de marketing poderão avaliar de forma empírica se suas ações estratégicas estão de fato obtendo os resultados esperados como: na fidelização dos clientes, se existe por parte dos consumidores familiaridade com a marca, se há em relação a marca ou produto valor percebido pelo cliente, se existe ou não relevância da marca ou produto no mercado que a empresa deseja competir, poderá ser avaliado se a qualidade da marca ou produto é percebida e aceita por potenciais consumidores de outras regiões ou de outros países, levando-se em consideração as diferenças culturais muitas vezes ignoradas ou não conhecidas com propriedade por parte dos profissionais de marketing. Essa potencialidade do neuromarketing é apontada por Lindstron (2009), quando em um de seus experimentos ele antecipa se existirá aceitação por parte de espectadores dos Estados Unidos da América a um programa europeu de grande aceitação naquele continente, pesquisa essa encomendada pela emissora de televisão europeia. Economizando substancial recurso financeiro através do teste que teve como estratégia a apresentação de um programa piloto para os espectadores americanos que eram tidos como potenciais consumidores, foi possível avaliar os resultados obtidos pela técnica do neuromarketing, concluindo que não haveria a aceitação desejada para aquele projeto, antecipando em muito o tempo de resposta, foi possível economizar recursos que seriam investidos nesse projeto e que não trariam o retorno esperado. A emissora mudou sua estratégia a tempo de não perder recursos que seriam aplicados sem resultados naquele momento, contando com as novas técnicas do neuromarketing. 3.2 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Segundo Kotler e Armstrong (1997), estudo do comportamento do consumidor é baseado no consumo, e procura compreender o processo de decisão, ajudando a área de marketing a identificar seus potenciais clientes. O comportamento e as decisões de compras dos consumidores envolvem questões sobre como compram, quanto compram, quando compram e porque compram. Os profissionais da área de marketing desenvolvem diversos estudos e análises para entender esses comportamentos e decisões, porem não é tão simples, pois algumas destas respostas estão no fundo da cabeça desses consumidores (KOTLER e ARMSTRONG, 1997). 35 Ainda segundo Kotler e Armstrong (1997), algumas características afetam e influenciam os consumidores, entre elas são as sociais, pessoais, culturais e psicológicas. Grande parte dessas características pode ser controlada pelos profissionais da área de marketing, mas devem sempre ser levadas em consideração. O início do processo de compras acontece com o reconhecimento da necessidade do comprador através de um problema ou desejo por determinado produto ou serviço entre seu estado atual e o desejado. Essa necessidade pode surgir através de estímulos ou elementos e necessidades básicas como a sede, fome ou sexo, em um nível que pode emulsioná-lo a ação da compra. O consumidor pode ser estimulado ou não há buscar informações de um produto. O que vai diferenciar é a vontade de obter determinado bem, caso o impulso seja forte e o produto esteja à disposição de satisfazê-lo, provavelmente o consumidor irá comprá-lo. Caso o produto não seja de fácil acesso ou não esteja disponível, ele poderá guardar em sua memória e buscará mais informações relacionadas que atendam à necessidade (KOTLER e ARMSTRONG, 1997). Na visão de Solomon (2008), o processo de decisão acontece com o reconhecimento do problema ou necessidade, a busca de informações e de como satisfazê-la levando em conta experiências anteriores, avaliação das alternativas também levando em conta outras experiências, escolha do produto ou compra, que pode acontecer em qualquer fase do processo, ou seja, a partir do momento que a necessidade é satisfeita, e avaliação depois da compra, que é o resultado de acordo com o produto que gere a satisfação do consumidor. Esse processo acontece de maneiras variadas e leva em conta diversos setores e contextos internos e externos do ambiente em que o consumidor está inserido. Alguns processos ajudam a entender a avaliação do consumidor em relação à compra. Os produtos possuem certos atributos como a qualidade, facilidade de uso, tamanho e preço que são identificados pelo consumidor e levados em consideração na hora de efetuar a compra. Porém esses atributos podem variar de acordo com as necessidades gerais e específicas de cada consumidor. Pode ser atribuído também o grau de importância das diferentes características do produto de acordo com a sua necessidade, e é provável que o consumidor desenvolva crenças sobre a marca dos produtos e classifique de acordo com as características. Kotler e Armstrong (1997) afirmam que a satisfação em relação ao produto pode mudar de acordo com os atributos. A partir daí o consumidor estabelece atitudes com relação às diferentes marcas e procedimentos de avaliação. Os consumidores utilizam mais de um procedimento para avaliar a compra, dependendo das características e da decisão de compra. 36 “Os profissionais de marketing devem estudar os compradores para descobrir como eles de fato avaliam as alternativas de marcas. Se puderem saber que tipo de processo avaliatório acontece, eles poderão tomar medidas para influenciar a decisão do comprador” (KOTLER e ARMSTRONG, 1997). A decisão de compra do consumidor normalmente acontece em função da sua marca preferida, porém dois fatores podem entrar em cena, a intenção de compra e a decisão de compra. O consumidor pode ter a intenção da compra baseada em fatores como preço, benefícios e renda. Os consumidores baseiam suas expectativas de compras em informações que recebem de amigos, vendedores ou outras fontes. Quanto maior o diferencial das expectativas e do desempenho maior será a satisfação do consumidor. Portanto uma empresa demonstra sabedoria quando entende e analisa todos os processos na busca de melhoria e identificação da melhor forma de atingir o consumidor com o seu produto e na medição regular da satisfação do cliente (KOTLER e ARMSTRONG, 1997). Segundo Solomon (2008), fatores sociais, culturais, psicológicos, pessoais e motivacionais são importantes para a compreensão do comportamento do consumidor. Fatores sociais: esses fatores são representados por grupos de referência como família, convívio social e status. Samara (2005) entende que o indivíduo recebe influência direta de grupos de referência, esses grupos são divididos em primários (amigos, família, vizinhos), secundários (profissionais de classe e grupos religiosos), aspirações (grupos ao qual o consumidor gostaria de pertencer) e dissociação (grupos que o consumidor rejeita). Partindo desse princípio, o grupo familiar destaca-se como o mais importante e determinante pela sua relação próxima. Os fatores citados acima são definidos por Solomon (2008): Fatores culturais: a cultura influencia intensamente o comportamento do consumidor por se tratar de valores que começaram na infância e tem seu desenvolvimento junto com a classe social onde está inserido. Fatores psicológicos: trata da identificação e pré-disposição para adquirir determinado produto através de diagnósticos de acordo com a necessidade, baseado na percepção e tensão psicológica gerando um motivo para compra levando a pessoa a agir pela percepção que ela possui da situação. Fatores pessoais: cada indivíduo possui comportamentos e opiniões diferentes sobre diversos aspectos, gerando comportamentos diferentes para compra. A mudança de hábitos, ciclo de vida, personalidade e idade influenciam efetivamente na vida das pessoas moldado o ato de compra. 37 Fatores motivacionais: é o que leva o consumidor a comprar efetivamente determinado produto ou serviço, é a força interior que se exterioriza no ato da compra. De acordo com Abraham Maslow, a pessoa se motiva quando todas as suas necessidades são supridas em hierarquia. Segundo Lindstrom (2010), a mente humana facilmente se inunda por diversas informações culturais o que pode trazer conflito nas informações obtidas através das tradicionais pesquisas utilizadas pelo marketing. A junção da neurociência com o marketing busca desvendar a verdadeira intenção e o verdadeiro comportamento do consumidor em relação à compra. Camargo (2013) relata que o neuromarketing ajuda a diminuir o desperdício empresarial, pois consegue entender melhor a mente e dessa forma se aproxima mais do que o consumidor realmente está interessado em comprar. Os estudos do neuromarketing ainda são considerados muito recentes e por esse motivo levantam várias questões, principalmente ligadas à ética em relação ao controle da mente humana. Por esse motivo esse tipo de pesquisa deve ser conduzida de forma respeitosa e transparente, sem interferir no livre arbítrio de cada consumidor. Ainda segundo Camargo (2013), a metodologia de pesquisa é fundamental para entender o comportamento do consumidor, e que deve haver um lugar reservado não só aos métodos tradicionais de pesquisa, mas também a pesquisas do sistema nervoso, como o escaneamento cerebral, devido as suas imagens de pontos que gerenciam os fenômenos do inconsciente, como a mensuração dos sentidos do sistema nervoso. Gardner (2003) acredita que a neurociência tem seu encanto por se tratar da base neural do comportamento, a esperança em se desvendar a fundo o que o leva o consumidor ao ato de compra. Segundo Lindstrom (2009), um estudo realizado pela marca alemã Gruppe Nymphenberg, especialista em varejo, descobriu que 50% de todas as decisões de compra dos consumidores são tomadas espontaneamente, ou seja, inconscientemente, de modo que a neurociência busca no inconsciente as emoções ligadas ao comportamento do consumidor baseando-se nas áreas que o atraem para efetivar seus produtos e analisar o que realmente motiva o consumidor a compra. Ainda segundo Lindstrom (2009), cada indivíduo possui uma personalidade diferente, o que provoca estímulos diferentes em relação a decisão de compra, por isso a importância de se compreender a fundo o que se passa na mente do consumidor, esclarecer o que compramos e porque compramos. Em complemento, Lindstrom (2009), relata: 38 É por isso que é mais provável que as verdadeiras reações e emoções que nós, consumidores vivenciamos sejam encontradas no cérebro, no intervalo de um nano segundo antes que o pensamento seja convertido em palavras. Portanto, se quiserem conhecer a verdade nua e crua – a respeito sem rodeios, sem censura, a respeito do que nos faz comprar –, os profissionais de marketing terão de entrevistar nossos cérebros (LINDSTROM, 2009, p. 28). 3.3 BRANDING E BRANDSENSE O conceito de Branding já está passando por mudanças segundo Lindstrom (2008), a tecnologia da atualidade vem trazendo a possibilidade de ir além da produção em massa e sim customizar as marcas, “Hoje os fabricantes são donos de suas marcas, mas isso vai mudar. No futuro, as marcas pertencerão cada vez mais ao consumidor” (LINDSTROM, 2009, p.17). Ao longo dos anos ocorreram diversas mudanças, as marcas conquistaram grande força e ela passou a ser mais forte do que as dimensões físicas do produto. O nome da marca sempre está presente no dia-a-dia, seja em banners ou anúncios de tevê, o consumidor tornouse mais exigente para escolher a marca do que o próprio produto ou serviço. Para se criar uma marca, não limita-se apenas a um nome ou uma etiqueta, marca é um determinado produto ou serviço, são valores agrupados, ou seja benefícios que podem resumir em qualidade, preço e imagem. As campanhas de branding buscam atingir os consumidores onde no meio em que vivem estão sempre ocupados, branding está relacionado aos diferenciais de uma marca e como estes são reconhecidos pelos consumidores, para Kotler e Keller (2012): Branding significa dotar bens e serviços com o poder de uma marca. Tem tudo a ver com criar diferenças. Para colocar uma marca em um produto, é necessário ensinar aos consumidores ‘quem’ é o produto- batizá-lo e utilizando outros elementos de marca que ajudem a identificá-lo-, bem como a que ele se presta e por que o consumidor deve se interessar por ele. O branding diz respeito a criar estruturas mentais e ajudar o consumidor a organizar seu conhecimento sobre produtos e serviços, de forma que torne sua tomada de decisão mais esclarecida e, nesse processo, gere valor à empresa (KOTLER e KELLER, 2012, p. 259). Para que as estratégias de branding tenham sucesso, os consumidores devem ser convencidos de que existem diferenças entre certas marcas que pertencem a mesma categoria de produto, um exemplo de produtos da mesma categoria bem conhecido é a CocaCola e a Pepsi, ambas de refrigerantes famosos durante anos, elas tem uma rivalidade antiga, pois buscam ganhar mais e mais consumidores e fidelizá-los, ideia percebida na citação: 39 A fidelidade à marca proporciona a empresa previsibilidade e segurança de demanda, além de criar barreiras que tornam mais difícil para outras empresas ingressar no mercado com a intenção de manter sua marca sempre á frente (KOTLER e KELLER, 2012, p. 258). Se o consumidor quer um produto especifico, quando ele é fiel à marca está disposto a pagar qualquer preço, mesmo que um concorrente tenha um valor inferior com um produto similar, o que realmente importa é o produto que ele deseja. Segundo Kotler e Keller (2012), entende-se que o branding pode ser visto como um meio poderoso de garantir vantagem competitiva e também pode incrementar valores financeiros as empresas. Na atualidade nada fica sem marca, sem nome, quando um produto é lançado começa a ação do branding, pesquisas de mercados, workshops, entrevista com o público alvo. Os consumidores estão sempre à procura de algo novo, ou alguma coisa que os satisfaçam, criam expectativas e podem rapidamente se interessar e querer entender um pouco mais do produto ou até mesmo tornarem-se clientes. Praticamente o branding pode ser aplicado em qualquer campo que o consumidor tenha opção, “É possível colocar uma marca em um bem físico” (KOTLER e KELLER, 2012, p. 259). Esses bens físicos podem ser automóveis, medicamentos, moradia, ou mesmo serviços como por exemplo: companhias aéreas, seguro saúde, uma loja ou até mesmo um local. As comparações entre as empresas sempre surgem, pois várias delas podem estar no mercado fornecendo produtos ou serviços similares, entre tantas informações e ofertas os consumidores tendem a optar por uma delas, na realidade eles adquirem os produtos que melhor lhe satisfazem ou aqueles que se encaixam com suas personalidades. Diversas vezes estes consumidores compram não porque precisam mas sim porque buscam sua alto satisfação, ou até mesmo para mostrar que adquiriram um certo produto que está em alta. As ações de branding alavancam as vendas no mercado e também proporcionam aumentos reais nos números das empresas, o valor que ele consegue agregar a marca pode durar durante anos ou até o resto da vida, é muito importante as empresas unirem-se ao branding, pois, ele com toda certeza traz benefícios. Um dos maiores exemplos é a Coca-Cola, é uma empresa bilionária, na verdade a marca vale muito mais do que os próprios produtos, ela ganhou seu espaço no mercado e pode-se dizer que é o líder em refrigerantes de cola, existem produtos similares com a Coca-Cola, porém nenhum deles tem um valor agregado tão grande quanto, esse sucesso só foi alcançado por conta da fidelização dos clientes, pois uma marca não se mantém tão forte por tantos anos apenas com consumidores esporádicos, a ação do branding está fortemente ligada a marca Coca-Cola, pois, essas ações resistiram há anos e criou-se uma 40 imagem de longevidade sem igual, que faz com que os consumidores fiéis sejam defensores incondicionais da marca (LINDSTROM, 2009). Para definir a essência da organização, o valor da marca, para buscar vantagem competitiva sustentável, as empresas buscam planos de ações que transpareçam como elas querem dar nome a seu produto, ou seja, como elas querem que os consumidores ou concorrentes enxerguem sua marca, o branding tem a função de desenvolver marcas fortes, de valores inestimáveis, com características realmente diferenciadas, características racionais ou emocionais que chamem e fixem a atenção de seu público alvo, as empresas querem que suas marcas se tornem referências, e cresçam cada vez mais no meio onde atuam (AAKER, 1998). Branding é uma nova atividade de caráter interdisciplinar que vem sendo adotada por diversas empresas para construir e administrar a identidade da marca através de todos os pontos de construção da imagem, com contribuições de outras áreas, criando a percepção de valor em torno da marca, com intuito de atingir o auge da marca e a fidelidade dos clientes. As ferramentas do branding aumentam as vantagens competitivas no mercado, fazem o nome de uma marca se tornar reconhecido e respeitado beneficiando a empresa e os clientes, de maneira total e inovadora (LINDSTROM, 2009). Cria o valor das marcas e o neuromarkenting se encaixa contribuindo com pesquisas que demonstrem qual marca é a mais bem vista e mais desejada por um certo público alvo, pode-se enxergá-los como ‘parceiros de trabalho’, o que um faz o outro complementa. Neuromarketing é o método de pesquisa que ajudará as organizações a entender o comportamento e as escolhas do consumidor, e provavelmente o consumidor está propício a escolher produtos e serviços que estão fixados na mente, que estão divulgados na mídia, ou até mesmo escolher um produto por sua marca, marca essa que cresceu por conta das ações do branding (AAKER, 1998). BRANDSENSE Lindstrom (2009) relata que brandsense ou branding sensorial como é mais conhecido é eficiente na criação de um vínculo com o consumidor, levando-se em conta que os sentidos humanos são capazes de associar imagens, cheiros, sabores, texturas, lembranças de algo que já viram ou já vivenciaram em alguma parte da sua vida. Branding sensorial faz com que os consumidores deixem a parte racional de lado e comecem a atuar pela parte emocional. 41 As empresas durante muitos anos gastaram milhares de horas, criando, ajustando, alterando sua logomarca, altíssimos valores em propagandas e estímulos visuais, mas segundo Lindstrom (2009), quanto mais as pessoas são estimuladas, maior a dificuldade para captar sua atenção. A parte visual é um fator crucial para a motivação de compra, mas estudos comprovaram que a visão não é tão importante quanto se pensava, “Na verdade em uma ampla gama de categorias (e não apenas nas mais obvias, como alimentos), audição e olfato podem ser ainda mais fortes que a visão” (LINDSTROM, 2009, p. 125). As imagens visuais têm muito mais eficiência e são mais memoráveis quando estão associadas a um outro sentido, como por exemplo a audição, olfato, paladar ou toque. As empresas estão descobrindo que, para nos cativar emocionalmente de forma plena, seria melhor não apenas nos inundar de logomarcas, mas também borrifar fragrâncias em nossas narinas e encher nossos ouvidos de música, isso se chama Branding Sensorial (LINDSTROM, 2009, p. 125). O que acontece no cérebro, na mente humana que os fazem preferir algumas imagens-fragrâncias a outras? Lindstrom (2009) relata uma explicação fornecida pela Dr. Calvert que quando senti-se cheiro de algo que gostamos muito, várias áreas do cérebro se acendem instantaneamente, dentre elas uma parte do córtex orbitofronfrontal medial direito, região essa que é associada à percepção de algo agradável e gostoso. Ao se ter uma sensação agradável por cheiro ou por audição, automaticamente a mente humana faz-se lembrar de algo ou algum momento de suas vidas pelo qual já passou, exemplo disso é o talco Johnson & Johnson, quando se sente essa fragrância, a primeira imagem, ou pensamento que vem na memória são os bebês, esse tipo de associação acontece todas às vezes com produtos que de uma forma buscaram não só o apelo visual, mas, sim um complemento que é o olfato, “Não importa a idade, se sentir o cheiro do talco para bebês da Johnson & Johnson, provavelmente aquelas associações primais da infância se reacenderão na sua memória" (LINDSTROM, 2009, p.129). De todos os sentidos o olfato é o mais arraigado. Foi como nossos ancestrais desenvolveram o gosto por certos alimentos, era como procuravam parceiros e intuíam a presença de inimigos. Quando sentimos cheiro de algo, os receptores de odores em nosso nariz traçam uma linha direta até o sistema límbico, que controla nossas emoções, nossas lembranças e nossa sensação de bem-estar. Por conseguinte, a realização dos nossos instintos é instantânea (LINDSTROM, 2009, p. 129). De acordo com uma pesquisa, desenvolvida pela brand expert e pelo autor Lindstrom, quando as marcar recorrem a mais de três sentidos, a comunicação na parte sensorial pode aumentar e beneficiar a marca, pois, com tantos sentidos interligados ao mesmo tempo a ligação emocional do consumidor com a marca cria um vínculo mais forte e duradouro. Esse vínculo pode ser percebido com o neuromarketing, pois, sua tecnologia 42 entende o verdadeiro sentimento que uma pessoa expressa ao ver algo que lhe chama a atenção, as reações esboçadas muitas vezes não são vistas a olho nu, porém, as ações que acontecem no cérebro humano são totalmente perceptíveis quando usados os aparelhos adequados para as pesquisas. BRAND EQUITY Aaker (1998) afirma que para uma definição objetiva, brand equity é a medida que a marca vale na mente dos consumidores, podendo ser mensurado ao passar do tempo, ou pode ser comparado em relação à de outra empresa. Ainda segundo o autor, os produtos são feitos em fábrica, podem ser comprados, os concorrentes podem copiar os produtos, porém a marca é única, um produto pode até ficar ultrapassado, mas a marca sendo única e bem sucedida pode até ser eterna. Brand equity é o valor agregado atribuído à bens e serviços. Esse valor pode se refletir no modo como os consumidores pensam, sentem ou agem em relação à marca, bem como nos preços, na participação de mercado e na lucratividade gerada pela marca (KOTTLER e KELLER, 2012, p. 20). Aaker (1998) relata brand equity como uma visão mais clara dos valores simbólicos intangíveis das marcas, fator decisivo na decisão de compra por parte dos consumidores. “Pode-se afirmar que brand equity é um conjunto de ativos- como conhecimento do nome, consumidores leais, qualidade percebida e associada” (AAKER, 1998, p. 4). Nessa definição o brand equity está ligado a cinco componentes: lealdade da marca, conhecimento do nome, qualidade percebida, outros ativos da empresa relacionado a marca, associação à marca. Aaker (1998) aponta valores para a empresa e para os consumidores através das formas de brand equity: -Proporciona valor para a empresa através do aumento da: 1- Eficiência e eficácia dos programas de marketing; 2- Lealdade à marca; 3- Preços/ margens; 4- Extensões da marca; 5- Incremento com o trade ; 6- Vantagem competitiva. 43 - Proporciona valor ao consumidor através do aumento da sua: 1- Interpretação/ processamento de informação; 2- Maior confiança na decisão de compra; 3- Satisfação de uso. De acordo com Aaker (1998), brand equity pode organizar programas para buscar novos consumidores ou reconquistar os antigos, desenvolver a qualidade percebida, proporcionar uma plataforma para o crescimento via extensão da marca, impulsionar o canal de distribuição e também proporcionar vantagem competitiva, que frequentemente representa uma barreira aos concorrentes. “Uma marca com desvantagem em brand equity terá que investir mais em atividades promocionais, algumas vezes apenas para manter a sua posição no canal de distribuição” (AAKER, 1998, p. 18). Pode-se entender que brand equity é tudo relacionado ao valor de uma marca, e isso vai muito além do patrimônio físico, são atributos, valores e sentimentos que estão diretamente ligados à marca, ele pode criar na mente do consumidor a liderança da marca, e isso faz com que se posicione na cabeça dos consumidores como a melhor o que os fazem sempre optar por ela. Portanto é de extrema importância manter-se visível no mercado, pois é através dessa visibilidade que os consumidores se sentirão atraídos, sentirão desejo de consumir algum produto ou adquirir algum serviço, chamar os clientes para sí é o que mantém a marca ativa no mercado, sendo que, não existe produtos sem consumidores. 3.4 PUBLICIDADE E PROPAGANDA Define-se publicidade como grande capacidade de persuasão dentro da fase de promoção de uma marca que contribui para mudar hábitos, criar imagem, promover o consumo, vender produtos e informar o consumidor. Já a propaganda é uma técnica também considerada persuasiva, com foco principal na criação, mudança ou reforço de imagens e atitudes mentais (PINHO, 2006). Os profissionais de marketing se deparam diariamente com novidades e inovações que se fazem necessárias nestas áreas, pois o consumidor pede mudanças que se adaptem ao que ele deseja, sendo assim, faz parte do papel destes profissionais estar sempre ligados nas notícias do mundo, e principalmente nos lançamentos da área de comunicação. 44 Segundo Lindstrom (2012), diante da variedade de anúncios que brigam pela nossa atenção, é difícil saber quem ganhará a batalha na conquista pela mente dos consumidores, aí vem o neuromarketing fazendo seu papel de atuação, buscando desvendar os pensamentos, sentimentos e desejos subconscientes que levam para a decisão final com consumidor. De acordo com a revista Iniciacom (2011), o neuromarketing oferece um mundo novo de pesquisas que poderá interferir no mundo publicitário atual, uma nova realidade que os profissionais de publicidade e propaganda terão que aprender a lidar, incluindo técnicas aprofundadas no inconsciente humano aliados com a persuasão pela utilização das cores, propaganda subliminar, o merchadinsing, entre outros. Cavaco (2010) ressalta que a técnica tem contribuído muito para as organizações, possibilitando uma compreensão maior aos profissionais da área de comunicação de como funciona a mente humana diante da aquisição de um produto. Traz conhecimentos do cérebro capazes de colaborar com informações para as campanhas publicitárias, favorecendo assim, o aumento nos lucros da empresa, “...será possível antecipar quais estratégias as empresas poderão utilizar para atrair o interesse, induzir e expandir o consumo para o maior número de pessoas no mundo” (CAVACO, 2010, p. 61). Apresentar uma marca ao mercado, tem se tornado uma necessidade de sobrevivência, porém, apenas exibir o produto de qualquer maneira, pode ser em vão, levando em consideração o grande número de concorrentes, sendo assim, deve-se buscar um diferencial para o marketing empresarial (CAVACO, 2010). Partindo do princípio que o neuromarketing disponibiliza as ferramentas que devem ser utilizadas para atrair o foco principal que é a atenção do consumidor. “O desafio da propaganda e outras ferramentas de comunicação de marketing é usar sinais que contenham significado para os consumidores, e dotar suas marcas com esse significado” Shimp (2002, p. 115). Ainda segundo a autora Shimp (2002), considera-se que está dentro da cabeça das pessoas todos os significados e não na mensagem em si própria repassada, sendo assim, é importante entender os fatores psicológicos que determinam como os consumidores absorveram os significados das mensagens, os profissionais responsáveis pela comunicação de marketing devem esforçar-se no sentido de influenciar crenças, atitudes, e reações emocionais, com objetivo de incentivar os consumidores a optar por sua marca e não pela concorrência. “Para atingir esse objetivo, são planejadas mensagens publicitárias, promoções, informações de embalagem, nome de marcas, apresentações de vendas e outras atividades de comunicação” (SHIMP, 2002, p. 121). 45 Em entrevista ao site administradores, um dos maiores pesquisadores de neuromarketing do mundo e diretor executivo da empresa NeuroFocus A. K. Pradeep relata que diante dos estudos do neuromarketing, existe uma lista nomeada como ‘melhores práticas neurológicas’ que as empresas devem utilizar para atrair os consumidores em suas embalagens, produtos, sites, propagandas. Algumas dessas práticas envolvem a utilização de rostos humanos em materiais de publicidade, pelo fato de que detectou-se que o cérebro é extremamente atraído por este tipo de imagem, ele também cita que o cérebro absorve melhor imagens a esquerda e palavras ou números à direita. Pradeep destaca que o processo que envolve a publicidade de uma marca deve ser básico e simples, sendo que mensagens complicadas, com muitas mensagens, agitação e muitas informações para o cérebro, faz com que ele possivelmente ignore a mensagem repassada. O inconsciente humano se atrai por histórias, ou seja, em uma propaganda, uma pequena história atrairá mais a atenção, para o cérebro feminino a atração se dá pela imagem de pessoas socializando, para o anuncio de alimentos é importante mostrar o produto do estágio inicial de produção até ser consumido. Muitas são as ferramentas que podem ser utilizadas pelo conceito de neuromarketing para impulsionar as campanhas de publicidade e propaganda de uma determinada campanha de marca, conforme já citado o lado emocional do consumidor destaca-se pelo fato de que o cérebro humano não diferencia a realidade da imaginação, Cavaco (2010, p. 42) complementa com a seguinte afirmação, “suas emoções podem ser alteradas a partir dos sons ou imagens de uma propaganda, isso ocorre porque o cérebro não discrimina a ‘realidade’ da imaginação...”. Dando um aprofundamento maior ao assunto neuromarketing e sua colaboração para a publicidade e propaganda, não se pode deixar de destacar a importância das cores. O site da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios publicou uma matéria que destaca quais são as áreas ativadas do cérebro pelo uso das cores e o resultado no comportamento dos consumidores, conforme abaixo: Laranja: atinge o sistema de recompensa - que responde pelo prazer e pela necessidade de repetição da experiência que propiciou prazer. Efeito: imagem de mudança, expansão e dinamismo. Rosa: área tegmentar ventral – responsável por controlar a sensação de recompensa pela saciedade da fome, sede e sexo. Efeito: sendo em tom claro dá a ideia de inocência. Rosa tradicional, feminilidade e rompimento de preconceitos. Pink, desejo de iniciação de ações individuais. 46 Amarelo: atinge o sistema de recompensa. Efeito: passar uma mensagem transparente de negociação ou no objetivo do lucro. Em combinação com outras cores significa credibilidade. Cinza: atinge a putâmen, responsável pela regulação da distribuição de dopamina, que se relaciona a sensação de prazer. Atinge também a ínsula, que coordena as emoções. Efeito: sensação de neutralidade. Pode representar indecisão e ausência de energia. Verde: atinge o córtex pré-frontal, relacionado às decisões, pensamento abstrato e criativo, respostas sobre afetividade e capacidade para conexões emocionais e julgamento social. Marrom: atinge o sistema límbico, estrutura interna responsável pelas emoções. Efeito: cor pesada e que sugere conservadorismo. Branco: atinge o córtex cerebral esquerdo que é responsável pelo pensamento lógico e pela competência comunicativa. Efeito: ideia de calma e frescor, em combinação com outras cores traz harmonia. Roxo: atinge pólo frontal, esta área está ligada ao planejamento de ações e de movimento, e ao pensamento abstrato. Efeito: poderá remeter ao mistério, relaciona-se também com a calma e sensatez. Vermelho: atinge a amígdala e núcleo accumbens, que está diretamente ligado ao prazer. Efeito: emoção, dinamismo, sexualidade, virilidade e masculinidade. Quanto a relação com o consumo pode estimular, no caso de alimentos. Preto: atinge a amígdala, que regula o comportamento sexual, agressividade, medo e memória emocional. Efeito: o preto tem o papel de sugerir mistério, curiosidade, superioridade, nobreza e distinção. Azul: atinge o córtex pré-frontal. Efeito: se usado em tons escuros está relacionado ao poder, em tons mais claros passa a sensação de frescor e higiene. Está ligado a produtividade e sucesso. Levando em consideração a influência das cores sob o cérebro humano, os profissionais de marketing conseguem através de seus trabalhos de publicidade criar uma melhor interação com o cérebro a fim de atingir o público alvo desejado, Cavaco ressalta a importância das cores com a seguinte afirmação: Diversos estudos sobre a ciência confirmam a psicologia da cor e a sua influência nos mais diversos ambientes, seja para fidelizar clientes, estimular o consumo, tornar ambientes hostis em locais agradáveis, orientar o fluxo de pessoas, promover o bem-estar, valorizar aspectos arquitetônicos, tornando o ato de comprar em algo agradável e estimulante. A utilização de cores como 47 ferramenta de marketing tem a missão de planejar o uso da cor para transmitir sensações e sentimentos ao consumidor (CAVACO, 2010, p. 53). Uso do apelo emocional na propaganda Independente da categoria de um produto as mensagens que atentam para os sentimentos e emoções dos consumidores são de grande valia, visto que, o trabalho de fidelizar clientes é demorado e difícil. Uma propaganda deve ser simples, porém, precisa causar impacto e emocionar. O poder de persuadir é muito levado em consideração no apelo emocional (CAVACO, 2010). O apelo emocional envolve segundo Shimp, (2002): Humor – com o intuito de atingir vários objetivos, os anunciantes usam em suas campanhas o humor, atrair a atenção, guiar a compreensão do consumidor para as alegações do produto, influenciar atitudes, aumentar a recordação das alegações anunciadas e, ao final, gerar uma ação no cliente (SHIMP, 2002, p. 278). Ainda segundo Shimp (2002), buscar entender a eficácia do humor na propaganda e quais os melhores tipos a serem utilizados, é um assunto de grande debate entre as profissionais acadêmicos de propaganda, em pesquisa elaborada, o uso do humor revelouse eficaz para fazer com que os consumidores criem uma consciência da marca. Usado em circunstâncias certas e de forma correta o uso do humor como técnica de persuasão pode ser considerado extremamente eficaz, conforme relatado, porém ainda Shimp (2002) destaca que os apelos engraçados não são igualmente eficazes em todos os anúncios, sendo que pesquisas demonstraram que os homens prestam mais atenção em anúncios de humor do que as mulheres. O uso do humor pode ser considerado como uma ferramenta de marketing positiva aliado ao neuromarketing, pois baseado no entendimento do que se tem através dos estudos do cérebro e de como melhor fazer com que a mensagem chegue e penetre positivamente na mente do consumidor, os profissionais de marketing podem atingir seu público alvo facilmente e de forma criativa e bem humorada. Entretanto deve-se observar a citação a seguir: “os anunciantes devem ser cuidadosos ao considerar o uso do humor. Primeiro, os efeitos do humor podem variar devido às diferenças nas características do público – o que é engraçado para uma pessoa, não tem graça nenhuma para outra. Segundo, a 48 definição do que é engraçado em um país ou região de um país não é necessariamente a mesma em outro local” (SHIMP, 2002, p. 279). Medo – são várias as técnicas utilizadas para aumentar no consumidor a motivação, oportunidade ou mesmo a capacidade de processar as informações repassadas pelos profissionais de marketing. O apelo ao medo é utilizado para motivar os consumidores inconscientemente a identificar as consequências negativas por não usar determinado produto, ou mesmo, mostrar as consequências negativas de se adotar um comportamento inseguro como por exemplo: beber e dirigir, fumar (SHIMP, 2002). “A lógica implícita na utilização de apelos para o medo é que o medo vai estimular o envolvimento do público com a mensagem e, assim, promover a aceitação dos seus argumentos” (SHIMP, 2002, p. 280). O autor exemplifica em seu livro como formas de apelo ao medo: antisséptico bucal, desodorantes, pasta de dentes, o uso do medo neste conceito se dá pela desaprovação social que o consumidor pode sofrer se o seu hálito não for fresco, as axilas não estiverem secas e os dentes não estiverem sem cáries. Culpa – Assim como o medo, a culpa tem um apelo para o lado negativo, quebrar regras, violar padrões e crenças faz com que as pessoas se sintam culpadas. “Os apelos para a culpa são poderosos porque motivam as pessoas emocionalmente maduras a tomar ações responsáveis, levando a uma redução no nível de culpa” (SHIMP, 2002, p. 281). Comunicadores e anunciantes de marketing usam a apelo para a culpa com o incentivo a seus potenciais clientes, tentando influenciá-los emocionalmente e deixando implícito que se o mesmo utilizar o produto oferecido, qualquer sentimento de culpa será sanado. Este tipo de apelo concentra-se nas transgressões passadas ou futuras de uma pessoa, a exemplo de apelo para a culpa tem-se o anúncio da marca Energizer, ao sutilmente sugerir que colocar pilhas de baixa qualidade em um telefone celular, poderia trazer negativas consequências, como por exemplo perder um pedido importante de um cliente, sendo que usar as pilhas Energizer acabaria com a culpa gerada pelo comportamento tido como irresponsável (SHIMP, 2002). Sexo – sexo nas propagandas é uma tendência que tem crescido, sendo utilizada com maior evidência e explicites no Brasil e em determinados países europeus. O uso do sexo assume duas formas: nudez e sugestão. No apelo ao sexo, utiliza-se como proposição roupas, cenários, bem como frases e alegações que suponham a sugestão sexual. Usar material sexual na propaganda atua de diversas formas, pode-se considerar: como foco 49 de atenção inicial, e ao mesmo tempo modo de reter por mais tempo a atenção, aumentar recordação dos pontos de mensagem, ou mesmo para evocar respostas emocionais, como criar sentimentos de luxúria ou provocação (SHIMP, 2002). “O conteúdo sexual tem pouca chance de ser eficaz a não ser que seja diretamente relevante para a principal mensagem de vendas de um anúncio. Quando usado de forma apropriada, porém, o conteúdo sexual é capaz de despertar atenção, aumentado a recordação e criar uma associação favorável com o produto anunciado” (SHIMP, 2002, p. 284). Mensagens Subliminares Toda mensagem transmitida em um baixo nível de percepção seja auditiva ou visual, é chamada de mensagem ou propaganda subliminar, onde mesmo que não se possa perceber claramente induz-se uma pessoa a formar uma opinião ou mesmo tomar decisões, ou seja, o subconsciente capta a mensagem e assimila como se fosse hipnotizado (CAVACO, 2010). A mensagem subliminar é dotada de uma arte a mais, a arte de persuasão inconsciente. Ela trabalha com o subconsciente das pessoas, sendo qualquer estímulo produzido abaixo do limiar da consciência, e que produz efeitos na atividade psíquica ou mental. Com várias finalidades as mensagens subliminares são empregadas há muito tempo atendendo a interesses variados. No caso da propaganda, do marketing, ela vem sendo utilizada com o objetivo de “sutilmente” estimular o desejo de compra no consumidor, influenciando as massas para a preferência de seus produtos (CAVACO, 2010, p. 78). Segundo Cavaco (2010), o conteúdo subliminar é uma espécie de ‘comando embutido’, sendo que produz efeito hipnótico induzindo as pessoas mesmo sem saber o porquê a se sentirem estimuladas a adquirir tal produto em que foi repassada está mensagem. Para ele as mensagens podem influenciar nossas escolhas, atitudes bem como motivar a tomada de decisão posterior, entram na mente devagar e se ativam na hora certa. Disseminase de diversas formas, intencional ou não, em algum tipo de música e/ou imagem, tendo diferentes significados para a percepção humana. Lindstrom (2009) relata em seu livro um pouco do conturbado início das mensagens subliminares ao ser inserido no mercado, ocorrido em 1957, em uma sessão de 50 cinema e sem que a plateia soubesse, um pesquisador de mercado no meio da exibição de um filme instalou um projetor mecânico de slides que lançava na tela as palavras “beba CocaCola” e “coma pipoca” isso durante 1/3.000 de segundo a cada cinco segundos em todas as sessões do filme. Feito isso, ocorreu uma análise realizada por especialistas que detectou que está experiência resultou no aumento de 18,10% nas vendas de Coca-Cola e 57,80% no aumento de vendas da pipoca, aumento ligado a sugestão das mensagens ocultas repassadas. Esta experiência gerou nos consumidores norte-americanos um certo temor, pois já se sentiam intimidados pela recente publicação do livro “Novas técnicas de conhecer” do autor Vance Packard que explicava métodos manipuladores que estavam sendo inseridos na publicidade. Eles temiam que essas técnicas ocultas fossem inseridas na propaganda política, por comunistas para atrair correligionários, ou que fossem usadas por seitas para fazer lavagem cerebral em seus membros. Após o ocorrido as redes de televisão em conjunto com a associação nacional de emissoras proibiram anúncios com apelo subliminar no ano 1958. Ainda relatando a difícil aceitação dos consumidores pelas mensagens subliminares, o autor conta que em 1962 o então presidente da Psychological Cosporation pediu para que o teste da pipoca e Coca-Cola fossem refeitos, e curiosamente não obteve êxito algum, as vendas de nenhum dos dois teve qualquer tipo de aumento. O responsável pela experiência de inserir as mensagens subliminares no cinema, admitiu então que tudo não passava de uma invenção criada por ele, porém na mente do público norte-americano já havia se formado uma forte crença e consequente repulsa sobre o poder das mensagens subliminares na mente humana. Fazendo com que logo depois a Associação de Psicologia Americana decretasse a publicidade subliminar como uma mensagem de caráter confuso, ambíguo e sem eficácia, o que dissemino a paranoia gerada nos consumidores e caindo no esquecimento, para Lindstrom (2009), até os dias atuais não há proibições explicitas à publicidade subliminar, que possam impedir de que as mesmas sejam utilizadas. Todavia apesar do alarde e da preocupação que cercaram a publicidade subliminar ao longo dos últimos cinquenta anos, essa é uma questão que tende a ser tratada com afável coincidência. Quem eles acham que estão enganando, é como a maioria de nós reage toda vez que uma história sobre publicidade subliminar aparece no noticiário, que seja um relato da logomarca do McDonald´s piscando 1/30 de segundo durante o programa Chef America, do Food Chanel (um porta-voz do canal afirmou que foi um erro técnico) ou um boato inventado de que uma nuvem de poeira no desenho O rei leão, da Disney, forma as letras ‘s-e-x’ (LINDSTROM, 2009, p. 68). 51 O assunto mensagem subliminar ainda gera muita polêmica no que se diz respeito ao modo como invade o cérebro humano com sua influência, muitos consumidores temem o poder que pode ter, e em como o neuromarketing com seus estudos poderá invadir sem fronteiras o inconsciente. Mensagem Subliminar Visual Ainda envolto no tema mensagem subliminar é importante que se entenda sobre as imagens que melhor são absorvidas pela visão humana, fazendo assim com que se chegue ao cérebro estimulando o seu interesse por determinado produto. Em uma abordagem sobre o assunto, Cavaco (2010), explica que as informações subliminares da visão se dão na chamada visão periférica que é a visão pelo canto do olho, parte dotada de células mais sensíveis a pouca luminosidade e que seria responsável por absorver os registros visuais das mensagens subliminares. Alguns exemplos de mensagem subliminar visual são citados pela escritora, como o da empresa de telefonia Vivo onde o bonequinho é feito com as próprias letras que criam o nome da marca: as pernas se formam pela letra V de cabeça para baixo, o I é o corpo, o outro V os braços e a cabeça é a letra O. Em alguns casos a indicação subliminar não se dá na marca mas sim no seu nome, como o exemplo citado das esponjas de aço Assolan, que quando vista de trás pra frente, lê-se “Nalossa” com intuito de significar: “na louça”. Mensagem subliminar e a influência sonora A muito tempo a música faz parte da vida dos seres humanos, exercendo efeitos que vão da euforia ao relaxamento. Para Shimp (2002), música é considerada um componente importante no campo da propaganda, pois pode ser usado para atrair atenção, transmitir mensagens de vendas ou mesmo criar um ambiente emocional influenciando assim o humor de seu ouvinte. “Cantores bem conhecidos, acompanhamento musical não vocal e vocalistas desconhecidos são muito usados para promover de tudo, desde amaciante de roupas até automóveis” (SHIMP, 2002, p. 286). Por ter grande influência sobre o corpo humano, há um ramo da medicina que conduz estes estudos conhecido como “musicoterapia”. Na realidade não se ouve com o 52 ouvido, mas sim com o cérebro, a função do ouvido é converter as ondas sonoras em impulsos nervosos que é a linguagem do cérebro (CAVACO, 2010). A música nos envolve sublinarmente com facilidade porque ela estimula as emoções, desse modo as funções que envolvem a tomada de decisões corretas ficam prejudicadas, pois o córtex pré-frontal não consegue buscar informações armazenadas na memória em outras regiões. Assim, a razão, o domínio próprio e a consciência ficam afetados. Como a razão fica anestesiada, as emoções dominam as ações (CAVACO, 2010, p. 84). Sendo assim, dominar as emoções humanas através da música, faz com que os profissionais da área de marketing, possam criar campanhas que envolvam melodias de acordo com o público que se quer atingir e de acordo com o que quer vender. Cavaco (2010), cita que a música pode transmitir força e animar especialmente para fazer compras, levando a um estimulo até mesmo compulsivo de adquirir o produto, em especial roupas, os ritmos que mais provocam essas sensações são o rock e a música eletrônica, sons eletrônicos e psicodélicos estimulam a liberação de sensações de prazer e alegria, sendo assim, pessoas sentem compulsão pelas compras associando roupas com satisfação, beleza e disposição. “O fundo musical das lojas ou a melodia de um anúncio de televisão nos remetem à imagem da organização, um exemplo disso é a associação que fazemos entre o 'Plim-Plim' e a emissora de TV Globo” (CAVACO, 2010, p. 86). Investir em publicidade e propaganda é um fator que deve ser extremamente levado em consideração pelas organizações, o mercado tem crescido de forma rápida e contínua, e para que as empresas possam se manter e se colocar em boas posições a imagem é o alicerce principal. Cavaco (2010), destaca que o homem não usa somente a racionalidade em suas escolhas e quanto mais se descobre informações sobre a mente humana pelo neuromarketing, mais se entende como melhor seduzir, e gerar mudanças no comportamento humano. Portanto, o neuromarketing, pode ser considerado uma ferramenta de grande valia, pois gera caminhos e dá diretrizes de como os profissionais de marketing devem criar suas campanhas, quais os melhores processos a serem seguidos e como alcançar o sucesso desejado de forma mais rápida e eficaz, evitando gastos desnecessários com campanhas fracassadas. 53 3.5 AS POTENCIALIDADES E AS LIMITAÇÕES DO NEUROMARKETING PARA AS EMPRESAS Potencialidades O inconsciente tem um papel fundamental no estudo do comportamento humano, tanto que além da psicanálise, a psicologia evolucionista e a neurologia, cada uma de sua maneira, com vieses particulares, se atentam para tal aspecto do comportamento dos seres humanos (CAMARGO, 2009, p. 14). Deve-se relacionar muitas das decisões com relação à preferência dos consumidores por determinado produto ou serviço aos estímulos variados propostos pelo marketing, ou seja, essas decisões na maioria das vezes são inconscientes. Portanto, se os profissionais de marketing querem “conhecer a verdade nua e crua – a verdade, sem rodeios e sem censura, a respeito do que nos faz comprar – terão de entrevistar nossos cérebros” (LINDSTROM, 2009, p. 28). Apesar do fato de que esta é uma ciência relativamente recente, os responsáveis pela área de marketing têm percebido o potencial desta nova tecnologia, tendo como objetivo principal a percepção e interpretação do comportamento dos consumidores, com o intuito de oferecer-lhes produtos e serviços que os satisfaçam plenamente de tal forma, que estes consumidores repitam constantemente a compra e tornem-se fieis, despertando neles e/ou mesmo criando estados emocionais agradáveis (ZALTMAN, 2003). O foco dado para a análise do cérebro, justifica-se pelo fato de que cerca de 95% dos pensamentos, emoções, aprendizados e sentimentos que impulsionam as tomadas de decisões na hora da compra, ocorre na mente inconsciente (WEGNER, 2002). Segundo Zaltman (2003), é de extrema importância que se conheça o consumidor com profundidade, com uma análise embasada nos aspectos emocionais e inconscientes e não apenas em traços racionais, propondo uma interação entre quatro pontos cruciais: cérebro – mente – sociedade – corpo. Estes são pontos que representam diversas áreas do conhecimento que se deve obter diante do estudo a ser feito com os consumidores, onde a mente e o cérebro ainda segundo o autor, são vértices relacionados aos processos mentais do inconsciente e alvos de pesquisas das técnicas da neuroimagem utilizadas pelo neuromarketing. Este método de pesquisa é: 54 Um intrigante casamento do marketing com a ciência, era a janela para a mente humana que esperávamos havia tempo. O neuromarketing é a chave para abrir o que chamo de nossa ‘lógica do consumo’ – os pensamentos, sentimentos e desejos subconscientes que impulsionam as decisões de compra que tomamos em todos os dias de nossas vidas (LINDSTROM, 2009, p. 13). Isto significa que o neuromarketing é uma ferramenta que pode auxiliar de forma significativa o marketing, buscando focar nos desejos reais dos consumidores para atraí-los, criando estratégias de acordo com os anseios do público alvo almejado com a finalidade de obter lucros para a empresa pelo aumento nas vendas de seus produtos e/ou serviços. Lindstrom (2009) relata em seu livro que 80% de todos os lançamentos de novos produtos fracassam já nos primeiros 3 meses, desde refrigerantes, cigarros e videogames, sendo que as empresas ainda não possuem a capacidade de saber como seus consumidores irão reagir, as pesquisas de mercado são consideradas superficiais, ou seja, muitas vezes podem iludir uma empresa ou mesmo destruir um produto. A exemplo disso o autor cita que “ a Ford Motor Company uma vez perguntou aos seus consumidores quais recursos eles queriam ter em seus carros. Os consumidores responderam, o “Carro Americano” supostamente ideal foi construído – e foi um fracasso” (LINDSTROM, 2009, p. 146). Com estudos baseados no neuromarketing as empresas podem prever mais claramente como será o desempenho de seus produtos diante da avaliação inconsciente dos consumidores, o que é mais confiável e assertivo, e assim investir mais, ou mesmo interromper a produção de produtos que supostamente irão fracassar com a finalidade de economizar muito dinheiro para a empresa (LINDSTROM, 2009). O neuromarketing traz para as empresas o potencial de investir seu dinheiro em produtos com uma probabilidade enorme de que darão certo e trarão os lucros desejados, isto porque, aprofunda-se no inconsciente humano, Lindstrom prevê que: Em breve, um número cada vez maior de empresas (pelo menos as que puderem arcar com os custos) trocará seus lápis por toucas de TEE. A pesquisa de mercado tradicional – questionários, levantamentos, grupos focais e assim por diante – desempenhará gradualmente um papel cada vez menor e o neuromarketing se tornará a principal ferramenta que as empresas usarão para prever o sucesso ou o fracasso de seus produtos. E mais, prevejo que, à medida que for se tornando mais popular e mais requisitado, o neuromarketing ficará mais barato, fácil e acessível do que nunca para as empresas. E, por sua vez, se tornará ainda mais popular e difundido (LINDSTROM, 2009, p. 152). 55 Limitações O Neuromarketing apesar de repassar resultados mais confiáveis do que as pesquisas tradicionais, não se pode afirmar que estes resultados obtidos sejam 100% verdadeiros. Segundo Lindstrom (2009), apesar da eficiência do neuromarketing, ele não é a resposta para tudo. “Por ser uma ciência recente, está limitado por nossa compreensão ainda restrita do cérebro humano” (LINDSTROM, 2009, p. 15). Sendo assim, interpretar desejos, comportamentos e emoções dos consumidores está na união do neuromarketing com outras ferramentas de pesquisa. “Obviamente esta ciência não tem a capacidade de entender e dar como certo todos os processos cerebrais” (CAMARGO, 2009). É difícil saber exatamente o que se deve fazer para acertar completamente, mesmo assim, pode-se dizer que se tem chegado mais perto da verdade nos estudos feitos, do que quando não baseava-se no neuromarketing (CAMARGO, 2009). Umas das primeiras limitações a ser levada em consideração é o que se diz respeito a sofisticação do aparelho utilizado de IRMF e o valor total gasto com as pesquisas que são necessárias. Ao fazer uma de suas pesquisas Lindstrom (2009), relata essa dificuldade: “o nosso estudo consumiu do início ao fim, quase três anos da minha vida, custou aproximadamente sete milhões de dólares” (LINDSTROM, 2009, p. 20). Ou seja, é um processo que requer, tempo e muito dinheiro. O neuromarketing por ser uma técnica de pesquisa científica, possui um ambiente de laboratório, que passa uma imagem estéril e artificial aos consumidores, onde a pessoa analisada fica envolta por fios, máquinas e profissionais vestidos de jalecos brancos, este é um cenário que não produzirá reações cerebrais iguais a uma situação de consumo real, outro aspecto que poderá alterar os resultados finais das pesquisas (LINDSTROM, 2009). Emoções pessoais e comportamentos socioculturais também devem ser levados em consideração quanto a exatidão dos resultados obtidos pelo neuromarketing, um limitador gritante para os estudos desta ciência é o fato de que cada ser humano possui sua complexidade e individualidade, Cavaco (2010), destaca que uma pessoa possui um conjunto de diferentes experiências de vida que se difere de todas as outras, com base em seus filtros de percepção de tudo o que passou. Ou seja: Há muito ainda para se descobrir sobre o cérebro e a mente humana. Fatores como consciência e percepção também precisam ser considerados, já que 56 influenciam na maneira como o cérebro reage aos estímulos. Também não se pode ignorar as preferências individuais, afinal, pessoas diferentes interpretam os fatos de forma diferente (CAVACO, 2010, p. 22). Cavaco (2010) relata ainda que muito mais do que conhecer as áreas do cérebro humano, para que o neuromarketing possa ter sucesso em suas pesquisas é preciso que se entenda os aspectos ligados as preferências de cada pessoa individualmente, tais fatores envolvem: conteúdos inconscientes, significado que cada um dá a suas experiências culturais, religiosas etc, sexo e faixa etária. A questão ética é um ponto que também deve ser levado em consideração ao se tratar das limitações desta nova ciência, ou seja, sabe-se que o consumidor tem o livre arbítrio em suas decisões, entretanto ao se penetrar no cérebro destes mesmos consumidores eles podem ficar expostos diretamente as influências externas, conforme afirma a autora de A Lógica do consumo a seguir: “Quanto mais o homem descobre informações sobre o funcionamento dos mecanismos da mente humana, mais aprende de que maneira pode seduzir e promover a mudança de comportamento nas pessoas” (CAVACO, 2010, p. 43). Isto faz com que organizações de proteção ao consumidor acompanhem de perto estas pesquisas, e pressionem os responsáveis por esse tipo de estudo. Lindstrom (2009) cita as duras críticas feitas pela Commercial Alert: Uma organização conhecida como Commercial Alert, que apresentou um pedido ao Congresso para por um fim ao neuromarketing, afirma que o rastreamento cerebral existe para ‘subjugar a mente e usá-la para obter ganhos comerciais’. Em uma carta a James Wagner, presidente da Universidade Emory (o departamento de neurociência da Emory foi apelidado de ‘epicentro do mundo do neuromarketing’, a organização perguntava o que aconteceria se um neurocientista especialista em dependência usasse o seu conhecimento para induzir desejos incontroláveis, mediante esquemas relacionados a determinados produtos (LINDSTROM, 2009, p. 13). 57 4 MÉTODO DE PESQUISA E ANÁLISE DOS RESULTADOS Após a realização de revisão bibliográfica sobre o tema e a grandiosidade de seu impacto para o âmbito empresarial, foi decidido realizar o trabalho de conclusão de curso, para isso foi necessária a pesquisa que pode ser definida “...como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos” (GIL, 2002, p. 17). Para a elaboração do trabalho é necessário delimitar alguns parâmetros, como o problema. Segundo Gil (2002), um problema para o trabalho acadêmico é de natureza científica e envolve variáveis que podem ser consideradas como testáveis, claro e preciso, empírico e suscetível de solução, ainda deve-se considerar que nem todo problema é passível de tratamento científico, Cervo e Bervian (2002) afirmam que após proposto o tema deve-se desenvolver o problema “Problema é uma questão que envolve intrinsecamente uma dificuldade teórica ou prática, para a qual se deve encontrar uma solução”, sendo assim o problema proposto é: Em que estágio encontra-se a aplicação do neuromarketing como ferramenta estratégica nas organizações? Como Gil (2002) ainda afirma, as razões de ordem intelectual são inúmeras para a elaboração de um problema de pesquisa. Determinado o problema foi estabelecido o objetivo principal que é analisar em que estágio o estudo do neuromarketing se encontra e demonstrar seus avanços e seus impactos no comportamento do consumidor. Temos também como objetivos específicos: Verificar como os consumidores podem ser afetados pelas publicidades e propagandas na visão do neuromarketing; Compreender como a tecnologia empregada ao neuromarketing contribui para as estratégias de marketing e verificar a percepção do consumidor pelas marcas; Identificar a potencialidade da aplicação do neuromarketing no âmbito Verificar quais os benefícios poderão ser adquiridos com essa Analisar como a ferramenta neuromarketing aciona o mecanismo de empresarial; utilização; compra ou repulsa, por determinados produtos ou serviços por parte do consumidor. 58 Foi adotado como objeto de estudo o poder de influência das publicidades e propagandas frente às possíveis alterações do comportamento do consumidor após exposição de mídias veiculadas pelas empresas, considerando algumas experiências já realizadas e divulgadas, e como essa mutação no mercado consumidor pode modificar as estratégias de marketing das empresas, buscando novas ferramentas para seu auxílio. A pesquisa deste estudo baseia-se em “...um procedimento formal, com métodos de pensamento reflexivo” (MARCONI e LAKATOS, 2003, p. 155), e deve ser classificada, “É sabido que toda e qualquer classificação se faz mediante algum critério. Com relação as pesquisas é usual a classificação com base em seus objetivos gerais” (GIL, 2002, p. 41). Neste caso será utilizada a pesquisa exploratória qualitativa, que segundo Gil (2002) busca tornar o problema mais explícito ou familiarizado, aprimorando as ideias e descoberta de intuições. Para a coleta de dados será utilizado o a pesquisa bibliográfica que como explica Gil (2002) é constituído de material já elaborado principalmente de livros e artigos científicos, mesmo que a grande maioria dos estudos necessite de algum trabalho dessa natureza. Cervo e Bervian (2002) atentam para que em todos os casos, a análise busca conhecer a maior parte das contribuições científicas e culturais existentes dos assuntos para melhor apreciação. Para Marconi e Lakatos (2003) a análise dos dados ou explicação se faz da tentativa de evidenciar as relações existentes os fenômenos estudados e outros fatores que se relacionam em função de sua causa-feito, produtor-produto, de correlações e análise de conteúdo. Ainda Marconi e Lakatos (2003) afirmam que a interpretação esta intimamente interligada a análise buscando de uma forma intelectual dar sentido mais amplo as respostas, buscando vincular a outros conhecimentos demonstrando não só o significado do material, mas também faz inferências mais amplas aos dados discutidos. 59 CONCLUSÃO A partir da pesquisa realizada para o desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso, pode-se responder aos objetivos propostos ilustrando de forma ampla e com certo grau de profundidade que a utilização do constructo neuromarketing no atual cenário mercadológico tem como principal característica a multidisciplinaridade. Determinada a premissa utilizada como base na pesquisa e análise dos dados encontrados alguns aspectos principais devem ser considerados para subjetividade das interpretações por parte do consumidor e seu comportamento, a evolução do pensamento humano, como pode considerar desde o mito da caverna de Platão, onde o Homem conseguiu abrir sua mente para a verdadeira realidade do mundo até a descoberta do pensamento masculino e feminino diante do mundo e suas distintas percepções, o que nos leva a comportamentos sociais, que demonstram o condicionamento desenvolvido mediante os grupos sociais em que se está inserido, tal como sua posição neste meio e suas atribuições, o que denominado como comportamento operante pelo psicólogo americano Burrhus Frederic Skinner no início do século XX. Devemos considerar a natureza de cada gênero humano e suas particularidades psicológicas, fisiologias e pessoais como muito bem ilustrado na hierarquia de necessidades de Abraham Maslow e também interpretações intrínsecas do subconsciente como aponta o psicanalista alemão Sigmund Schlomo Freud. Após a metade do século XX com o final da 2ª guerra mundial, foi proposta para a população a necessidade de compra, com o crescimento exponencial dos habitantes na época, identificou-se a oportunidade de grande lucratividade e reconstrução rápida nas nações. Foram desenvolvidas ferramentas para o que chamamos hoje de marketing a partir de conhecimentos já existentes e pesquisas desenvolvidas ao longo dos anos, surgindo figuras expressivas no campo, sendo como principal delas Philip Kotler. Com o avanço dos anos a competitividade empresarial e a mutação do mercado consumidor demandaram novas abordagens do profissional de marketing, foi então que na década de 1990 que o cientista americano Gerald Zaltman utilizou os avanços científicos e tecnológicos juntamente com seus equipamentos para identificar de forma mais clara os anseios, reais sensações e expectativas dos consumidores perante publicidades, propagandas veiculadas e os próprios produtos. Com o início dessa nova modalidade de estudo denominada neuromarketing sobre o comportamento do consumidor, surge Martin Lindstrom, especialista em branding, com análises e possíveis respostas para a então inexplicável decisão de compra, que a partir de 60 pesquisas de marketing realizadas para o desenvolvimento não só do produto, mas também da divulgação para determinado nicho de mercado, o que até então parecia um tiro certeiro e certeza de grande sucesso, pode se tornar um grande fracasso para a empresa por meros detalhes não identificados. A utilização desta ferramenta para a estratégia de marketing nos dias atuais se faz de grande valia, devido a distinção de necessidades, diferentes conceitos de qualidade do produto e diferença cultural, conceitos como marketing de guerrilha, brandsense e brandequity ganham cada vez mais destaque em sua utilização por se complementarem e criarem uma nova experiência ao consumidor, uma nova filosofia na sociedade que tem despertado o desejo de compra ou repulsa de acordo com a concepção do consumidor e seu desejo oculto, até então inalcançáveis perante a publicidade e a propaganda. Com isso o neuromarketing ganha seu espaço considerado por alguns autores como um método invasivo, mas possui um respaldo ético quanto a sua aplicabilidade. Como afirma o próprio Lindstrom em uma de suas obras a disseminação desse conhecimento ajudará não só as empresas, mas também o próprio consumidor a entender algumas de suas atitudes no dia a dia. Na análise realizada pelo neuromarketing são utilizadas diversas ferramentas já existentes no marketing atual, a principal delas é o modelo AIDA que consiste no processo de chamar a Atenção do consumidor, despertar o Interesse, gerar o Desejo para que ocorra a Aquisição do produto ou serviço em questão. Mas para que este modelo alcance seu principal objetivo é necessária a identificação das necessidades do consumidor mencionada anteriormente. Contudo podemos concluir que a aplicabilidade no neuromarketing no âmbito empresarial é viável, desde que se aprimorando conceitos como oferta-procura, agregando valor ao produto e a marca, oferecendo um diferencial competitivo, fortalecendo a imagem positiva na mente do consumidor e propiciando mais autonomia nos processos de desenvolvimento de produtos e serviços, o que facilita na divulgação. Lindstrom (2009) demonstra que em todos os seus anos de pesquisa estes são fatores relevantes para o sucesso da utilização do neuromarketing. Devemos destacar também que sempre existirão controvérsias a respeito da utilização de equipamentos para o mapeamento da mente humana tanto por alguns profissionais da área científica quanto da sociedade e que é um processo com o custo muito elevado para a organização, se limitando ao uso somente em grandes companhias internacionais já consolidadas no mercado. Podemos dizer que o estágio em que se encontra a aplicação do neuromarketing como ferramenta estratégica para as organizações é de amadurecimento. Podemos destacar também a inovação mercadológica e tecnológica a serviço da humanidade, para o que alguns especialistas chamam de doenças sociais como o 61 consumismo, suas causas, efeitos e possíveis soluções, o que podemos nos questionar é, onde esse novo horizonte que o marketing esta guiando pode levar a sociedade? O consumidor poderá desenvolver um conceito próprio de seus desejos ou será apenas como um boneco de ventríloquo que será conduzido a um consumo incontrolável? Questões essas que devem ser muito bem observadas, uma vez que cada vez mais a ciência e seus avanços estão em evolução constante devido as necessidades humanas e suas ambições. 62 REFERÊNCIAS AAKER, David A., Marcas: branding equity gerenciando o valor da marca. São Paulo: Nova Editora, 1998. AAKER, David A., Administração estratégica de mercado; tradução de Luciana de Oliveira Rocha, - 7 ed. – Porto Alegre: Bookman, 2007. ALMEIDA, Carlos Felipe Cavalcante de; ARRUDA, Danielle Miranda de Oliveira. Fortaleza. Revista Ciências & Cognição, 2014, Vol. 19 (2) 278-297; 20 páginas. CAMARGO, Pedro. Neuromarketing: A nova pesquisa de comportamento do consumidor. 1 ed. São Paulo: Atlas, 2013. CAMARGO, Pedro. Neuromarketing: Decodificando a mente do consumidor. Porto: Edições IPA, 2009. CAMARGO, Pedro. Comportamento do consumidor – a Biologia, Anatomia e Fisiologia do consumo. 1 ed.. Editora Novo Conceito, 2010. 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